Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TEORIA DO CRIME PROFESSOR: Daniel da costa Araújo DIREITO PENAL I 1-Material 2-Formal 3-ANALÍTICO Crime pode ser conceituado sob os aspectos: 1-Material: todo fato humano que, propositada ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da coletividade e da paz social. 2-Formal: crime resulta da mera subsunção da conduta ao tipo legal, pouco importando seu conteúdo. 3-Analítico: busca estabelecer sob o prisma jurídico, os elementos estruturais do crime. Crime = Fato Típico + Ilícito + Culpabilidade Obs: adotamos no Brasil a Teoria Tripartida onde a culpabilidade integra o conceito de crime. ANALÍTICO Conceito: é o fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na lei penaL. Elementos: -Conduta dolosa ou culposa; -Resultado; -Nexo de causalidade e, -Tipicidade FATO TÍPICO Conceito: é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade. Princípio da evitabilidade: onde não houver vontade, não existirá conduta perante o ordenamento jurídico repressivo. CONDUTA OBSERVAÇÃO No caso da conduta dolosa, a vontade e a finalidade são de produzir o resultado típico, enquanto na conduta culposa, a vontade e a finalidade não buscam um resultado típico, mas este ocorre devido à violação de um dever de cuidado. 1- A teoria naturalista ou causal: Surgiu após o Absolutismo Monárquico, onde instalou-se o Estado Formal de Direito, no qual todos estavam submetidos não mais ao império de uma pessoa, mas ao império da lei. TEORIAS DA CONDUTA Crime é aquilo que o legislador diz sê-lo e ponto final. Se tem ou não conteúdo de crime, não interessa. O que importa é que está na lei. Não importando se o agente quis ou se teve culpa na causação do crime. Lei se cumpre, não se discute, nem se interpreta. Critica: Não se pode dizer que uma conduta é conduta sem vontade. (consciente e voluntária) 2- A teoria finalista da ação: Sem o exame da vontade finalística não se sabe se o fato é típico ou não. O dolo e a culpa estão dentro da conduta, responsabilidade subjetiva. Não existe conduta relevante para o Direito Penal, se não for animada pela vontade humana, fundindo a vontade e a finalidade na conduta, como componentes essenciais. TEORIAS DA CONDUTA As normas jurídicas não podem, pois, ordenar ou proibir meros processos causais, mas somente atos orientados finalisticamente ou omissões destes atos. Obs: a teoria adotada no Direito Penal brasileiro. Art. 18, I e II, do CP, expressamente reconheceu que o crime ou é doloso ou é culposo, desconhecendo nossa legislação a existência de crime em que não haja dolo ou culpa. 3- A teoria social da ação Um fato não pode ser definido em lei como infração penal e, ao mesmo tempo, ser aplaudido, tolerado e aceito pela sociedade. As regras jurídicas devem ser interpretadas de acordo com as circunstâncias históricas e sociais em que se encontram no momento o operador do direito. Cabe ao judiciário suprir o vácuo criado com o tempo, entre a realidade jurídica e a social. Teorias da Conduta Critica: O critério pra se eleger determinada conduta-crime ou irrelevante penal de acordo com a nocividade social do comportamento, deve ficar a cargo do legislador, detentor de mandado popular, e não do juiz, cuja a tarefa consiste na prestação jurisdicional, de acordo com as regras jurídicas vigentes. 1-Vontade 2-Finalidade 3-Exteriorização da Conduta 4- Consciência Elementos da Conduta A ausência de vontade acarreta a ausência de conduta. Pois reflexos não são condutas, são apenas atos desprovidos de qualquer vontade ou finalidade. Obs: A coação moral irresistível não exclui a conduta, uma vez que ainda resta um resíduo de vontade. Já a coação física, exclui pela absoluta falta de vontade. OBSERVAÇÃO FORMAS DE CONDUTA Ação: comportamento positivo, movimento corpóreo, um fazer. Omissão: comportamento negativo, abstenção de movimento, um não fazer. OMISSÃO TEORIA NORMATIVA Para que a omissão tenha relevância causal, há necessidade de uma norma impondo, na hipótese concreta, o dever jurídico de agir. FORMAS DE CONDUTAS OMISSIVAS CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS O omitente só pratica crime se houver tipo incriminador descrevendo a omissão como infração formal ou de mera conduta. Exemplo: os arts. 135 e 269, do CP. CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS O agente tinha o dever jurídico de agir, ou seja, não fez o que deveria ter feito. Exemplo: um salva vidas que assiste inerte o banhista se afogar. FORMAS DE CONDUTAS OMISSIVAS CRIMES OMISSIVOS POR COMISSÃO A uma ação provocadora da omissão, ou seja, o autor do crime impede (ação) o agir de terceiro que salvaria o bem jurídico (omissão). Exemplo: chefe da repartição impede que sua funcionária, que está passando mal, seja socorrida. Se ela morre ele responde por homicídio. REQUISITOS DA OMISSÃO Conhecimento da situação típica; Consciência de seu poder de ação para execução da ação omitida; Possibilidade real, física, de levar a efeito essa tarefa. QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DA OMISSÃO Ausência de ação efetiva (omissão) + expectativa e exigência de atuação (dever de ação). O art. 13, §2º do CP, prever taxativamente todos os casos em que o omitente tem a obrigação de impedir o resultado. Hipóteses de dever de agir Tenha por lei a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; Obs: sempre que o agente tiver, por lei, a obrigação de cuidado, proteção e vigilância, deverá ser responsabilizado pelo resultado se, com sua omissão, tiver concorrido para ele com dolo ou culpa. Exemplos, os pais. De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; Assumiu a posição de garantidor de que nenhum resultado sobreviria. Aqui o dever jurídico não decorre de lei, mas de um compromisso assumido por qualquer meio. Exemplo: a babá, o salva-vidas. Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Exemplo: uma pessoa que por brincadeira, esconde o remédio de um cardíaco tem o dever de socorrê-lo e impedir sua morte. Uma pessoa que joga outra na piscina está obrigada a salvá-la, se estiver se afogando. CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR Fortuito: é aquilo que se mostra imprevisível, quando não inevitável. Uma força estranha à vontade humana, que não pode impedir. Exemplo: incêndio provocado pelo cigarro derrubado do cinzeiro por um golpe de ar inesperado. Força maior: evento externo ao agente, tornando inevitável o acontecimento. Exemplo: raio que cai em cima de um veículo ocasionando uma batida. Consequência exclusão da conduta. Sem conduta, não há fato típico. SUJEITOS DA CONDUTA TÍPICA Sujeito ativo Pessoa física: é a pessoa humana que pratica a figura descrita na lei. Pessoa jurídica Teoria da realidade ou personalidade real: a pessoa jurídica não é um ser artificial, criado pelo Estado, mas sim um ente real independente dos indivíduos que a compõe. Dotada de vontade própria, com capacidade de ação e de praticar ilícitos penais. A vontade coletiva (Conselhos de Administração/de Gerência/Direção) é capaz de cometer crimes tanto quanto a vontade pessoal. A reprovabilidade da conduta de uma empresa funda-se na exigibilidade de conduta diversa, a qual é perfeitamente possível. Os sócios que não tiveram culpa não estão recebendo pena pela infração cometida pela empresa, mas apenas suportando efeitos que decorrem daquela condenação. Sistema paralelo de imputação: a responsabilidade da pessoa jurídica não interfere na responsabilidade da pessoa física que praticou o crime. A pessoa jurídica pode ser responsabilizada por atos cometidos contra a ordem econômica e financeira e contra o meio ambiente. Sujeito Passivo O Estado e o titular do bem jurídico lesado. OBJETO JURÍDICO E OBJETO MATERIAL DO CRIME Objeto jurídico:é o bem jurídico tutelado. Exemplo: a vida, no homicídio; a integridade corporal, nas leões corporais. Objeto material: é a pessoa ou coisa sobre as quais recai a conduta. RESULTADO É a modificação no mundo exterior provocada pela conduta. TEORIAS : Naturalística: resultado é a modificação provocada no mundo exterior pela conduta. Exemplo: a perda do patrimônio no furto. Jurídica ou normativa: resultado é toda lesão ou ameaça de lesão a um interesse penalmente relevante. Exemplo: o furto ou estelionato atinge o bem, o patrimônio. NEXO CAUSAL É o elo de ligação que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado. Teoria da equivalência dos antecedentes Tudo aquilo que, excluído da cadeia de causalidade, ocasionar a eliminação do resultado deve ser tido como causa. Se contribuiu de alguma forma é causa. Art. 13 caput do CP. Para não chegarmos ao regressus ad infinitum, deve ser observado se concorreram para a infração com dolo ou culpa, pois caso contrário não existe, conduta relevante para o Direito Penal. Art. 19, do CP. Teoria da causalidade adequada É considerada causa a condição idônea à produção do resultado, onde um fato pode não ser considerado sua causa quando, isoladamente, não tiver idoneidade para tanto. Exemplo: a conduta dos pais, gerando o autor do crime, isoladamente não teria idoneidade mínima para provocar o delito. SUPERVENIÊNCIA CAUSAL Causa é toda condição que atua paralelamente à conduta. Espécies de causas: Dependentes: é aquela que, originando-se da conduta, insere-se na linha normal de desdobramento causal da conduta. Exemplo: na conduta de atirar em direção à vítima, são desdobramento normais de causa e efeito: a perfuração em órgão vital produzida pelo impacto do projétil contra o corpo humano; lesão cavitária; a hemorragia; parada cardíaca e a morte. Espécies de causas Independente: é a que refoge ao desdobramento causal da conduta, produzindo por si só, o resultado. Um fenômeno totalmente inusitado, imprevisível. Exemplo: não é consequência normal de um simples susto a morte por parada cardíaca. São subespécie de causas independentes Causa absolutamente independente: não tem nenhuma relação com o conduta. Causa relativamente independente: tem relação com a conduta apenas porque dela se originou, mas é independente, uma vez que atua como se por si só tivesse produzido o resultado. Espécies de causas absolutamente independentes: Preexistentes: existem antes da conduta ser praticada e atuam independentemente de seu cometimento, de maneira que com ou sem a ação o resultado ocorreria do mesmo jeito. Exemplo: o genro que atira na sogra, mas ela não morre em consequência dos tiros, e sim do envenenamento anterior provocado pela nora, por ocasião do café matinal. Concomitante: não tem qualquer relação com a conduta e produzem o resultado independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no instante em que a ação é realizada. Exemplo: No momento que o genro está inoculando veneno letal na artéria da sogra, dois assaltantes entram na residência e efetuam disparos contra a mesma matando-a instantaneamente. Superveniente: atuam após a conduta. Exemplo: após o genro ter envenenado a sogra, antes do veneno fazer efeito, um maníaco invade a casa e mata a senhora. Consequências jurídicas: como o genro não deu causa a morte de sua sogra, não pode ser responsabilizado por homicídio, apenas por tentativa. Espécies de causa relativamente independentes Preexistentes: atuam antes da conduta. “A” desfere um golpe de faca na vítima, que é hemofílico e vem a morrer em face da conduta, somada à contribuição de seu peculiar estado fisiológico. Concomitante: “A” atira na vítima, que, assustada, sofre um ataque cardíaco e morre. A causa da morte foi a parada cardíaca. Superveniente: as causas geradoras do resultado somente atuaram devido à conduta anterior, sem a qual não existiria. Exemplo: a vítima de um atentado é levada ao hospital e sofre acidente no trajeto, vindo, por esse motivo, a falecer. Consequências jurídicas: no caso das causas preexistentes e concomitantes, como existe nexo de causalidade, o agente responde pelo resultado, ao menos que não tenha atuado com dolo ou culpa. Nas causas supervenientes o agente responde só por tentativa. Exceção: se a causa superveniente está na linha do desdobramento físico ou anátomo-patológico da ação, o resultado é atribuído ao agente. Exemplo: choque anafilático por excesso de éter ou imprudência dos médicos. Ao autor é atribuído o resultado final, já que a segunda causa relação com a primeira, num desdobramento obrigatório. Art. 13, § 1º do CP. TIPICIDADE PENAL É a relação de adequação exata entre a conduta e a norma penal. Se encaixa perfeitamente, o que está descrito no crime. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. TIPICIDADE PENAL = Tipicidade formal + Tipicidade Conglobante TIPICIDADE FORMAL É o enquadramento exato do fato ao tipo penal. Se encaixa perfeitamente com o que está descrito no crime. TIPICIDADE MATERIAL (Doutrina/Jurisprudência) A conduta tem que ofender bem jurídico alheio. Requisitos da tipicidade material: Só punir a conduta se atingir bem jurídico de forma significativa. Obs: o princípio da insignificância ou bagatela – Inespressividade da lesão jurídica provocada. Ele encontra relação com o princípio da intervenção mínima. Mas também temos que verificar o verdadeiro significado do bem jurídico para a vítima – STF. TIPICIDADE CONGLOBANTE O fato típico pressupõe que a conduta esteja proibida pelo ordenamento jurídico como um todo, globalmente considerado. O direito é uno, uma norma penal não pode incriminar e outro permitir. A conduta deve ser contrária a todo o ordenamento jurídico. STF O TIPO PENAL NOS CRIMES DOLOSOS Dolo é a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes do tipo legal. Para os adeptos da corrente finalista, a qual o CP adota, o dolo pertence à ação final típica, constituindo seu aspecto subjetivo. Fases da conduta Interna - pensamento do autor. E caso não passe disso é penalmente indiferente; Externa – consiste a exteriorização da conduta. CP, art. 18, I – Dolo é vontade de realizar o resultado ou aceitação dos riscos de produzir. Espécies de dolo Dolo natural é o concebido como um elemento puramente psicológico, desprovido de qualquer juízo de valor. Ele se compõem apenas de consciência e vontade, sem necessidade de que haja também a consciência de que o fato praticado é ilícito, injusto ou errado. Dolo normativo para que haja dolo, não basta que o agente queira realizar a conduta, sendo também necessário que tenha a consciência de que ele é ilícita, injusta e errada. O dolo normativo não é simples querer, mas um querer algo errado, ilícito. Espécies de dolo Dolo direto ou determinado é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. O sujeito diz: “eu quero”. Dolo indireto ou indeterminado o agente não quer diretamente o resultado, mas aceita a possibilidade de produzi-lo (dolo eventual) ou não se importa em produzir este ou aquele resultado (dolo alternativo). Dolo genérico a vontade de realizar a conduta sem um fim especial. Exemplo: no tipo homicídio, basta a simples vontade de matar alguém. 45 Espécies de dolo Dolo geral, erro sucessivo ou aberratio causae quando o agente, após realizar a conduta, supondo já ter produzido o resultado, pratica o que entender ser um exaurimento e nesse momento atinge a consumação. Exemplo: Um genro, logo após envenenar a sogra, acreditando-a morta, joga-a, o que supunha o cadáver, nas profundezas do mar. A vítima, no entanto, ainda se encontrava viva, findo a morrer afogada. Dolo e dosagem da pena A quantidade da pena abstratamente cominada no tipo não varia de acordo com a espécie de dolo, contudo o juiz deverá levá-la em consideração no momento da dosimetria penal. Art. 59, caput do CP, dosar a pena de acordo com o graude culpabilidade. O TIPO PENAL NOS CRIMES CULPOSOS Culpa é o elemento normativo da conduta. Necessita de um prévio juízo de valor, comparando-a com a que um homem de prudência média teria na mesma situação. A culpa, não está descrita, nem especificada, mas apenas prevista genericamente no tipo. Se a conduta do agente afastar-se daquela prevista na norma (que é normal), haverá a quebra do dever de cuidado, e consequentemente a culpa. Exemplo: um motorista conduz bêbado um veículo, basta proceder a um juízo de valor de acordo com o senso comum para saber que essa não é uma conduta normal. O TIPO PENAL NOS CRIMES CULPOSOS Dever jurídico de cuidado: é o dever que todas as pessoas devem ter, o dever normal de cuidado, imposto às pessoas de razoável diligência. Tipo aberto: a conduta culposa não está descrita. Pois se o legislador tentasse descrever todas as hipóteses em que poderia ocorrer culpa, certamente jamais esgotaria o rol. Obs: não existe crime culposo de mera conduta (exemplo: invasão de domicílio/desobediência), sendo imprescindível a produção de resultado naturalístico involuntário para seu aperfeiçoamento típico. Previsibilidade objetiva: é a possibilidade de qualquer pessoa dotada de prudência mediana prever o resultado. O TIPO PENAL NOS CRIMES CULPOSOS Princípio do risco tolerado: são situações que o comportamento, dito como perigoso é imprescindível para a realização do ato e que, por isso, devem ser aceitos. Exemplo: médico que realiza uma cirurgia em circunstâncias precárias, podendo causar a morte do paciente. Princípio da confiança: as pessoas agem de acordo com a expectativa de que as outras atuarão dentro do que lhes é normalmente esperado. Nesses casos inexiste culpa, não havendo previsibilidade do resultado. Exemplo: quando o motorista conduz seu veículo na confiança de que o pedestre não atravessará a rua em local ou momento inadequado. Inobservância do dever objetivo de cuidado Imprudência: aquela que surge durante a realização de um fato sem o cuidado necessário. Ela se desenvolve paralela à ação, no instante que se desenvolve a ação. Não atuo com cautela. Exemplo: ultrapassagem proibida, excesso de velocidade, trafegar na contramão. Negligência: é culpa na sua forma omissiva. Deixo de atuar. Ocorre sempre antes do início da conduta. É uma abstenção de um comportamento que era devido. Exemplo: deixar de reparar os pneus e freios antes de viajar. Imperícia: Inaptidão técnica em profissão ou atividade. Não sei fazer. Exemplo: médico vai curar uma ferida e amputa a perna, atirador de elite que mata a vítima, em vez de acerta o criminoso. Se a imperícia advier de pessoa que não exerce arte ou profissão, haverá imprudência. Espécies de culpa Inconsciente: é a culpa de previsão, em que o agente não prevê o que era previsível. Consciente ou com previsão: o agente prevê o resultado, embora não o aceite. Obs: a culpa consciente difere do dolo eventual, porque neste o agente prevê o resultado mais não se importa que ele ocorra. Na culpa consciente, embora prevendo o que possa vir a acontecer, o agente repudia essa possibilidade “é possível, mas não vai acontecer de forma alguma”. Espécies de culpa Culpa imprópria: há uma má apreciação da realidade fática, fazendo o autor supor que está acobertado por uma causa de excludente da ilicitude. Há um pouco de dolo e um pouco de culpa na atuação. Culpa presumida: havia punição por crime culposo quando o agente causasse o resultado apenas por ter infringido uma disposição regulamentar. Exemplo: dirigir se habilitação. Não há mais previsão na legislação penal. Graus de culpa Grave Leve Levíssima Obs: inexiste diferença para efeitos de cominação abstrata da pena, mas o juiz deve levar em conta a natureza da culpa no momento de dosar a pena concreta, já que lhe cabe, nos termos do art. 59, caput, do CP, fixar a pena de acordo com o grau de culpabilidade do agente. Graus de culpa Compensação de culpas: não existe no Direito Penal. Produzindo efeitos apenas na dosimetria da pena. Exemplo: a imprudência do pedestre que cruza a via pública em local inadequado não afasta a do motorista que, trafegando na contramão, vem atropelá-lo. Obs: A culpa exclusiva da vítima exclui a do agente. Excepcionalidade do crime culposo: um crime só pode ser punido como culposo quando houver expressa previsão legal. Art. 18, § único, do CP CRIME PRETERDOLOSO É aquele em que o agente quer praticar um crime, mas acaba excedendo-se e produzindo culposamente um resultado mais gravoso do que o desejado. Na hipóteses diz que o autor fez mais do que queria. Dolo no antecedente e culpa no consequente. Exemplo: lesão corporal seguida de morte, art. 129,§ 3º do CP; aborto qualificado pela morte ou lesão grave a gestante, art. 127, do CP. Obs: não é possível a tentativa no crime preterdoloso. CRIME CONSUMADO É aquele em que foram realizados todos os elementos constantes de sua definição legal. Exemplo, o crime de furto se consuma no momento em que o agente subtrai, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Obs: ele é diferente do crime exaurido pois esse o agente após atingir o resultado consumativo, continua a agredir o bem jurídico, procurando dar-lhe uma nova destinação ou tentar tirar proveito. Exemplo: o funcionário público que, após atingir a consumação mediante a solicitação de vantagem indevida, vem efetivamente recebê-la. (art.317 do CP). Iter criminis Iter criminis é o caminho do crime. Temos quatro fases a serem percorridas, a saber: Cogitação: o agente apenas mentaliza, idealiza, prevê, antevê, planeja, deseja. Nessa fase o crime é impunível. Preparação: prática dos atos imprescindíveis à execução do crime. Ainda não se iniciou a agressão ao bem jurídico. O agente não começou a realizar o verbo constante da definição legal. O crime ainda não pode ser punido. Exemplos: aquisição de arma para a prática do homicídio ou de uma chave falsa para o delito de furto. Execução: o bem jurídico começa a ser atacado. Se inicia com a prática do primeiro ato idôneo e inequívoco para a consumação do delito. O crime já se torna punível. Consumação: todos os elementos que se encontram descritos no tipo penal foram realizados. TENTATIVA Não consumação do crime, cuja a execução foi iniciada, por circunstâncias alheias à vontade do agente. Elementos da tentativa: O início da execução: Se inicia com a prática do primeiro ato idôneo e inequívoco para a consumação do delito. a não consumação; a interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente. Critério de fixação do início da execução adotado no direito penal brasileiro: Critério lógico-formal: parte de um enfoque objetivo, diretamente ligado ao tipo. O princípio de execução tem de ser compreendido como início de uma atividade típica. Não sendo concebendo início de execução sem o começo de realização do verbo do tipo. Além de idôneo (apto à consumação), o ato deve ser também inequívoco (indubitavelmente destinado à produção do resultado). Formas de tentativa: Imperfeita: há interrupção do processo executório, por circunstâncias alheias à vontade do agente. Perfeita ou acabada (também conhecida como crime falho): o agente pratica todos os atos executórios, mas não o consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. Branca ou incruenta: a vítima não é atingida. Cruenta: a vítima é atingida, vindo a lesionar-se. Obs: não há distinção quanto a pena abstrata cominada, devendo ser analisada pelo juiz no momento de dosar a pena, pois, quanto mais próximo da consumação, menor será a redução (mais próximo de 1/3). Teorias sobre a punição na tentativa: Subjetiva: a tentativa deve ser punida da mesma forma que o crime consumado, pois o que vale é a intenção do agente. Objetiva ou realista: a tentativa deve ser punida de forma mais branda que o crime consumado, por que objetivamente produziu um mal menor. Teoria adotada: a objetiva, pois não se pune a intenção, mas o efetivo percurso objetivodo iter criminis. Critérios para a redução da pena: Diminuir de 1/3 a 2/3. Quanto mais próximo o agente chegar da consumação, menor será a redução da pena. (entendimento jurisprudencial) Obs: o critério de redução da pena pela tentativa há de ser o mesmo para todos os partícipes nos delitos praticados em concurso de agentes. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ São espécies de tentativa abandonada ou qualificada. O agente pretendia produzir o resultado consumativo, mas acabou por mudar de idéia, vindo a impedi-lo por sua própria vontade. Obs: incompatível com os crimes culposos. Natureza jurídica: o autor não responde por tentativa, mas pelos atos até então praticados, salvo quando não configurarem fato típico. Elementos da tentativa abandonada: início de execução; não consumação interferência da vontade do próprio agente. Distinção com a tentativa: Na tentativa, o resultado não se produz em face da interferência de circunstâncias alheias a vontade do agente (eu quero mais não consigo), enquanto na tentativa abandonada é a vontade do próprio agente que impede o resultado (eu consigo, mas não quero). Espécies de tentativa abandonada: Desistência voluntária: o agente interrompe voluntariamente a execução do crime, impedindo, desse modo, a sua consumação. Arrependimento eficaz: o agente, após encerrar a execução do crime, impede que a produção do resultado. Consequência jurídica: Afastada a tentativa, e o agente responde só pelos atos até então praticados. Obs: a desistência e o arrependimento não precisam ser espontâneos, bastando que sejam voluntários. É indiferente a razão interna do arrependimento ou mudança de propósito. ARREPENDIMENTO POSTERIOR Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, em que o agente, voluntariamente, repara o dano ou restitui a coisa até o recebimento da denúncia ou queixa. Aqui pressupõem a produção do resultado. Natureza jurídica: causa obrigatória de redução de pena. Requisitos Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa; Reparação do dano ou restituição da coisa: deve sempre ser integral, a não ser que a vítima ou seus herdeiros aceitem parte, renunciando ao restante; Voluntariedade do agente: não significa espontaneidade. Sendo admissível o benefício no caso de ressarcimento feito por parente ou terceiro, desde que autorizado pelo agente. Até o recebimento da denúncia ou queixa. CRIME IMPOSSÍVEL É aquele que, pela ineficácia total dos meio empregados ou pela impropriedade absoluta do objeto material, é impossível de se consumar. Natureza jurídica: causa geradora de atipicidade. Hipóteses de crime impossível Ineficácia absoluta dos meios: os meios empregados jamais levarão à consumação. Exemplo: um palito de dente para matar um adulto. OBSERVAÇÃO Obs: a ineficácia, quando relativa, leva a tentativa e não ao crime impossível. Exemplo: uma arma de fogo inoperante ou uma arma de brinquedo configuram homicídio impossível, mas perfeitamente aptas à pratica de um roubo, desde que o engenho ou sua intimidação sejam passíveis de intimidar a vítima. Impropriedade absoluta do objeto material: a pessoa ou a coisa sobre que recai a conduta é absolutamente inidônea para a produção de algum resultado. Exemplo: matar um cadáver. OBSERVAÇÃO Obs: a impropriedade não pode ser relativa, pois nesse caso haverá tentativa. Critério de aferição da idoneidade: a aferição da idoneidade deve ser feita no momento em que se realiza a ação ou omissão delituosa.
Compartilhar