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Contabilidade
Comercial
Irma Filomena Lobosco
2016
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Sumário
Introdução................................................................................................................................01
1. Constituição de Empresas Comerciais.................................................................................03
1.1. Evolução do Comércio......................................................................................................04
1.2. Conceitos de Comércio e Tipos de Entidades Mercantis.................................................05
1.3. A Atividade Comercial no Direito Empresarial.................................................................07
2. Operações Típicas de Empresas Comerciais.........................................................................16
2.1. Compreendendo as Operações........................................................................................17
3. Operações Financeiras.........................................................................................................35
3.1. Operações Financeiras - Conceitos..................................................................................36
3.2. Instrumentos Financeiros................................................................................................36
3.3. Aplicações Financeiras.....................................................................................................41
3.4. Empréstimos e Financiamentos.......................................................................................46
4. Operações com Pessoal........................................................................................................53
4.1. Aspectos Importantes em Operações com Pessoal..........................................................54
5. Ajustes, Provisões e Reconhecimento da Depreciação e Amortização................................62
5.1. Conceitos Importantes e Aplicações Práticas....................................................................63
6. Demonstrações Contábeis....................................................................................................76
6.1. Apresentação das Demonstrações Contábeis e Resultado do Exercício............................77
Respostas Comentadas............................................................................................................89
Referências Bibliográficas.......................................................................................................101
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Introdução
Caro(a) Aluno(a)!
A atividade comercial é uma necessidade humana conforme se pode constatar ao se
estudar a história de povos antigos. O comércio consiste na troca de mercadorias por
dinheiro ou por outras mercadorias (escambo), para satisfação das necessidades das partes
envolvidas e o comerciante é um facilitador desse processo.
Como sabemos, a contabilidade é uma ciência social e, como tal, acompanha sempre a
evolução da sociedade e das ações humanas. Assim, a partir do momento em que se inicia o
desenvolvimento do comércio é natural que se desenvolva também um ramo da
contabilidade específico para essa atividade.Dessa forma, surgiu a Contabilidade Comercial,
como um ramo específico da contabilidade para o controle do patrimônio das empresas
comerciais.
É importante salientar que a Contabilidade Comercial é uma ramificação da
Contabilidade. Em sua abrangência, a contabilidade tem a função de manter o registro de
todos os fatos contábeis que decorram das decisões gerenciais, mantendo o controle
econômico, financeiro e patrimonial da entidade.
Por meio da leitura da apostila e desenvolvimento das demais atividades propostas,
você poderá obter uma base sólida de conhecimentos nos temas pertinentes à disciplina,
para que alcance o domínio dos conceitos e das técnicas da Contabilidade Comercial
estudada em suas especificidades, cujo campo de aplicação é a atividade comercial, sendo
pertinente a todas as operações de compra e venda de mercadorias.
No decorrer da nossa disciplina você terá oportunidade de aprender mais sobre os
seguintes conteúdos:
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Definições de comércio e de empresa comercial, aspectos relativos à constituição das
empresas comerciais e outras terminologias adotadas no contexto da disciplina;
Registros contábeis pertinentes às operações com mercadorias, especialmente compras
e vendas de mercadorias e a tributação dessas operações. Será abordada, também, a
necessidade de reconhecimento de perdas esperadas na realização de créditos de
liquidação duvidosa;
Registros contábeis pertinentes a operações envolvendo instrumentos financeiros;
Registros contábeis envolvendo operações com pessoal (salário, encargos e outras
verbas);
Reconhecimento da depreciação e amortização e de eventual ajuste para refletir
perdas por desvalorização;
Elaboração e apresentação das Demonstrações Contábeis, de acordo com o
Pronunciamento CPC26(R1) que estabelece os critérios para estrutura e apresentação das
Demonstrações Contábeis.
Por fim, é importante ressaltar que o objetivo desta disciplina é contribuir para que
você desenvolva a compreensão dos principais procedimentos contábeis referentes aos
registros dos fatos que são relacionados às empresas comerciais, com ênfase nas operações
mercantis, para que sejam adotadas as práticas mais adequadas, que permitam registrar e
interpretar os resultados gerados e possibilitem identificar o lucro das operações comerciais.
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Contabilidade Comercial
Unidade 1
Constituição de Empresas Comerciais
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1 Constituição de Empresas Comerciais
Esta unidade aborda a atividade do comércio em termos históricos e conceituais.
Falaremos sobre os tipos de sociedades mercantis e os aspectos legais para sua abertura e
funcionamento.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Contextualizar a atividade do comércio desde sua origem até nossos dias;
Conceituar comércio e entidade comercial;
Comentar sobre os tipos de sociedades mercantis;
Compreender o processo de constituição e funcionamento das empresas.
1.1. Evolução do Comércio
Vamos tentar imaginar a história da civilização. Quais os desafios que os seres
humanos superaram para chegar até os dias de hoje? É possível pensarmos que houve um
período em que o ser humano vivia em grupos, buscando sobretudo se proteger de animais
selvagens e procurando alimentos para garantir sua sobrevivência.
Aos poucos, os seres humanos passaram a constituir famílias e criaram condições para
convivência entre grupos. A agricultura se desenvolveu e também atividades pecuárias, a
pesca e outras. Algumas famílias ou indivíduos se especializaram em determinada produção
e passaram a ter excedentes de produção. Surgiram dificuldades para armazenar e conservar
o que foi produzido e o desejo de obter alimentos e objetos produzidos por terceiros.
Para ilustrar este ponto, é interessante mencionar a excelente obra“Introdução à
Teoria da Contabilidade” de Iudícibus et al (2009) a respeito da evolução da contabilidade,
que descreve a vida de um pastor de ovelhas, seu interesse em contar seu rebanho, em
comparar seu desempenho com vizinhos e trocar a lã por ele produzida por instrumentos de
caça e pesca, mesmo em uma época em que não existiam a escrita, os números e a moeda.
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Os autores também mencionam o surgimento da moeda como base de troca por volta do
ano 2.000 A.C.
Fato é que a partir do momento em que grupos diferentes passam a se relacionar abre-
se a possibilidade das trocas de alimentos e objetos. Alguns estudiosos consideram que neste
momento surgiram também as dificuldades de se definir um valor para cada coisa, pois a
tendência natural é que o dono sempre considere o que é seu mais valioso do que o que é
do outro. Teria surgido daí a ideia de se atribuir valor às coisas, funcionando como uma
espécie de moeda e, posteriormente, a moeda metálica foi criada dando início ao que
chamamos de economia de mercado.
Com a moeda, surgiu a figura do comerciante, na condição de um intermediário que
poderia adquirir uma mercadoria em determinado lugar para revender a terceiros
(consumidores).
A evolução do comércio desde então é notável: feiras livres, grandes mercados,
milhares de estabelecimentos fixos, grandes shoppings centers e mais recentemente o
comércio eletrônico. É interessante notar que a própria moeda também evoluiu com o
tempo. Existem registros de utilização de pedras preciosas, moedas metálicas, produtos
como pele de animais, o sal (que teria dado origem à palavra salário) e outros, até
chegarmos aos tempos atuais em que existem diversos meios de pagamentos (moedas,
notas, cheques, cartões de crédito e outros).
1.2. Conceitos de Comércio e Tipos de Entidades Mercantis
O objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio da entidade. A contabilidade tem
por objetivo fornecer aos usuários informações úteis para a tomada de decisões. A relevância
de uma informação se dá em função do seu valor preditivo (auxilia a fazer projeções, mesmo
que de forma indireta) e confirmatório (consegue retroalimentar as avaliações que foram
feitas previamente, confirmando ou não a expectativa que havia sido formada).
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É importante notar que nãoexistem várias contabilidades. A Ciência Contábil é uma só.
O que existem são especializações que atendem a questões típicas de certos ramos de
atividade. Dessa forma, de modo simples, Contabilidade Comercial é o ramo da contabilidade
aplicado ao estudo do patrimônio das empresas comerciais.
O comércio é um setor muito importante para a economia que qualquer país e,
conforme exposto anteriormente, é nítido que sua evolução continuará ocorrendo de muitas
formas.
Em termos conceituais, Iudícibus e Marion (2009) destacam os termos comércio,
comerciante e consumidor. O “Comércio” ou “operação comercial” é a troca de mercadorias
por dinheiro ou por outras mercadorias. É papel do “Comerciante” aproximar os vendedores
dos “consumidores”, que terá à disposição os bens e serviços que podem satisfazer suas
necessidades. Para os autores, as entidades mercantis (ou comerciais) podem ser
“atacadistas” ou “varejistas”, dependendo da função que exercem. As empresas atacadistas
não vendem diretamente ao consumidor final, tem como principais clientes empresas
industriais e agrícolas que utilizam as mercadorias como matéria-prima e muitas vezes
agregam mais trabalho e produzem um novo produto. As varejistas atuam no comércio de
bens de consumo que em geral vão diretamente para o consumidor final.
Ultimamente, embora não faça parte de uma divisão clássica das entidades comerciais,
ARTIGO
Um dos melhores artigos escritos sobre a contabilidade é o texto “Contabilidade:
aspectos relevantes da epopeia de sua evolução”, de Sérgio de Iudícibus, Eliseu
Martins e Luiz Nelson Carvalho, publicado em 2005 na revista Contabilidade &
Finanças da USP.
Disponível em <http://www.revistas.usp.br/rcf/article/view/34155/36887> Acesso
em: 28 ago, 2016.
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o mercado já fala muito em Atacarejo. Este seria um neologismo para designar um nicho de
mercado que pretende contar com os preços mais baixos encontrados normalmente no
Atacado e ao mesmo oferecer alguns dos serviços geralmente oferecidos pelo Varejo. É uma
modalidade que vem crescendo muito no país.
É importante que você perceba que por trás de algumas definições simples e uma
lógica secular de comprar e revender por um preço superior existem infinitas possibilidades.
Com a criatividade, o espírito empreendedor e as novas tecnologias, tem surgido inúmeras
formas de comércio e muitas outras serão criadas, a evolução continuará a existir de forma
intensa.Ao mesmo tempo, isso traz desafios para o setor em relação à tributação, questões
jurídicas, logística, atendimento, gestão e outras. Nesse sentido, para os contadores
vislumbram-se grandes oportunidades no setor.
1.3 A Atividade Comercial no Direito Empresarial
O Novo Código Civil (NCC), instituído pela Lei 10.406/02, trouxe diversas modificações e
passou a regular o Direito de Empresa. O art. 966 considera empresário “quem exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens
ou de serviços”.
Por outro lado, a mesma Lei considera não empresário quem exerce profissão
intelectual, de natureza científica ou artística, ainda que seja com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento empresa. São exemplos
de não empresários o médico (consultório), advogado ou dentista. Caso o médico se una a
outros constituindo um hospital teríamos uma atividade empresarial (Iudícibus e Marion,
2009).
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Antes do NCC as sociedades eram divididas em Comercial e Civil, após as modificações
passaram a ser denominadas como Sociedade Empresária (exercem atividades próprias de
empresários) e Sociedade Simples (demais atividades, que nãosão exercidas por empresário
considerando o conceito acima mencionado).
A obrigatoriedade de manter contabilidade está estabelecida no art. 1.179 do NCC, que
determina que o empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de
contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em
correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço
patrimonial e o de resultado econômico. A exceção legal é para o pequeno empresário.
O NCC também determina que além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável
o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou
eletrônica. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas,
antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantil.
Essa autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade
empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios. A escrituração ficará sob a
responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na
localidade. A lei determina que a escrituração será feitaem idioma e moeda corrente
nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em
branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens,
permitindo o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de livro próprio,
regularmente autenticado.No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e
LINK
O “Livro II” da Lei 10.406/02 trata do Direito de Empresa e caracteriza Empresário,
Sociedade, Estabelecimento e Instrumentos Complementares (Registro, Nome
Empresarial, Prepostos, Escrituração).
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm
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caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as
operações relativas ao exercício da empresa.Admite-se a escrituração resumida do Diário,
com totais que não excedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações
sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros
auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado, e conservados os
documentos que permitam a sua perfeita verificação.Serão lançados no Diário o balanço
patrimonial e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico em
Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária.
Antes da promulgação do novo Código Civil, a divisão de sociedades constituía-se em
Comercial para as atividades mercantis ou Civil quando eram relacionadas com a prestação
de serviços.
Na atualidade, as sociedades dividem-se em Empresária e Simples, conforme o quadro
resumo que apresenta os tipos de sociedades a seguir:
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TIPOS DE SOCIEDADES
NCC TIPOS CARACTERISTICAS
Não personificada
(não inscrita : constituída
de forma oral e
documental, porém não
registrada
Sociedade Comum
- sociedade de fato, sem
registro)
- Sociedade em conta de
participação
Em ambas, aplicam-se as
disposições da Sociedade
Simples.
Os sócios respondem
solidária e ilimidatamente
pelas obrigações .
Também conhecida como
sociedade irregular
Um dos sócios é
classificado como ostensivo
( é o empreendedor que
assume o negócio e todas
as responsabilidades. Os
outros sócios são
participantes dos
investimentos.
Personificada
(legalmente constituída e
registrada no órgão
competente para ser
denominada de pessoa
jurídica)
Empresária
- Atividade própria do
empresário com registro
na junta comercial
Simples
- Atividade de não
empresário com registro
no cartório civil
Cooperativas
- Legislação especial e
Novo Código Civil
- Sociedade em nome
coletivo
- Sociedade em comandita
simples
- Sociedade limitada
- Sociedade por ações (lei
das S/As)
- Sociedade em comandita
por ações (Lei das S/As)
- Sociedade Simples ou
Sociedade em Nome
Coletivo
- Sociedade em Comandita
Simples
- Sociedade Limitada
- Cooperativa
- Responsabilidade dos
sócios limitada
- Responsabilidade dos
sócios
ilimitada
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Quadro 1 – Resumo das Sociedades
Fonte: Iudícibus e Marion (2010, p.35)
O NCC também trata, em seu artigo 1.187, do que chama de “coleta dos elementos
para o inventário”, que deverão seguir os seguintes critérios de avaliação:
I - os bens destinados à exploração da atividade serão avaliados pelo custo de aquisição,
devendo, na avaliação dos que se desgastam ou depreciam com o uso, pela ação do tempo
ou outros fatores, atender-se à desvalorização respectiva, criando-se fundos de amortização
para assegurar-lhes a substituição ou a conservação do valor;
II - os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que constituem
produtos ou artigos da indústria ou comércio da empresa, podem ser estimados pelo custo
de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este for inferior ao preço
de custo, e quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor do custo de aquisição,
ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre este e o
preço de custo não será levada em conta para a distribuição de lucros, nem para as
percentagens referentes a fundos de reserva;
III - o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base na
respectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não acionárias
serão considerados pelo seu valor de aquisição;
IV - os créditos serão considerados de conformidade com o presumível valor de realização,
não se levando em conta os prescritos ou de difícil liquidação, salvo se houver, quanto aos
PARA PENSAR
Você acredita que os assuntos contábeis como demonstrações, forma de
reconhecimento e mensuração, etc, deveriam necessariamente ser regulados por lei
ou poderiam ser objeto de recomendação e normatização por um órgão de
especialistas em contabilidade com reconhecimento da sociedade para tal
finalidade?
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últimos, previsão equivalente.
Vejamos, agora, outras determinações do NCC sobre a Escrituração, agora a respeito
dos valores que podem figurar no Ativo.
Entre os valores do ativo podem figurar, desde que se preceda, anualmente, à sua
amortização:
I - as despesas de instalação da sociedade, até o limite correspondente a dez por cento do
capital social;
II - os juros pagos aos acionistas da sociedade anônima, no período antecedente ao início das
operações sociais, à taxa não superior a doze por cento ao ano, fixada no estatuto;
III - a quantia efetivamente paga a título de aviamento de estabelecimento adquirido pelo
empresário ou sociedade.
O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da
empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais,
indicará, distintamente, o ativo e o passivo. A lei especial disporá sobre as informações que
acompanharão o balanço patrimonial, em caso de sociedades coligadas.O balanço de
resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço
patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial.
O NCC também impõe restrições a diligências para verificar se estão sendo observadas
as formalidades em lei. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou
tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o
empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as
formalidades prescritas em lei.O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e
papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão,
comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de
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falência.O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a
requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam
examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, oude pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão. Achando-se
os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz.
O NCC também detalha procedimentos em casos de recusas. Cumpre salientar que as
restrições estabelecidas ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às
autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos
estritos das respectivas leis especiais.
O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda
a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não
ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados.As disposições da lei
também se aplicam às sucursais, filiais ou agências, no Brasil, do empresário ou sociedade
com sede em país estrangeiro.
Saiba Mais
Esta parte do NCC que trata da contabilidade foi muito criticada por importantes estudiosos
da contabilidade em nosso país e, por isso mesmo, passou a ser praticamente “letra morta”.
As empresas em geral seguem as normas brasileiras de contabilidade emitidas pelo Conselho
Federal de Contabilidade e a legislação societária. Para que você tenha uma ideia melhor do
assunto e possa saber exatamente o que deve ou não deve ser utilizado, mantivemos no
texto da apostila alguns dos pontos principais do NCC, para dar conhecimento do assunto,
mas é altamente sugerida, senão indispensável, a leitura conjunta do item 1.6 – Código Civil
do Manual de Contabilidade Societária – Fipecafi, em que os autores qualificam os artigos da
lei que falam da parte contábil como “atrocidades” e analisam mais profundamente o tema
(Iudícibus et. al. SãoPaulo: Atlas, 2010).
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Minicase
Nascida em 1971 em Seattle (EUA), a Starbucks é hoje a maior rede de cafeterias do mundo,
com 22 mil lojas. No Brasil, as operações começaram em 2006 e hoje são 96 lojas da marca
no País, concentradas em São Paulo e Rio de Janeiro.
O desafio da loja no Brasil é reproduzir a mesma experiência que o cliente tem nos Estados
Unidos.
Com um ritmo de expansão acelerada, a Starbucks acaba de inaugurar um centro de
treinamento, o Coffe College, no qual serão oferecidas aulas para todos os funcionários.
Muitas empresas fazem treinamento por meio de vídeos ou pelo computador mas a empresa
decidiu que em função do momento de implantação da marca seria importante ter a equipe
mais próxima e fazer treinamentos ao vivo. A empresa considera isso uma inovação em
relação à prática do setor.
Os cafés utilizados pelas lojas são fornecidos de três áreas distintas: América Latina, África e
Ásia-Pacífico e os nossos fornecedores são pequenos agricultores que produzem pequenos
lotes de café. Na Costa Rica, onde está um dos centros de apoio ao agricultor,há uma fazenda
com instalações para pesquisas. Por exemplo, foram desenvolvidas 180 mil mudas de café
resistente à ferrugem (um tipo de praga) e recentemente a marca lançou bebidas específicas
para o Brasil, comodrinks gelados à base de café e um cappucino de iogurte.
O café expresso responde por aproximadamente 50% das vendas. Os outros 50% são outras
bebidas, como blends, cappuccinos e bebidas refrescantes.
Texto adaptado de:
www.fecomercio.com.br/noticia/starbucks-investe-em-treinamento-e-inovacao-para-consolidar-marca
1) Tendo em vista a experiência da empresa citada, como você vê a importância do
treinamento de pessoal e da inovação para o desenvolvimento daquela empresa e para o
comércio em geral?
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2) Resumidamente, qual a importância da contabilidade em grupo de empresas que tem 22
mil unidades espalhadas por vários países do mundo?
Recapitulando
Nessa unidade você aprendeu que:
O comércio é a troca de mercadorias por dinheiro ou por outras mercadorias.
Comerciante é aquele que tem a missão de aproximar vendedores e consumidores para que
este último tenha à disposição bens e serviços que possam satisfazer suas necessidades;
A Contabilidade Comercial é o ramo da contabilidade aplicado ao estudo do patrimônio
das empresas comerciais;
As entidades mercantis são usualmente classificadas como de Atacado e Varejo.
Ultimamente vem se desenvolvendo o chamado “Atacarejo”;
O Novo Código Civil (NCC) trouxe diversas modificações e passou a regular o Direito de
Empresa. A parte contábil do NCC foi muito criticada por especialistas.
Explorando seu Conhecimento
1. A atividade comercial é própria da natureza e das necessidades humanas. Em no máximo 5
linhas e considerando o conteúdo estudado neste capítulo, expresse o que é comércio e
como se deu a sua evolução histórica.
2. Têm-se uma empresa, quando duas ou mais pessoas juntam seus recursos financeiros
ou materiais para constituir uma sociedade. Diante dos esclarecimentos sobre o
significado de empresa, apresente a definição da empresa comercial e o objetivo da
contabilidade comercial.
3. Considerando a divisão entre Empresário ou Autônomo e Sociedade Empresária ou
Sociedade Simples, explique o que é Empresário.
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Contabilidade Comercial
Unidade 2
Operações Típicas de Empresas
Comerciais
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2 Operações Típicas de Empresas
Comerciais
Esta unidade aborda as operações mais usuais nas empresas comerciais, especialmente
compra e venda de mercadorias. Também trata da apuração e registro dos impostos
incidentes sobre tais operações e os métodos e sistemas de registro das operações com
mercadorias.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Identificar quais as principais operações com mercadorias típicas de empresas
comerciais;
Compreender a sistemática de apuração e registro dos impostos incidentes sobre as
operações com mercadorias;
Comentar sobre os métodos e registros as operações com mercadorias.
2.1. Compreendendo as Operações
Teremos agora a oportunidade de entender melhor as operações com mercadorias
típicas de empresas comerciais. E qual a atividade básica das empresas comerciais?
Evidentemente a compra e venda de mercadorias, para obtenção de lucro. Mas nem tudo é
tão simples assim. Vamos ver também questões relacionadas ao controle do estoque e a
tributação incidente nessas operações. Vamos lá?
Bem, como sabemos, as empresas comerciais normalmente compram e vendem
mercadorias. Essa operação, aparentemente simples, implica em diversas análises e
consequências para a gestão empresarial. Quanto comprar? Quanto deve ser mantido em
estoque? Como controlar o estoque para que nãofalte produto na hora da venda e ao
mesmo não haja um excesso que implique em gastos de armazenagem, seguro e outros? Se
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o estoque for excessivo a empresa poderá ter perdas por deterioração ou obsolescência das
mercadorias estocadas. Qual o impacto dos tributos incidentes na hora da compra e na
venda das mercadorias? Como as operações são registradas contabilmente? Qual o impacto
nas demonstrações contábeis da empresa?
As operações comerciais têm início com a aquisição de mercadorias junto a seus
fornecedores, podendoocorrer à vista ou a prazo. Esse é um aspecto extremamente
importante para a gestão de caixa das empresas, pois pagar pelas compras antes de receber
pelas vendas pode gerar dificuldade de caixa para a empresa. Muitas vezes, porém, isso
ocorre mesmo quando a empresa atenta para essa questão, dependendo do poder de
negociação dos compradores e dos fornecedores, entre outros fatores. É um dos motivos que
pode trazer um maior grau de complexidade à gestão do caixa.
As mercadorias adquiridas são mantidas em Estoque que para Szuster et al. (2008),
corresponde a toda aplicação de recursos diretamente relacionada com a atividade-fim da
empresa e que irá gerar benefícios econômicos futuros (expectativa de auferir receita).
Padoveze (2008), Ribeiro (2011), Iudícibus e Marion (2009) e Szuster et al. (2008)
exemplificam a sistemática de registro contábil das operações com mercadorias que para fins
deste trabalho pode ser demonstrado a partir do exemplo de um balanço e das operações
abaixo:
Balanço inicial
Ativo Passivo e PL
Estoques 100 PL 100
Total 100 100
VÍDEO
Administração: Controle de Estoque
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3sZwxQE9Cys
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Essa hipotética situação inicial mostra a existência de estoques de R$100 registrados no
Ativo (bens e direitos) da empresa. A empresa não tem passivos (obrigações) e tem um
patrimônio líquido de R$100 que, como se observa, está totalmente aplicado em estoques.
Qual seria o efeito de se fazer uma nova compra neste momento? Vamos imaginar que
esta seja uma empresa que compra e vende relógios. Supondo a compra de mais um relógio
por R$25, a prazo, o que aconteceria no nosso Balanço? Contabilmente, sabemos que como
consequência do famoso método das partidas dobradas, teremos sempre que pensar no
efeito em pelo menos dois lugares. Nesse caso, quais seriam os efeitos? Por um lado,
teríamos que aumentar o valor dos estoques em R$25 e, por outro, reconhecer a dívida com
o fornecedor, já que a compra é a prazo. Acontece que na contabilidade, para que isso
aconteça, é necessário se fazer um lançamento contábil (com débitos e créditos) para que
isso se efetive. Como seria o lançamento?
Primeiramente, é importante lembrar que ativos e despesas tem natureza devedora
enquanto passivos, patrimônio líquido e receitas tem natureza credora. Se uma conta tem
natureza devedora (caso dos ativos e das despesas) para aumentar seu saldo precisamos
GLOSSÁRIO
Ativo: Recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados do
qual se esperam benefícios econômicos futuros para a entidade.
Disponível em http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=79Acesso em 05.09.2016
Passivo: Obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos,, cuja
liquidação se espera resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios
econômicos.
Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=79 Acesso em 05.09.2016
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fazer um débito e para diminuir teríamos que fazer um crédito. O raciocínio é semelhante
com as contas credoras (passivos, patrimônio líquido e receitas). Se é credora devo fazer um
novo crédito para aumentar um saldo e um débito diminuiria este mesmo saldo.
Vale lembrar que o Estoque é uma conta de ativo (bens e direitos), portanto de natureza
devedora. Para aumentar o saldo da conta, considerando o aumento do estoque e o fato de
que essa conta é devedora, devemos fazer um débito (e um crédito se quisermos diminuí-la).
Sabemos, então, que a conta deverá ser debitada em R$ 25 pela nova compra. Mas, se temos
R$25 em débitos, temos necessariamente que ter R$25 em créditos. Esses outros R$25 serão
para reconhecer o passivo (obrigação) com o fornecedor. Assim, teríamos:
D – Estoques (Ativo) $25
C – Fornecedores (Passivo) $25
E como ficaria o balanço após esse lançamento?
GLOSSÁRIO
Estoques são ativos:
(a) mantidos para venda no curso normal dos negócios;
(b) em processo de produção para venda; ou
(c) na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transformados
no processo de produção ou na prestação de serviços.
Disponível em:
http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/243_CPC_16_R1_rev%2003%2
0(2).pdf Acesso em 05.09.2016.
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21
Ativo Passivo e PL
Estoques 125 Fornecedores 25
PL 100
Total 125 125
O estoque foi aumentado em R$25 passando de R$100 para R$125. A conta
“fornecedores” agora registra a dívida de R$25. É importante notar que o PL (Patrimônio
Líquido) continua inalterado pois representa a riqueza da empresa e esta não se alterou, já
que ao mesmo tempo que temos um novo ativo, temos também nova dívida. Uma alteração
no PL só ocorre quando temos Receitas ou Despesas, como veremos mais à frente.
Caso vendêssemos um relógio, não o faríamos pelo valor de R$25 que é o valor de custo,
venderíamos, por exemplo, por R$50 para obtermos um lucro na operação. Neste caso
vamos supor que a venda foi à vista. Como faríamos o registro dessa nova operação? Quais
seriam as consequências nas demonstrações contábeis?
Primeiramente, vamos reconhecer a venda em si. Precisamos de uma conta para registrar
a entrada do dinheiro (Caixa ou Bancos) e outra para registrar a venda (Receita de vendas).
Assumindo que o recebimento foi em dinheiro vamos tomar a conta Caixa. Esta é uma conta
de ativo (bens e direitos) e, como já vimos, tem natureza devedora. Assim, para aumentar
seu saldo já que agora entrou dinheiro, temos que fazer um débito (faríamos um crédito para
diminuir o saldo). Já a conta“Receitas” tem natureza credora, portanto deve ser creditada
para que o saldo seja aumentado. Assim, teríamos:
GLOSSÁRIO
Patrimônio líquido: é o valor residual dos ativos da entidade após a dedução de
todos os seus passivos.
Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=79 Acesso em 05.09.2016.
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22
D – Caixa (Ativo) $50
C – Receita com vendas (Resultado) $50
Ao mesmo tempo, esse lançamento tem que ser completado com a baixa do estoque, pois
temos que entregar o relógio vendido ao cliente e, portanto, teremos uma diminuição no
estoque. Como vimos, a conta “Estoques” é conta de Ativo (bens e direitos), tem natureza
devedora e por isso seria debitada para aumento do saldo, mas nesse caso será creditada,
pois o saldo diminuiu pela saída do relógio vendido. E por qual valor temos que fazer este
lançamento? Isso depende do sistema de controle de estoque adotado pela empresa, mas
nesse momento vamos assumir que o lançamento será feito pelo valor de custo que era
R$25. E, como sabemos, o valor precisa ter uma contrapartida. Essa contrapartida é
justamente o reconhecimento de uma Despesa para se contrapor à Receita. Dessa forma
registramos a Receita de R$50 e a Despesa de R$25, gerando um Lucro. Essa Despesa
inicialmente chamada genericamente dessa forma, pode ser denominada “Custo das
Mercadorias Vendidas” ou CMV, que dá uma ideia melhorde sua natureza. Portanto,
teríamos:
D – Custo das Mercadorias Vendidas (Resultado) $25
C – Estoques (Ativo) $25
Dessa forma, podemos montar novamente nosso Balanço. Antes, um esclarecimento
importantíssimo! Registramos uma Venda de R$50 e um CMV de R$25, portanto apuramos
um Lucro de R$25. As Receitas e Despesas (e consequentemente o Lucro ou Prejuízo gerado
no período) são chamadas de contas de Resultado e demonstradas à parte na DRE
(Demonstração do Resultado do Exercício). Sabemos que o total do Ativo tem que ser
sempre igual ao total do Passivo. Como essas receitas e despesas são registradas em outro
grupo, mas as contrapartidas ocorrem em ativos e passivos, para que a igualdade entre Ativo
e Passivo seja mantida, precisamos transferir o lucro ou prejuízo apurado para dentro do PL.
Vamos ver?
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Ativo Passivo e PL
Caixa 50 Fornecedores 25
Estoques 100
PL 125
Total 150 150
Demonstração do Resultado do Exercício
Receita com vendas 50
Custo das Mercadorias Vendidas -25
Lucro do período 25
Veja que agora temos um Caixa de $50 pelo dinheiro recebido, o estoque foi diminuído em
$25 pela saída do relógio do estoque, a posição de fornecedores permanece inalterada, pois
nada foi pago a eles e o PL foi aumentado em $25 pela incorporação do lucro apurado (na
prática isso se dá ao final do exercício).
Note que estes R$25 de lucro que estão na DRE foram incorporados ao PL que passou de
R$100 para R$125 e se isso nãofosse feito o total do Ativo deixaria de ser igual ao total do
Passivo, o que não pode ocorrer. Na prática, o que acontece é que ao final do ano todas as
contas de receitas e despesas, uma por uma, são “zeradas”, tendo como contrapartida a
conta adequada do PL. E o resultado é o que vimos acima. Assim, as contas de receitas e
despesas são zeradas para iniciar um novo exercício “do zero”, porém o lucro (ou prejuízo)
aumentou (ou diminuiu) o PL da empresa.
Você poderia me perguntar o seguinte: se vamos registrar tudo em contas de receitas e
despesas para depois “zerá-las” e jogar tudo no PL, por que já não fazemos isso diretamente,
lançando tudo no PL? Isso faria sentido, pois o grande objetivo da contabilidade é o controle
do patrimônio das entidades, mas nesse caso perderíamos uma grande riqueza de
informações, como por exemplo, o registro exato de todas as receitas e despesas ocorridas
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na empresa durante o exercício e essa é uma informação muito importante para os gestores.
Deixaríamos de ter a riqueza de informações da DRE! Não saberíamos quanto foi a despesa
com vendas, com pessoal, com impostos e assim por diante.
Bem, espero que com este exemplo tenha conseguido entender um pouco do
funcionamento da contabilidade, tanto em termos da sistemática de partidas dobradas com
seus débitos e créditos, como na montagem das Demonstrações Contábeis (ainda restritas
aqui ao Balanço Patrimonial e à Demonstração do Resultado do Exercício). Agora precisamos
avançar para o entendimento de algumas outras questões. A primeira questão refere-se ao
controle de inventário, que pode ser periódico ou permanente. Isso é muito importante,
como veremos mais para frente. A outra questão diz respeito ao sistema de controle de
estoque adotado pela empresa.
VÍDEO
Regimes de Contabilidade: Aputação do Resultado
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=pOtIka82dwY&index=6&list=PLsdrzmwIknjt
Xr9boTbjN6PspuPv89pTA
GLOSSÁRIO
Balanço patrimonial: Demonstração que apresenta a relação de ativos, passivos e
patrimônio líquido de uma entidade em data específica.
Demonstração do resultado: Demonstração contábil que apresenta todos os itens
de receita e despesa reconhecidos no período, excluindo os itens de outros
resultados abrangentes.
Disponível em http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=79 . Acesso em 05.09. 2016.
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25
No exemplo dado, consideramos um custo de $25 que foi o custo do último relógio
adquirido para revenda. Ocorre que, na realidade, a empresa pode fazer várias compras e
com valores diferentes. Poderia, por questões comerciais, ter feito outras compras por $20,
$23, $28 e assim por diante e em quantidades diferentes a cada compra. E as vendas podem
ser parciais, de forma que podemos ter no estoque mercadorias compradas por diferentes
preços. Dessa forma, não poderíamos dizer que o custo das mercadorias vendidas é R$25, já
que foram efetuadas várias compras com preços diferentes. Então, como proceder? Qual o
valor a ser baixado como CMV e que irá se contrapor à receita obtida? Perceba que esta
questão é muito importante pois alterando o valor do CMV alteramos o Lucro ou Prejuízo
apurado. Por simplicidade, até aqui não tratamos dos impostos, mas estes também seriam
alterados nos regimes tributários em que os impostos incidem sobre o Lucro. Então, como
fazer?
A empresa deverá escolher uma sistemática para controle dos estoques e assim definir
qual será o valor baixado do estoque quando houver uma venda. E aí entra também a outra
questão. Para se fazer uma baixa após cada venda, a empresa necessita de um controle
muito preciso do estoque que chamamos de Controle Permanente. Nãohavendo a
possibilidade de manter controle permanente do estoque terá que utilizar o controle
periódico.
No inventário periódico, a empresa só tem a possibilidade de saber quanto tem em
estoque no final de um período (normalmente final do mês ou do ano) quando fizer a
contagem dos estoques (inventário físico). Isso é possível em função de uma fórmula muito
conhecida e utilizada em contabilidade para apuração do CMV:
CMV = EI + C – EF
O Custo das Mercadorias Vendidas é igual ao Estoque Inicial + Compras – Estoque Final.
O Estoque Inicial já é conhecido, pois vem de períodos anteriores. As compras são
registradas durante o período na contabilidade e podem ser controladas em conta específica
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para essa finalidade. E o Estoque Final depende do inventário físico (contar o estoque no
final do período). No exemplo que utilizamos, teríamos:
CMV = EI + C – EF
CMV = 100 + 25 – 100
CMV = 25
Note que $25 é o valor que efetivamente está em nossa DRE. Aqui supomos que foi feita
uma contagem no final do exercício e o estoque era de R$100, valor considerado como
Estoque Final.
No inventário permanente cada item é controlado após cada compra ou venda.
Normalmente as empresas que adotam esse sistema dispõem de um bom sistema
informatizado para controle dessas operações. Nesse caso, também são feitos inventários
físicos, mas apenas para conferência e eventuais ajustes nos estoques se forem apuradas
diferenças com relação aos controles da empresa. As ocorrências de roubos, devoluções e
perdas em geral devem ser controladas separadamente de forma que não haja impacto
indevido nas análises gerenciais. No caso de inventário periódico esse tipo de controle é mais
difícil em função de se trabalhar a partir da contagem feita no final do período e por
diferença em relação ao estoque anterior.
Neste primeiro exemplo, para maior simplicidade, assumimos que o custo a ser baixado no
momentoda venda era exatamente o valor pago pela mercadoria ($25). Conforme
mencionado, havendo várias compras no período com diferentes preços, o valor a ser
baixado dependeria do critério adotado. Por exemplo, podemos ter um sistema em que o
valor a ser baixado é igual ao da primeira compra efetuada. Assim, se houvesse uma compra
anterior por $ 20, este seria o valor a ser baixado. Tal sistema é denominado de PEPS
(Primeiro que Entra, Primeiro que Sai). O sistema PEPS adota a lógica de que o que está
sendo vendido é sempre aquilo que foi comprado antes.Assim, o estoque final acaba sendo
valorizado a preços mais recentes (em contrapartida o CMV está a preços mais antigos).
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Poderíamos ter também o critério UEPS (Último que Entra, Primeiro que Sai), ou seja, na
hora de fazermos uma baixa utilizaríamos o valor pago no momento da última compra e só
após esgotada a quantidade comprada passaríamos ao da compra anterior e assim por
diante. É exatamente o contrário do sistema anterior. Acaba valorizando o estoque final a
preços mais antigos (em contrapartida o CMV está a preços mais recentes). Se os preços mais
recentes são mais altos, o que normalmente ocorre em países com alguma inflação, isso
significa que o valor do CMV é o dos últimos que entraram, portanto, valores mais altos,
produzindo lucro menor. Por esse motivo, não é aceito no Brasil do ponto de vista fiscal. O
CPC 16 – Estoques proibiu a utilização desse método também para fins contábeis.
O método mais utilizado pelas empresas no Brasil é o Custo Médio Ponderado Móvel,
aceito contabilmente e pela legislação fiscal. Neste caso, as mercadorias em estoque são
valorizadas pela média dos diferentes custos de aquisição. Dessa forma, cada nova compra
altera o valor do custo médio. Note que as saídas, por sua vez, não produzem alterações no
custo médio pois as baixas são efetuadas exatamente pelo último custo médio calculado.
Exemplo:
A movimentação de determinado item de estoque tem início com 20 unidades a um custo de
R$10, que perfazem R$200 de saldo final. No dia 5, são compradas 30 unidades a um preço
de R$20 cada, totalizando R$600, conforme demonstrado na planilha abaixo. Assim, o total
passa a ser de 50 unidades (20 iniciais mais as 30 compradas) e o total em dinheiro passa a
ser de R$800. Observe que se dividirmos R$800 pela quantidade agora existente de 50
unidades chegaremos a um custo médio ponderado de R$16.Isso significa que eventuais
saídas serão feitas por este valor. Assim, quando, no dia 12, houve uma venda de 10
unidades, a saída em dinheiro foi pelo custo médio de R$16. Cuidado para não confundir este
valor com o valor de venda, a baixa do estoque se dá pelos valores de custo registrados na
conta que irão justamente se contrapor ao valor da venda conforme já demonstrado. Após a
saída temos uma nova quantidade (40 unidades) e um novo valor total (R$640). Observe que
se dividirmos R$640 por 40 ainda temos o mesmo custo médio de R$16, pois como
antecipamos, as saídas não alteram o custo médio, somente novas entradas. É o que
aconteceu no dia 19, com mais 25 unidades adquiridas a um preço de R$ 20 por unidade.
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Passamos agora a um valor total de R$1.140 e 65 unidades, o que dá um custo médio de
R$17,54. Novamente, note que a saída ocorrida no dia 26, de 15 unidades, é feita por R$
17,54 gerando um saldo final de 50 unidades que valem R$876,90, mantendo-se o custo
médio de R$17,54.
Data
Unidade $ Unidade $ Unidade $
Saldo Inicial 20 200
5 30*20 600 50 800
12 10 16 40 640
19 25*20 500 65 1140
26 15 17,54 50 876,9
Soma
Saldo FinalSaídaEntrada
Um outro método além dos já mencionados é o Método do Custo Específico. Por esse
método o custo da mercadoria é o custo de sua aquisição exigindo um controle de cada
unidade física. Assim sendo, aplica-se a itens que sejam de fácil identificação física, como
imóveis, veículos, joias, etc.
Além das questões já estudadas existem outros aspectos bastante relevantes para nossa
análise. Um desses aspectos diz respeito ao custo do estoque. Até o momento, para maior
simplicidade, assumimos que o custo de aquisição era exatamente o valor a ser registrado na
conta Estoques. Mas isso não é bem assim.
O valor de custo do estoque deve incluir todos os custos de aquisição ou transformação e
quaisquer outros incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização atuais
deixando-os à disposição para uso ou venda. O custo de aquisição dos estoques compreende
o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis
junto ao fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente
atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais,
abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de
aquisição. Portanto, os lançamentos contábeis serão realizados considerando adicionalmente
cada uma dessas situações. Por exemplo, se foi feita uma compra de estoques por R$100.000
e houve também a necessidade de pagar frete e seguros totalizando R$ 500 esses valores
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devem fazer parte do custo da mercadoria, como segue:
D – Compra de mercadorias $100.000
C – Caixa $100.000
D – Fretes e seguros sobre compras $500
C – Caixa $500
D – Compras de mercadorias $500
C – Fretes e seguros sobre compras $500
Por outro lado, podemos ter várias outras ocorrências que devam ser registradas
contabilmente. Digamos que fizemos uma venda de R$200.000, mas o cliente devolveu
R$30.000 alegando que parte das mercadorias estava fora das especificações. Teríamos
então:
D – Clientes $200.000
C – Receita com vendas $200.000
D – Devolução de vendas $30.000
C – Clientes ou caixa $30.000
No primeiro lançamento temo a venda a prazo. No segundo lançamento, registramos a
devolução (conta redutora da conta de receitas) e a diminuição do valor a receber ou
eventualmente a devolução do dinheiro recebido.
Dessa forma, podemos entender a fórmula do CMV de uma maneira mais abrangente,
pois entrarão toda sorte de abatimentos, descontos, devoluções, custos adicionais etc.
Assim, se colocássemos em um formato de DRE, teríamos:
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Vendas
Menos:
Devoluções de vendas
Abatimentos sobre vendas
(=) Vendas líquidas
(-) CMV:
Estoque inicial
(+) Compras
(+) Transporte
(-) Devoluções de compras
(-) Abatimentos sobre compras
(=) EI + compras líquidas
(-) EF
(=) Custo das Mercadorias Vendidas
(=) Lucro Bruto
Adaptado de Iudícibus e Marion (2009).
Outro aspecto que é importante comentar diz respeito ao critério de avaliação dos
estoques. Os estoques devem ser registrados pelo valor de custo ou valor realizável líquido,
dos dois o menor. Assim, a regra básica é que o Estoque não pode estar registrado por um
valor superior ao que efetivamente seja recuperável. Dessa forma, caso esta situação ocorra,
deverá ser feito um ajuste ao valor do estoque, por meio de conta redutora, para reduzi-lo ao
valor realizável líquido. Outra conta redutora deve ser utilizada se esse estoque estiver
sujeito a perda por deterioração ou obsolescência.
Se observarmos com atenção todo oexposto até aqui, veremos que além da fórmula do
CMV, já discutida, é possível se utilizar outras fórmulas envolvidas na apuração do resultado.
Poderíamos ter, por exemplo, o Resultado com Mercadorias (RCM), que é o valor das vendas
diminuído do Custo das Mercadorias Vendidas (CMV):
GLOSSÁRIO
Valor realizável líquido é o preço de venda estimado no curso normal dos negócios,
deduzido dos custos estimados para sua conclusão e dos gastos estimados
necessários para se concretizar a venda.
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RCM = V-CMV
Esse Resultado com Mercadorias também é chamado de Resultado Bruto, que pode ser
um Lucro (Lucro Bruto) ou uma situação mais rara e indesejada de Prejuízo (Prejuízo Bruto).
Já vimos que, nesta fórmula, CMV tem sua forma de apuração incluindo compras,
abatimentos de compras, devoluções etc. Da mesma maneira, quando nos referimos às
Vendas, temos situação semelhante. As Vendas brutas são comumente deduzidas de
impostos e contribuições, especialmente ICMS, PIS e COFINS. Também são deduções comuns
as devoluções de vendas e os descontos incondicionais sobre a vendas (descontos de preço
dados “diretamente na nota fiscal”, que não dependem de nenhum tipo de condição, como
recebimento antecipado e outros, que são contabilizados de outra forma).
Note que estamos falando dos impostos sobre as vendas. Cabe fazer, também, algumas
observações sobre os impostos incidentes no momento das compras. Os impostos e
contribuições são cumulativos ou não cumulativos. Na tributação cumulativa, o valor do
tributo declarado nãoé recuperável. Nesse caso, quem recebe a mercadoria não pode
aproveitar os tributos da transação como créditos, o imposto fará parte do custo da
mercadoria e deverá fazer parte do custo para formação do preço de venda.
No caso de tributação não cumulativa a empresa toma crédito sobre as compras efetuadas
descontando-os do valor a recolher em função de suas vendas. Gerencialmente, é
importante entender que neste caso a empresa nãoé onerada, pois os tributos pagos sobre
as compras serão compensados e o excedente estará no preço e será pago pelo consumidor
final.
Para as empresas comerciais os impostos e contribuições mais comuns incidentes sobre as
vendas sãoo ICMS, PIS e Cofins.
O ICMS é o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
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Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, e é
de competência estadual. É calculado aplicando uma alíquota sobre o valor das mercadorias
ou dos serviços. Se uma empresa compra a prazo uma mercadoria por R$1.000 com R$180
de ICMS incluso no valor, o registro da compra deverá ser:
D – Estoques $820
D – ICMS a recuperar $180
C – Fornecedores 1.000
Dessa forma as compras geram um direito (impostos a recuperar) que são comparados
com os impostos sobre as vendas, gerando um crédito a ser utilizado futuramente ou uma
obrigação de recolhimento ao final de cada mês.
O Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (COFINS) seguem basicamente a mesma lógica. Quando a empresa está no
regime cumulativo não terá como recuperar esse valor, caso esteja no regime não cumulativo
(empresas tributadas pelo regime de lucro real) o sistema será semelhante ao exposto no
caso do ICMS, inclusive quanto ao registro contábil. A legislação envolvendo o PIS e a COFINS
envolve uma série de outras operações que podem gerar créditos para a empresa, portanto
sua apuração final dependerá de várias outras transações além da compra e venda de
mercadorias.
Saiba Mais
O Pronunciamento Técnico – CPC 16 (R1) emitido pelo Comitê de Pronunciamentos
Contábeis é equivalente à IAS 2 (norma internacional de contabilidade emitida pelo IASB). É
este pronunciamento que determina as bases de reconhecimento, mensuração e divulgações
relativas ao estoque.
Disponível em:
http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/243_CPC_16_R1_rev%2003%20(2).pdf
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33
Minicase
Este é um extrato da DRE das Lojas Americanas (disponível em
<https://static.lasa.com.br/upload/relatoriosanuaistrimestrais/00008130.pdf> acesso em
05.09.2016).
Nas primeiras colunas, temos o resultado do quarto trimestre de 2015 e 2014 e depois o
acumulado do exercício dos respectivos anos. Olhando para as colunas do exercício de 2015
e 2014, o que você pode dizer sobre a evolução da receita? Você considera mais importante
a receita bruta ou líquida? E do Custo das Mercadorias Vendidas?
Recapitulando
Neste capítulo, você conheceu as operações típicas de empresas comerciais, especialmente:
Apuração do Resultado com Mercadoria;
Apuração do Custo das Mercadorias Vendidas;
Tributação incidente e sua contabilização;
Inventário periódico e inventário permanente;
Sistemas PEPS, UEPS, custo médio ponderado móvel e outros.
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Explorando seu Conhecimento
Considerando os conceitos vistos na unidade, responda:
1) Uma empresa Comercial comprou mercadorias para revenda, sendo que o valor total da nota fiscal foi R$
12.300,0. Os seguintes impostos estão inclusos neste valor:
ICMS ................................... R$ 2.000,00
IPI ....................................... R$ 1.200,00
Frete .................................. R$ 800,00
Seguro................................ R$ 300,00
A empresa Comercial é contribuinte do ICMS, mas não é contribuinte do IPI. Qual foi o valor das mercadorias
adquiridas reconhecido no estoque?
2) Sabemos que existe mais de um critério de valoração dos estoques. Com esta afirmação responda a seguinte
pergunta: Qual o critério de valoração dos estoques mais utilizado e aceito contabilmente pela legislação do
imposto de renda no Brasil? Faça um comparativo com os outros critérios aceitos pela legislação e explique o
impacto no custo da mercadoria vendida e o saldo do estoque.
3)Uma empresa comercial utiliza o método do inventário permanente e os impostos recuperáveis já estão
deduzidos dos valores unitários de compra. Considere as seguintes transações sabendo-se que a empresa avalia
seus estoques pelo critério PEPS e responda qual é o valor do estoque de mercadoria no final do mês
correspondente.
Dia Transação
1 Compra de 40 unidades a 100,00 cada uma
7 Compra de 60 unidades a 110,00 cada uma
12 Venda de 90 unidades a 200,00 cada uma
23 Compra de 50 unidades a 120,00 cada uma
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Contabilidade Comercial
Unidade 3
Operações Financeiras
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3 Operações Financeiras
Esta unidade trata das operações financeiras usuais em empresas comerciais. Discute os
principais instrumentos financeiros utilizados por essas empresas e seu impacto do ponto de
vista contábil e para a gestão empresarial.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Apresentar as principais características das operações financeiras envolvendo empresas
comerciais;
Discutir o impacto das operaçõesfinanceiras em termos contábeis e para a gestão
empresarial;
Conceituar instrumentos financeiros e comentar sobre os aspectos de avaliação e
mensuração.
3.1 Operações Financeiras
O termo “operações financeiras” refere-se a uma grande variedade de operações,
destacando-se as aplicações financeiras e os empréstimos contratados. As aplicações
financeiras são feitas não somente com o objetivo de obter rentabilidade, mas também
como instrumento para proteção do valor do dinheiro contra os efeitos da inflação. Já os
empréstimos podem ser contratados para capital de giro ou outra necessidade da empresa.
3.2 Instrumentos Financeiros
O termo Instrumentos Financeiros, que vem sendo mais utilizado nos últimos anos, é
definido no Pronunciamento Técnico CPC 39 como “qualquer contrato que dê origem a um
ativo financeiro para a entidade e a um passivo financeiro ou instrumento patrimonial para
outra entidade (grifo nosso)”.
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São exemplos de ativo financeiro o caixa, direitos contratuais, instrumentos patrimoniais
de outra Entidade e contratos que possam ser liquidados por instrumentos patrimoniais da
própria entidade.
O termo Caixa normalmente refere-se a qualquer valor disponível.
Direitos contratuais incluem principalmente as contas a receber de clientes, mas abarcam
outros tipos de contas a receber.
Quando falamos em Instrumentos Patrimoniais basicamente nos referimos a ações ou
quotas de outras empresas que foram adquiridas como investimento.
Quando um contrato pode ser liquidado por instrumento patrimonial da própria
entidade? O exemplo mais comum é o Adiantamento para Futuro Aumento de Capital
(AFAC), em que os sócios aportam dinheiro na empresa, mas não há a devolução e sim sua
transformação em Capital.
Um passivo financeiro, por sua vez, implica em uma obrigação contratual. Essa obrigação
conduzirá a empresa a entregar Caixa (ou outro ativo financeiro) para outra entidade.
Alternativamente, poderá haver a troca de ativos financeiros ou passivos financeiros em
condições desfavoráveis para a empresa. Essas condições desfavoráveis, podem ser, por
exemplo, os encargos que normalmente são pagos por quem assume uma dívida ou outra
obrigação. Um passivo financeiro também pode ser um contrato a ser liquidado com
instrumento patrimonial da entidade. Nesse caso a empresa troca sua dívida por participação
LINK
CPC 39
Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=70
Acesso em 12/09/2016.
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acionária da empresa, se o credor concordar.
Instrumentos financeiros (inclusive derivativos, exceto hedge) destinados à negociação
(imediata)são as aplicações financeiras que serão resgatadas em breve para fazer face a
compromissos operacionais, tais como pagamento de empregados ou fornecedores. Neste
caso a mensuração é a valor justoe perdas e ganhos são reconhecidas imediatamente no
resultado.
Instrumentos financeiros (não derivativos) mantidos até o vencimento são aqueles mais
de longo prazo, a empresa tem a intenção e a capacidade financeira de manter os títulos em
LINK
Lei 6.404/76
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm
Acesso em 12/09/2016.
A Lei 6.404/76 (alterada pela Lei 11.638/07), em seu artigo 183, estabelece o critério de
avaliação de instrumentos financeiros ativos e passivos. Segundo a lei, no balanço, os
elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios:
I - as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e
títulos de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo:
(Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
a) Pelo seu valor justo, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou
disponíveis para venda; e (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
b) Pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme
disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização, quando este
for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos de crédito; (Incluída pela
Lei nº 11.638,de 2007) (grifos nossos).
___________________________________________________________________________
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carteira até a data do vencimento. São mensurados ao custo acrescido dos rendimentos e
eventuais amortizações, o que é chamado de custo amortizado.
Instrumentos financeiros (nãoderivativos) disponíveis para a venda (negociação futura)
são os demais, que nãofoi possível classificar de outra forma em face de indefinições e
incertezas. A mensuração será a valor justo com ganhos e perdas reconhecidos diretamente
no patrimônio líquido. Na liquidação, os ganhos e perdas acumulados no Patrimônio Líquido
são reconhecidos no resultado do período.
Vamos ver alguns exemplos (adaptado de Montoto, 2011):
Exemplo 1
Classificação: destinado à negociação (negociação imediata)
Aquisição: $1.000
Rendimento na data do balanço: $100
Valor de mercado na data do balanço: $ 1.150
Compra do título
D – Instrumento financeiro 1.000
C – Bancos 1.000
GLOSSÁRIO
Derivativos são instrumentos financeiros cujo valor se altera tendo como
referência outro ativo especificado, como por exemplo uma taxa de juros, taxa de
câmbio, preço de mercadoria, índice de preços e assim por diante. Esses contratos
são feitos sem investimento inicial ou com baixo valor inicial e sua liquidação se
dará em data futura.
Acesso em 12/09/2016.
___________________________________________________________________________
40
Reconhecimento da receita
D – Instrumento financeiro 100
C – Receita financeira (Resultado) 100
Avaliação a valor de mercado (neste caso, valorização)
D – Instrumento financeiro 50
C – Receita – valorização do título 50
Exemplo 2
Classificação: disponíveis para venda (negociação futura)
Aquisição: $1.000
Rendimento na data do balanço: $100
Valor de mercado na data do balanço: $ 1.150
Compra do título
D – Instrumento financeiro 1.000
C – Bancos 1.000
Reconhecimento da receita
D – Instrumento financeiro 100
C – Receita financeira (Resultado) 100
Avaliação a valor de mercado (neste caso, valorização)
D – Instrumento financeiro 50
C – Ajuste de avaliação patrimonial (PL) 50
Exemplo 3
Classificação: mantidos até o vencimento
Aquisição: $1.000
___________________________________________________________________________
41
Rendimento na data do balanço: $100
Valor de mercado na data do balanço: $ 1.150
Compra do título
D – Instrumento financeiro 1.000
C – Bancos 1.000
Reconhecimento da receita
D – Instrumento financeiro 100
C – Receita financeira (Resultado) 100
Neste caso, não há “marcação a mercado”, há somente o registro da receita financeira,
desprezando o fato do valor de mercado ser superior na data do balanço. O contrário,
porém, não acontece, pois se o título estivesse valendo R$1.050na data do balanço teria que
ser feita uma provisão para ajuste ao valor de mercado de $50.
D – Perda de valorização (resultado) 50
C – Provisão para ajuste ao valor de mercado 50
As pequenas e médias empresas podem optar por seguir o CPC 38 ou seguir integralmente
o CPC PME. No CPC PME não são adotadas as opções “disponível para venda”, “mantida até o
vencimento” e “valor justo”. Os instrumentos financeiros especificados no pronunciamento
são mensurados pelo custo ou custo amortizado (no caso de determinados ativos existe a
opção “valor justo por meio do resultado”. O próximo tópico explica com detalhes o
tratamento das principais operações financeiras.
3.3 Aplicações Financeiras
A classificação básica das aplicações financeiras é feita em relação à forma como serão
apurados os rendimentos. Se no início da operação as partes já combinarem exatamente
quanto será o rendimento ao final da operação dizemos que os juros foram pré-fixados. Por
outro lado, muitas transações são pós-fixadas, pois seus rendimentos não são previamente
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42
fixados, dependendo da variação de índices cujo comportamento ainda não se conhece. No
caso dos empréstimos, a classificação é exatamente a mesma. Vamos ver alguns exemplos?
Para uma aplicação de $50.000, vamos imaginar que os juros e encargos foram estipulados
em $5.000 para um período de 120 dias. Nesse caso, a empresa já sabe que após decorridos
os 120 dias fará um resgate total de $55.000, sendo $50.000 do principal e $5.000 de juros e
encargos. Portanto, o ganho nesse caso foi prefixado. Em outra operação, os mesmos
$50.000 poderiam ser aplicados pelo mesmo período de 120 dias, mas desta vez as partes
poderiam optar por estipular juros de 5% acrescido de um índice de correção monetária,
como o IGPM, por exemplo. Não se sabe de quanto será a variação desse índice,
consequentemente o resultado da transação somente será reconhecido após transcorridos
os 120 dias, de forma que aqui temos uma operação pós- fixada.
As aplicações em liquidez imediata representam a compra de títulos do governo, tais como
letras, bônus e outros. Dizemos que tem liquidez imediata porque podem ser resgatadas a
qualquer momento. O registro contábil de uma operação dessa natureza, na modalidade
pós-fixada, ocorre conforme abaixo demonstrado. Evidentemente estamos supondo a
existência de dinheiro no banco disponível para aplicação.
D – Aplicações de liquidez imediata (Ativo Circulante) 50.000
C – Bancos conta Movimento (Ativo Circulante) 50.000
Com esse lançamento, a conta “Aplicações de liquidez imediata” foi debitada, o que neste
caso, do ponto de vista contábil, significa que passou a registrar um valor de aplicação
financeira. Ao mesmo tempo, a conta Bancos conta Movimento, também de natureza
devedora, foi creditada, o que diminui seu saldo. Faz sentido, considerando que o dinheiro
saiu de “Bancos” e passou a fazer parte de “Aplicações”.
Em um segundo momento, a aplicação financeira efetuada renderá juros e correção
monetária, que genericamente vamos chamar de receitas financeiras e haverá o resgate da
aplicação. Será necessário, então, reconhecer no resultado a “Receita Financeira” ganha.
Essa receita está sujeita à retenção de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). O IRRF,
___________________________________________________________________________
43
porém, não representa uma Despesa para empresa, pois poderá ser futuramente
compensado com o Imposto de Renda a ser pago sobre o lucro da empresa. Dessa forma,
não deve ser lançado contabilmente como Despesa, mas sim como um direito, no Ativo, que
chamaremos de IRRF a recuperar. O lançamento, portanto, ficaria assim:
D – Bancos conta movimento 52.000
C – Aplicações de liquidez imediata (Ativo Circulante) 50.000
C – Receitas financeiras (Resultado) 2.000
E ainda:
D – IRRF a Recuperar 300
C – Bancos conta Movimento 300
No caso de aplicações financeiras com rendimentos prefixados a contabilização é um
pouco diferente. Para pleno entendimento dessa questão é necessário lembrar que a
contabilidade respeita o Princípio da Competência, que exige que as receitas e despesas
sejam contabilizadas no resultado quando incorridas, independentemente de terem sido
recebidas ou pagas. Assim, a receita financeira é considerada ganha proporcionalmente ao
tempo decorrido. Por esse motivo, considerando as demonstrações contábeis de 31 de
dezembro de determinado ano, uma aplicação feita em 10 de dezembro e resgatada em 10
de janeiro resultaria no registro de receitas financeiras relativas ao período entre a aplicação
(10 de dezembro) e a data do balanço (31 de dezembro). A contabilização no caso de
aplicações prefixadas é feita lançando em um primeiro momento o total do rendimento
prefixado e ao mesmo tempo uma conta redutora desse valor, fazendo a apropriação ao
resultado na medida em que o tempo é decorrido. Para exemplificar, vamos considerar uma
aplicação de $ 10.000 com rendimentos prefixados de $2.000. Vamos ver a contabilização
passo a passo:
___________________________________________________________________________
44
No dia da aplicação, vamos supor 01.10.X0:
D – Aplicações Financeiras $12.000
C – Bancos conta Movimento $10.000
C –Receita financeira a apropriar $2.000
Assim, no Balanço Patrimonial na data da aplicação teríamos:
Ativo
Ativo Circulante
Aplicações Financeiras 12.000
Receitas financeiras a apropriar (2.000)
Note que o líquido no ativo, nesse momento inicial é exatamente $10.000, ou seja,
correspondente ao valor aplicado. Isso é lógico, pois a receita só se efetivará com o passar do
tempo. Vejamos o que ocorrerá no meio do caminho, em 31.12.X0, considerando ainda que
o resgate efetivo da aplicação ocorrerá somente em 31.01.X1. Por simplicidade, vamos
considerar que a aplicação rende $500 por mês, totalizando os $2.000 ao final do período
para esta aplicação de 4 meses. Na prática, é comum que o cálculo seja feito por dia.
D –Receitas financeiras a apropriar $1.500
C – Receitas financeiras (Resultado) $1.500
Dessa forma, consideramos que a aplicação teve início em outubro e será resgatada em
janeiro no ano seguinte. Por isso, as receitas dos meses de outubro, novembro e dezembro
são receitas efetivas, no resultado do exercício, em 31 de dezembro e apropriamos R$1.500
($500 x 3 meses). Os outros $500 serão apropriados ao resultado em janeiro do ano seguinte.
Vejamos como ficou o balanço e a demonstração do resultado em 31 de dezembro:
___________________________________________________________________________
45
Ativo
Ativo Circulante
Aplicações financeiras 12.000
Receitas financeiras a apropriar (500)
E na Demonstração do Resultado do Exercício:
Receitas financeiras 1.500
Se fizermos as contas vamos verificar que agora no ativo temos um líquido de $11.500 em
aplicações financeiras, correspondente à aplicação inicial de $10.000 + $1.500 de
rendimentos ganhos. E no resultado do exercício já estão computadas as receitas que
efetivamente se referem ao período, independentemente de não ter havido o resgate,
respeitando o Princípio da Competência.
E o que aconteceria ao final de janeiro, no resgate da aplicação? Os lançamentos teriam
que contemplar, também, a retenção de imposto de renda na fonte. Como anteriormente
comentado, estes não representam despesa, e sim um valor que poderáser futuramente
compensado com eventual imposto de renda a pagar. Vejamos os lançamentos:
D – Receitas financeiras a apropriar 500
C – Receitas financeiras(Resultado) 500
D – IRRFa recuperar 300
C – Aplicações financeiras 300
D – Bancos conta movimento 11.700
C – Aplicações Financeiras 11.700
Dessa forma fizemos a apropriação final das receitas, depois reconhecemos o IRRF
deduzindo o valor da aplicação e, por fim, fizemos o resgaste do valor líquido. Note que o
___________________________________________________________________________
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valor líquido resgatado corresponde aos $10.000 aplicados, mais os $2.000 de receitas
financeiras, reduzidos de R$300 de impostos retidos.
Para simplificação utilizamos a conta “receitas financeiras”, mas os lançamentos contábeis
poderiam separar o que é “juros” e o que é “correção monetária” e utilizar contas distintas,
tais como “juros ativos” (para os juros) e “variação monetária ativa” (parte relativa à
correção monetária).De qualquer forma, a dinâmica dos lançamentos permaneceria a
mesma.
3.4 Empréstimos e Financiamentos
Vamos passar a outro tipo de operações financeiras muito comum nas empresas: os
Empréstimos. No site do Banco Central do Brasil, há uma seção de perguntas frequentes que
esclarece a diferença entre “Empréstimos” e “Financiamentos”.
Empréstimo bancário é um contrato entre o cliente e a instituição financeira pelo qual ele
recebe uma quantia que deverá ser devolvida ao banco em prazo determinado, acrescida dos
juros acertados. Os recursos obtidos no empréstimo não têm destinação específica. O
Financiamento é um pouco diferente, pois há destinação específica para os recursos
tomados, como, por exemplo, a aquisição de veículo ou de bem imóvel. Geralmente o
financiamento possui algum tipo de garantia, como, por exemplo, alienação fiduciária ou
hipoteca.
Empréstimos e financiamentos tem uma dinâmica de lançamentos contábeis similar aos
das aplicações financeiras no sentido de segregar as prefixadas das pós-fixadas e de também
utilizar (no caso dos empréstimos prefixados) uma conta para que a apropriação ocorra na
LINK
Banco Central do Brasil
FAQ – Empréstimos e Financiamentos
http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/servicos9.asp
Acesso em 12/09/2016.
___________________________________________________________________________
47
medida em que o tempo é decorrido. Vale ressaltar que os empréstimos também estão
sujeitos à cobrança de juros (“despesas com juros” para o tomador do empréstimo). Além
dos juros podemos ter também uma atualização monetária (contabilmente se utiliza a conta
“variação monetária passiva”). Se o empréstimo for em moeda estrangeira teríamos uma
outra variação, em função da mudança da taxa de câmbio até a data do balanço (nesse caso
utilizamos a conta “variação cambial passiva”). Vamos ver alguns exemplos?
Empréstimo pós-fixado
Ao tomar o empréstimo, daríamos entrada no valor no Banco e registraríamos a dívida:
D – Bancos conta Movimento 10.000
C – Empréstimos a pagar (Passivo) 10.000
Em um segundo momento, temos os juros em face do tempo decorrido e o pagamento do
empréstimo.
D – Despesas com juros (Resultado) 2.000
D – Empréstimos a pagar 10.000
C – Bancos conta Movimento 12.000
Dessa forma, o resultado do exercício registra a despesa com juros incorrida.A conta de
empréstimos que antes foi credita agora foi debitada, portanto temos um saldo zero (já que
a dívida foi paga). E a conta de “Bancos” registra a saída do total pago, a dívida de $10.000 e
os juros de $2.000 (evidentemente supomos haver saldo suficiente na conta). Lembre-se que
neste caso estamos fazendo o pagamento dos juros, mas caso ainda não houvesse o
pagamento o registro dos juros é feito sempre em função do tempo decorrido, da data do
empréstimo até a data do balanço, independentemente do pagamento, em função do
Princípio da Competência.
___________________________________________________________________________
48
Empréstimo prefixado
Supondo empréstimo de $10.000 que será pago após 4 meses pelo valor de $12.000
teríamos juros totais, ao final do empréstimo de $2.000, equivalendo a $500 por mês.
O registro inicial seria:
D – Bancos conta Movimento 10.000
C – Empréstimos a pagar 10.000
Ao mesmo tempo, faríamos o registro dos encargos totais a apropriar:
D – Juros a apropriar 2.000
C – Empréstimos a pagar 2.000
Esses $2.000 serão apropriados por competência, ou seja, mensalmente pelo tempo
decorrido e não quando do pagamento. Lembre-se que esta conta “juros a apropriar” é uma
conta redutora do passivo e gradativamente vai se transformando em despesa (os juros são
apropriados para a despesa). Assim, o balanço patrimonial no momento inicial
(desconsiderando a existência de qualquer outra operação), seria:
VÍDEO
Demonstração dos Fluxos de Caixa das Empresas
FAQ – Empréstimos e Financiamentos
https://www.youtube.com/watch?v=xkl171yFyOU&list=PLUwkoDInsefOuooh-
StcEC7LdbGng304C&index=8
Acesso em 12/09/2016.
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Ativo Passivo
Ativo Circulante Passivo Circulante
Bancos 10.000 Empréstimos a pagar 12.000
Juros a apropriar (2.000)
Total :
10.000 10.000
Na data do balanço a empresa deverá fazer a apropriação da despesa. Supondo que tenha
passado um mês, essa apropriação seria de $5.000, como segue:
D – Despesa com juros (Resultado) 500
C – Juros a apropriar 500
Dessa forma, teremos despesas no resultado do exercício de $500. E a conta de juros a
apropriar já não teria mais o saldo de $2.000, seria diminuído para $1.500 no primeiro mês e
assim sucessivamente até que os $2.000 sejam totalmente apropriados ao resultado. Por
último, seria feito o pagamento do empréstimo.
GLOSSÁRIO
O Capital de giro (CDG) é o recurso utilizado para sustentar as operações do dia-a-
dia da empresa, ou seja, é o capital disponível para condução normal dos negócios
da empresa. Ele necessita de recursos para seu financiamento, ou seja, quanto
maior for seu valor, maior a necessidade de financiamento, seja com recursos
próprios, seja com recursos de terceiros.
Um ponto importante da administração eficiente do capital de giro é seu impacto
no fluxo de caixa da empresa. O volume de capital de giro utilizado por uma
empresa depende de seu volume de venda, política de crédito e do nível de
estoque mantido.
Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Capital_de_giro
Acesso em 12/09/2016
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50
Outra forma da empresa obter dinheiro, principalmente para capital de giro, é o desconto
de duplicatas, por meio do qual a empresa transfere ao banco a propriedade das duplicatas
que tem a receber. Dessa forma, a empresa recebe de imediato valores que teriam
vencimento mais para a frente, porém paga juros ao banco para tal. A empresa continua
como corresponsável pela liquidação, ou seja, caso o cliente não pague o banco na data do
vencimento da duplicata terá que reembolsar o banco.Nesse caso, o registro leva em consideração a existência anterior de contas a receber (as
duplicatas que serão descontadas). Vamos ver um exemplo:
A empresa possui uma duplicata a receber de $10.000, registrada como “contas a
receber”. Recebe $8.500 à vista e vai pagar $1.500 de juros e outros encargos financeiros que
vamos chamar genericamente de “encargos a apropriar”. Note que aqui utilizaremos a
mesma sistemática já vista anteriormente, apropriando a despesa aos poucos. Ou seja,
mesmo que o banco já faça o desconto logo no início e deposite o valor líquido para a
empresa, esta despesa deverá ser apropriada pelo regime de competência. Neste caso, isto
significa proporcionalmente, da data da transação, até a data de vencimento do título. Por
exemplo, se a duplicata tivesse vencimento para 90 dias, a apropriação seria proporcional, ao
final de cada mês uma parte vai para Despesa no resultado do exercício. Vamos ver o
exemplo, mas antes, outro detalhe. Quando o banco deposita o valor para a empresa, ainda
não baixamos a duplicata de “contas a receber”. Utilizamos uma conta redutora “desconto de
duplicatas” para esse controle e somente faremos a baixa do título quando o cliente pagar ao
banco e a empresa for avisada desse fato. Assim, temos:
No momento do desconto:
D – Bancos 8.500
D – Encargos a apropriar 1.500
C – Duplicatas descontadas 10.000
Ao final do mês, calculando-se os dias decorridos desde a data da operação até a data do
balanço. No exemplo vamos fazer a apropriação total e a liquidação da operação. Na prática
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o cálculo deve ser feito da data da operação até a data do balanço. Por exemplo, se o
vencimento da duplicata será em 90 dias, devemos calcular a despesa por dia e multiplicar
pelos dias transcorridos entre a data do desconto e a data do balanço.
Pela apropriação dos encargos
D –Despesas com encargos financeiros 1.500
C – Encargos a apropriar 1.500
Pela liquidação da operação
D – Duplicatas descontadas 10.000
C – Contas a receber 10.000
Há uma discussão sobre a classificação da conta “duplicatas descontadas”, como redutora
do ativo ou como passivo. Antes da emissão das Leis 11.638/07 e 11.941/09 era comum o
tratamento como redução do ativo. Após essas leis, o entendimento de muitos autores é a
contabilização de acordo com a essência da operação, que no fundo equivale a um
empréstimo, e por isso a preferência é pelo registro como passivo. A conta de encargos a
apropriar seria uma redução desse passivo.
Saiba Mais
Outra operação muito similar ao desconto de duplicatas é a de factoring, em que os direitos
resultantes de vendas a prazo são vendidos para a empresa de factoring por valor inferior ao
valor de face. A diferença é que neste caso, se o cliente não pagar o prejuízo é da factoring, a
empresa não teria que reembolsá-la. Por esse motivo o custo dessa operação tende a ser
maior.
Minicase
Em termos contábeis, existem diferenças de contabilização dos instrumentos financeiros
entre as empresas pequenas e médias (conforme CPC PME) e as grandes empresas, que
devem seguir a totalidade dos Pronunciamentos do CPC (inclusive CPC 38, 39 e 40). Para os
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52
administradores, este é também um aspecto importante a ser considerado em função dos
possíveis impactos nas demonstrações contábeis da empresa. Muitas vezes a empresa está
sujeita à manutenção de determinados índices financeiros e econômicos por condições
pactuadas em empréstimos, participação em licitações e outras situações, daí a necessidade
de considerar sempre, também, os efeitos contábeis. Na prática, as pequenas e médias
empresas nãocostumam ter muitas operações com derivativos. Por outro lado, algumas
grandes empresas já tiveram grandes prejuízos pelo uso inadequado desses instrumentos.
Vejam, por exemplo, o caso Sadia.
Disponível em:
http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/944/noticias/onde-sadia-perdeu-jogo-
473359
Acesso em 12/09/2016.
Recapitulando
Neste capítulo, você conheceu:
O conceito de instrumentos financeiros e forma de mensuração;
As principais operações financeiras, com destaque para as aplicações financeiras e
empréstimos;
As diferenças de registro de operações pré-fixada e pós-fixadas.
Explorando seu Conhecimento
1) Determinada empresa comercial está considerando que o montante de recursos que está disponível na conta
banco movimento deveria proporcionar receita financeira. Considerando o que você aprendeu nesta unidade,
que instrumentos financeiros estão a disposição da entidade ?
2) As entidades para gerenciar os recursos financeiros aplicam e fazem captação de recursos. Considere que a
empresa tem a intenção de aplicar parte desses recursos em derivativos, explique se há benefícios nesta
operação em relação aos demais instrumentos financeiros disponíveis.
3) Um comerciante encaminhou ao banco um lote de duplicatas para serem descontadas no valor de $
30.000,00, com vencimento em trinta dias. Foi cobrada uma taxa de desconto de 5% referente aos juros da
operação e despesas bancárias no valor de $ 300,00. Faça os cálculos da operação e apresente a contabilização
para a operação.
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53
Contabilidade Comercial
Unidade 4
Operações com Pessoal
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4 Operações com Pessoal
Esta unidade trata das operações com pessoal usuais em empresas comerciais. Discute os
principais aspectos constitucionais e da legislação trabalhista e seu impacto do ponto de
vista contábil e para a gestão empresarial.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Apresentar as principais características das operações com pessoal envolvendo
empresas comerciais;
Discutir o impacto das operações com pessoal em termos contábeis e para a gestão
empresarial.
4.1 Aspectos Importantes em Operações com Pessoal
Um dos aspectos mais importantes da gestão empresarial diz respeito à contratação e
manutenção de pessoal capacitado para exercer as diversas funções necessárias para o bom
andamento dos negócios. O registro contábil da folha de pagamento abrange não somente
os salários, mas também outras verbas, os encargos trabalhistas, benefícios e outros
aspectos decorrentes da relação trabalhista.
Na folha de pagamento deverá constar, além dos salários, os valores a serem pagos por
horas extraordinárias, prêmios e gratificações, comissões, salário-família, salário-
maternidade, adicionais (insalubridade, periculosidade) e outras verbas.
Os descontos obrigatórios compreendem as contribuições à previdência social (INSS), o
imposto de renda na fonte (IRF), a contribuição sindical e outros determinados
judicialmente, se for o caso.
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Alguns descontos devem ser autorizados pelos empregados, como no caso de assistência
médica, seguro de vida, participação em planos de previdência, vale-refeição, vale-
transporte, clube social e outros.
Supondo um salário de R$ 1.000 a ser depositado em Banco no quinto dia útil do mês
seguinte, teríamos o seguinte lançamento inicial:
D – Despesas com salários (Resultado)1.000
C – Salários a pagar (Passivo) 1.000
Neste caso, consideramos o pagamento somente no mês seguinte, que é a situação mais
comum na prática. Caso o pagamento ocorresse no mês o lançamento poderia ser
diretamente contra Bancos ou até mesmo Caixa, em caso de pagamento em dinheiro. O
importante é lembrar que a contabilidade é feita sempre respeitando o regime de
Competência, ou seja, o registro da despesa respeita o período trabalhado,
independentemente de quando será feito o pagamento. Assim, a folha de pagamento do
mês de dezembro será registrada em dezembro, mesmo que o pagamento ocorra somente
em janeiro (por isso mesmo utiliza-se a conta “salários a pagar”, no passivo).
Algumas empresas trabalham com adiantamentos a empregados. Nesses casos, o
adiantamento seria inicialmente registrado como um Ativo (o direito que a empresa tem de
descontar este valor do que é devido ao empregado):
LINK
A receita federal disponibiliza as tabelas de cálculo do imposto e diversos simuladores:
http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-
pessoa-fisica
Acesso em 12/09/2016.
___________________________________________________________________________
56
D – Adiantamentos a empregados 50
C – Bancos 50
Tendo havido o adiantamento, registra-se normalmente o valor da despesa (pelo valor
integral do salário), descontando-se o adiantamento no momento do pagamento. Supondo
um salário de $1.000 e um adiantamento de $50, teríamos o seguinte lançamento:
D – Despesa com salários $1.000
C – Adiantamento a empregados $50
C – Bancos $950
Algumas empresas oferecem empréstimos aos empregados, de acordo com regras
especificadas entre as partes. A sistemática básica de lançamento será a mesma acima,
utilizando-se a conta “empréstimos a empregados” em vez de “adiantamentos a
empregados”. Caso a devolução do empréstimo seja feita em parcelas, todos os meses será
efetuado o lançamento reduzindo gradualmente a conta.
É importante notar que muitas vezes a empresa funciona apenas como um intermediário.
Por exemplo, o salário-família e o salário-maternidade são de responsabilidade da
Previdência Social, ou seja, a empresa faz o pagamento, mas desconta esses valores do que
tem a recolher para a Previdência.
Em outros casos, a empresa faz apenas a retenção dos valores a serem repassados a
terceiros. São os casos do INSS, em que é feito o desconto do empregado e o repasse para a
Previdência Social e do IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte que é descontado do
empregado e recolhido pela empresa. A diferença é que no caso do INSS há uma outra parte
que deve efetivamente ser custeada pela empresa (embora dessa parte também haja alguma
possibilidade de ressarcimento parcial).
___________________________________________________________________________
57
Outro encargo social importante é o FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço,
calculado sobre o salário do trabalhador.
Assim, poderíamos ter o seguinte esquema de lançamentos:
D – Despesa com salários 1.000
C – Salários a pagar 1.000
Com este lançamento, reconhecemos a despesa e o valor a pagar (será pago no mês
seguinte). Ocorre que nãoserão pagos $1.000 a título de salários, pois a empresa é obrigada
a reter uma parte do valor do salário e recolher para a Previdência Social. Precisamos,
portanto, de um lançamento contábil para deduzir parte do valor de “salários a pagar” e
reconhecer o “INSS a recolher”:
D – Salários a pagar 80
C – INSS a recolher 80
Os lançamentos referentes a outras retenções, como o Imposto de Renda, contribuição
sindical, clube social e outras obedecem a essa mesma sistemática.
Lembre-se que este INSS é a parte do empregado, mas há também a parte da empresa. A
parte da empresa, em torno de 26,8%, é composta conforme abaixo, apenas para fins de
referência e meramente didáticos. Importante notar que as mudanças de legislação são
constantes, na prática deve ser feito um acompanhamento constante do percentual que
deverá ser praticado.
LINK
Guia da Previdência Social
http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2012/11/Guia-da-Previdência-
Social.pdf
Acesso em 12/09/2016.
___________________________________________________________________________
58
Descrição Percentual
Previdência social 20,0%
Para terceiros:
Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) 1,0% varia entre 1% e 3%
Salário-educação 2,5%
Incra 0,2%
Senai/Senac/Senat e outros 1,0%
Sesi/Sesc/Sest e outros 1,5%
Sebrae 0,6%
6,8%
Total 26,8%
Adaptado de Ribeiro (2011, p. 164)
Vamos verificar um exemplo de contabilização com os dados (hipotéticos) a seguir.
Folha de Pagamentos – 50.000
INSS (parte da empresa) – 10.000
Salário-família – 100
Salário-maternidade –400
FGTS – 4.000
O salário e os encargos serão lançados como despesa (debitados) e os valores a pagar
serão lançados no passivo (crédito). A única “novidade” no lançamento diz respeito aos
valores de salário-família e salário-maternidade. Esses valores são pagos pela empresa e
reembolsados pela previdência social na forma de abatimento do que será recolhido à
previdência. Na contabilidade o valor figura como parte de “salários a pagar” e ao mesmo
tempo é deduzido de “INSS a recolher”. Assim, temos:
D – Despesa salários 50.000
D – Despesa com INSS 10.000
D – Despesa com FGTS 4.000
D – INSS a recolher (em função do Salário-família) 100
D – INSS a recolher (em função do Salário-maternidade) 400
C – Salários a pagar 50.500
___________________________________________________________________________
59
C – INSS a recolher 10.000
C –FGTS a recolher 4.000
Analisando os lançamentos podemos ver que as despesas correspondem aos valores da
folha de pagamentos (salário, INSS, FGTS). O INSS a recolher corresponde ao valor devido
pela empresa, diminuído dos valores de salário-família e salário-maternidade por terem sido
pagos anteriormente. Não esqueça que ainda teríamos o registro do INSS que é retido do
salário a pagar ao empregado e recolhido à previdência, entre outros lançamentos.
Com relação às retenções (INSS, IRRF), nãovamos nos aprofundar no tema por não ser
objeto principal deste trabalho, mas cabe salientar que deduzir dos empregados e não
efetuar o recolhimento pode constituir crime de apropriação indébita com pena de reclusão.
Até agora, vimos todos os lançamentos principais referentes à contabilização da folha de
pagamento. Vamos, agora, considerar alguns aspectos adicionais, que sãoas férias e o
décimo terceiro salário.
A Constituição Federal garante aos trabalhadores o gozo de 30 dias de férias anuais
remuneradas com acréscimo de um terço do salário. Não vamos entrar no mérito de
variações a esta regra geral, como reduções por faltas injustificadas ou acréscimo de 10 dias
caso o trabalhador goze de 20 dias (em vez de 30) e outras possibilidades previstas na
legislação trabalhista. O fato importante a considerar é que, conforme já mencionado
anteriormente, este valor nãopode ser registrado somente quando for pago (que resultaria
em um regime de caixa). Deve ser registrado respeitando o regime de competência. Assim, a
cada mês o trabalhador já tem o direito adquiridoa uma parcela das férias (1/12 avos, 2/12
avos e assim por diante).
A contabilidade deverá reconhecer mensalmente esse valor como despesa (ou custo, se
for o caso), por meio do seguinte lançamento:
D – Despesa de férias (Resultado)
C – Provisão para férias (Passivo)
___________________________________________________________________________
60
O valor da provisão será ajustado mensalmente conforme os valores sejam pagos para
aqueles que efetivamente entrarem no período de gozo e acrescentando mais uma parcela
de direito adquirido dos empregados. O ideal é que o cálculo seja feito individualmente, por
empregado, inclusive para que seja permitida a dedutibilidade do imposto de renda. O valor
deve retratar exatamente quanto o empregado tem de direito, dessa forma podemos ter um
empregado com direito a 6 meses e outro com 1 ano e 3 meses de direito adquirido, por
exemplo. Além de fazer este cálculo, devem ser acrescidos os encargos sociais e a parcela de
1/3 constitucional antes comentada.
Saiba Mais
A revista Fato Gerador da Receita Federal traz informação sobre todas as ações da Receita
Federal para arrecadação de impostos e combate à sonegação, principais autuações,
apreensões de mercadorias, investimentos em Tecnologia da Informação, apreensão de
drogas, autuações relacionadas à “Lava-Jato”, SPED (Sistema Público de Escrituração Digital)
e outros assuntos.
http://idg.receita.fazenda.gov.br/publicacoes/revista-fato-gerador/revista-fato-gerador-
10ed.pdf.
Acesso em: 18/09/2016.
Minicase
Uma empresa paga um total de salários brutos de $50.000, INSS (empregados) de $5.000,
INSS (patronal) de $9.400, FGTS de $4.000 e IRRF de $3.200. Quais desses valores serão
pagos pela empresa, porém retidos dos empregados e, portanto, não representam despesa
efetiva da empresa? Qual o valor do salário líquido a ser pago pela empresa diretamente aos
empregados?
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61
Recapitulando
Neste capítulo, você viu:
Como registrar a folha de pagamento da empresa;
Casos em que há adiantamentos salariais;
Questões específicas referentes a salário-família e salário-educação;
Questões específicas referentes ao Imposto de Renda na Fonte e à contribuição
previdenciária;
Registro contábil da provisão de férias e provisão para décimo-terceiro.
Explorando seu Conhecimento
Com base nos tópicos examinados, responda:
1)Todas as empresas, com ou sem fins lucrativos, deverá elaborar a folha de pagamento de
seus colaboradores, discriminando o nome dos seus empregados e os salários brutos,
descontos, encargos e horas extras para registrar os respectivos salários líquidos. De acordo
com o que foi estudado nesta unidade explique se a folha de pagamento deve ser registrada
pelo regime de caixa ou competência?
2)Em uma empresa comercial, os gastos com pessoal serão classificados como Despesas
Operacionais. No registro contábil quais contas devem ser consideradas?
3)As empresas comerciais necessitam de funcionários que recebem um salário em troca de
prestação de serviços. Você aprendeu nesta unidade que sobre o valor do salário incidem
alguns encargos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Quais são os principais
encargos e obrigações trabalhistas que serão contabilizados por uma empresa na contração
de um empregado?
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62
Contabilidade Comercial
Unidade 5
Ajustes, Provisões e Reconhecimento
da Depreciação e Amortização
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63
5 Ajustes, Provisões e Reconhecimento da
Depreciação e Amortização
Esta unidade trata das principais estimativas contábeis, tais como determinados ajustes,
provisões, vida útil do ativo imobilizado e outras.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Compreender os principais mecanismos de definição de estimativas contábeis;
Analisar a necessidade de constituição de provisões e de ajustes em determinadas
contas;
Verificar os critérios a serem considerados para determinação da vida útil do ativo
imobilizado e cálculo da depreciação;
Verificar os critérios a serem considerados para cálculo da amortização.
5.1 Conceitos Importantes e Aplicações Práticas
Como você sabe, registram-se no Ativo os bens e direitos e, no Passivo, as obrigações.
Neste capítulo, vamos ver algumas contas que chamamos de “retificadoras” e ajustes
necessários para que os saldos contábeis estejam adequadamente representados.
Inicialmente, é interessante entender que a contabilidade possui um caráter objetivo
facilmente identificável quando, por exemplo, registra uma operação com base em uma nota
fiscal ou outro documento hábil. Por outro lado, a contabilidade tem cada vez mais adotado
os parâmetros do chamado “subjetivismo responsável” para melhoria da qualidade da
informação gerada para tomada de decisões.
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64
Independentemente de discussões mais técnicas sobre a elaboração de demonstrações
contábeis, um aspecto importante a ser destacado diz respeito ao fato de que o uso de
estimativas contábeis é essencial para a produção dessas demonstrações com qualidade.
Cabe, portanto, aos administradores das empresas a missão de propiciar as condições
necessárias para que isso ocorra.
O item 8.7 da Pronunciamento Técnico - CPC PME indica que as empresas devem divulgar
em nota explicativa as principais informações e pressupostos relativos ao futuro. As
empresas devem citar as fontes de incerteza relacionadas com as estimativas efetuadas e
destacar qual é o risco de que alguma modificação relevante venha a ser necessária, em
futuro próximo, com relação aos ativos e passivos registrados, dando detalhes dos valores
(ativos e passivos) registrados.
Uma das principais estimativas contábeis, que encontramos na grande maioria das
empresas, é a constituição de uma conta retificadora das contas a receber de clientes que
pode ser denominada de “perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa - PECLD”.
A ideia é que a empresa indique quais são as perdas esperadas na realização de suas
contas a receber. Seguindo os princípios de uma contabilidade, essa perda esperada deve ser
ARTIGO
Subjetivismo responsável: necessidade ou ousadia no estudo da contabilidade.
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rcf/v14n33/v14n33a03.pdf
Acesso em 12/09/2016.
LINK
Pronunicamento técnico cpc pme
Disponível em:
http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/392_CPC_PMEeGlossario_R1.doc
Acesso em 12/09/2016.
___________________________________________________________________________
65
registrada no momento em que existe essa expectativa e nãoquando a perda efetivamente
ocorrer de maneira definitiva. Funciona como se fosse uma maneira de alertar
antecipadamente os usuários da informação contábil para uma expectativa que é provável,
embora ainda não tenha ocorrido efetivamente. Para se chegar ao valor das perdas
estimadas, alguns critérios são normalmente utilizados:
Fazer uma análise individualizada dos principais clientes;
Considerar a experiênciaanterior da empresa;
Verificar se existem garantias reais e outras situações que possam reduzir uma eventual
perda;
Analisar o “aging-list”, ou seja, o detalhamento das contas a receber por cliente e
duplicata, destacando a quantos dias estão atrasadas (mais de 30 dias, 60, 90 e assim por
diante);
Verificar se há casos de clientes em recuperação judicial, falidos e situações similares;
Analisar outras informações que a empresa tenha disponíveis, até mesmo por meio da
mídia em geral, a respeito da situação financeira de seus clientes.
Se a perda fosse definitiva, o lançamento contábil seria de uma despesa contra a baixa de
“contas a receber”. Mas como a perda ainda não ocorreu efetivamente, as “contas a receber”
não podem ser baixadas, ainda. Por outro lado, a despesa pode e deve ser reconhecida, pois
isso demonstra a melhor informação de que a empresa dispõe após a análise efetuada. Por
isso, em lugar de baixar definitivamente as “contas a receber” utiliza-se a conta já
mencionada “perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa (PECLD)”.Assim, o
lançamento seria:
D – Despesas - perdas estimadas com créditos de liquidação duvidosa (Resultado)
C – Perdas estimadas com créditos de liquidação duvidosa (Ativo)
Note que, dessa forma, a despesa é registrada como se de fato a perda já houvesse
ocorrido (impossibilidade de recebimento das contas a receber). Por outro lado, o valor em
“contas a receber” permanece em aberto, mas com uma conta redutora de “PECLD”.
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66
Supondo que houvesse apenas um valor de $1.000 a receber e a probabilidade de
recebimento fosse muito baixa, o balanço ficaria assim:
Contas a receber 1.000
PECLD (1.000)
Além disso, o resultado do exercício seria também diminuído em $1.000 pois considera-se
que neste exercício é que se verificou que o valor possivelmente nãoserá recebido.
Caso a previsão feita se realize, ou seja, de fato se esgotem todas as possibilidades de
recebimento e se considere que o valor não poderá ser recebido em nenhuma hipótese,
faríamos a baixa do valor em “contas a receber” contra a PECLD redutora do ativo:
D – PECLD (ativo) 1.000
C – Contas a receber 1.000
Veja que neste caso não haveria lançamento contra resultado (despesa/perda), pois a
perda já foi registrada no momento da constituição da PECLD.
Mas o que aconteceria se em vez de confirmar esta situação houvesse uma reversão da
expectativa inicial e a empresa tivesse sucesso no recebimento do valor? Nesse caso
teríamos que baixar o valor de “contas a receber” e registrar a entrada do valor no Banco.
Também teríamos que reverter a “PECLD”, como segue:
D – Bancos conta movimento 1.000
C –Contas a receber 1.000
D – PECLD (conta redutora do ativo) 1.000
C – Reversão de PECLD (Resultado) 1.000
Ainda com relação às contas a receber, a Lei 11.638/07 procurou tratar da questão relativa
___________________________________________________________________________
67
aos juros que as empresas embutem nos preços em operações a prazo (até mesmo algumas
vezes que por motivos comerciais os produtos são anunciados como “sem juros”). A lei
passou a exigir que os ativos e passivos de longo prazo sejam ajustados a valor presente. Isso
vale também para operações de curto prazo, se o efeito for relevante. De acordo com a
referida legislação e com os pronunciamentos contábeis emitidos pelo Comitê de
Pronunciamentos Contábeis e aprovados pelo Conselho Federal de Contabilidade, a receita
deve ser mensurada pelo valor justo da contraprestação recebida ou a receber. As contas a
receber podem ser reconhecidas pelo seu valor nominal se a diferença em relação ao valor
justo não for material. Por valor justo, neste caso, entende-se o valor nominal na data do
vencimento descontado para a data do reconhecimento, conforme procedimentos
detalhados no CPC 12 – Ajuste a Valor Presente e item VIII do art. 183 da Lei 6.404/76.
O cálculo do ajuste a valor presente de direitos deve ser efetuado em base exponencial
“pro rata die” a partir da data de origem de cada transação. Os ajustes de créditos devem
retificar os valores das respectivas receitas e eventuais reversões são apropriadas como
receitas financeiras.
No caso de uma prestação de serviços por $10.000 para recebimento em 90 dias com
ajuste a valor presente (AVP) calculado em $900, teríamos a seguinte situação:
No balanço patrimonial:
Contas a receber 10.000
Ajuste a valor presente (900)
Líquido 9.100
LINK
Comitê de Pronunciamentos Contábeis
http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/219_CPC_12.pdf
Acesso em 12/09/2016.
___________________________________________________________________________
68
Na demonstração do resultado:
Receita bruta 10.000
Ajuste a valor presente (900)
Receita líquida 9.100
A conta redutora do ativo vai sendo gradativamente apropriada para o resultado como
receita financeira. Assim, na data do vencimento as contas a receber estarão apresentadas
pelo valor nominal. Vejamos os lançamentos contábeis:
Na venda da mercadoria:
D – contas a receber 10.000
C – receita bruta de vendas 10.000
Pela baixa do estoque vendido:
D – CMV 7.000
C – Estoques 7.000
Pelo reconhecimento do AVP:
D – Ajuste a valor presente (resultado) 900
C – AVP – juros a apropriar (ativo) 900
Apropriação dos juros (pro rata die até a data do balanço e da data do balanço até o
vencimento do título):
D – AVP – juros a apropriar (ativo) 900
C – Receita financeira 900
___________________________________________________________________________
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A mesma lógica é aplicada para ajuste das obrigações de longo prazo, evidentemente
utilizando conta de AVP redutora de “Fornecedores”e fazendo-se as apropriações para a
conta de “despesas financeiras”.
O uso de contas redutoras também pode ser visto no ativo nãocirculante, com destaque
para depreciação, amortização, exaustão e impairment. Como nosso interesse recai sobre as
empresas comerciais, nãoabordaremos o caso da exaustão, mais relacionado com a
exploração de recursos naturais.
A depreciação do ativo imobilizado aplica-se a bens tangíveis e reflete o desgaste dos bens
em função do seu uso. É uma despesa da empresa por representar o consumo de um bem do
ativo, embora não haja desembolso financeiro. O lançamento contábil será de uma conta de
despesa contra uma conta redutora do ativo:
D – Despesas com depreciação (Resultado)
C – Depreciação acumulada (Ativo)
O cálculo do ativo imobilizado muitas vezes é feito por percentuais estipulados pela
legislação fiscal, todavia contabilmente o procedimento correto é estimar a vida útil do ativo
imobilizado e utilizar percentual correspondente a essa vida útil, de forma a refletir
efetivamente o desgaste dos bens. Por exemplo, se um bem tem vida útil estimada de 5
anos, será depreciado 20% ao ano (estará totalmente depreciado em 5 anos). Existem outros
métodos de cálculo que não serão abordadas aqui pois sua utilização no Brasil é muito
restrita.
O cálculo da depreciação deve ser feito a partir do valor de custo do bem, deduzido do
valor residual. Esse valor residual corresponde ao valor do bem após o fim da vida útil, ou
seja, após utilizaro bem, este poderia ser vendido por esse “valor residual”. Vamos ver um
exemplo?
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Custo do bem 50.000
Vida útil estimada 4 anos
Valor residual 10.000
Com estes dados, a depreciação seria feita por 4 anos (vida útil estimada) e pelo valor de
$40.000 (custo de $50.000 - $10.000 de valor residual), ou seja, $10.000 de depreciação ao
ano.
O registro contábil será feito como despesas tendo por contrapartida a conta de
depreciação acumulada:
D – Despesas com depreciação (resultado) 10.000
C – Depreciação acumulada (ativo) 10.000
Não se deve confundir a vida útil estimada pela empresa (4 anos no nosso exemplo) com a
vida econômica, que pode ser superior. Talvez o bem possa ter duração maior, mas para a
empresa a vida útil foi definida como 4 anos.
A mesma lógica aplica-se aos casos de amortização. Deve ser aplicada aos bens
amortizáveis, tais como benfeitorias em imóveis de terceiros, classificados no ativo
imobilizado e aos direitos amortizáveis, normalmente classificados no ativo Intangível. Estão
nesta categoria direitos autorais, patentes, direitos de uso de marca e outros ativos
intangíveis com vida útil definida. Quando os direitos não têm vida útil definida não estão
sujeitos à amortização, devendo-se, no entanto, verificar se esse ativo será recuperável de
alguma forma (necessidade de ajuste por “impairment”). O lançamento da amortização
segue sistemática semelhante à da depreciação, com o reconhecimento da despesa e uma
conta redutora do ativo que está sendo amortizado:
D – Despesas com amortização (resultado)
C – Amortização acumulada (ativo)
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Além dos procedimentos de depreciação e amortização é importante mencionar que os
ativos são recursos controlados pela empresa e que irão gerar benefícios futuros para a
empresa, seja nas operações ou pela venda. Quando isso não ocorre, significa que não há, de
fato, um Ativo. Nesse caso, o valor registrado como ativo fica sujeito a um Ajuste, para que
esteja registrado ao seu valor efetivamente recuperável. Valor recuperável é o maior entre o
valor do ativo quando utilizado nas operações (“valor em uso”) e o valor líquido de venda
(“valor justo menos despesas para vender”). O valor em uso normalmente é estimado de
acordo com o fluxo de caixa estimado descontado a valor presente. A empresa compara o
saldo contábil do ativo (custo menos depreciação) com seu valor recuperável e, se verificar
que este não poderá ser recuperado, deve fazer um ajuste (perda por desvalorização).
Registra, portanto, uma despesa contra uma conta redutora do ativo, calculada pela
diferença entre o valor contábil (custo menos depreciação), conhecida também como perda
por “impairment”:
D – Perda por desvalorização do ativo (resultado)
C – Provisão para perda por desvalorização (ativo)
Para ilustrar, vamos ver os seguintes casos:
Caso 1
Saldo contábil (custo menos depreciação) $100.000
Valor líquido de venda $80.000
Valor em uso $70.000
Solução: deve ser efetuado ajuste de $20.000 (saldo contábil menos valor recuperável que é
o maior entre valor líquido de venda e valor em uso).
___________________________________________________________________________
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Caso 2
Saldo contábil (custo menos depreciação) $100.000
Valor líquido de venda $120.000
Valor em uso $130.000
Solução: o valor recuperável é superior ao saldo contábil, portanto nenhum registro contábil
será realizado.
Caso 3
Saldo contábil (custo menos depreciação) $100.000
Valor líquido de venda $90.000
Valor em uso $105.000
Solução: o valor recuperável é o maior entre valor líquido de venda e valor em uso, portanto,
$105.000. Dessa forma, supera o valor contábil e, portanto, nenhum registro contábil é
necessário.
Embora os exemplos dados tenham tomado por base um ativo único, as normas contábeis
possuem um conceito diferente, que é a Unidade Geradora de Caixa. Na realidade, esta UGC
é que será objeto de comparação com seu valor contábil. A UGC pode ser um ativo individual
quando isto for possível, mas muitas vezes para gerar caixa é necessário um conjunto de
ativos e nesse caso este conjunto de ativos é que deve ser considerado. A UGC, portanto,
será sempre o menor grupo de ativos que gere entradas de caixa (ou até mesmo ativo único)
e pode equivaler a um conjunto de ativos, uma linha de produção inteira, uma fábrica, etc.
Saiba Mais
Detalhes desses assuntos podem ser vistos no Pronunciamento Técnico CPC 01 disponível
em:
___________________________________________________________________________
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http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/27_CPC_01_R1_rev%2008.pdf
Minicase
Veja, abaixo, exemplo de divulgação em nota explicativa de “impairment” do ativo
imobilizado (foram selecionados pequenos trechos da Nota Explicativa). A partir da análise
dos trechos, veja se você consegue identificar o motivo que levou à desvalorização do ativo.
Os trechos selecionados estão na nota explicativa 15.
As demonstrações contábeis completas estão disponíveis em
http://www.vale.com/PT/investors/information-market/financial-
statements/FinancialStatementsDocs/itr_IFRS_BRL_4T15p.pdf
Acesso em 22/09/2016.
Impairment de ativos não circulantes
“De acordo com as políticas contábeis da Companhia, cada UGC é avaliada a cada data
exercício para determinar se há quaisquer indicativos de impairment. Caso esses indicadores
de impairment existam, uma estimativa do valor recuperável é realizada.
Ao avaliar se um impairment é necessário, o valor contábil do ativo ou UGC é comparado
com o seu valor recuperável. O valor recuperável é o maior entre o valor justo da UGC menos
os custos de venda ("VJMCV") e o valor em uso. Se um impairment foi reconhecido em anos
anteriores e circunstâncias atuais indicam que o impairment deixou de ser aplicável, uma
reversão do impairment é reconhecida.
O VJMCV é calculado UGC e é estimado com base em de fluxos de caixa descontados,
considerando o mercado com base em preços de commodities, planos de cinco anos de vida
útil das minas da UGC, reservas e recursos minerais, custos e investimentos com base na
melhor estimativa de desempenho passada e preços de venda consistentes com as projeções
utilizadas em relatórios publicados pela indústria, considerando o preço de mercado quando
disponíveis e apropriados.
A determinação do VJMCV para cada UGC é considerada uma mensuração de valor justo de
___________________________________________________________________________
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nível 3, já que são derivados de técnicas de avaliação que incluem dados que não são
baseadas em mercado observáveis. As premissas mais sensíveis foram taxa de desconto e
preços. Os ativos foram testados considerando o modelo VJMCV, exceto para o Sistema
Norte.
Estes fluxos de caixa foram descontados utilizando uma taxa de desconto após os impostos
entre 6% a 10%. A taxa de desconto foi baseada no custo médio ponderado de capital
("WACC") que reflete avaliações de mercado da inflação e os riscos específicos para a UGC”.
“Carvão - A redução na estimativa dos preços futuros de carvão combinado com os custos
logísticos diminuíram o valor recuperável líquido estimado dos ativos de Moçambique,
registrandoum impairment de R$9.302. Os ativos de carvão na Austrália também foram
impactados pelos preços e a revisão de futuros planos de operação em 2015, registrando um
impairment de R$2.460. O impairment de R$787 registrado em 2014 refere-se aos complexos
de minas Integra e Isaac Plans, que foram vendidos durante o quarto trimestre de 2015.”
Recapitulando
Neste capítulo, você viu alguns dos ajustes a serem efetuados nas demonstrações contábeis,
especialmente:
Ajuste a valor presente de direitos e obrigações;
Ajuste decorrente de perdas esperadas na realização das contas a receber;
Depreciação do ativo imobilizado;
Amortização, principalmente do Intangível;
Perdas por desvalorização (“impairment”).
Explorando seu Conhecimento
Com base nos tópicos estudados responda as seguintes questões:
1)Com base no Balancete de 31/12/201X da Cia. Sol Nascente que atua somente no comércio varejista,
classifique as contas em: Ativo Circulante, Retificadora do Ativo Circulante, Passivo Circulante e Ativo Não
Circulante.
Caixa e Equivalente de Caixa - R$ 20.000,00
___________________________________________________________________________
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Estoque de mercadorias para serem vendidos em 90 dias - R$ 30.000,00
Clientes, com vencimentos em 90 dias - R$ 140.000,00
Contas de Ajuste a Valor Presente a apropriar sobre clientes - R$ 1.000,00
Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa sobre clientes - R$ 2.000,00
Provisão para Contingências tributárias - R$ 5.000,00
Perdas Estimadas nos Estoques - R$ 3.000,00
Seguros pagos Antecipadamente, com apropriação mensal em dois anos - R$ 2.400,00
Aplicação Financeira para ser realizada em um prazo de 180 dias - R$ 32.000,00
Empréstimo a acionista a ser recebido em 60 dias - R$ 5.000,00
2) De acordo com o artigo 182, inciso VIII da Lei nº 6.404/76 alterada pela Lei 11.638/07, os elementos do ativo
decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando
houver efeito relevante. Pesquise o CPC – 30 – Receitas, e o CPC – 12 – Ajuste a Valor Presente
(http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos) e explique com suas palavras o que
significa Ajuste a Valor Presente nas operações.
3) A Empresa Só Comercio tem eu seu Plano de Contas a conta Duplicatas a Receber que é classificada com
uma conta sintética, pois engloba diversas contas analíticas, usadas para registrar as operações de cada cliente.
Na constituição da Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa é debitada uma conta de resultado
(despesa) e creditada a conta de Provisão para Perdas com Créditos de Liquidação Duvidosa, que é uma conta
redutora do Ativo – Duplicatas a Receber (Clientes) demonstrada no Balanço Patrimonial.
No Exercício Social de 20X1, identificou-se que um de seus clientes é considerado incobrável e realizou o
registro contábil:
D – Despesas - perdas estimadas com créditos de liquidação duvidosa (Resultado)
C – Perdas estimadas com créditos de liquidação duvidosa (Ativo)
Considerando o que você aprendeu, explique o motivo de não ter sido creditada a conta Duplicatas a Receber
(Clientes) no mesmo momento em que foi constituída a provisão.
4) O Pronunciamento Técnico CPC 01 estabelece critérios para a constituição do reconhecimento da
desvalorização de Ativos por meio da constituição de provisão para perdas. Tendo por base o conteúdo
destacada nesta unidade, explique que evidências devem ser consideradas para a realização do Teste de
Impairment.
___________________________________________________________________________
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Contabilidade Comercial
Unidade 6
Demonstrações Contábeis
___________________________________________________________________________
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6 Demonstrações Contábeis
Esta unidade aborda a apresentação das Demonstrações Contábeis em conformidade com
o Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) e aspectos relativos à apuração do Resultado do
Exercício.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Conhecer os principais aspectos relacionados com a elaboração e apresentação das
demonstrações contábeis;
Entender a sistemática de apuração do resultado do exercício.
6.1 Apresentação das Demonstrações Contábeis e Resultado do Exercício
Ao longo dos capítulos anteriores vimos diversas transações que ocorrem nas empresas,
normas contábeis a serem adotadas em cada caso e os lançamentos contábeis
correspondentes. E de que forma todas essas informações são reunidas? É o que você
poderá ver agora neste capítulo que trata de um dos principais resultados de todo esse
trabalho, que é a disponibilização de informações contábeis por meio de demonstrações
contábeis e as respectivas notas explicativas, com foco especial no Pronunciamento Contábil
CPC 26 (R1).
O objetivo principal do referido Pronunciamento Técnico é definir de que maneira as
demonstrações contábeis devem ser apresentadas. Para que as demonstrações contábeis
tragam informações significativas para uma empresa é importante que haja a possibilidade
de comparação com períodos anteriores. A partir dessa comparação será possível identificar
tendências como,por exemplo, o comportamento das receitas de vendas. Mas a empresa não
se preocupa apenas em olhar para si, é importante analisar seu desempenho em relação aos
concorrentes. Daí a importância das normas contábeis para padronizar procedimentos e
garantir que estes atendam às melhores práticas disponíveis. Já imaginou como seria se cada
empresa adotasse normas próprias? Seria impossível comparar as informações, assim como
___________________________________________________________________________
78
seria se a própria empresa alterasse constantemente suas práticas. É por isso que o CPC 26
(R1) estabelece como as informações devem ser apresentadas, estruturadas e o conteúdo
mínimo necessário.
É preciso levar em conta que a finalidade das demonstrações contábeis é apresentar de
forma estruturada a posição patrimonial e financeira da empresa, seu desempenho e
evolução de seus fluxos de caixa. Se esses objetivos forem atendidos as demonstrações
contábeis poderão ser úteis aos diversos usuários para tomar decisões sobre a empresa.
Por meio das demonstrações contábeis também é possível avaliar o resultado e,
consequentemente, o desempenho da Administração. Essa avaliação é obtida por meio da
análise de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas, integralização de capital,
distribuição de lucros e acompanhamento dos fluxos de caixa. As demonstrações contábeis
são complementadas por notas explicativas contendo quadros auxiliares e informações
relevantes para ajudar em sua análise, especialmente na tentativa de prever os níveis de
geração de receita e patamar de despesas a serem incorridas. De acordo com as normas
brasileiras de contabilidade o conjunto completo de demonstrações contábeis inclui:
Balanço Patrimonial;
GLOSSÁRIO
Demonstrações contábeis de propósito geral (referidas simplesmente como
demonstrações contábeis) são aquelas cujo propósito reside no atendimento das
necessidades informacionais de usuários externos que não se encontram em
condições de requerer relatórios especificamente planejados para atender às suas
necessidades peculiares.
Definições diversas contidas no CPC 26 (R1). Disponível em
http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2008.pdf
Acesso em: 23/09/2016.___________________________________________________________________________
79
Demonstração do Resultado do Exercício;
Demonstração do Resultado Abrangente;
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;
Demonstração dos Fluxos de Caixa;
Notas Explicativas.
Atualmente, no Brasil, existe exigência específica para as companhias abertas (com ações
em bolsa de valores) para apresentação da Demonstração do Valor Adicionado. Algumas
empresas também apresentam essa informação de forma espontânea.
Juntamente com as demonstrações contábeis pode ser apresentado um Relatório da
Administração contendo comentários sobre assuntos diversos, tais como análise da
conjuntura econômica, política de investimentos, projetos, fontes de financiamento, índices
financeiros e de desempenho, política de pagamento de dividendos, entre outros.
É cada vez maior, também, a quantidade de empresas que divulgam informações de
natureza social e ambiental na forma de “Balanço Social”, “Relatório de Sustentabilidade”,
“Relatório Integrado”, entre outras formas e denominações possíveis. A evolução desses
temas na sociedade traz avanços para
Evidentemente, as demonstrações contábeis devem representar de forma adequada suas
operações. Chamamos essa apresentação adequada de “representação fidedigna” e a ideia é
que a adoção das boas práticas contábeis e cumprimento das normas existentes resultem
nessa representação apropriada das demonstrações contábeis, que proporcione informações
relevantes, confiáveis, comparáveis e compreensíveis (entendíveis).
Na elaboração das demonstrações contábeis alguns pressupostos são considerados. O
primeiro é que a empresa tenha condições de continuar seus negócios normalmente em um
futuro previsível, devendo tomar certas providências especiais caso esse nãoseja o caso.
Outro pressuposto é o que já comentamos, a adoção plena do regime de competência. A
exceção é a demonstração dos fluxos de caixa, em face de sua própria natureza.
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80
Com relação à apresentação das demonstrações contábeis é importante salientar que cada
conjunto importante de itens semelhantes deve ser apresentado separadamente, conforme
sua natureza ou função. A Administração deve sempre procurar ver a materialidade das
informações para decidir sobre a necessidade de divulgação e nível de detalhamento, de
forma que os usuários possam compreender adequadamente o impacto de transações e
eventos sobre a posição financeira e desempenho da empresa.
Para facilitar a leitura e compreensão das demonstrações contábeis o Pronunciamento
Técnico CPC 26 (R1) estipula a forma de apresentação de alguns itens para os quais são
admitidas compensações e a apresentação pelo valor líquido. Referido pronunciamento pode
ser consultado para maiores detalhes.
O conjunto completo das demonstrações contábeis é apresentado anualmente e a
legislação societária brasileira exige a comparação com o ano anterior. Isso vale para todas as
demonstrações, inclusive as notas explicativas. Cuidados especiais devem ser dedicados a
mudanças de critérios contábeis e retificação de erros em que pode ser necessário
reapresentar informações de períodos contábeis anteriores conforme as normas específicas
para esses casos (ver CPC 23 para mais detalhes sobre o assunto).
De forma geral, portanto, é importante ressaltar que todos os esforços devem ser dirigidos
no sentido de fazer divulgações completas sobre o período atual e cuidar para que a
comparação com períodos anteriores seja adequada. Nesse sentido, também é importante
manter a forma de apresentação e classificação de itens das demonstrações contábeis de um
período para o outro, sempre que possível.
Muitas vezes, as demonstrações contábeis estão inseridas em um relatório detalhado
contendo diversas outras informações, mas é preciso que elas estejam claramente
identificadas no conjunto de forma que nãopossa haver confusão entre elas, levando os
usuários a conclusões equivocadas, pois outras informações podem não estar sujeitas as
mesmas regras e legislação aplicável às informações contábeis.
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81
Ao apresentar cada demonstração contábil estas devem ser claramente identificadas,
incluindo, entre outras informações, o nome da entidade, data de encerramento das
demonstrações contábeis e período abrangido, moeda em que é apresentada (normalmente
as publicações são em milhares – $ mil).
Vamos ver, agora, as principais características de cada demonstração contábil. Antes, eu
sugiro que você dê uma olhada nas demonstrações contábeis da Natura (conforme o Link) ou
de qualquer outra empresa de sua preferência. Sugiro que você comece olhando o Balanço
(ativo e passivo). Faça a mesma coisa para as demais demonstrações na medida em que
avançamos no texto. Veja os detalhes, nome da empresa, período, o fato de que está em
milhares de reais. Dê uma olhada nas principais contas. Quanto a empresa possui de contas a
receber? E aplicações financeiras (títulos e valores mobiliários)? Quanto deve a
fornecedores? E as obrigações tributárias?O total de ativo circulante parece razoável quando
comparado com o total de passivo circulante (direitos e obrigações que devem ser liquidadas
nos próximos 12 meses). Enfim, faça suas análises, veja que ao lado das principais contas há
um número com a referência para a nota explicativa que detalha o valor.
Alguns exemplos de grupos de contas apresentadas no Balanço Patrimonial são:
No ativo:
Caixa e equivalentes de caixa (bancos, aplicações financeiras);
Clientes e outras contas a receber;
Estoques;
Ativos financeiros e ativos classificados como “disponíveis para venda”;
Ativos biológicos;
Investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial;
Propriedade para investimento;
Imobilizado;
Intangível.
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82
No passivo:
Contas a pagar;
Fornecedores;
Provisões;
Obrigações trabalhistas e tributárias;
Impostos diferidos.
No Patrimônio Líquido:
Capital social integralizado;
Reservas de capital;
Reservas de lucros;
Outras atribuíveis aos proprietários da entidade.
Contas adicionais, cabeçalhos, subtotais e outras modificações devem ser apresentados
sempre que puder melhorar o entendimento da posição financeira e patrimonial da
empresa.
A adequação das contas deve levar em consideração a natureza dos ativos, seu grau de
liquidez, função e montante, entre outros aspectos.
São registrados no ativo circulante os bens e direitos realizáveis até o final do exercício
social seguinte, normalmente um período de 12 meses da data do balanço. A partir
daídevem registrar-se no ativo não circulante. A mesma divisão ocorre com o passivo
circulante e passivo nãocirculante.Informações mais específicas sobre datas previstas para
realização de ativos e liquidação de passivos devem ser apresentadas em nota explicativa,
sempre que necessário.
O Ativo não Circulante é subdividido em: realizável a longo prazo, investimentos,
imobilizado e intangível. No Passivo não Circulante nãohá subdivisão semelhante. Merece
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83
destaque a segregação entre curto e longo prazo, principalmente de empréstimos e
financiamentos.
Outra demonstração muito importante é a demonstração doresultado do exercício (DRE),
que apresenta o desempenho da empresa em dado período (normalmente um exercício),
incluindo:
Receitas de vendas ou prestação de serviços;
Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos;
Lucro bruto;
Despesas gerais;
Despesas com vendas;
Despesas administrativas;
Resultado da equivalência patrimonial;
Outras receitas e despesas operacionais;
Resultado antes das receitas e despesas financeiras;
Ganhos e perdas decorrentes de baixa de ativos financeiros mensurados pelo custo
amortizado;
Custos de financiamentos;
Resultado antes dos tributos sobre o lucro;
Tributos sobre o lucro;
Resultado líquido do período.
Dentro dessa estrutura devem ser segregadas operações descontinuadas, para não
atrapalhar a comparabilidade. Assim, se a empresa deixou de produzir geladeira, por
exemplo, as receitas e custos referentes a essa operação devem ser segregadas nessa
condição de “operações descontinuadas”.
Existe, também, a possibilidade de apresentação de “outros resultados abrangentes”
complementando o resultado do exercício, porém no Brasil tem sido adotada a prática de
apresentação de demonstração específica para essa finalidade (Demonstração dos
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Resultados Abrangentes). Resultado abrangente é qualquer mutação que ocorre no
patrimônio líquido durante um período que resulte de transações e outros eventos que não
derivados de transações com os sócios na sua qualidade de proprietários.
As empresas também apresentam a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
(DMPL). A DMPL inclui informações sobre o capital social, reservas de capital, ajustes de
avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações ou quotas em tesourariae prejuízos
acumulados (no caso de lucros acumulados em geral é feita sua destinação ao final do
período).
Outra demonstração muito importante é a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). A DFC
apresenta a evolução do Caixa e Equivalentes de Caixa (incluindo aplicações financeiras que
podem ser resgatadas no curto prazo).
É uma demonstração que proporciona aos usuários uma avaliação da capacidade que a
empresa tem de gerar caixa para pagar compromissos, investir etc. Pode ser feita pelo
método direto ou indireto. Este último tem predominado no Brasil e apresenta o lucro ou
prejuízo do período, ajustes a esse lucro, atividades de operacionais, de investimento e de
financiamento, mostrando a evolução dos fluxos de caixa do início para o final do período.
As Demonstrações Contábeis são complementadas por quadros adicionais, composições
de valores e comentários feitos nas Notas Explicativas elaboradas pela Administração da
empresa. As notas explicativas contemplam a apresentação de informações sobre as bases
de apresentação das demonstrações contábeis, políticas contábeis utilizadas e outras que
colaborem para a compreensão de seu conteúdo pelos usuários, como o contexto
operacional e abertura dos saldos das principais contas com os comentários que sejam
pertinentes.
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Saiba Mais
Para uma compreensão maior desse assunto sugerimos que você veja alguns exemplos de
balanço publicados que podem ser facilmente publicados na Internet. Prefira os balanços
auditados para essa análise. Abaixo um Link com mais uma opção para análise:
http://www.fcasa.com.br/wp-content/uploads/2016/03/VLI-SA-consolidada-
_Demonstra%C3%A7%C3%B5es-Cont%C3%A1beis_2015-2014.pdf
Acesso em: 26/09/2016
Minicase
Veja o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício da empresa Deten
Química S/A. As demonstrações contábeis completas estão disponíveis em:
http://www.deten.com.br/info/balanco-patrimonial
Acesso em 26/09/2016.
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A partir das demonstrações contábeis podemos fazer inúmeras análises, inclusive por meio
de técnicas e utilização de análise horizontal, vertical, índices de liquidez, endividamento,
rentabilidade e outros. Mas algumas análises básicas podem ser feitas rapidamente. Tente,
por exemplo, verificar as seguintes questões bastante simples, mas importantes:
1. A empresa está dando lucro ou prejuízo? Houve aumento ou redução de 2014 para 2015?
E as vendas, aumentaram ou diminuíram? Qual foi o comportamento do custo das vendas?
2. O Patrimônio Líquido representa o valor que sobra de todos os bens e direitos (ativos)
após pagar todas as obrigações (passivos). Dessa forma, representa a riqueza da empresa. De
quanto é essa riqueza, ou seja, qual o total do PL?
3. Quais as principais contas do ativo? E do passivo? Lembre-se que se você quiser pode
seguir o Link e verificar as notas explicativas com detalhes adicionais sobre os saldos. O
número da nota explicativa está assinalado ao lado de cada conta do balanço.
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Recapitulando
Neste capítulo você pode conhecer mais sobre as seguintes demonstrações contábeis:
Balanço patrimonial;
Demonstração do Resultado do Exercício;
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;
Demonstração do Resultado Abrangente;
Demonstração dos Fluxos de Caixa;
Notas explicativas.
Explorando seu Conhecimento
1)Os valores abaixo foram extraídos da Contabilidade e da Demonstração do Resultado do
Exercício de uma Empresa Comercial. Considerando os elementos apresentados informe
quais os valores distribuídos aos Governos Federal e Estadual.
Receita Bruta de Vendas 12.000,00
Impostos Sobre Vendas 2.478,00
ICMS Estadual.
2040,00
PIS Federal 78,00
COFINS Federal 3.60,00
CMV – CUSTOS DAS MERCADORIAS VENDIDAS 4200,00
INSS S/FOLHA Federal OU Estadual 180,00
FGTS 60,00
ICMS RECUPERADO 714,00
IR e CSSLL Federal 379,70
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2) Considerando os saldos das contas apresentadas no quadro, elabore o Balanço
Patrimonial da Empresa Comercial.
Saldo das Contas 20x1
Aplicações Financeiras 360
Capital 8.280
Clientes 900
Clientes L.P. 1.980
Despesas Antecipadas 360
Intangível 990
Disponível 180
Empréstimos L.P. 2.520
Saldo das Contas 20x1
Empréstimos Bancários 360
Estoques 3.600
Financiamentos 2.880
Fornecedores 1.260
Imobilizados 6.300
Investimentos 1.710
Lucros Acumulados 360
Reservas de Lucros 2.340
Títulos a Receber 1.620
3)Considerando o que você estudou nesta unidade, as empresas brasileiras devem
apresentar um conjunto de Demonstrações Contábeis. Comente quais são essas
demonstrações.
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Respostas Comentadas – Explorando seu
Conhecimento
Unidade 1
1. A atividade comercial é própria da natureza e das necessidades humanas. Em no
máximo 5 linhas e considerando o conteúdo estudado neste capítulo,expresse o que é
comércio e como se deu a sua evolução histórica.
Respostas: O comércio consiste na troca de mercadorias por dinheiro ou por outras
mercadorias. Com a moeda, surgiu a figura do comerciante, na condição de um intermediário
que poderia adquirir uma mercadoria em determinado lugar para revender a terceiros
(consumidores). A evolução do comércio desde então é notável: feiras livres, grandes
mercados, milhares de estabelecimentos fixos, grandes shopping centers e mais
recentemente o comércio eletrônico.
2. Têm-se uma empresa, quando duas ou mais pessoas juntam seus recursos financeiros ou
materiais para constituir uma sociedade. Diante dos esclarecimentos sobre o significado de
empresa, apresente a definição da empresa comercial e o objetivo da contabilidade
comercial.
Resposta: Antes do NCC as sociedades eram divididas em Comercial e Civil, após as
modificações passaram a ser denominadas como Sociedade Empresária (exercem atividades
próprias de empresários com registro na junta comercial) e Sociedade Simples (demais
atividades, que não são exercidas por empresário.As entidades mercantis são usualmente
classificadas como de Atacado e Varejo. Ultimamente vem se desenvolvendo o chamado
“Atacarejo”. A Contabilidade Comercial é o ramo da contabilidade aplicado ao estudo do
patrimônio das empresas comerciais.
___________________________________________________________________________
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3. Considerando a divisão entre Empresário ou Autônomo e Sociedade Empresária ou
Sociedade Simples, explique o que é Empresário.
Resposta: O Novo Código Civil (NCC), instituído pela Lei 10.406/02, trouxe diversas
modificações e passou a regular o Direito de Empresa. O art. 966 considera empresário
“quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços”. Antes do NCC as sociedades eram divididas em Comercial
e Civil, após as modificações passaram a ser denominadas como Sociedade Empresária
(exercem atividades próprias de empresários) e Sociedade Simples (demais atividades, que
não são exercidas por empresário considerando o conceito acima mencionado).
Unidade 2
1) Uma empresa Comercial comprou mercadorias para revenda, sendo que o valor total da
nota fiscal foi R$ 12.300,0. Os seguintes impostos estão inclusos neste valor:
ICMS ................................... R$ 2.000,00
IPI ....................................... R$ 1.200,00
Frete .................................. R$ 800,00
Seguro................................ R$ 300,00
A empresa Comercial é contribuinte do ICMS, mas não é contribuinte do IPI. Qual foi o valor
das mercadorias adquiridas reconhecido no estoque?
Resposta: Como a empresa somente é contribuinte do ICMS, a recuperação do imposto
sobre compra será apenas do ICMS, sendo que o IPI, seguro e frete integram o custo da
mercadoria adquirida. Portanto, teremos:
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91
Total da Nota Fiscal.............. R$ 12.300,00
(-) ICMS ................................ R$ (2.000,00)
Custo da Mercadoria............ R$ 10.300,00
2) Sabemos que existe mais de um critério de valoração dos estoques. Com esta afirmação
responda a seguinte pergunta: Qual o critério de valoração dos estoques mais utilizado e
aceito contabilmente pela legislação do imposto de renda no Brasil? Faça um comparativo
com os outros critérios aceitos pela legislação e explique o impacto no custo da mercadoria
vendida e o saldo do estoque.
Resposta: O método mais utilizado pelas empresas no Brasil é o Custo Médio Ponderado
Móvel, aceito contabilmente e pela legislação fiscal. Neste caso, as mercadorias em estoque
são valorizadas pela média dos diferentes custos de aquisição. O CPC 16 restringiu o uso do
UEPS para fins contábeis, que também não é aceito pela legislação fiscal.
A valoração pelo método de custos PEPS significa que o Primeiro estoque adquirido é o
primeiro a ser baixado como custo, consequentemente teremos o valor do estoque pelo
valor mais atualizado.
3)Uma empresa comercial utiliza o método do inventário permanente e os impostos
recuperáveis já estão deduzidos dos valores unitários de compra. Considere as seguintes
transações sabendo-se que a empresa avalia seus estoques pelo critério PEPS e responda
qual é o valor do estoque de mercadoria no final do mês correspondente.
Dia Transação
1 Compra de 40 unidades a 100,00 cada uma
7 Compra de 60 unidades a 110,00 cada uma
12 Venda de 90 unidades a 200,00 cada uma
23 Compra de 50 unidades a 120,00 cada uma
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92
Controle de Estoque PEPS
Entradas Saídas Saldos
Quant Unidade Total Quant Unidade Total Quant Unidade Total
40 100,00 4.000,00
40 100,00 4.000,00
60 110,00 6.600,00
60 110,00 6.600,00
40 100,00 4.000,00
50 110,00 5.500,00 10 110,00 1.100,00
50 120,00 6.000,00 50 120,00 6.000,00
EF = 1.100,00 + 6.000,00 = EF = 7.200,00
Unidade 3
1. Determinada empresa comercial está considerando que o montante de recursos que
está disponível na conta banco movimento deveria proporcionar receita financeira.
Considerando o que você aprendeu nesta unidade, que instrumentos financeiros estão a
disposição da entidade ?
Resposta: O termo Instrumentos Financeiros, que vem sendo mais utilizado nos últimos
anos, é definido no Pronunciamento Técnico CPC 39 como “qualquer contrato que dê origem
a um ativo financeiro para a entidade e a um passivo financeiro ou instrumento patrimonial
para outra entidade (grifo nosso) ”.São exemplos de ativo financeiro o caixa, direitos
contratuais, instrumentos patrimoniais de outra Entidade e contratos que possam ser
liquidados por instrumentos patrimoniais da própria entidade. Um passivo financeiro, por
sua vez, implica em uma obrigação contratual. Essa obrigação conduzirá a empresa a
entregar Caixa (ou outro ativo financeiro) para outra entidade.
2) As entidades para gerenciar os recursos financeiros aplicam e fazem captação de
recursos. Considere que a empresa tem a intenção de aplicar parte desses recursos em
derivativos, explique se há benefícios nesta operação em relação aos demais instrumentos
financeiros disponíveis.
___________________________________________________________________________
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Resposta: Derivativos são instrumentos financeiros cujo valor se altera tendo como
referência outro ativo especificado, como por exemplo uma taxa de juros, taxa de câmbio,
preço de mercadoria, índice de preços e assim por diante. Esses contratos são feitos sem
investimento inicial ou com baixo valor inicial e sua liquidação se dará em data futura.
3) Um comerciante encaminhou ao banco um lote de duplicatas para serem descontadas
no valor de $ 30.000,00, com vencimento em trinta dias. Foi cobrada uma taxa de desconto
de 5% referente aos juros da operação e despesas bancárias no valor de $ 300,00. Faça os
cálculos da operação e apresente a contabilização para a operação.
Débito: Duplicatas Descontadas 28.200,00
Débito: Despesas de taxa 300,00
Débito: Juros a vencer 1.500,00
Crédito: Duplicatas a Receber 30.000,00
Unidade 4
1)Todas as empresas, com ou sem fins lucrativos, deverá elaborar a folha de pagamento de
seus colaboradores, discriminando o nome dosseus empregados e os salários brutos,
descontos, encargos e horas extras para registrar os respectivos salários líquidos. De
acordo com o que foi estudado nesta unidade explique se a folha de pagamento deve ser
registrada pelo regime de caixa ou competência?
A folha de pagamento deve ser registrada por regime de competência, pois este é um
pressuposto básico da contabilidade, de forma que as despesas sejam registradas quando
efetivamente incorridas (os serviços foram efetivamente prestados) e não quando pagas.
2)Em uma empresa comercial, os gastos com pessoal serão classificados como Despesas
Operacionais. No registro contábil quais contas devem ser consideradas?
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Resposta: Para o registro contábil da apropriação :
Débito – Despesas de Salários
Crédito – Salários e Ordenados a Pagar
Resposta: Para o registro contábil da apropriação dos encargos trabalhistas :
Debito – Despesas de Contribuições Sociais
Crédito – Contribuições Sociais a Recolher
3)As empresas comerciais necessitam de funcionários que recebem um salário em troca de
prestação de serviços. Você aprendeu nesta unidade que sobre o valor do salário incidem
alguns encargos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Quais são os
principais encargos e obrigações trabalhistas que serão contabilizados por uma empresa
na contração de um empregado?
Resposta: Os encargos são: INSS (parte empresa), FGTS, décimo terceiro salário, férias (1/3
constitucional mais os encargos sobre férias), comissões, adicionais de insalubridade e
periculosidade, benefícios em geral, entre outros. Em alguns casos, a empresa faz a retenção
e repasse, como o IRRF, não sendo exatamente um encargo da empresa.
Unidade 5
1)Com base no Balancete de 31/12/201X da Cia. Sol Nascente que atua somente no
comércio varejista, classifique as contas em: Ativo Circulante, Retificadora do Ativo
Circulante, Passivo Circulante e Ativo Não Circulante.
Caixa e Equivalente de
Caixa
R$ 20.000,00 Ativo Circulante
Estoque de mercadorias
para serem vendidos em
90 dias
R$ 30.000,00 Ativo Circulante
Clientes, com vencimentos R$ 140.000,00 Ativo Circulante
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em 90 dias
Contas de Ajuste a Valor
Presente a apropriar sobre
clientes
R$ 1.000,00 Retificadora do Ativo
Perdas Estimadas para
Créditos de Liquidação
Duvidosa sobre clientes
R$ 2.000,00 Retificadora do Ativo
Provisão para
Contingências tributárias
R$ 5.000,00 Passivo Circulante
Perdas Estimadas nos
Estoques
R$ 3.000,00 Retificadora do Ativo
Seguros pagos
Antecipadamente, com
apropriação mensal em
dois anos
R$ 2.400,00 Ativo Não Circulante
Aplicação Financeira para
ser realizada em um prazo
de 180 dias
R$ 32.000,00 Ativo Não Circulante
Empréstimo a acionista a
ser recebido em 60 dias
R$ 5.000,00 Ativo Circulante
2) De acordo com o artigo 182, inciso VIII da Lei nº 6.404/76 alterada pela Lei 11.638/07, os
elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor
presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. Pesquise o CPC – 30
– Receitas, e o CPC – 12 – Ajuste a Valor Presente
(http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos) e explique com
suas palavras o que significa Ajuste a Valor Presente nas operações.
Resposta: A lei passou a exigir que os ativos e passivos de longo prazo sejam ajustados a valor
presente. Isso vale também para operações de curto prazo, se o efeito for relevante.
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Considerando que na contabilidade a base são os documentos fiscais das operações, o
registro das receitas que tem como contrapartida ativos a receber tem o valor do
documento.
Mas, a Lei 11.638/2007 define como necessário realizar os ajustes a valor presente na
escrituração contábil para demonstrar o valor real da operação na data de emissão do
demonstrativo financeiro.
3) A Empresa Só Comercio tem eu seu Plano de Contas a conta Duplicatas a Receber que é
classificada com uma conta sintética, pois engloba diversas contas analíticas, usadas para
registrar as operações de cada cliente.
Na constituição da Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa é debitada uma conta
de resultado (despesa) e creditada a conta de Provisão para Perdas com Créditos de
Liquidação Duvidosa, que é uma conta redutora do Ativo – Duplicatas a Receber (Clientes)
demonstrada no Balanço Patrimonial.
No Exercício Social de 20X1, identificou-se que um de seus clientes é considerado
incobrável e realizou o registro contábil:
D – Despesas - perdas estimadas com créditos de liquidação duvidosa (Resultado)
C – Perdas estimadas com créditos de liquidação duvidosa (Ativo)
Considerando o que você aprendeu, explique o motivo de não ter sido creditada a conta
Duplicatas a Receber (Clientes) no mesmo momento em que foi constituída a provisão.
Resposta: A empresa deve fazer o ajuste para registrar sua melhor estimativa de perdas
esperadas na realização das contas a receber. Seguindo os princípios de uma contabilidade,
essa perda esperada deve ser registrada no momento em que existe essa expectativa e não
quando a perda efetivamente ocorrer de maneira definitiva. Funciona como se fosse uma
maneira de alertar antecipadamente os usuários da informação contábil para uma
expectativa que é provável, embora ainda não tenha ocorrido efetivamente.
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4) O Pronunciamento Técnico CPC 01 estabelece critérios para a constituição do
reconhecimento da desvalorização de Ativos por meio da constituição de provisão para
perdas. Tendo por base o conteúdo destacada nesta unidade, explique que evidências
devem ser consideradas para a realização do Teste de Impairment.
Os ativos são recursos controlados pela empresa e que irão gerar benefícios futuros para a
empresa, seja nas operações ou pela venda. Quando isso não ocorre, significa que não há, de
fato, um Ativo. Nesse caso, o valor registrado como ativo fica sujeito a um Ajuste, para que
esteja registrado ao seu valor efetivamente recuperável. Valor recuperável é o maior entre o
valor do ativo quando utilizado nas operações (“valor em uso”) e o valor líquido de venda
(“valor justo menos despesas para vender”). O valor em uso normalmente é estimado de
acordo com o fluxo de caixa estimado descontado a valor presente. A empresa compara o
saldo contábil do ativo (custo menos depreciação) com seu valor recuperável e, se verificar
que este não poderá ser recuperado, deve fazer um ajuste (perda por desvalorização).
Registra, portanto, uma despesa contra uma conta redutora do ativo, calculada pela
diferença entre o valor contábil (custo menos depreciação), conhecida também como perda
por “impairment”:
Unidade 6
1)Os valores abaixo foram extraídos da Contabilidade e da Demonstração do Resultado do
Exercício de uma Empresa Comercial. Considerando os elementos apresentados informe
quais os valores distribuídos aos Governos Federal e Estadual.
Receita Bruta de Vendas 12.000,00
Impostos Sobre Vendas 2.478,00
ICMS Estadual.
2040,00
PIS Federal 78,00
COFINS Federal 3.60,00___________________________________________________________________________
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CMV – CUSTOS DAS MERCADORIAS VENDIDAS 4200,00
INSS S/FOLHA Federal OU Estadual 180,00
FGTS 60,00
ICMS RECUPERADO 714,00
IR e CSSLL Federal 379,70
Resposta:
Federal = R$ 78,00 + R$ 360,00 + 180,00 + R$ 379,70 = R$ 997,70
Estadual = R$ 2040,00
2) Considerando os saldos das contas apresentadas no quadro, elabore o Balanço
Patrimonial da Empresa Comercial.
Saldo das Contas 20x1
Aplicações Financeiras 360
Capital 8.280
Clientes 900
Clientes L.P. 1.980
Despesas Antecipadas 360
Intangível 990
Disponível 180
Empréstimos L.P. 2.520
Saldo das Contas 20x1
Empréstimos Bancários 360
Estoques 3.600
Financiamentos 2.880
Fornecedores 1.260
Imobilizados 6.300
Investimentos 1.710
Lucros Acumulados 360
___________________________________________________________________________
99
Reservas de Lucros 2.340
Títulos a Receber 1.620
Resposta
3)Considerando o que você estudou nesta unidade, as empresas brasileiras devem
apresentar um conjunto de Demonstrações Contábeis. Comente quais são essas
demonstrações.
Resposta:
Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração do Resultado
Abrangente; Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; Demonstração dos Fluxos
de Caixa.
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100
As demonstrações contábeis devem ser acompanhadas das correspondentes notas
explicativas.
A Demonstração do Valor Adicionado é obrigatória somente para as companhias abertas
(que tem ações na bolsa de valores).
___________________________________________________________________________
101
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, J. E. F. et al. Contabilidade das pequenas e médias empresas. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2014.
ALMEIDA, M. C.; ALMEIDA, R. J. Regulamentação fiscal das normas contábeis do IFRS e CPC :
Lei 12.973/14. São Paulo : Atlas, 2015.
BRASIL. Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Lei das Sociedades por Ações.
BRASIL. Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007. Alterou e revogou dispositivos da Lei n.
6.404/76 e deu outras providências.
BRASIL. Lei 11.941 de 27 de maio de 2009. Alterou a legislação tributária federal e deu outras
providências.
IUDÍCIBUS, S; MARION, J. C. Contabilidade Comercial – atualizado conforme Lei 11.638/07 e
MP 449/08. São Paulo : Atlas, 2009.
________________________. Contabilidade Comercial. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2016.
_________; __________; FARIA, A. C. Introdução à Teoria da Contabilidade para o Nível de
Graduação. 5ª. Ed. – São Paulo : Atlas, 2009.
_________; MARTINS, E; CARVALHO, L. N. Contabilidade: aspectos relevantes da epopeia de
sua evolução. 2005, São Paulo, SP: USP: Revista Contabilidade & Finanças. Disponível em
<http://www.revistas.usp.br/rcf/article/view/34155/36887> Acesso em: 28 ago. 2016.
MONTOTO, Eugênio. Contabilidade Geral Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011.
PADOVEZE, C. L. Manual de Contabilidade Básica: contabilidade introdutória e
intermediária. 6ª. Ed. – São Paulo : Atlas, 2008.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Comercial Fácil. 17. ed., ampl. e atual. – São Paulo:
Saraiva, 2011.
SZUSTER, N. et al. Contabilidade geral: Introdução à Contabilidade Societária. 2ª. ed. – São
Paulo : Atlas, 2008.
WATANABE, M. Manual de Direito : para iniciantes no estudo do direito. São Paulo : Saint
Paul Editora, 2009.
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102
Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis)
CPC 01 (R1) – Redução ao Valor Recuperável de Ativos;
CPC 03 (R2) – Demonstração dos Fluxos de Caixa;
CPC 04 – Ativo Intangível;
CPC 12 – Ajuste a Valor Presente;
CPC 16 (R1) – Estoques;
CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudanças de Estimativa e Retificação de Erro;
CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis;
CPC 27 – Ativo Imobilizado
CPC 30 – Receitas
CPC 38 – Instrumentos financeiros: Reconhecimento e mensuração
CPC 39 – Instrumentos financeiros: Apresentação
CPC 40 – Instrumentos financeiros: Evidenciação
CPC PME (R1) – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas (com glossário de Termos)
OCPC (Orientação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis)
OCPC 02 – Esclarecimentos sobre as Demonstrações Contábeis
OCPC 03 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação;
Sites
www.cpc.org.br
www.cfc.org.br
www.planalto.gov.br
www.receita.fazenda.gov.br
www.portaldacontabilidade.com.br