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O Papel do Psicólogo Escolar e Educacional

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O Papel do Psicólogo Escolar e Educacional: A Visão 
da Equipe Técnico-Pedagógica Sobre sua Atuação 
Autor: Lavínia Cristina Rodrigues de Souza | Publicado na Edição de: Maio de 2014 
Resumo: A atuação do psicólogo no contexto escolar vem sendo motivo 
de discussão desde as últimas décadas, na tentativa de construir novas 
perspectivas teóricas e práticas para a profissão, que até então, esteve 
pautada no modelo clínico de intervenção. Logo, o presente estudo tem por 
objetivo compreender da perspectiva da equipe técnico-pedagógica de uma 
escola da rede pública do interior do Estado de Rondônia como é a percepção 
do trabalho do psicólogo escolar e educacional. Participaram dessa pesquisa, 
seis pedagogos, sendo este um estudo qualitativo-descritivo, na qual através 
dos dados obtidos, constatou-se por meio da análise de conteúdo, que ainda 
há desconhecimento e equívocos sobre as expectativas em torno do papel do 
psicólogo escolar e educacional, mas também possibilita novas discussões 
sobre uma prática crítico-reflexiva que considere o processo educacional como 
um todo. 
Palavras-chave: Psicólogo Escolar e Educacional, Equipe técnico-
pedagógica, Psicologia Escolar e Educacional. 
1. Introdução 
Nota-se que ainda hoje são muitos os questionamentos sobre a atuação do 
psicólogo escolar e educacional, especialmente porque as discussões sobre 
essa prática são recentes, com início na década de 80, bem como não há um 
consenso entre os teóricos de uma única definição para atuação deste 
profissional. Ainda que a regulamentação da profissão de psicólogo em 1960 
no Brasil pela Lei 4119 de 27 agosto tenha apresentado um papel importante 
no desenvolvimento e aplicação de conhecimentos psicológicos na área 
escolar, o currículo proposto continha recursos limitados para o preparo de 
profissionais para esta área de atuação (MARINHO-ARAÚJO, 2009). 
De acordo com Souza (2009, p. 179) apesar de possibilitar a legalização 
da profissão e existência de cursos para formação de psicólogos, dentre outros 
fatores importantes, “[...] também influenciou fortemente no modelo de 
formação que passou a ser instaurado nacionalmente [...]”. Considerando a 
análise da autora citada, complementando com a ideia trazida por Tuleski et 
al (2005), esta influência histórica colaborou para que a atuação do psicólogo 
se tornasse individualizada e ajustatória com ênfase nos processos de 
aprendizagem e nos procedimentos remediativos. Sendo assim, poderíamos 
dizer que permaneceu, até meados de 1980, o modelo de atuação clínico em 
instituições escolares, com práticas de avaliação para adaptação e adequação 
de alunos que não se enquadravam às normas institucionais ou não 
apresentavam rendimento educacional esperado. 
Em meados dos anos de 1980, ocorreram mobilizações sociais de 
psicólogos junto a outros profissionais em lutas sociais na expectativa de 
melhores condições de vida para os usuários do serviço psicológico. Estes 
movimentos foram seguidos de produções científicas que trouxeram novas 
perspectivas de atuação à psicologia, essencialmente no contexto educacional 
(MARINHO-ARAÚJO; ALMEIDA, 2008). 
De acordo com Souza (2009), a psicologia escolar foi uma das primeiras 
áreas a realizar questionamentos em torno da própria prática, esboçando 
críticas à formação profissional e ao modelo de atuação psicológica na 
educação. A partir destas críticas e questionamentos surgiu à compreensão 
das relações institucionais como parte da análise destes profissionais junto à 
queixa escolar, fato este que foi extremamente importante ao que se discute 
atualmente sobre o que seria uma psicologia escolar e educacional crítica. 
Portanto, ainda que a psicologia escolar e educacional estivesse presentes 
na prática profissional como áreas antagônicas, uma relacionada a atuação e a 
outra a pesquisa, atualmente essa dicotomia está em processo de dispersão, 
impulsionando a predominância de modelos críticos. Este processo ampliou o 
campo de atuação do psicólogo escolar para torná-lo também educacional, 
aumentando o número de pesquisas e voltado à formação do psicólogo para a 
compreensão do processo educacional como um todo, inserido num ambiente 
constituído e atravessado por relações sociais, políticas e econômicas 
(SOUZA, 2009). 
Com base nisso, de acordo com Guzzo, Costa e Sant’Ana (2009), a 
exigência atual ao psicólogo educacional é de que este seja um agente de 
transformação, promovendo reflexões sobre sua própria prática no intuito de 
realizar um trabalho voltado às necessidades da escola e da comunidade. 
Observamos durante o período em que se realizou a atividade de estágio 
escolar proporcionado pela Faculdade de Rolim de Moura aos acadêmicos do 
décimo período do curso de Psicologia, a ausência de psicólogo na instituição 
educacional e que, aparentemente, existem distorções na compreensão do 
papel deste profissional, tanto por parte dos acadêmicos em início de estágio, 
quanto pela equipe gestora da escola. 
A partir das vivências deste estágio levantamos a hipótese de que as 
equipes técnico-pedagógicas da escola apresentam dificuldade em definir o 
papel do psicólogo escolar e educacional. Acreditamos que esta equipe 
apresentará como expectativa de atuação características correspondentes ao 
modelo de intervenção clínico, focado no “aluno problema”. Desse modo, 
apesar das observações quanto a dificuldade dos acadêmicos em identificar o 
papel do psicólogo no contexto educacional, temos por finalidade neste 
trabalho compreender cientificamente a percepção da equipe técnico-
pedagógica de uma escola do interior de Rondônia, sobre a atuação do 
psicólogo no contexto escolar e o que eles esperam desse profissional. 
Acreditamos, portanto na importância de elucidar as expectativas de 
instituições educacionais, principalmente por ser esta a primeira turma de 
psicologia a estagiar nesta região, pretendendo desta maneira quebrar 
paradigmas e contribuir de maneira significativa com a formulação de desafios 
e perspectivas para o futuro na atuação deste profissional. Desta forma, 
esperamos contribuir com discussões que promovam o rompimento de 
estigmas para que este psicólogo escolar venha a desempenhar o seu papel 
de maneira significativa, contribuindo para a escola como um todo, 
proporcionando aos mesmos uma visão crítica e dinâmica da diversidade e 
amplitude do trabalho na instituição escolar. 
A fim de elucidar e contextualizar sobre a influência do psicólogo no 
contexto educacional apresentar-se-á nos próximos itens, uma breve discussão 
acerca das atribuições concernentes ao psicólogo no contexto educacional, a 
fim de esboçar o que tratam os textos atuais como foco de sua intervenção. 
2. A Atuação do Psicólogo no Contexto Escolar 
A atuação do psicólogo é amparada por leis que estabelecem e amparam 
a sua prática por todo país, portanto descreveremos algumas partes 
concernentes à mesma e pesquisas recentes na área para que possamos 
entender melhor a possível relação entre a teoria e prática no contexto 
nacional. 
De acordo com o Catálogo Brasileiro de Ocupações do Ministério de 
Trabalho, conforme Ofício Circular 006/2004 – CRP 01 Seção/RO, datado de 
15 de outubro de 2004, o psicólogo educacional tem como uma de suas 
responsabilidades colaborar na compreensão e mudança do comportamento 
de educadores e educandos, no processo de ensino aprendizagem, nas 
relações interpessoais e nos processos intrapessoais, dentre outras atribuições 
que devem estar sempre relacionadas às dimensões política, econômica, social 
e cultural. Além disso, também tem como responsabilidade a realização de 
pesquisa, diagnóstico e intervenção psicopedagógica individual ou em grupo,sendo incluído também na elaboração de planos e políticas referentes ao 
Sistema Educacional, visando promover a qualidade, a valorização e a 
democratização do ensino. Outro dado que nos chama atenção na atribuição 
destinada ao psicólogo escolar está relacionada à função de diagnosticar as 
dificuldades dos alunos dentro do sistema educacional, a fim de encaminhar 
aos serviços de atendimento da comunidade aqueles que requeiram 
diagnóstico e tratamento de problemas psicológicos específicos cuja natureza 
transcenda a possibilidade de solução na escola, buscando sempre a atuação 
integrada entre escola e a comunidade. 
Dessa forma podemos afirmar que o psicólogo escolar não atua no âmbito 
de promover diagnósticos pra fins terapêuticos dentro da escola, sendo esta 
uma função do psicólogo clínico. Portanto, o psicólogo no contexto educacional 
não deve atuar com práticas clínicas e sim com o objetivo de promover a 
democratização do processo educacional através de reflexões críticas 
(COSTA; SOUZA; RONCAGLIO, 2009). 
Tão logo, Andrada (2005) reforça em seu trabalho, que apesar da falta de 
compreensão dos profissionais da educação acerca do papel do psicólogo na 
escola, ao proporcionar aos profissionais uma reflexão a cerca do seu papel 
nos problemas da escola através do pressuposto histórico-crítico e da teoria 
sistêmica, pode-se criar uma nova proposta de intervenção do profissional de 
psicologia no contexto educacional. 
Porém o distanciamento entre teoria e prática, evidenciado no trabalho 
realizado por Gomes (2007) sobre a atuação do psicólogo e os impasses entre 
a teoria e a prática, destaca que os dados analisados demonstraram que as 
equipes escolares atribuem ao psicólogo à função principal de ajudar e 
participar junto à equipe escolar no intuito de minimizar as questões voltadas 
ao fracasso escolar. Ainda foi possível perceber que para esta equipe a ação 
do psicólogo se bastaria sem que houvesse a necessidade de um envolvimento 
e o esforço dos profissionais da educação. 
De acordo com Guzzo et al (2010) é preciso repensar a relação entre a 
teoria e a prática em psicologia educacional, onde atualmente se aprimoram as 
pesquisas e os conhecimentos na área, mas não preparam os profissionais 
para enfrentar o desafio de romper com os paradigmas históricos de sua 
prática, baseado em pressupostos internacionais e no modelo clínico e médico 
de enxergar o fracasso escolar. Sendo pertinente enfocar na demanda e nos 
padrões éticos, na precária ligação entre teoria e prática na formação 
profissional e na vinculação entre teoria e realidade brasileira. 
Para tanto, na expectativa de delimitarmos o trabalho do psicólogo escolar 
e educacional, apontaremos algumas das atribuições estabelecidas pela 
SEDUC/RO. De acordo com a Portaria nº 436/10, o psicólogo escolar e 
educacional, como integrante de um grupo multiprofissional de educadores, é 
responsável por promover transformações na educação através de pesquisas 
que ampliem o conhecimento na área educacional, de aprendizagem e 
desenvolvimento humano, utilizando métodos e técnicas para melhorar a 
qualidade das relações no trabalho escolar e a qualidade de vida dos usuários 
da escola, facilitando o processo de ensino e aprendizagem. Contudo, deve 
encaminhar para atendimentos os casos específicos, que não sejam da 
competência do Psicólogo Educacional. 
Podemos perceber a partir desse documento que o psicólogo escolar e 
educacional, apesar de possuir uma prática com base nas políticas públicas 
contextualizada de cada região, atua de uma maneira geral, voltada a uma 
visão de interdisciplinaridade, atuando em equipe multidisciplinar como parte 
integrante do Sistema Escolar, levando em conta a diversidade cultural, social, 
econômica, geográfica e étnica dos espaços institucionais (NOVAES, 2006). 
Sendo necessário ressaltar que os parâmetros estabelecidos pela portaria 
acima citada, também determina que o psicólogo no ambiente escolar 
encaminhe para atendimento os casos que não são da sua competência, o que 
reforça a tese de que o psicólogo escolar e educacional não faz terapia na 
escola. 
Assim sendo, Nascimento et al (2002) evidencia que apesar de serem bem 
definidas as atribuições do psicólogo no contexto educacional, o mesmo é visto 
pelos outros profissionais da educação através do conhecimento popular de 
uma prática voltada a área clínica, sendo o mesmo responsável pela 
disseminação desse conhecimento estigmatizado, onde lhe é atribuído: o 
diagnóstico e o acompanhamento clínico de profissionais e alunos ditos 
problemas; solucionar os problemas comportamentais, havendo uma 
resistência em relação as suas propostas de intervenção no ambiente escolar. 
Portanto, apesar de ter havido mudanças na forma como o psicólogo atua 
na escola, ainda o mesmo é percebido como alguém alheio ao processo 
escolar, pois muito ainda tem que ser feito para mudar a realidade que se faz 
presente, desse modo, as pesquisas em torno dessa problemática, deve ser 
responder as incógnitas sobre essa temática, conforme o contexto cultural e 
até mesmo geográfico de cada região do Brasil, o que contribui para traçar um 
perfil do psicólogo escolar brasileiro podendo aprimorar a atuação desse 
profissional, auxiliando no progresso do processo educacional como um todo. 
3. O Psicólogo Escolar e Educacional em Rondônia 
A fim de contextualizar o perfil do psicólogo escolar e educacional no 
Estado e conhecer a visão daqueles que estarão trabalhando com o mesmo 
fazendo parte da equipe escolar, reunimos e relatamos as pesquisas realizadas 
no estado de Rondônia sobre essa temática. 
Para tanto, existem três pesquisas realizadas no Estado pelas 
pesquisadoras Nascimento et al (2002), Tada, Sápia e Lima (2010) e Brasileiro 
e Souza (2010). A primeira pesquisa intitulada “O papel do psicólogo escolar: a 
visão deste pelos profissionais da educação das escolas estaduais de Pimenta 
Bueno – RO” teve como objetivo, apresentar as características do psicólogo 
escolar e como esse profissional é visto pelos profissionais da educação. Essa 
pesquisa foi baseada segundo a autora, em um estudo estatístico realizado em 
1997 que não teve continuidade devido à lotação dos profissionais em 
unidades escolares, onde foi possível perceber através dos dados levantados 
que havia um desconhecimento do papel do psicólogo escolar e que o mesmo 
era confundido com o psicólogo clínico, nesse momento do estudo, os 
psicólogos estavam recém-contratados pelo Estado e não haviam tido um 
contato com o ambiente escolar. Diante, da inserção desse profissional na 
prática houve por parte da pesquisadora a necessidade de contextualizar as 
funções atribuídas pelo psicólogo escolar e a visão que os profissionais da 
educação tinham acerca do mesmo, pois se percebeu que apesar da sua 
inserção e atuação no contexto educacional as distorções a respeito das suas 
atribuições ainda permaneciam. Portanto, na análise dos dados Nascimento 
(2002, p. 4), ressaltou que “dentro da escola a Psicologia Escolar não tem seu 
devido valor pelo desconhecimento, pouco tempo de implantação [...] e 
valorização social das atividades clínicas”, o que gera contendas entre o 
psicólogo e a equipe escolar podendo gerar dificuldades no desenvolvimento 
de suas intervenções na Instituição. 
O segundo trabalho publicado no Estado por Tada, Sápia e Lima (2010) 
intitulado: “Psicologia Escolar em Rondônia: formação e práticas” teve como 
objetivo responder aos questionamentos que se fazem presentes, acerca das 
críticas ao modelo clínico na formação e atuação dos psicólogos que dificultam 
a compreensão sobre o funcionamento escolar, buscando então conhecer 
como ocorre aformação e a atuação dos psicólogos da rede de ensino público 
em Rondônia. Nesse estudo, realizado com 38 psicólogos, as pesquisadoras 
chegaram à conclusão que a inserção desse profissional é recente em 
Rondônia, sendo a maioria dos psicólogos atuantes na rede de ensino 
estadual, ex-alunos da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), que até 
2005 possuía um enfoque clínico nas disciplinas de psicologia escolar, 
contribuindo para o enfoque clínico de atuação, foi verificado também que a 
maioria desses profissionais não fazem uma especialização para atuar na 
escola o que contribui para uma prática que desconsidera a complexidade do 
cotidiano escolar e as relações sociais ali contidas. 
O outro estudo intitulado “Psicologia, diretrizes curriculares e processos 
educativos na Amazônia: um estudo da formação de psicólogos”, realizado por 
Brasileiro e Souza (2010), evidenciou que houve um crescimento nos cursos de 
psicologia no âmbito do Ensino Superior privado no estado de Rondônia, e que 
existiu uma presença significativa da ênfase na formação do psicólogo para 
atuar com a dimensão educativa. Porém, o curso de psicologia oferecido pela 
Universidade Federal de Rondônia (UNIR), ainda possui um enfoque clínico e 
organizacional, apesar das mudanças que vem fazendo nas matrizes 
curriculares do curso, a fim de adequá-las as propostas das Diretrizes 
Curriculares estabelecidas para o curso no Brasil. 
Contudo, apesar das significantes contribuições adquiridas com as 
pesquisas realizadas no Estado ainda é necessário mais estudos que 
consigam abarcar a realidade de atuação do psicólogo escolar e educacional, 
mostrando os pontos que devem ser mudados e as possibilidades de 
aprimoramento de suas habilidades no intuito de promover uma inserção 
adequada e que contribua de maneira significativa para o Sistema Escolar 
como um todo. 
4. Metodologia 
4.1 Sujeitos 
Os sujeitos da pesquisa foram escolhidos devido aos cargos que ocupam 
na intuição pesquisada, pois além de serem profissionais que possuem contato 
com a escola como um todo, são responsáveis pela avaliação de queixas 
escolares e acompanhamento de encaminhamentos, incluindo os que são 
realizados ao profissional da psicologia. Adotamos como critério de seleção 
para a amostra a disponibilidade dos mesmos em aceitar participar da pesquisa 
e responder as perguntas do questionário que lhes foi entregue. 
O quadro contendo algumas características dos informantes, não tem por 
objetivo expor os participantes e sim contextualizar os leitores a cerca do perfil 
dos nossos colaboradores. Lembrando ainda que os nomes dos mesmos são 
todos fictícios, utilizando de nomes de flores para distingui-los. 
Quadro 1 – Características dos colaboradores, Rondônia, 2011. 
Nome Gênero Nível de escolaridade Cargo ocupado Tempo de Serviço 
Orquídea Feminino Superior Vice-diretora 22 anos 
Girassol Masculino Pós-graduado Supervisor educacional 15 anos 
Margarida Feminino Pós-graduada Coordenadora pedagógica 23 anos 
Petúnia Feminino Ensino Superior Orientadora educacional 28 anos 
Tulipa Feminino Pós-graduada Supervisora educacional 1 ano e 4 meses 
Bromélia Feminino Pós-graduada Orientadora 1 ano 
Fonte: questionários aplicados. 
Conforme os dados apresentados no quadro foram entregues oito 
questionários, dos quais retornaram seis para análise, estando entre os 
colaboradores uma vice-diretora, uma coordenadora pedagógica, duas 
orientadoras educacionais e dois supervisores, sendo um do sexo feminino e o 
outro do sexo masculino. De acordo com as informações obtidas através dos 
questionários, o tempo de atuação dos profissionais está em um máximo de 
vinte e oito e mínimo de um ano de trabalho, sendo a formação máxima pós-
graduação e a mínima em ensino superior. 
4.2 Instrumentos 
Os dados foram coletados através de um questionário composto por seis 
questões, que foi elaborado com base no roteiro de entrevista de Baía (2010), 
que utilizou um guião de entrevista com quatro categorias de análise, porém 
empregamos apenas duas dessas categorias, sendo estas: 1-Funções do 
psicólogo escolar e 4-Expectativas em relação ao psicólogo escolar, sendo 
apenas estas necessárias para atender os nossos objetivos. 
4.3 Métodos 
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa do tipo qualitativa, que se 
fundamenta em uma estratégia baseada em dados coletados em interações 
sociais ou interpessoais, analisadas a partir dos significados que os sujeitos 
e/ou pesquisadores atribuem ao fato (CHIZZOTTI, 2006). Para isto, adotamos 
a pesquisa descritiva onde “[...] os fatos são observados, registrados, 
analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira 
neles”, sendo coerente com a proposta de nosso estudo, pois permite a 
descrição dos dados coletados com maior flexibilidade e inferências. 
(ANDRADE, 1997, p. 104). 
4.4 Procedimentos 
O presente trabalho foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em 
Pesquisa da Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal (CEP). Desta 
maneira, procurou-se atender a todos os requisitos éticos envolvidos na 
pesquisa com seres humanos conforme estabelece a resolução do Conselho 
Nacional de Saúde- CNS 196/96, utilizando do Termo de Consentimento Livre 
e Esclarecido para aceite do colaborador em participar e responder ao 
questionário individual. O prazo atribuído aos colaboradores para entrega do 
questionário respondido foi de um dia, devido ao limitado número de questões. 
Após o recebimento dos questionários, os mesmos foram transcritos e o 
dados foram submetidos à técnica de análise de conteúdo, que “[...] se aplica a 
análise de textos escritos ou de qualquer comunicação (oral, visual, gestual) 
reduzida a um texto, tendo como objetivo, compreender criticamente o sentido 
das comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente, as significações 
explicitas ou ocultas” (CHIZZOTTI, 2006, p. 98). A análise resultou em duas 
categorias de pensamentos: 1- o papel do psicólogo escolar e educacional; e 2- 
as expectativas em torno da atuação do psicólogo na escola. 
5. Análise e Discussão dos Resultados 
Os dados coletados são recortes das repostas mais significativas 
encontradas no questionário aplicado aos colaboradores, sendo importante 
ressaltar que optamos por relatar apenas algumas falas, devido todos os 
participantes terem as mesmas opiniões sobre a temática pesquisada. 
Portanto, essas questões serão analisadas dentro de duas categorias 
previamente estabelecidas. 
Na categoria o papel do psicólogo escolar e educacional, observamos 
que a maiorias dos educadores nunca tiveram contato com esse profissional 
em seu ambiente laboral, e mesmo aquele que teve essa experiência 
desconhece o papel desse profissional. 
O trabalho do psicólogo na escola é auxiliar os alunos com dificuldade e os professores no 
ensino-aprendizagem. Nunca trabalhei com um psicólogo escolar. Mais um psicólogo na 
escola ia ajudar e muito, nos alunos com dificuldade. (Bromélia) 
 
O psicólogo detecta e tenta solucionar os problemas que interferem na aprendizagem e no 
relacionamento dos alunos. Já trabalhei com um psicólogo voluntário na escola, mas não 
sei o que ele realmente faz. Com o psicólogo aqui, muitos problemas iam ser sanados. 
(Petúnia) 
 
Trabalhar com os alunos que necessitam de ajuda, crianças com dificuldade de 
aprendizagem. Nunca trabalhei com um psicólogo e não sei quais as atividades dele na 
escola (Girassol). 
Diante desses relatos, percebemos uma visão distorcida do papel do 
psicólogo escolar, atribuindo ao mesmo o poder de diagnosticar, curar e 
resolver os problemas da escola, mostrando uma visão de trabalho 
individualizado voltado ao aluno “problema”,professor e família. A sua inserção 
mágica, parece ausentar os demais atores da escola de suas 
responsabilidades pelo fracasso escolar. 
No entanto esse desconhecimento pode ser entendido ao recorrermos aos 
aspectos históricos enraizados na inserção da psicologia dentro da educação 
apresentados anteriormente. Onde o mesmo foi inserido nesse contexto para 
sanar os elevados índices de fracasso escolar no país, sem que tivessem 
pressupostos teóricos e instrumentos próprios da área que lhe auxiliassem em 
sua prática, impulsionando-o a desenvolver um trabalho clínico dentro da 
escola, onde somente após os anos 80 iniciaram-se críticas a esse modelo de 
atuação (SOUZA, 2009; TULESKI et al, 2005). 
No entanto esses conceitos históricos enraizados na prática do psicólogo 
tem sido passado pelo próprio profissional através das suas ações 
desenvolvidas nas escolas, à medida que o psicólogo não trabalha no sentido 
de desmistificar esse conceito (NASCIMENTO et al, 2002). Nesse sentido, é 
necessário que além de mudanças nas diretrizes curriculares e nas leis que 
amparam e estabelecem a prática do profissional no país, haja um rompimento 
com essa posição histórica, através do combate aos elementos ideológicos 
presentes em seu interior, resistindo ao consultório particular e disseminado 
conhecimentos voltados para a realidade brasileira, trabalhando com uma 
postura ética e crítica, voltado para uma prática que esteja além dos muros da 
escola (GUZZO et al, 2010). 
Portanto, devemos repensar as práticas que vem sendo disseminadas no 
nosso Estado e até mesmo país, e que precisam ser mudadas para que se 
desmistifiquem essa ideia de psicólogo escolar construído historicamente, no 
intuito de favorecer a inserção desse profissional como parte da equipe escolar 
e na construção de profissionais com o olhar voltado para a totalidade 
institucional. 
Na categoria aexpectativa em torno do psicólogo na escola, a equipe 
técnico-pedagógica apresenta uma expectativa que o psicólogo trabalhe com 
uma prática clínica, voltada ao diagnóstico e atendimentos terapêuticos 
individualizados. 
Gostaria do psicólogo na escola para trabalhar com atendimento individual a alunos pais e 
professores. (Tulipa) 
 
Gostaria sim de ter no meu trabalho um psicólogo escolar, porque esse profissional tem 
conhecimento para detectar os problemas e trabalhar com os alunos, professores, família 
e funcionários da escola com acompanhamentos e terapias. (Orquídea) 
 
Gostaria de trabalhar com um psicólogo, porque ele poderia ajudar os alunos, professores, 
pais e funcionários a resolver os seus problemas, através de conversas individuais e em 
grupos. (Margarida) 
O que possivelmente tem contribuído para que essas expectativas se 
tornem presentes pode ser explicados através dos resultados das pesquisas 
realizadas no Estado de Rondônia, ao evidenciar que o psicólogo ainda possui 
uma prática amparada por cursos que possuem em suas matrizes curriculares 
uma ênfase clínica e que o próprio psicólogo contribui para que esse conceito 
não se desfaça, pois mesmo depois da sua inserção no ambiente educacional 
o mesmo não procura especializações na área que contribuam para o 
aperfeiçoamento da sua prática no contexto escolar (BRASILEIRO; SOUZA, 
2010; NASCIMENTO et al, 2002; TADA; SÁPIA; LIMA, 2010). Outro fator 
importante é o fato de existir um número limitado de pesquisas sobre a 
temática no nosso estado, o que pode contribuir para a manutenção da prática 
clínica entre a classe atuante. 
Ao analisarmos o tempo de serviço dos pedagogos pesquisados, que varia 
de um a vinte e oito anos de labor, percebemos que mesmo os profissionais 
com menor tempo de formação ainda atribuem ao psicólogo uma expectativa 
de atuação nos moldes clínicos, demonstrando que essa prática ainda é 
idealizada mesmo por aqueles que a pouco tempo saíram da graduação. Isso 
se evidencia, mesmo com a formação continuada de quatro dos nossos 
colaboradores, permitindo inferir que ainda há um significativo trabalho a ser 
desenvolvido para mudar essas distorções sobre a atuação do psicólogo que 
permanece em nosso Estado. 
Portanto Andrada (2005) reforça com muita propriedade que esse trabalho 
de mudanças que deve partir dos próprios psicólogos, relatando que esse 
profissional é bastante requisitado, mas é pouco compreendido pelos 
profissionais da educação. Ressaltando que através de uma prática com base 
nos princípios de totalidade, onde o sistema não pode se desenvolver baseado 
em um só indivíduo, e da reflexão sobre seu papel no contexto educacional, 
como sendo parte de um sistema, o mesmo pode e deve desenvolver 
pesquisas pautando-se em práticas que vão além dos muros da universidade, 
rompendo com os pressupostos ideológicos dos consultórios clínicos, podendo 
mudar a visão dos atores da escola. 
Com isto, o psicólogo poderá desenvolver uma atuação que agregue mais 
conhecimentos práticos às publicações brasileiras, mudando a visão 
individualizada para uma visão integrada da escola. Promovendo nos 
estagiários de psicologia, que estão iniciando as suas vivências nesse 
contexto, e também nos educadores, reflexões que contribuam para a 
desmistificação das expectativas geradas em torno do trabalho realizado pelo 
psicólogo escolar e educacional, gerando consequentes mudanças na 
percepção da própria comunidade a cerca das suas funções nessa área de 
trabalho. 
6. Considerações Finais 
Diante das teorias a que tive acesso e do ambiente de estágio, 
observamos que esses conceitos enraizados na história da psicologia como 
ciência e essencialmente na atuação do psicólogo escolar, influenciaram 
significativamente nossa recepção na instituição e, de certa maneira, 
dificultaram a realização de trabalhos baseados na análise dos contextos 
históricos e culturais do ambiente e dos sujeitos envolvidos no processo de 
escolarização. 
Segundo Andrada (2005), o psicólogo vem sendo muito requisitado para 
atuar junto à equipe escolar, mas ainda é compreendido como aquele que trata 
os alunos problema, os devolvendo a sala de aula bem ajustados, 
caracterizando esta, uma visão de intervenção clínica que deve ser abolida das 
escolas, por parte de diretrizes que fundamentem a atuação desse profissional. 
Essa distorção ocorre devido a vários fatores, porém entre eles se destaca o 
percurso histórico da psicologia dentro do âmbito educacional, que se apoiava 
anteriormente em instrumentos próprios da clínica para intervir no contexto 
educacional, partindo de uma psicologia voltada a práticas individualizadas e 
psicometrista, mas que atualmente necessita estabelecer novas intervenções e 
se desvencilhar das marcas históricas deixados no passado (ANDRADA, 2005; 
TULESKI et al, 2005). 
No entanto sabemos que isso não é uma tarefa fácil, pois existem ainda 
muitos profissionais da educação que desconhecem o papel do psicólogo 
escolar e educacional e atribui uma expectativa clínica a sua atuação. Isso 
dificulta a inserção do psicólogo no contexto educacional, porém nos possibilita 
pensar em novas perspectivas de atuação que desmistifiquem essa visão 
distorcida, trabalhando pra disseminar uma prática crítico–reflexiva no contexto 
educacional, vendo a escola como um sistema constituído de relações. 
Tão logo cabe a todos nós refletir que diante das dificuldades encontradas 
até mesmo por muitos psicólogos em desenvolver uma prática voltada para 
desmistificação desses conceitos, como podemos esperar que a equipe 
técnico-pedagógica, com formação em outra área, e com um contato somente 
com psicólogos clínicos, atribua ao psicólogo outro papel. 
Portanto, mediante esses resultados, é possível perceber o árduo e longocaminho que ainda temos que percorrer ao falarmos na atuação do profissional 
de psicologia no cenário educacional. Assim sendo, esperamos que novas 
pesquisas sejam desenvolvidas sobre a temática e que estas possam contribuir 
para uma melhor compreensão da atuação do psicólogo no contexto escolar, 
enriquecendo ainda mais os pressupostos teóricos nacionais para a 
consolidação da prática do psicólogo como parte integrante do Sistema 
Escolar. 
 
Fonte: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/o-papel-do-psicologo-escolar-e-
educacional-a-visao-da-equipe-tecnico-pedagogica-sobre-sua-atuacao © Psicologado.com

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