Grátis
113 pág.

Apostila Mecanismos de solucao de conflitos
ESTÁCIO
Denunciar
Pré-visualização | Página 12 de 25
CPC, sob pena de se violar o Artigo 37 da Carta de 1988. Art. 237. Será expedida carta: (...) IV – arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória. Mais uma menção à carta arbitral. Dessa vez o novo CPC é mais específico quanto à finalidade da carta. Poderá ser ela utilizada quando houver necessidade de praticar ato que dependa de força coercitiva. Aí podem ser compreendidos, atos de condução de pessoas, apreensão de bens ou pessoas, penhora física ou eletrônica, ou mesmo atos de efetivação de medidas de urgência (cautelares ou antecipatórias), denominadas pelo NCPC de tutelas provisórias. Os atos podem ser praticados pelo próprio juiz (por exemplo, a penhora eletrônica) ou podem ter seu cumprimento efetivado por outrem, por ordem do juiz (por exemplo, as obrigações de fazer, não fazer e desfazer). 52 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 52 Art. 202. São requisitos essenciais da carta de ordem, da carta precatória e da carta rogatória: I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato; II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado; III - a menção do ato processual, que lhe constitui o objeto; IV - o encerramento com a assinatura do juiz. (...) Art. 260. São requisitos das cartas de ordem, precatória e rogatória: I – a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato; II – o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado; III – a menção do ato processual que lhe constitui o objeto; IV – o encerramento com a assinatura do juiz. (...) § 3º A carta arbitral atenderá, no que couber, aos requisitos a que se refere o caput e será instruída com a convenção de arbitragem e com as provas da nomeação do árbitro e da sua aceitação da função. Não há alteração de conteúdo na cabeça e nos incisos do Artigo 260. O § 3º dispõe serem aplicáveis à carta arbitral os mesmos requisitos das demais cartas. Contudo, acrescenta mais dois: a convenção de arbitragem e a prova de nomeação e aceitação do árbitro. Convenção de arbitragem, como já dissemos acima, é o gênero do qual são espécies a cláusula compromissória e o compromisso. O ato que manifesta tal vontade deve acompanhar a carta, de forma que o magistrado possa ter a certeza que as partes de fato quiseram levar o exame da questão à via arbitral; podem ter feito isso, mediante a elaboração de uma 53 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 53 cláusula ou de um compromisso específico e detalhado, ou simplesmente aderindo ao regulamento de um tribunal arbitral. Ademais, devem ser anexados os atos de nomeação e de aceitação do árbitro. Tais documentos são importantes a fim de que fique claro que as partes desejaram conferir tal poder àquele árbitro e que ele o aceitou formalmente. Não custa lembrar que no procedimento arbitral há uma extrema liberdade para a convenção de regras e atribuições dos árbitros. Daí o novo CPC, com acerto, ter exigido a apresentação de todos esses documentos. Art. 209. O juiz recusará cumprimento à carta precatória, devolvendo-a com despacho motivado: I - quando não estiver revestida dos requisitos legais; II - quando carecer de competência em razão da matéria ou da hierarquia; III - quando tiver dúvida acerca de sua autenticidade. Art. 204. A carta tem caráter itinerante; antes ou depois de lhe ser ordenado o cumprimento, poderá ser Art. 267. O juiz recusará cumprimento a carta precatória ou arbitral, devolvendo-a com decisão motivada quando: I – não estiver revestida dos requisitos legais; II – faltar-lhe competência em razão da matéria ou da hierarquia; III – tiver dúvida acerca de sua autenticidade. Parágrafo único. No caso de incompetência em razão da matéria ou da hierarquia, o juiz deprecado, conforme o ato a ser praticado, poderá remeter a carta ao juiz ou ao apresentada a juízo diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato. tribunal competente. Não há aqui alteração substancial. Apenas a atualização da redação e a inserção da carta arbitral, para que possa ser regida pelas mesmas disposições aplicáveis à carta pprecatória. 54 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 54 Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: (...) IX - convenção de arbitragem; (...) § 4º Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo. (...) Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (…) X – convenção de arbitragem; § 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. § 6º A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. 55 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 55 O caput do novel Artigo 337 e seu inciso X não trazem alteração de conteúdo se comparados ao texto do antigo CPC. O novo § 5º insere a incompetência relativa no rol de matérias que não podem ser conhecidas ex officio pelo magistrado, apenas positivando entendimento há muito sumulado pelo STJ (verbete nº 33). O § 6º, por sua vez, deixa clara consequência que já era tranquilamente aceita pela doutrina e jurisprudência. Ou seja: a pré-existência de convenção de arbitragem deve ser expressamente alegada pelo réu. No silêncio, presume-se a renúncia do réu à arbitragem, observando-se que o autor já terá renunciado ao propor a demanda em juízo. Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, de ofício, determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de instrução e julgamento. Art. 359. Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes, sem prejuízo do emprego de outros métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem. 56 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 56 Embora seja improvável, em razão de todos os atos processuais já praticados, é possível que no momento de abertura da AIJ as partes rejeitem a proposta renovada de mediação ou de conciliação, mas aceitem a ideia da arbitragem. Nesse caso, deve o juiz: (i) suspender o processo pelo prazo de até seis meses, por convenção das partes, na forma do Artigo 313, II e § 4º; ou (ii) extinguir o processo, sem resolver o mérito, assim que o juízo arbitral reconhecer sua competência, na forma do Artigo 482, VII, parte final, que será examinado a seguir. Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (...) VII- pela convenção de arbitragem (...) Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VII – acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; O novo Artigo 485 repete a redação do antigo Artigo 267, VII, e acrescenta mais uma hipótese de não resolução do mérito: o reconhecimento da sua competência por parte do juízo arbitral. Como discutido no IV Forum Permanente de Processualistas Civil, realizado em Belo Horizonte, no