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Teoria das obrigações

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CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
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OBRIGAÇÕES PROPTER REM
A fonte do dever de prestar (direito obrigacional) está ligado a um direito real (ex: propriedade), fugindo da regra geral das obrigações puras, que decorrem do contrato, do ato ilícito, da declaração unilateral de vontade ou da lei.
Ex: direitos de vizinhança, IPTU em relação ao imóvel.
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2. OBRIGAÇÃO CIVIL E NATURAL
Distinguem-se pela exigibilidade de cumprimento.
Na obrigação civil ou comum se o devedor ou um terceiro realiza a prestação, o credor tem a faculdade de retê-la à título de pagamento (soluti retentio). Se não ocorrer o cumprimento, o credor poderá exigi-lo judicialmente e executar o patrimônio do devedor.
Na obrigação natural, se o devedor cumpre a obrigação o credor goza da soluti retentio. Mas, se o devedor não cumprir a obrigação, o credor não dispõe de ação judicial para exigir o seu cumprimento.
O principal efeito da obrigação natural consiste na validade do seu pagamento e a sua irrepetibilidade. A dívida existia, só não podia ser cobrada judicialmente.
EXEMPLOS DE OBRIGAÇÕES NATURAIS: dívidas prescritas (art. 882, CCB) e dívidas de jogo (art. 814, CCB).
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3. OBRIGAÇÕES DE MEIO, RESULTADO E GARANTIA
A obrigação é de meio quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de determinado resultado, sem, no entanto, responsabilizar-se por ele. Exemplo: advogados e médicos. Só responderá se comprovada a negligência ou a imperícia.
Quando a obrigação é de resultado, o devedor se exonera somente quando o fim pretendido é alcançado. Não o sendo, é considerado inadimplente e deve responder pelos prejuízos. Exemplo: transportador, cirurgião plástico, quando realiza trabalho de natureza estética ou cosmetológica. Só não responderá se comprovar alguma causa excludente. No caso do cirurgião, entende-se que a obrigação continua sendo de meio em situações como vítimas deformadas, queimadas, acidentes, tratamento de varizes, lesões congênitas ou adquiridas.
A obrigação de garantia é a que visa eliminar um risco que pesa sobre o credor ou as suas consequências. Exemplo: prêmio de seguro, fiança, indenização da seguradora por um bem incendiado. Responderá mesmo em caso fortuito ou força maior. (ex: roubo em cofre-forte de banco).
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4. OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E CONTINUADA
Execução instantânea: se consuma em um só ato, sendo cumprida após a sua constituição: Exemplo: compra e venda à vista, entrega da coisa certa, pagamento do preço.
Execução diferida: o cumprimento deve ser realizado também em um só ato, mas em momento futuro: Exemplo: entrega de coisa em data posterior.
Execução continuada, periódica ou de trato sucessivo: se cumpre por meio de atos reiterados, como na prestação de serviços, compra e venda a prestações periódicas, pagamento mensal de aluguel pelo locatário.
ATENÇÃO PARA O ARTIGO 478, CCB – cláusula rebus sic stantibus.
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5. OBRIGAÇÕES PURAS/SIMPLES, CONDICIONAIS, A TERMO E MODAIS/COM ENCARGO
Puras e simples: são aquelas que não se submetem a nenhum elemento acidental para a produção de efeitos (condicionais, a termo ou modais). Exemplo: doação pura e simples.
Condicionais: condição é o acontecimento futuro e incerto de que depende a eficácia do negócio jurídico. Da sua ocorrência depende o nascimento ou a extinção de um direito. (artigo 121, CCB)
OBSERVAÇÃO:
Condição suspensiva e resolutiva  a primeira gera expectativa de direito, pois, suspende tanto a aquisição como o exercício do direito. A segunda põe fim aos efeitos do negócio jurídico.
Suspensiva: receberás determinado bem, SE...
Resolutiva: beneficiário de doação que, depois de recebido um bem, casa-se com a pessoa que o doador proibira.
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5. OBRIGAÇÕES PURAS/SIMPLES, CONDICIONAIS, A TERMO E MODAIS/COM ENCARGO
Termo: obrigações a termo ou a prazo, são aquelas em que as partes subordinam os efeitos do negócio jurídico a um efeito futuro e certo. Termo é o dia em que começa ou se extingue a eficácia do negócio jurídico. Pode ocorrer que o termo, embora certo e inevitável no futuro, seja incerto quanto à data de sua verificação. Exemplo: determinado bem passará para a propriedade de tal pessoa quando ocorrer a morte de seu proprietário.
Modais ou com encargo, onerosas: obrigação modal é a que se encontra onerada por uma cláusula acessória, que impõe um ônus a um beneficiário de determinada relação jurídica. Por exemplo, doações feitas a órgãos públicos para a construção de uma escola ou um testamento, em que se deixa um bem para alguém, que deterá a obrigação de cuidar de alguma pessoa. É geralmente designada por expressões como “para que”, “a fim de que”, “com a obrigação de”.
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6. OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Líquida é a obrigação certa quanto à sua existência e determinada quando ao seu objeto. Essa modalidade é expressa por uma cifra, um valor, quando se trata de uma dívida em dinheiro. Mas pode também ter por objeto a entrega ou restituição de um objeto certo, como, por exemplo, um veículo.
Ilíquida é a obrigação em que o seu objeto depende de prévia apuração, pois o valor ou montante apresenta-se incerto. Deve ela se converter em obrigação líquida para que o devedor possa cumpri-la. Essa conversão se obtém em juízo por um processo de liquidação, quando a sentença não fixar o valor da condenação ou não lhe individualizar o objeto.
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7. OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS
As obrigações principais são aquelas que subsistem por si próprias, sem depender de outra, como, por exemplo, a entrega de uma coisa no contrato de compra e venda.
Já as obrigações acessórias são aquelas que têm a sua existência subordinada a outra relação jurídica, ou seja, dependem da obrigação principal. Por exemplo, a fiança, os juros, a cláusula penal.
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
Regra do acessorium sequitur suum principale. A invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas o contrário não é verdadeiro. Por exemplo, se nulo um contrato de compra e venda, nula a cláusula penal.

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