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Manual de Teologia Católica Versão Atualizada

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1 
 
39 
 
 
	FUNDAMENTOS DE TEOLOGIA CATÓLICA I 
	Informação 
	Disciplina 
	Decreto n.º 32/2010 de 30 de Agosto 
	Título da Disciplina 
	Fundamentos de Teologia Católica I 
	Código da Disciplina 
	FTC201 
	Tipo de Disciplina 
	Obrigatória 
	Nível da Disciplina 
	Licenciatura 
	Ano Académico 
	2º Ano 
	Semestre 
	Primeiro 
	Número de créditos Académicos (horas) 
	3 Créditos/75horas 
(TC: 15 Horas; TA: 60 Horas) 
 
Objectivos/Competências da Unidade Curricular 
 
1.- Dar a conhecer a fé católica. 
2.- Oferecer conceitos para a compreensão da pessoa humana à luz da fé. 
3.- Transmitir o ensinamento da Igreja Católica, no campo Político-social e Cultural 
Pré – Requisitos 
 
De acordo com o Regulamento em vigor, nomeadamente o art.º 21.º, “na UCM não há precedências, isto é, módulo/disciplina cuja frequência pressupõe o aproveitamento em outros módulos/disciplinas”. 
Conteúdo da Unidade Curricular 
 
CAPÍTULO I: A FÉ CATÓLICA 
1.1. Conceito de Fé 
1.1.1. Crenças 
1.1.2. Teologia Ciência e Fé 
1.2. Breve Historial da Teologia 
1.2.1. Um pouco de História do Termo Teologia 
1.2.2. Diferentes estilos de reflexão teológica 
1.2.3. Síntese da Teologia da Época Patrística 
1.2.4. A Teologia escolástica mediável 
1.2.5. Teologia anti-moderna da idade média até Vaticano II Cinco (5) séculos 
1.3. A teologia hoje 
1.4. Revelação 
1.4.1. Conceito de revelação 
1.4.2. Conteúdos da revelação 
1.4.3. Etapas da revelação 
1.5. Deus se revela na Criação 
1.5.1. Conceito de Criação 
1.5.2. Deus é o criador 
1.5.3. Cristo princípio, centro e fim da criação 
1.5.4. Dificuldades e objecções 
1.6. A dimensão trinitária da criação 
1.7. A Revelação em Abraão, Moisés e Profetas 
1.7.1. Transmissão da Revelação divina 
1.7.2. A atitude do homem para com a revelação divina 
1.8. Evento Cristo 
1.8.1. Quem é Jesus 
1.8.2. Algumas respostas da época patrística 
1.8.3. Respostas Correctas sobre a identidade de Jesus 
CAPÍTULO II – A IGREJA 
2.1. Conceito de Igreja 
2.1.1. Terminologia e etimologia 
2.2. Mistério da Igreja 
2.2.1. Pressupostos da Eclesiologia do Vaticano II 
2.2.2. Eclesiologia da Lumem Gentium 
2.2.3. Maria, figura da Igreja 
2.3. Os sacramentos na Igreja 
2.3.1. Conceito 
2.3.2. Divisão dos sacramentos 
2.4. Inculturação do Evangelho nas culturas dos povos evangelizados 
2.4.1. Conceitos 
2.4.2. Necessidade 
2.4.3. Exigências 
2.4.4. Competências 
 
CAPÍITULO III: A PESSOA HUMANA À LUZ DA FÉ CRISTÃ 
3.1. Conceito 
3.1.1. O protótipo do ser humano é Jesus Cristo 
3.1.2. O laço biológico da vida humana 
3.1.3. O laço social como lugar cultural 
3.1.4. O laço social como laço ético 
3.1.5. O laço social como laço simbólico e laço religioso 
3.2. O homem é um ser com dignidade 
3.2.1. Conceito da Dignidade 
3.3. O homem é um ser com consciência 
3.3.1. Conceito 
3.3.2. A consciência é uma faculdade moral 
3.3.3. A consciência pode ser recta ou errónea 
3.3.4. Consciência certa ou duvidosa 
3.3.5. A primazia da consciência 
3.3.6. A formação da consciência 
3.3.7. O homem é um ser responsável e imputável 
3.3.8. Imputabilidade 
3.3.9. Factores que afectam a imputabilidade 
3.4. O homem é susceptível ao pecado 
3.5. O pecado original 
 
Métodos de ensino - aprendizagem 
 
A metodologia adoptada pela Universidade Católica de Moçambique privilegia a convocação de métodos inovadores centrados na aprendizagem do estudante. Isto significa que a responsabilidade pelo processo de aprendizagem é do estudante. Quanto ao docente, ele passa a ser, sobretudo, um gestor/mediador/facilitador de situações de aprendizagem. 
Por isso, nesta unidade curricular privilegia-se: (a) o exercício de leitura crítica de textos fornecidos pelo docente, (b) o debate em torno da pesquisa realizada pelos estudantes, (c) a participação em actividades de grupo (como, por exemplo, estudos de caso, discussão de grupos, debates e fóruns plenários) e o estudo individual (como por exemplo, pesquisa bibliográfica, recensões críticas, ensaios). 
Os estudantes terão 30 sessões (trinta) presenciais, com uma duração de 2 (duas) horas cada, repartidas por dois semestres (30H + 30H). As principais actividades durante as aulas são: (a) debate orientado pelos docentes, (b) trabalhos de grupo e (c) apresentações orais. Para além destas actividades de contacto, os estudantes serão acompanhados de forma individualizada com vista a monitorar as actividades de aprendizagem inscritas no contexto do trabalho autónomo (usando a Plataforma Moodle). 
Métodos de avaliação 
 
Na UCM, os métodos de avaliação são regulados pelo regulamento de Avaliação em vigor na UCM. 
A classificação final do estudante será baseada na participação, durante as aulas, e no desenvolvimento de um mínimo de dois elementos de avaliação: (a) avaliação contínua (60%) e (b) exame (40%). 
	Língua de Ensino – Português 
	Bibliografia recomendada 
 
Magistério pontifício 
Bento XVI (2009). Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum caritatis, S. Paulo: Ed. Paulinas. 
Bento XVI (2011). Exortação apostólica pós-sinodal Africae Munus. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana. Francisco (2013). Exortação apostólica Evangelii Gaudium. Maputo: Ed Paulinas. 
João XXIII (1963). Carta encíclica Pacem in Terris. Acedido a 23 de Janeiro de 2015 de http://w2.vatican.va/content/johnxxiii/pt/encyclicals/documents/hf_jxxiii_enc_11041963_pacem.html. 
João Paulo II (1979). Carta encíclica Redemptor Hominis. Braga: A.O. Braga. 
João Paulo II (1984). Exortação Reconciliatio et Paenitencia. Acedido a 23 de Janeiro de 2015 de http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jpii_exh_02121984_re conciliatio-et-paenitentia_po.html. 
João Paulo II (1981). Exortação apostólica Familiaris Consortio. Acedido a 23 de Janeiro de 2015 de http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jpii_exh_19811122_f miliaris-consortio_po.html. 
João Paulo II (1995). Exortação apostólica pós-sinodal Ecclesia in Africa. Braga: Editorial A.O. Braga. 
João Paulo II (1995). Carta apostólica Rosarium Virginis Mariae. Vaticano: Libreria Editrece Vaticana. 
Paulo VI (1967). Carta encíclica Populorum Progressio. Acedido a 23 de Janeiro de 2015 de http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/encyclicals/documents/hf_pvi_enc_26031967_populorum_po. html 
 
Magistério eclesiástico 
Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Editora Loyola. 
Concílio Vaticano II (2002). Constituições, Decretos e Declarações. Coimbra: Gráfica de Coimbra. 
Conferência Episcopal de Moçambique (1991). Carta pastoral Momento Novo. Maputo. 
Conferência Episcopal de Moçambique (1984). Cartas pastorais. Porto: Humbertipo – Artes Gráficas. 
Conferência Episcopal de Moçambique. Comunicados e Notas. 
Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (CCDDS) (1994). A Liturgia romana e a Inculturação. 4ª Instrução para uma correcta aplicação da Constituição conciliar sobre a sagrada Liturgia. Milão: Ed. Paulinas. 
Pontifício Conselho ‘Justiça e Paz’ (2002). Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana. 
 
Obras 
Autores Cristianos. MCMLXIX. Madrid: Biblioteca de Autores Cristãos. 
Barros, P.C. (2009). As fontes patrísticas: importância e actualidade para a Igreja. Vida Pastoral. 
Revista Bimestral para Sacerdotes e Agentes de Pastoral, Novembro-Dezembro. 
Bisinoto, E. (1980). O Culto de Maria hoje. São Paulo: Ed. Paulinas. 
CEE (1998). Dios Padre. Plan de formación sistemática. Madrid: Instituto Internacional de Teologia a Distancia. 
Conte, F. (1994). Os heróis míticos e o homem de hoje. São Paulo: Ed. Loyola. 
Coyle, K. (2000). Maria na Tradição cristã. A partir de uma perspectiva contemporânea. São Paulo: Ed. Paulus. 
De La Peña, J.L. (1989). Teologia da Criação. São Paulo: Edições Loyola. 
Eicher. P. (1984). Dicionário de Conceitos fundamentais de Teologia. São Paulo: Ed. Paulus. 
Giordano,F. (2001). A Teologia Hoje, síntese do pensamento teológico. Porto: Ed. Perpétuo Socorro, Porto. 
Irineu (1969). Adv. Haer. II 30,9. In A. Orbe, Antropologia de San Irineo. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos. 
Johannes, B. (1988). Dicionário de teologia bíblica (4ª Ed.). São Paulo: Edições Loyola. 
Ladaria, L. (1998). Introdução à Antropologia Teológica II. São Paulo: Edições Loyola. 
Libânio, J. & Meirad, A. (1998). Introdução à teologia. São Paulo: Edições Loyola. 
Perale, M. (1985). Maria no Novo Testamento. São Paulo: Ed. Paulinas. 
Peschke, K. (1986). Ética Cristiana I. Roma: Urbaniana University Press. 
Roberti, F. (1960). Diccionário de Teologia Moral. Barcelona: ELESA. 
Rubio, G. (2003). Superação do dualismo entre Criação e Salvação. In: I. Müller, Perspectivas para uma Nova Teologia da Criação. São Paulo: Ed. Vozes. 
Sgreccia, E. (2002). Manual de Bioética I - Fundamentos e Ética Biomética (2ª Ed.). São Paulo: Ed. Loyola. 
Spagnolo, A. (1969). Bioetica nella ricerca e nella prassi medica. Roma: Ed. Camilliane. 
Vidal. M. (2003). Nova moral fundamental. O Lar teológico da ética. Lisboa: Ed Paulinas. 
Vieira, D. (2012). Doutrina Social da Igreja: Introdução à Ética social. Lisboa: Ed. Paulus. 
	Docentes que leccionam a disciplina: 
 
	 
	 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
INTRODUÇÃO……………...……………………………………………………………….………10 
CAPÍTULO I: A FÉ CATÓLICA……...………...……………….…….…………………….………12 
1.1. Conceito de Fé…………………...……………………………………………………..….12 
1.1.1. Crenças…………………………………………………………………………..….12 
1.1.2. Teologia Ciência e Fé……………………………………………………………….12 
1.2. Breve Historial da Teologia …………………………………………………..…………...12 
1.2.1. Um pouco de História do Termo Teologia………………………………..…………12 
1.2.2. Diferentes estilos de reflexão teológica……………………………………….…….14 
1.2.3. Síntese da Teologia da Época Patrística…………..………………………….……...16 
1.2.4. A Teologia escolástica mediável……………………………………………..…..…17 
1.2.5. Teologia anti- moderna da idade média até Vaticano II Cinco (5) séculos……..……18 
1.3. A teologia hoje………………………………………………………………………..…...19 
1.4. Revelação……………………………………………………………………………..…...19 
1.4.1. Conceito de revelação ……………………………………………………………....19 
1.4.2. Conteúdos da revelação…………………………..……………………………...….19 
1.4.3. Etapas da revelação………………………………….……………………………...20 
1.5. Deus se revela na Criação……………………………………..…………………………...20 
1.5.1. Conceito de Criação………………………………………..………………………..20 
1.5.2. Deus é o criador………………………………………………..……………………21 
1.5.3. Cristo princípio, centro e fim da criação………………………….………………....21 
1.5.4. Dificuldades e objecções…………………………………………….……………...21 
1.6. A dimensão trinitária da criação………………………………………………..………….22 
1.7. A Revelação em Abraão, Moisés e Profetas………………………………………...….….23 
1.7.1. Transmissão da Revelação divina………………………………………………..….24 
1.7.2. A atitude do homem para com a revelação divina…………………………………...25 
1.8. Evento Cristo ………………………………...……………………………………..……..25 
1.8.1. Quem é Jesus…………………………………………………………………….....25 
1.8.2. Algumas respostas da época patrística………………………………….………….26 
1.8.3. Respostas Correctas sobre a identidade de Jesus…………………………..……….28 
CAPÍTULO II: A IGREJA………………………………………………………………………...….30 
2.1. Conceito de Igreja………………………………...…………………………………….....30 
2.1.1. Terminologia e etimologia………………………………………………..………..30 
2.2. Mistério da Igreja……………………………………………………………………..…...30 
2.2.1. Pressupostos da Eclesiologia do Vaticano II……………………………….........…30 
2.2.2. Eclesiologia da Lumen Gentium……………………………………………………....….31 
2.2.3. Maria, figura da Igreja……………………………………………………………...32 
2.3. Os sacramentos na Igreja…………………………...……………………………………..35 
2.3.1. Conceito………….…………………………………………………………………..35 
2.3.2. Divisão dos sacramentos…………………….…………………………………….35 
2.4. Inculturação do Evangelho nas culturas dos povos evangelizados………..………………36 
2.4.1. Conceitos……………………………………………………………….………….36 
2.4.2. Necessidade……………………………………………………………….……….36 
2.4.3. Exigências……………………………………………………………...……..……36 
2.4.4. Competências……………………………………………………………………...36 
CAPÍITULO III: A PESSOA HUMANA À LUZ DA FÉ CRISTÃ…………………………………..38 
3.1. Conceito……......………………...……………………………………...………………..38 
3.1.1. O protótipo do ser humano é Jesus Cristo………….………………….……………38 
3.1.2. O laço biológico da vida humana…………………….………………………….…39 
3.1.3. O laço social como lugar cultural……………………….………………………….40 
3.1.4. O laço social como laço ético……………………………….……………………...40 
3.1.5. O laço social como laço simbólico e laço religioso…………….……………..……40 
3.2. O homem é um ser com dignidade……………………………...………..……………….40 
3.2.1. Conceito da Dignidade………………………………………………..……………40 
3.3. O homem é um ser com consciência……………………………………………..……..…41 
3.3.1. Conceito…………………………………………..………………………………..41 
3.3.2. A consciência é uma faculdade moral……………………………………….……..41 
3.3.3. A consciência pode ser recta ou errónea………………………………………..…..42 
3.3.4. Consciência certa ou duvidosa……………………………………………………..42 
3.3.5. A primazia da consciência………………………..……………………………...…42 
3.3.6. A formação da consciência………………………….……………………………..42 
3.3.7. O homem é um ser responsável e imputável……………..…………………………43 
3.3.8. Imputabilidade…………………………………………..…………………………43 
3.3.9. Factores que afectam a imputabilidade…………………….………………………43 
3.4. O homem é susceptível ao pecado………………………...…………..…………………..44 
3.4.1. Conceito do Pecado……………………………………………….………………44 
3.5. O pecado original……………...……………………………………………..…………...45 
CAPÍTULO IV: O PENSAMENTO DA 	IGREJA CATÓLICA 	EM 	QUESTÕES DE 
BIOÉTICA…………………………………………………………………………………...……….51 
4.1. Conceito………………...……………………………………………...……………..…..51 
4.2. A vida humana………………………...…………………………………………...……..51 
4.2.1. O início da vida humana…………………………………………………..………..52 
4.2.2. Sexualidade Humana………………………………………………………….…...52 
4.2.3. Desvios Sexuais………………………………………………………………..…..55 
4.2.4. Pecados de natureza sexual………………………………………………………...56 
4.3. Actos contra a vida humana……...………………………………………………..…...…57 
4.3.1. A Contracepção……………………………………………………………….…...57 
4.3.2. Reprodução assistida……………………………………………………………....57 
4.3.3. Fecundação in vitro e transferência de embriões……………..………………….…58 
4.3.4. O congelamento embrionário……………………………………..………………..59 
4.3.5. A doação de gâmetas…………………………………………………..…………...60 
4.3.6. A seleção do sexo por motivos não médicos……………………………..…………60 
4.3.7. A seleção de embriões………………………………………………………..….…61 
4.3.8. A maternidade de substituição………………………………………………….….62 
4.3.9. A inseminação artificial em casais com o vírus de HIV………...…………………..62 
4.3.10. Reprodução póstuma……………………………………………….……………...64 
4.3.11. Clonagem reprodutiva………………………………………………….………….64 
4.3.12. O aborto…………………………………………………………………….…...…65 
4.3.12.1. Causas do Incremento do Aborto……………………………………….…..66 
4.3.12.2. Incentivos do Aborto……………………………………….………………66 
4.3.12.3. O Concílio Vaticano II e o Aborto…………………………….……………66 
4.3.12.4. Indicações………………………………………………………….……….67 
4.3.12.5. Aborto e Dimensão Jurídica…………………………………………..…….68 
CAPÍTULO V: PENSAMENTO SOCIAL DA IGREJA CATÓLICA…………………...……..……71 
5.1. A Justiça…………………..……………………………………………………...….……71 
5.1.1. A caridade…………………………………………………………………..……...71 
5.1.2. Bem comum……………………………………………………………………..…73 
5.1.3. Subsidiariedade…………………………………………………………….......…..73 
5.1.4. Solidariedade………………………………………………………………….…...74 
5.1.5. Boa governação……………………………………………………………….…...74 
5.1.6. A Paz: fruto da justiça e da caridade……………………………………………..…75 
5.1.7. Defesa da cultura………………………………………………..………………….76 
5.1.8. A família…………………………………………………………….……………..76 
BIBLIOGRAFIA……………………………………………………………………...……………...77 
INTRODUÇÃO 
A Constituição apostólica Ex Corde Ecclesiae sobre as Universidades Católicas prescreve que «Os Bispos têm a responsabilidade particular de promover as Universidades Católicas e, especialmente, de segui-las e assisti-las na sustentação e na consolidação da sua identidade católica tambémno confronto com as autoridades civis» (João Paulo II, 1990). Foi no âmbito desta orientação e no exercício do seu Munus docendique a Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), iluminada pela luz do Espirito Santo, desejando ver o carácter católico da Universidade Católica de Moçambique (UCM) aprofundado e a consolidar-se cada vez mais, decidiu, sabiamente, introduzir uma cadeira que oferecesse a comunidade académica da UCM, em particular aos seus estudantes, a oportunidade de um contacto com o pensamento e posicionamento católico em algumas áreas do saber e conduta. [2: Tarefa de ensinar. ]
Para o efeito, a CEM constituiu uma equipa para a concretização do projecto. A equipa constituída assumiu o empreendimento e teve como primeira tarefa a concepção do título da cadeira que reflectisse o projecto almejado. Concluiu que o título adequado da matéria a ser ministrada seria: Fundamentos de Teologia Católica. Após a concepção do título, seguiu-se a fase da composição do respectivo Manual para assegurar a harmonização dos conteúdos a serem oferecidos durante a leccionação da cadeira nas diferentes Unidades Básicas da UCM. 
De salientar que não é propósito do manual esgotar toda a reflexão teológica, mas dar, de maneira sucinta, uma ideia de alguns fundamentos do pensamento e posicionamento católico sobre as principais áreas teológicas. O mesmo, procura, igualmente, abrir caminhos para posteriores aprofundamentos dos assuntos abordados e outros a eles conexos, para além daqueles que a discussão teológica durante a lecionação poderá suscitar. 
Com efeito, o Manual proposto tem a seguinte estrutura: O primeiro capítulo é um tratado sobre a Fé católica, o conceito e história de teologia, a revelação que culmina com a Pessoa de Cristo. O segundo capítulo é uma abordagem eclesiológica, isto é, o mistério da Igreja, a figura de Maria, modelo dos crentes, enquanto a Igreja é assembleia dos crentes, e os Sacramentos. Por sua vez, o terceiro capítulo debruça-se sobre a Pessoa humana à luz da fé, procura reflectir sobre a pessoa humana nas suas variadas dimensões, enquanto o quarto capítulo ocupa-se das problemáticas relacionadas com a Bioética, mormente aquelas questões que desafiam a consciência como é o caso do aborto. O quinto e último capítulo apresenta o pensamento social da Igreja, a Igreja intervindo nas questões sociais em favor do homem, porque o homem é o caminho da Igreja, como defende João Paulo II na sua Encíclica programática Redemptor hominis, no início do seu pontificado. 
Auspicia-se que esta cadeira suscite nos destinatários um interesse em matérias de natureza religiosa e dê uma resposta do sentido último da vida humana que, para os cristãos católicos encontra a sua reposta em Deus. Exclui-se das perspectivas deste projecto, o fomento do proselitismo, isto é, a conversão de todos ao catolicismo. 
 	 
CAPÍTULO I: A FÉ CATÓLICA 
1.1. Conceito de FÉ: 
Entende-se por fé a convicção, confiança e abandono, que uma pessoa alimenta na sua relação com Deus. A fé é sempre uma resposta positiva à iniciativa reveladora de Deus. Diante dos sinais reveladores da sua presença do ser humano, este é convidado a responder por uma relação de confiança e fé neste Deus que se dá a conhecer. A fé consiste no escutar a palavra da pregação e para conduzir á obediência; vice-versa, a obediência é escuta. 
1.1.1. Crenças 
Chama-se crença a convicção ou a lógica de pensamento, a filosofia que sustenta uma cosmovisão e os valores apresentados por uma determinada cultura.As crenças representam sempre um sistema de valores adquiridos, assimilados e proclamados como absolutos em si mesmos e por isso mesmo inegociáveis. A crença é uma convicção arraigada na pessoa que orienta as atitudes e influencia a interpretação do real. 
1.1.2. Teologia ciência da fé 
Os termos: 
Teologia = teo + logia θєōs, Deus + λοΥiα = discurso sobre Deus; arte de dirigir o espírito na investigação da verdade do discurso sobre Deus. 
O dicionário de teologia define a Teologia como a ciência das coisas divinas. 
1.2. Breve historial de Teologia 
1.2.1. Um pouco de história do termo Teologia 
Na antiguidade a teologia era entendida como um hino, onde Deus era glorificado mais do que explicado pelo espírito humano. Era o ato mesmo de louvar a Deus. Não se tratava de explicar Deus, que é inexplicável, mas de o Louvar sem cessar, pela sua grandeza. 
Este sentido continua muito vivo nos escritos dos padres da Igreja, mesmo os que como Origines farão mais uso instrumental de noções tiradas da filosofia grega ou os que como os grandes teólogos ditos da Capadócia (São Basílio de Cesareia, São Gregório de Nazianzo e São Gregório de Nissa) se servem das noções teológicas para lutar contra os erros resultantes de uma ilusão racionalista sobre a nossa capacidade de clarificar os mistérios divinos. [3: Padres da Igreja, Santos Padres ou Pais da Igreja foram influentes teólogos, professores e mestres cristãos e importantes bispos. Seus trabalhos académicos foram utilizados como precedentes doutrinários para séculos vindouros. Os padres da Igreja são classificados entre o século II e VII.O estudo dos escritos dos Padres da Igreja é denominado Patrística. ]
 Para o pseudo- Dionísio, a teologia mística é a única teologia plenamente digna desse nome, ultrapassando as analogias insuficientes numa experiência que se proclama ela mesma inexprimível. [4: Pseudo-Dionísio, o Areopagita ou simplesmente Pseudo-Dionísio é o nome pelo qual é conhecido o autor de um conjunto de textos (Corpus Areopagiticum) que exerceram, segundo os historiadores da filosofia e da arte, uma forte influência em toda a mística cristã ocidental na Idade Média. Até o século XVI, os textos tinham valor quase apostólico, já que Dionísio fora o primeiro discípulo de Paulo de Tarso. Nessa época surgiram as primeiras controvérsias a respeito da sua autenticidade. Argumentava-se que os textos continham marcada influência de Proclo, da escola neoplatônica de Atenas, e portanto não poderiam ser anteriores ao século V. Mas somente a partir do século XIX essa tese foi aceita e o autor desconhecido passou e ser chamado Pseudo-Dionísio. Apesar disso, por sua linguagem poética e pela coerente exposição de ideias, o Corpus permanece considerado como expressão autêntica do neoplatonismo ateniense e da tradição mística cristã. ]
 Até antes da Idade Média latina a teologia era concebida, particularmente na ordem monástica, não como uma ciência propriamente dita das coisas divinas, mas como meditação dos mistérios. A Teologia nessa altura é considerada importante apenas pelo apelo que faz à razão para afastar as falsas interpretações preparar a contemplação onde a razão é simplesmente ultrapassada. 
 Santo Anselmo, um dos primeiros a fazer o mais rigoroso uso do pensamento dialético em teologia. [5: Anselmo escreveu uma obra sobre a fé que busca a razão. É considerado um dos iniciadores da tradição escolástica. "Não só a habilidade dialética fez de Anselmo o precursor da Escolástica, como também o princípio teológico fundamental que adotou: fides quarens intelectum "a fé em busca da inteligência". Foi ele também quem forjou uma nova orientação à teoria dos universais e que reverteu em grande proveito para os intuitos da Teologia racional". ][6: Dialética conjunto dos meios postos em obra na discussão em vista a demonstrar ou refutar. Ex.: tese e anti- tese + resolução em síntese. ]
 Pedro Abelardo, no século XII - Tende a racionalizar completamente a teologia, ao mesmo tempo que suscita em São Bernardo de Claraval, por exemplo, uma recusa apaixonada. Provoca noutros pensadores, mesmo próximos deste último como Guilherme de Saint-Thierry, um esforço para utilizar mais sistematicamente uma crítica racional dos conceitos e uma construção racionalmente ajustada das verdades da fé num sistema ordenado. 
 S. Alberto Magno no século XIII e S. Tomás de Aquino definem a Teologia como a ciência sagrada, que coloca o conjunto das verdades da fé num sistema racional, à partir deum reconhecimento mais claro das verdades propriamente sobrenaturais, e como tais recebidas da revelação unicamente, por oposição às verdades sobre Deus que podem ser atingidas pela razão sozinha. 
Sustentam que a teologia é a ciência é ciência da fé. E como tal não pode prosseguir e se desenvolver senão na luz da fé. Esta teologia exige que o rigor racional do pensamento dialético seja constantemente associado a uma exploração não somente alargada mas também penetrante de todo o dado revelado e tradicional, sob a salvaguarda do magistério vivo da Igreja e num espírito de uma fé viva e vivida. 
Como Ciência Sagrada, a Teologia tomista não alimenta a pretensão temerária e fútil de se substituir a Palavra de Deus confiada à Igreja, em particular nas Santas Escrituras, mas alimenta somente a esperança de explorar respeitosamente as profundidades, não esvaziando o mistério mas permitindo-nos de melhor o situar em relação aos nossos conhecimentos simplesmente naturais. 
É uma teologia sistemática e por isso é reflexiva e crítica. Alimenta se constantemente da teologia positiva, que se contenta de fazer o inventário e a exegese da palavra de Deus nos documentos autênticos. Deve guardar e cultivar o contacto com os desenvolvimentos do pensamento simplesmente humano, mas permanecendo sempre na escola viva da Igreja em profunda comunhão de fé com ela. 
Assim se compreende a Teologia como um discurso sistemático, reflexivo e crítico, sobre Deus e tudo o que a Ele se refere. Uma Teologia que se alimenta da revelação divina contida na Palavra de Deus, proclamada e anunciada pela Igreja em seu Magistério. Um discurso aberto ao pensamento humano e capaz de iluminar a razão e se deixar interpelar por ela. 
1.2.2. Diferentes estilos de reflexão teológica 
Existem diferentes estilos de reflexão teológica, tanto no que se refere ao conteúdo, como ao género literário. Assim, podemos distinguir diferentes estilos de acordo com a época. 
No primeiro século do cristianismo podemos encontrar 3 estilos principais: a Teologia narrativa dos evangelhos, a literatura epistolar e a apocalíptica. Em seu núcleo conjugam-se facto e interpretação, compreensão e anúncio, sob notório influxo do judaísmo. Lentamente a comunidade de fé se desprega da religião de Israel mas esta permanece o ponto de referência básica, mesmo para os grupos advindos da genialidade. Esta teologia é: 
Pneumática (embebida pelo espírito que suscita a continuidade dos seguidores de Jesus) 
Eclesial, nascida no seio de uma comunidade 
Missionária, destinada a transmitir e recriar fé crista 
Vivencial, repleta de sentimentos, conotações afectivas e força convocatória, proveniente da experiência do seguimento do ressuscitado 
Contextualizada na história da comunidade em que foi elaborada. Não retrata desejo explícito de fazer reflexão única e universal, válida igualmente para todos como anamnese da palavra, torna presente o dado revelado em diversas situações. 
Aberta ao futuro estimulando assim interpretações enriquecedoras, novas releituras situadas. 
Na época patrística que abarca o período de seis séculos, compreendendo desde a geração imediatamente posterior aos apóstolos até a dos que prepararam a teologia medieval, encontramos um outro estilo de teologia devido ao objectivo do discurso: esclarecer a identidade da fé cristã no seu encontro com as culturas, helénica, romana e mesmo a judaica. 
O cristianismo vê-se às voltas com o imenso desafio de traduzir para a cultura helénica, a sua boa nova. Necessita também justificar-se diante daqueles que, utilizando a filosofia grega, consideram o cristianismo e a fé cristã algo secundário ou de pouco valor. Após o período das perseguições, com o reconhecimento do império romano a Igreja corre dois riscos helenizar a sua doutrina (por uma união entre fé e pensamento grego) e secularizar-se (entrando nas estruturas do império pelo caminho das honras, privilégios, apoio do poder político). 
a) Helenizar a doutrina 
A teologia grega tem sede de explicar a unicidade do universo, explicar como tudo tem um fundamento uma αρχή, uma unidade, uma λοΥiα que dá sentido ao múltiplo. Por isso a fé carrega a marca da preocupação do fundamento, e anuncia que em Cristo se recapitulam todas as coisas, e particularmente tudo o que é verdadeiro, bom e belo. (ciência, moral e estética). 
Da cultura grega, a reflexão teológica leva como empréstimo os valores, os instrumentos e desenvolve a questão da relação entre o humano e o divino. 
A adoção de expressões de fé, categorias e esquemas mentais da teologia e filosofia grega leva a imprecisões e dúvidas. Surgem grupos radicais que com o seu radicalismo ferem a identidade trazida na mensagem cristã e assim nascem as primeiras heresias. 
 A tentativa de responder a estas heresias estimula e permite o avanço da teologia porque obriga a uma reflexão mais precisa e mais fiel ainda que criativa, à Sagrada Escritura. 
Temos assim vários concílios ecuménicos ao serviço da verdade que deve ser proclamada (Niceia, Éfeso, Calcedônia, Constantinopla) regionais (Elvira, Orange). 
O princípio patrístico é: “crer para entender, e entender para crer”intellige ut credas, crede ut intellegas (Agostinho in Sermão 43,7,9). 
Não separa inteligência e fé: a fé nos torna inteligentes! 
b) Secularização 
Quando no ano 313 foi proclamado o Edito de Milão pelo imperador Constantino, o cristianismo se tornou “Religião de Estado”, no Império Romano. Assim foram adoptados progressivamente, maneiras e princípios seculares que contrariavam a simplicidade do Evangelho. Nasce a hierarquização da Igreja sob o modelo do Império, a liturgia é fortemente influenciada pelo culto pagão. Esta situação se arrastou até à reforma trazida pelo Concílio Vaticano II. 
 
1.2.3. Síntese da Teologia da época Patrística: 
Ponto de partida a experiência intensa do mistério proclamado, celebrado e vivido, exercitada na leitura do texto sagrado e das realidades mundanas. 
Quem faz teologia? – Bispos, sacerdotes e leigos (homilias, textos litúrgicos, comentários de textos de escritura, catequese...). no inicio do século III, formam-se “escolas teológicas”. 
As mais conhecidas foram Antioquia (exegese literal de Escritura), Alexandria (exegese espiritual “sentido”). 
Características teológicas: teologia bíblica, litúrgica, Cristológica, eclesial, inculturada e plural 
Foi um tempo de verdadeiro esforço de inculturação da fé. As escolas teológicas testemunham de um pluralismo teológico sadio, que contribui para o aprofundamento da verdade revelada. 
A liturgia é o berço da teologia patrística, e mostra como se deve articular o pensar e o celebrar a fé. 
Limites pouca atenção ao concreto histórico fraco traço profético devido ao compromisso com o poder temporal, progressiva des- escatologização e des-historização da teologia; Deficiência do instrumento teológico utilizado (o seu dualismo neoplatônico, o rigor ético de outras correntes como por exemplo os epicureus, e cépticos. 
1.2.4. A teologia escolástica medieval 
A teologia escolástica medieval atravessou oito (8) séculos, três (3) fases importantes: A dialéctica (Sto. Anselmo) a grande escolástica e a escolástica tardia. 
1) Fase – A teologia se limita a leitura e comentário da Palavra de Deus. Pouco a pouco (VIII – X) esta maneira de fazer teologia é influenciada pelas mudanças significativas verificadas na sociedade e na igreja. 
O surgimento de associações, corporações, ordens religiosas, movimento das ordens mendicantes e também universidades vai influenciar positivamente a maneira de fazer teologia. 
Do século X – XII, mas concretamente de 1120-1160, o pensamento de Aristóteles é redescoberto e sua metodologia é posta em relevo – usa-se a sua dialéctica (“Sicet nom”) = recolhem-se argumentos aparentemente contraditórios, discute-se a questão e depois se tiram conclusões. Santo Anselmo (1033- 1109) une a teologia monástica agostiniana, favorável a absoluta suficiência de fé, ao pensamento especulativo dialéctico. Trabalha para transformara verdade criada em verdade sabida, pensada e expressa. A fé em busca da inteligência (fides quarens intellectum) conclusões deduzíveis. 
Em 1054, temos o primeiro grande cisma Ocidente/ Oriente com Miguel Cerulário. A teologia Oriental não assimila a dialética, ela conserva o aspeto contemplativo e simbólico, privilegiando a dimensão apofática, misteriosa, o silêncio da teologia. 
A figura mais alta da escolástica é Tomás de Aquino combina rigor teórico, criatividade e ousadia. Desenvolve uma teologia obediente à revelação que responde às exigências da epistemologia de Aristóteles e por conseguinte ela é chamada ciência. A suma teologia durante séculos foi texto base da elaboração teológica. 
Com Tomás de Aquino saímos do credere- crer para compreender (da patrística) e passamos ao crer e compreender. A elaboração sistematizante do pensamento é feita por via da relação afirmação, negação e síntese – o movimento de pensamento é uma elipse e não um círculo. Temos um duplo foco da teologia: ciência que Deus comunica e ciência que o homem alcança pela reflexão autónoma, ela conjuga o ponto de vista de Deus e o ponto de vista do homem, concilia fé e razão. 
1.2.5. Teologia anti- moderna – da Idade Média até Vaticano II cinco (5) séculos 
Época de mudanças sócias rápidas e profundas, capitalismo mercantil, trocas culturais, a formação da supremacia da razão e do individualismo racional, desenvolvimento da arte e do humanismo. 
Crescente separação entre império e papado, entre a Igreja e a política. 
É uma Teologia de defesa cujo ponto mais alto é a celebração do Concílio Vaticano I com a proclamação do dogma do primado e da infalibilidade papal. A teologia recusa-se a dialogar com o mundo moderno. 
Para quem é feita a teologia nesta época? Para o clérigo religioso ou diocesano. O Concilio de Trento decretou a criação de seminários para a formação do clero. 
Três áreas de desenvolvimento da teologia são identificadas: Fundamental, Moral e Dogmática A área da Teologia Fundamental ocupa-se da Apologética (suscitar e testemunhar a fé) 
 A Teologia Moral oferece estrutura da vida humana a partir da lei (divina, natural e positiva) 
 A Teologia Dogmática, graças ao seu método regre apresenta os pilares da fé Cristã. A partir de uma tese, busca argumentos racionais que iluminados pela Sagrada Escritura permitem justificar e fundamentar a fé cristã. É uma Teologia rigorosa, conceptual, objetiva e uniforme. 
1.3. A teologia hoje 
A teologia mais do que um discurso sobre Deus torna-se um discurso sobre a Palavra de Deus, cujo objetivo é compreender, aprofundar o seu sentido valendo-se de instrumentos de compreensão de que o homem dispõe. Mas dado que tais instrumentos mudam de uma época para a outra, de um continente para o outro segue-se logicamente a formação de uma grande variedade de discursos sobre Deus, isto é de teologias. 
Nos nossos dias a Teologia tem em conta um marco importante na Igreja Católica: o Concílio ecuménico Vaticano II (11/10/1962 – 8/12/1965). A Teologia, valoriza os esforços, aquisições e orientações deste Concílio, que concebe a fé como dom recebido e orienta o estudo das realidades divinas à luz da fé, sob a orientação do Magistério, fazendo da Sagrada Escritura a alma da Teologia. 
1.4. Revelação 
1.4.1. Conceito de revelação 
Entende-se por revelação o acto de tirar o véu que cobre uma realidade, o acto de tornar acessível uma verdade até então velada ou oculta. Este conceito é usado para indicar a realidade ampla que constitui o dado de fé que nos é oferecido no Evento Jesus Cristo. 
1.4.2. Conteúdos da revelação 
A Constituição Dogmática sobre a Revelação divina no seu número dois condensa o conteúdo da Revelação na Economia da Salvação nos seguintes termos: “Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e tornar conhecido o mistério da sua vontade, por meio do qual os homens, através de Cristo, Verbo Incarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e n’Ele se tornam participantes da natureza divina” (Concílio Vaticano II, Dei Verbum, 2) Está claro que é livre iniciativa de Deus o acto de se revelar. O movente da tal liberdade é a sua bondade e sabedoria. Era natural que Deus que é suma bondade não permanecesse fechado em si mesmo eternamente. E a sabedoria sempre move para o bem. A intenção do acto é salvífica, porque é para que os homens tenham acesso ao Pai pelo Espírito. Deus faz-se conhecer para o homem entrar no mundo de Deus. [7: Chamamos Economia da Salvação ao processo de revelação da Verdade sobre Deus ao longo da história da humanidade, tal como se revelou na História de Israel atingindo o seu ápice em Jesus Cristo. ]
A revelação divina concretiza-se por meio de palavras e acções intimamente ligadas entre si ao longo da história da salvação. Mas a revelação plena acontece na pessoa de Cristo que é o mediador e o agente do projecto de revelação do Pai. Ele é o mediador porque é o enviado, é o agente porque Ele mesmo é Deus em acção. 
1.4.3. Etapas da revelação 
Chamamos etapas da Revelação os diferentes momentos nos quais as verdades sobre Deus foram reveladas à humanidade. 
1.5. Deus se revela na Criação 
Um dos aspectos nos quais Deus se revelou ao homem é como o Deus criador. Este aspecto da revelação é comum às três grandes religiões: o judaísmo, o cristianismo e o Islão. 
1.5.1. Conceito de Criação 
O termo «criação» é um conceito propriamente teológico de fé judaico-cristão e trata do conjunto de todos os seres com o sinónimo de criaturas. A criação é «o fundamento de todos os divinos desígnios salvíficos, e manifesta o amor omnipotente e sapiente de Deus; é o primeiro passo para a aliança do único Deus com o seu povo; é o início da história da salvação que culmina em Cristo; é a primeira resposta às interrogações fundamentais do homem acerca da própria origem e do próprio fim» (cfr. CIC 279-289 315). 
O termo criar, assim designa uma actividade própria e exclusiva de Deus, uma actividade diferente de fabricação humana. Não se trata, portanto, de um mero fazer teórico e instrumental que exige provas científicas, mas sim um agir que envolve a intencionalidade do agente (Deus) pela própria iniciativa como seu projecto por Ele iniciado e que envolve o homem através do seu convite a ser co-criador. 
Para designar a acção criadora de Deus, se emprega o verbo hebraico barã (criar), da tradição sacerdotal, para designar a criação de Deus. Ele significa a criação – não condicionada e livre de requisitos – como marco histórico da natureza e do espírito. O que não existia passa a existir nesse momento (Ex 34,10; Nm 16,30; Sl 51,12, etc.). Esta actividade divina carece de analogias (Conte, 1994, p. 237). 
Distingue –se assim o “criar” (barã) e “fazer” (asâh). O verbo barã designa a totalidade da criação e é empregado exclusivamente quando se fala de Deus, na sua acção criadora, ou seja, na criação: «No princípio, Deus criou o céu e a terra» (Gn 1,1). Diferentemente, o verbo asâh, inicia no versículo 2 e é concluído com o dia de descanso, indica a realização consequente de uma obra, a função determinada de uma obra. Somente o fazer, na medida em que é uma configuração e produção, é modelo do trabalho manual. Mas a actividade criadora divina e a actividade humana não têm nada em comum. 
1.5.2. Deus é o Criador 
A omnipotência de Deus tem como última consequência a sua actividade criadora, ou mais exactamente, a criação do nada. 
O evento da criação é apresentado como criação mediante a palavra: Ele cria pela sua palavra (Bauer, 1988, p. 233). 
A ideia da criação do nada, ou seja, do nada tudo proveio, vem da expressão Creatio ex nihil, expressão que se encontra na boca da mãe dos filhos Macabeus (cf. 2Mac 7,28). 
Deus cria livremente, sem necessidade alguma, sem coação alguma. No entanto, a expressão creatio ex nihil indica um limite. O nihil é limite “do nada”, i. é.do puro nada (La Peña, 1986, pp. 
134-139). A preposição “de” não aponta para algo preexistente, mas exclui toda matéria. 
1.5.3. Cristo princípio,centro e fim da criação 
A história iniciada com a criação tem o seu ponto culminante naquele constituído por Deus pela ressurreição, Cristo, Palavra que ultimamente Deus falou (Hb1,1) e inclui em si a palavra sobre a natureza da criação. Cristo é identificado como salvador e posteriormente inserido na dimensão cósmico-criadora e, a Criação que já havia recebido a função histórico-salvífica passa a uma conotação cristológica: Cristo é, «ao mesmo tempo, como princípio, o centro e o fim da criação» (Cl1,15-20). Com a Sua presença, a Criação assume novas dimensões da nova criação. 
1.5.4. Dificuldades e objecções 
A doutrina da criação suscitou sempre grandes dificuldades e objecções no decurso do tempo no âmbito do seu desenvolvimento. Foi negada a criação como obra de Deus. Para além do ateísmo científico que a partir da teoria da explosão primordial diz o mundo ter um longínquo começo em que todas as radiações e toda a matéria estavam numa bola primordial de fogo, e do materialismo dialéctico, encontramos outros escolhos (o dualismo, o panteísmo e o problema do mal) contra os quais sempre embate a reflexão da Igreja, no que toca à doutrina da criação. 
Santo Irineu afirmou que a criação é uma iniciativa do Pai: “A vontade de Deus Pai é o substrato de todas as coisas” (Irineu, p.44). O Deus criador é o Pai de Jesus Cristo e toda a Trindade opera na criação. Para ele, há somente um Deus em quem tudo tem origem. A economia salvífica una de Deus se estende da criação até a sua consumação final, e a chave para ela é o Filho eterno, o Verbo que se fez carne e por sua encarnação, resume em si toda a humanidade e até o universo. O Filho, Logos de Deus é o ápice de toda a revelação, corporalmente humano em Jesus Cristo nele se experimenta a salvação de Deus a vida em liberdade, amor e Imortalidade. 
Hoje, a teologia no seu dever, apresenta-nos a criação no quadro dos escritos neotestamentários, que também são a base dos ensinamentos do concílio Vaticano II. Substancialmente, a criação se nos apresenta com significação da história da salvação cujo centro é mistério da Incarnação. Segundo as Escrituras, Cristo é a perfeita «imagem de Deus invisível, o primogénito de toda a criatura» (Cl 1, 15.18). Ele foi predestinado por Deus antes da criação do mundo, para recapitular consigo todas as coisas, as do céu e da terra (Cf. Ef 1,3.10). Isto quer dizer que no plano de Deus, a criação e a salvação estão entrelaçadas de modo que se identificam. Assim, a protologia tem na escatologia a sua concretização. Estes são os elementos teológicos na definição da criação que nos levam a entender a criação como um mistério da fé em torno do qual ocorrem discussões sobre a sua relação com a conservação, pois, «depois da criação, Deus não abandona as coisas e as pessoas ao seu destino, sem se preocupar mais com elas» (Frosini, 2011, p.121). Esta relação nunca se pode interromper. 
1.6. A dimensão trinitária da criação 
Na concepção cristã, a criação do mundo é um acontecimento trinitário: o Pai cria pelo Filho e no Espírito santo. Durante muito tempo, a tradição teológica compreendeu a criação como obra do Pai, Senhor de sua criação (monoteísmo).Posteriormente, desenvolveu-se uma doutrina especificamente cristológica da criação, com ênfase na criação através da Palavra. Diz o CIC 229 «Insinuada no Antigo Testamento, revelada na Nova Aliança, a acção criadora do Filho e do Espírito Santo, inseparavelmente unida à do Pai, é claramente afirmada pela regra de fé da Igreja “existe um só Deus. Ele é o Pai, o Criador, o Autor, o Organizador. Ele fez todas as coisas por Si próprio, quer dizer, pelo seu Verbo e pela sua Sabedoria, pelo Filho e pelo Espírito Santo” “que são como as suas mãos” (Santo Ireneu). A Criação é a obra comum da Santíssima Trindade» (Frosini, 2011, p.124). 
1.7. A Revelação em Abraão, Moisés e profetas 
O projecto da revelação obedeceu um plano. “A seu tempo Deus chamou Abraão, para fazer dele um grande povo, povo esse que depois dos Patriarcas, ensinou por meio de Moisés e dos Profetas para que O reconhecessem como único Deus, vivo e verdadeiro, Pai providente e justo juiz, e para que esperassem o Salvador prometido” (Concílio Vaticano II, O.C, 3). Como se pode depreender do texto conciliar, Deus se revelou primeiro a Abraão, em seguida a Moisés, sucessivamente aos profetas e quando chegou a plenitude dos tempos, depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos falou por meio do seu Filho, Jesus Cristo (Heb 1,1-2), o profeta por excelência. Neste projecto estão envolvidos a palavra, o encontro, a experiência num percurso histórico. Os padres conciliares não deixam margens para dúvidas que “a economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais passará, e não se há- de esperar outra revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (Concílio Vaticano II, O.C, 4). 
Abraão respondeu à chamada de Deus e obedeceu ao seu projecto partindo sem saber para onde ia (Gen 12). Confiou-se aos desígnios de Deus. O resultado dessa sua confiante abertura é ser pai de um grande povo. É nosso pai na fé. É patriarca, isto é, arquétipo da fé. O Deus que se revela em Abraão é o Deus da promessa. Um Deus que promete e cumpre a sua promessa de salvação. 
Deus revelou se a Moisés oferecendo a libertação ao povo escravo no Egipto. O Seu nome “ Sou Aquele que Sou” revela uma solicitude de liberdade para o ser humano. Por isso o Deus de Moisés é o Deus Libertador. 
Os Profetas foram um momento importante na revelação de Deus. Eles testemunham o cuidado de Deus pela justiça no seio da humanidade. Eles aparecem como os defensores dos pobres e dos vulneráveis da sociedade. Assim se revela um Deus que toma partido dos pobres e injustiçados. 
Nos últimos tempos Deus se revelou em Jesus Cristo como o centro e o ponto definitivo da história de Salvação (Fisichella, 2002, p. 81). A Lei e os profetas são orientados a ele e somente nele encontram pleno cumprimento. 
De facto toda a vida de Jesus foi marcada por eventos que revelam algo transcendente. O seu Baptismo, a sua pregação, os milagres, a sua morte por amor e finalmente a sua gloriosa Ressurreição só podem ser revelação de Deus. 
Os Sinópticos descrevem a actividade reveladora de Jesus com os verbos pregar e ensinar. Jesus pregou o reino de Deus e testemunhou com a sua própria vida: “Convertei-vos porque o reino de Deus está próximo” (Mt 4, 17). 
No Evangelho de São João Jesus é o Logos como sinónimo de Palavra de Deus. Deus não fez ouvir a sua voz mas a sua palavra que se pode reconhecer somente em Cristo (Jo 5, 37-38). A invisibilidade do Pai torna-se visível na glória do Filho, pois este é o unigénito, isto é, o único que possui a vida mesma do Pai, o único que pode revelar o Pai dada a sua preexistência junto de Deus (Jo 1,1-2). 
Com S. Paulo pode se afirmar que quando chegou a plenitude dos tempos Deus enviou o seu Filho nascido duma mulher […] para resgatar aqueles que estavam sob o domínio da Lei, para que recebessem a adopção de filhos (Gal 4,4-5). Paulo identifica o tempo último esperado com o tempo e a história de Cristo. 
Na carta aos Hebreus Deus que tinha já falado nos tempos antigos muitas vezes e de muitos modos aos pais por meio dos profetas, ultimamente, nestes dias, falou a nós por meio do Filho que constitui herdeiro de todas as coisas e por meio do qual fez também o mundo (Heb 1, 1-2). 
1.7.1. Transmissão da Revelação divina 
Cristo mandou os Apóstolos que pregassem a todos os homens o Evangelho, prometido pelos profetas e por ele cumprido e promulgado pela sua própria boca, como fonte de toda a verdade salvadora e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes assim os dons divinos (Concílio Vaticano II, Dei Verbum, 7). Os Apóstolos foram fiéis ao mandato e anunciaram o Evangelho com palavras e a própria vida. 
Para que o Evangelho permanecesse para sempre integro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os Bispos como seus sucessores, “entregando-lhe o seu próprio magistério” (Irineu, III,3). Portanto, a sagradaTradição e a Sagrada Escritura de ambos os Testamentos são como que um espelho, no qual a Igreja, peregrinando na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até chegar a vê-lo face a face, tal qual Ele é (1Jo 3,2).Assim a sucessão Apostólica ininterrupta ou a sagrada Tradição é a garantia da integridade do depositum fidei. 
No ensinamento dos padres conciliares, a sagrada Tradição e a sagrada Escritura, estão intimamente unidas e aglutinadas entre si; porque brotando ambas da mesma fonte divina, reúnemse num mesmo caudal e tendem para o mesmo fim. A Sagrada Escritura é a Palavra enquanto redigida sob a inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e o Espírito Santo aos Apóstolos para que eles com a luz do Espírito de verdade, a guardem, exponham e difundam fielmente na sua pregação (Concílio Vaticano II; O.c.,9). 
1.7.2. A atitude do homem para com a revelação divina 
O homem na qualidade de destinatário da revelação tem uma atitude a tomar. Este pode-se abrir ou permanecer indiferente. Mas como a finalidade da revelação é a salvação do homem, no sentido que é para que o homem tenha acesso a Deus, Deus espera do homem a obediência da fé (Rom 16, 26), isto é adesão ao projecto divino. 
O encontro entre Deus e a pessoa humana acontece no coração e uma vez aberto o coração professa-se com a boca o que se crê. Paulo atesta: “Acredita-se com o coração e, com a boca, fazse a profissão de fé” (Rom 10,10). A abertura do coração é manifestada pelo testemunho público. Pois a fé não é um acto privado. Porque o encontro com Deus é renovador. Deus comunica-se para nos introduzir no seu mundo. Esse toque do coração é um acto de graça. Os Actos dos Apóstolos descrevem muito bem esse movimento na cena de Lídia onde encontramos explicitamente afirmado que “O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao que Paulo dizia” (Act 16,14). 
O que Deus espera do homem perante a sua revelação, ou por outra qual deve ser a atitude do homem perante a iniciativa salvífica de Deus? Resposta positiva, abertura a Deus, abandonar-se a ele. É esta resposta positiva que se chama fé. 
1.8. Evento Cristo 
1.8.1. Quem é Jesus 
Na história da humanidade foram várias e diferentes as respostas dadas a esta pergunta. Ainda Jesus vivia e esta pergunta foi feita por Ele aos seus discípulos. As respostas dos discípulos foram várias: «E aconteceu que, estando ele só, orando, estavam com ele os discípulos; e perguntou-lhes, dizendo: Quem diz a multidão que eu sou? 
E, respondendo eles, disseram: João o Batista; outros, Elias, e outros que um dos antigos profetas ressuscitou. E disse-lhes: E vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus.» (Luc 9, 18-21) 
Depois da morte e da ressurreição de Jesus a pergunta sobre a identidade de Jesus contínua pertinente. Um olhar sobre as respostas dadas ao longo da história, é útil para a compreensão do mistério que encerra a figura de Jesus. 
1.8.2. Algumas respostas da época patrística 
Uma das características da fé da época patrística é o monoteísmo radical e o gnosticismo. O Monoteísmo radical afirma a unidade de Deus e vê na afirmação da Trindade um grave risco para a unicidade de Deus. E o Gnosticismo: movimento religioso sincretista – oferece a salvação por meio do conhecimento. Buscando submeter à razão, o Mistério revelado. A preocupação excessiva pelo monoteísmo radical, gerou respostas erróneas chamadas heresias. São assim chamadas pelo Magistério da Igreja para distingui-las das respostas correctas sobre a identidade de Jesus. 
Descrição de algumas heresias: 
a) Gnosticismo (séc I-II) 
É uma corrente de pensamento dualista: preocupa-se com a redenção e salvação entendidos como libertação da existência material e corpórea. Rejeita tudo o que tem relação com o corpo e com a sexualidade – dimensões que pertencem ao mundo decaído, segundo os gnósticos. Este pensamento não admite a ideia de encarnação de Deus em Jesus Cristo. 
b) Docetismo (séc II) 
Esta corrente de pensamento não reconhece o corpo real de Jesus nem a sua humanidade. Os expoentes deste pensamento falam de Jesus como tendo um corpo aparente ou apenas espiritual. Eles também negam a possibilidade da encarnação do Verbo e fazem do sofrimento na cruz uma ilusão. 
 
c) Adocionismo (séc II) 
Corrente que prega que Jesus é filho adoptivo de Deus. Cristo é visto como um simples homem sobre o qual desceu o Espírito de Deus. Sustenta que até o seu baptismo Jesus viveu a vida de um homem ordinário embora supremamente virtuoso. Os milagres por ele praticados seriam a prova de que o Espírito Santo ou o Cristo desceram sobre ele sem que ele seja divino. 
d) Monarquismo (séc III) 
Teoria que reivindica a unidade absoluta de Deus. (um só princípio). Duas correntes principais: Patripassionistas e modalistas – Patripassionistas afirmam que é o Pai que sofre na cruz. Modalistas afirmam que Jesus é chamado filho apenas para significar em Deus esta modalidade segundo a qual ele encarna, sofre e morre. 
e) Arianismo (séc IV, 318) 
Dizia que Jesus era inferior ao Pai e ensinava que Jesus era “semelhante” ao Pai, e não Deus como o Pai, pois Cristo havia dito: ” O Pai é maior do que eu” (Jo 14, 28), referindo-se à sua condição humana, como “servidor” do Pai na Redenção da humanidade. Portanto Jesus é uma criatura, e não Deus, como o Pai Criador. 
f) Apolinarismo: 
Dizia que Jesus não tinha alma humana, a pessoa divina do Filho de Deus supria a falta de uma alma humana em Jesus Cristo. Esta posição se justificava pelo facto de pensar que a alma humana era pecaminosa. E Jesus, por ser filho de Deus, não podia ter alma humana. Esta viria a “manchar” a divindade de Cristo. 
g) Nestorianismo 
Partindo do princípio de que Jesus tem duas naturezas (humana e divina), em Cristo há também duas pessoas: uma Pessoa humana unida à Pessoa divina. Assim umas coisas eram feitas por Jesus Deus e outras por Jesus-Homem. Maria não seria Mãe de Deus, mas apenas Mãe de Jesus-Homem. O erro estava nisto: Jesus tem duas naturezas, mas uma só pessoa. A natureza humana é assumida pela Pessoa Divina do Filho de Deus. Essa união chama-se união “hipostática”. O sujeito ou agente da acção é a pessoa, não a natureza. 
 
h) Monofisimo 
Dizia que, em Cristo, havia uma só natureza. A natureza divina “absorvia a natureza humana. Era como se Jesus tivesse só a natureza divina. Sua heresia chamou-se monofisismo, que significa uma só natureza. 
i) Monotelismo 
Ensinava que em Cristo há uma só vontade divina. Desaparecia, assim, o “querer humano” de Jesus. Em 681, com o terceiro concílio de Constantinopla, foi encerrada a questão: Ficou definido que Jesus tem vontade divina e vontade humana. 
1.8.3. Respostas correctas sobre a identidade de Jesus 
	Local e Designação 
	Duração do 
Concílio 
	Temas Principais 
	Niceia I 
	20 de Maio a 25 de Julho de 325 
	Jesus é:Deus; Deus verdadeiro do Deus verdadeiro, gerado e não criado,
Consubstancial ao Pai… 
	Éfeso 
	22 de Junho a 17 de Julho de 431 
	 Je/.sus foi concebido pelo poder do Espírito Santo no seio da virgem Maria. Maria é mãe do Filho de Deus: Maternidade divina de Maria. 
	Calcedónia 
	8 de Outubro a 1 de 
Novembro de 451 
	Condenação do monofisismo. A existência em Jesus Cristo de duas naturezas completas e perfeitas na unidade da pessoa, que é divina. 
	Constantinopla 
III 
	7 de Novembro de 680 a 
16 de Setembro de 681 
	Condenação do monotelismo. 
 
 
Na Sagrada Escritura encontramos a resposta sobre a identidade de Jesus: 
No prólogo de João encontramos a resposta: Jesus é o Verbo incarnado, é a Palavra feita carne (Jo 1,14). Jesus é o Filho, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Sendo Jesus a segunda Pessoa da Trindade Santíssima é, logicamente, Deus. É assim que ele é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Jesus é o Filho de Deus que tomou a carne humana no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo(Lc 1,35). É a única pessoa da Santíssima Trindade que se incarnou por nós homens e para a nossa salvação. É Deus feito homem. É Deus mesmo que desceu dos Céus, veio entre nós, para caminhar connosco. Porque o Deus dos cristãos é um Deus próximo, é um Deus que caminha com o seu povo. Depois da sua morte na cruz, ressuscitou. Ele venceu a morte. É um combate que durou três dias. Período que para os Judeus, transcorrido, não havia mais esperança (cf. Jo 10,39). 
Enquanto o Pai, a primeira Pessoa da Santíssima Trindade é não gerada, é a fonte é origem de tudo 
(agenetos), o Filho, a segunda Pessoa é gerada (genetos) e por sua vez o Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade procede do Pai e do Filho. Portanto, enquanto o Filho provem por via da geração o Espírito Santo é por via da processão. 
 
 
 
 
 
 
 	 
CAPÍTULO 2: A IGREJA 
2.1. Conceito de Igreja 
2.1.1. Terminologia e etimologia 
 
O termo “Igreja” deriva do termo latino “ecclesia”, e este, por sua vez deriva do verbo grego “kaleo” que significa “chamar, convocar”. Designa a assembleia do povo geralmente de carácter religioso. 
O termo grego “kuriaka” do qual derivam os termos “church”, “kirchie” significa “pertencente ao Senhor”. Em hebraico, Igreja diz-se “qahal”. 
Na linguagem cristã, “Igreja” designa a assembleia litúrgica, mas também a comunidade local ou toda a comunidade universal dos crentes. Igreja é o povo que Deus reúne no mundo inteiro. Igreja é o povo de Deus. Cristo é a cabeça deste povo que é o seu corpo. 
2.2. Mistério da Igreja 
2.2.1. Pressupostos da Eclesiologia do Vaticano II 
A concepção da Igreja, predominante na teologia católica anterior ao Vaticano II, caracteriza-se por uma atenção privilegiada aos aspectos cristológicos, e portanto, à sua dimensão institucional e visível. 
Os estudos bíblicos e patrísticos, lidos no seu contexto histórico, ajudaram na redescoberta da interioridade da Igreja em Cristo e no Espírito. Repensa-se a comunidade eclesial como realidade histórica. A Igreja passa a ser vista como ‘sacramento’, como ‘povo de Deus’, como ‘comunhão’ de pessoas e de igrejas. O Vaticano II rejeitará o exclusivismo da realidade espiritual ou da realidade simplesmente visível, para propor o seu ‘mistério’ de comunhão, que brota da Trindade e para ela tende (Forte, 1992). 
O Vaticano II caraterizou-se desde o início como Concilio da Igreja. Como se pode ler nestas palavras do Cardeal Suenens: O Concílio há-de ser um Concílio ‘de Ecclesia’ e há-de articular-se sobre dois pilares: ‘de Ecclesia ad intra’ e de Ecclesia ad extra’. Que é Igreja? Que é que a Igreja faz? (Suenens, 1962). 
Sobre o que é Igreja, responderá a Lumen Gentium e o que ela faz? Responderá a Constituição Pastoral Gaudium et Spes. 
2.2.2. Eclesiologia da Lumen Gentium 
Este capítulo apresenta o Mistério da Igreja à luz de Cristo e do seu mistério. A Igreja como sacramento da realização do sinal salvífico da Trindade. A Igreja é o povo reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo (LG, 4, extraído de De domenica oratione, 23 de Cipriano). 
Apresentando a Igreja como mistério, fruto da leitura dos textos de S. Paulo, supera-se a visão puramente visibilista da Igreja que concebia a Igreja como Sociedade perfecta inequalis. 
A Igreja é sacramento enquanto é expressão da vontade salvífica de Cristo, uma salvação universal. 
A Igreja é como um sacramento ou sinal da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano. É também um instrumento para o alcance de tal união e unidade (LG 1). «A Igreja que compreende no seu seio os pecadores, santa ao mesmo tempo e sempre necessitada de purificação, incessantemente se aplica na penitência e no seu renovamento» (LG 8). 
O Concílio esclareceu que não há coincidência entre o Reino de Deus e a Igreja. A Igreja é o seu gérmen e início. 
O Concílio também esclareceu que não há conflito entre a Igreja peregrina e Igreja celeste, portanto entre a Igreja visível e invisível, ponto de muita controvérsia, auxiliando-se da analogia do mistério da Incarnação do Verbo, pois constituem uma realidade única e complexa. E afirma claramente que esta é a única Igreja de Cristo e tal subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele, ainda que fora do seu corpo se encontrem realmente vários elementos de santificação e de verdade, elementos que, na sua qualidade de dons próprios da Igreja de Cristo, conduzem para a unidade católica (LG 8). O emprego do verbo subsist em vez de simplesmente est é sem dúvidas uma renovação. 
Existe uma continuidade histórica radical na sucessão apostólica entre a Igreja que Cristo fundou e a Igreja católica. 
O termo subsist é, porém, matéria de muita discussão, pois há quem não acha muita distância e mesmo diferença com o termo est que era usado anteriormente. Urgia um esclarecimento. O documento Dominus Iesus apresenta o seguinte esclarecimento. Usando o verbo “subsistir”, o Vaticano II queria afirmar duas verdades (Decl. Dominus Iesus, 16-17): 
A Igreja de Cristo, não obstante as divisões dos cristãos, continua a existir plenamente só na Igreja católica. 
Por outro lado, existem numerosos elementos de santidade e de verdade fora da sua composição, nas igrejas e comunidades eclesiais que ainda não vivem em plena comunhão com a Igreja católica. 
As comunidades que não conservam um válido episcopado e a genuína e integra substância do mistério eucarístico, não são igrejas em sentido próprio. Os que, porém, foram baptizados nestas comunidades estão, pelo Baptismo, incorporados em Cristo e, portanto, vivem numa certa, se bem que imperfeita, comunhão com a Igreja (UR, 3) 
Essas comunidades não são Igreja porque os elementos desta Igreja já realizada existem reunidos na sua plenitude na Igreja católica e sem essa plenitude nas demais comunidades. Porém, o Espírito não se recusa a servir-se delas como instrumentos de salvação (UR, 3; Ut Unum sint, 14). Esta admissão é uma grande novidade. 
A eclesiologia do Vaticano é centrada na Eucaristia. Há um nexo entre a Eucaristia e a Igreja enquanto é a Eucaristia que faz a Igreja e a Igreja celebra a Eucaristia. 
A Igreja segundo o Vaticano II está radicada no mistério de Deus uno e trino e nas missões do 
Filho e do Espírito Santo. O Vaticano II superando todos os reducionismos na visão da Igreja, no I capítulo da Lumen gentium faz uma leitura de índole trinitária da Igreja. Na visão da Lumen gentium a Igreja vem da Trindade, é estruturada à imagem da Trindade e vai em direcção do cumprimento trinitário da história. Vindo do alto, oriens ex alto, como o seu Senhor (Lc 1, 78), plasmada do alto e em caminho em direcção ao alto, enquanto é o regnum Christi iam praesens in mysterio (LG 5). 
2.2.3. Maria, figura da Igreja 
No seio do povo de Israel Deus suscitou uma mulher, serva humilde do Senhor para que depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pudesse falar pelo seu próprio Filho. Maria depois de um diálogo com o anjo, decidiu obedecer e colaborar no projecto de Deus (Lc 1, 26-38).Concebeu a Palavra e teve lugar a Incarnação do Verbo. 
A Igreja ao logo da sua história formulou algumas verdades dogmáticas sobre Maria mãe de Jesus. 
Apresentamos as mais importantes: 
a) Maternidade divina de Maria (Éfeso-431) 
A formulação da verdade sobre a maternidade divina de Maria foi definida no Concílio de Éfeso, sob o título de theotókos. Éfeso assumiu a ideia da maioria conciliar de matriz alexandrina que defendia que Maria é geradora de Deus. Maria gerou segundo a carne o Verbo de Deus que se fez carne (DS, 525). Para Éfeso, Jesus tem duas naturezas: humana e divina, unidas sem distinção nem separação mútua, união hipostática.“Se alguém não confessar que o Emanuel é Deus no verdadeiro sentido da Palavra, e que, por isso, a santa virgem é geradora de Deus porque gerou segundo a carne o Verbo de Deus feito carne seja anátema” (DS, 252). 
b) Virgindade de Maria 
A virgindade é a consagração do coração e do corpo a Deus. Ela tem como finalidade acolherplenamente o amor de Deus. O Vaticano II reafirmou o símbolo niceno-constantinopolitano segundo o qual “por nós homens e para a nossa salvação desceu dos céus, e incarnou pelo Espírito Santo no seio da virgem Maria” (LG, 52). Maria foi sempre virgem corporal e moralmente. A afirmação da virgindade de Maria permite-nos falar da concepção virginal de Jesus pela força do Espírito Santo. 
c) Imaculada Conceição 
A doutrina sobre a Imaculada Conceição pretende afirmar que Maria foi preservada do pecado original, como preparação para a sua maternidade divina. No projecto de redenção que Deus traçou para a humanidade era necessário que a Mãe do Filho de Deus fosse preservada de todo o contacto com o pecado. Pio IX declarou oficialmente esta doutrina na encíclica Ineffabilis Deus a 8 de Dezembro de 1854. Declarámos que “no primeiro momento da concepção, a bem aventurada virgem Maria foi pela graça singular e o privilégio de Deus em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do género humano, preservada, intacta de toda a mancha do pecado original” (DS, 2803). 
Ela foi chamada por Deus na qualidade de primeira redimida a contribuir no plano salvífico de Cristo (LG, 8). 
O discurso sobre a Imaculada Conceição não é um discurso de natureza ética, mas é um testemunho de fé em favor da possibilidade humana de se abrir à vontade de Deus. 
d) Assunção de Nossa Senhora-15 de Agosto 
A Escritura não dá nenhuma informação específica sobre a assunção de Maria. Em Jerusalém, há dois textos que se referem à assunção de Maria. Um em siríaco e outro do evangelho apócrifo de Tiago. O primeiro diz que Maria morreu (dormiu), mas quando a sepultavam, uma nuvem envolveu o seu corpo e desapareceu. O outro texto diz que Maria foi enterrada, mas ao terceiro dia o seu corpo já não estava no túmulo. 
Os cristãos acreditam que se Maria teve uma concepção e uma vida excepcionais, também pode ter tido um fim excepcional. Assim, foram levados a acreditar na assunção de Maria. 
O mais antigo exame da morte de Maria está nos escritos de Epifânio (+403). Ele apresenta duas possibilidades: que Maria morreu ou não morreu e confessa que não sabe qual é a verdadeira. 
Já no séc V havia uma forte convicção de que o corpo de Maria não se decompôs no túmulo, mas que tinha sido elevado logo depois da sua morte, reunido à sua alma e transformado pelo poder do Espírito. 
Logo cedo em muitas igrejas orientais começou a ser celebrada a festa da dormitio de Maria que só chegou a Roma no século VI, embora persistissem as dúvidas, como no caso de São Beda (+735). 
A assunção de Nossa Senhora foi declarada dogma por Pio XII em 1950 na encíclica Munificentissimus Deus, onde se afirma: “proclamamos (...) e definimos ser um dogma revelado por Deus que quando a etapa de sua vida terrena terminou a imaculada mãe de Deus e sempre virgem Maria foi elevada de corpo e alma à glória do seu Filho” (DS, 3903). 
Era apropriado que o corpo de Maria não fosse deixado à sorte da terra. Proclamar a assunção de Maria dogma de fé é afirmar que ela participa da plenitude da ressurreição que Deus prometeu a todos os povos quando ressuscitou Jesus. 
A doutrina da assunção do corpo e da ama de Maria significa que toda a pessoa é salva. Nesse ínterim, a mãe de Jesus tal como está no céu já glorificada de corpo e alma é imagem do começo da Igreja como deverá ser consumada no tempo futuro. Assim, também brilha aqui na terra como sinal de esperança segura e de conforto para o povo de Deus em peregrinação até que chegue o dia do Senhor (LG, 66). 
 
	2.4. 	 Os Sacramentos na Igreja 
2.4.1. Conceito 
Sacramentos são sinais visíveis e eficazes da graça de Deus instituídos por Cristo. 
2.4.2. Divisão dos Sacramentos 
Os sacramentos estão divididos de acordo com a sua natureza e graça em três grupos: Sacramentos de Iniciação cristã: Baptismo, Confirmação e Eucaristia. Estes introduzem o ser humano na vida cristã. O Baptismo nos configura com Cristo na sua morte e ressurreição, é a porta de entrada, a Confirmação vem selar o Baptismo e nos torna testemunhas de Cristo e por sua vez a Eucaristia é o alimento de que sem configurou com Cristo de modo que não seja mais ele quem vive mas Cristo que vive nele (Gl 2,20). Eucaristia é o Sacramento central da vida da Igreja. Segundo o Papa Bento XVI existe um influxo causal da Eucaristia nas próprias origens da Igreja. Pelo facto que “a Eucaristia é Cristo que se dá a nós, edificando-nos continuamente como seu corpo. Portanto, na sugestiva circularidade entre a Eucaristia que edifica a Igreja e a própria Igreja que faz a Eucaristia, a causalidade primária está expressa na primeira fórmula: a igreja pode celebrar e adorar o mistério de Cristo presente na Eucaristia, precisamente porque o próprio Cristo se deu a ela no sacrifício da Cruz” (Bento XVI, 2007, 14). 
Os sacramentos da cura: Penitência ou Reconciliação e Unção dos Enfermos também conhecido por Santa unção. Tempos houve que este sacramento foi chamado Extrema-unção. Estes nos curam da ferida ou doença causada pelo pecado. 
Sacramentos da Comunhão ou da Missão: Ordem e matrimónio. O matrimónio tem a missão de garantir as gerações, cooperar com o Criador na geração de seres humanos. Executando o mandato “crescei e multiplicai-vos” (Gn 1,28) e é comunhão entre marido e mulher que não são dois mas uma só carne. O sacramento da ordem tem a missão de transformar os seres humanos gerados no matrimónio em filhos de Deus administrando os sacramentos da iniciação cristã e outros sacramentos. A comunhão neste sacramento é com Cristo, uma vez que o Sacerdote configura-se com Cristo Sacerdote, aliás ele é alter Christus. E dada a indissolubilidade esponsal entre Cristo e sua Igreja, também é comunhão com a Igreja. 
2.5. Inculturação do Evangelho nas culturas dos povos evangelizados 
2.5.1. Conceito 
É a incarnação do Evangelho nas culturas e ao mesmo tempo introdução dessas culturas na vida da Igreja. Inculturação significa uma íntima transformação dos autênticos valores culturais através da sua integração no cristianismo e o enraizamento do cristianismo nas diversas culturas (Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, CCDDS, 4). 
2.5.2. Necessidade 
De uma parte, a penetração do Evangelho num dado ambiente sócio- cultural fecunda como de dentro, fortifica, completa e restaura em Cristo as qualidades do espírito e os dotes de cada povo. Doutra parte, a Igreja assimila esses valores, no caso que os mesmos sejam compatíveis com o Evangelho, para aprofundar o anúncio de Cristo e para melhor exprimi-lo na celebração litúrgica e na vida multiforme da comunidade dos fiéis. 
O fim principal da Inculturação é de ajudar o povo a acolher e a viver melhor a mensagem evangélica. Percebe-la com as suas categorias mentais. De modo que o Evangelho continuando uma Novidade (Boa Nova) não uma novidade estranha o que abre espaço à duplicidade ou incoerência. É igualmente para participar com mais envolvimento nos actos litúrgicos. 
2.5.3. Exigências 
Evite-se o perigo que a introdução de elementos culturais não pareça aos fiéis como retorno ao um estado anterior à Evangelização (CCDDS, 32). Inculturação não se deve confundir com sincretismo religioso 
2.5.4. Competências 
Todo o movimento de inculturação, depende unicamente da autoridade da Igreja. Tal autoridade compete à Sé Apostólica que a exerce através da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos; compete também nos limites previstos pelo Direito, às Conferências episcopais e ao Bispo diocesano. Nenhum outro, absolutamente, mesmo se é sacerdote, acrescente, tire ou mude algo de sua iniciativa, em matéria litúrgica. A inculturação não é portanto, deixada à iniciativa pessoal dos celebrantes, nem à iniciativa colectiva da assembleia (CCDDS, 37). A nível de uma nação, o processo da Inculturação Litúrgica é da responsabilidade da Conferência Episcopal a qual apoiando-se de peritos em diversas áreas, como é a da Bíblia, Liturgia e Teologia e expoentes das religiões não cristãs, pode discernir,avaliar e legitimar, em consonância com a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, uma dada experiência de inculturação ou o que deve modificado nas celebrações litúrgicas de acordo com as tradições e da mentalidade do povo (CCDDS, 30, 62-66). 
 
 	 
CAPÍTULO III: A PESSOA HUMANA À LUZ DA FÉ CRISTÃ 
3.1. Conceito 
A pessoa humana é uma criatura de Deus, justificada por Jesus Cristo e prometida à divinização. 
A visão cristã do ser humano supõe uma estrutura própria de quem crê, espera e ama. 
Crer, esperar e amar são 3 operações reunidas que têm uma significação religiosa e designam a verdadeira relação ao Deus verdadeiro, o Deus de Jesus Cristo. 
Ora a relação dos homens a Deus é sempre de ordem activa, da classe do fazer e introduz sempre uma dinâmica. 
Esta visão do ser humano, não deve ser confundida com outras maneiras de abordar a questão do homem. Trata-se do que o cristianismo confessa e compreende do comportamento humano quando ele considera que a maneira de ser homem não é sem relação a Deus. O cristianismo confessa que a condição humana é, como tal, vocação a crer, esperar e amar. 
3.1.1. O protótipo do ser humano é Jesus Cristo 
a) ECCE HOMO – Eis o Homem 
O cristianismo aprende a olhar a Jesus Cristo e descobrir quem é o ser humano e o que está chamado a ser. É agora e aqui que em Jesus Cristo aprendemos o que significa “tornar-se homem”. 
Quando nós dizemos de Jesus “Eis O Homem” confessamos e afirmamos que Ele é aquele em quem o sentido tem sentido, o homem novo que dá à humanidade sua razão de ser. 
Jesus Cristo é alguém que pertenceu à história dos homens, que pertenceu a nossa história, que é um dos nossos. Porquê Jesus? 
A resposta é que na história humana Jesus é o único homem, o único verdadeiro, que foi sempre verdadeiro com a sua humanidade. Jesus foi desde a sua encarnação – do princípio ao fim de sua vida – totalmente homem e verdadeiro com a sua humanidade. Jesus não brincou com a nossa humanidade, não fez de contas que era homem; ele foi até ao fim, até as consequências do seu ser 
Homem. 
No seu caminho de humanidade Jesus é aquele em quem se manifesta a graça da criação que consiste em ser Filho de Deus, vivendo a dependência a Deus e a autonomia da responsabilidade pessoal. 
Ele reconhece e aceita a sua condição de filho e não quer de modo algum tomar o lugar do Pai. 
É analisando o comportamento de Jesus que nós chegaremos a conhecer nele o HOMEM: “EIS O HOMEM”. O justo sem pecado – o homem, o verdadeiro sem pecado, aquele que soube guardar a todo custo a sua relação filial absolutamente plena de humanidade – a excepção que confirma a regra porque todos os homens são pecadores. Ele é o único de entre todos, Ele é o único por todos, ele não é o solitário mas o solidário. 
b) O Homem, é Jesus Tentado 
(Uma leitura de Lc 4,1-13) 
Podemos afirmar que Jesus Cristo é protótipo do Homem justamente no momento em que é tentado. O texto de Lucas deixa claro que Jesus é tentado na sua qualidade de «filho» e que as tentações sugerem que um «filho» pode encontrar a sua felicidade abandonando a sua condição de filho, alguém dependente do seu progenitor, e tomando a condição de «Pai». As três tentações apresentam três falsos apelos que levam ao uso de um poder sobre as coisas, sobre os outros e sobre Deus. Tal poder só é possível quando a pessoa deixa de ocupar o seu lugar na sua relação com as coisas, com os outros e com Deus. 
Jesus permanece homem, permanece filho na sua relação com Deus e nos mostra que ser homem é ocupar o seu lugar na criação sem jamais se cansar de ser filho e de se relacionar correctamente de modo a compor com o universo e com os outros. 
Na primeira tentação S. Lucas coloca em evidência que ser humano é respeitar uma estrutura antropológica que diz que ninguém é humano sozinho. O ser humano faz-se por via da relação saudável com os outros. Não se pode ser só. Ao falar do pão, o texto sublinha: 
	3.1.2. 	O Laço biológico da vida humana 
O homem tem necessidade de pão para viver mas ele pode também morrer quando come demais (excesso de pão). 
 
	3.1.3. 	O Laço social como lugar cultural 
O pão é um alimento transformado e não bruto, por isso evoca a realidade do homem em sociedade e sempre em cultura. O homem é um animal bio-cultural. 
3.1.4. O Laço social como laço ético 
O pão evoca uma situação política, onde a justiça impõe o dar a cada um o necessário para viver e subsistir a justiça social. As necessidades que fazem o homem são as mesmas que fazem a história: comer, beber, vestir – condições de justiça elementar (Cfr. Mt 25 e Karl Marx). 
3.1.5. O Laço social como laço simbólico e laço religioso 
A nossa relação a Deus passa sempre pela relação aos outros. O laço religioso é interno ao laço social. Ele permite uma abertura ilimitada ao outro. Nesta resposta de Jesus há uma espécie de lei, princípio: 
NÃO ...SEM; NÃO há laço religioso SEM laço biológico-social; NÃO há justiça para mim SEM justiça para meu irmão. 
A segunda tentação deixa um recado sobre a relação humana e humanizadora entre as pessoas. Quando o tentador diz que viver é dominar os outros, é exercer violência sobre os outros, é ser totalitário, dominando e subjugando, Jesus responde que ser homem é aceitar que viver é entrar em comunhão, é estar ao serviço da comunhão e da paz enquanto renúncia á dominação e á violência. 
A terceira tentação sugere que ser plenamente humano é viver sem Deus, é recusar assumir as limitações humanas, é recusar a morte. Jesus diz-nos que ser homem é consentir a viver como homens que conhecem a dor, o sofrimento e a morte. 
 
3.2. O homem é um ser com dignidade 
3.2.1. Conceito da Dignidade 
A dignidade da pessoa humana radica na noção de criação a imagem e semelhança de Deus. Perante Deus, cada indivíduo representa a dignidade de género humano. A motivação mais profunda da dignidade da pessoa humana está na revelação oferecida pelo Verbo encarnado. Jesus veio revelar que o pai ama todos os homens independentemente das suas condições sociais (Mt. 16,26; Lc 12,23). Por isso a igreja ensina que: O homem imagem vivente de Deus vale por si mesmo, não por aquilo que sabe, produz ou que possui. É a sua dignidade de pessoa que confere valor aos bens que ele usa para se exprimir e realizar-se. [8: .CEI=CONFERENZA EPISCOPALE ITALIANA, La Verita vi fara Liberi, Catechismo degli adulti; Ed.Città del Vaticano Roma 1995, pp 486. Cf: Gn. 2,9 «Iahweh Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a àrvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal».Cf. Gn. 3,9-13 «Iahweh Deus chamou o homem: onde estás?... Respondeu o homem, tive medo porque estou nu, e me escondi, Ele retorquiu e quem te fez saber que estás nu? O homem respondeu, a mulher que puseste junto de mim…Deus disse a mulher que fizeste? A mulher respondeu a serpente me seduziu e eu comi». ]
O homem atinge esta dignidade quando, libertando-se da escravidão das paixões, tende para o fim pela livre escolha do bem e procura a sério e com diligente iniciativa os meios convenientes (Gs. nº 17). 
3.3. O homem é um ser de Consciência 
3.3.1. Conceito 
A consciência é o núcleo mais secreto e o santuário da pessoa. Ela não é uma função, mas é a estrutura do ser humano e pode ser identificada com a essência do ser humano. Ela revela, de modo admirável, a lei do imperativo categórico, que se cumpre pelo amor a Deus e ao próximo (GS, 16).“Na intimidade da sua consciência, a pessoa humana descobre uma lei que ela não impõe a si mesma, mas a qual se vê obrigada a obedecer. Chamado a amar o bem e a evitar o mal, a voz da consciência pode, quando necessário, falar-lhe ao coração mais especificamente: faz isto, evita aquilo. Isto porque o homem tem no seu coração uma lei escrita por Deus. Obedecer a ela constitui a verdadeira dignidade da pessoa, que será julgada de acordo com tal lei (Cfr. Rm. 2,15-16). [9: O imperative categórico foi formulado por Kant quando diz “age de modo a que a

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