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Centro de Comunicação e Expressão
Departamento de Jornalismo
Curso de Jornalismo
Professor Elias Machado
Disciplina Comunicação e Realidade Sócio-Econômica e Política Brasileira I
O Impacto Socioeconômico e Político no Desenvolvimento da Televisão
 
Júlia Orige
Florianópolis, 27 de maio de 2014
O livro “A História da Televisão Brasileira”, de Sérgio Mattos, fala sobre o período que antecedeu o surgimento da TV no Brasil e o desenvolvimento dela desde então. O autor afirma que é importante prestar atenção à história brasileira para que se entenda a história da televisão, já que ela não é isolada dos acontecimentos mundiais. 
As três primeiras décadas do século XX foram decisivas para a economia brasileira. A industrialização se instalava no país e, com a Primeira Guerra Mundial, as exportações aumentaram e com isso a economia teve sua chance de crescer. Porém a elevação no número de industrias em território brasileiro não conseguiu fazer com que o país parasse de ter a maioria de seus bens de consumo importados. Devido a essa situação o presidente Getúlio Vargas adotou uma política de substituição de importações, tentando fazer com que todos os produtos fossem produzidos aqui. Claro que tal política teve influencia do nacionalismo fascista de Vargas. Esse modelo de desenvolvimento econômico perdeu sua força durante do governo de Jucelino Kubitschek, mas voltou com o Golpe de 64. Sérgio Mattos argumenta que o Estado Novo e a ditadura militar se assemelham e que a maior diferença entre os dois regimes ditatoriais era o cenário econômico mundial da década de sessenta. 
A Segunda Guerra Mundial também afetou positivamente o crescimento do Brasil. O desenvolvimento das industrias criou o cenário ideal para a instalação de uma nova tecnologia: a televisão. Muniz Sodré diz que o processo de modernização das cidades e da industria influenciou muito o aparecimento de uma nova mídia. E foi após a Segunda Guerra que a indústria brasileira se tornou realmente significativa. 
A urbanização ocorreu rapidamente, o livro traz os dados de que em 1950 a população era 80% rural e, em 1975, 60% urbana. A rádio já era um meio de comunicação consolidado e essencial. 
E, finalmente, em 1950 o primeiro aparelho de televisão foi trazido para o Brasil. Isso aconteceu durante um período de crescimento industrial. Em 1960 São Paulo já era o maior centro comercial e industrial. No início dessa mesma década já se podiam contar quinze emissoras de TV em funcionamento. Mesmo que elas não fossem exatamente viáveis economicamente. 
Com o objetivo de tornar a TV lucrativa, as emissoras começaram a visar uma audiência maior, mais heterogênea. Dessa forma mais anunciantes iriam comprar o espaço disponível. 
Os anos 50 foram marcados pelos teleteatros como “A Vida por um Fio”, telenovelas e seriados. A maioria dos programas televisivos era transmitida ao vivo e a programação abrangia somente uma pequena parte do dia. A década de sessenta seguiu na mesma linha, agora investindo mais em programas familiares, festivais e programas de auditório. 
Um dos fatores mais decisivos no desenvolvimento da televisão brasileira foi o Golpe de 64 e a ditadura que se seguiu a ele. A ditadura militar exerceu seu poder como uma instituição. Nessa mesma época a Unesco e os Estados Unidos estavam incentivando os meios de comunicação como um meio para o crescimento nacional. O governo dos militares aproveitou de seu poder sobre os meios de comunicação de massa, usando-os para difundir sua filosofia. Alguns anos depois do golpe foi instaurada a censura, assim uma forte fiscalização entrou em vigor, assim como uma série de punições adequadas. 
A Rede Globo firmou sua audiência durante a ditadura militar. Apoiando o regime ela garantiu seu lugar e seu controle sobre a população. O texto de Cassiano Ferreira Simões e Fernando Mattos “Elementos Histórico-regulatórios da Televisão Brasileira” argumenta que a televisão no Brasil se auto-regula. E afirma que a Rede Globo, passando por cima do Código Brasileiro de Telecomunicações, se colocou como a empresa de comunicação mais forte do país. Dessa forma ela obtém controle sobre a população, influenciando a opinião pública. Mas a empresa não admite sua parcela de audiência, dizendo que têm somente 32% dos espectadores. Os dados foram mascarados, na verdade a Globo detém muito mais que isso, sendo uma verdadeira formadora de opinião. 
O texto também frisa “quanto maior for a audiência, maior será o preço de venda do espaço puplicitário...”. Algo também comentado no livro de Sérgio Mattos. 
A hegemonia da televisão se consolidou durante a ditadura, porque tinha o apoio do governo. “A História da Televisão Brasileira” conta que a Escola Superior de Guerra (ESG) teve grande participação no governo desses anos. A ESG prezava pela segurança nacional e o desenvolvimento, para a realização dos objetivos nacionais. O governo militar garantiu que não haveria interferência com a Lei de Segurança Nacional, de 67, que era contra toda e qualquer oposição interna ou externa. 
A política da ESG abrangia vários assuntos, inclusive sobre os meios de comunicação. A lei garantia que a imprensa seria usada para esclarecer a opinião pública sobre os problemas nacionais, bem como sobre as ações do governo. A ESG dizia que essas ações deveriam ser feitas sempre com honestidade, de modo impessoal e legítimo. 
A função da Escola Superior de Guerra foi pesquisar e apresentar à presidência. Ela enfatizava o nacionalismo e influenciava a maioria dos militares no poder. É claro que, sendo uma ditadura, usava os meios de comunicação para seu proveito próprio. Sem, como prometia, prezar pela honestidade. A Rede Globo foi a emissora que mais veiculou informações que apoiavam abertamente o regime. O objetivo principal era: construir um espírito nacional que preservasse as crenças, a cultura e os valores brasileiros. Ou seja, manter o status quo. A emissora, em troca, se beneficiou porque o governo investiu nela, trazendo novas tecnologias e fazendo o meio crescer. 
A realização dos objetivos dos militares dava ênfase ao transporte, à comunicação e à colonização. Todas as três forças militares (Exército, Marinha e Aeronáutica) contribuíram para a rápida expansão da rede de telecomunicação. “Os meios de comunicação de massa se transformaram no veículo através do qual o regime poderia persuadir, impor e difundir seus ensinamentos” com essa frase Sérgio Mattos resume perfeitamente o que foram os meios de comunicação durante a ditadura. 
A censura durante a ditadura, principalmente durante o chamado “milagre econômico”, não abrange somente a televisão. Os programas de rádio, a música popular e os jornais impressos também sofreram com isso. Além de proibir veicular os trabalhos, seus autores eram presos, torturados e/ou exilados. Mexer com o governo militar não era aconselhável. Em uma época de restrição como esta a mídia sofre muito com o cerceamento da liberdade de imprensa e de expressão. Os fatos se perdem e as mentiras são contadas para se manter o status quo. 
Sobre o desenvolvimento da televisão brasileira pós-1964 o livro cita Thomas Pompeu Brasil Netto, que diz que o modelo econômico adotado pelo regime estava direcionado para a construção de uma moderna sociedade capitalista e tinha características como: estabilidade política e social para promover rapidamente o desenvolvimento.
Um aspecto interessante que o texto cita, com autoria de Alan Wells é que os consumidores brasileiros gastavam mais em televisão do que os de outros países, assim as empresas, tanto locais como estrangeiras, estavam deveras interessadas em por seus anúncios na TV. A Lei de Capital Estrangeiro também fez com que os maiores anunciantes fossem corporações multinacionais, como a Coca-Cola. O autor fala de uma pesquisa do Worl Advertising Expenditures, em 76, que diz que o Brasil já era na época um dos dez países que investiam acima de 1 bilhão de dólares em publicidade. 
Sobre o milagre econômico é possíveldizer que ele foi possível tanto por causa da censura à imprensa, que proibia que se falasse mal do governo, quanto por causa dos jornais, impressos e televisivos, que exaltavam o milagre como algo bom. 
É importante ressaltar que foi através da mídia que foram impostos os conceitos de desenvolvimento, paz e integridade do regime de exceção. A televisão conquistou seu espaço como formadora de opinião na ditadura, e fez isso sacrificando os princípios jornalísticos de não veicular inverdades. O crescimento da TV brasileira está diretamente relacionado também com a urbanização e o crescimento industrial desses anos. O fato de a televisão não necessitar mais que o entendimento da língua portuguesa também ajudou, assim poderiam se alcançar os analfabetos.
O livro de Sérgio Mattos fala da história da TV brasileira, dando ênfase para sua participação nos governos ditatoriais, tanto dos militares quanto de Getúlio Vargas. Ele faz uma viagem através dos anos anteriores à instalação da TV no Brasil e, no primeiro capítulo, acaba em quando o veículo de informação se consolidou no país. A escrita é clara e o texto contém bastante informação, porém repetitiva. 
Sérgio Mattos recorre a outros autores e especialistas para dar credibilidade às suas palavras. Trechos de livros são citados apenas como uma forma de frisar os parágrafos anteriores, as citações muitas vezes não acrescentam em nada no quesito informação. 
É um livro bom, que estabelece uma ligação entre o desenvolvimento econômico e a chegada e o crescimento da nova mídia. Mas poderia ser mais sucinto, prezando pela clareza do texto e ainda assim mantendo todas as informações. 
FONTES:
Capítulo: O Impacto Socioeconômico e Político no Desenvolvimento da Televisão – A História da Televisão Brasileira, de Sérgio Mattos.
Texto: Elementos Histórico-regulatórios da Televisão Brasileira, de Cassiano Ferreira Simões e Fernando Mattos.

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