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Neuropsicopatologia e Neurociências Aplicadas à Educação

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1 
 
Disciplina: Neuropsicopatologias e Neurociências Aplicadas à Educação 
Autores: D.ra Jezuina Kohls Schwanz 
Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso 
Ano: 2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
2 
 
Jezuina Kohls Schwanz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Neuropsicopatologias e 
Neurociências Aplicadas à 
Educação 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
2017 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
SCHWANZ, Jezuina Kohls 
Neuropsicopatologias e Neurociências Aplicadas à Educação / Jezuina 
Kohls Schwanz – Curitiba, 2017. 
53 p. 
Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt. 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. 
Material didático da disciplina de Neuropsicopatologias e Neurociências 
Aplicadas à Educação – Faculdade São Braz (FSB), 2017. 
 ISBN: 978-85-94439-70-3 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Apresentação da disciplina 
 
A disciplina de Neuropsicologias e Neurociências aplicadas à educação, dentre 
os diversos temas que abrangem a Neurociência, serão abordados aqueles que são 
considerados de maior relevância para sua formação, com foco na educação. Dentre 
eles, os diferentes aspectos que englobam o tema memória e a inteligência e o 
cérebro humano. 
Serão abordados aspectos históricos da neurociência e da neuropsicologia, 
relacionando ambas, sobre a memória, principalmente sobre a memória operacional, 
conhecida como memória de trabalho, os processos neurobiológicos da leitura e 
transtornos que afetam a mesma, distúrbios e dificuldades de aprendizagem, dando 
ênfase a dislexia. Por fim foi visto sobre a inteligência e suas relações com o 
funcionamento cerebral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
6 
 
AULA 1 – NEUROCIÊNCIA E NEUROPSICOLOGIA 
 
Apresentação da Aula 01 
 
Na aula, serão abordados os aspectos da Neurociência e da 
Neuropsicologia em seu contexto histórico, a fim de que se possa compreender 
melhor essas duas ciências e como se relacionam. 
 
1.1 Neurociência e Neuropsicologia: Contexto Histórico 
 
 
Disponível em- http://superinteligente.club/cerebro/ 
 
 
Ao longo da história da humanidade questões que envolvem a mente e 
seu funcionamento sempre foram fonte de curiosidade e preocupação. A 
Neurociência, embora sendo uma ciência jovem, tem suas bases fixadas em um 
período longínquo. Desde simples curiosidades a experimentos macabros os 
“estudiosos da mente humana” buscam responder perguntas, tais como: “Onde 
está a mente?” “Como a mente humana funciona?”. Possíveis respostas a essas 
perguntas podem ser encontradas na filosofia grega antiga. 
Resumidamente, alguns desses fatos que acabaram dando origem a 
Neurociência: 
 
 
7 
 
 No período neolítico, a fim de expulsar o demônio do corpo que 
causavam transtornos, eram realizadas trepanações. 
 Na Grécia antiga, filósofos como Demócrito (460- 370 AC) e Hipócrates 
(460- 379 AC) trazem a ideia de que a mente localiza-se no cérebro. Já 
naquela época acreditava-se que o cérebro estava envolvido nas 
sensações, sendo a fonte da inteligência. Aristóteles (384- 322 AC) 
acreditava que o coração era a fonte da inteligência do homem. 
 Na Idade Média, Galeno (130- 200 DC), a partir de dissecações em 
animais, contraria as ideias de Aristóteles, tendo o cérebro como o 
responsável pelas emoções. 
 
Vocabula rio 
Trepanação – ato ou efeito de trepanar; técnica de perfurar 
com trepano. 
Hoje, na medicina moderna, a trepanação consiste na 
abertura de um ou mais buracos no crânio, através de uma 
broca neurocirúrgica, visando drenar um hematoma ou inserir 
um cateter cerebral. 
 
A partir do século XIX outras descobertas científicas ligadas ao cérebro 
e seu funcionamento passaram a fazer parte dos estudos da mente, entre elas 
o Raio X em 1895 e a tomografia computadorizada em 1972. Foi nessa época 
que começou a aparecer a palavra Neurociência em alguns congressos 
médicos. 
Na década de 1990, considerada a década do cérebro devido aos 
avanços nessa área, dá-se início a inúmeros projetos e pesquisas voltadas ao 
mapeamento do cérebro humano. 
Como pode-se perceber os enigmas que envolvem a mente humana 
suscitam, desde sempre, interesse. Atualmente, as pesquisas em Neurociência 
têm ganhado um espaço cada vez maior na medicina. Transtornos que 
antigamente eram tratados como castigo divino ou demoníacos, hoje são 
diagnosticados e tratados com eficácia, seja através de remédios ou de terapias. 
Mas afinal, “o que é Neurociência?" 
 
8 
 
Em poucas palavras pode-se dizer que é a ciência que busca a 
compreensão do funcionamento do sistema nervoso e suas diferentes funções 
como o movimento, o pensamento e as emoções. Para detalhar um pouco mais, 
é importante mencionar que para que a Neurociência estude com eficácia as 
atividades cerebrais é necessário que outras ciências estejam envolvidas, como: 
a genética, a neurologia, a psicologia, a psiquiatria, a pedagogia entre outras. 
Ao estudar a história da neurociências não poderia deixar de se 
mencionar a importância das descobertas de Luria (1901-1978), durante a 
Segunda Guerra Mundial. Nesse período realizou pesquisas em sujeitos com 
algum tipo de lesão cerebral, notando alterações em seus comportamentos. A 
partir desse ponto passou a unir-se as descobertas da neurociências com os 
reflexos percebidos pela psicologia, que passaria a ser chamada de 
neuropsicologia. 
A partir desses estudos constatou-se que o cérebro humano é formado 
por três unidades funcionais distintas, sendo necessárias para toda e qualquer 
atividade cerebral. 
Para Hennemann (2012): A primeira unidade funcional é responsável para regular o tônus cortical, 
a vigília e os estados mentais, e é composta pela formação reticular e pelo 
tronco encefálico. 
 A segunda unidade funcional, que é responsável por receber, processar 
e armazenar as informações, que se compõe das partes posteriores do 
cérebro (lobo parietal, occipital e temporal). 
 A terceira é a unidade para programar, regular e verificar a atividade 
mental, constituindo-se pelas partes anteriores do cérebro (lobo frontal). 
 
 
9 
 
 
Fonte: http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=3340 
 
Dito isso, foi a partir daí que passou-se a perceber a grande contribuição 
de Luria para a área da educação. Nesse sentido: 
 
O cérebro é o órgão privilegiado da aprendizagem. Conhecer sua 
estrutura e funcionamento é fundamental na compreensão das 
relações dinâmicas e complexas da aprendizagem. Na busca pela 
compreensão dos processos de aprendizagem e seus distúrbios, é 
necessário considerar os aspectos neuropsicológicos, pois as 
manifestações são, em sua maioria, reflexo de funções alteradas. As 
disfunções podem ocorrer em áreas de input (recepção do estímulo), 
integração (processamento da informação) e output (expressão da 
resposta). O cérebro é o sistema integrador, coordenador e regulador 
entre o meio ambiente e o organismo, entre o comportamento e a 
aprendizagem (TABAQUIM, 2003, p. 91). 
 
Além de Luria, Vygotsky também se debruçou no funcionamento cognitivo 
do cérebro humano, trazendo grandes contribuições para a Neuropsicologia e 
consequentemente para a educação. Ambos abordaram o funcionamento 
cognitivo, afirmando que as funções cerebrais estão organizadas em sistemas 
funcionais. 
Marins (2005, s/p) afirma que: 
 
[...] as funções psíquicas superiores formam sistemas funcionais 
complexos que precisam da ação combinada de todo o córtex 
cerebral, embora a sua base esteja situada em grupos de células 
dispersas que atuam em conjunto, interagindo entre si. Assim, as 
funções mentais superiores dependem do cérebro como um todo, 
atuando de maneira especializada, com funções específicas, 
entretanto dependentes do todo para que cada função seja executada. 
 
 
10 
 
Dito isso, ressalta-se a importância da Neuropsicologia para os estudos 
comportamentais e ligados a dificuldades de aprendizagem. Para Damásio 
(1994, p. 78): 
 
A finalidade da abordagem neuropsicológica é, pois, a de explicar a 
forma como certas operações cognitivas e seus componentes estão 
relacionados com os sistemas neurais e seus componentes. 
 
Lembrando que a Neuropsicologia é uma ciência multidisciplinar, que 
envolve múltiplas especialidades que se complementam, como: a neurologia, a 
fonoaudiologia e a psicologia. 
Os rumos que a Neurociência e a Neuropsicologia vem tomando, trazem 
grandes esperanças de entender uma infinidade de distúrbios que envolvem a 
mente humana. Nesse sentido, Bear (2008, p. 21) afirma: 
 
[...] Apesar dos progressos durante a última década e os séculos que 
a precederam, ainda existe um longo caminho a percorrer antes que 
possamos compreender completamente como o encéfalo realiza suas 
impressionantes façanhas. Entretanto, essa é a graça em ser um 
neurocientista: nossa ignorância acerca da função cerebral é tão vasta 
que descobertas excitantes nos esperam a qualquer momento. 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Para aprofundar seus estudos, leia 
o livro intitulado Princípios de 
Neurociências (2014) de Eric 
Kandel. Nele se terá um panora-
ma de como a Neurociências se 
desenvolveu ao longo dos anos. 
 
 
 
 
 
A Neuropsicologia é uma grande aliada à complexidade que existe na 
educação/aprendizagem, sendo um conhecimento imprescindível para 
psicólogos e profissionais da educação, visto que são ampliados os 
 
11 
 
conhecimentos sobre como todo o processo de aprendizagem se desenvolve, 
assim como maneiras de aperfeiçoar ainda mais a forma como ensinar. 
 
1.2 O Sistema Nervoso 
 
As relações entre as funções do sistema nervoso e o comportamento 
humano são objeto de estudo da neuropsicologia, a qual tem o intuito de 
relacionar a psicologia cognitiva com as neurociências, desvendar a 
fisiopatologia do transtorno e encarar racionalmente a estratégia de tratamento. 
Alterações nos processos neurais que regem a aprendizagem levam aos 
chamados transtornos de aprendizagem, acarretando um prejuízo para o futuro 
social da criança, já que perturbam a conduta pedagógica esperada de acordo 
com sua inteligência normal. 
A aprendizagem é um processo contínuo, que dependente 
essencialmente, da memória e da atenção. A capacidade de especialização 
cerebral em armazenar dados para a sua utilização posterior permite, mediante 
a memória, codificar e decodificar informação. 
 
Ví deo 
Assista ao vídeo Neurociências e Aprendizagem: Como o 
Cérebro Aprende, e compreenda como ocorre a aprendizagem, 
e fatores que influenciam a mesma. 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=23I4yU-
jCGM 
 
 
 
1.3 Circuitos Frontoestriatais 
 
Circuitos frontoestriatais são um sistema que liga diversas regiões do 
lobo frontal aos gânglios da base, participando, com outras áreas cerebrais, 
no controle do movimento, cognição e comportamento. 
 
 
12 
 
 
Fonte: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2014/09/tdah-e-
controle-inibitorio-relevancia.html 
 
Até bem pouco tempo atrás, o sistema motor era dividido erroneamente, 
em apenas dois componentes: Piramidal e Extra-piramidal. 
 
Piramidal, constituído pelos neurônios motores corticais e os tratos 
constituídos por seus axônios até os neurônios motores da medula 
espinhal – o trato córtico-espinhal que passa pelas pirâmides bulbares 
(daí o termo piramidal) – ou até os neurônios motores do tronco 
encefálico - o trato córtico-nuclear (ou córtico-bulbar, pois se estende 
apenas até o bulbo). Extra-piramidal, composto por outros neurônios 
motores corticais, situados em áreas diferentes dos neurônios 
piramidais e estruturas sub-corticais que incluem os NB, o cerebelo, o 
tálamo e alguns núcleos do tronco encefálico, todos eles, direta ou 
indiretamente, conectados entre si (HAINES, 1997, apud NETO, 2013, 
s/p). 
 
De acordo com Neto, citando Haines (1997), nos últimos anos tem se 
valorizado muito as funções não motoras dos Núcleos de Base (NB). Conforme 
o autor, diferentes trabalhos designaram cinco circuitos paralelos frontoestriatais 
que ligam o córtex frontal ao estriado, ao tálamo e ao globo pálido. Dois deles 
possuem função motora e três deles possuem funções comportamentais e 
cognitivas. A esse respeito: 
 
Ressalte-se que funções cognitivas, classicamente atribuídas ao 
córtex frontal pela neuropsicologia (função executiva, memória de 
trabalho e atenção seletiva), estão, na realidade, associadas aos 
circuitos iniciados nesta área e que se dirigem a estruturas 
subcorticais. Portanto síndromes neuropsicopatológicas associadas 
originalmente a disfunções dos lobos frontais podem também ser 
determinadas por lesões e/ou alterações em outros pontos 
 
13 
 
subcorticais do circuito, como estriado, putâmen e tálamo 
(TRIPICCHIO, 2007, s/p.). 
 
A respeito dos cinco circuitos frontoestriados é importante dizer que 
possuem uma organização básica semelhante, embora possuam diferenças 
funcionais e anatômicas. Ambos originam-se no córtex frontal, mas em áreas 
diferentes. 
Já os circuitos orbitofrontal, dorsolateral e do cíngulo anterior 
originam-se nas áreas que correspondem ao córtex pré-frontal. Os circuitos 
oculomotor e motor surgem na área motora suplementar e no campo visual 
frontal. O circuito motor dos NB auxiliana execução automática de sequências 
motoras, facilitando movimentos desejados ou inibindo os indesejados de acordo 
com suas vias diretas e indiretas. 
 
 Córtex Motor- controla e coordena a motricidade voluntária (traumas 
nessa área podem causar paralisia ou problemas musculares). O Córtex 
motor do hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo, o córtex 
motor do lado direito é o responsável por controlar o lado esquerdo do 
corpo. 
 Córtex pré-motor responsável pela aprendizagem motora e pelos 
movimentos de precisão. A área de Broca- responsável pela linguagem- 
localiza-se na parte frontal do córtex motor. 
 Córtex do cerebelo responsável pela coordenação geral da motricidade, 
manutenção e equilíbrio corporal 
 
1.4 Transtornos Neuropsicopatológicos 
 
A neuropsicopatologia é o estudo das doenças neuropsicológicas, por 
exemplo, estudos demonstram que disfunções nos núcleos de base podem 
ocasionar uma série de distúrbios do movimento. Como a doença de Parkinson, 
comprovando a influência dos núcleos de base na função motora. 
Os circuitos não motores frontoestriatais estariam associados a uma série 
de transtornos neuropsicopatólogicos caracterizados pela incapacidade de 
 
14 
 
suprimir ou inibir comportamentos. Esses circuitos são os responsáveis pelo 
controle cognitivo. 
Os transtornos de aprendizagem representam a consequência de um 
transtorno na organização funcional do sistema nervoso central, em geral de 
caráter leve, mas com consequências de considerável importância para o futuro 
social da criança, já que perturbam a conduta pedagógica esperada de acordo 
com sua inteligência normal. 
As disfunções cerebrais e lesões, interferem no processamento das 
informações: recepção; integração, e; expressão, sendo essas informações 
envolvidas pelo aprendizado 
A avaliação global das funções psicológicas deve levar em conta todo o 
mecanismo cerebral, nos seus níveis sucessivos de evolução. Bem como a faixa 
etária da criança e o meio na qual está inserida, podendo assim identificar 
precocemente alterações no desenvolvimento cognitivo e comportamental da 
criança. 
Resumidamente, esses são alguns dos transtornos causados: 
 
 O transtorno de hiperatividade com déficit de atenção (THDA) ou 
(TDAH); 
 A síndrome de Tourette 
 E o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) 
 
O TDAH ocorre devido uma disfunção da via direta, podendo haver 
interrupção recorrente de comportamentos em curso ou da atenção. Esse 
transtorno neurobiológico é um dos principais problemas relatados por 
professores e pesquisadores, comumente de causas genéticas, sendo bastante 
comum entre crianças e adolescentes e frequentemente acompanha o indivíduo 
pela vida inteira. O sujeito com TDAH possui padrão de desatenção, 
hiperatividade e impulsividade bem maior que em crianças que não possui 
transtorno. As funções mais afetadas no portador são: atenção, memória de 
trabalho e componentes de funções executivas. 
 
 
15 
 
 
Fonte: 
https://docs.google.com/presentation/d/1x7MohAVVKYlEYhc3efLU_27u3bZE4dGxxYx
w6Pec90M/edit#slide=id.p23 
 
O TDAH é um transtorno ocasiona diversos prejuízos cognitivos que 
resultam em dificuldades escolares, interpessoais e outros, afetando a qualidade 
de vida do sujeito, sendo um desafio para educadores e pesquisadores. 
Quando a estrutura cortical (lobo pré-frontal) tem seu funcionamento 
comprometido, a pessoa passa a ter problemas, entre eles, a dificuldade de focar 
a atenção. 
O TDAH pode ser dividido em: 
 
 Hiperativo impulsivo (maior incidência entre meninos; 
 Desatento (maior incidência entre as meninas) 
 Combinado; 
 
O TDAH é um distúrbio de realização e não um tipo específico de 
problema de aprendizagem. Pessoas com TDAH têm alterações na região frontal 
e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é responsável 
pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos 
inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, 
organização e planejamento. 
 
16 
 
Os sujeitos com TDAH apresentam inteligência e capacidade de 
aprendizado idênticas a de um sujeito normal e são bastante criativos, mas é 
preciso lhes dar chance para se desenvolver e observar as suas dificuldades. 
A síndrome de Tourette (ST ou SGT) caracteriza-se como um distúrbio 
neuropsiquiátrico que tem como principal característica múltiplos tiques, motores 
e ou vocais, surgidos normalmente durante a infância. 
O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é considerado um 
transtorno mental que caracteriza-se por obsessões e ou compulsões de 
diferentes natureza. No TOC os sujeitos passam a evitar determinados lugares 
e objetos tocados por outras pessoas, a fim de obterem alívio para suas 
preocupações e fobias. O TOC geralmente tem início no final da adolescência, 
por volta dos 20 anos de idade, atingindo cerca de 2 em cada 100 pessoas. A 
doença pode se manifestar em crianças também. 
A Neurociências e a Neuropsicologia tem contribuído muito na área da 
educação. Através de novos aparatos tecnológicos e novas teorias, passou-se a 
usar os conhecimentos que se tem sobre o cérebro e seu funcionamento a 
serviço da melhoria na área da educação de sujeitos que sofrem algum tipo de 
transtorno e que até bem pouco tempo eram excluídos das escolas. 
 
Resumo da Aula 01 
 
Na aula foram abordadas questões relativas às origens da Neurociências 
e da Neuropsicologia, como se distinguem e em quais áreas atuam. Foi visto 
também como as modernas tecnologias de imagem vem contribuindo para o 
avanço dessas duas ciências. Em um segundo momento passou-se a abordar o 
cérebro e seus mecanismos com foco os circuitos motores e não-motores 
frontoestriatais. 
 
 
 
 
 
Atividade de Aprendizagem 
 
17 
 
A partir dos estudos realizados por Luria, constatou-se que o 
cérebro humano é formado por três unidades funcionais 
distintas, sendo necessárias para toda e qualquer atividade 
cerebral. Quais são elas e como funcionam? 
 
 
 
AULA 2 - MEMÓRIA 
 
Apresentação da Aula 02 
 
Nessa aula será abordada uma questão muito cara aos pesquisadores da 
mente: a memória. Abordar-se-á principalmente sobre a memória operacional, 
mais conhecida como memória de trabalho. 
 
2.1 A Memória Vista Pela Neurociência 
 
De acordo com Ivan Izquierdo (2002), a memória é composta dos distintos 
processos na aquisição, armazenamento e evocação de informações. A 
aquisição pode ser chamada de aprendizagem; evocação pode-se chamar de 
recordação, lembrança ou recordação. 
 
Tudo no cérebro funciona através da memória. Caminhamos, falamos 
e nos comunicamos, porque nos lembramos de fazê-lo. O cérebro 
manda secretar um ou outro neuro-transmissor ou hormônio quando 
estamos tristes ou alegres, ou quando sentimos medo ou prazer, 
porque se recorda em fazê-lo. (IZQUIERDO/ s/d, s/p) 
 
 
Para Glenberg (1997), memória seria a função cognitiva que visa 
organizar e reter a história de cada indivíduo, influenciando (consciente ou 
inconscientemente) seu modo de pensar e agir. Os princípios biológicos da 
memória surgiram a partir de ensaios clínicos cognitivos. 
 De acordo com o autor a memória humana possui algumas limitações, 
uma delas é o “curto espaço de armazenamento”, ou seja, o sujeito é capaz de 
armazenar um pequeno número de informações. Para que haja uma seleção do 
 
18 
 
que deve-se ou não reter, são necessários diferentes mecanismos, tornando a 
memória seletiva. 
 
 
Fonte: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/09/memoria-e-
aprendizagem.html 
 
A figura trazdetalhadamente as áreas de atuação da memória no cérebro. 
Como você pode observar, o cérebro possui diferentes sistemas de memória, 
com características distintas e que envolvem diferentes redes de neurônios. 
Assim, compreende-se que a memória não é processada em uma única 
região do cérebro, sendo que os processos neurofisiológicos subjacentes à 
memória seriam controlados e modulados pelo funcionamento integrado de 
diferentes regiões do sistema nervoso, e a contribuição de cada região para o 
processo depende da natureza da informação processada. 
Para Izquierdo (2011, p.11) a memória é: 
 
Aquisição, formação, conservação e evocação de informações. A 
aquisição é também chamada de aprendizado ou aprendizagem: só 
“grava” aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de 
recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que 
gravamos, aquilo que foi aprendido. [...] o acervo de nossas memórias 
faz com que cada um de nós seja o que é: um indivíduo, um ser para 
o qual não existe outro idêntico. 
 
 
19 
 
Logo memória pode ser considerada como um conjunto de fatos, 
emoções e lembranças que a pessoa reúne ao longo da vida, alguns desses 
eventos são considerados de curta duração e outros duram por toda vida. A 
memória é única, e compõe a identidade de cada sujeito. 
 
2.2 A Memória Vista Pelas Ciências Sociais 
 
Ao longo da história o tema memória vem sendo abordado por diferentes 
áreas de atuação. No campo das Ciências Sociais, múltiplas são as 
interpretações que estudiosos das mais diversas áreas fizeram a respeito do 
conceito de memória. De acordo com Pierre Nora: 
 
A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse 
sentido, ela está em permanente evolução, aberta à dialética da 
lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações 
sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações, susceptível de 
longas latências e de repentinas revitalizações (NORA, 1993, p. 9). 
 
O conceito de Memória, assim como descrito por Henri Bergson está 
ligado às faculdades individuais do ser humano. Responsável por lembrar de 
fatos passados, sejam eles recentes ou remotos. No cotidiano, necessita-se de 
aparatos que façam lembrar determinadas coisas, os chamados objetos de 
memória. Nesse momento, a arte passa a entrelaçar-se com a memória. Através 
de esculturas, monumentos, fotografias, passou-se a lembrar com mais 
facilidade de determinados acontecimentos (SCHWANZ, 2016). 
 Nas lembranças comuns, como as de família, muitas vezes se carrega 
algo que faz parte das lembranças de outros. Já para Halbwachs “a lembrança 
é, em larga medida, uma reconstrução do passado com a ajuda de dados 
emprestados do presente [...]” (1990, p. 71). 
Segundo essa ótica, o que a memória realiza é uma reinvenção de um 
passado em comum, a qual possibilita novos olhares, para que se entenda 
melhor o presente. Essa reconstrução do passado abre novas possibilidades, 
não apenas para o presente, mas também para o futuro. A reconstituição da 
memória coletiva é fundamental para a manutenção da vida social, tanto no 
sentido da sua continuidade, como nas suas transformações. 
 
20 
 
Logo, a memória é além de individual - que serve para armazenar 
informações do dia a dia, faz com que se tenha uma identidade, reconhecendo-
nos como sujeitos únicos, com uma história particular. A memória é também 
moldada por fatos coletivos, coletiva, portanto seletiva. 
Conforme explica Candau (2002), os sujeitos não teriam uma memória 
coletiva, pois, de acordo com suas vivências, seria impossível que todos 
lembrassem, da mesma forma, de um determinado fato social. Mas esses 
mesmos sujeitos podem ter a mesma representação do fato, como uma forma 
de reivindicação de uma memória única, construindo assim identidades 
coletivas. 
O autor destaca que as retóricas holistas tendem a construir conjuntos 
duráveis e homogêneos para unificar determinados grupos. Assim, pode-se 
afirmar que os indivíduos compartilham, principalmente, o que esqueceram 
sobre seu passado, pois, nesses grupos, lembrariam diferentemente de 
determinados fatos, de acordo com suas vivências. 
 
2.3 Tipos de Memória 
 
Como já visto anteriormente, existem diferentes tipos de memória ou 
processos executados pela mesma, esses processos são responsáveis pela 
realização de diferentes operações como a de retenção de informações, 
recuperação e codificação. 
De acordo com Godoy (2012, s/p): “A memória quanto ao tempo de 
armazenamento das informações, pode-se classificá-la em memória de trabalho, 
memória de curto prazo e memória de longo prazo”. 
 
2.3.1 A Memória Sensorial 
 
A memória sensorial consiste em um sistema de memórias que retém 
informações detalhadas recebidas sensorialmente por alguns órgãos do sentido, 
por alguns segundos, como o paladar e o olfato. Ela é responsável pelo 
processamento inicial de informações. Ela precede o trabalho realizado pela 
memória de trabalho. 
 
21 
 
A memória sensorial motora consiste em um depósito com capacidade 
ilimitada que armazena da saída do sistema sensorial, ou seja, armazena uma 
imagem do mundo como ela os recebe através dos órgãos dos sentidos. Estima-
se a duração dessa memória entre 1 e 5 segundos apenas. 
Capaz de estocar quantidades limitadas de informação por períodos de 
tempo muito curtos. Repositório inicial das muitas informações que, 
posteriormente ingressam na memória de curto prazo e na memória de longo 
prazo. 
 
2.3.2 Memória Operativa, de Trabalho ou Curta Duração 
 
A memória operativa é também conhecida como memória operacional, de 
trabalho ou de curta duração. De acordo com Ivan Izquierdo (2002) a memória 
de trabalho seria um sistema gerenciador que teria como função determinar o 
contexto em que os fatos acontecem, selecionando-os. Serviria ainda para 
manter disponível durante alguns segundos, no máximo poucos minutos, a 
informação que está sendo processada no momento. 
De acordo com Kosslyn: 
 
A memória de trabalho corresponde à informação ativada nas 
memórias de longo prazo, à informação nas memórias de curto prazo 
e aos processos de decisão que determinam quais informações são 
ativadas nas memórias de longo prazo e retidas nas memórias de 
curto prazo [...] Esse tipo de sistema de memória de trabalho é 
necessário numa ampla gama de tarefas, tais como a resolução 
mental de problemas aritméticos, a leitura, a solução de problemas e 
[...] o raciocínio em geral. Todas essas tarefas exigem não somente 
alguma forma de armazenagem temporária, como também uma 
interação entre as informações armazenadas temporariamente e o 
conjunto maior de conhecimento armazenado (KOSSLYN, apud LED, 
1998. p. 248). 
 
 Pode-se chamar a memória de trabalho também de memória de curto 
prazo, pois ela seria responsável por aquelas informações que precisamos reter 
apenas por alguns instantes (cerca de 15 segundos) em nossas operações 
diárias. 
Para Wood (2000, p.32): 
 
[...] a memória operacional consiste na ativação e manutenção de uma 
ou mais representações mentais e a execução de passos de 
 
22 
 
armazenamento de informação com o objetivo de realizar uma dada 
sequência de processamento. 
 
A memória de trabalho pode ser definida como uma memória que possui 
uma capacidade temporária de armazenamento de informações, sejam elas 
verbais ou visuais. Essas informações são necessárias para a execução de 
tarefas complexas e conscientes, como o aprendizado e o raciocínio lógico. 
Conforme já visto, a memória de curto prazo pode armazenar muitas 
informações, mas não ilimitadas. Portando, uma das faculdades mais 
importantes da memória é o esquecimento. O esquecimentopode acontecer de 
forma distinta: como resultado de uma interferência ou como resultado da 
passagem do tempo. 
A memória de curto prazo realiza uma seleção a fim de equilibrar a 
quantidade de itens que armazena. A entrada de um novo item na memória 
interfere no esquecimento de outros itens que estavam retidos anteriormente. 
Importante 
Tão importante quanto à capacidade de retenção da memória é 
a capacidade de esquecer! Memória é também esqueci-mento. 
 
Pode-se também mencionar o esquecimento, que é causado pela simples 
passagem do tempo, e acontece, pois a memória de curto prazo, além de possuir 
um armazenamento limitado, ele tem curta duração. 
Devido ao seu processo de seleção constante, determina-se a informação 
a ser armazenada é útil ou se ela já não existe em outros arquivos, como os da 
memória de longo prazo. 
A memória de curto prazo é fundamental para o aprendizado, mas para 
que ocorra o aprendizado é necessário mais do que a memória operacional, 
necessita-se também dos mecanismos da memória de longo prazo. 
Expandindo o conceito, Baddeley e Hitch (1974) afirmam que a memória 
operacional abrange e expande o conceito de memória de curto prazo, sendo 
composta por sistemas de armazenamento de informações distintas, interativas 
e de capacidade limitada, com o intuito de organizar os distintos processos que 
 
23 
 
participam das atividades cognitivas cotidianas, tais como a leitura, a 
compreensão, a aprendizagem e a resolução de problemas. 
O mecanismo de resgate de informações da memória de longo prazo 
estabelecer associações, e é a causa pelo qual a memória de curto prazo é 
denominada memória de trabalho. 
 
2.3.3 Memória de Longo Prazo 
 
A memória de longo prazo é assim chamada pela sua capacidade de 
armazenar informações durante longos períodos de tempo, como horas, meses, 
anos e décadas. As memórias de infância são um exemplo da memória de longa 
duração. 
A memória de longa duração pode ser evocada a partir de diferentes 
mecanismos, arquivos que não são acessados há décadas podem ser evocados 
de acordo com a vontade ou devido a fatores externos, como cheiros, a música, 
uma sensação. 
A memória é um importante componente da identidade de sujeito. A 
memória de longo prazo afeta a maneira de ser e estar no mundo, influenciando 
no modo de vida. Ela é a responsável pelo armazenamento de informações, bem 
como pelo seu esquecimento. 
Godoy (2012), aponta para a existência de dois tipos de memórias de 
longa duração. A memória episódica e a memória semântica. 
 
 A memória episódica é a responsável pelas recordações de experiências 
pessoais, fatos e acontecimentos individuais. 
 A memória semântica associa-se ao conhecimento, palavras, linguagem 
e escrita, trabalha com conceitos, ideias as quais uma pessoa pode 
associar várias características e com as quais ela pode conectar várias 
outras ideias. É importante salientar que as informações da memória 
semântica são derivações da memória episódica. A memória semântica 
associa-se ao conhecimento, palavras, linguagem e escrita. É uma 
estrutura hipotética descrita por psicólogos para descrever uma estrutura 
cognitiva a fim de organizar conceitos associados, baseada em 
experiências anteriores. 
 
24 
 
 
Os sistemas de longo e curto prazo estão ligados e transmitem 
informações constantes um para o outro. Dito isso, pode haver troca de 
informações de um sistema para o outro de acordo com a necessidade do 
indivíduo, envolvendo codificação e consolidação de informações. 
A memória de longo prazo influencia na tomada de decisões, apontando 
fatos relevantes para cada escolha. 
A memória implícita, também chamada de memória de procedimento 
(não declarativa) é a responsável pelo armazenamento de dados relacionados 
com a aquisição de habilidades mediante repetição. 
 
 
Fonte: http://www.mundoboaforma.com.br/andar-de-bicicleta-perde-barriga/ 
 
Pedalar, dirigir um automóvel, pular corda são exemplos de memória 
implícita que se adquire mediante a repetição. Depois de adquirida a habilidade, 
dificilmente a perde. 
As habilidades motoras, sensitivas e intelectuais também são 
armazenadas na memória de procedimento. Depois de adquiridas, não se 
necessita de consciência para executá-las, tornam-se automáticas. 
 
 A memória implícita pode ser adquirida ou evocada através de dicas 
(fragmento de uma imagem, cheiros, sons). 
 A memória de procedimentos está ligada as habilidades e hábitos que 
depois de apreendidos tornam-se mecânicos, como o caminhar, escovar 
os dentes. 
 
25 
 
 
Memória explícita ou memória declarativa é a responsável por 
armazenar e ou evocar informações de fatos e acontecimentos que chegam 
através dos sentidos e processos cerebrais internos, sendo consciente. Como 
por exemplo, a criação de ideias novas, a dedução e a associação de dados, 
assim como guardar acontecimentos do dia a dia e do passado. A memória 
explícita compreende os fatos vivenciados pelo sujeito (memória episódica) e 
de informações adquiridas pela transmissão do saber de forma escrita, visual e 
sonora (memória semântica). A memória declarativa compreende: 
 
 A memória episódica (já citada anteriormente) que engloba eventos que 
estão relacionados ao tempo cronológico (datas importantes como 
proclamação da república, aniversário de casamento, entre outros). 
 A memória semântica é relacionada às palavras e aos seus significados. 
 
A memória possui três operações que interagem reciprocamente e são 
interdependentes, que são a codificação, o armazenamento e a recuperação. 
De acordo com pesquisas, a codificação das letras se dá pelo modo como 
elas soam e não pela maneira como se parecem. É importante um código 
acústico, em vez de um código visual na memória de curto prazo. 
A informação armazenada na memória de longo prazo parece ser 
basicamente codificada semanticamente, isto é, codificada por meio dos 
significados das palavras. 
 
 
 
 
Saiba Mais 
De acordo com a Teoria da Interferência, o esquecimento 
acontece porque uma nova informação interfere na antiga e 
finalmente a desloca, na memória de curto prazo. Devido 
ao seu processo de seleção constante, determina se a 
informação a ser armazenada nos é útil ou se ela já não 
 
26 
 
existe em outros arquivos, como os da memória de longo 
prazo. 
 
Assim, cada memória descrita é responsável por um tipo de lembrança e 
atuam em diferentes áreas do cérebro. Os estudos relacionados a memória tem 
contribuído para se ter o entendimento dos diferentes processos e como eles 
afetam no aprendizado da criança e do adulto. 
 
Ví deo 
Sobre os tipos de memória e como elas funcionam, assista a 
entrevista de Drauzio Varella com Ivan Izquierdo. 
Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=9VVtUCN2xLI&feature=you
tu.be 
 
 
Resumo da Aula 02 
 
Na aula foi visto a respeito da memória e seus desdobramentos, a partir da 
ótica das neurociências e passando pelas ciências sociais. Os diferentes tipos de 
memória abordados como a de trabalho, memória de curto e longo prazo, memória 
semântica e episódica formam um sistema único que faz com que nos identificamos 
com um determinado grupo ou cultura, sendo fortemente responsável pela nossa 
identidade. 
 
 
 
Atividade de Aprendizagem 
Após os conceitos adquiridos, discorra sobre no que consiste a 
memória de procedimento. 
 
 
 
27 
 
 
AULA 3- OS PROCESSOS NEUROBIOLÓGICOS DA LEITURA 
 
Apresentação da Aula 03 
 
Nesta aula serão abordados os processos neurobiológicos da leitura e 
como alguns transtornos afetam no aprendizado da leitura e daescrita. 
 
3.1 A aquisição da Leitura e da Escrita 
 
A leitura e a escrita são faculdades que marcaram o desenvolvimento 
cultural e social do homem. “Mas como se dá essa aquisição?” “Todos possuem 
as mesmas habilidades para a leitura?” “Quais são as áreas do cérebro 
responsáveis pela leitura e escrita?” Essas e outras perguntas você será capaz 
de responder a partir da leitura que irá realizar. 
 
 
Disponível em: http://literatortura.com/2015/08/o-que-a-leitura-faz-com-o-seu-cerebro-
e-vice-versa/ 
 
Os processos de aquisição da leitura ocorrem gradativamente a partir do 
momento em que se entra em contato com os sinais gráficos, isso pode ocorrer 
durante o processo de escolarização ou mesmo antes. Para que se possa 
compreender como esse processo ocorre, faz-se necessário identificar a relação 
entre os mecanismos neurofisiológicos da memória operacional, já estudada 
anteriormente, e a compreensão em leitura. 
 
 
28 
 
Importante 
 
A linguagem é fundamental nesse processo, pois através dela 
o homem adquiriu a capacidade de se comunicar por meio de 
códigos, simbólicos previamente estabelecidos, podendo então 
conviver em sociedade. 
 
 
 
Nesse sentido, Fonseca (1995, p.318) argumenta: 
 
[...] em termos filogenéticos ou ontogenéticos, a ação precede a 
linguagem. Antes da linguagem falada, o gesto prepara a palavra, a 
emoção precede a comunicação, a comunicação não-verbal dá origem 
à comunicação verbal [...]. A linguagem edifica-se a partir da ação, da 
motricidade, para posteriormente se libertar do contexto da ação. 
 
A linguagem escrita surgiu na Mesopotâmia em 4000 a.C 
aproximadamente. Naquela época apenas um grupo seleto dominava essa 
linguagem. Para Telles, referindo-se ao surgimento da linguagem falada, se tem: 
A nível filogenético existe entre a linguagem falada e a linguagem 
escrita, uma enorme distância temporal. Morais, J. (1997) refere: “não 
se sabe exactamente desde quando é que os homens falam. Foram 
encontradas indicações de um desenvolvimento da zona de Broca, 
zona associada à produção da linguagem, no Homo habilis, nosso 
antepassado de há dois milhões de anos (TELLES, 2006, s/p). 
 
Com o passar dos anos, os povos foram percebendo a importância da 
escrita para a vida em sociedade. Hoje os sistemas formais de ensino têm na 
leitura seu grande trunfo, mas também um grande problema, pois nem todos têm 
as mesmas aptidões para a leitura e a escrita. 
É aí que entram a Neurociências, a Neuropsicologia e outras tantas 
ciências que dedicam-se a entender como funciona o cérebro humano. Para 
Fonseca (1995, p. 320): 
 
A maioria dos seres humanos pode aprender a ler, mesmo que seja 
mínimo o contato com a linguagem escrita da sociedade onde o 
indivíduo se encontra inserido sócio-culturalmente. Aprender a ler, 
portanto, não é um talento especial, é de alguma forma, semelhante à 
reparação de automóveis, que pode também subentender uma 
herança de especialização do cérebro humano. Aprender a ler, de 
qualquer forma, é um processo lento, ao contrário da capacidade para 
aprender a falar, que parece envolver um sistema cerebral inato. 
 
29 
 
Aprender a falar surge fenomenologicamente, por imitação, sem 
qualquer instrução, quase por inatismo, enquanto que aprender a ler, 
ou aprender a fazer um laço nos sapatos, envolve bastante tempo de 
aprendizagem. 
 
Fonseca ressalta a capacidade do homem para ler e escrever, para ele 
esse é um processo lento e que requer um grande tempo de aprendizagem. E 
ainda: 
 
[...]. Aprender a falar é, obviamente, diferente de aprender a ler [...]. A 
dificuldade de aprender a ler, é muito maior do que a dificuldade de 
aprender a falar, uma vez que a apropriação do segundo sistema 
simbólico subentende a apropriação do primeiro sistema simbólico, 
consubstanciando, consequentemente, uma hierarquização de 
sistemas [...]. Duas condições são necessárias satisfazer, para 
aprender a falar: substrato neurológico apropriado e desenvolvimento 
adequado. Condições estas também necessárias à aprendizagem da 
leitura, parecendo ilustrar a estreita interconexão entre os dois 
sistemas, como ilustram os trabalhos de Myklebust, 1978 [...] 
(FONSECA, 1995, p.321). 
 
A capacidade de leitura segue um processo de adaptações do sistema 
nervoso, que por sua vez, precisam ser estimuladas através de processos de 
ensino-aprendizagem, ou seja, não é uma capacidade inata. Nesse sentido, para 
aprender a ler é necessário que se reconheça que os símbolos representam 
unidades que quando juntas formam palavras (BARBANTE et al. 2008). O autor 
destaca ainda a importância dos estudos de neuroimagem para a compreensão 
dos processos de aquisição da leitura. 
 
Os estudos de neuroimagem para entender as bases biológicas da 
leitura nos permitem conhecer os mecanismos cognitivos do 
aprendizado em geral. O processo de leitura depende da decodificação 
das palavras, fluência e compreensão da escrita. Neste processo, 
ocorre inicialmente a análise visual dependente, portanto deste 
sistema sensorial e da atenção seguido do processamento lingüístico 
da leitura, para a associação grafema-fonema (correspondência 
grafofonêmica) e leitura global da palavra (BARBANTE et al., 2008, 
s/p.). 
 
De acordo com Binder et al. (1996) a capacidade da leitura requer a 
ativação e desenvolvimento de circuitos neurais que ocorrem em determinadas 
regiões do cérebro. Isso ocorre mais ou menos no período pré-escolar, e 
localizam-se principalmente no hemisfério esquerdo do cérebro. 
 
30 
 
Para Da Costa (2007), a aquisição de novas informações são captadas 
pelos caminhos sensoriais e transmitidas para o sistema nervoso central. Dito 
isso, a integração sensório-motora cortical é fundamental para a percepção. 
Para Barbante et al. (2008, p.33): 
 
O processamento central ocorre em vários níveis de integração mas, 
certamente a integração sensório-motora cortical é fundamental para 
os mecanismos perceptuais. A extensa área cortical humana 
responsável pela associação de informações sensitivo-sensoriais 
permite dar sentido às informações que recebemos do ambiente ou 
que geramos internamente. O cérebro humano é estruturado por 
sistemas complexos bem organizados. 
 
O aprendizado da linguagem oral e escrita compreende diferentes 
regiões cerebrais. Na região parieto-occipital, o responsável pelos símbolos 
gráficos é o córtex visual primário. As questões visuoespaciais da grafia são 
realizadas pelas áreas do lobo parietal. Já com relação a parte de gustação e 
olfação, memória de curto e longo prazo, aprendizado auditivo, recuperação de 
palavras, compreensão linguística, processamento visual e auditivo, estabilidade 
emocional e informações do equilíbrio corporal, é no Lobo Temporal. Após 
serem processadas essas informações são reconhecidas e decodificadas. 
 
 
Fonte: http://cefopna.edu.pt/revista/revista_06/es_01_06_pt.htm 
 
Na figura se tem a descrição de três áreas específicas do cérebro, quais 
são: 
 
 
31 
 
 Inferior Frontal - essa é conhecida como a área da linguagem, onde 
acontece a articulação das palavras e a vocalização. 
 Parietal Temporal - zona onde acontece a análise das palavras, a 
correspondência grafo-fonêmica, a fusão e a sílaba. 
 Occipital Temporal - é a zona para onde se concentram todas as 
informações dos distintos sistemas sensoriais, nela está armazenado o 
modelo neurológico de cada palavra. 
 
De acordo com o exposto deve-se ter percebido que o sistema de 
linguagem é formado por diferentes subsistemas, bastante complexos. 
Quando se trata do processo de automatização, Vygotsky e Lúria falam 
que as funções corticais superiores são, em princípio, funções extracorticais,ou 
seja, desenvolvidas pelo intercâmbio da criança com os indivíduos mais 
desenvolvidos culturalmente, para depois se tornarem intracorticais ou 
individuais. 
Saiba Mais 
Para Lent (2008), a memória e a aprendizagem tem duas 
fases, a fase de aquisição (aprendizagem) e a fase da 
evocação (lembrança), para o autor a memória de trabalho é 
fundamental para a aquisição do processo de leitura. A 
memória tem dois hemisférios, o esquerdo (memória factual) 
e o direito (memória autobiográfica). 
 
 
3.2 Os Sistemas de Linguagem 
 
Conforme Price (2000) existem três modelos de linguagem: o modelo 
do século XIX, e dois do século XX. 
 
 Século XIX - basicamente explica o modelo neurológico com os 
componentes cognitivos do processamento auditivo e visual das palavras 
e com a anatomia; 
 
32 
 
 Século XX - os dois modelos criados no século XX não estão restritos a 
anatomia, apesar de algumas semelhanças, destacam caminhos 
diferentes para a aquisição da leitura, que não constam no modelo 
neurológico; 
 
Estudos recentes demonstram que os neurologistas do século XIX 
estavam corretos ao afirmar que: 
 
[...] a repetição de palavras apresentadas, de modo verbal ou visual, 
envolve a região posterior da borda do sulco temporal superior e na 
borda posterior entre o giro frontal inferior e a ínsula anterior à 
esquerda (BARBANTE, 2008, p. 12). 
 
Embora pesquisas neuropsicológicas evidenciarem o envolvimento das 
áreas perisilvianas anteriores (Broca) como sendo geradoras e as áreas 
perisilvianas posteriores (Wernicke) como receptoras, de acordo com 
Barbante (2008, s/p), a área de Broca “está envolvida tanto em percepção 
auditiva de palavras e repetição”. 
Para Price (2000), os modelos do século XX identificam a região 
posterior inferior temporal bilateral durante a tarefa de nomeação, que estaria 
relacionada à segunda via de leitura. Essa região em específico não abrangia os 
estudos realizados no século XIX. 
Barbante (2008, p.13) explica ainda que: 
 
Por outro lado, o giro angular, previamente relacionado ao 
processamento visual da palavra, também tem sido implicado como 
parte de um sistema semântico distribuído que pode ser “acessado” 
durante o processamento de objetos e faces, além da fala. E mais, há 
outros componentes do sistema semântico incluindo várias regiões, 
novamente nas áreas dos giros temporais inferiores e médios, e lobo 
occipital. 
 
Tendo em vista as dificuldades de aprendizagem, os estudos que 
envolvem o processo de leitura têm focado apenas nas palavras, o que tem 
limitado bastante as pesquisas. 
 
3.3 Distúrbios de Aprendizagem 
 
 
33 
 
Os distúrbios ou transtornos de aprendizagem têm preocupado muito 
educadores, pais e pesquisadores, pois afetam os alunos em diferentes níveis, 
os mais comuns estão ligados a aquisição da leitura e da escrita. 
 
Importante 
As dificuldades de aprendizagem se referem a um grupo 
heterogêneo de desordens, manifestadas por dificuldades na 
aquisição e no uso da audição, fala, escrita e raciocínio 
matemático. Essas desordens são intrínsecas ao indivíduo e 
acredita-se serem uma disfunção de sistema nervoso central. 
 
Os distúrbios de aprendizagem podem ser caracterizados como um 
conjunto de problemas que engloba diferentes transtornos relacionados na 
maioria das vezes as primeiras etapas do desenvolvimento da criança. Essas 
crianças apresentam um desempenho abaixo do esperado para a sua faixa 
etária e escolarização, seja na leitura, na escrita ou no raciocínio lógico 
matemático. Algumas dessas dificuldades podem ser transitórias, sendo 
denominadas dificuldades de aprendizagem. 
Já os transtornos permanentes são os chamados distúrbios de 
aprendizagem ou dislexia. Tanto os permanentes quanto os temporários podem 
ocorrer durante diferentes momentos do processo de ensino-aprendizagem. 
Esses transtornos correspondem a déficits funcionais superiores, como 
alterações cognitivas, de raciocínio lógico-matemático, de linguagem, atenção 
entre outros tantos. 
De acordo com Guerra (2002), deve-se diferenciar os problemas de 
aprendizagem dos distúrbios de aprendizagem. Para a autora é comum cair no 
erro de definir esses dois como sendo a mesma coisa. Para ela o termo 
dificuldade está relacionado a questões passageiras, que podem ser superadas 
com apoio escolar. 
Para Capellini (2004), o termo distúrbio de aprendizagem é utilizado para 
uma gama de alterações e dificuldades na aquisição e ou no uso da escrita, da 
leitura, da fala, do raciocínio ou da audição. O autor considera distúrbio como 
uma disfunção intrínseca, geralmente de origem neurológica, afetando as 
 
34 
 
habilidades na aquisição de um aprendizado. Um indivíduo poderá apresentar 
dificuldades escolares por ineficiência de métodos, pela inadequação da escola 
e/ou pela pouca capacitação dos educadores, assim como por fatores familiares, 
sociais, pessoais dentre outros. 
 
Ví deo 
Sobre a diferenciação de distúrbio e dificuldade, assista ao 
vídeo Distúrbios de Aprendizagem, no qual a Dra. Beatriz Braga 
Amaral Gurgel, a psicóloga e coordenadora Heloísa Machado 
Silva e a Dra. Kátia Burle, psiquiatra e psicanalista, esclarecem 
sobre o assunto. 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wCBj-
gYguwQ 
 
 
A Neurociência e a Neuropsicologia tem contribuído para a compreensão 
dos fatores comportamentais e ou neurofisiológicos que estão associados às 
dificuldades de aprendizagem, traçando novas perspectivas para educadores e 
demais pesquisadores da área. Pesquisas nas duas áreas citadas têm mudado 
a forma de pensar a cognição, relacionando o cérebro ao comportamento. 
Os distúrbios que podem gerar dificuldades na aquisição da leitura são 
divididos em duas classes distintas: 
 
 Sensório-motor - são aqueles distúrbios relacionados a déficits 
visuais e/ou auditivos e/ou motores; 
 Fonológico - distúrbios que afetam o processo fonológico; 
 
Cabe salientar que os processos de aprendizagens englobam a 
percepção, a atenção, as funções simbólicas como a linguagem, processos de 
raciocínio e memorização bem como as funções executivas. 
Estudos mostram que 40% da população em idade escolar indicadas 
como portadores de dificuldades de aprendizagem, apenas 3 a 5% apresentam 
realmente o distúrbio de aprendizagem, sendo que também se mostrou que 
estudantes do 4º ano do ensino fundamental, apenas 5% podem ser 
 
35 
 
considerados leitores competentes, e apenas 7% conseguem resolver 
problemas matemáticos de forma coerente. Assim, a alteração mais conhecida 
dentre os distúrbios de aprendizagem é a dislexia. 
 
3.4 Dislexia 
 
A dislexia caracteriza-se por ser um transtorno específico de leitura, 
tendo como principal característica o baixo desempenho na leitura, isso levando 
em consideração a idade cronológica, o nível intelectual e o grau de escolaridade 
do indivíduo. Ela tem origem neurológica e distingue-se pela dificuldade na 
leitura, bem como na habilidade de decodificação e soletração de palavras, o 
que é resultado de um déficit no componente fonológico da linguagem. Possui 
deficiência na codificação e fluência ao redigir, apesar de adequada instrução 
formal recebida, da normalidade do nível intelectual e ausência de déficits 
sensoriais e transtornos psíquicos como causas primárias. 
A origem etimológica da palavra dislexia está no Grego, o prefixo dis, 
significa dificuldade, e lexis, significa palavra escrita. Na junção dos dois termos 
temos a dificuldade com a palavra escrita. 
O uso do termo dislexia foi empregado a primeira vez em 1887 pelo 
oftalmologista alemão chamado Berlin. Ele usou a palavra para descrevera 
perda da capacidade leitora em um sujeito adulto, após ter tido um acidente 
vascular cerebral. No ano de 1986 surge o termo “Cegueira Verbal Congênita” 
utilizado pelo pediatra inglês Pringle-Morgan a fim de descrever a incapacidade 
para a linguagem escrita em um menino de 14 anos. 
Já nos anos 20 do século XX, a dislexia foi inserida num conjunto de 
perturbações do desenvolvimento chamadas Dificuldades de Aprendizagem. 
Para Telles (2006, s/p.): 
 
Este conjunto incluía diversas perturbações como a dislexia, 
hiperatividade, déficit de atenção, perturbações cognitivas, 
perceptivas, psicomotoras (...) Este conceito globalizante de 
“Dificuldades de Aprendizagem” criou sérios obstáculos à 
investigação sobre a etiologia, diagnóstico, prevenção e 
terapêutica, não só em relação à dislexia, mas também em relação 
a todas as outras perturbações do desenvolvimento. 
 
No ano de 1949, foi fundada a Orton Dyslexia Association, 
 
36 
 
contribuído até hoje com as investigações e divulgações dos conhecimentos 
científicos relacionados à área. Nas décadas de 30 e 40 ocorreram mudanças 
significativas, deslocando as perspectivas neurológicas para as áreas 
educacionais e sociais. 
Na década de 50, passou-se a pesquisar com mais afinco as causas 
da dislexia implementando programas reeducativos. De acordo com Hallgren 
(1950) foram realizados vários “estudos de famílias com dificuldades de leitura 
e escrita e criou a designação de Dislexia Constitucional”. 
Nos últimos anos estudos estão sendo realizados utilizando-se de 
tecnologias modernas de imagem a fim de desvendar os mistérios da dislexia. 
Esses estudos de imagem permitem observar o que acontece com o cérebro 
humano durante a leitura. 
 
 
Fonte: http://alinebrandaopsicopedagoga.blogspot.com.br/2015_02_01_archive.html 
 
Na figura se tem as áreas do cérebro que comumente são afetadas pela 
dislexia. A partir de estudos com imagem (Shaywitz SE, Shaywitz BA, 2003) 
observou-se as ativações cerebrais de pessoas normais ao realizarem leituras 
de pseudopalavras, quais foram: 
 
 A região frontal inferior esquerda; 
 A região parietotemporal que envolve os giros angular supramarginal; 
 
37 
 
 A região posterior de giro temporal superior; 
 As regiões occipitotemporais que envolvem porções mesiais e inferiores 
do giro temporal e giro occipital. 
 
Esse mesmo estudo realizado com pacientes com dislexia demonstrou 
que ocorreu um aumento de ativação localizado no giro frontal inferior, mas em 
regiões posteriores ocorreu pouca ativação. Ainda a esse respeito: 
 
Pesquisadores relatam que, em relação aos mecanismos neurológicos 
das dificuldades de leitura, alterações referentes à assimetria 
hemisférica geram uma organização atípica do hemisfério direito em 
crianças e adolescentes com dislexia. Disléxicos apresentam uma 
desconexão temporo-parieto-occipital e uma desconexão com o córtex 
frontal esquerdo, assim como anormalidades do córtex têmporo-
parietal e do cerebelo em relação a outras regiões do cérebro 
(SCHIRMER et al.2004, s/p.). 
Saiba Mais 
Dislexia Deseidética ou dislexia visual 
Dificuldades de natureza visual e espacial, leitura silabada, 
sem conseguir realizar a aglutinação e síntese. 
Dislexia Disfonética ou dislexia auditiva 
Caracteriza-se por dificuldades de descodificação de sons 
associados a letras, trocas de fonemas e grafemas; 
alterações na ordem das letras e sílabas; omissões e 
acréscimos. 
Dislexia Aléxica ou visuoauditiva 
Deficiência na leitura, não atingindo a capacidade de escrita. 
Inabilidade de leitura muito acentuada; Dificuldades a nível 
da análise fonética 
Dislexia Visuoespacial 
Dificuldades na orientação direita – esquerda, problemas no 
reconhecimento de objetos familiares pelo tacto; Lacunas na 
codificação da informação visual. 
 
 
 De acordo com o exposto é possível compreender que a dislexia 
apresenta-se como um distúrbio de aprendizagem que afeta principalmente 
questões relacionadas à leitura. Dito isso, cabe salientar que nem sempre 
 
38 
 
dificuldades na aquisição da leitura e da escrita podem ser chamadas de dislexia. 
Para que seja feito um diagnóstico correto é necessária uma equipe de 
profissionais e exames específicos. 
Pais e educadores devem estar atentos aos sinais enviados pelas 
crianças que apresentarem alguma dificuldade durante esse processo, a fim de 
que possam encaminhá-los para os profissionais adequados. 
Ví deo 
Assista ao trecho do filme “Como estrelas na Terra”, onde um 
professor explica para seus alunos o que é Dislexia. Vídeo Um 
professor explica o que é DISLEXIA aos seus alunos. 
Disponível em: https://youtu.be/roTYfQ4pCJc 
 
De acordo com a ABD, Associação Brasileira de Dislexia, a pessoa 
disléxica apresenta dificuldades com a linguagem e a escrita, dificuldades de 
escrever e com a ortografia, lentidão na aprendizagem da leitura, sendo que 
pode ocorrer também a disgrafia e a discalculia, dificuldades com a memória de 
curto prazo e com a organização. 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
Para saber mais sobre os temas 
abordados nas aulas, é interessante a 
leitura do livro Neurociência e Educação, 
de Cosenza e Guerra, Porto Alegre: 
Artmed, 2011. 
 
 
 
 
Resumo da Aula 03 
 
Na aula foi abordada uma questão bastante cara aos educadores e 
pesquisadores: a aquisição da leitura e da escrita. Teve-se uma breve 
 
39 
 
contextualização histórica até chega à importância das neurociências e dos 
estudos de imagem para entender um pouco mais desse fascinante mundo que 
é o cérebro humano. Foi visto que a aquisição da leitura passa por diferentes e 
complexos processos e envolve diferentes áreas do cérebro. Por último se teve 
uma breve explicação do que é a Dislexia e as áreas do cérebro afetadas em 
quem possui esse distúrbio. 
A aquisição da leitura é um dos principais enigmas para educadores, 
neurocientistas e neuropsicólogos, a neurociências abriu caminhos para que 
fosse desvendado, pelo menos em partes, como se dá esse processo. Os 
distúrbios de aprendizagem deixaram marcas em jovens e crianças ao longo dos 
anos, muitos foram incompreendidos e excluídos de uma educação formal. Hoje 
educadores e pesquisadores juntam-se para entender quais os mecanismos 
responsáveis por essa aquisição e como pode-se estimulá-los. A Dislexia ainda 
assusta educadores e pais, mas já é possível compreender e diagnosticar com 
mais eficiência. 
 
Atividade de Aprendizagem 
De acordo com o que foi estudado, diferencie distúrbios de 
aprendizagem de transtornos de aprendizagem. 
 
 
 
 
AULA 4 - A INTELIGÊNCIA E O FUNCIONAMENTO CEREBRAL 
 
Apresentação da Aula 04 
 
Nessa aula será estudado a respeito da inteligência e suas relações com o 
funcionamento cerebral, o que irá complementar os estudos em torno do cérebro e 
da aprendizagem. 
 
4.1 O que é Inteligência? 
 
 
40 
 
A palavra inteligência vem do latim intelligentia, derivada de inteligere, e é 
composta por dois termos: intus, que significa entre e legere, que significa escolher. 
Sendo assim, se tem “aquele que sabe escolher”. Seguindo essa linha de raciocínio 
a inteligência estaria mais ligada a sabedoria e escolhas tomadas do que 
propriamente a funções cerebrais. 
“As funções essenciais da inteligência consistem em compreender e inventar, 
em outras palavras, construir estruturas estruturando o real” (Piaget, 1970, p. 36) 
Quando se fala em inteligência, se tem dois conceitos a serem abordados, 
referentes a psicologia (questões cognitivas e de aprendizagem) e a biologia (que é 
a capacidade de adaptação). 
 
Fonte: http://www.similia.com.br/homeopatiaesaude/tag/inteligencia/Para Anastasi (1977, s/p) a inteligência não é uma capacidade unitária 
“[...] a inteligência de um indivíduo em qualquer momento é o produto final de 
uma sequência vasta e complexa de interações entre fatores hereditários e 
ambientais”. 
Em diferentes áreas do conhecimento se tem diferentes definições para o 
termo e o que ele representa. Por exemplo, para a Psicologia estaria ligada as 
questões cognitivas e de aprendizagem. De acordo com a Biologia a inteligência 
está relacionada a capacidade de adaptação ao meio e assim por diante. 
 
4.1.1 O Cérebro e a Inteligência 
 
 
41 
 
De acordo com o que foi visto, o cérebro humano está dividido em 
regiões específicas. Ao analisar a relação do cérebro com a inteligência, há 
algumas regiões onde percebe-se a maioria dos estímulos. 
Novos aparatos tecnológicos aplicados a pesquisa e o uso da 
neuroimagem têm permitido o avanço da Neurociência. As duas últimas décadas 
do século XX foram especialmente frutíferas na abordagem da inteligência 
humana, baseadas nas propriedades físicas do cérebro. 
Ou seja, ao longo de mais de um século de pesquisas envolvendo o 
cérebro humano, novas teorias foram sendo criadas. Na última década a Teoria 
da Integração Frontoparietal (P-FIT) vem ganhando destaque entre os 
pesquisadores. 
De acordo com ela, a rede neuronal relacionada à inteligência está 
localizada entre os lobos parietais e frontal. Na pesquisa de Haider (2004), 
evidenciou-se que as áreas responsáveis pela memória, linguagem e atenção 
estão diretamente ligadas a inteligência. Nesse sentido, a integração parietal-
frontal é o ponto de partida para o processamento dessas informações. Mas 
estudos recentes demonstram que a inteligência é distribuída através de todo o 
cérebro, portanto não está localizada em uma única área. 
De acordo com Adolphs, a inteligência depende da capacidade do cérebro 
para integrar diferentes tipos de processamentos que encontram-se em 
diferentes áreas do cérebro. 
 “[...] a inteligência depende de dois fatores: ter um córtex pré-frontal que 
faça bem o seu trabalho (na distribuição para as outras áreas) e fazer com que 
ele se comunique bem com o resto do cérebro”, diz Todd Braver, da universidade 
de Washington, coautor do estudo, feito em parceria com cientistas das 
universidades americanas de Colorado, Yale e de Liubliana, na Eslovênia. 
 
Saiba Mais 
Alguns avanços tecnológicos e ampliação do número de 
pesquisas na área da neurociências e a inteligência foram: 
● Neuroimagem; 
● Base nas propriedades físicas do cérebro; 
 
42 
 
● Depende da capacidade do cérebro para integrar 
diferentes tipos de processamentos que encontram-se em 
diferentes áreas do cérebro. 
 
 
4.2 A Psicologia 
 
Como já mencionado anteriormente, de modo geral, a Psicologia vê a 
inteligência ligada à cognição, consistindo em mecanismos cognitivos com 
finalidades específicas que dependem de instalações neurais duráveis. Conforme o 
sistema evolutivo, os seres humanos adquiriram mecanismos de processamento de 
informações com finalidades específicas, os chamados mecanismos 
computacionais. Cada um desses mecanismos opera de acordo com seus próprios 
princípios, ou ainda opera sem estar direcionado a fazê-lo, podendo ser disparados 
por determinados eventos. 
Na década de 20 do século XX, existiam duas correntes psicológicas 
dominantes: 
 
 O Gestaltismo – (conhecimento inato) que defendia que o cérebro contém 
estruturas inatas determinantes do modo como o sujeito organiza e entende 
o mundo. 
 O Behaviorismo – teoria que considera o sujeito como condicionado pelo 
meio, ou seja, os conhecimentos são adquiridos de acordo com os estímulos 
do ambiente. 
 
Piaget propõe então um novo modelo explicativo em oposição a essas duas 
correntes. Para ele o sujeito constrói seu conhecimento a partir de suas próprias 
ações. Dito isso, a inteligência seria um produto de todo um processo de adaptação 
ao meio. Nesse processo interagem o mundo exterior e as estruturas mentais, em 
um processo contínuo de adaptação ao meio. 
 
Saiba Mais 
 
43 
 
As principais questões são sobre as teses que afirmam que 
o conhecimento é de origem inata, e o conhecimento sendo 
fruto da estimulação do mundo externo, como se fosse uma 
“cópia” da realidade, sendo que o conhecer por meio de 
interações no ambiente, é o intercâmbio de trocas recípro-
cas sujeito-meio. 
 
Tomando a inteligência como sendo um conjunto de funções mentais, passa-
se a abordar algumas das principais teorias na área da psicologia moderna. 
 
4.2.1 Jean Piaget e o Desenvolvimento Cognitivo 
 
As teorias de Jean Piaget são um marco para pensar o desenvolvimento 
cognitivo e a inteligência humana. O autor parte de pesquisas originadas na 
observação e em entrevistas feitas com crianças. Estabelecendo uma estreita 
ligação entre o sujeito e o ambiente em que vive, investigando a gênese do 
conhecimento nos seus estágios de desenvolvimento. De acordo com o autor: 
 
O desenvolvimento psíquico, que começa quando nascemos e 
termina na idade adulta, é compatível ao crescimento orgânico: como 
este, orienta-se, essencialmente, para o equilíbrio. Da mesma 
maneira que um corpo está em evolução até atingir um nível 
relativamente estável – caracterizado pela conclusão do crescimento 
e pela maturidade dos órgãos -, direção de uma forma de equilíbrio 
final, representada pelo espírito adulto. O desenvolvimento, portanto, 
é uma equilibração progressiva, uma passagem contínua de um 
estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior 
(PIAGET, 1983, p. 11). 
 
Para o autor, a inteligência é um processo gradativo que se constrói ao 
longo do tempo, passando por diferentes estágios. Desde os reflexos herdados 
geneticamente mais simples de um bebê até atingir estruturas mentais mais 
complexas. 
Sua teoria está alicerçada em 7 principais conceitos. São eles: 
 A assimilação - nesse processo o sujeito assimila os dados e 
informações que vem do ambiente; 
 A acomodação - nesse estágio as estruturas cognitivas passam por 
modificações que são resultados da integração dos dados novos 
provenientes do meio; 
 
44 
 
 A equilibração - é o processo de auto regulação entre os dois processos 
anteriores (assimilação e acomodação), permitindo ao indivíduo adaptar-
se ao meio, progredindo para um pensamento cada vez mais complexo; 
 
 
 A adaptação - é o processo interno de equilíbrio entre o sujeito e o meio. 
Esse processo se dá através dos mecanismos de assimilação e 
acomodação; 
 Estágios - são as diferentes etapas do desenvolvimento; 
 Esquema - o esquema caracteriza-se pela estrutura mental subjacente 
que organiza a interação do sujeito com o meio; 
 Estruturas cognitivas - configurações de organização mental que dão 
ao indivíduo determinadas capacidades intelectuais. 
 
4.2.1.1 Os Estágios do Desenvolvimento de Piaget 
 
Conforme a sua teoria, o desenvolvimento intelectual acontece em quatro 
diferentes estágios. São eles: sensório-motor, pré-operatório, estágio das 
operações concretas e estágio das operações formais. 
 
 O estágio sensório-motor - (do nascimento até os dois anos) é o 
responsável pelo desenvolvimento das capacidades motoras e de 
percepção; da coordenação de respostas; resolução de problemas 
concretos; adaptação ao meio; é nesse estágio que se dá o início da 
função simbólica. 
 
45 
 
 Estágio pré-operatório - (dos dois aos sete anos) responsável pelo 
desenvolvimento da função simbólica; do pensamento; da linguagem; do 
egocentrismo e do pensamento intuitivo. 
 Estágio das operações concretas - (dos sete aos onze anos)responsável pelo desenvolvimento da reversibilidade e da descentração 
(pensar em vários aspectos de uma situação simultaneamente); domínio 
das noções de conservação da matéria, peso e volume; desenvolvimento 
do pensamento lógico a partir de objetos concretos; capacidade de 
classificação e de seriação. 
 Estágio das operações formais - (dos onze ao final da adolescência) 
nesse estágio dá-se o desenvolvimento do pensamento formal, lógico e 
abstrato; desenvolvimento da capacidade de abstração; egocentrismo 
intelectual; 
 
Em cada diferente estágio do desenvolvimento existe a construção de 
determinadas estruturas de inteligência, necessárias para que a criança passe 
para o próximo nível. Para Piaget (1983, apud Costa 1997, s/p) “[...] a inteligência 
é adaptação e o seu desenvolvimento está voltado para o equilíbrio, sendo 
assim, a ação humana visa sempre a uma melhor adaptação ao meio”. 
 
Curiosidade 
Jean Piaget (1896-1980) psicólogo e filósofo, ganhou 
reconhecimento no cenário mundial devido a seus trabalhos 
no campo da inteligência infantil. Nasceu em 9 de agosto de 
1896 na Suíça. Considerado um menino prodígio, com 
apenas 11 anos de idade publicou seu primeiro trabalho 
sobre o pardal albino, resultado de anos de observação. 
Aos 22 anos de idade concluiu seu doutorado em Biologia. 
Trabalhou como professor e psicólogo experimental além de 
atuar na área de psiquiatria. Em 1919, mudou-se para a 
França, passando a desenvolver testes de inteligência em 
crianças, nesse mesmo ano dá início aos seus estudos 
experimentais sobre a mente humana, o desenvolvimento e 
as habilidades cognitivas. Em 1921 volta à Suíça tornando-
se diretor do Instituto Jean Jacques Rousseau da 
Universidade de Genebra. 
 
46 
 
No ano de 1923 casou e teve três filhos que passaram a ser 
parte de suas pesquisas. 
Nesse meio tempo desenvolveu diversos campos de estudos 
Científicos, dentre eles: a psicologia do desenvolvimento, a 
teoria cognitiva e o que veio a ser chamado de epistemologia 
genética. 
Morreu em Genebra no dia 17 de setembro de 1980. 
 
 
4.2.2 Howard Gardner e a Teoria das Inteligências Múltiplas 
 
Howard Gardner, psicólogo norte-americano, foi um dos maiores 
expoentes na área da psicologia humana, destacando-se nos estudos da 
inteligência. Para ele a inteligência é o potencial de cada um e não pode ser 
quantificada. 
 
 
Fonte: https://www.gse.harvard.edu/faculty/howard-gardner 
 
Em 1985, Gardner lança a Teoria das Inteligências Múltiplas, de 
acordo com essa teoria, a inteligência humana seria uma capacidade inata, geral 
e única, permitindo ao sujeito um desempenho maior ou menor em diferentes 
áreas de atuação. Contrário a outras teorias, o autor passou a ver o fenômeno 
da inteligência a partir de bases biológicas, psicológicas e cultural. Sua pesquisa 
perpassou as seguintes questões: 
 
 O desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças superdotadas; 
 
47 
 
 Adultos com lesões cerebrais; 
 Populações ditas excepcionais, tais como autistas; 
 O desenvolvimento cognitivo através dos milênios. 
 
Seu principal referencial foi Piaget, Gardner debruçou-se sobre suas 
pesquisas ampliando-as e por vezes divergindo. Conforme já estudado 
anteriormente, Piaget acreditava no fato de que todos os aspectos da 
simbolização partiam de uma mesma função semiótica. 
No entanto, Gardner acreditava que os processos psicológicos 
independentes são usados quando o sujeito entra em contato com os símbolos 
linguísticos, numéricos, entre outros; descrevendo o desenvolvimento cognitivo 
como uma capacidade de entender e expressar significado em diferentes 
sistemas simbólicos de um mesmo contexto cultural. 
Sua insatisfação com a ideia de QI e com visões unitárias de 
inteligência, que focalizam sobretudo as habilidades importantes para o sucesso 
escola, levou-o a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade 
para resolver problemas. 
 
4.2.2.1 Inteligências Múltiplas 
 
Para o autor, as competências intelectuais são independentes umas das 
outras, tendo sua origem e limites genéticos próprios. Nesse sentido, os sujeitos 
possuem diferentes graus de cada inteligência e maneiras diferentes com que 
elas se combinam, organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para 
resolver problemas e criar produtos. Gardner identificou 7 tipos de inteligências. 
 
 Inteligência linguística – a inteligência linguística envolve a fala, a 
escrita, a leitura, a fluência em idiomas. Seus componentes principais são 
uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras (Pode 
ser estimulada através da leitura e da escrita, de jogos e pelo uso de 
diferentes tecnologias). 
 Inteligência Cinestésico-corporal - esse tipo de inteligência está voltada 
para as habilidades que envolvem coordenação e destreza física, 
 
48 
 
habilidades motoras para o esporte, artes cênicas ou outras técnicas que 
envolvam o uso do corpo (o estímulo se dá através da dança, atividades 
esportivas entre outros). 
 Inteligência musical - se manifesta através de habilidades para apreciar, 
compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, 
habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, 
texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música (o 
estímulo dessa inteligência se dá através de jogos e atividades rítmicas, 
cantar, dançar, tocar instrumentos e compor músicas. 
 Inteligência lógico-matemática - de acordo com Gardner é expressa por 
uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização, habilidade para 
explorar relações, categorias e padrões, através do uso de objetos ou 
símbolos, é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para 
reconhecer problemas e resolvê-los (ela pode ser estimulada através de 
jogos e desafios que envolvam o raciocínio lógico). 
 Inteligência espacial – É a capacidade para perceber o mundo visual e 
espacial de forma precisa, manipular formas e objetos mentalmente e, a 
partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa 
representação visual ou espacial (ela pode ser estimulada por 
experiências que envolvam artes gráficas e plásticas e de exercícios que 
contemplem as habilidades de observação). 
 Inteligência interpessoal – É entendida como a habilidade para entender 
e responder adequadamente a humores, temperamentos, motivações e 
desejos de outras pessoas (Pode ser estimulada através de jogos 
cooperativos e projetos em grupo). 
 Inteligência intrapessoal - É o reconhecimento de habilidades, 
necessidades, desejos e inteligências próprios, a capacidade para 
formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa 
imagem para funcionar de forma efetiva (pode ser estimulada através de 
atividades que de auto avaliação, a introspecção, o falar sobre si mesmo 
e sobre seus sentimentos). 
 
 
49 
 
Para o autor todos os sujeitos têm a habilidade de questionar e procurar 
soluções para seus problemas mediante o uso de suas múltiplas inteligências, 
de acordo com sua bagagem genética e sua interação com o meio. No entanto 
o desenvolvimento da inteligência depende dos fatores genéticos, biológicos e 
ambientais. 
 
4.2.3 Ideias, Reflexos na Educação e Inteligência 
 
Inteligência não é uma característica absoluta fixada no nascimento, que 
permanece estável através do período de vida conforme ainda advogam alguns 
conservadores que defendem o mito do QI. 
Toda teoria de inteligência precisa ser biologicamente baseada, ou seja, 
enraizada na psicologia da estrutura cerebral. 
Assim, deve-se refletir sobre alguns aspectos na educação:

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