Buscar

Marcel Sena.Positivismo e Educação.Breves Análises Sobre a Influência do Positivismo na Educação.

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

POSITIVISMO E EDUCAÇÃO: Breves análises sobre a influência do 
positivismo na educação. 
Autor: FERNANDES, Marcel Sena 
Mestrando do Programa da Pós-Graduação em 
Educação da Universidade Nove de Julho. São 
Paulo. Brasil. 
Orientador: LORIERI, Marcos Antonio. 
 
RESUMO 
 
O desafio ao qual nos propomos é compreender melhor o Positivismo Filosófico e suas 
influências históricas no pensamento ocidental. O presente trabalho visa recuperar as 
discussões críticas sobre o efeito do Positivismo Filosófico nas construções teóricas dos 
princípios da educação no século XX. Enfrentamos este desafio, trilhando o caminho de 
reexaminar o que foi o positivismo como fenômeno histórico do século XIX, e como 
todas as ciências o recepcionaram. Neste artigo de breves considerações, acreditamos 
ser possível apontar a repercussão específica do positivismo na educação. Para tanto, 
nos deteremos na conceituação desta corrente do pensamento ocidental, assim como na 
observação de como seus principais autores, Augusto Comte e Emile Durkheim, 
desenvolveram a concretização das idéias postivistas no curso da história. Pontuando 
biografias e conceitos positivistas, pretendemos fornecer uma visão geral, sucinta e ao 
mesmo tempo esclarecedora sobre se há influência do pensamento positivista na prática 
educacional de nosso século. Não discutiremos aqui a a ciência da educação, mas a 
influência do Positivismo no pensamento do educador e na escola. 
 
Palavras-chave: Positivismo; História do pensamento ocidental; Educação; 
Crítica à aplicabilidade Positivista; 
 
1 
 
Introdução 
Já se tornou lugar comum falar da educação como solução para todos os 
problemas sociais que enfrentamos em nossos dias. Também na educação se 
discute a inovação como caminho de superação e reforma que possibilitem a 
difusão do conceito de cidadania. Não podemos negar, entretanto, que muito 
do que se tem proposto, para transformação da educação, ainda carrega a 
forte herança do pensamento positivista inaugurado por Augusto Comte. O 
positivismo filosófico se encontra, hoje, em uma ambivalência curiosa. Se por 
um lado existe uma forte rejeição ao positivismo como método, no campo 
acadêmico, por outro vivemos uma realidade prática inundada de conceitos 
herdados do positivismo. 
Diversas críticas são tecidas, de modo contumaz, ao pensamento positivista. O 
que temos observado é que muitos dos críticos terminam por manejar 
conceitos positivistas em suas práticas acadêmicas. Em parte, isso se deve ao 
fato de que a ciência do século XX – que tão duramente aponta limitações ao 
pensamento positivista – se encontra ainda submersa nos princípios da ciência 
do século XIX – predominantemente positivista. Podemos entender esta 
submersão por meio do conceito de paradigma científico de Thomas Kuhn. A 
ciência se fundamenta em paradigmas que são, vez ou outra, substituídos e 
readequados por revoluções científicas. De fato, ainda nos encontramos , 
apesar de muitos esforços apontarem para um novo paradigma, ligados ao 
momento positivista que revolucionou a ciência no século XIX. As mudanças de 
paradigmas precisam de tempo para que se plenifiquem, e é natural que um 
paradigma anterior surta efeitos nos conceitos situados em um momento de 
transição que acredito se tratar da era em que vivemos. 
Um outro problema na abordagem crítica do positivismo decorre de um 
consenso tácito no sentido de se superarem os modelos do século XIX. Assim 
muitos pesquisadores se opõem ao positivismo com paixão e auxiliados pelas 
descobertas da ciência no século XX confrontam, muitas vezes sem a 
propriedade necessária, os dogmas postulados por Augusto Comte. 
É preciso dominar os conceitos principais do pensamento comteano e ainda 
reconhecer que , apesar das críticas pertinentes que este modelo de ciência 
2 
 
recebe, não podemos negligenciar o fato de que sua manifestação acadêmica 
cumpria uma função útil e necessária no tempo e espaço em que fora 
postulada. Conhecer Comte é a maneira mais adequada para se tecerem 
críticas ao positivismo filosófico e suas implicações na educação. 
Não pretendemos, neste trabalho, esgotar o tema proposto, mas sim, levantar 
uma discussão sobre os principais conceitos do positivismo e sua influência na 
educação. 
 
O positivismo em Augusto Comte 
A idéia de leis naturais da vida social não é pensamento originário de Augusto 
Comte. Uma idealização da ciência social, segundo os modelos das ciências 
naturais, pode ser encontrada no pensamento utópico de Condorcet e Saint 
Simon em uma dimensão de ideologia utópico-revolucionária no século XVIII. 
Próximo dos pensamentos dos fisiocratas, Condorcet concebe a economia 
política como precisa ao cálculo e ao método das ciências naturais.Saint Simon 
, por sua vez, idealiza a definição de “corpo social” compreendendo a ciência 
social como “constituída pelos fatos naturais que derivam da observação direta 
da sociedade”. Cabe, entretanto lembrar que a noção de organicismo ainda 
não se apresentava neste autor. 
O verdadeiro fundador do pensamento positivista nasceu na França, na cidade 
de Montpelier, em 1798. Isidore Auguste Marie François Xavier Comte desde 
cedo revelou grande capacidade intelectual e prodigiosa memória. De família 
monarquista e católica, suas influências tendiam para a tradição do Antigo 
Regime francês. Nascido nove anos após a revolução francesa, recebeu na 
escola uma formação nos moldes da tradição revolucionária burguesa. 
Alimentando-se da filosofia iluminista, aproximou-se dos estudos da ciência 
newtoniana. A partir daí inicia-se seu período de idealização dos princípios 
positivistas. Sua primeira obra, “Plano dos trabalhos científicos necessários 
para reorganizar a sociedade” seguido dois anos mais tarde por “Sistema de 
política positiva” marcam o início de seu pensamento positivista no meio 
acadêmico. 
3 
 
Mas foi durante o período em que Comte lecionara na escola politécnica que 
sua obra mais importante fora escrita, “O curso de filosofia Positiva”. Graças a 
esta publicação , Comte foi demitido de seu cargo na escola politécnica e 
passou a viver de colaborações de alguns admiradores. 
Durante dez anos Comte demonstrou origens místicas para seu pensamento 
positivista. A idéia de uma religião positiva se espalhou pela França ( Ainda 
hoje encontramos tentativas de criação de cultos metafísicos com fundamentos 
científicos, o caso da contemporânea Cientologia ), popularizando alguns 
príncipios do positivismo, o que fora amplamente refutado por seus seguidores 
cientificistas, para, em seguida, Comte retomar o caráter científico de seu 
pensamento, dedicando-se ao método positivista. 
Comte afirmava que o momento pós revolução francesa se igualaria a uma 
anarquia de idéias e que tomando por base a ciência positiva seria possível 
reorganizar a sociedade.Passemos então a entender que tipo de positivismo 
Comte estava propondo. 
Para Comte o positivismo se estrutura basicamente em uma filosofia e em uma 
política inseparáveis, sendo que uma constitue a base enquanto a segunda 
constitui a meta de um mesmo sistema universal, no qual a inteligência e a 
sociabilidade se encontra. 
Nosso objetivo aqui não é delimitar a filosofia positiva mas sim as concepções 
positivas nas ciências sociais, que mais tarde influenciariam a ciência da 
educação. Tais concepções são fundadas em três premissas segundo Michael 
Löwy: 
1. É a sociedade regida por leis naturais, invariaveis e independentes da 
vontade humana. 
2. A sociedade pode ser epistemológicamente assimilada pela natureza e 
estudada pelos mesmos métodos e processos das ciências naturais. 
3. As ciências sociais devemse limitar a observar e explicar as causas dos 
fenômenos de forma objetiva, neutra , livre de valores e ideologgias. 
4 
 
Não podemos , diante destas premissas deixar de comentar que a pretendida 
neutralidade científica acaba por negar o caráter histórico-social do 
conhecimento. 
Ao analisarmos a polissemia do termo “positivo” nos deparamos com as balisas 
do positivismo conceitual. Por positivismo podemos comprender o “real” em 
oposição ao “fantasioso”, numa alusão de que o homem deve buscar 
conhecimentos acessíveis a sua inteligência, não se buscando as causas finais 
ou fundadoras das coisas. 
Em outra possível acepção de positivismo encontramos o contraste entre o útil 
e o ocioso. Apenas as coisas úteis para o aprimoramento humano devem ser 
consideradas por uma ciência positiva. 
Há ainda a noção de aproximação da certeza e do afastamento da imprecisão. 
Mas a acepção mais esclarecedora do termo positivo é a de oposição a 
“negativo”. O objetivo do positivismo é organizar e manter ao contrário de 
desconstruir. Assim Comte propõe a manutenção da sociedade em tempos 
pós-revolucionários, ao mesmo tempo em que balisa os conceitos fundantes de 
sua doutrina. 
Na filosofia positivista a idéia central consiste na proposta de que a sociedade 
quando em desordem deve ser reorganizada pelas noções positivistas. Neste 
sentido , Comte elaborou sua “Lei dos três Estados”. Influenciado pelo 
evolucionismo, Comte acredita que sucessivos estados de organização 
político-social se dão por superação. São eles o estado teológico, onde Deus é 
o fundamento da convivencia social, o estado Metafísico, onde a especulação 
filosófica estrutura as idéias, e por fim o estado positivo, no qual a razão 
científica serve de fundamento para a compreensão dos fenômenos naturais e 
humanos. 
Comte, em seu conceito de estado positivo, afirma que a sociedade como um 
corpo harmônico, com rítmo evolutivo norteado pela ordem e pelo progresso 
são a última evolução dos estados da humanidade. Neste momento o conceito 
de positivo se confunde com a própria noção de ciência natural do século XIX. 
5 
 
Assim, Comte, fundador do positivismo, inaugura a transmutação da visão de 
mundo positivista em ideologia, ou seja, em sistema conceitual e axiológico que 
tende a defesa da ordem estabelecida, uma ordem industrial. 
O método positivo visa afastar a ameaça que representam as idéias negativas, 
críticas, anárquicas, dissolventes e subversivas da filosofia do iluminismo e do 
pensamento do socialismo utópico. Ironicamente Comte usa o mesmo sistema 
intelectual que serviu a Condorcet e Saint Simon no sentido oposto: o princípio 
metodológico de uma ciência natural da sociedade. A ciência da sociedade é 
declarada então como pertencente ao ramo das ciências naturais. 
O discurso positivista pretende economizar todo tipo de posicionamento ético 
ou político sobre o estado de existência das coisas. Evitando qualquer tipo de 
valoração o positivismo se limita a constatar que o mencionado estado é 
natural, necessário, inevitável e é produto de leis invariaveis. 
É importante destacar a relação entre o pensamento positivista e a 
transformação do papel da burguesia na Europa. Se compararmos a evolução 
paralela do direito, da economia política e do positivismo, no final do século 
XVIII a meados do século XIX, percebemos que pela transformação do 
conceito de lei natural a burguesia deixa de figurar como uma classe 
revolucionária para assumir sua vocação de manutenção da ordem e do poder. 
O mesmo conceito que havia sido instrumento revolucionário no século XVIII, 
que esteve no centro da doutrina política dos insurretos de 1789, converte seu 
significado no século XIX, para se tornar, com o positivismo, uma justificação 
científica da nova ordem social estabelecida. 
Como Comte, Durkheim foi um pensador do positivismo, consciente do caráter 
profundamente contra-revolucionário de seu método positivista e de seu 
naturalismo sociológico. 
 
As contribuições de Emile Durkheim para o positivismo 
Durkheim observou que a primeira regra fundamental do positivismo nas 
ciências sociais era a consideração dos fatos sociais como coisas. Assim 
6 
 
Durkheim endossa a afirmação de Comte de que os fatos sociais são fatos 
naturais submetidos a leis naturais. É um reconhecimento de que não há senão 
coisas na natureza. 
Há , no entanto, alguns posicionamentos estritamente originais no pensamento 
Durkheimiano. Para Durkheim, a sociedade é estruturada de forma similar ao 
corpo de um ser vivo, tendo um sistema de órgãos diferentes no qual cada um 
possui um papel delimitado. Deste raciocínio, Durkheim conclui que certos 
“orgãos sociais” possuem uma situação especial e, portanto, privilegiada. Este 
privilégio é tido como natural, funcional e inevitável, justificando-se assim 
diferenças sociais. 
Estas formulações podem aparentar ingenuidade mas são fundamentos de um 
funcionalismo em geral e da moderna teoria funcionalista das classes sociais 
de Davis e Moore. 
O paradigma organicista de Durkheim possui muitas semelhanças , por vezes, 
se confundindo com o modelo de Darwinismo Social, no qual a sobrevivência é 
a recompensa dos mais aptos. Para Durkheim nada favorecia injustamente os 
concorrentes que disputam entre si as tarefas sociais, prevalecendo os mais 
aptos a cada gênero de atividade. 
O pensamento organicista fundamenta-se numa pressuposição essencial, que 
pode ser entendida como “uma homogeneidade epistemológica dos diferentes 
domínios e, por consequência, das ciências que os tomam como objeto” (Löwy, 
2007 , p.30 ) 
Este ideal propõe que o cientista social ou o educador se coloque no mesmo 
estado de espírito do físico, químico, matemático, fisiólogo, quando estes se 
encontram com o estudo de uma área ainda não explorada. Pressupostos de 
neutralidade e distanciamento entre observador e objeto. Em outros termos, o 
cientista deve ignorar os conflitos ideológicos , silenciar os preconceitos e 
distanciar todas as prenoções que lhe possam surgir. Assim seria possível a 
constatação estritamente objetiva de algumas verdades elementares. 
Nos escritos de Durkheim, observamos a descrição de patologias e 
normalidades intrínsecas ao organismo social. Para Durkheim, um fenômeno é 
7 
 
normal quando pode ser encontrado, com certa freqüência, numa sociedade, em 
determinada fase. 
Na problemática positivista há um núclero racional, tanto em Comte quanto em 
Durkheim, que conduz a uma cientificidade do saber: a busca pela verdade e a 
vontade de conhecimento. Se uma investigação é sujeita a outros fins tratados 
como mais importantes do que a verdade, tal investigação está condenada de 
antemão do ponto de vista de sua validade cognitiva e de seu conteúdo de 
conhecimento. 
Assim, sintetizamos as visões de ciência positivista em Emile Durkheim e 
Auguste Comte. Mas de que forma estas noções interagem e influenciam a 
ciência da educação? 
 
Educação e positivismo 
Vivemos em uma era onde os conceitos e as práticas na política, na gestão e 
no desenvolvimento social são determinadas por um contexto intelectual que 
se iniciou no século XVII com as descobertas da física clássica e encontra seu 
auge na era da revolução industrial. É nesta era de industrialização que 
emerge a idéia de um universo uniforme, mecânico e previsível o que moldou o 
desenvolvimento da ciência – e também da tecnologia – tornando-se ainda 
um paradigma nos diversos campos do saber inclusive na educação. 
Tendo como um de seus referenciais a “engenharia industrial”, o positivismo 
apresenta um modelo que visa aumentar a eficiência por meio das categorias 
de precisão e previsibilidade.Especificamente na educação encontramos 
perspectivas economicistas, derivadas do cientificismo, onde se visa obter 
taxas de retorno ( produtividade ) o que interfere , por vezes, de forma nefasta 
no planejamento pedagógico. Os indicadores quantitativos imperam na 
apreciação do rendimento escolar, revelando aspectos pragmáticos e 
positivistas na delimitação dos planos de ensino. 
A propagação do positivismo na educação se deve, em muito, à disseminação 
do sucesso na aplicação prática de princípios científicos que visam a produção 
8 
 
de novas tecnologias. A industrialização , amparada pelas conquistas da 
ciência positiva, favoreceu o fortalecimento político e militar das nações, 
exportando assim um modelo de sucesso prático para todos os campos do 
saber, inclusive na educação. 
O positivismo está presente também no discurso das políticas públicas para a 
educação, quando afirmamos, por exemplo, que a educação é a solução para 
os problemas nacionais, bem como quando se propõe reformas, tanto na 
sociedade quanto na educação. 
O modelo escolar que vivenciamos em nossos dias é uma cópia fidedigna do 
projeto de educação padronizada (universal ) elaborada na seara da ciência do 
século XIX. Hierarquia, ordem, utilitarismo e perspectiva de progresso, 
compõem a estante do positivismo educacional. 
A herança da ideologia burguesa fora assimilada pelos militares republicanos 
do século XIX no Brasil. A educação torna-se, neste cenário, um instrumental 
da difusão dos conceitos de ordem e progresso.Disciplinas progressivamente 
organizadas, segmentadas de modo instrumental, são as evidências mais 
marcantes do positivismo na educação. 
Por mais que saibamos que o método positivista seja produtivo, nos 
perguntamos se a “produtividade” merece ser o critério de dosimetria da 
qualidade do ensino. Neste sentido devemos observar criticamente o 
positivismo educacional sem perder de vista que se trata de um movimento que 
se pretende neutro ao mesmo tempo em que esconde uma grande carga 
ideológica. 
Muito dos efeitos nefastos desta doutrina pretendeu-se amenizar pelo círculo 
de Viena e pelo movimento do neo positivismo lógico. 
Mas ainda existe um forte cientificismo, perigoso, no seio da formação 
educacional brasileira. Devemos nos atentar para esta realidade , dentro do 
possível, buscar caminhos mais críticos e reflexivos para a construção de um 
projeto de formação que não apenas alfabetize ou eduque, mas que fomente o 
exercício pleno de cidadania. 
 
 
 
9 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
BERGO, Antonio Carlos. O positivismo: caracteres e influência no Brasil. 
Reflexão,Campinas. 1983. 
COMTE, Augusto. Curso de filosofia positiva; Discurso preliminar sobre o 
conjunto do positivismo; Catecismo positivista. Col. Os Pensadores. São 
Paulo: Nova Cultural, 1988. 
______. Curso de filosofia positiva; Discurso preliminar sobre o conjunto do 
positivismo; Catecismo positivista. Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril 
Cultural, 1983. 
DURKHEIM, E.. As Regras do Método Sociológico. In: Durkheim. (Coleção Os 
pensadores). São Paulo: Abril Cultural ,1983 
GIDDENS, A. O Positivismo e seus Críticos. In: T. Bottomore e R. Nisbet (org.). 
História da Análise Sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora. 1978 
LÖWY, Michael. As aventuras de Karl Marx contra o barão de Münchausen: 
marxismo e positivisto na sociologia do conhecimento. 9.ed. São Paulo. Cortez. 
2007. 
SAVIANI, D. Escola e Democracia. 36.ed., Revista. Campinas; Autores 
Associados, 2003.

Outros materiais