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Apostila Mecanismos de solucao de conflitos
ESTÁCIO
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Parágrafo único. Se houver acordo, os autos serão encaminhados ao juiz, que determinará o arquivamento do processo e, desde que requerido pelas partes, homologará o acordo, por sentença, o termo final da mediação e determinará o arquivamento do processo. 46 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 46 Art. 29. Solucionado o conflito pela mediação antes da citação do réu, não serão devidas custas judiciais finais. Seção IV Da Confidencialidade e suas Exceções Art. 30. Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação será confidencial em relação a terceiros, não podendo ser revelada sequer em processo arbitral ou judicial salvo se as partes expressamente decidirem de forma diversa ou quando sua divulgação for exigida por lei ou necessária para cumprimento de acordo obtido pela mediação. § 1º O dever de confidencialidade aplica-se ao mediador, às partes, a seus prepostos, advogados, assessores técnicos e a outras pessoas de sua confiança que tenham, direta ou indiretamente, participado do procedimento de mediação, alcançando: I – declaração, opinião, sugestão, promessa ou proposta formulada por uma parte à outra na busca de entendimento para o conflito; II – reconhecimento de fato por qualquer das partes no curso do procedimento de mediação; III – manifestação de aceitação de proposta de acordo apresentada pelo mediador; IV – documento preparado unicamente para os fins do procedimento de mediação. § 2º A prova apresentada em desacordo cm o disposto neste artigo não será admitida em processo arbitral ou judicial. § 3º Não está abrigada pela regra de confidencialidade a informação relativa à ocorrência de crime de ação pública. § 4º A regra da confidencialidade não afasta o dever das pessoas discriminadas no caput de prestar informações à Administração Tributária após o termo final da mediação, aplicando-se aos seus servidores a obrigação de manter sigilo das 47 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 47 informações compartilhadas nos termos do art. 198 da Lei n 5.172, de 25 de outubro de 1966. Art. 31. Será confidencial a informação prestada por uma parte em sessão privada, não podendo o mediador revelá-la às demais, exceto se expressamente autorizado. (...) Art. 48. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial.Sala da Comissão, em ... de ... de 2015. Mudanças na arbitragem Por fim, falemos um pouco das mudanças recentes em matéria de arbitragem. O novo CPC trata da arbitragem de forma mais moderna e procura integrar o instituto à jurisdição. Apresentaremos a seguir um quadro comparativo entre os dispositivos do CPC vigente e o do projetado: O novo CPC traz diversos dispositivos relativos a arbitragem. Alguns deles são mera repetição de regras já existentes no CPC/73, com algum aperfeiçoamento na redação. Outros trazem inovações já em sintonia com o Projeto de Lei n° 7.108/14 que pretende atualizar a Lei n° 9.307/96, e que será comentado no próximo item. Para facilitar o exame dos dispositivos, apresentamos abaixo uma tabela comparativa contendo a redação dos dispositivos que tratam da arbitragem no antigo e no atual CPC. CPC 1973 CPC 2015 48 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 48 Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei. O dispositivo, no caput, repete a norma constitucional contida no Artigo 5º, inciso XXXV, e, no parágrafo 1º permite a utilização da arbitragem. Com isso fica positivado entendimento já manifestado pelo STF nos autos da SE nº 5.206, e reproduzido pelo STJ em várias oportunidades. Ademais, fica claro que a arbitragem é chamada a ocupar seu lugar dentre as ferramentas de solução de conflitos, ao lado da jurisdição, da conciliação e da mediação, também expressamente referidas (Artigo 3º, § 3º). Art. 86. As causas cíveis serão processadas e decididas, ou simplesmente decididas, pelos órgãos jurisdicionais, nos limites de sua competência, ressalvada às partes a faculdade de instituírem juízo arbitral. Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo órgão jurisdicional nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei. 49 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 49 Temos aqui mera atualização redacional, sem mudança de conteúdo. Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente atendido, prescinde de forma específica e pode ser executado como: (…) § 1º As cartas de ordem, precatória e arbitral seguirão o regime previsto neste Código. Temos aqui a primeira grande inovação. O CPC/2015 traz para o texto legal diversas normas administrativas já em vigor em matéria de cooperação internacional. Não custa lembrar que a ideia de cooperação, genericamente prevista no Artigo 6º, se projeta no âmbito internacional e nacional, atingindo todos os órgãos do Estado, bem como os jurisdicionados e seus patronos. Encontramos aqui também a primeira menção à carta arbitral. Trata-se de nova modalidade de comunicação de atos processuais, que se colocará ao lado das Cartas tradicionais (rogatória, precatória e de ordem). A carta arbitral vai concretizar os atos de comunicação originados do árbitro ou do tribunal arbitral e destinados a um juiz de direito. Havendo a necessidade de comunicação de um árbitro estrangeiro a um juiz brasileiro (por exemplo o pedido de empréstimo de força coercitiva a um mandado de busca e apreensão a ser cumprido em território brasileiro, ou ainda um mandado de apreensão ou penhora de bem, em execução de decisão arbitral), o trâmite poderá ser agilizado em razão dos protocolos de cooperação internacional. 50 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 50 Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos (...) Art. 201. Expedir-se-á carta de ordem se o juiz for subordinado ao tribunal de que ela emanar; carta rogatória, quando dirigida à autoridade judiciária estrangeira; e carta precatória nos demais casos. Art. 189. Os atos processuais são públicos. Tramitam, todavia, em segredo de justiça os processos: (...) IV – que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. Trata-se de salutar inovação, na medida em que as arbitragens, em regra, seguem o princípio da confidencialidade, sendo esta, inclusive, uma de suas maiores vantagens. Assim, de nada adiantaria ser confidencial a arbitragem, aí incluídos todos os atos praticados perante o tribunal Arbitral, se tal garantia não fosse estendida aos eventuais atos judiciais que vierem a ser praticados por solicitação do árbitro, via carta arbitral. Com isso, o princípio da publicidade, que rege os atos processuais, é excepcionado quanto o ato se refere ao procedimento arbitral. Embora o dispositivo não traga uma exceção (na verdade, exceção da exceção, o que, em última análise confirma a regra geral!), temos para nós que, se 51 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 51 a arbitragem se engloba o Estado ou seus entes, não deve incidir a confidencialidade, razão pela qual não deve ser aplicado o Artigo 189, IV, do novo