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FERIMENTOS E HEMORRAGIAS OBJETIVOS • Definir hemorragia; • Classificar os tipos de lesões; • Conhecer as principais causas da hemorragia; • Classificar as hemorragias; • Listar as complicações da hemorragia; • Compreender hemostasia; Destrezas necessárias: • Diagnosticar hemorragia; • Conter hemorragias. Sangue e seus componentes Função do sangue; Componentes do sangue: Líquido: Plasma – 50 a 60% do volume total (água, sais minerais e proteínas. Sólido: Glóbulos vermelhos Glóbulos brancos Plaquetas Adulto – 70mL/Kg de peso corporal Crianças – 80mL/Kg de peso corporal CONCEITOS HEMORRAGIA: É a perda de sangue circulante devido ao rompimento de um vaso. FERIMENTO: É o resultado da agressão sofrida pelas partes moles, produzindo lesão tecidual. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES A) POR INSTRUMENTO CONTUNDENTE: Se dá pelo IMPACTO. O instrumento contundente (objeto) vai de encontro à vítima (Ex. soco, chute, paulada), ou quando o corpo vai de encontro ao objeto contundente. Lesão superficial e Lesão profunda Lesão superficial EQUIMOSE: Lesão causada nos primeiros vasos sanguíneos. Passa por estágios de cores, iniciando avermelhada; depois azulada (violeta); em seguida esverdeada e amarelada, até desaparecer totalmente. HEMATOMA: É uma lesão de maior nível. O vaso sanguíneo, junto à área atingida, começa a liberar uma quantidade maior de sangue, sem tempo hábil para que se infiltre no tecido (trama tecidual), provocando com isso acúmulo de sangue local. Lesão superficial ESCORIAÇÃO: Lesão na camada superficial da pele caracterizada por arranhões. O ser humano dispõe de um instrumento escoriante natural, a unha. FERIDA CONTUSA: Lesão provocada por forte impacto sobre a pele. Ocorre um esmagamento do músculo, caracterizado por uma ferida de bordas irregulares. Pode levar ao hematoma. Lesões profundas FRATURA: Perda de continuidade da estrutura óssea. LUXAÇÃO: Perda de contato entre as superfícies articulares. LESÕES VISCERAIS: Sangramento interno, quando ocorre vazamento de fluxo sanguíneo para dentro da cavidade visceral. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES B) POR INSTRUMENTO CORTANTE: Deslizamento do objeto cortante sobre o tecido epitelial. FERIDA INCISA: bordas regulares e não há, através do músculo e entre as bordas, sinais de contusão. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES C) POR INSTRUMENTO CORTOCONTUNDENTE: Ocorre pelo mecanismo de pressão. Peso do objeto mais a força do agente agressor. Essa ferida chama-se cortocontusa, ou seja, ferida que corta e contunde. Ex.: atropelamento, enxada, machado, foice. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES D) POR INSTRUMENTO PERFUROCORTANTE: A ação ocorre pelo mecanismo da pressão. O instrumento irá penetrar o corpo, perfurando e cortando. Ex.: punhal. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES E) POR INSTRUMENTO PERFURANTE: A ação perfurante tem também a ação de pressão. Ex. agulhas. A profundidade da ferida perfurante poderá ser maior do que o comprimento da lâmina, desde que o instrumento atinja uma região de tecido elástico (abdômen) e o agente agressor, após introduzir totalmente o objeto, pressioná-lo para dentro. Pode levar a lesões leves, moderadas e gravíssimas. CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS De acordo com o tipo de vaso sanguíneo: Hemorragia venosa: sangramento mais escuro, que sai escorrendo. Hemorragia arterial: sangramento de cor viva, que sai em jatos, acompanhando os batimentos cardíacos. Hemorragia Capilar: sangramento contínuo com fluxo lento. De acordo com a localização: Hemorragia Externa: são aquelas com origem na superfície corporal. Hemorragia Interna: são aquelas que não ocorrem na superfície corporal podem ser divididas em exteriorizadas ou não exteriorizadas. SÃO EXTERIORIZADAS QUANDO O SANGRAMENTO APRESENTA- SE PARA O MEIO EXTERNO. Hemorragias internas exteriorizadas: SÃO EXTERIORIZADAS QUANDO O SANGRAMENTO APRESENTA- SE PARA O MEIO EXTERNO. • Hemorragia tórax = hemoptise • Hemorragia esôfago, estômago e duodeno = hematêmese. Ação do prestador de socorro nas hemorragias internas = manutenção via aérea e respiração. CONSEQUÊNCIAS DA HEMORRAGIA Quantidade e velocidade são aspectos importantes* Hemorragias graves – CHOQUE Hemorragias lentas e crônicas - ANEMIA QUADRO CLÍNICO Varia de acordo com a quantidade, velocidade e estado de saúde e idade da vítima. • Perda de até 15% - 750mL – Compensadas • Perda maiores que 15% e menores que 30% - estado de choque compensado Ansiedade Sede Taquicardia (100 a 120 bpm) Pulso radial fraco Pele fria Palidez Enchimento capilar lentificado Suor frio FR > 20 ipm Pressão sistólica normal QUADRO CLÍNICO • Perda maiores que 30% - estado de choque descompensado (>1,5L) Agitação, confusão ou inconsciência Sede intensa Taquicardia (> 120 bpm) Pulso radial ausente Pele fria Palidez Suor frio Enchimento capilar lento Taquipnéia Pressão sistólica baixa Reconhecimento das hemorragias Inspeção geral da vítima: Roupas grossas; Chuvas; Sobre tecidos felpudos; Politraumatismos com sinais de hemorragias sem presença de sangramento; • Tórax e abdomem Observar presença de objetos perfurantes, equimose ou contusões na pele sobre estruturas vitais (fígado e baço); • Extremidades com deformidades dolorosas e instabilidade pélvica; Observações importantes no reconhecimento • Órgãos que frequentemente produzem sangramentos graves: fígado e baço • Fraturas como quadril e fêmur podem produzir hemorragias internas graves. • Distensão abdominal com dor pós traumatismo sugere hemorragia interna. CONDUTAS NA HEMORRAGIAS Controle do A/B Controle de C – Hemostasia • Controle do sangramento Mecanismos normais de defesa do organismo Técnicas de tratamento básicas e avançadas Distúrbios do mecanismos de coagulação podem apresentar hemorragias graves. Defesa do organismo PROCEDIMENTOS EM HEMORRAGIAS EXTERNAS • Nunca toque a ferida; • Não toque nem aplique medicamento ou qualquer produto no ferimento; • Não tente retirar objeto empalado; • Proteger com gazes ou pano limpo, fixando com bandagem, sem apertar o ferimento; • Fazer compressão direta também chamada de compressão local suficiente para cessar o sangramento; • Se o ferimento for em membros, deve-se elevar o membro ferido (usar a gravidade à nosso favor); • Torniquete deverá ser usado, em último caso, sendo feito com uso do manguito do esfignomanômetro. • Procurar socorro adequado. CONDUTAS NA HEMORRAGIAS Controle de C – Hemostasia Técnicas de tratamento básicas e avançadas Compressão direta Proteção (luvas e óculos) Elevar es extremidades acima do nível do coração Colocar compressas sobre o ferimento efetuando compressão direta da lesão Compressas encharcadas devem ser retiradas e colocar outra no local Fixar compressa sobre o ferimento com bandagem, caso não tenha bandagem, manter compressão manual; Compressão direta e elevação do membro são os principais meios de hemostasia – não diminuem a irrigação sanguíneas em outros locais Compressão direta CONDUTAS NA HEMORRAGIAS Controle de C – Hemostasia Técnicas de tratamento básicas e avançadas Compressão indireta da lesão Ponto de pressão Utilizado somente se houver persistência da hemorragia após compressão e elevação Compressão da artéria que irriga a região de extremidades e couro cabeludo o Artéria temporal o Braquial o Femoral o Radial o Pediosa Compressão indireta CONDUTAS NA HEMORRAGIAS Controle de C – Hemostasia Técnicas de tratamento básicas e avançadas Torniquete Último recurso a ser utilizado Utilizado somente em hemorragias graves nas extremidades = Amputações traumáticas Complicações: Compressões de nervos, músculos, vasos e a interrupção do fluxo sanguíneo Colocar entre o ferimento e o coração tão próximo quanto possível da ferida, porém fora do bordo da ferida. Presença de esfigmomanônetro, insufla-o cerca de 20mmHg acima da pressão sistólica aferida CONDUTAS NA HEMORRAGIAS Improvisação do torniquete • Panos largos Barbantes, fios, arames – risco de agravar a lesão • Envolve o membro com o pano logo acima do ferimento • Fazer um meio nó; • Colocar um pedaço de cano, madeira, caneta no meio do nó; • Dar um nó completo sobre o objeto; • Torcer moderadamente o objeto até parar a hemorragia; • Fixar o objeto com o nó; • Anotar a hora - Afrouxar no hospital.* TORNIQUETE TORNIQUETE HEMORRAGIAS INTERNAS EXTERIORIZADAS OTORRAGIA: sangramento pelo conduto da orelha externa. ESTOMATORRAGIA: sangramento proveniente da cavidade oral, incluindo as hemorragias dentárias. Usamos roletes de gaze sobre a lesão, fazendo compressão. HEMORRAGIAS INTERNAS EXTERIORIZADAS EPISTAXE: sangramento pelas narinas. Fazemos compressão manual. Pode-se utilizar gelo juntamente com a compressão nos casos de trauma. Em último caso, fazemos o tamponamento anterior, utilizando roletes de gaze com vaselina. OBSERVAÇÃO: NUNCA SE UTILIZA GELO DIRETAMENTE SOBRE A PELE, NEM SOBRE A GENITÁLIA E MUCOSAS! PROCEDIMENTOS EM HEMORRAGIAS INTERNAS Devemos nos atentar em alguns sinais externos que são característicos de hemorragia interna: a) Pulso fraco e acelerado; b) Se a pele está fria, pegajosa e pálida e mucosas da boca e dos olhos esbranquiçadas; c) Extremidades cianóticas. d) Respiração curta, rápida e irregular. PROCEDIMENTOS EM HEMORRAGIAS INTERNAS • Mantenha as vias áreas liberadas; • Mantenha a vítima deitada; • Afrouxe a roupa apertada no pescoço, no peito e na cintura; • Aplique compressas frias no local onde a vítima foi atingida; • Caso a vítima vomite, vire-lhe a cabeça para o lado*; • Não dê nada para o paciente beber; • Observe cuidadosamente o paciente*; • Procure socorro adequado. FERIMENTOS ESPECIAIS Ferimento na cabeça: • Liberar e manter as vias aéreas com o controle cervical; • Observar o estado de consciência da vítima; •Evitar mexer a pessoa, para evitar traumas secundários na medula; • Controlar as hemorragias presentes; •Proteger o ferimento com gaze ou pano limpo, sem apertar a ferida; • Se apresentar vômito, proceder o rolamento lateral; • Se apresentar sangramento ou saída de líquor pelo nariz ou ouvido, não tentar conter; • Procure socorro adequado. Ferimentos nos olhos • Não tente remover objetos da córnea; • Não faça curativo compressivo*; • Não remova objetos empalados, estabilize-os; • O curativo deve ser frouxo e nos dois olhos*; • Presença de corpos estranhos ou em caso de queimadura química, lave sempre partindo do nariz para as extremidades; • Procure socorro adequado. Ferimento na orelha: • Curativo ou bandagem em caso de ferimento na orelha; • Otorragia – sangramento pelo conduto da orelha externa. NUNCA SE FAZ TAMPONAMENTO; • Saíde de líquido claro e/ou sangue é sugestivo de TCE; • Procure socorro adequado. Ferimento na Face: • Liberar e manter as vias aéreas com o controle cervical; • Use pressão suficiente para parar o sangramento; • Retire corpos estranhos do ferimento da boca; • Faça curativo; • Procure socorro adequado. Epistaxe • Coloque o paciente sentado; • Cabeça ligeiramente inclinada para frente; • Fazemos compressão manual. Pode-se utilizar gelo juntamente com a compressão nos casos de trauma. • Procure socorro adequado. Ferimento no pescoço • Liberar e manter as vias aéreas com o controle cervical; •Mantenha o paciente calmo; • Peça para a vítima respirar devagar e observe a respiração; • Curativo oclusivo com uma compressa; • Perigo de embolia traumática pelo ar; • Não aplicar pressão sobre as vias aéreas; • Não aplique pressão dos dois lados ao mesmo tempo; • Procure socorro adequado. Ferimento no Abdomen • Mantenha a vítima deitada em repouso; • Não toque nem recoloque no lugar as vísceras; • Cubra as vísceras com curativo oclusivo embebido em soro fisiológico, cobrindo este com plástico estéril ou papel alumínio; • Fixe-o de maneire firme, mas não aperte; • Fique alerta para vômito; • Não dê líquido para a vítima; • Não remova objetos empalados; • Fique atento para o estado de choque; • Procure socorro adequado. Ferimento no Tórax • Mantenha a vítima deitada, de preferência sobre o lado da lesão; • Proteja o ferimento com compressa, pano limpo para impedir a penetração de ar através do ferimento*; • Fixe o curativo protetor, não aperte demasiadamente para não prejudicar os movimentos respiratórios da vítima; • Fique atento para os estado de choque; • Transporte sobre o lado ferido; • Procure socorro adequado. OBS: Em caso de mutilação, o pedaço deverá ser colocado dentro de saco plástico, sem nada dentro, devendo este saco ser colocado em um recipiente com gelo. Referências Bibliográficas CÉLIO, R. J et al.. Manual Básico de socorro e emergência. 2ª ed. São Paulo: Atheneu, 2007. RAIMUNDO, R. S. et al.. Manual de socorro e emergência. São Paulo: Atheneu, 2005.
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