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Resenha do filme Escritores da Liberdade

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Resenha do filme Escritores da Liberdade
O filme “ESCRITORES DA LIBERDADE” tem origem na Alemanha/EUA, foi lançado no ano de 2007, com duração de 122 min., seu gênero é drama, produção e direção de Richard La Gravenese. Estrelado pela atriz Hilary Swank, a qual interpreta a personagem da professora Erin Gruwell.
 A história do filme se passa no ano de 1992, baseada em fatos reais, e relata o drama vivido por adolescentes de uma cidade que na época era palco de guerra entre gangues motivadas pela intolerância ao diferente, racismo, desigualdades e injustiças. 
Erin Gruwell, professora iniciante, cheia de expectativas, sonhos e ideais foi contratada pela Instituição de Ensino para lecionar Língua Inglesa e Literatura na turma 203, uma turma do Ensino Médio. 
Ao chegar à referida turma ela depara-se com adolescentes conflituosos, que vivem em uma dura realidade com problemas causados pela violência, rejeição, entre outros.
 A princípio, os alunos não demonstraram nenhum interesse pelas aulas, não corresponderam ao seu modelo de ensino tradicional, tornando-se frustrante os primeiros encontros. Era ignorada a ponto de ficar sozinha na sala de aula.
Diante de tal situação, Erin leva até a direção da Escola a dificuldade encontrada em sala de aula, mas também é ignorada pela direção da escola.
No entanto, ela persistiu: elaborou dinâmicas utilizando à música, os jogos, valoriza a fala dos alunos com objetivo de elevar a autoestima e fazê-los perceber si próprios e o mundo de outra maneira e sensibilizá-los. 
A partir daí começa a trabalhar questões com discriminação, preconceito e tolerância. No primeiro momento, os argumentos foram ofensivos: “...o que você faz aqui? O que vai fazer não vai mudar minha vida...”
Nesse momento, a professora percebe a necessidade de levar até os alunos algo que produzisse significado para eles e que, ao mesmo tempo a ajudasse conhecer a história de vida de cada um. Para isso, ela busca meios de envolvê-los, relacionando os conteúdos à realidade na qual estavam inseridos. Então, ela teve a ideia de incentivar na sala de aula, a leitura do livro “O Diário de Anne Frank”, com o objetivo de proporcionar aos adolescentes, oportunidades de fazer comparações dos seus problemas com os vividos por milhares de pessoas no holocausto, na época do nazismo. Após isso ela pediu que escrevessem seus próprios diários, dando oportunidade a cada um de relatar suas próprias experiências, seus medos, suas mágoas, suas angústias, seus sonhos. Encontramos nessas cenas o que o autor Paulo Freire em sua obra Pedagogia da Autonomia, explica sobre o respeito aos saberes dos educandos: “.... Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a constante e a convivência das pessoas é muito maior e com a morte do que com a vida? Por que não estabelecer uma “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? ” (FREIRE, p.30).
De acordo com o pensamento do autor, o professor deve valorizar e discutir com os educandos os saberes construídos no meio em que vivem, e deve associá-los às disciplinas propostas e considerar importante à relação entre saberes curriculares fundamentais com as experiências sociais de cada um. 
A professora pensou em utilizar os livros da biblioteca em um projeto de leitura. Inicialmente foi impossível, os alunos da sala 203 não tinham acesso aos livros da biblioteca, porque eram excluídos, discriminados, rotulados de incapazes pela escola, situação ainda presenciada na atualidade. 
Tais atitudes chamam à atenção e permitem a discussão acerca da postura necessária do corpo docente da escola, quanto o que pode ser feito dentro das possibilidades educacionais que são oferecidas. A professora enfrentou todas as dificuldades sem desistir, acreditando que podia mudar aquela realidade. 
Investiu, de todas as formas nesses “excluídos da sociedade”. Comprou livros para estimular a leitura, promoveu viagens culturais, visitas a museus, incentivou os alunos a escreverem uma carta à protetora de Anne Frank (durante o holocausto), Miep Gies, e organizarem a vinda dela à escola para conversar com a turma.
 Com essas atitudes, a senhora G (como era chamada pelos alunos) participa de forma ativa do mundo dos alunos, mantém contato com eles criando vínculo, conquistando a confiança de cada um ajudando-os a viabilizar outros caminhos, logo a turma passa a se respeitar e ter grandes progressos. 
Por meio de seu trabalho, investindo, acreditando, a professora oportunizou os alunos que publicassem seus diários em forma de livro que recebeu o nome de “O Diário dos Escritores da Liberdade”.
 O filme é de grande valia para estudantes de Pedagogia, propiciando reflexões para que percebam que, mesmo dentro de um contexto histórico-cultural, mesmo sem apoio da estrutura educacional, sem uma política pública sem função de fato, com um sistema excludente e o acesso à educação ocorrer de maneira desigual e injusta, a educação deve ser feita com autonomia, respeito, amor, esperança, compromisso e convicção de que a mudança é possível, e de que é na sala de aula que acontece às verdadeiras mudanças “acho que a luta verdadeira deve acontecer aqui na sala de aula”(fala da professora G). 
O professor é o mediador do conhecimento que permite a construção de saberes necessários, possibilitando a autonomia dos seus alunos, tornando-os capazes de provocar transformações para mudar sua realidade. 
Essa obra leva também a reflexão no que diz respeito ao contexto educacional ainda vivido em pleno século XXI. As dificuldades que acompanham a educação brasileira não são diferentes das dificuldades norte Americana. 
O reflexo dessa crise é acentuado pela instabilidade da sociedade moderna, pelas políticas educacionais ainda cristalizadas e por profissionais com dificuldades de mudar seus paradigmas que não acompanham às inovações. 
Segundo Hannah Arendt (2001) “...é ao passado que compete estabelecer a mediação entre o antigo e o novo...”, ou seja, é refletindo sobre a prática de ontem e a de hoje que se pode melhorar a próxima prática. O filme traz esclarecimentos de grande importância para todos aqueles que acreditam e buscam na educação uma forma de amar, compreender e renovar o mundo. Ainda de acordo com o pensamento de Hannah Arendt (2001):
“... A educação é assim o ponto em que se decide se ama sufi cientemente o mundo para assumir responsabilidade por ele e mais ainda, para o salvar da ruína que seria inevitável sem a renovação
...” (ARENDT, p.53).
Sabemos que é função da escola mostrar aos alunos como o mundo é e ajudá-lo a viver neste mundo com responsabilidade, para isso o professor precisa ter competência e autoridade.
 Enfim, esse filme expressa questões memoráveis para todo profissional que deseja educar não apenas para o intelecto, mas sim para a moral, contribuindo com os educandos no desenvolvimento do caráter, tão necessário à vida na sociedade.

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