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1 Caro Professor, Em 2009 os Cadernos do Aluno foram editados e distribuídos a todos os estudantes da rede estadual de ensino. Eles serviram de apoio ao trabalho dos professores ao longo de todo o ano e foram usados, testados, analisados e revisados para a nova edição a partir de 2010. As alterações foram apontadas pelos autores, que analisaram novamente o material, por leitores especializados nas disciplinas e, sobretudo, pelos próprios professores, que postaram suas sugestões e contribuíram para o aperfeiçoamento dos Cadernos. Note também que alguns dados foram atualizados em função do lançamento de publicações mais recentes. Quando você receber a nova edição do Caderno do Aluno, veja o que mudou e analise as diferenças, para estar sempre bem preparado para suas aulas. Na primeira parte deste documento, você encontra as respostas das atividades propostas no Caderno do Aluno. Como os Cadernos do Professor não serão editados em 2010, utilize as informações e os ajustes que estão na segunda parte deste documento. Bom trabalho! Equipe São Paulo faz escola. 2 GABARITO Caderno do Aluno de Geografia – 1ª série– Volume 1 Páginas 3 - 4 1. Professor, entregue qualquer mapa temático para os estudantes ou indique um do livro didático. a) O aluno precisa examinar o mapa sem orientação alguma e sem olhar a legenda e o título. Com suas próprias palavras, ele deve relatar o que está representado no mapa; não apenas o título, mas o fenômeno geográfico que está exposto. b) Exprimir a situação geográfica significa mencionar a distribuição geográfica do fenômeno: onde ele se concentra, onde se dispersa e perde densidade. Por exemplo: onde há maior concentração de gente (cidades) ou de formações vegetais, áreas com pouca população, altitudes mais ou menos elevadas etc. c) Nesta questão o aluno vai se manifestar livremente. Dificilmente ele dirá que há erros nos mapas, mas vale a pena pedir a ele para falar sobre isso. É importante dessacralizar o material impresso: textos e mapas de jornais, revistas e livros podem ser bons ou ruins, e podem ter erros; mais do que isso, os mapas disponíveis na imprensa, muitas vezes, vão comunicar a informação a partir dos interesses de alguém, por isso, podem distorcer ou até mesmo subtrair informações. Além disso, vale dizer ao estudante que, se o mapa não tem comunicação clara e imediata, ele pode ter problemas para ser lido e compreendido. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1 OS ELEMENTOS QUE CONSTITUEM OS MAPAS: OS RECURSOS, AS ESCOLHAS E OS INTERESSES 3 2. a) Por meio do uso de tonalidades de verde, o mapa mostra onde as populações vivem mais. O verde mais escuro indica maior a expectativa de vida; o verde mais claro, a expectativa de vida menor. b) Segundo o mapa, na Europa Ocidental há uma elevada expectativa de vida, enquanto na África a expectativa de vida é baixa – ou seja, as pessoas morrem mais cedo. Há situações intermediárias, como na América do Sul. Trata-se da representação de um indicador de desenvolvimento social. c) Não, esse mapa não tem erros, e não engana nosso olhar. Nem é preciso consultar a legenda para perceber uma distribuição geográfica do fenômeno representado neste mapa, que tem comunicação imediata e clara. Páginas 5 - 7 1. a) O aluno pode se expressar do seguinte modo: fenômeno distribuído e representado por círculos de tamanhos diferentes que expressam dimensões diferentes de tal fenômeno (os círculos maiores, as maiores quantidades; e os menores, as menores quantidades). Os círculos possuem tonalidades de laranja (ou cores diferentes) que apresentam uma gradação visual do mais escuro para o mais claro (indicando maior e menor intensidade do fenômeno), e, também, há círculos azuis marcadamente distintos, certamente para representar algo bastante diferente. Os alunos podem também inferir sobre o tema da representação, dizendo que o mapa representa os locais onde existe grande concentração de pessoas ou, ainda, a localização das grandes cidades etc. b) Representam a população total das grandes aglomerações urbanas no mundo, em 2003. Círculos maiores, as maiores populações, e círculos menores, as menores populações. Na Ásia, aglomera-se a maioria dos círculos maiores e, na Europa, concentra-se grande quantidade de círculos médios e menores, da mesma forma que na América do Norte e de certa maneira na América do Sul. A África está longe dessa condição. Isso dá um retrato de um aspecto do fenômeno urbano no mundo. 4 c) As diferentes cores (ou tonalidades) representam a evolução (e a velocidade) do crescimento dessas aglomerações entre 1975-2003. Cores mais escuras indicam crescimento maior e mais veloz, e cores mais claras, um crescimento menor. O azul representa diminuição da aglomeração urbana no período, o que ocorre somente em alguns casos raros, daí a escolha de uma cor diferente para marcar o contraste com a informação principal do mapa. d) Em especial, na Ásia (principalmente na Índia e em Bangladesh) e na África (Nigéria e Costa do Marfim e cercanias e no Norte da África). 2. a) As três maiores são: São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires. E São Paulo foi a que mais cresceu no período representado no mapa. b) Para responder a esta pergunta, é importante que os alunos observem o ábaco. Tóquio é a maior e sua população chega a 35 milhões, conforme indicado no ábaco. Depois vem Bombaim, com cerca de 18 milhões de habitantes, e Nova Délhi, com um pouco menos de 18 milhões de habitantes, ambas na Índia. c) Esse fenômeno é mais representativo na Ásia (notadamente no subcontinente indiano, nos países insulares, como Indonésia e Filipinas, na China e no Japão). Logo, esse é o segmento continental que possui as maiores aglomerações do mundo. Por outro lado, é menos representativo na África e também, de certa forma, na Oceania. Eis dois exemplos característicos: • no interior das grandes massas continentais, o fenômeno é bem menos representativo do que nas zonas litorâneas, mas há exceções. • nos países comumente indicados como pobres (na América Latina e na Ásia – a exceção é Tóquio) encontram-se as maiores aglomerações. É importante que você registre qualquer outro comentário, para verificar sua pertinência. d) Esse tipo de crescimento rápido ocorreu em Nova Délhi (Índia) e Daca (Bangladesh), cujas populações cresceram mais de três vezes entre 1975 e 2003 (podendo ter chegado a 10 vezes mais). Lagos, capital da Nigéria, região centro-oeste africana, é um centro urbano na África em que se deu o mesmo fenômeno. 3. Este mapa não tem erros, pois se trata de um mapa quantitativo que se utiliza de círculos proporcionais que representam volumes populacionais com precisão, e que também é ordenado, porque usa cores ou tonalidades diferentes para representar uma ordem. Ele é um bom mapa, pois seu entendimento é fácil, mas é importante 5 observar que não se deve acrescentar, num exemplo como este, nenhuma outra informação visual, uma vez que há um limite que nossa percepção visual distingue e este limite deve ser respeitado. 4. O recurso cartográfico são: círculos proporcionais, que são utilizados para representar volumes populacionais; e cores ou tonalidades de valor diferentes, para mostrar diversas velocidades de crescimento. Eles são recursos de composição de linguagem, porque formam imagem com relações diretas: maiores círculos, maiores populações; cores mais escuras, maior velocidade de crescimento (mais pigmentação, mais intensidade do fenômeno representado), o que gera compreensão única, impedindo que se faça outro tipo de relação. Espera-seque o aluno concorde com a afirmação de que os recursos apresentados vão compor a linguagem do mapa e vão comunicar a informação pretendida. Páginas 8 - 10 1. Apesar de ser um espaço de apenas 16 cm (longitudinal) por 8 cm (latitudinal), nele cabe o mundo. É um mapa-múndi que representa o mundo inteiro com suas terras emersas e seus oceanos. Trata-se de uma realidade infinitamente maior, que foi reduzida para caber nesse espaço cartográfico. 2. a) Os números estão sobre traços (verdes) de 3 cm. Os valores mais baixos são os próximos aos polos e, depois, eles vão crescendo à medida que se aproximam do Equador (isso é visual): 1780; 4490; 5030; 5530; 5450; 6320; 6480; 6790; 6900; 7230. Há também variações relacionadas à direção do traço (horizontal, vertical e diagonal), e isso também é visual. b) Existe uma correspondência entre os traços (cada um de 3 cm) e os números sobre eles. O traço de 1780 significa que, onde a reta de 3 cm foi traçada, existe, na realidade do terreno, uma distância de 1780 km. No traço com a inscrição de 6900, o que se indica é que na posição em que foi marcada a reta de 3 cm a distância é de 6900 km. c) Neste exemplo, vamos escolher os traços de 5030 e de 7230. Sabemos que cada uma das retas verdes tem 3 cm no mapa. Então fica assim: • primeiro caso: 3 cm = 5030 km, logo 1 cm = X e X = 1677 km (5030 dividido por 3); 6 • segundo caso: 3 cm = 7230 km, logo 1 cm = X e X = 2410 (7230 dividido por 3). 3. a) O que há em comum entre um mapa e uma fotografia de corpo inteiro de uma pessoa é que, nos dois casos, trata-se de representações que reduzem a “realidade”, o que permite que uma pessoa caiba num pequeno pedaço de papel, e a superfície terrestre com seus oceanos e terras emersas caiba numa pequena folha de papel. Uma fotografia também tem escala de redução em relação à realidade. b) O nome dessa redução, que é feita de forma matematicamente controlada, é “escala cartográfica”. 4. Se um mapa-múndi tiver uma escala cartográfica assim representada: 1:23 000 000, isto significa que ele foi reduzido 23 000 000 de centímetros na realidade, ou então que uma reta de 23 000 000 de centímetros foi reduzida para 1 centímetro no mapa. 5. Uma cidade tem um território muitíssimo menor que a extensão total da superfície terrestre. Isso quer dizer que, para representar uma cidade num mapa, ela não precisa ser tão reduzida quanto o mundo. Se houver a redução em ambas as situações da mesma maneira, as cidades vão aparecer nos mapas apenas como pontinhos quase invisíveis. 6. No mapa em que houve uma redução de 10 mil vezes (1:10 000), haverá a possibilidade de apresentar mais detalhes do terreno. No mapa da cidade poderão aparecer detalhes como ruas, praças, localização de construções, como fábricas, edifícios etc. Num mapa de 1:23 000 000, uma cidade será apenas um ponto. Sugestão: Professor, você pode mostrar mapas de diferentes escalas para ilustrar essa resposta. O ideal é escolher uma área e mostrar a sua representação em escalas variadas. É possível também utilizar mapas da internet, em sites de busca de ruas ou de mapas, como o Google Maps, por exemplo. Além disso, embora nenhuma das atividades apresentadas no Caderno do Aluno dependa da explicação a seguir, sobre a diversidade de escalas na extensão dos mapas-múndi, sugerimos que ela seja discutida com os alunos em sala de aula, a título de esclarecimento. DDiivveerrssiiddaaddee ddee eessccaallaass nnaa eexxtteennssããoo ddooss mmaappaass--mmúúnnddii Na projeção cilíndrica equidistante-equatorial, todas as linhas verdes têm o mesmo comprimento, porém, no terreno, as distâncias em quilômetros são diversas. Isso se deve às deformações presentes na projeção. A escala cartográfica é uma questão da matemática geométrica, e não tem relação direta e exata com todo o terreno representado num mapa- 7 múndi. Isso significa que a escala cartográfica não pode ser usada para estabelecer as medidas do terreno, como normalmente se pensa e se procede. As deformações que as projeções impõem significam um afastamento das medidas do terreno. Por exemplo: a Projeção Mercator produz uma Groenlândia muito maior que a América do Sul, o que não é real. Se for expresso em escala gráfica, como no exemplo da projeção cilíndrica equidistante-equatorial apresentada no Caderno do Aluno, o que ficará evidente é que a escala não corresponde à mesma relação por toda a extensão do mapa. Quatro escalas gráficas são oferecidas para esta projeção. Cada escala horizontal só é útil ao longo de seu paralelo específico, ou no paralelo oposto simétrico em relação ao Equador; a escala vertical é válida em qualquer posição, o que é uma característica das projeções cilíndricas Páginas 11 - 13 1. Estes mapas representam a superfície terrestre, embora sejam diferentes. Em todos são visíveis a Eurásia (Europa + Ásia), as Américas, a África e a Oceania, mesmo que, em cada um deles, a posição dos continentes não seja a mesma. É possível também, nas projeções Bertin e Peters, observar linhas imaginárias que estão representadas de maneira diferente. 2. As diferenças são várias. Eis algumas: os tamanhos da Groenlândia, da América do Sul e da África são diferentes, ao se comparar a Projeção Mercator com as outras três (Peters, Bertin e Buckminster Fuller). Na Mercator, a Groenlândia é maior, enquanto que a América do Sul e a África são menores. Mas isso não acontece nas outras três. A Projeção Buckminster Fuller tem uma distribuição bem diferenciada dos continentes, quando comparada com as outras três. E também há diferenças significativas na representação da América do Norte na Projeção Bertin, em relação às outras. Muitas outras diferenças podem ser notadas em complemento. 3. Talvez a impressão de mais correta seja atribuída à Projeção Mercator, por ser a mais familiar, a mais utilizada. A Buckminster Fuller, pela razão inversa (pouco conhecida na Geografia brasileira), vai passar a impressão de mais errada que as outras. Vale a pena verificar o resultado dessa enquete. Ele pode não ser o que destacamos aqui, pois nem a Mercator nem a Peters (outra bastante usual) são conhecidas dos estudantes. Esse resultado vai ser indicativo da condição do estudante. A Projeção 8 Mercator provavelmente será considerada a mais correta pela familiaridade. E se dirá que o tamanho dos continentes e dos oceanos é mais certo nessa projeção e que as formas são as mais corretas etc., o que, como já foi afirmado no item anterior, pode não se comprovar. Neste momento, você pode aproveitar a oportunidade para mostrar outras projeções, inclusive algumas curiosas, para que os alunos percebam que existem diferentes maneiras de representação do mundo. 4. No mapa da Projeção Mercator, a Groenlândia é bem maior que a América do Sul, ainda que, na realidade, ela seja várias vezes menor. Isso quer dizer que, no mapa da Projeção Mercator, existem deformações, e que ela não é correta em relação à realidade, embora seja a mais familiar. Além disso, essa análise vai servir para mostrar que nenhuma projeção consegue representar o mundo de maneira correta; é preciso que o produtor de mapas escolha a melhor projeção para o tipo de informação que ele deseja representar. Leitura e Análise de Quadro e Texto Páginas 14 - 15 1. a) Observando-se a Projeção Buckminster Fuller, nota-se no centro (polo) uma distribuição dos continentes como se estes se espalhassem sobre um globo, de cima para baixo. Trata-se de um mapa centrado no Polo Norte, e não no Equador, como nas outras três projeções apresentadas anteriormente. Os oceanos desaparecem (ou têmmenos espaço que noutras projeções) e os continentes parecem bem mais próximos que costumeiramente em outros mapas. b) As outras projeções são centradas no Equador. Ficam, assim, visíveis um hemisfério Norte e um hemisfério Sul e, também, o lado oeste (Ocidente) e o lado leste (Oriente). Na Projeção Buckminster Fuller, nada disso é evidente, mesmo porque ela pode ser “virada” como um globo e mostrar na frente a América do Sul, por exemplo. 2. Não, a Projeção Buckminster Fuller também apresenta algumas distorções. De modo geral, todas as projeções têm alguma distorção. A mais evidente das deformações nesta projeção encontra-se nas áreas dos oceanos, que são apresentados bem menores do que em outras projeções. No entanto, esta projeção é a que mais se aproxima na proporção das áreas e das formas reais dos continentes. 9 Páginas 16 - 17 1. O “Mapa territorial de referência” é muito mais próximo (embora possua diferenças) dos mapas-múndi apresentados até aqui. O mapa “População absoluta, 2000”, por sua vez, é bastante diferente, pois teve suas extensões e formas territoriais transformadas. A referência para a construção desse mapa foi o tamanho das populações de cada país. Em relação aos mapas territoriais convencionais, procurou- se manter o posicionamento e as relações de vizinhança; no mais, é diferente. 2. a) É possível saber imediatamente quais são os países mais populosos, pois eles se destacam visualmente, já que expressam como medida o tamanho da sua população. China, Índia, Japão e o continente europeu (com todos os países somados) se destacam. b) Vários deles, por exemplo, o Japão, de pequena extensão territorial, mas com muitos habitantes. Ou a Austrália, que tem uma grande extensão territorial e população muito inferior à do Japão, e aparece menor nesse mapa. Ou ainda o Canadá, que é enorme, mas com pequena população. c) A anamorfose é a representação cartográfica que usa outras medidas para representar as realidades geográficas. Ela não usa as medidas de terreno e pode usar volumes populacionais, valores econômicos, volumes de recursos naturais etc. Com os números escolhidos é que serão dimensionados os objetos representados. Logo, as extensões dos países num mapa (por exemplo) serão diferentes, uma vez que as medidas são outras. Procura-se manter as relações de vizinhança. A anamorfose, por tudo isso, pode ser chamada de transformação cartográfica. Página 17 1. Os elementos cartográficos identificados são escala, projeções e formas diferentes de métricas. 2. Para chegar à escala e às projeções são utilizadas as medidas dos terrenos (distâncias, extensão, ângulos, reduções proporcionais). 10 Páginas 18 - 19 1. A variável visual tamanho, que, no caso do gráfico, são quadrados (mas podem ser círculos, como no mapa de aglomerações apresentado anteriormente) ou, então, está representada pela largura das setas. 2. A variável visual valor, representada por tonalidades de cinza ou de cor (no caso do gráfico, há o exemplo do azul mais claro para o azul mais escuro). 3. São as diversas variáveis visuais de separação: granulação, cores diferentes, hachuras de orientação, formas geométricas. 4. Volumes diferentes que circulam no espaço são bem representados por setas, que são um símbolo universalizado, e por suas diferentes larguras, trabalhadas com a variável visual tamanho. Os mapas que fazem uso de setas variadas segundo tamanho são chamados de mapas quantitativos de fluxos. Desafio! Página 20 1. Para um mapa ser considerado quantitativo, ele deve usar na representação a variável visual tamanho (quadrados e círculos), para expressar uma relação direta com as quantidades do fenômeno; quando classificado como ordenado, é porque apresenta tonalidades de cor para mostrar as intensidades dos fenômenos (mais frio, mais calor, mais rico, mais pobre etc.); se os vários fenômenos estiverem representados por variáveis de separação, é porque se trata de um mapa qualitativo; há também o caso dos mapas de fluxo, em razão do uso das setas (que também são quantitativos, quando se expressam pela largura das setas); já nos mapas do tipo anamorfose, trocam-se as medidas de terrenos (métricas) por outras, como as de volume de população. 2. Entre os erros cartográficos mais comuns temos o que usa as variáveis de separação, utilizadas para representar vários fenômenos diferentes, quando se trata de pôr em ordem um único fenômeno. Por exemplo: diferentes índices de analfabetismo com diversas cores, quando o certo seria usar tonalidades de uma única cor. Nesse caso, só será possível entender o mapa por meio da legenda. Quer dizer, a imagem não se explica por si só. 11 3. Sim, é possível. No próprio Caderno há o mapa das grandes aglomerações do mundo em 2003, o qual possui uma linguagem com duas variáveis visuais: de tamanho (círculos proporcionais) e de valor (cores ou tonalidades de uma única cor). Isso faz com que este mapa seja, ao mesmo tempo, quantitativo e ordenado. Página 20 Esse tema de confecção de texto é uma oportunidade para refletir sobre o papel dos mapas, das representações. A ideia é que os estudantes entendam os mapas não como verdades absolutas, mas como instrumentos que nos ajudam a refletir sobre as realidades geográficas. Vale destacar que os mapas, na condição de espaços (cartográficos), podem ser espaço de simulação das realidades geográficas, que também se estruturam e se desenvolvem em espaços (geográficos). Nesta correspondência encontra-se a força de um mapa, que deve ser entendido também como um espaço cartográfico que não se presta apenas a localizar o fenômeno, mas serve principalmente para que se notem as relações existentes entre os fenômenos e as realidades geográficas. Por exemplo, um mapa, como o proposto anteriormente para exercitar a linguagem cartográfica (das grandes aglomerações), permite relacionar aglomerações e localizações litorâneas, maiores aglomerações e desenvolvimento econômico etc. É importante que os alunos sejam estimulados a redigir, a expor o que pensam, claro, usando o que discutiram e exercitaram anteriormente. 12 Páginas 22 - 24 1. Sim, a imagem de satélite, como a de um mapa, está representando a superfície da Terra, que é curva, numa folha de papel plana. E, para isso, é preciso aplicar-lhe uma projeção e uma escala de redução (escala cartográfica). Em todas essas operações, as técnicas utilizadas são as mesmas que aquelas empregadas na confecção de mapas. Logo, a imagem de satélite possui as mesmas distorções de um mapa e também não é cópia fiel da realidade. 2. Não é possível ser noite no globo inteiro ao mesmo tempo, pois, enquanto na “extremidade” do Hemisfério Leste é dia, na “extremidade inversa”, do Oeste, é noite. Os alunos podem observar também a ausência de nuvens; é impossível ter uma imagem do globo sem nenhuma nuvem, principalmente nas regiões tropicais úmidas. Logo, uma imagem que mostre o mundo inteiro à noite e sem nuvens é uma montagem, portanto, uma abstração. 3. O fato de ser uma montagem cria possibilidades de equívocos. Por exemplo: é possível que se tenha juntado duas imagens dos dois hemisférios (ocidental e oriental) de datas bem diferentes. Com isso, criou-se uma imagem em que os pontos iluminados representariam épocas diferentes – e, em uma imagem (ou mapa), espera- se que as informações sejam da mesma data. O que garante que a montagem seja da mesma noite é a fonte, quem a fez. No caso dessa montagem, a fonte é a Nasa, uma agência americana de grande credibilidade. 4. A ideia é que o aluno perceba que o mapa e aimagem não são expressões exatas das realidades geográficas, mas são intencionais. Elas são representações, formas de reapresentar as realidades por outros meios. Embora a imagem de satélite seja um produto de alta tecnologia, ela não deixa de ter a mesma condição de representação como um mapa. Essas duas formas de representação são igualmente válidas, cada uma com suas funções. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2 O SENSORIAMENTO REMOTO: A DEMOCRATIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES 13 Página 24 • Há, sim, algumas coincidências entre as zonas de maior concentração de iluminação e as de maiores aglomerações, isso porque próximo a determinadas aglomerações as áreas são mais urbanizadas. É o que acontece em São Paulo, por exemplo. • Nos Estados Unidos, há uma boa extensão de vários segmentos mais iluminados e isso não se repete, de modo algum, na China e na Índia. • As zonas mais iluminadas encontram-se nos EUA e na Europa, áreas de grande e intensa urbanização, mesmo que elas não sejam as maiores aglomerações. • Observando as duas representações, é possível concluir que, apesar de as maiores aglomerações encontrarem-se na Ásia, isso não quer dizer que ali estejam as maiores zonas iluminadas. A relação entre urbanização e zonas iluminadas existe, mas a coincidência não é total, pois zonas mais desenvolvidas são mais eletrificadas. E, mesmo que a urbanização nos países desenvolvidos não tenha o mesmo porte das aglomerações asiáticas (a exceção aqui é Tóquio), é nela que se notam as zonas mais iluminadas captadas pela imagem. Páginas 25-27 1. • Trabalho com dicionário de entendimento das palavras destacadas e das desconhecidas. Algumas referências sobre as palavras destacadas: – Sensor: equipamento que capta a radiação eletromagnética transformando essa informação em dados digitais. – Radiação eletromagnética: é uma forma de propagação de energia que permite a percepção, pelo sensor do satélite, das feições da superfície da Terra. – Suborbital: termo utilizado para caracterizar os equipamentos que captam as informações da superfície sem completar a órbita do planeta; as fotografias aéreas e as imagens de radar são exemplos de produtos obtidos de sensores suborbitais. Leitura e Análise de Texto e Quadro 14 – Satélite: o significado de satélite é “corpo celeste que gravita em torno de outro”; no caso do sensoriamento remoto, o satélite significa um objeto artificial que gravita ao redor da Terra captando informações sobre a superfície. – Bacias de drenagem: área de um sistema de escoamento de águas superficiais, originadas de nascentes e/ou de chuva, ocupada por um rio e seus afluentes e limitada por elevações no terreno que dividem topograficamente esta área de outra(s). – Fibra ótica: componente da espessura de um fio de cabelo formado por materiais cristalinos e homogêneos, transparentes o bastante para guiar um feixe de luz (visível ou infravermelho) através de um trajeto qualquer. – Vulnerabilidade ambiental: índice que mede a fragilidade de determinadas regiões em relação à ação humana. Em Geografia, os mapas de vulnerabilidade ambiental são produzidos a partir da síntese de outros mapas, como declividade, vegetação original, hidrografia etc., além de imagens de satélite e fotografias aéreas que identificam o uso e ocupação do solo. • Grifar (e listar) as passagens não compreendidas individualmente, o que, obviamente, pode variar de aluno para aluno. Algumas passagens que forem destacadas por alguns alunos devem ser explicadas para todos. • Grifar (e listar) as passagens não compreendidas em algum grupo e tentar, com apoio coletivo, chegar a um entendimento. • Listar as principais definições, sendo que a de “sensoriamento remoto” é fundamental de estar entre elas. Os tipos de sensoriamento também não podem deixar de ser definidos. a) Para se obter imagens de satélite é preciso, antes, que se lance na órbita terrestre satélites devidamente programados e equipados com meios para captar as informações da superfície da Terra à distância, remotamente. Esse meio é um sensor que vai captar radiações em interação com o meio físico da superfície (com todos os seus componentes). b) Em termos gerais eles servem para monitorar a superfície terrestre sob os mais diferentes aspectos. Quanto mais a tecnologia se desenvolve, mais elementos podem ser monitorados, mais imagens podem ser tiradas variando os ângulos de visada, a temporalidade das imagens etc. Já se podem utilizar imagens de satélite para: monitorar e fazer previsões sobre os fenômenos climáticos; monitorar queimadas e 15 diversos desastres naturais (e provocados pelos seres humanos); analisar e cartografar a dinâmica geográfica da área visada; para fazer a guerra e atingir alvos dos inimigos etc. Para o bem e para o mal, as imagens permitem outro olhar sobre a superfície terrestre. 2. a) Um sensor remoto é o meio de obtenção de informação à distância. Uma câmera fotográfica, por exemplo, é um sensor remoto. Um satélite que capta as informações da Terra também é um sensor remoto, e aqueles que ficam na órbita da Terra são os sensores remotos orbitais. Existem ainda sensores remotos que não são orbitais, e não estão na órbita da Terra, como um avião que faz fotos aéreas. b) O satélite geoestacionário é o mais adequado para o acompanhamento em curto espaço de tempo da evolução dos fenômenos num determinado terreno. Os satélites que circulam na órbita terrestre dão uma volta na Terra e, somente após esta volta, tornam a obter imagens dos mesmos pontos. Por isso, seu intervalo de tempo é maior do que o de um geoestacionário. c) Os satélites orbitais são os que podem obter imagens mais amplas da Terra, pois têm vários ângulos de visagem, com várias qualidades de imagem, em razão das diversas posições que eles conseguem assumir. Já os geoestacionários mantêm-se, em geral, numa órbita equatorial com um ângulo de visada que cobre até certa latitude e é mais restrito em termos de amplitude espacial. Páginas 27 - 28 1. A imagem mostra a América do Sul e parte tanto do Oceano Atlântico como do Oceano Pacífico. 2. Foi registrada a parte visível dos fenômenos meteorológicos, ou seja, os sistemas de nuvens, por meio dos quais se interpretam tais fenômenos. O fato de registrar-se regularmente a evolução desses fenômenos é que permite fazer a previsão do tempo. 3. Essa imagem foi captada por um satélite geoestacionário numa posição orbital terrestre mais ou menos fixa, com uma velocidade de órbita idêntica da Terra, daí a condição de “estacionário”. Fica a uma altura superior a 35 km na direção do Equador. O satélite GOES é pertencente aos EUA e fornece imagens ao Brasil. 16 Página 29 1. Atualmente, muitas imagens de satélite são utilizadas pela imprensa, e a ideia é que os alunos coletem uma variedade delas. Classificar, segundo critérios, as imagens encontradas: tema, extensão coberta, veículo, data da publicação e da imagem, periodicidade da seção etc. Organizar uma lista deve servir para fazer uma leitura qualificada das imagens coletadas e aumentar a compreensão sobre esse tipo de recurso que capta realidades geográficas. 2. Espera-se que os alunos, nos relatórios, analisem os resultados e expliquem para o que servem as imagens. Por exemplo: para fazer previsão do tempo, para acompanhar processos, como desmatamento de florestas, para monitorar incêndios e tornar mais eficiente seu combate, para analisar e acompanhar a produção do espaço geográfico quanto às edificações etc. Uma sequência de imagens sobre uma mesma localidade pode oferecer uma visãoqualitativa da geografia do lugar. Às vezes, uma única imagem já é suficiente para isso, mesmo sem uma ideia de acompanhamento. Página 29 O que se espera é que o aluno produza um texto que contenha informações sobre os satélites meteorológicos e sua importância na previsão do tempo. O conhecimento das mudanças no tempo atmosférico auxilia na agricultura, pode evitar acidentes e permite o monitoramento de áreas de risco (enchentes e escorregamentos de terra). Neste caso, os satélites geoestacionários são ideais para o monitoramento climático, pois, por captarem informações sempre da mesma área, possibilitam o estudo das permanências e mudanças. 17 Para começo de conversa Páginas 30 - 31 1. A palavra “geopolítica” não representa uma simples fusão dos termos “geografia” e “política”. Mais do que isso, ela significa uma política entre Estados-nação (países) que se utilizam de meios não políticos sempre que necessário, como as sanções econômicas e a violência, a guerra. 2. Em 2003, os EUA invadiram o Iraque e derrubaram Saddam Hussein. Os EUA alegavam que este país protegia grupos terroristas que os ameaçavam e que seu governo desenvolvia um programa de produção de armas de destruição em massa. a) A questão da invasão do Iraque foi discutida na ONU, pelos membros permanentes do Conselho de Segurança, do qual fazem parte os EUA, a Rússia, o Reino Unido, a França e a China. b) A ONU não aprovou a invasão, pois nem todos os países que participaram da deliberação estavam de acordo com as avaliações e os argumentos dos EUA. Rússia, China e França foram contra a invasão. Os alunos podem ainda citar outros países que não são membros permanentes do Conselho e se manifestaram contra, como o Brasil. c) O Afeganistão também foi invadido pelos EUA em 2002. Esse país fica na fronteira do Paquistão e era acusado de ser usado como área de ação e de proteção de um grupo terrorista que atacou a cidade de Nova Iorque. Logo, segundo a visão dos governantes norte-americanos, um reduto de inimigos. De fato, trata-se de um país com uma constituição social precária (etnias e grupos tribais em confronto), fortemente islamizado a partir de grupos organizados que atuam na vida política (talebans) e que tem sido palco de inúmeros conflitos geopolíticos recentes. d) Essas invasões têm relação direta com o atentado terrorista em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001, quando dois aviões foram levados a colidir contra dois SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3 GEOPOLÍTICA: O PAPEL DOS ESTADOS UNIDOS E A NOVA “DESORDEM” MUNDIAL 18 imensos prédios dessa cidade (World Trade Center), matando milhares de pessoas. O atentado foi perpetrado por um grupo terrorista do Oriente Médio, a Al-Qaeda. O Iraque e o Afeganistão são países que na época do ataque tinham governantes que se mostravam como inimigos dos EUA. Mas, ao mesmo tempo, o grupo terrorista de Osama bin Laden assumiu a autoria do atentado terrorista e, supostamente, teria ligações fortes com esses governos, o que só se confirmou no caso dos talebans afegãos. A proposição pede também que o estudante acrescente o que ele sabe sobre essa região do mundo. Isso é livre, embora o professor possa orientar alguma pesquisa se achar necessário. Mas o importante, no caso, é ele chegar a uma noção das razões da instabilidade da área, que implicam as relações com o Ocidente (o que inclui as reservas de petróleo do Iraque) etc. Páginas 31- 33 1. O mapa representa algumas situações de fronteiras fechadas no período retratado (1950-1980). A mais importante das áreas onde há esse fechamento encontra-se na Europa, mais exatamente dividindo a Europa em duas, a do Oeste e a do Leste. Essa fronteira fechada era chamada de Cortina de Ferro e separava o mundo capitalista do mundo socialista. Outras fronteiras fechadas ficam na Coreia e em Cuba. 2. Esse fechamento era a expressão do período da Guerra Fria, cuja ordem mundial era influenciada diretamente pelos EUA e pela URSS. Daí ser designado como ordem bipolar. 3. A forma simbólica de designar as fronteiras fechadas (Cortina de Ferro) mostra como o denominado mundo socialista procurava impedir a influência do lado ocidental sobre seu destino, pois a capacidade geográfica de alguns países de levarem aos outros os seus interesses e valores é muito grande. Vale dizer que, à sua maneira, no mundo ocidental havia também quem temesse a influência do modo de vida socialista e, de certo modo, censuravam-se informações sobre essa realidade, criando também uma barreira. 19 Páginas 34 - 35 1. FFoorrççaa mmiilliittaarr O poderio bélico organizado com grandes exércitos e armamento moderno. FFoorrççaa eeccoonnôômmiiccaa O poder no comércio mundial, na capacidade produtiva de suas empresas etc. FFoorrççaa ccuullttuurraall A capacidade de propagação de valores culturais além da escala nacional, com a utilização, para tal, de produtos estéticos (cinema, televisão, música, literatura etc.). FFoorrççaa ggeeooggrrááffiiccaa Trata-se da força espacial, que é a capacidade de fazer chegar influências de diversos tipos (em especial culturais), mercadorias, exércitos etc. a áreas para além do seu território. 2. Somente os EUA podem ser designados como superpotência, e países como França, Inglaterra, China e Rússia incluem-se entre aqueles chamados de potências de capacidades diferentes. 3. O Brasil tem uma baixa força geográfica, e seu poder de fazer chegar suas influências culturais e econômicas para além da escala nacional não é grande, em comparação às potências, embora ele exista em alguma medida. Desafio! Página 35 1. Alguns exemplos de respostas. FFoorrççaa mmiilliittaarr FFoorrççaa eeccoonnôômmiiccaa FFoorrççaa ccuullttuurraall FFoorrççaa ggeeooggrrááffiiccaa ((ffoorrççaa eessppaacciiaall)) Argentina – + _ + Itália + ++ ++ + Portugal – + + + Irã + + _ + Israel +++ + + + 20 2. Não podem ser chamados de potência, embora tenham peso significativo em alguns aspectos da ordem mundial, como são os casos de Israel e do Irã. O aluno pode apresentar outros exemplos e, neste caso, é importante que você o auxilie a localizar sua posição em comparação ao Brasil. Páginas 36 - 38 Alguns exemplos de passagens no texto s respeito de: • ampliação do território dos EUA: “[...] os EUA partiram para ampliação do seu próprio território, por meio de acordos amigáveis e da compra [...]”. • proteção de seu território: “A prevenção contra as potências colonizadoras europeias da época para a proteção de seu território em constituição [...]”. • aumento da influência regional: “No século XX, por exemplo, a América Central foi alvo de uma formidável ação geopolítica dos EUA [...]”. 1. AAççõõeess ddoo ggoovveerrnnoo aammeerriiccaannoo vvoollttaaddaass ppaarraa oo eexxtteerriioorr ccoomm vviissttaass aa:: aammpplliiaarr sseeuu tteerrrriittóórriioo O século XIX foi um período importante de formação territorial dos EUA. Nessa época o território americano cresceu muito. O presidente James Knox Polk chegou a defender a ideia de que os EUA estariam abertos a qualquer país que estivesse disposto a anexar-se a ele. Isso serviu de pretexto para a anexação de antigas áreas coloniais espanholas: Texas, Novo México, Califórnia, Colorado, Utah e Arizona, que estavam associadas ao México. Em meados do século XIX a ampliação do território dos EUA continuava alternando compras, acordos e anexações. pprrootteeggeerr sseeuu tteerrrriittóórriioo Nos Estados Unidos, logo após sua independência,houve gestões e ações para que seu território não fosse objeto de colonização por parte dos europeus. Isso passava pela aliança com os países vizinhos das Américas do Norte, Central e do Sul contra essas mesmas potencias, como também pelo apoio a esses países. Aliás, Monroe foi o primeiro presidente a reconhecer as colônias espanholas como independentes, como meio para proteger o próprio EUA. 21 aauummeennttaarr ssuuaa iinnfflluuêênncciiaa rreeggiioonnaall No século XIX já se falava no imperialismo americano. No século XX, por exemplo, a América Central foi alvo de uma grande ação geopolítica dos EUA, caracterizada pelo expansionismo econômico. Os investimentos na área foram significativos, passando pela construção de uma infraestrutura de porte: o Canal do Panamá. Na América do Sul não foi diferente, e a influência regional ampliou-se com a expansão das empresas norte- americanas. 2. Existe uma vaga semelhança no que diz respeito à ação do Brasil em relação aos seus vizinhos. Mas, em geral, numa comparação com a ação dos EUA em relação aos vizinhos e ao mundo, a ação do Brasil pode ser considerada muito mais frágil e tímida. 3. Esta é uma definição possível e bem real da geopolítica. E é tida como legítima, pois todos os países, antes de tudo, têm de defender os seus interesses. Os EUA são um exemplo claro disso em todo seu passado e agora, no presente, quando fica evidente a resistência de seus governantes em abandonar as posturas geopolíticas. 4. A invasão do Iraque teve uma motivação que em muitos sentidos soou como pretexto para defesa de interesses geopolíticos mais amplos do que um simples combate a grupos terroristas. Afinal, no Iraque, há enormes reservas de petróleo, fonte energética estratégica para o futuro dos EUA. E, também, a instabilidade naquele país e a presença de um governo hostil dificultariam as ações geopolíticas americanas na área. Essa atitude é muito semelhante a outras que o texto menciona sobre essa vocação geopolítica dos EUA, como a disposição de atuar a favor da independência das outras Américas, cujo objetivo real seria a garantia e expansão de mercados. 5. Mesmo que a comunidade internacional, de certa forma representada na ONU, tenha repudiado, em sua maioria, a invasão do Iraque, nos EUA o entendimento foi o de que o parâmetro a ser seguido em questões como esta é o construído internamente no país. Isso é a geopolítica. Não se reconhecem instâncias políticas de outros Estados nacionais, e isso pode ser atribuído à sua condição de única superpotência, o que lhe dá maior desembaraço nas ações geopolíticas. A bem da verdade, esse fator contribui, mas a primeira argumentação é a principal. 22 Páginas 39 - 41 • Exemplos: Geopolítica – política de Estado que visa estrategicamente a defesa dos interesses do país sem reconhecer a legitimidade de qualquer outra postura; medidas de exceção – posturas transitórias, fora da lei normais, para combater inimigos diferentes em situações emergenciais, como a perseguição a terroristas; terrorismo – ação que atinge de surpresa população civil ou alvos militares e faz uso da violência, realizada por grupos clandestinos. 1. A palavra “geopolítica” incorpora o significado de jogo das relações estratégicas internacionais. Também é associada à palavra “imperialismo”, que quer dizer ação de conquista, de domínio por parte de um país sobre outros. Neste caso, a menção é feita aos EUA. 2. Essa dimensão já aparecia nas ações históricas de constituição dos EUA, cuja vocação geopolítica de influência sobre os vizinhos e o mundo sempre se fez presente. Essa dimensão pode ser observada na denominada Doutrina Bush, cujo objetivo declarado foi o de combater o terrorismo islâmico para proteger os EUA. 3. Praticamente nada mudou até agora. Os EUA agem de modo a manter e ampliar sua influência no Oriente Médio, área de grandes reservas petrolíferas, assim como em outras partes do mundo. Isso apenas atualiza o que os EUA sempre fizeram historicamente. Os alunos podem argumentar que, com a eleição de Barak Obama para a presidência dos EUA, essa situação pode mudar, mas é importante discutir que ainda que a política externa americana apresente nuances diferenciadas em cada governo, ela mantém os mesmos posicionamentos. 4. A denominada Doutrina Bush mantém uma linha de continuidade em relação à Doutrina Truman, pois esta ação objetiva chegar muito além da escala nacional e mesmo da escala regional. Trata-se de uma expressão da força geográfica americana capaz de desalojar os governos do Afeganistão e do Iraque (no continente asiático) e ainda manter durante anos tropas de ocupação nessas áreas. 23 Desafio! Páginas 41 - 42 Para a produção de um mapa ordenado sobre os diferentes poderios das potências mundiais, é preciso, nesse caso, rever o que é um mapa ordenado, com especial atenção para o uso da variável visual valor. Atenção: se os vários níveis de força das potências forem retratados com cores diferentes, o nosso olho entenderá que são diversos fenômenos que estão sendo cartografados, quando na verdade se trata de apenas um. Assim, o uso de diversas cores é um erro cartográfico que impede a visualização da geografia do fenômeno, cuja polarização Norte em relação ao Sul é evidente. Página 42 • Hiroshima e Nagasaki são cidades japonesas que foram atacadas com bombas atômicas lançadas pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. • Atentado de 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque, nos EUA: alguns aviões civis foram sequestrados nos EUA e depois direcionados a alvos civis, matando os passageiros e também muitas pessoas nos choques. Dois desses aviões foram arremessados contra as torres gêmeas em Nova Iorque. Milhares de pessoas morreram e os dois prédios desmoronaram. 24 Para começo de conversa Página 43 Não é possível afirmar que vivemos em paz, num mundo sem guerras, embora seja possível dizer que, de maneira geral, os conflitos internacionais diminuíram. Alguns deles ainda se mantêm de forma muito grave e envolvem duas regiões, principalmente: o Oriente Médio e o continente africano. Os frequentes confrontos do Estado de Israel com a população palestina – que busca recuperar a soberania sobre suas terras e também ter seu Estado – têm uma presença muito forte na mídia internacional e pesa na política mundial; isto ocorre porque, de certo modo (entre outros motivos), aparece como uma oposição entre o mundo ocidental e seus valores e outra civilização (aliás, algo bastante discutível). Os conflitos étnicos no continente africano mostram a instabilidade daqueles Estados, e a constância das guerras civis tornou-se trágica, em razão das suas terríveis consequências. Páginas 43 - 44 1. Trata-se de um mapa de fluxos (dinâmico) e, ao mesmo tempo, quantitativo. Ele usa as setas para mostrar que há movimento e a largura destas setas para indicar quantidades de populações refugiadas. 2. Como foi dito, a variável visual de movimento (a seta) está indicando quantidades proporcionalmente à sua espessura variável, isto é, as setas mais largas indicam mais refugiados que as mais estreitas. 3. Parte dos principais fluxos de refugiados ocorre no continente africano, palco de várias guerras civis. A direção dos fluxos é mais imediatamente para os vizinhos, SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4 OS DESERDADOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL: AS PERSPECTIVAS DE ORDEM MUNDIAL SOLIDÁRIA 25 embora alguns se dirijam para a Europa e para os EUA. Também na área da ex- Iugoslávia há vários fluxos importantes, assim como no Extremo Oriente. 4. Segundoo mapa, a tendência mais imediata numa guerra civil é refugiar-se nos países vizinhos, em geral em fugas empreendidas a pé por grandes contingentes populacionais sem recursos para qualquer outra opção. Página 44 Sugestão de conflitos para pesquisar em grupo: • Conflitos no centro da África: República Democrática do Congo, Ruanda e Burundi (parte deles envolve ações de extermínio étnico como o realizado pelos hutus contra os tutsis); • Conflito no Sudão, na região de Darfur, praticamente esquecido pela mídia, embora de grandes proporções; • Desagregação da ex-Iugoslávia e as ações dos sérvios na Bósnia-Herzegovina. Desafio! Página 45 1. Não há o que justifique as crianças-soldado. Essa ocorrência é a expressão da barbárie. Supõe-se que adultos engajados em guerras participem de causas, defendam algo, pois têm responsabilidades nos acontecimentos (em tese, ao menos). Mas, crianças não. São alheias aos acontecimentos, não tem responsabilidade alguma e sua participação em guerra é algo, obviamente, monstruoso. 2. A proposição aqui é que se reflita sobre as eventuais responsabilidades das potências nos conflitos africanos. De início, há responsabilidades, pois boa parte das potências atuais colonizou várias partes da África, e os países contemporâneos desse continente resultaram dessa colonização. Se eles são mal constituídos, atravessados por conflitos terríveis, por genocídios, por uso de crianças nas guerras etc., certamente a empresa colonial tem participação nisso. Isso é um dado histórico. O modo como atualmente (pós-colonização) as potências conduzem suas políticas internacionais em 26 relação à África é marcado pela negligência, pela baixa atenção, daí a idéia de deserdados da ordem mundial. Páginas 46 - 47 1. São mapas diferentes, pois esse é um mapa ordenado, que representa um único fenômeno e quer mostrar uma ordem dos países que são os mais ajudados para os que são menos ajudados. Enquanto o mapa de refugiados e deslocados é um quantitativo de fluxos. 2. No mapa não há indicação dos que mais ajudam, mas apenas são apresentados os que ajudam. E entre eles temos a superpotência e as potências, embora não necessariamente a superpotência ajude mais que as potências menores. Por exemplo, o Japão tem mais programas de ajuda (com mais dinheiro) que os EUA. 3. Hoje é possível dizer que está em curso a criação de certa solidariedade autêntica no mundo, embora parte dessa ajuda ainda vise também a obtenção de vantagens que resultam dessas boas relações ou da dependência dos países pobres em relação aos ricos nas trocas comerciais. 4. Não necessariamente. O mapa mostra que um país como o Brasil recebe ajuda superior à do Paraguai, bem mais pobre que nós. O mesmo se dá em relação a vários países africanos. 5. Bolívia, Nicarágua, El Salvador, República Dominicana, Paraguai. Esses países não estão entre os que recebem mais ajuda, mas estão entre os mais pobres. 6. Boa parte dessa ajuda, como já foi dito, indica a construção de nova solidariedade no mundo, algo que escapa à lógica geopolítica de se pensar apenas nos interesses próprios de cada país. 7. Sem dúvida, por mais que se queira negar, há um enfraquecimento da geopolítica. Por exemplo, a expectativa do mundo todo é que o novo presidente americano (Obama) venha a estabelecer relações multilaterais (e não apenas unilateral, como é a lógica da geopolítica) com os países do mundo e com outras instituições, reconhecendo a necessidade de fazer política, acordos e considerar o interesse dos demais. Se isso vai acontecer ou não, ninguém sabe, mas que há pressão para isso, sem dúvida há. 27 Página 48 Discutir a invasão do Afeganistão é útil para: (1) o aprendizado sobre geopolítica e o papel dos EUA na ordem mundial; (2) o exercício cartográfico, pois tal circunstância pode ser observada no mapa de refugiados e serve para compará-la com várias outras situações do mundo. Tendo isso em mente, esse trabalho para casa pode ser bem orientado. Outros três exemplos de presença de refugiados – sul da China, Europa do Leste (ex- Iugoslávia), centro da África (Burundi e Ruanda) –, como exercício de pesquisa em casa, será mais bem aproveitado se os alunos forem orientados a observar a lógica geopolítica operando e a reestruturação da ordem mundial, assim como o papel das potências. AJUSTES Caderno do Professor de Geografia – 1ª série– Volume 1 Professor, a seguir você poderá conferir alguns ajustes. Eles estão sinalizados a cada página. 18 Figura 3 – Projeção Mercator. Fonte: Atelier de Cartogra- phie de Sciences Po. Disponível em: <http://cartographie. dessciences-po.fr/cartotheque/merceuro.pdf>. Acesso em: 17 out. 2008. Figura 4 – Projeção Peters. Fonte: Carlos A. Furuti. Disponível em: <http://www. progonos.com/furuti/MapProj/Normal/ ProjCyl/ProjCEA/>. Acesso em: 17 nov. 2008. P ro je ct io n M er ca to r Seul l’usage pédagogique en classe ou centre de documentation est libre. Pour toute autre utilisation, contacter : carto@sciences-po.frAtelier de cartographie de Sciences Po, 2007, www.sciences-po.fr/cartographie Pedagogical use only. For any other use dissemination or disclosure, either whole or partial, contact : carto@sciences-po.fr Echelle à l'équateur : 0 2 000 km Oficina de cartografia da Sciences Po Figura 5 – Projeção Bertin. Fonte: DURAND, M.-F. et al. Atlas de la mondialisation. Édition 2008. Paris: Presses de Sciences Po, 2008. p. 136. O �cina de cartogra�a da Sciences PoProjeção Buckminster Fuller Oficina de cartografia da Sciences Po Figura 6 – Projeção Buckminster Fuller. Fonte: DURAND, M.-F. et al. Atlas de la mondialisation. Édition 2008. Paris: Presses de Sciences Po, 2008. p. 137. O �cina de cartogra�a da Sciences PoProjeção Bertin 1953 pmendes Retângulo pmendes Retângulo 34 indicando as dúvidas e as possíveis solu- ções. Socializar o trabalho desenvolvido nos f grupos de estudo, apresentando a síntese dos diversos relatórios. Sugere-se que o professor utilize a lousa para elaborar a síntese e dar destaque às defi- nições principais do texto. E que, em conjunto, agrupe-as pela proximidade e crie uma hie- rarquia, segundo a importância de cada uma das definições. Uma definição que depende de uma anterior para ser compreendida deve vir depois daquela da qual é dependente. Discussão coletiva: resolução das dúvidas f com a participação de toda a classe. Nova atividade em grupo, para a reelabo- f ração dos relatórios, a ser avaliada pelo professor. Algumas informações complementares po- dem ajudar no aprofundamento sobre o sen- soriamento remoto, especialmente no que se refere à imagem de satélite. Será que, como os mapas, as imagens de satélite têm qualidades e finalidades diferen- tes? Um exemplo pode ser útil para entender essa questão: existem satélites geoestacioná- rios e existem satélites em movimento com relação à Terra. Um pequeno quadro com- parativo (Figura 13) pode dar pistas das possibilidades diversas das imagens de saté- lite (Figura 14). Satélite geoestacionário Satélite orbital Tem uma órbita equatorial e se movimenta com velocidade coincidente à de rotação de Terra. Percorre uma órbita em torno da Terra, circulando-a várias vezes por dia. Pode captar muitas imagens de uma mesma porção da superfície terrestre em um curto intervalo de tempo. Pode captar imagens de diversas porções da superfície terrestre, registrando-as com detalhes. Por fornecer dados contínuos, é apropriado para acompanhar dinâmicas locais e a evolução de eventos, como aincidência de queimadas na Amazônia, sendo também usado na área de telecomunicações. Apropriado para produzir informações mais detalhadas e precisas, algumas das quais, inclusive, não seriam possíveis de ser obtidas de outra forma. Figura 13 – Quadro comparativo de satélite geoestacionário e satélite orbital. Fonte: Organizado por Jaime Tadeu Oliva espe- cialmente para o São Paulo faz escola, 2008. Geo_1a_1bi.indd 34 16.10.09 09:07:19 rsimoes Retângulo
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