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A Atuação do Psicólogo na Equoterapia

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A Atuação do Psicólogo na Equoterapia: Um 
Estudo de Caso 
Autores: Denise Badauy de Menezes Jéssica Rezende Silvério Laís Silva Costa Regina Brasil dos 
S. Pereira Samátria G. de A. Almeida Yasminne Fayad Takeda | Publicado na Edição de: Abril de 
2014 
Categoria: Psicologia da Saúde 
1. Introdução 
A Equoterapia é um método terapêutico baseado na atividade eqüestre e 
técnicas de equitação, que utiliza o cavalo como um instrumento de trabalho, 
refere-se às várias áreas que empregam o cavalo por equipes 
multidisciplinares, com objetivos terapêuticos variados. Buscando o 
desenvolvimento biopsicossocial, como agente promotor de ganhos físicos, 
psicológicos e educacionais, desenvolvendo assim, novas formas de 
socialização, autoconfiança e auto-estima. 
Lermontov (2004), descreve a evolução histórica da Equoterapia, que data 
desde 370 a.C, quando Hipócrates aconselhava esta prática como forma de 
sanar algumas doenças e como forma preventiva principalmente no tratamento 
de insônia. Ele afirmava que esta prática ajudava na regeneração e melhora do 
tônus muscular. 
O médico grego Asclepíades, da Prússia (124-40 a.C.), recomendava o 
uso do cavalo a pacientes que apresentavam problemas motores significativos. 
Mas após esta data essa prática terapêutica foi abandonada por muitos anos, 
sendo retomada em 1569 pelo médico Merkurialis, em sua obra “De arte 
gymnastica” que menciona a equitação em posição de destaque entre os 
exercícios e ginásticas, pois exercita não só o corpo, mas também os sentidos. 
Vários outros médicos seguiram a mesma afirmativa como, por exemplo: 
O fisiatra Gustavo Zander que foi o primeiro a afirmar que as vibrações transmitidas ao 
cérebro com 180 oscilações por minuto estimulam o sistema nervoso simpático. Isso ele 
comprovou, mas sem associar ao cavalo. Quase 100 anos depois, o médico e professor 
Dr. Rjeder, chefe da unidade neurológica da Universidade Martin Luther, da Alemanha, 
mediu essas vibrações e verificou que correspondiam exatamente aos valores que Zander 
havia recomendado sobre o dorso do cavalo ao passo ou ao trote (LERMONTOV, 2004, p. 
45). 
Mas a Equoterapia só despertou a classe médica empírica que passou a 
se interessar pelo programa de atividade eqüestre como meio terapêutico, após 
verem a atuação de Liz Hartel nas olimpíadas de 1952 onde foi premiada com 
a medalha de prata em adestramento, competindo com os melhores cavaleiros 
do mundo. Liz havia sido acometida oito anos antes das olimpíadas por uma 
forma grave de poliomielite, impossibilitando-a de deslocamento a não ser em 
cadeira de rodas. 
A reeducação eqüestre surgiu em 1965 na França, onde o amor pelos cavalos é muito 
difundido, essa reeducação afirma-se rapidamente como uma possibilidade do deficiente 
em recuperar e valorizar as próprias potencialidades. Assim, na França, a Equoterapia 
torna-se uma matéria didática (LERMONTOV, 2004, p. 47). 
Para Medeiros (2009), a utilização do cavalo na área da saúde é tão antiga 
quanto à medicina, mas foi após a Primeira Guerra Mundial que o cavalo 
entrou definitivamente na área de reabilitação. Os países escandinavos foram 
os primeiros a utilizá-lo com tal finalidade. 
Segundo Nascimento (2008), a prática da equoterapia se dá em pleno 
contato com a natureza, proporcionando formas de aplicação de exercícios de 
recuperação e integração, complementando as terapias tradicionais, que se 
valem de instrumentos tecnológicos em clínicas e consultórios. 
No Brasil foi criada a ANDE-Brasil (Associação Nacional de Equoterapia 
em 1989). Em 1999 o Hospital de Aparelho Locomotor-SARAH realizou a 
primeira sessão de Equoterapia. A Equoterapia foi reconhecida no Brasil como 
método terapêutico em 1997 pelo Conselho Federal de Medicina. 
Este método terapêutico necessita de um apoio por parte de todos os 
profissionais envolvidos, onde facilita o desenvolvimento das potencialidades 
do praticante, em atendimento na equoterapia. Levando em consideração, o 
fato, de que o mesmo é um ser biopsicossocial, deve ser tratado independente 
de sua deficiência. 
A equipe de Equoterapia pode ser formada por: Médicos, Fisioterapeutas, 
Psicólogos, Terapeutas Ocupacionais, Fonoaudiólogos, Educadores Físicos e 
Instrutores de Equitação. A atuação desses profissionais na pista com o 
trabalho de reabilitação ocorre conforme o perfil clínico de cada praticante. 
A atuação do Psicólogo na Equoterapia é necessariamente conhecer todos 
os profissionais que estarão trabalhando juntos de forma interdisciplinar, como 
o cavalo, o praticante, além de todo o material empregado nas técnicas e 
exercícios utilizados na Equoterapia, desta forma ele obterá uma visão precisa 
das coisas possíveis dentro do tratamento. O Psicólogo, assim, ajuda na 
desenvoltura da equipe e promove melhora nas relações familiares, 
atendimento das dificuldades do praticante como um todo, proporcionando-lhe 
melhoras nos aspectos físicos e psíquicos. 
O psicólogo tem como função detectar com o praticante, a família e os 
membros da equipe, suas necessidades, potencialidades e limites, para uma 
melhora em seu desempenho inter e intrapessoal, atuando nos aspectos como: 
aproximar o praticante X cavalo, que é um fator determinante para a 
continuidade do trabalho; proporcionar a descoberta e a exteriorização dos 
sentimentos, como por exemplo: a amizade; tem também como função 
educativa, realizar a conscientização do trabalho; por último, promover a 
ruptura onde o praticante tem a possibilidade de assumir a separação, do 
praticante com o cavalo. 
Do ponto de vista psicológico, a Equoterapia tem por objetivo acompanhar 
e orientar os praticantes e seus familiares. E por meio de instrumentos lúdicos, 
como jogos, brincadeiras, transposições de situações, diálogos, o profissional 
auxilia na elaboração de aspectos emocionais, conflitos e situações. 
O psicólogo realiza avaliações psicológicas com a família e com o praticante, quando 
possível, para ter uma maior compreensão do mesmo. Além disso, auxilia na aproximação 
do praticante com o animal, o que é crucial para o desenvolvimento do tratamento. O 
psicólogo ajuda na montaria, que ocorre a partir do momento em que se estabelece um 
vínculo afetivo entre o indivíduo e o cavalo, encontrando assim, confiança para montar. 
Porém, quando há dificuldade em montar o animal, é realizado o processo de 
maternagem, isto é, o terapeuta monta juntamente com opraticante, fornecendo maior 
segurança (GIMENES e ANDRADE, 2004 p.2). 
É de fundamental importância no decorrer do processo terapêutico que se 
estabeleça um vínculo de respeito, confiança recíproca e afeto entre o 
psicólogo e o praticante. O objetivo deste trabalho foi identificar qual a função e 
atuação do psicólogo na Equoterapia, para isso houve o acompanhamento da 
atuação do psicólogo com o praticante escolhido onde se observou as reações 
que o mesmo emite durante a Equoterapia, e a evolução diante da mesma. 
2. Metodologia 
A pesquisa tem como participantes: o Haras como ambiente favorável para 
a Equoterapia, o praticante, o cavalo juntamente com uma equipe 
multiprofissional composta por: Psicóloga, Fisioterapeuta, Condutor (a) do 
cavalo. Ressalta-se que será observado apenas um praticante, portador de 
uma lesão cerebral por isquemia, sendo o mesmo escolhido para o nosso 
estudo de caso. 
A técnica utilizada foi a entrevista despadronizada ou não-estruturada à 
equipe multidisciplinar que acompanha o praticante, durante o processo de 
Equoterapia, desde seu histórico inicial até o processo evolutivo atual. No uso 
desta técnica, “o entrevistado tem liberdade para desenvolver cada situação 
em qualquer direção que considere adequado” (MARCONI eLAKATOS, 2010, 
p. 82). 
Utilizou-se também, a técnica da observação, que “é uma técnica de coleta 
de dados para conseguir informações e utilizar os sentidos na obtenção de 
determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas 
também em examinar fatos ou fenômenos que se deseje estudar" (MARCONI e 
LAKATOS, 2010, p. 76). 
De acordo com Marconi e Lakatos (2010), as Observações em equipe e 
Observações na vida real consistem em: observar o praticante por vários 
ângulos, facilitando assim confrontar os dados colhidos para verificar 
posteriormente as predisposições, que são normalmente feitas no ambiente 
real, registrando-se os dados à medida que ocorre o evento, reduzindo 
tendências seletivas e a deturpação na reevocação. 
Além das observações do estudo de caso, foram realizadas visitas 
semanais, com duração de 60 a 120 minutos, durante os meses de outubro e 
novembro, contados entre o processo de Equoterapia do praticante e as 
discussões levantadas juntamente com a Psicóloga que o acompanha. 
3. Resultados 
3.1 Histórico de Vida 
O praticante, M.B.R , 28 anos, sexo masculino, nascido em Itaúna- MG, 
estudou em escola regular e quando veio morar em Anápolis freqüentou a 
APAE. Seus pais são: V.B.R, sexo masculino, 63 anos , ensino superior, 
comerciante e natural de Itaúna-MG; M.F.R, sexo feminino, 57 anos, ensino 
superior, comerciante e natural de Itaúna-MG. Tendo também o irmão J.B.R, 
26 anos, ensino superior completo. Os pais são católicos, e relatam não serem 
preconceituosos. 
Quanto à gravidez, a mãe relata que foi planejada por cinco anos, e 
receberam a notícia ansiosamente, e o pai amou a notícia. A mãe sentiu-se 
muito bem corporalmente durante a gravidez. Não fez nenhuma transfusão de 
sangue, sentiu o filho mexer no tempo normal de qualquer criança, não levou 
nenhum tombo e não teve nenhuma doença durante a gravidez. As condições 
de saúde foram perfeitas, ao relato da mãe, e as condições emocionais 
maravilhosas. A mãe relata que não houve nenhum episódio marcante durante 
a gravidez. 
Sobre o nascimento: nasceu de nove meses, com 3.200 kg, relata que foi 
tudo normal, o pai esteve presente na sala de parto e emocionalmente muito 
bem. E sua primeira reação ao nascer foi o choro, ficou vermelho, não precisou 
de oxigênio e não foi detectada nenhuma anormalidade após o nascimento. 
Durante o período de desenvolvimento, M.B.R sofreu um acidente durante 
uma viagem de ônibus com a mãe , mais não teve nenhum dano e nunca se 
submeteu a nenhuma cirurgia. Atualmente, não possui nenhuma reação 
alérgica, não tem bronquite e não apresenta nenhum problema de visão e 
audição. É muito raro ter dor de cabeça, e quando reclama a mãe acha que é 
pra chamar a atenção. Nunca desmaiou e nunca teve convulsões. Na família 
ninguém apresenta problemas de desmaios, convulsões e ataques. 
M.B.R foi amamentado até seis meses, e agora, sua alimentação é boa e 
não é forçado a se alimentar. Quando vai comer derruba a comida, mais come 
sozinho. O mesmo dorme bem, tem um sono tranqüilo, não é sonâmbulo, não 
range os dentes, e dorme com o tio. 
Nasceu um bebê perfeito, firmou a cabeça no tempo certo, sentou no 
tempo certo, engatinhou, ficou de pé e andou com dez meses. O controle dos 
esfíncteres foram todas no tempo certo. A mãe relata que atualmente, M.B.R é 
lento para realizar algumas tarefas e tem má vontade. Veste-se sozinho, não 
toma banho sozinho, calça-se sozinho e não sabe dar nós nos sapatos. É 
desastrado, anda de bicicleta muito bem desde pequeno, o único esporte que 
pratica é a Equoterapia. Em casa só ele é canhoto, não rói as unhas, não 
chupas os dedos e tem uma mania de morder os dedos, precisa de ajuda para 
tomar banho, e quando criança não foi exigida que usasse uma das mãos para 
escrever ou comer. 
Quanto à escolaridade, quando criança não gostou de ir à escola, não foi 
bem aceito pelos colegas na APAE, onde freqüentou por mais ou menos um 
ano. Os professores falavam que ele era muito nervoso, e não o aceitaram. Já 
a aquisição da linguagem ele usou as primeiras palavras com significado 
normal. E hoje, não gagueja e troca letras quando fala, como por exemplo: “eu 
papei cu (Eu comi tudo); cucu (tatu)”. 
Quanto a sexualidade, M.B.R, não recebeu nenhuma orientação. A mãe 
contou que, por volta dos dezesseis anos M.B.R masturbava a noite toda e ao 
amanhecer estava exausto e com os olhos avermelhados, ele nunca saciava e 
tinha muita ereção, por isso houve a necessidade de uso de uma medicação. E 
hoje, os pais não conversam sobre a sexualidade. 
O relacionamento com os pais é bom. M.B.R não gosta muito do irmão 
porque sente ciúmes. As medidas disciplinares normalmente usadas com ele 
são: “falar que não gostei; fiquei triste”, quem as usa com ele é o tio e a mãe. 
A mãe relata que do ponto de vista emocional é muito misturado, às vezes 
a mãe sente raiva mais tem um amor incondicional. E ela relata que o filho é 
tudo pra ela. E as características que definem M.B.R no dia a dia são: 
agressivo, dependente, inquieto, ansioso e retraído. Quando é contrariado 
reage com muita violência sendo descontrolado. Na visão da mãe, ele é 
complexo, e não consegue descrever em palavras, pois às vezes parece um 
anjo, às vezes um demônio, e segundo ela, ele é assim por acumulo de raiva. 
As atividades diárias de M.B.R são: acorda uma sete horas da manhã, 
escova os dentes, toma seus remédios chamado de vitaminas pela família, 
toma leite com achocolatado, e passa o dia todo brincando tranqüilo desde 
que não seja contrariado. Sua atividade preferida é assistir televisão, e tem 
adoração pelo programa da Xuxa. 
3.2 Entrevista com a Psicóloga 
Após realização da entrevista com a psicóloga responsável, foram 
coletados os seguintes dados: M.B.R. chegou à equoterapia com queixa de 
autismo, dificuldade de atenção, pensamento, compreensão, além de ser muito 
fechado e distante. Em relação ao comportamento, a psicóloga descreve que 
M.B.R. apresenta dificuldade no relacionamento, interação com outras 
pessoas, déficits lingüísticos, sendo pouco comunicativo, agressivo, 
imprevisível, por vezes ataca e fere as pessoas mesmo que não existam 
motivos. 
Nos traços de personalidade, apresenta fobia (medo de polícia), ansiedade 
e depressão. No seu desenvolvimento psicomotor, não conhece partes do 
corpo e não tem lateralidade definida, não conseguiu desenvolver a grafia. 
Apresentou atraso na capacidade de falar e não utiliza a linguagem como 
instrumento de comunicação com os outros, apenas executa ordens verbais 
simples e só expressam verbalmente frases curtas como, por exemplo: “Papai 
doente”, “mamãe não veio”, “gato, pato”. 
Na interação com a família, é superprotegido, demonstra ser muito 
ciumento, birrento, briga constantemente com o irmão (também adulto). Quanto 
aos aspectos relevantes da saúde, apresenta lesão cerebral que afeta a 
capacidade de comunicação, estabelecer relacionamentos. Lesão esta que o 
leva a ser muito fechado e distante, em alguns momentos parecer surdo, não 
estabelecer contato com os olhos, agir como se não tomasse conhecimento do 
que acontece com os outros, dificuldade de interação social além de uma 
agressividade que o impede atualmente de freqüentar a escola. 
Durante o processo de equoterapia, nunca demonstrou agressivo, está 
sempre sorridente, realiza o que lhe é solicitado nos trabalhos elaborados para 
desenvolvimento de raciocínio e concentração. 
3.3 Entrevista com a Fisioterapeuta 
Após realização da entrevista com a fisioterapeuta foram coletados os 
seguintes dados: M.B.R faz uso de remédio controlado, apresenta lesão 
cerebral por isquemia, alteração na linguagem oral edéficit intelectual. O 
praticante não possui seqüelas motoras, assim sendo, tem força e amplitude de 
movimento normal, tônus normal. Apenas redução na coordenação motora fina 
devida a cognição reduzida. 
3.4 Observações Realizadas 
3.4.1 Observação realizada no dia 19/10/2011 
O paciente antes do início da equoterapia é levado ao quiosque para a 
montaria, neste dia a equipe multiprofissional trabalha a cor vermelha durante a 
sessão, são espalhados pela pista objetos da cor trabalhada, incentivando a 
pronúncia da cor. No final da sessão M.B.R. ajuda na escovação e alimentação 
do cavalo. 
3.4.2 Observação realizada no dia 26/10/2011 
O praticante é conduzido à rampa para montar o cavalo. Eles caminham 
em volta da pista. A psicóloga caminha ao lado do cavalo estimulando a cor 
amarela e as posições frente e trás, são apresentados vários objetos que 
possuem a cor trabalhada. Duas cestas são colocadas na lateral do cavalo com 
bolas amarelas dentro dos cestos e era pedido para passar a bola de uma 
cesta para outra. No final da sessão M.B.R. ajuda na escovação e alimentação 
do cavalo. 
3.4.3 Observação realizada no dia 01/11/2011 
M.B.R. chega para a sessão de equoterapia, a equipe multiprofissional o 
recebe já preparados para a atividade do dia. O praticante está aprendendo as 
cores. No dia de hoje ele está aprendendo a cor verde. Enquanto pratica a 
equoterapia, vários objetos são mostrados, ele tem que apontar e falar qual é o 
objeto da cor verde, assim estimulam o seu contato visual, corporal e a 
psicomotricidade. 
3.4.4 Observação realizada no dia 09/11/2011 
A mãe que levou o praticante neste dia. M.B.R. é conduzido à rampa para 
montar o cavalo. A psicóloga caminha ao lado dele estimulando a cor azul. 
Neste dia o praticante mostra inquietação devido à presença da mãe e não 
termina a sessão. Ele desce do cavalo e vai direto ao encontro dela. A mãe 
demonstra impaciência com a atitude do filho de não terminar a sessão. 
 3.4.5 Observação realizada no dia 16/11/2011 
O praticante chegou ao haras acompanhado pela sua mãe e duas tias. 
M.B.R. é conduzido à rampa pela equipe e monta o cavalo. Neste dia o 
praticante mostrou-se muito alegre com a presença das tias, jogou beijo e 
sorriu. A equipe trabalhou com M.B.R a lateralidade pedindo que ele tocasse a 
traseira do cavalo alternando as mãos, neste dia a sessão foi considerada um 
sucesso pela interação do praticante com a equipe e principalmente com as 
tias. 
3.5 Resultados 
Através das entrevistas realizadas com a Psicóloga e Fisioterapeuta, pode-
se fazer uma análise dos resultados da seguinte forma: 
 Motivo da avaliação: “Queixa de autismo, dificuldade de atenção, pensamento, 
compreensão, além de ser muito fechado e distante.” 
Conforme a definição do DSM-IV-TR (2002), o Transtorno Autista consiste 
na presença de um desenvolvimento comprometido ou acentuadamente 
anormal da interação social e da comunicação e um repertório muito restrito de 
atividades e interesses. As manifestações do transtorno variam imensamente, 
dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo. 
Já a definição da CID-10 (2000), o Autismo é um Transtorno Global do 
Desenvolvimento caracterizado por: 
a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade 
de três anos; 
b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em 
cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, 
comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha 
comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por 
exemplo: fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra 
ou agressividade (auto-agressividade). 
De acordo com Nascimento (2008), os cuidados especiais para 
atendimentos a autistas são: o psicólogo tem que ter cuidados especiais como 
chamá-lo pelo nome, olhar nos olhos, não tocá-lo sem aviso prévio, respeitar 
sua dificuldade de formar vínculos, intervir de forma firme e coerente, evitar 
desorganizações, e ajudá-lo a identificar e expressar seus sentimentos. 
 Em relação ao comportamento, a psicóloga descreve que: “M.B.R. apresenta 
dificuldade no relacionamento e interação com outras pessoas, déficits lingüísticos, 
sendo pouco comunicativo, agressivo, imprevisível e por vezes ataca e fere as 
pessoas mesmo que não existam motivos.” 
Para Lermontov (2004) na esfera social, a Equoterapia é capaz de diminuir 
a agressividade, tornar o paciente mais sociável, melhorar sua auto-estima, 
diminuir antipatias, construir amizades e treinar padrões de comportamento 
como: ajudar e ser ajudado, encaixar as exigências do próprio indivíduo com as 
necessidades do grupo, aceitar as próprias limitações e as limitações do outro. 
 “No seu desenvolvimento psicomotor, não conhece partes do corpo e não tem 
lateralidade definida, não conseguiu desenvolver a grafia.” 
Segundo Rocha (2008) a Equoterapia produz efeitos terapêuticos 
relacionados à psicomotricidade tais como: melhora do tônus muscular, 
mobilização das articulações de coluna vertebral e de cintura pélvica, facilita o 
ganho de equilíbrio e de postura do tronco ereto, favorece a obtenção de 
lateralidade, melhora a percepção do esquema corporal, favorece a referência 
de espaço, de tempo, e ritmo, permite o trabalho de coordenação motora, 
dissociações corporais, e melhora da auto-imagem. 
 Apresentou atraso na capacidade de falar e não utiliza a linguagem como 
instrumento de comunicação com os outros, apenas executa ordens verbais 
simples e só expressa verbalmente frases curtas como, por exemplo: “Papai 
doente”, “mamãe não veio”, “gato, pato”. 
De acordo com Lermontov (2004) a fala adequada requer um tônus 
postural, padrões normais de movimentos, adequação muscular, coordenação 
fono-respiratória ritmo e tempo. Ao fazer equoterapia o praticante tem os 
músculos responsáveis pela produção da fala que são influenciados pelo 
movimento tridimensional do cavalo dando um impacto nos músculos da 
cavidade oral, nas pregas vocais, nos músculos da laringe e nos músculos da 
respiração. A equoterapia tem grande influência nos caminhos nervosos 
envolvidos na função lingüística expressiva e receptiva, já que estimulam uma 
grande saída de linguagem, melhorando também a qualidade em seu contexto. 
Assim o impacto do movimento tem implicação direta na fala e na linguagem. 
 Durante o processo de equoterapia, nunca se demonstrou agressivo, está sempre 
sorridente, realiza o que lhe é solicitado nos trabalhos elaborados para 
desenvolvimento de raciocínio e concentração. 
Para Lermontov (2004), na esfera social, a equoterapia é capaz de diminuir 
a agressividade, tornar o praticante mais sociável, facilitando a construção de 
amizades. O praticante aprende a diferenciar significados importantes ou não 
quando é estimulado corretamente, promovendo melhor auto-percepção. 
 “Faz uso de remédio controlado, apresenta lesão cerebral por isquemia, alteração 
na linguagem oral e déficit intelectual. O praticante não possui seqüelas motoras, 
assim sendo, tem força e amplitude de movimento normal, tônus normal. Apenas 
redução na coordenação motora fina devida a cognição reduzida.” 
Rocha (2008) afirma que o fisioterapeuta é um profissional habilitado à 
prevenção, diagnóstico e tratamento de problemas fisio-funcionais, com a 
função de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade corpórea humana. 
Busca basicamente a estimulação do equilíbrio e modulação do tônus 
muscular, o ganho sensorial e motor, e uma maior independência ao paciente 
estimulado. 
Conforme Lermontov (2004) o método terapêutico consiste no trabalho 
com o movimento rítmico, preciso e tridimensionaldo cavalo, que ao caminhar 
se desloca para frente/trás, para os lados e para cima/baixo, pode ser 
comparado com a ação da pelve humana no andar. O praticante da 
Equoterapia é levado a acompanhar os movimentos do cavalo, tendo de 
manter o equilíbrio e a coordenação para movimentar simultaneamente tronco, 
braços, ombros, cabeça e o restante do corpo, dentro de seus limites. O 
deslocamento do cavalo impõe ao praticante um movimento doce, ritmado, 
repetitivo e simétrico. Para manter o equilíbrio, o tônus muscular deve adaptar-
se alternadamente ao tempo de repouso e de atividade, o que significa 
reconhecer uma atitude corporal pelo senso postural, depois reajustar sua 
posição. Com isso, ele é conduzido à melhor compreensão de seu esquema 
corporal. 
4. Propostas de Intervenção 
A partir da análise dos dados pode-se confirmar o quanto a equoterapia 
tem sido fundamental no desenvolvimento cognitivo e emocional do praticante 
MBR. A dificuldade da fala se mostrou presente nos três relatos: da mãe, da 
psicóloga e da fisioterapeuta. Ao se propor uma intervenção, além do que já 
está sendo feita, acredita-se ser de fundamental importância que se inclua um 
acompanhamento com um fonoaudiólogo, uma vez que a seqüela e limitação 
na fala são bastante acentuadas. 
A assistência fonoaudiológica poderia ser feita no próprio Haras, caso 
houvesse um profissional disponível para tal atendimento, ou sugerir um local 
para que os pais encaminhem o praticante. 
Além desta questão da fala, ficou evidente o quanto a presença da mãe 
desencadeia emoções fortes, como inquietação, no praticante. Diante de tal 
percepção, considera-se a possibilidade de sugerir a mãe, em primeira 
instância, que receba também, um acompanhamento psicoterápico, para que 
esta relação mãe/filho seja resignificada. 
Outra questão, que também levantou questionamento, foi o fato do 
praticante não possuir nenhum diagnóstico conclusivo de especialistas da área 
neurológica, uma vez que o quadro até aqui exposto nas entrevistas ser de um 
quadro de Paralisia Cerebral. 
E finalizando, o possível diagnóstico de Autismo, também não está 
fechado, necessitando por isso de uma avaliação de um médico neurologista, 
como já foi mencionado anteriormente. 
5. Considerações Finais 
O trabalho de equoterapia no Haras Pegasus na cidade de Anápolis, Goiás 
é realizado acima de tudo com muita dedicação. Desde o início desta pesquisa, 
o grupo foi recebido de forma muito receptiva, o que facilitou o trabalho. Tanto 
na parte das observações, como entrevistas. 
Ao final, pode-se comprovar a eficiência deste trabalho psicoterápico, que 
mesmo com tantas limitações, como o diagnóstico final do quadro 
psicopatológico do praticante, não tem impedido que conquistas sejam feitas 
no âmbito geral. 
Os objetivos aqui lançados puderam ser alcançados, uma vez que ficou 
evidente o papel e a função do psicólogo na equoterapia. 
 
Fonte: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-da-saude/a-atuacao-do-psicologo-na-
equoterapia-um-estudo-de-caso © Psicologado.com

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