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Direito Empresarial – Alexandre Gialluca
Indicação bibliográfica:
Manual de Direito Comercial – Fábio Ulhôa Coelho. Ed. Saraiva.
1ª e 2ª aulas Curso de Direito Comercial do Fábio Ulhoa, vol. 1 – Ed. Saraiva; 
Curso de Direito Empresarial, vol.1, Marlon Tomazetti, Ed. Atlas.
INTRODUÇÃO:
	Havia o Código Comercial de 1850 que adotava a Teoria dos Atos de Comércio que é justamente uma Teoria Francesa. 
	De acordo com a Teoria dos Atos de Comércio havia a figura do comerciante e da sociedade comercial. O Código Comercial estava dividido em três partes. A Parte Primeira se chamava Do Comércio em Geral. A Parte Segunda se chama Do Comércio Marítimo e a parte Terceira se chamava Das Quebras (Instituto da Falência).
	Ocorre que a parte terceira já havia sido revogada pelo Dec. Lei 7.661/1945 que por sua vez também já foi revogado pela lei 11.101/2005 – Nova Lei de Falências. 
	É interessante que a figura do Comerciante, da Sociedade Comercial era tratada na Parte Primeira do Código Comercial. O comerciante era a pessoa física e sociedade comercial era a pessoa jurídica, mas para que houvesse essa classificação seria necessário: habitualidade na atividade, finalidade lucrativa e somente era considerado comerciante/sociedade comercial quem praticasse atos de comércio.
	Para saber quais eram os atos de comércio era necessário recorrer ao Regulamento 737 de 1850 que elencava quais eram os atos de comércio, observando-se que eram poucos os atos considerados como atos de mercancia e esse era o grande problema do Direito Comercial. Ex. Compra e venda de bens móveis e semoventes para revenda ou locação, câmbio (troca de moeda estrangeira), bancos (comerciante nato, surgindo junto com o comércio), transportes em geral de mercadorias, fabricação, consignação e depósito de mercadorias (industrial em geral), espetáculos públicos, contratos marítimos em geral, fretamento de navios e títulos de créditos em geral (especialmente títulos de crédito rural). 
	Esse era um grande problema do Direito Comercial, considerando que se tratava de análise meramente objetiva. Tratando-se de ato não elencado no regulamento, não era considerado comerciante ou sociedade comercial. Ex. Imobiliária a Imobiliária, apesar de ter habitualidade e visar lucro, como trata de compra e venda de bens imóveis e esta atividade não estava no regulamento, não era considerada atividade comercial. O mesmo ocorria com a prestadora de serviço. 
	A sociedade não comercial era chamada sociedade civil, e tratando-se de sociedade civil, caso estivesse em crise financeira não podia a sociedade civil se valer da Concordata. Não possuía os benefícios do Direito Empresarial.
	Com o advento do Código Civil, especialmente o art. 2.045 há revogação da Lei 3.071/16 (CC/16) e a Parte primeira do Código Comercial de 1850. O NCC revogou apenas a Parte Primeira do Código Comercial de 1.850, permanecendo vigente a Parte Segunda (Do Comércio Marítimo).
	O art. 740 do Código Comercial prevê a chamada Arribada Forçada ao sair do porto o navio deve ter previsto seu trajeto devidamente fixado, não sendo permitidas outras paradas senão aquelas previamente definidas, salvo a chamada Arribada Forçada, permitindo-se a parada o navio caso haja justo motivo. É interessante observar que o justo motivo previsto no art. 741 do Código Comercial é o “Ataque de Pirata”.
	O NCC adota uma nova teoria chamada Teoria da Empresa, de origem Italiana, vindo para modificar a situação existente. É diante desse contexto que será dado o conceito de empresário.
EMPRESÁRIO:
Conceito:
	O Conceito de empresário está previsto no art. 966 do Código Civil, o qual se aplica tanto ao empresário individual como ao empresário coletivo. O empresário coletivo é denominado Sociedade Empresária. 
	É necessário observar que o empresário individual é pessoa física enquanto a sociedade empresária é pessoa jurídica. 
	O empresário individual apesar de possuir CNPJ, não é considerado pessoa jurídica. Da mesma forma, isso ocorre com o condomínio. O CNPJ é utilizado para que o empresário individual pessoa física tenha o mesmo tratamento tributário que a pessoa jurídica.
	Atente-se que não cabe desconsideração da personalidade jurídica para o empresário individual considerando que o empresário individual não possui personalidade jurídica. O TJRJ decidiu acerca dessa matéria pelo indeferimento do pleito de desconsideração da personalidade jurídica da firma individual considerando a ausência de personalidade jurídica. 
	Art. 966, CC: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.“
	 O empresário, diz a lei é aquele que possui quatro elementos:
Profissionalmente: é o mesmo que dizer habitualidade, continuidade. Empresário é aquele que exerce determinada atividade com continuidade, fazendo daquela atividade a sua profissão. Não é algo eventual, esporádico, mas sim, contínuo. Se a pessoa promove apenas uma festa, não pode ser considerado empresário. Da mesma forma não é empresário aquele que aliena um único veículo.
Atividade econômica: quer dizer finalidade lucrativa. O empresário busca o lucro. Não há empresário que não busque lucro. 
Organização: a organização é a reunião dos quatro fatores de produção, merecendo destaque:
Mão-de-obra: é o famoso trabalho alheio. Pode ser efetivada mediante contrato de trabalho regido pela CLT ou mediante contrato de prestação de serviços.
Matéria prima
Capital: é necessário capital investido.
Tecnologia: a doutrina diz que não se faz necessário que seja tecnologia de ponta, mas sim qualquer item que identifique tecnologia.
Quando a pessoa física organiza esses quatro fatores de produção temos o empresário individual. Já quando se trata de pessoa jurídica que organiza tais fatores, temos a sociedade empresária.
É necessário observar que Fábio Ulhôa Coelho afirma acerca dessa organização que são quatro os fatores de produção e na ausência de um deles não se tem mais organização. Segundo ele, para que haja organização deve haver os quatro requisitos. E se não tem mais organização, não mais existirá o empresário individual ou a sociedade empresária. Ex. aquele que não possui mão-de-obra não pode ser classificado como empresário ou como sociedade empresária. Ex. vendedor de trufas na sala não possui mão-de-obra contratada e por isso não é considerado empresário.
O professor Gialluca critica essa posição do Fábio Ulhôa Coelho, considerando que atualmente existe tamanha automação que é muito fácil se encontrar situação praticamente automatizada, oportunidade em que não será necessário mão-de-obra, e, nem por isso deixará de existir a figura do empresário. 
Obs.: se a atividade fim tiver de ser exercida com a colaboração de terceiros (pessoas ou bens – robô, por exemplo) está caracterizada a organização.
Produção ou circulação de bens ou serviços: é interessante observar que não mais se tem uma análise objetiva. Aqui a lei quis tratar de todo tipo de atividade. Ex. imobiliária, prestadora de serviços se preenchidos os requisitos, tem-se uma sociedade empresária. Aquelas sociedades que antes eram consideradas sociedades civis hoje podem ser consideradas sociedades empresárias, diante dessa análise subjetiva. Não mais há limitação de rol de atividades que são consideradas de mercancia.
Obs.: é considerado empresário quem exerce a atividade empresária. O sócio da atividade não é necessariamente empresário. Se há constituição de pessoa jurídica é esta que é considerada empresária, e não seus sócios. Assim, a pessoa física sócia de sociedade empresária não é, tecnicamente, empresária, pois quem exerce a atividade empresária é a sociedade. 
** Empresário é o titular de empresa? Para responder a essa questão, é necessário conceituar empresa. Considerando que empresa é sinônimo de atividade, o empresário ou a sociedade empresária são titulares da empresa, já que são tais entidades que exercem a atividade de empresa.
Isso fica muito claro no art. 1.142do CC: “Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária.”
Empresa:
	Quem está sujeito a falência não é a empresa, mas sim, a sociedade empresarial. Empresa não é sujeito de direito, mas sim a atividade econômica organizada a para a produção ou circulação de bens ou serviços. Empresa é sinônimo de atividade. 
	A empresa é atividade exercida. Ex. empresa de farmácia: comercialização de produtos farmacêuticos. O empresário é pois, o titular da atividade de empresa.
Excluídos do conceito de empresário:
	Aquele que não possui organização empresarial está excluído do conceito de empresário. Art. 966, p. ún., CC: “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
	Todo aquele que exerce uma profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística não será atividade empresária. No Brasil é esse tipo de profissional, o profissional liberal. Ex. Contador, médico, advogado, escritor, artista plástico, jornalista, ator, cantor, dançarino.
	Atente-se que, ainda que haja ajuda de auxiliares ou colaboradores não será considerada atividade empresarial. Ex. clínica médica que possui secretária, porteiro, etc. 
	Assim, são excluídos do conceito de empresário:
Autônomos (profissional liberal) se pessoas físicas
Sociedade simples pessoa jurídica. Isso porque o art. 982 do Código Civil traz uma regra interessante: “Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.”
O método trazido pelo legislador foi o de exclusão. Quando a sociedade não for empresária, necessariamente será considerada sociedade simples. 
	É necessário observar que o artigo ora comentado prevê uma exceção: “salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”. Isso quer dizer que, se a profissão intelectual se tornar elemento de empresa será considerada sociedade empresária. Será considerado elemento da empresa, quando além da atividade intelectual há também uma outra atividade intelectual. É possível que se tenha várias atividades empresariais, que, conjugadas, constituem uma sociedade empresária. Ex. Clínica médica + cafeteria + UTI (natureza jurídica de hospedagem) + locação da sala para médicos da região = há várias atividades comerciais somadas a atividade intelectual que se tornou um elemento integrante de um complexo de atividades.
Ex. veterinário + pet shop + hotel para cachorro + táxi dog + espaço para eventos = tem-se uma atividade empresarial.
*Elemento de empresa:
A atividade intelectual leva seu titular a ser considerado empresário se ela estiver integrada em um objeto mais complexo, próprio da atividade empresarial.
Quando o prestador de serviços profissionais se impessoaliza, e os serviços até então pessoalmente prestados passam a ser oferecidos pela organização empresarial, perante a qual se torna um mero organizador será ele considerado empresário. Ex. Imagine-se que alguém queira ir ao dentista. Lá chegando, solicita atendimento. A dentista não é empresária. Mas diante do crescimento de sua clínica, houve contratação de outros dentistas para essa clínica e quem, na verdade, está atendendo são outros profissionais, e esta dentista que adquiriu a franquia dos “Sorridentes”, somente atende esporadicamente. Está apenas “de fora” organizando a clínica. Nesse caso, preocupa-se com a prestação do serviço prestado por essa organização e não pelo profissional em si. Aqui se tem uma sociedade empresária.
É aquele que exerce atividade rural e está sem registro na junta comercial: caso o empresário rural possua registro na Junta Comercial, será considerado empresário (Registro, no caso do rural, é constitutivo).
Microempresa e Empresa de Pequeno Porte:
	Lei Complementar 123/06. 
	Art. 3º se refere ao empresário individual, a sociedade empresária e a sociedade simples. Assim, a classificação em microempresa e empresa de pequeno porte dá-se para fins de fiscalização tributária, e observe-se que a sociedade simples pode ser assim considerada (microempresa ou EPP).
	Para ser considerada Microempresa é necessário que o empresário individual, sociedade empresária ou sociedade simples aufira receita bruta anual inferior a R$240.000,00.
	Já para ser considerada Empresa de Pequeno porte é necessário que a receita bruta seja superior a R$240.000,00 e igual ou inferior a R$2.400.000,00. 
	Cite-se o dispositivo pertinente: 
Art. 3o  Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); II - no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos  mil reais). 
___________________________________________________________________________________
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL:
Requisitos:
Estar em pleno gozo da capacidade civil: 
Aqui surge uma indagação. Será que o incapaz pode ser empresário individual? Se o incapaz se encontra emancipado, se encontra em pleno gozo da capacidade civil e, portanto, pode exercer a atividade empresarial.
Já se o incapaz não se encontra emancipado, não será possível dar início a uma atividade empresarial, mas o CC permite que ele possa continuar uma empresa após a interdição civil e após a sucessão hereditária.
Art. 974, CC: 
“Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.”
Para que o incapaz possa continuar a empresa são necessários requisitos, merecendo destaque:
Deve estar devidamente assistido ou representado;
Autorização judicial – Art. 974, §1º: § 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.
Observe-se que essa autorização do juiz pode ser revogada a qualquer tempo.
*Princípio da Unidade Patrimonial: Segundo tal princípio, tanto a pessoa física, como a pessoa jurídica possui um único patrimônio. Assim, se o empresário individual é uma pessoa física, ele terá um único patrimônio, não podendo ser separados os bens que possuir. Não há como separar os bens pessoais da pessoa física e patrimoniais do empresário individual.
	Diante disso, se o empresário individual possui dívidas, as dívidas podem recair tanto sobre o bem do empresário individual como da pessoa física. O reverso também é verdadeiro, havendo possibilidadede os bens da pessoa jurídica responder pelas dívidas da pessoa física.
	Assim, temos que a responsabilidade do empresário individual é ilimitada.
*Responsabilidade: A responsabilidade do empresário individual é ilimitada, conforme alhures dito, pelo que poderá haver “confusão” entre o patrimônio da pessoa física e do empresário individual, até mesmo tendo em vista o princípio do patrimônio mínimo.
*Art. 974, §2º: Se por exemplo um menor herda uma fazenda de seu avô, dando continuidade a atividade empresarial. Mas essa sociedade empresarial começa a contrair dívidas. Considerando que há confusão do patrimônio, foi criada a regra do art. 974, §2º, blindando-se o patrimônio que o incapaz possuía anteriormente (patrimônio de afetação). Art. 974, §2º: “Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.”
	É necessário observar que essa situação deve constar do alvará autorizativo.
Não possuir impedimento legal:
Conferir, no material de apoio, o rol de impedidos para ser empresário individual.
Ex. Membro do MP: pode ser quotista ou acionista de empresa, mas não pode administrá-la.
Empresário casado:
	Nesse ponto é bom observar que:
Averbação de atos civis na Junta Comercial:
Tudo que ocorrer com o empresário deve ser comunicado e averbado na Junta comercial. Ex. separação, divórcio, ato de reconciliação, pacto antenupcial. 
Tudo que acontecer a respeito do casamento do empresário deve ser levado a registro.
Artigos 979 e 980, CC: “Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis.” 
Alienação de Imóveis:
Art. 978, CC – Alienação de Imóveis: “O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa (destinado a atividade empresarial) ou gravá-los de ônus real.”
É necessário observar que o art. 1.647 do CC dispõe: que nenhum dos cônjuges pode, sem a autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta alienar ou gravar de ônus real bem imóvel. Essa é a regra geral do Direito Civil. 
No entanto, há regra diferenciada quanto ao empresário individual. No que tange a este, não se faz necessária autorização do cônjuge para alienação de bens imóveis, qualquer que seja o regime de bens escolhido pelos cônjuges.
___________________________________________________________________
EIRELI (lei 12.441/11)
Esta lei acrescentou os artigos 44, VI, e 980-A, ambos do CC/02
EIRELI: empresa individual de responsabilidade limitada (difere do empresário individual)
Foi criada para evitar fraude que o brasileiro usualmente fazia para ter a figura do sócio para formar uma empresa e não atingir seus bens pessoais (somente os bens empresariais são atingidos)
Na Eireli ocorre a separação de patrimônio (bens pessoais e bens empresariais). As dívidas somente recairão sobre os bens empresariais, não afetando os bens pessoais
1. CONCEITO
Eireli é uma empresa individual de responsabilidade limitada, constituída na forma de pessoa jurídica, diferente do empresário individual que é uma pessoa natural
2. RESPONSABILIDADE
Somente os bens da Eireli (pessoa jurídica) é que responderão pelas dívidas contraídas na atividade empresarial
As dívidas empresarias não recairão sobre os bens pessoais do titular da EIRELI
OBS: neste caso haverá separação de patrimônio (patrimônio pessoal # patrimônio pessoa jurídica)
3. FORMAÇÃO
É uma pessoa jurídica constituída por um único titular que deverá ser pessoa natural (instituição normativa 117 do DNRC)
 Na doutrina existem 2 posicionamentos:
1º Eireli é uma sociedade unipessoal (constituída por 1 só sócio apenas) – POSICIONAMENTO MINORITÁRIO- o professor discorda pois a sociedade tem como regra/pressuposto geral ter 2 ou mais sócios (pluralidade) 
2º POSICIONAMENTO MAJORITÁRIO – EIRELI é uma nova pessoa jurídica de direito privado que é constituída com 1 único titular. Nesse sentido é claro o art. 980-A “ A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por única pessoa titutar (...)”
4. ENUNCIADOS CJF
(i) ENUNCIADO 467 – art. 980- A. A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída por pessoa natural
(ii) ENUNCIADO 468 – ART. 44, VI E ART. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) não é sociedade, MAS NOVO ENTE JURÍDICO PERSONIFICADO.
5. CAPITAL MÍNIMO
O titular deverá pagar no ato de constituição (integralização) um capital mínimo que NÃO PODERÁ SER INFERIOR A 100 VEZESO SALÁRIO MÍNIMO.
5.1. FORMAS DE INTEGRALIZAÇÃO – dinheiro, bens (carro, imóvel, etc), créditos (nota promissória a vencer, duplicata a vencer)
ATENÇÃO: NÃO SERÁ POSSÍVEL A INTEGRALIZAÇÃO COM A PRESTAÇÕA DE SERVIÇO!
Obs.: não incidirá ITBI na operação.
6. Limitação de EIRELI por pessoa:
Art. 980-A, § 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.
De acordo com o artigo 980-A, §2º, é admitido apenas uma EIRELI por CPF. Isso dá margem à fraudes.
Obs.: o titular da EIRELI está impedido de constituir uma nova EIRELI, mas poderá ser empresário individual ou sócio de uma sociedade empresária.
7. Administrador:
Poderá ser o titular da EIRELI ou um terceiro contratado.
Funcionário Publico pode ser titular de EIRELI?
Ele não pode ser empresário individual, mas pode ser sócio de sociedade. Ele pode ser sócio, desde que não seja o Administrador. 
Se interpretarmos que a EIRELI é uma sociedade unipessoal o funcionário publico poderá ser titular desde que contrate um terceiro para a Administração.
Porém a doutrina majoritária entende que a EIRELI é uma nova Pessoa Juridica e não uma sociedade. Portanto, como ele não será sócio, ante a inexistência de previsão legal o funcionário publico não poderá ser titular de EIRELI.
8.Aplicação Subsidiária:
Para a EIRELI devemos aplicar as regras contidas no artigo 980-A do CC. Todavia, na omissão deste artigo devemos aplicar as regras de sociedade limitada.
 Cabe desconsideração da personalidade jurídica da EIRELI?
Sim, se presente um dos motivos elencados no artigo 50 do CC.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
Foi justamente por este motivo que o artigo 980-A, §4º, foi vetado, pois sua redação causaria divergências quanto à possibilidade da desconsideração.
9. Transformação:
A sociedade em EIRELI (só será possível se um sócio sair da sociedade) e EIRELI em sociedade.
Art. 1033, IV, CC.
Uma sociedade depois que é constituída, um sócio falece, a sociedade passa a se chamar unipessoal pelo prazo de 180 dias, passando esse prazo há 3 solucoes:
Tres opções:
a) dissolução total;
b) empresário individual;
c) EIRELI, artigo 1033, p.u., CC
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de EmpresasMercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
_________________________________________________________________
OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO:
	São obrigações do empresário:
Registro
Escrituração dos livros comerciais
Realização de balanços
Art. 1.194, CC: “O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados.”
Registro:
	A primeira coisa que se tem que saber é a obrigatoriedade, que se encontra prevista no art. 967 do CC: “É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.”
	Antes de dar início a atividade mercantil deve o empresário efetivar sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede (Junta Comercial). 
*Exceção: quando se tratar de atividade rural, nos termos do art. 971 do CC, o Registro é facultativo, já que a lei usa a expressão: “pode fazer o registro”. Art. 971, CC: “O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.” 
	Diante disso, temos que o registro do empresário rural é constitutivo.
*Competência para o registro: é necessário nesse ponto entender o SINREM – Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis que se encontra dividido em dois órgãos:
DNRC – Departamento Nacional de Registro de Comércio Órgão Federal. É necessário observar que tal órgão se trata de entidade que efetiva as atividades de normatização e de supervisão.
Junta Comercial Órgão Estadual. Trata-se de órgão executor, o que faz crer que o registro deve ser efetivado no referido órgão.
*Recusa de registro: Cabe mandado de segurança contra ato do presidente da Junta Comercial e quanto a isso não há maiores polêmicas.
	Indaga-se por outro lado, acerca da competência para julgar tal Mandado de Segurança. É necessário observar que a Junta Comercial possui subordinação técnica e administrativa. A subordinação técnica refere-se ao DNRC enquanto a subordinação administrativa encontra fundamento no Estado.
	Quanto a negativa de registro, temos uma forma de subordinação técnica, pelo que, segundo entendimento exarado pelo Supremo Tribunal Federal, e diante da subordinação a órgão federal, será competente para julgar o mandado de segurança, a Justiça Federal (STF, RE 199.793/RS). Assim, a competência será da Justiça Federal para julgamento de Mandado de Segurança contra ato de Presidente da Junta Comercial.
*Natureza Jurídica do Registro: trata-se de mera condição de regularidade. Ou seja, se o empresário não fizer o registro, ele não deixa de ser empresário, mas será considerado empresário irregular.
Nesse ponto é importante conhecer os Enunciados 198 e 199 do Conselho da Justiça Federal:
198 – Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário. 
199 – Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não da sua caracterização.
Obs.: no que tange ao empresário rural, é necessário observar que a regra é diferente, nos termos do art. 971 do Código Civil: “O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.”
O Direito empresarial somente reconhecerá como empresário rural aquele que efetivar o registro, o que faz crer que nesse caso, o registro tem natureza constitutiva e não meramente declaratória. É nesse sentido o enunciado 202 do CJF: “Arts. 971 e 984: O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.”
*Principais efeitos da ausência de registro:
Não pode pedir recuperação judicial: a lei de recuperação judicial diz que somente pode pedir a recuperação se estiver o empresário em atividade regular.
Não pode pedir falência de terceiro. (pode sofrer pedido de falência ou pedir sua falência)
Tratando-se de sociedade, é necessário observar que o sócio da sociedade não levada a registro terá responsabilidade ilimitada.
Não poderá participar de licitação.
Escrituração dos livros comerciais:
 
*Classificação dos livros comerciais:
O livro comercial pode ser:
a) Obrigatório: o exigido por lei, que pode ser:
a.1) especial: exigido em casos especiais, ele tem obrigatoriedade de escriturá-lo. Ex: se emite duplicata, ele terá que ter um livro de emissão de duplicata.
a.2) comum – art. 1.180, CC.
b) Facultativos: não há a obrigatoriedade de escrituração, ele é usado para auxiliar o gerenciamento ex: livro razão, livro caixa, livro conta corrente.
 
Qual é o livro obrigatório comum? Aquele que, a princípio, todo empresário deve escriturar? É o livro Diário, segundo dispõe o art. 1.180, CC: “Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico.” 
O livro Diário pode, então, ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. O CC admitiu, pois, a escrituração eletrônica.
A escrituração eletrônica é possível pela regra do art. 1.180 do CC.
*Livro diário: art. 1.180, CC: “Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico.”
	O CC admite a escrituração eletrônica, bem como a substituição por fichas.
Princípio da Sigilosidade: Indaga-se qual o princípio que rege a escrituração dos livros comerciais. O princípio que norteia a escrituração dos livros comerciais é o da Sigilosidade apesar de que fiquemos tentados a responder que seja o Princípio da Publicidade. Quando o assunto é livro empresarial, o princípio que vigora é o da Sigilosidade, localizado no art. 1.190 do Código Civil.
	Art. 1.190, CC: “Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.”
	A impressão que se tem é que tal dispositivo está completamente errado. Mas, analisando o dispositivo temos que nenhuma autoridade pode fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. Tem-se, pois a sigilosidade, diante da confidencialidade das informações existentes nos livros comerciais. Tais informações não podem chegar ao conhecimento de concorrentes.
	Atente-se que existem exceções a essa sigilosidade,senão vejamos:
Exibição total: art. 1.191, CC: “O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.”
O juiz somente pode autorizar a exibição total em quatro hipóteses, quais sejam:
Quando se tratar de sucessão 
Quando se tratar de sociedade
Quando houver administração ou gestão à conta de outrem
No caso de falência
Exibição parcial: a exibição parcial é admitida em qualquer ação judicial. Em qualquer ação judicial é possível a exibição parcial dos livros empresariais.
Art. 1.193, CC: “As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais.”
Essa sigilosidade ora analisada não se aplica às autoridades Fazendárias, o que faz crer que tais autoridades podem ter acesso amplo aos livros comerciais, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos das leis especiais.
Exceção à necessidade de escrituração:
O empresário está obrigado a escriturar seus livros, mas sobre essa obrigatoriedade também existe exceção a essa regra. O art. 1.179 do CC traz obrigação de escrituração dos livros, e o parágrafo segundo dispensa desse tipo de exigência o pequeno empresário. O pequeno empresário está dispensado dessa escrituração. 
Cite-se o dispositivo pertinente: “Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados.§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970.”
A LC 123/2006 trata da classificação da microempresa e da empresa de pequeno porte, afirmando ainda que, pode ser considerado ME e EPP, o empresário individual, a sociedade empresária e a sociedade simples. Qualquer deles pode ser caracterizado como microempresa ou empresa de pequeno porte. Qualquer deles pode ser considerado ME ou EPP e será microempresa quando auferir receita bruta anual igual ou inferior a R$240.000,00. 
Se auferir receita bruta anual superior a R$240.000,00 e igual ou inferior a R$2.400.000,00 se estará diante de uma empresa de pequeno porte.
Mas a lei não diz que esteja dispensado a ME ou a EPP, mas sim o pequeno empresário. E a regra do pequeno empresário tem previsão no art. 68 da LC 123, afirmando que somente pode ser classificado como pequeno empresário o empresário individual, não se estendendo esse benefício a sociedade. Exige-se ainda que esse pequeno empresário (individual) tenha receita bruta inferior a R$36.000,00. Nessa hipótese, estará dispensado da escrituração dos livros comerciais.
Consequências da Ausência de escrituração dos livros:
	No âmbito empresarial nada irá acontecer com o empresário que não escritura os livros. As consequências podem estar na seara administrativa, trabalhista. Já se o empresário entrar em crise, com falência decretada, concessão de recuperação judicial, ou homologação do plano de recuperação extrajudicial, o empresário pratica crime falimentar previsto no art. 168 da Lei 11.101/05 (Lei de Falências). “Art. 168. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois, da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação judicial, os documentos de escrituração contábil obrigatórios. Pena – detenção, de 1 a 2 anos, e multa, se o fato não constituir crime mais grave”.
Equiparação a documento público:
	Nos termos do art. 297, §2º do CP, o livro comercial é equiparado a documento público para fins de falsidade.
	Para efeitos penais, equiparam-se a documento público, os livros mercantis. Diante disso, esses livros empresariais estão equiparados a documento público. A doutrina tem entendido que tanto os livros obrigatórios como os facultativos estão equiparados.
*Realização de Balanços: 
	 O empresário deve fazer a realização de balanço, realizando o balanço patrimonial e o de resultado econômico. O CC determina que deva ser feito ambos os balanços. É o que dispõe os arts. 1.188 e 1.189 do CC: “Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo. Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o balanço patrimonial, em caso de sociedades coligadas.Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial.”
	O balanço patrimonial é aquele que avalia o ativo e o passivo do empresário. O balanço de resultado econômico apura os resultados do empresário; se são os lucros ou as perdas.
*Art. 1.194, CC: “O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados.”
	Apesar da doutrina não citar muitas vezes essa obrigação, é considerada uma obrigação do empresário manter em boa guarda e conservação toda sua escrituração de documentos.
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ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL:
Outras denominações:
	O estabelecimento empresarial é também denominado: estabelecimento comercial, azienda e fundo de comércio (a doutrina majoritária considera que, fundo de comércio é a mesma coisa que estabelecimento empresarial).
Conceito:
	O conceito de estabelecimento está na regra do art. 1.142 do CC: “Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”.
	Estabelecimento é um conjunto, um complexo de bens e não apenas a sede da empresa. É um conjunto de bens corpóreos (materiais) e bens incorpóreos (imaterais).
	Exemplos:
Bens corpóreos: móveis, maquinários, equipamentos, mercadorias, imóveis, veículos, etc.
Bens incorpóreos: ponto comercial, marca, patente, nome empresarial. 
Assim, ao se falar em estabelecimento não se tem apenas o imóvel, mas o complexo de bens organizado para o exercício de uma atividade empresarial. Citemos, por exemplo o estabelecimento de um supermercado: imóvel, equipamentos, balcões, frízeres, caixas, carrinhos para compras, caminhão para entregas, a marca, nome empresarial.
É necessário observar que, na definição de estabelecimento este é considerado conjunto de bens organizado, o que quer dizer que, essa palavra organização deve estar prevista na alternativa da prova, sob pena de ser considerada incorreta.
Atente-se que, somente integram o conceito de estabelecimento, os bens diretamente relacionados à atividade empresarial. 
Estabelecimento ≠ Patrimônio:
	Questão de prova:
Uma padaria possuía dois imóveis. Um deles era o local em que se sediava a padaria. E outro imóvel se encontrava alugado, observando-se que a renda do aluguel era incorporada para compra de mercadorias para a padaria.
Indaga-se se o imóvel 2 integra o estabelecimento comercial. O imóvel 2 não integra o conceito de estabelecimento já que não se encontra diretamente ligado à atividade empresarial, mas observe-se que, referido imóvel faz parte do patrimônio da padaria.
	É considerado patrimônio os bens genéricos do empresário. Mas somente se considerada estabelecimento empresarial os bens que estão diretamente ligados à atividade empresarial. Há possibilidade de haver patrimônioque não componha o estabelecimento, conforme se observa da questão em apreço.
Natureza jurídica do estabelecimento:
	Quem explora a atividade empresarial não é o estabelecimento, mas a sociedade empresária ou o empresário individual. O conjunto de bens é denominado estabelecimento, e este é imprescindível ao exercício da atividade empresarial, é indispensável para tanto. Não há como exercer a atividade empresarial sem o estabelecimento. 
	Assim, temos que o estabelecimento não é sujeito de direitos, tratando-se de objeto unitário de direitos. Essa regra se encontra prevista no at. 1.143 do CC: “Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.”
	Como se trata de objeto, pode ser vendido, arrendado, dado em usufruto, etc.
	Trata-se de objeto unitário, não podendo os bens ser vendidos de forma individualizada. Deve ser analisado o complexo de bens, a sua integralidade.
	Estabelecimento de direito é a reunião de bens decorrente da vontade da lei. É a lei que busca o agrupamento desses bens, tal como ocorre com a herança, com a massa falida.
	Já a universalidade de fato é aquela em que a reunião que se dá em razão da vontade do sujeito. Assim, temos que o estabelecimento comercial se trata de uma universalidade de fato, já que o empresário reúne os bens que bem entender.
Trespasse:
	Trespasse é o nome que se dá para o contrato de compra e venda de estabelecimento empresarial.
	O trespasse é diferente de cessão de quotas. Exemplo: imagine-se que a Padaria “Quepão LTDA” é uma Pessoa jurídica que possui dois estabelecimentos: o estabelecimento 1 e o estabelecimento 2. Resolvendo vender o estabelecimento 2 para a Padaria Forno Quente LTDA, por meio do chamado contrato de trespasse. Antes do trespasse, o titular da unidade 2 era a Padaria Quepão LTDA. Após o trespasse, o titular da unidade 2 passou a ser a Forno Quente LTDA, o que faz crer que tenha ocorrido uma transferência da titularidade do estabelecimento empresarial.
	Os sócios da empresa Quepão são João e Alfredo. João tem 40% das quotas e Alfredo possui 60%. Nenhum dos dois sócios tem interesse mais na manutenção das quotas, transferindo João suas quotas para Maria e Alfredo para Ana. Após a cessão de quotas, permanece como titular do estabelecimento a sociedade empresária QuePão. O que se dá na verdade, a mera alteração do quadro societário da sociedade empresária.
*Efeitos do Trespasse: 
	O art. 1.144 do CC estabelece que o trespasse somente irá produzir efeitos perante terceiros se ocorrer os requisitos do art. 1.144, devendo ser feita uma averbação na junta comercial e a publicação na imprensa oficial.
	É necessário que se dê ciência a todos, especialmente aos credores. Caso não sejam adotados esses procedimentos, pois, não terá validade perante terceiros, o trespasse.
	A súmula 451 do STJ, recentemente publicada, dispõe que: “É legítima a penhora da sede do estabelecimento empresarial”. Autoriza-se a penhora da sede do estabelecimento empresarial, e não do estabelecimento empresarial em si. 
	Mesmo com a Súmula em questão, se o empresário comprovar que o imóvel é essencial para a atividade empresarial, não será efetivada a penhora.
	Caso a alienação do estabelecimento da empresa importe na inexistência de passivo suficiente para salvar as dívidas, deve ser observada a regra do art. 1.145 do CC, ou seja: deverá haver o pagamento de todos os credores, ou a anuência de todos eles. Cite-se o dispositivo: “Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.”
	Caso haja comprometimento da garantia dos credores será necessário o pagamento de todos eles ou seu consentimento. Não ocorrendo nenhuma dessas situações, o contrato de trespasse é ineficaz. Observe-se que, não se pode confundir declaração de nulidade com declaração de ineficácia.
	Atente-se que, caso seja efetivada a alienação do estabelecimento que importe na ausência de patrimônio suficiente para saldar os débitos, sem anuência ou pagamento dos credores, restará caracterizado ato de falência, nos termos do art. 94, III, “c” da Lei 11.101/2005, possibilitando ao credor o ajuizamento do pedido de falência. “Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;”
*Trespasse e sucessão:
Que o adquirente irá responder pelas dívidas posteriores a alienação, isso não há dúvida. No entanto, há indagação sobre a responsabilidade do adquirente acerca das dívidas anteriores. O art. 1.146 do CC trata da matéria, afirmando que o adquirente responde sim, pelas dívidas anteriores, mas atente-se que, há uma ressalva importante feita pela lei, afirmando que a responsabilidade se dá, desde que a dívida esteja regularmente contabilizada. 
Art. 1.146. “O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.”
Essa regra não se aplica nas seguintes situações:
Dívida tributária há regra específica prevista no art. 133 do CTN.
Dívida trabalhista art. 10 e 448 da CLT. 
Toda e qualquer dívida que não seja tributária e trabalhista, é aplicada essa regra do art. 1.146 do CC.
	Quanto ao alienante, este responde de forma solidária pelas dívidas. Porém, há determinação do prazo de 01 (um) ano para a responsabilidade do alienante. Esse prazo conta-se dependendo da dívida. Tratando-se de dívida vencida, o prazo é contado da publicação do ato de alienação. Já se a dívida é vincenda, conta-se o prazo de 01 ano a partir da data do vencimento. 
	O sócio da sociedade, responde pelas dívidas que possuía, pelo prazo de dois anos, segundo dispõe o art. 1.003 do CC, mas essa é uma regra que se refere a cessão de quotas e não em relação ao trespasse.
	Há uma exceção prevista no art. 141, II da Lei de falências, considerando que no leilão da falência o bem é adquirido sem qualquer ônus. Cite-se o dispositivo: “Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo: II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho.”
*Concorrência: antes do CC/2002, somente poderia ser impedida a concorrência se o contrato explicitamente determinasse isso. Já o art. 1.147 do CC dispõe uma nova regra, no sentido de que a cláusula de não-restabelecimento está implícita nos contratos de trespasse já que há determinação de que, se o contrato não dispõe diferentemente da concorrência, quem vendeu o estabelecimento não pode fazer concorrência com quem comprou pelo prazo de cinco anos. 
	Art. 1.147, CC: “Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.”
	Assim, quem vendeu não pode concorrer com quem comprou pelo prazo de cinco anos. Mas isso não quer dizer que haja proibição do exercício do mesmo ramo de atividade relativo ao estabelecimento alienado. A lei fala da proibição de concorrência e não na impossibilidade de exercício da mesma atividade empresarial.
*Sub-rogaçãodos contratos: 
	Imagine-se que o sujeito é dono de uma Pizzaria que possui uma pizza especial em que é vendido um chopp a R$0,99, e caso não sejam mantidos esses benefícios, não terá os adquirentes os mesmos clientes. Assim, dispõe o art. 1.148 do CC que devem ser mantidos os contratos existentes, sub-rogando-se automaticamente os contratos para o novo adquirente.
	Art. 1.148, CC: “Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.”
	Sucede que, a lei de locações possui regra específica acerca da matéria art. 13, da lei 8.245. Esse dispositivo diz que a cessão da locação depende do consentimento prévio e escrito do locador. É necessário pois, que haja anuência expressa do locador para que seja mantido o contrato de locação. Nessa hipótese, aplica-se a regra especial e não a regra geral do CC.
	É por esse motivo que se tem o Enunciado 234 do Conselho da Justiça Federal: “Art. 1.148: Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de locação do respectivo ponto não se transmite automaticamente ao adquirente. Fica cancelado o Enunciado n. 64”.
*Aviamento: é também denominado “Goodwill of Trade”. O aviamento, na verdade, é o que nos chamamos de “potencial de lucratividade”. 
A articulação dos bens que compõem o estabelecimento na exploração de uma atividade econômica agregou-lhes um valor que o mercado chama de aviamento. Se, por exemplo, for comprado um bem por valor muito maior que aquele economicamente apreciável, isso se dá em razão do potencial de lucratividade do estabelecimento comercial. 
Sucede que, a doutrina diz que o aviamento é um atributo do estabelecimento, citando alguns exemplos. Afirma que o aviamento está para o aviamento está para o estabelecimento, assim como a saúde está para o corpo e a velocidade está para o carro. Não há como separá-los. 
Ponto comercial:
É um bem incorpóreo que integra o estabelecimento empresarial.
É o local onde o empresário realiza a sua atividade empresarial. É, pois, o local da exploração da atividade. O ponto comercial é fundamental para começar a exploração da atividade e para a manutenção da clientela, daí a sua importância. 
Justamente em virtude dessa importância é que o direito empresarial protege o ponto comercial. A proteção ao ponto comercial está na Lei de Locação (Lei 8245/91). 
A proteção que a lei dá para o ponto comercial é a possibilidade de renovação compulsória, ou seja, a possibilidade de o locatário obrigar o locador a manter a locação – possibilidade jurídica de o locatário / empresário obrigar o locador / proprietário do imóvel a manter o contrato de locação (para que haja a manutenção do ponto). 
Isso se dá através da Ação Renovatória, que está prevista no art. 51, da Lei 8.245/91.
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: 
        I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; 
        II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; 
        III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos. 
        § 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou sucessores da locação; no caso de sublocação total do imóvel, o direito a renovação somente poderá ser exercido pelo sublocatário. 
       § 2º Quando o contrato autorizar que o locatário utilize o imóvel para as atividades de sociedade de que faça parte e que a esta passe a pertencer o fundo de comércio, o direito a renovação poderá ser exercido pelo locatário ou pela sociedade. 
       § 3º Dissolvida a sociedade comercial por morte de um dos sócios, o sócio sobrevivente fica sub - rogado no direito a renovação, desde que continue no mesmo ramo. 
       § 4º O direito a renovação do contrato estende - se às locações celebradas por indústrias e sociedades civis com fim lucrativo, regularmente constituídas, desde que ocorrentes os pressupostos previstos neste artigo. 
       § 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor. 
Mas atenção: quando temos o direito ao ponto versus o direito à propriedade do locador, a obrigação de se manter o contrato de locação não será absoluta. Para que ele ocorra será preciso o cumprimento de requisitos específicos para que se possa falar em renovação compulsória.
*Requisitos da ação renovatória:
Contrato escrito e com prazo determinado: é requisito formal (o contrato oral e por prazo indeterminado é válido, mas não tem a proteção da renovação compulsória); não cabe renovatória para contrato verbal, mesmo que com duas testemunhas. 
O contrato ou a soma ininterrupta dos contratos tem que totalizar prazo contratual mínimo de 5 anos – ou seja, exige-se um tempo de locação de pelo menos 5 anos. Trata-se de requisito temporal. Obs.: pode-se somar os tempos de contratos sucessivos (vários contratos que totalizam, no mínimo, 5 anos), porém, esses contratos devem ser sucessivos e ininterruptos. O STJ tem entendimento no sentido de que períodos de contratos indeterminados (que na verdade são prorrogações de contratos determinados), desde que pequenos (até +/- 90 dias) não geram a interrupção do contrato, e não afastam o direito, mas, se o prazo for maior haverá a interrupção da contagem de prazo. Esse mesmo Tribunal também tem entendimento no sentido de que se possa considerar o período de tempo de contrato indeterminado anterior, desde que o último período (mesmo que inferior a 5 anos) seja de contrato por escrito e por prazo determinado, ou seja, basta que o último contrato seja por escrito e por prazo determinado, mesmo que este não tenha 5 anos, mas que somado aos outros contratos orais ou por prazo indeterminado some 5 anos – esta exigência de que o ultimo período seja de contrato escrito e por prazo determinado deve-se porque serve como referência para a renovação; 
É necessário que o locatário esteja explorando o mesmo ramo de atividade econômica nos últimos 3 anos (dos no mínimo 5 anos necessários). O que se busca é a proteção do ponto comercial.
Os três requisitos são cumulativos. 
Ação Renovatória é, pois, a ação específica para a materialização do exercício da renovação compulsória. Terá como efeito a determinação da renovação do contrato nos termos da última contratação (por isso é preciso a referência do contrato por prazo determinado e por escrito), pelo mesmo prazo do último contrato. 
Não existe limite quantitativo / temporal para as renovações, o direito permanecerá enquanto presentes os requisitos e se não estiverem presentes as exceções de retomada (requisito negativo – causas ou situações previstas em lei que afastam o direito à renovação compulsória, representando o direito de propriedade do locador). 
*Momento de propositura da ação (prazo decadencial): O prazo para propositura dessa ação é decadencial. Deve-se observar o § 5º do art. 51. Ela deve ser proposta no período compreendido entre os 12 meses e os 6 meses anteriores ao término do contrato, ou seja, no período compreendido na primeira metade do último ano de vigência do contrato, sob pena de perda do direito à ação. O penúltimo semestre é o prazo para o início da ação renovatória.
O prazo existe pra que o locador tenha um tempo para se planejar. O prazo é decadencial e o seu não exercício implica na perda do direito. 
Sublocação – o sublocatário preenchendo todos os requisitos do art. 51, quem ajuizará a renovatória? A lei protege o ponto comercial, desta forma osublocatário tem o ponto comercial, explorando a atividade empresarial. Art. 51 § 1º da 8.245.
*Exceções de Retomada: 
São causas legais que se sobrepõem aos requisitos (prevalecem, preponderam sobre eles) e que afastam o direito à retomada (que, como vimos, não é um direito absoluto). 
Essas exceções representam o direito de propriedade do locador, o exercício regular deste seu direito. 
Atenção: elas não podem ser utilizadas para denunciar o contrato (para rescindir o contrato), até porque ele é de prazo determinado, mas somente para se defender da renovação compulsória. 
Hipóteses: 
☺Lei 8.245, que prevê as causas de exceção de retomada num rol meramente exemplificativo: 
Quando o poder público solicitar reforma no imóvel que implique em sua radical transformação.
Quando o próprio locador realizar reforma no imóvel que resulte na sua valorização.
Proposto insuficiente. (proposta que não condiz com o valor de mercado);
Proposta melhor de terceiro (deve ser por escrito dizendo o ramo de atividade e firma reconhecida) (se o terceiro interessado for do mesmo ramo, o locatário que irá sair terá direito a uma indenização, pois perderá sua clientela) (o locatário atual terá direito de preferência se cobrir a oferta); 
Uso próprio
Para estabelecimento comercial (fundo de comércio) existente a mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descedente (locador que tem uma escola de futebol a mais de um ano, poderá pedir o imóvel para a escolinha, mulher proprietária de uma papelaria)
Arts. 51, 52 e 72, da Lei de Locação.
Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato se: 
I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade; 
II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente. 
1º Na hipótese do inciso II, o imóvel não poderá ser destinado ao uso do mesmo ramo do locatário, salvo se a locação também envolvia o fundo de comércio, com as instalações e pertences. 
2º Nas locações de espaço em shopping centers , o locador não poderá recusar a renovação do contrato com fundamento no inciso II deste artigo. 
3º O locatário terá direito a indenização para ressarcimento dos prejuízos e dos lucros cessantes que tiver que arcar com mudança, perda do lugar e desvalorização do fundo de comércio, se a renovação não ocorrer em razão de proposta de terceiro, em melhores condições, ou se o locador, no prazo de três meses da entrega do imóvel, não der o destino alegado ou não iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que declarou pretender realizar. 
Art. 72. A contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber, ficará adstrita, quanto à matéria de fato, ao seguinte: 
I - não preencher o autor os requisitos estabelecidos nesta lei; 
II - não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real do imóvel na época da renovação, excluída a valorização trazida por aquele ao ponto ou lugar; 
III - ter proposta de terceiro para a locação, em condições melhores; 
IV - não estar obrigado a renovar a locação (incisos I e II do art. 52). 
1° No caso do inciso II, o locador deverá apresentar, em contraproposta, as condições de locação que repute compatíveis com o valor locativo real e atual do imóvel. 
2° No caso do inciso III, o locador deverá juntar prova documental da proposta do terceiro, subscrita por este e por duas     testemunhas, com clara indicação do ramo a ser explorado, que não poderá ser o mesmo do locatário. Nessa hipótese, o locatário poderá, em réplica, aceitar tais condições para obter a renovação pretendida. 
3° No caso do inciso I do art. 52, a contestação deverá trazer prova da determinação do Poder Público ou relatório pormenorizado das obras a serem realizadas e da estimativa de valorização que sofrerá o imóvel, assinado por engenheiro devidamente habilitado. 
4° Na contestação, o locador, ou sublocador, poderá pedir, ainda, a fixação de aluguel provisório, para vigorar a partir do primeiro mês do prazo do contrato a ser renovado, não excedente a oitenta por cento do pedido, desde que apresentados elementos hábeis para aferição do justo valor do aluguel. 
5° Se pedido pelo locador, ou sublocador, a sentença poderá estabelecer periodicidade de reajustamento do aluguel diversa daquela prevista no contrato renovando, bem como adotar outro indexador para reajustamento do aluguel. 
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PROPRIEDADE INDUSTRIAL:
Aspectos introdutórios:
A propriedade intelectual está subdividida em direito autoral (protegido pelo direito civil) e propriedade industrial (protegido pela Lei 9.279).
A lei que trata da propriedade industrial é a Lei 9.279/96.
A finalidade dessa lei é garantir a exclusividade de uso de alguns bens, incluindo-se ai a invenção. A função social dessa lei é, pois, o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico.
A remuneração da licença de uso dos bens de propriedade industrial é que chamamos de royalties.
Pergunta: Quais são os bens protegidos por esta lei? → “Ih, Me Dei Mal”
	 - Invenção
 - Modelo de utilidade
 - Desenho industrial
 - Marca
A própria lei, ao classificá-los, diz que são bens móveis.
Atenção: programa de computador não é protegido por esta lei. É matéria de direito autoral, e não de propriedade industrial.
Além de proteger esses bens, a lei também cuida da repressão à falsa indicação geográfica e também cuida da repressão à concorrência desleal. Art. 2º
Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante: 
I - concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;
II - concessão de registro de desenho industrial;
III - concessão de registro de marca;
IV - repressão às falsas indicações geográficas; e
V - repressão à concorrência desleal.
Programa de computador é problema de direito autoral
*Exclusividade:
Busca proteger a exclusividade de uso. Para o uso é necessário produção própria e licença de uso (na licença a remuneração decorrente dela, chama-se de royalties). A invenção e modelo devem ser patenteados, o desenho industrial e a marca têm registro.
Para se proteger a invenção e o modelo de utilidade, é preciso que haja a patente. Assim é que se terá a exclusividade numa invenção ou modelo de utilidade.
Já para se proteger o desenho industrial e a marca, é preciso o registro.
Patente
→ Invenção
→ Modelo de Utilidade
Registro
→ Desenho Industrial
→ Marca
Mas onde se obtém a patente e o registro? 
Ambos são obtidos junto a um órgão chamado INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial.
O INPI é uma autarquia federal, com sede no Rio de Janeiro.
*Prazos:
	
Contados da data do depósito - Invenção: 		20 anos
- Modelo: 		15 anos
- Desenho industrial: 	10 anos
Contados da data da concessão
- Marca: 			10 anos
 
Mas, só saber o prazo não é o suficiente, é preciso saber também a partir de quando se conta esse prazo:
No caso da Invenção, do Modelo e do Desenho industrial: conta-se o prazo a partir da data do depósito.
No caso da Marca: conta-se o prazo da data da concessão.
Quais prazos podem ser prorrogados e quais não são prorrogáveis?
A invenção e o modelo são improrrogáveis. Eles não admitem prorrogação. Acabada a patente, não podendo esta ser prorrogada, a invenção e o modelo caem em domínio público. Patente é improrrogável.
O registro, por sua vez, admite prorrogação. O registro é, pois prorrogável. Quanto a esta prorrogação é preciso saber:
No caso do desenho industrial, ele pode ser prorrogado por até 3 vezes, cada vez que se prorroga,prorroga-se por 5 anos. Expirado o prazo da terceira prorrogação, ai então também cairá em domínio público o desenho industrial.
No caso da marca, ela não tem limite de prorrogação. A prorrogação se dá de 10 em 10 anos.
Vamos ao estudo de cada um desses bens protegidos pela Lei de Propriedade Industrial:
Invenção:
Não há um conceito da invenção, nem doutrinário nem legal. A lei não diz o que é invenção, mas diz o que não se considera invenção.
Art. 10, da LPI:
Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade:
I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;
II - concepções puramente abstratas;
III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;
IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética;
V - programas de computador em si;
VI - apresentação de informações;
VII - regras de jogo;
VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e
IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.
Requisitos da invenção:
Novidade: 
Art. 11, LPI:
Art. 11. A invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não compreendidos no estado da técnica.
Novidade é aquilo que não está compreendido no estado da técnica.
Estado da técnica é o estágio atual da técnica. Refere-se às informações que temos a respeito do tema nos dias atuais. É preciso saber então se esse invento já existe ou não no estágio atual da técnica.
Atividade Inventiva:
Art. 13, LPI:
Art. 13. A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica.
Considera-se atividade inventiva sempre que, para um especialista no assunto, não decorra de maneira óbvia ou evidente do estado da técnica.
Substituindo a palavra estado por estágio, nos dá uma amplitude da ciência, estado em que se encontra a ciência. Estado da técnica: todos os conhecimentos a que pode ter acesso qualquer pessoa, especialmente os estudiosos de um assunto em particular, no Brasil ou no exterior. A urna eletrônica é uma invenção.
Aplicação Industrial:
Só podemos patentear invenção que permite a industrialização.
Ausência de impedimento legal:
Os casos de impedimento previstos em lei estão todos no art. 18, LPI:
Art. 18. Não são patenteáveis:
I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;
II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e
III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microorganismos transgênicos são organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais.
O inciso I é óbvio: não pode ser patenteado o que for contrário à moral, aos bons costumes etc.
Pelo inciso II, será impedimento, portanto, tudo o que for resultado de transformação do núcleo atômico.
O inciso III é o mais cobrado em provas. Segundo ele, não será objeto de patente: seres vivos, no todo ou em parte, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos requisitos da novidade, da atividade inventiva e da aplicação industrial. Os microorganismos transgênicos podem ser patenteados
Licença compulsória:
Art. 21, LPI:
Art. 21. O pedido que não atender formalmente ao disposto no art. 19, mas que contiver dados relativos ao objeto, ao depositante e ao inventor, poderá ser entregue, mediante recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de devolução ou arquivamento da documentação.
Parágrafo único. Cumpridas as exigências, o depósito será considerado como efetuado na data do recibo.
Em caso de interesse público ou emergência nacional, se o titular da patente não atender a essa necessidade, será concedida a licença compulsória a outros interessados (art. 71 L. 9.279). Isso tem que ser declarado por ato do Poder Executivo Federal (a licença compulsória é vulgarmente chamada de “quebra de patente”). 
Art. 71. Nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em ato do Poder Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado não atenda a essa necessidade, poderá ser concedida, de ofício, licença compulsória, temporária e não exclusiva, para a exploração da patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular. (Regulamento)
Parágrafo único. O ato de concessão da licença estabelecerá seu prazo de vigência e a possibilidade de prorrogação.
O PR já declarou o interesse público, no caso dos coquetéis para tratamento da AIDS, por meio de decreto – o Dec. 6.108/07.
Essa licença não possui exclusividade (não está garantida a apenas alguns selecionados). Qualquer interessado poderá produzir. Se assim não fosse, isso poderia abrir margem para muitas fraudes.
E ela é uma licença temporária. Quando cessar o interesse público ou a emergência nacional, cessa a licença. Em geral, portanto, ela é concedida por um prazo certo.
O titular da patente não terá prejuízo. Ele não terá, obviamente, o lucro que esperava ter, mas ele, mesmo não produzindo o medicamento, por ex., receberá um determinado valor pela sua produção.
Modelo de Utilidade:
A lei, nesse caso, diferentemente do que ocorre com a invenção, dá um conceito para o modelo de utilidade. Esse conceito está no art. 9º da LPI:
Art. 9º É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.
Modelo de utilidade é, pois, o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.
Obs.: o modelo de utilidade provoca uma utilidade maior para um invento já existente. Ex.: churrasqueira sem fumaça (a churrasqueira já existe, já é uma invenção; o mecanismo criado para não provocar fumaça é que é um modelo de utilidade).
Desenho Industrial:
Também é conceituado pela lei, em seu art. 95:
Art. 95. Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial.
É a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial.
A doutrina deu um apelido para o desenho industrial: “elemento fútil”, porque não traz nenhum tipo de utilidade ou melhoria, só está preocupado com a estética; só há alteração do design.
Ex: Camisinha colorida é desenho industrial. Com sabor trata-se de modelo de utilidade.
Marca:
O conceito de marca se encontra no art. 122, LPI:
Art. 122. São suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais.Marca é, pois, o sinal distintivo visualmente perceptível, não compreendido nas proibições legais. Sinal sonoro não pode ser registrado como marca.
Marca é sinal que faz a distinção, que faz a diferenciação.
Como marca só pode ser registrado no Brasil aquilo que é visualmente perceptível. Ou seja, sinal sonoro não pode ser registrado como marca.
Espécies de Marca:
Temos apenas 3 espécies de marca. Todas elas estão no art. 123, da LPI:
Art. 123. Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I - marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa;
II - marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada; e
III - marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade.
Requisitos da Marca:
a) Novidade: a novidade aqui, porém, é relativa. Não se trata de novidade absoluta. A novidade está diretamente relacionada a uma classificação já existente na Tabela de Classificação de Produtos e Serviços do INPI (☺no material de apoio). 
Ex.: existem vários produtos com o sinal do Sol (massa de bolo, cerveja, iogurte, filtro solar, etc.). Assim, quando se analisa a novidade, é preciso analisar a especificidade, ou seja, a classe específica daquele determinado bem, o seu ramo de atividade (ex.: se já existe a marca Sol para massa de bolo, então não é mais possível ser criada outra marca idêntica nesse mesmo ramo de atividade).
Ex. de classificação: 
Classe 03 → Produtos de limpeza e higiene doméstica, humana e veterinária, bem como os produtos de perfumaria, de toucador e cosméticos. Assim sendo, todos os produtos utilizados em limpeza doméstica e lavanderia incluem-se nesta classe, inclusive artigos têxteis impregnados por substâncias destinadas à limpeza. O mesmo entendimento se aplica aos produtos higiênicos, de toucador, de perfumaria e cosméticos de uso pessoal, excetuando-se produtos de cutelaria, lâminas para barbear e similares elétricos de artigos de uso exclusivamente pessoal, que estão incluídos em classe específica.
b) Ausência de impedimento legal: os casos de impedimento legal estão previstos no art. 124, LPI:
Art. 124. Não são registráveis como marca:
I - brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais, públicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou imitação;
II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;
III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimento dignos de respeito e veneração;
IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela própria entidade ou órgão público;
V - reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de título de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais distintivos;
VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele empregado comumente para designar uma característica do produto ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;
VII - sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda;
VIII - cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo;
IX - indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa falsamente induzir indicação geográfica;
X - sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza, qualidade ou utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina;
XI - reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de padrão de qualquer gênero ou natureza;
XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva ou de certificação por terceiro, observado o disposto no art. 154;
XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social, político, econômico ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação suscetível de criar confusão, salvo quando autorizados pela autoridade competente ou entidade promotora do evento;
XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país;
XV - nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVI - pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular;
XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com o produto ou serviço a distinguir;
XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia;
XX - dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou serviço, salvo quando, no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente forma distintiva;
XXI - a forma necessária, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento, ou, ainda, aquela que não possa ser dissociada de efeito técnico;
XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e
XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em território nacional ou em país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com aquela marca alheia.
De todos esses impedimentos, os mais importantes são:
- símbolo oficial, seja ele nacional ou internacional (ex.: a bandeira do Brasil, a nota de 1 dólar, o brasão da República, o Cristo Redentor etc.);
- falsa indicação geográfica (ex.: chocolate gramado feito em no interior de SP; perfume francês que não foi fabricado na França, “champanhe” que não foi fabricado na região da França que possui esse nome etc.);
- designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido pela própria entidade ou órgão (ex.: cursinho com nome de MP).
c) Não colidência com marca notória: não pode conflitar com, confrontar, violar uma marca notória. Marca notória é aquela ostensivamente pública e conhecida, de popularidade internacional, ela tem reconhecimento internacional. Marca notória independe de registro no INPI para ter proteção legal. O Brasil é signatário da Convenção da União de Paris. A intenção aqui é a proteção do consumidor.
Obs.: marca notória é diferente de marca de alto renome. A marca notória é protegida, mas dentro do seu ramo de atividade. Ex.: Casas Bahia não é marca notória, mas ela pode pedir reconhecimento como marca de alto renome, fazendo o registro, e ai então poderá ter proteção em todos os ramos de atividade.
	Marca notória – art. 126
	Alto renome – art.. 125
	- Só tem proteção no ramo de atividade; 
	- Tem proteção em todos os ramos de atividade; 
	- Não precisa

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