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1 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 1 
 
 
 
 
2 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 2 
Apresentação ............................................................................................................................ 5 
Aula 1: Mecanismos de Solução de Conflitos: jurisdição, negociação, 
conciliação, mediação e arbitragem .................................................................................. 6 
Introdução ............................................................................................................................. 6 
Conteúdo ................................................................................................................................ 7 
Solução de conflitos .......................................................................................................... 7 
Conceitos básicos em solução de conflitos ................................................................. 8 
Ferramentas para solução de conflitos ....................................................................... 10 
Negociação ....................................................................................................................... 10 
Mediação – evolução legislativa brasileira ................................................................. 13 
A medição prévia e a mediação incidental ................................................................ 14 
Arbitragem ........................................................................................................................ 17 
Distinção entre a função do árbitro e a do juiz togado ........................................... 18 
Atividade proposta .......................................................................................................... 20 
Referências........................................................................................................................... 21 
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 22 
Notas ........................................................................................................................................... 25 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 26 
Aula 1 ..................................................................................................................................... 26 
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 26 
Aula 2: Inovações legislativas ............................................................................................. 27 
Introdução ........................................................................................................................... 27 
Conteúdo .............................................................................................................................. 28 
A mediação no direito brasileiro................................................................................... 28 
A escolha do mediador ................................................................................................... 29 
Regulamentação da mediação judicial e extrajudicial ............................................. 32 
Atualização da Lei de Arbitragem e apresentação do anteprojeto da Lei de 
Mediação ........................................................................................................................... 34 
Mediação judicial, extrajudicial, pública e online ...................................................... 35 
Análise das inovações legislativas em solução de conflitos.................................... 36 
Mediação pública ............................................................................................................. 37 
Mediação online ............................................................................................................... 38 
Mudanças na arbitragem ............................................................................................... 47 
Atividade proposta .......................................................................................................... 61 
3 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 3 
Referências........................................................................................................................... 62 
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 64 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 66 
Aula 2 ..................................................................................................................................... 66 
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 66 
Aula 5: Perspectivas no Direito Europeu. A questão da mediação obrigatória. ... 68 
Introdução ........................................................................................................................... 68 
Conteúdo .............................................................................................................................. 69 
A mediação na Europa ................................................................................................... 69 
Conceito de mediação ................................................................................................... 70 
Regulamentação da mediação ..................................................................................... 71 
A justiça europeia ............................................................................................................ 73 
A obrigatoriedade da mediação ................................................................................... 74 
Mediação consensual ..................................................................................................... 78 
Interesse em agir ............................................................................................................. 80 
O juiz e os processos de solução de conflitos ........................................................... 81 
Rede colaborativa ............................................................................................................ 82 
Atividade proposta .......................................................................................................... 82 
Referências........................................................................................................................... 83 
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 84 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 86 
Aula 5 ..................................................................................................................................... 86 
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 86 
Aula 6: As principais discussões em torno da intervenção jurisdicional na 
arbitragem. Procedimento arbitral. Recurso e execução da sentença arbitral. ... 87 
Introdução ........................................................................................................................... 87 
Conteúdo .............................................................................................................................. 88 
Arbitragem noordenamento brasileiro ...................................................................... 88 
Arbitragem e inconstitucionalidade ............................................................................. 90 
Limites objetivos e subjetivos para o uso da arbitragem ........................................ 92 
Arbitragem envolvendo entidades de direito público .............................................. 92 
Relação arbitragem e pessoa ........................................................................................ 93 
Princípios da arbitragem ................................................................................................ 94 
Convenção de arbitragem ............................................................................................. 95 
Compromisso arbitral ..................................................................................................... 98 
Lei nº 9.307/96 .................................................................................................................. 98 
4 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 4 
Prolação da sentença .................................................................................................... 101 
Nulidade da sentença ................................................................................................... 103 
Medidas urgentes........................................................................................................... 104 
Atividade proposta ........................................................................................................ 105 
Referências......................................................................................................................... 107 
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 108 
Chaves de resposta ................................................................................................................... 111 
Aula 6 ................................................................................................................................... 111 
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 111 
Conteudista ............................................................................................................................... 113 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 5 
Esta disciplina visa apresentar as principais modalidades dos mecanismos 
alternativos de solução de conflitos. Vamos falar sobre a negociação, 
conciliação, mediação e arbitragem. Além dos princípios e regras básicas de 
cada instituto, vamos estudar as iniciativas legislativas, bem como os 
dispositivos do CPC que tratam do tema. 
 
Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 
1. Apresentar aos alunos uma visão geral dos mecanismos alternativos de 
solução de conflitos; 
2. Enfocar algumas das questões mais relevantes desses instrumentos, 
sobretudo da mediação e da arbitragem; 
3. Capacitar o aluno a se preparar para a mudança legislativa a partir do exame 
das novas tendências doutrinárias e jurisprudenciais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 6 
Introdução 
Nesta aula vamos apresentar o panorama geral da matéria, enfocando a 
evolução histórica dos meios alternativos e as principais semelhanças e 
diferenças entre eles. 
 
Falaremos um pouco sobre a negociação, conciliação, mediação e arbitragem, 
demonstrando suas características e peculiaridades. 
 
Objetivo: 
1. Apresentar uma visão geral dos mecanismos alternativos de solução de 
conflitos no direito brasileiro; 
2. Examinar as principais ferramentas a partir de um exame comparativo entre 
elas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 7 
 
 
Conteúdo 
Solução de conflitos 
Um conflito pode ser solucionado pela via estatal (jurisdição) ou pelas vias 
chamadas alternativas. Classificamos as vias alternativas em puras e 
híbridas. 
 
Chamamos puras aquelas em que a solução do conflito se dá sem qualquer 
interferência jurisdicional; ao passo que nas híbridas, em algum momento, 
mesmo que para efeitos de mera homologação, há a participação do Estado-
Juiz. São formas puras a negociação, a mediação e a arbitragem. 
 
São meios híbridos, no direito brasileiro: a conciliação, obtida em audiência ou 
no curso de um processo já instaurado; a transação penal; a remissão prevista 
no Estatuto da Criança e do Adolescente e o termo de ajustamento de conduta 
celebrado em uma ação civil pública. 
 
 
Atenção 
 Com efeito, é cada vez mais comum o uso dos meios 
alternativos durante o processo judicial. 
Como veremos nas aulas seguintes, tanto o novo CPC como a 
Lei n° 13.140/15 tratam das figuras da conciliação e da 
mediação judicial e preveem regras específicas para o seu uso. 
No intuito de registrar as principais diferenças entre os meios 
puros de solução alternativa, apresentamos, a seguir, alguns 
conceitos básicos. 
 
8 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 8 
Conceitos básicos em solução de conflitos 
Por negociação entende-se o processo pelo qual as partes envolvidas no 
litígio, diretamente e sem a interveniência de uma terceira pessoa, buscam 
chegar a uma solução consensual. 
 
A negociação envolve sempre o contato direto entre as partes ou entre seus 
representantes; não há aqui um terceiro, um neutro, um mediador, um árbitro 
ou um juiz. Por meio de processos de conversação as partes procuram fazer 
concessões recíprocas, reduzindo suas diferenças, e através delas chegam à 
solução pacificadora. 
 
Obviamente, em razão do comprometimento emocional e, muitas vezes, da 
falta de habilidade dessas partes para chegar a uma solução, a negociação 
acaba se frustrando, razão pela qual se passa à segunda modalidade de solução 
alternativa: a mediação. 
 
Na mediação insere-se a figura de um terceiro, o qual, de alguma maneira, vai 
atuar no relacionamento entre as partes envolvidas de forma a tentar obter a 
pacificação do seu conflito. 
 
A forma e os limites que vão pautar a atuação desse terceiro vão indicar a 
modalidade da intermediação. 
 
Hoje, entende-se que essa intermediação pode ser passiva ou ativa. Trata-se 
apenas de uma diferença de método, mas com um mesmo fim: o acordo. 
 
Na primeira modalidade, passiva, aquele terceiro vai apenas ouvir as versões 
das partes e funcionar como um agente facilitador, procurando aparar as 
arestas sem, entretanto, em hipótese alguma, introduzir o seu ponto de vista, 
apresentar as suas soluções ou, ainda, fazer propostas ou contrapropostas às 
partes. Sua ação será, portanto, a de um expectador/facilitador. Função típica 
de um mediador. 
9 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 9 
 
Numa segunda postura, encontramos o intermediador ativo que no direito 
brasileiro, recebe o nome de conciliador. Por conta da tênue diferença de 
método para se chegar ao acordo é que há, muitas vezes, a discussão 
terminológica entre mediação e conciliação. 
A conciliação ocorre, portanto, quando o intermediador adota uma postura 
mais ativa: ele vai não apenas facilitar o entendimento entre as partes, mas, 
principalmente, interagir com elas, apresentar soluções, buscar caminhos não 
pensados antes por elas, fazer propostas, admoestá-las de que determinada 
proposta está muito elevada ou de que uma outra proposta está muito baixa; 
enfim, ele vai ter uma postura verdadeiramenteinfluenciadora no resultado 
daquele litígio a fim de obter a sua composição. 
 
Nunca é demais lembrar que a conciliação, no seu aspecto processual, é um 
gênero do qual são espécies a desistência, a submissão e a transação, 
conforme a intensidade da disposição do direito efetivada pela(s) parte(s) 
interessada(s). 
 
E, finalmente, temos a figura da arbitragem. [...] a prática alternativa, 
extrajudiciária, de pacificação antes da solução de conflitos de interesses 
envolvendo os direitos patrimoniais e disponíveis, fundada no consenso, 
princípio universal da autonomia da vontade, através da atuação de terceiro, ou 
de terceiros, estranhos ao conflito, mais de confiança e escolha das partes em 
divergência. 
 
A arbitragem, como se costuma dizer, é um degrau a mais em relação à 
mediação (conciliação), especificamente à intermediação ativa, pois o árbitro, 
além de ouvir as versões das partes, tentar uma solução consensuada, interagir 
com essas partes, deverá proferir uma decisão de natureza impositiva, caso 
uma alternativa conciliatória não seja alcançada. 
 
10 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 10 
Vemos, desta forma, que a crucial diferença entre a postura do árbitro e a 
postura do mediador é que o árbitro tem efetivamente o poder de decidir, ao 
passo que o mediador pode apenas sugerir, admoestar as partes, tentar facilitar 
o acordo, mas não pode decidir a controvérsia. E em relação à conciliação, 
apesar da intermediação mais incisiva do terceiro, mesmo assim, o objetivo é 
fazer com que os interessados empreguem suas forças para uma solução 
amigável do conflito, enquanto que o árbitro pode ir além e, ultrapassada essa 
fase conciliatória, não se chegando ao acordo, pode impor uma solução. 
 
Ferramentas para solução de conflitos 
Agora que você já conheceu conceitos básicos da solução de conflitos, é hora 
de conhecer as principais ferramentas que podem ser utilizadas para a solução 
de conflitos de forma alternativa à jurisdição. São elas: negociação, 
mediação e arbitragem. 
 
Negociação 
A negociação é um processo bilateral de resolução de impasses ou de 
controvérsias, no qual existe o objetivo de alcançar um acordo conjunto, 
através de concessões mútuas. Envolve a comunicação, o processo de tomada 
de decisão (sob pressão) e a resolução extrajudicial de uma controvérsia. 
 
A negociação tem como principais vantagens evitar as incertezas e os custos de 
um processo judicial, privilegiando uma resolução pessoal, discreta, rápida e, 
dentro do possível, preservando o relacionamento entre as partes envolvidas, o 
que é extremamente útil, sobretudo em se tratando de negociação comercial. 
 
Quanto ao momento, a negociação pode ser prévia ou incidental, tendo por 
referencial o surgimento do litígio; quanto à postura dos negociadores e das 
partes, pode ser adversarial (competitiva) ou solucionadora (pacificadora). A 
Escola de Harvard tem-se notabilizado por pregar uma técnica conhecida como 
principled negotiation ou negociação com princípios, fundada nos seguintes 
parâmetros: 
11 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 11 
 
Em primeiro lugar, é importante diferenciar o interesse da posição. 
Normalmente as partes expõem sua posição, que não necessariamente coincide 
com seu interesse. Por falta de habilidade, não raras vezes, fala-se em 
números, valores ou situações concretas, em vez de dizer o que se pretende ao 
final, permitindo que a barganha se dê quanto aos meios necessários a se 
atingir aquele fim. FISCHER, Roger and William Ury, Getting to Yes: Negotiating 
Agreement without Giving In, Boston: Houghton Mifflin Co., 1981. 
 
Para isso, é preciso que ambas as partes (e seus negociadores) encarem o 
processo de negociação com uma solução mútua de dificuldades, na qual o 
problema de um é o problema de todos. Nessa linha de raciocínio é preciso 
separar o problema das pessoas, de modo a deixar claro que uma divergência 
de opinião não deve afetar o sentimento pessoal ou o relacionamento, que 
sempre são mais valiosos. 
 
Ademais, na busca da solução do problema, é preciso estar atento a três 
parâmetros: a percepção, a emoção e a comunicação. As atitudes dos 
negociadores, em relação a esses tópicos, podem ser assim sistematizadas: 
 
1) Percepção: 
 
(i) coloque•-se no lugar do outro e procure entender seu ponto de vista; (ii) não 
presuma que o outro irá sempre prejudicá-lo; 
(iii) não culpe o outro pelo problema; 
(iv) todos devem participar da construção do acordo; 
(v) peça conselhos e dê crédito ao outro por suas ideias; (vi) não menospreze 
as demandas do outro; e 
(vii) procure dizer o que a outra parte gostaria de ouvir. 
 
2) Emoção: 
 
12 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 12 
(i) os negociantes sentem-se ameaçados ‒ a emoção pode levar as 
negociações a um impasse; 
(ii) identifique suas emoções e o que as está causando; 
(iii) deixe que o outro expresse suas emoções e evite reagir 
emocionalmente a seus desabafos ‒ não as julgue como inoportunas; e 
(iv) gestos simples podem ajudar a dissipar emoções fortes. 
 
 
3) Comunicação: 
 
(i) fale ao seu oponente; 
(ii) não faça apresentação para o cliente; (iii) ouça o seu oponente; 
(iv) não planeje sua resposta enquanto o outro fala; (v) seja claro na 
transmissão da informação; 
(vi) utilize•se da escuta ativa (active listening); 
(vii) repita e resuma os pontos colocados ‒ mostre que está compreendendo; e 
(viii) compreender o oponente não significa concordar com ele. 
 
Observando esses conceitos, será possível identificar o real interesse, 
desenvolver diversas opções e alternativas e criar soluções não cogitadas até 
então, por meio de um procedimento denominado “brainstorming”. A partir 
daí, torna-se necessário utilizar critérios objetivos e bem definidos para avaliar 
as alternativas. Nesse momento, é preciso evitar a disputa de vontades, utilizar 
padrões razoáveis, baseados em descobertas científicas, precedentes legais ou 
judiciais e recorrer a profissionais especializados. 
 
O critério deve ser debatido a fim de gerar um procedimento justo e aceito por 
ambos os interessados. Importante, por último, ter sempre em mente que a 
negociação é apenas uma das formas de se compor o litígio. Normalmente é a 
primeira a ser tentada, até porque dispensa a presença de terceiros, mas, 
também por isso, possui forte vinculação emocional das partes que, nem 
sempre, conseguem se desapegar do objeto do litígio para refletir de forma 
racional sobre ele. 
13 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 13 
 
As partes devem ter sempre em mente o limite do que é negociável. É o que a 
Escola de Harvard denomina BATNA – Best Alternative to a Negotiated 
Agreement. Se a negociação não sai como o esperado, é possível deixar a 
mesa, a qualquer momento, e partir para outra forma alternativa ou mesmo 
para a jurisdição tradicional. Em outras oportunidades, uma das partes 
simplesmente não colabora. Não faz propostas razoáveis, tem o ímpeto de 
conduzir o processo a seu bel-prazer e inviabiliza qualquer chance de solução 
pacífica. Ou pior, lança mão de truques sujos, omite ou mente sobre dados 
concretos, simula poder para tomar decisões, utiliza técnica agressiva e 
constrangedora, faz exigências sucessivas e exageradas, ameaça etc. 
 
Ainda que se tente, ao máximo das forças, por vezes, é preciso reconhecer que 
um dos interessados não está preparado para uma solução direta negociada ou 
parcial (por ato das partes) dos seus conflitos. É o momento de “subir um 
degrau” na escada da solução das controvérsias e partir para a mediação. 
 
Mediação– evolução legislativa brasileira 
Entende-se a mediação como o processo por meio do qual os interessados 
buscam o auxílio de um terceiro imparcial que irá contribuir na busca pela 
solução do conflito. 
 
Esse terceiro não tem a missão de decidir (nem a ele foi dada autorização para 
tanto). Ele apenas auxilia as partes na obtenção da solução consensual. 
 
O papel do interventor é ajudar na comunicação através da neutralização de 
emoções, formação de opções e negociação de acordos. 
 
Como agente fora do contexto conflituoso, funciona como um catalisador de 
disputas, ao conduzir as partes às suas soluções, sem propriamente interferir na 
substância destas. 
 
14 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 14 
No Brasil, a partir dos anos 90 do século passado, começou a haver um 
interesse pelo instituto da mediação, sobretudo por influência da legislação 
argentina editada em 1995. 
 
Por aqui, a primeira iniciativa legislativa ganhou forma com o Projeto de Lei nº 
4.827/98, oriundo de proposta da Deputada Zulaiê Cobra, tendo o texto inicial 
levado à Câmara uma regulamentação concisa, estabelecendo a definição de 
mediação e elencando algumas disposições a respeito. Na Câmara dos 
Deputados, já em 2002, o projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição e 
Justiça e enviado ao Senado Federal, onde recebeu o número PLC nº 94, de 
2002. 
 
Emenda Constitucional nº 45, de 8 de dezembro de 2004 (conhecida como 
“Reforma do Judiciário”), apresentou diversos Projetos de Lei modificando o 
Código de Processo Civil, o que levou à um novo relatório do PL 94. 
 
Foi aprovado o Substitutivo (Emenda nº 1-CCJ), ficando prejudicado o projeto 
inicial, tendo sido o substitutivo enviado à Câmara dos Deputados no dia 11 de 
julho. Em 1º de agosto, o projeto foi encaminhado à CCJC, que o recebeu em 7 
de agosto. Desde então, dele não se teve mais notícia até meados de 2013 
quando voltou a tramitar, provavelmente por inspiração dos projetos que já 
tramitavam no Senado. O Projeto, em sua última versão, logo no Artigo 1º, 
propunha a regulamentação da mediação paraprocessual civil que poderia 
assumir as seguintes feições: prévia; incidental; judicial e extrajudicial. 
 
A medição prévia e a mediação incidental 
A mediação prévia poderia ser judicial ou extrajudicial (Artigo 29). No caso da 
mediação judicial, o seu requerimento interromperia a prescrição e deveria ser 
concluído no prazo máximo de 90 dias. A mediação incidental (Artigo 34), 
por outro lado, seria obrigatória, como regra, no processo de conhecimento, 
salvo nos casos: 
 
15 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 15 
a) De ação de interdição; 
b) Quando for autora ou ré pessoa de direito público e a controvérsia versar 
sobre direitos indisponíveis; 
c) Na falência, na recuperação judicial e na insolvência civil; 
d) No inventário e no arrolamento; 
e) Nas ações de imissão de posse, reivindicatória e de usucapião de bem 
imóvel; 
f) Na ação de retificação de registro público; 
g) Quando o autor optar pelo procedimento do juizado especial ou pela 
arbitragem; 
h) Na ação cautelar; 
i) Quando na mediação prévia não tiver ocorrido acordo nos cento e oitenta 
dias anteriores ao ajuizamento da ação. 
 
A mediação deveria ser realizada no prazo máximo de noventa dias e, não 
sendo alcançado o acordo, dar-se-ia continuidade ao processo. Assim, a mera 
distribuição da petição inicial ao juízo interromperia a prescrição e induziria a 
litispendência. 
 
Ademais, caso houvesse pedido de liminar, a mediação só teria curso após o 
exame desta questão pelo magistrado, sendo certo que eventual interposição 
de recurso contra a decisão provisional não prejudicaria o processo de 
mediação. 
 
Em 2010 o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução nº 125, com base 
em algumas premissas: 
 
a) o direito de acesso à Justiça, previsto no Artigo 5º, XXXV, da 
Constituição Federal, além da vertente formal perante os órgãos judiciários, 
implica acesso à ordem jurídica justa; 
b) nesse passo, cabe ao Judiciário estabelecer política pública de tratamento 
adequado dos problemas jurídicos e dos conflitos de interesses, que ocorrem 
16 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 16 
em larga e crescente escala na sociedade, de forma a organizar, em âmbito 
nacional, não somente os serviços prestados nos processos judiciais, como 
também os que possam sê-lo mediante outros mecanismos de solução de 
conflitos, em especial dos consensuais, como a mediação e a conciliação; 
c) a necessidade de se consolidar uma política pública permanente de incentivo 
e aperfeiçoamento dos mecanismos consensuais de solução de litígios; 
d) a conciliação e a mediação são instrumentos efetivos de pacificação social, 
solução e prevenção de litígios, e que a sua apropriada disciplina em programas 
já implementados no país tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos 
de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças; 
e) é imprescindível estimular, apoiar e difundir a sistematização e o 
aprimoramento das práticas já adotadas pelos tribunais; 
f) a relevância e a necessidade de organizar e uniformizar os serviços de 
conciliação, mediação e outros métodos consensuais de solução de conflitos, 
para lhes evitar disparidades de orientação e práticas, bem como para 
assegurar a boa execução da política pública, respeitadas as especificidades de 
cada segmento da Justiça. 
 
O art. 1º da Resolução institui a Política Judiciária Nacional de tratamento 
dos conflitos de interesses, com o objetivo de assegurar a todos o direito à 
solução dos conflitos por meios adequados, deixando claro que incumbe ao 
Poder Judiciário, além da solução adjudicada mediante sentença, oferecer 
outros mecanismos de soluções de controvérsias, em especial os chamados 
meios consensuais, como a mediação e a conciliação, bem como prestar 
atendimento e orientação ao cidadão. Para cumprir tais metas, os Tribunais 
deverão criar os Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução 
de Conflitos, e instalar os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e 
Cidadania. 
 
A Resolução trata ainda da capacitação dos conciliadores e mediadores, do 
registro e acompanhamento estatístico de suas atividades e da gestão dos 
Centros. Em 2009 foi convocada uma Comissão de Juristas, presidida pelo 
17 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 17 
Ministro Luiz Fux, com o objetivo de apresentar um novo Código de Processo 
Civil. 
 
Na redação atualmente disponível do Projeto do novo CPC, podemos identificar 
a preocupação da Comissão com os institutos da conciliação e da mediação, 
especificamente nos Artigos 165 a 175 do novo CPC. Atualmente, tramita na 
Câmara o Projeto de Lei n° 13.140/14 que trata do tema e será examinado 
mais adiante. 
 
Arbitragem 
A arbitragem surge como uma forma alternativa de resolução de conflitos, 
colocada ao lado da jurisdição. Sua tônica está na busca de um mecanismo 
mais ágil e adequado para a solução de conflitos, numa fuga ao formalismo 
exagerado do processo tradicional e no fato de que o árbitro pode ser uma 
pessoa especialista na área do litígio apresentado, ao contrário do juiz, que nem 
sempre tem a experiência exigida para resolver certos assuntos que lhe são 
demandados. 
 
Na arbitragem, as partes maiores e capazes, divergindo sobre direito de cunho 
patrimonial, submetem o litígio ao terceiro (árbitro), que deverá, após regular 
procedimento, decidir o conflito, sendo tal decisão impositiva. Há aqui a figura 
da substitutividade, existindo a transferência do poder de decidir para o árbitro, 
que porsua vez é um juiz de fato e de direito. 
 
A arbitragem pode ser convencionada antes (cláusula compromissória), ou 
depois (compromisso arbitral) do litígio, sendo certo ainda que o procedimento 
arbitral pode se dar pelas regras ordinárias de direito ou por equidade, 
conforme a expressa vontade das partes. 
 
Em comparação à arbitragem, na jurisdição, monopólio do Estado e o 
instrumento ainda mais utilizado na solução dos conflitos no Brasil, não há 
limites subjetivos (de pessoas) ou objetivos (de matéria). Ademais, ostenta a 
18 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 18 
característica da coercibilidade e autoexecutoriedade, o que não ocorre na 
arbitragem. Mas, não custa lembrar, jurisdição é apenas monopólio do Estado e 
não da solução dos conflitos. 
 
Mostra-se então a arbitragem como o método mais adequado para a solução e 
a desformalização de determinados tipos de conflito, bem como para desafogar 
o Poder Judiciário. 
 
Como visto, a arbitragem consiste na solução do conflito por meio de um 
terceiro, escolhido pelas partes, com poder de decisão, segundo normas e 
procedimentos aceitos por livre e espontânea vontade das partes. A arbitragem, 
como se costuma dizer, é um degrau a mais em relação à conciliação, 
especificamente na intermediação ativa, pois o árbitro, além de ouvir as versões 
das partes, além de tentar uma solução consensual e de interagir com essas 
partes, deverá proferir uma decisão de natureza impositiva, caso uma 
alternativa conciliatória não seja alcançada. 
 
Vemos, então, que a crucial diferença entre a postura do árbitro e a postura do 
mediador é que o árbitro tem efetivamente o poder de decidir, ao passo que o 
conciliador tem um limite: ele pode sugerir, ele pode admoestar as partes, ele 
pode tentar facilitar aquele acordo, mas ele não pode decidir aquela 
controvérsia. 
 
Distinção entre a função do árbitro e a do juiz togado 
Qual seria a distinção entre a função do árbitro e a do juiz togado? É certo que 
o legislador quis transferir ao árbitro praticamente todos os poderes que o juiz 
de direito detém. O legislador, na Lei nº 9.307/96, chega a afirmar 
textualmente, no Artigo 18, que o árbitro é juiz de fato e de direito e a sentença 
que ele proferir não fica sujeita a recurso ou à homologação pelo Poder 
Judiciário. Esse dispositivo está em perfeita consonância com o Artigo 515, VII 
do CPC/2015, que diz ser a sentença arbitral um título executivo judicial. 
 
19 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 19 
Em outras palavras, por força imperativa de lei, um título que originalmente não 
é oriundo de um processo jurisdicional, passa a ser tratado e equiparado a uma 
sentença. 
Assim se vê que o legislador deixa claro que tudo aquilo que foi examinado e 
decidido no procedimento arbitral recebe o mesmo tratamento das matérias 
que foram examinadas e decididas em um procedimento jurisdicional. 
 
Uma vez aberto o processo de execução elas não podem ser arguidas pela 
parte inconformada. 
 
Mas, voltemos ao ponto inicial do raciocínio, ou seja, o quantum de poder do 
juiz e do árbitro. Uma das características principais da jurisdição é a 
coercibilidade. O juiz, no exercício de seu mister, tem o poder de tornar 
coercíveis suas decisões, caso não sejam cumpridas voluntariamente. Ele julga 
e impõe sua decisão. 
 
O árbitro, assim como o juiz, julga. Ele exerce a cognição, avalia a prova, ouve 
as partes, determina providências, enfim, preside aquele processo. Contudo, 
não tem ele o poder de fazer valer suas decisões. 
 
Em outras palavras, se uma decisão do árbitro não é voluntariamente 
adimplida, não pode ele, de ofício, tomar providências concretas para assegurar 
a eficácia concreta do provimento dele emanado. Não vamos entrar aqui na 
discussão política e constitucional do legislador ao não transferir a coertio ao 
árbitro. 
 
É bem verdade que, se, de um lado, a opção legislativa representa um 
problema à efetivação da decisão arbitral, por outro, mantém o sistema de 
freios e contrapesos e a própria harmonia entre as funções do Estado, 
impedindo a transferência de uma providência cogente, imperativa, a um 
particular, sem uma forma adequada de controle pelos demais poderes 
20 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 20 
constituídos, o que acabaria por vulnerar o próprio Estado Democrático de 
Direito. 
 
 
Assim sendo, pelo sistema atual, em sendo descumprida uma decisão do 
árbitro, deve a parte interessada recorrer ao Poder Judiciário a fim de 
emprestar força coercitiva àquela decisão arbitral. 
 
Atividade proposta 
Assista à apresentação de slides sobre a técnica de negociação da Universidade 
de Harvard. Nos slides é possível perceber os pontos mais importantes dos três 
livros básicos do programa: Getting to Yes, Getting past no e Getting it done. 
Após assistir ao conteúdo, escreva um resumo de 15 a 20 linhas sobre os 
fundamentos principais do método desenvolvido por Roger Fischer e seus 
colegas. 
 
Chave de resposta: Você deve apresentar os quatro fundamentos principais 
do método proposto pela escola de Harvard: 1. Separe as pessoas dos 
problemas; 2. Foque nos interesses e não nas posições; 3. Invente opções para 
ganhos mútuos; e 4. Insista no uso de critérios objetivos. Após, deverá 
discorrer sobre o uso do BATNA - melhor alternativa a um acordo negociado e 
as ferramentas para enfrentar o chamado jogo sujo do oponente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Complementar 
Para saber mais sobre a arbitragem acesse a biblioteca virtual e 
leia o texto indicado. 
21 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 21 
Referências 
AZEVEDO, Andre Gomma de. Políticas públicas para formação de mediadores 
judiciais. Meritum – Revista de Direito da Universidade FUMEC, v. 7, n. 
2, julho a dezembro de 2012, Belo Horizonte: FUMEC, 2012, p. 103/140. 
CAMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: 
Atlas, 2015. 
DIDIER JUNIOR, Fred. Curso de Direito Processual Civil, 17 ed. v.1. 
Salvador: Jus Podium, 2015. 
DIDIER JUNIOR, Fred, BRAGA, Paula Sarmo, OLIVEIRA, Rafael Alexandria. 
Curso de Direito Processual Civil, 11 ed. v.2. Salvador: Jus Podium, 2016. 
DIDIER JUNIOR, Fred, CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito 
Processual Civil, 13 ed. v.3. Salvador: Jus Podium, 2016. 
DONIZETTI, Elpidio. Curso didático de direito processual civil. 19 ed. São 
Paulo: Atlas, 2016. 
FLEXA, Alexandre, MACEDO, Daniel, BASTOS, Fabrício. Novo Código de 
Processo Civil – temas inéditos, mudanças e supressões. 2 ed. Salvador: 
Jus Podium, 2016. 
GRECO, Leonardo. Instituições de direito processual civil. Rio de Janeiro: 
Forense, 2009. v. 1. cap. 01-03. 
OST, François. Júpter, Hércules, Hermes: tres modelos de juez. DOXA, n. 14, 
1993. p. 169-194. Disponível em: 
http://www.cervantesvirtual.com/buscador/?q=tres+modelos+de+juez#posicio
n. Acesso em: 14 nov. 2009. 
PINHO. Humberto Dalla Bernadina de Pinho. Direito processual civil 
contemporâneo – teoria geral do processo. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 
2016. 
PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Teoria geral do processo civil 
contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. cap. 25. 
____. DURCO, Karol. A mediação e a solução dos conflitos no Estado 
Democrático de Direito. O “Juiz Hermes” e a nova dimensão da função 
jurisdicional. Disponível em: http://www.humbertodalla.pro.br. 
22 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 22 
RESTA, Eligio (trad. Sandra Vial). O direito fraterno. Santa Cruz do Sul: 
EDUNISC, 2004. 
SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Manual de arbitragem: mediação e 
conciliação. 6.Ed. Rio de Janeiro: Gen, 2016. 
SPENGLER, Fabiana Marion. Da jurisdição à mediação: por uma outra 
cultura no tratamento de conflitos. Ijuí: Unijuí, 2010. (Coleção direito, política e 
cidadania; 21). 
TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Gen, 2016. 
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 56 ed. 
Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2015. 
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 50 ed. 
Vol. II. Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
(Prova: FCC - 2009 - TJ-AP - Analista Judiciário) O recurso cabível da sentença 
que julga procedente o pedido de instituição de arbitragem e da sentença que 
confirma a antecipação dos efeitos da tutela é o de: 
a) Agravo de instrumento. 
b) Apelação, só no efeito devolutivo. 
c) Apelação, no efeito devolutivo e suspensivo e apelação só no efeito 
devolutivo, respectivamente. 
d) Apelação, só no efeito devolutivo e apelação, no efeito devolutivo e 
suspensivo, respectivamente. 
e) Apelação, no efeito devolutivo e suspensivo. 
 
Questão 2 
23 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 23 
(Prova: FCC - 2006 - BACEN - Procurador) Existindo convenção de arbitragem, 
o Juiz: 
a) Extinguirá o processo com apreciação do mérito. 
b) Suspenderá o processo até que o árbitro apresente seu laudo. 
c) De ofício, poderá extinguir o processo sem apreciação do mérito. 
d) Se alegada pelo réu, extinguirá o processo sem apreciação do mérito. 
e) Transformará o processo judicial em arbitragem, nomeando árbitro para 
dirimir o litígio. 
 
Questão 3 
(Prova: TJ-SC - 2010 - TJ-SC - Juiz) Assinale a alternativa correta: 
I. O processo civil brasileiro adota a regra da eventualidade ao impor ao 
demandado o dever de alegar na contestação, a um mesmo tempo, todas as 
defesas que tiver contra o pedido do autor, ainda que sejam incompatíveis ou 
contraditórias entre si, pois na eventualidade de o juiz não acolher uma delas, 
passa a examinar a outra. 
II. A convenção de arbitragem não é pressuposto processual por ser matéria de 
direito dispositivo que, para ser examinada, não dispensa a iniciativa do réu. 
Caso o réu não a alegue o processo prossegue e é julgado perante a jurisdição 
estatal. A ausência de alegação do réu torna a justiça estatal competente para 
julgar a lide e, por inexistir qualquer invalidade, o processo não será extinto. 
III. A competência absoluta do juízo é matéria de ordem pública sobre a qual 
não se opera a preclusão pois não está ligada ao princípio dispositivo uma vez 
que não se trata de direito disponível. A incompetência absoluta pode ser 
alegada em qualquer grau de jurisdição, compreendidos os graus de instâncias 
ordinárias, a saber, primeiro grau de jurisdição, apelação, embargos 
infringentes, recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal e para o 
Superior Tribunal de Justiça. 
24 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 24 
IV. Em ação de reparação de danos por ato ilícito permite-se ao autor que 
formulara pedido de reparação de danos patrimoniais acrescer, até a citação do 
réu, sem audiência deste, ou depois da citação, com a aquiescência deste, o 
pedido de indenização por dano moral, desde que resultante do mesmo ato 
ilícito. 
a) Somente as proposições I e III estão corretas 
b) Somente a proposição III está correta 
c) Somente as proposições I e IV estão corretas 
d) Somente as proposições II e IV estão corretas 
e) Todas as proposições estão corretas 
 
Questão 4 
(7º Exame para Estagiário – MPF/RJ). Assinale a alternativa correta: 
a) A jurisdição não é una, sendo dividida em vários órgãos jurisdicionais 
com competência repartida geograficamente e em razão da matéria. 
b) Jurisdição voluntária diferencia-se da jurisdição contenciosa porque nesta 
há sempre lide, enquanto naquela não. 
c) A arbitragem não é jurisdição, mas é considerada pela lei como sendo 
um equivalente jurisdicional, um meio alternativo de solução de conflitos. 
d) O direito de ação só existe se também existir o direito material alegado 
pelo autor. 
e) Na jurisdição brasileira, a ação não pode ser considerada um direito 
subjetivo, porque o juiz não tem qualquer dever em prestar a jurisdição. 
 
Questão 5 
(Assinale a alternativa correta. 
25 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 25 
I. O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou 
a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de 
contestação ou de embargos à execução; 
II. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente 
da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar 
enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de 
Justiça; 
III. A convenção de arbitragem é o conjunto formado pela cláusula 
compromissória e pelo compromisso arbitral; 
IV. A incompetência absoluta, em razão da matéria ou funcional 
(hierárquica) é tema passível de arguição como preliminar de contestação; é 
matéria de ordem pública não sujeita a preclusão; é alegável por qualquer das 
partes, a qualquer tempo e grau de jurisdição, sob qualquer forma. 
a) Somente as proposições I e IV estão incorretas. 
b) Somente a proposição IV está incorreta. 
c) Somente as proposições II e III estão incorretas. 
d) Somente a proposição I está incorreta. 
e) Todas as proposições estão incorretas. 
 
Desistência, submissão, transação: Tais figuras são acolhidas pelo nosso 
Código de Processo Civil nos Artigos 485 (extinção do processo, sem resolução 
de mérito por desistência do autor), e 487 (extinção do processo com resolução 
do mérito por reconhecimento, pelo réu, da procedência do pedido, transação 
das partes e renúncia do autor ao direito sobre o qual se funda a ação). 
 
Vias alternativas: Tais vias alternativas são hoje largamente difundidas em 
diversos países, recebendo nomenclatura variada. No Brasil são chamados 
26 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 26 
MASC – Meios Alternativos de Solução de Conflitos. Nos Estados Unidos foram 
batizados de mecanismos de ADR – “Alternative Dispute Resolution”. Na 
Argentina são identificados como meios de R. A. C. – Resolución Alternativa de 
Conflictos. 
 
Aula 1 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - B 
Justificativa: São hipóteses de apelação desprovida de efeito suspensivo, na 
forma do Artigo 1012, p.1º incisos IV e V, do CPC/15. 
 
Questão 2 - D 
Justificativa: Na forma do Artigo 485, § 3º, c/c com 337, § 5º, ambos do 
CPC/15, a chamada "objeção de convenção de arbitragem" deve ser alegada 
pelo réu (não pode ser conhecida ex officio pelo magistrado), e neste caso leva 
à extinção do processo sem exame do mérito. 
 
Questão 3 - E 
Justificativa: Todas as alternativas estão corretas e elencam regras adotadas no 
CPC vigente. Especificamente quanto à assertiva II, que nos interessa mais de 
perto neste momento, embora alguns autores classifiquem a convenção de 
arbitragem como pressuposto objetivo extrínseco do processo, e outros como 
condição genérica negativa para o regular exercício do direito de ação, fato é 
que se não for alegada a tempo pelo demandado, não pode ser examinada ex 
officio pelo magistrado. Nesse passo, a não alegação da matéria não gera 
qualquer nulidade no processo. 
 
Questão 4 - C 
27 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 27 
Justificativa: A arbitragem é um meio paraestatal de solução de conflitos. Não é 
jurisdição, na concepção stricto sensu do termo, embora a sentença arbitral 
seja considerada como título executivo judicial pelo 515, VII CPC/15.Questão 5 - E 
Justificativa: A assertiva I está correta na forma do art. 239, p. 1º, CPC/15; A II 
está correta, em consonância com o art. 332, I, CPC/15; A III está correta, por 
estar de acordo com a Lei de arbitragem (9.307/96); E A IV está correta, na 
forma dos artigos 63 e seguintes do CPC/15. 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
Nesta aula vamos estudar as novas Leis de mediação e arbitragem, Leis n° 
13.140 e Lei n° 13.129 de 2015, bem como os dispositivos do novo CPC que 
regem a matéria. 
 
Nosso objetivo principal vai ser examinar a atual situação das inovações 
legislativas, bem como apresentar um quadro comparativo a fim de manter a 
sistemática entre todos esses diplomas. 
 
Objetivo: 
1. Entender a sistemática da mediação e da arbitragem no CPC de 2015; 
2. Estudar os Projetos de Lei de mediação do Ministério da Justiça e do Senado 
Federal e o Substitutivo apresentado pela Câmara dos Deputados. 
28 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 28 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo 
A mediação no direito brasileiro 
Na aula passada vimos a evolução legislativa da mediação no direito brasileiro, 
desde a década de 90 até a Resolução n° 125 do CNJ. Agora veremos o 
tratamento da matéria no CPC de 2015, nos Projetos apresentados no Senado 
Federal e que redundaram no PL 7.169/2014 e no Substitutivo recentemente 
apresentado, até se chegar à Lei 13.140/15. 
 
Em 2009 foi convocada uma Comissão de Juristas, presidida pelo Ministro Luiz 
Fux, com o objetivo de apresentar um novo Código de Processo Civil. Em tempo 
recorde foi apresentado um Anteprojeto, convertido em Projeto de Lei (nº 
166/10), submetido a discussões e exames por uma Comissão especialmente 
constituída por Senadores, no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça do 
Senado Federal. 
 
Em dezembro de 2010 foi apresentado um Substitutivo pelo Senador Valter 
Pereira, que foi aprovado pelo Pleno do Senado com duas pequenas alterações. 
O texto foi então encaminhado à Câmara dos Deputados, onde foi identificado 
como Projeto de Lei nº 8.046/2010. 
 
No início de 2011 foram iniciadas as primeiras atividades de reflexão sobre o 
texto do novo CPC, ampliando-se, ainda mais, o debate com a sociedade civil e 
o meio jurídico, com a realização conjunta de atividades pela Comissão, pela 
Câmara dos Deputados e pelo Ministério da Justiça. Em agosto, foi criada uma 
comissão especial para exame do texto, sob a presidência do Dep. Fabio Trad. 
29 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 29 
 
Já no ano de 2013, sob a presidência do Dep. Paulo Teixeira, foi apresentado 
um Substitutivo no mês de julho e uma Emenda Aglutinativa Global em 
outubro. De dezembro de 2013 a março de 2014 foram apresentados e votados 
diversos destaques. No dia 26 de março o Pleno da Câmara aprovou a versão 
final, que foi remetida ao Senado para exame. Um novo Substitutivo foi 
apresentado e, finalmente, o texto foi aprovado e remetido à sanção. 
No dia 17 de março de 2015 foi publicada no DOU a Lei n° 13.105/2015 – Novo 
Código de Processo Civil. Na redação podemos identificar a preocupação da 
Comissão com os institutos da conciliação e da mediação, especificamente nos 
Artigos 165 a 175. O Estatuto se preocupa, especificamente, com a atividade de 
mediação feita dentro da estrutura do Poder Judiciário. Isso não exclui, 
contudo, a mediação prévia ou mesmo a possibilidade de utilização de outros 
meios de solução de conflitos (Artigo 175). 
 
 
Atenção 
 Resguardados os princípios informadores da conciliação e da 
mediação, a saber: 
(i) independência; 
(ii) neutralidade; 
(iii) autonomia da vontade; 
(iv) confidencialidade; 
(v) oralidade; e 
(vi) informalidade. 
 
A escolha do mediador 
É importante frisar, aqui, a relevância de a atividade ser conduzida por 
mediador profissional. Em outras palavras, a função de mediar não deve, como 
regra, ser acumulada por outros profissionais, como juízes, promotores e 
defensores públicos. 
 
30 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 30 
Neste ponto específico, como um juiz poderia não levar em consideração algo 
que ouviu numa das sessões de mediação? Como poderia não ser influenciado, 
ainda que inconscientemente, pelo que foi dito, mesmo que determinasse que 
aquelas expressões não constassem, formal e oficialmente, dos autos? 
 
No Artigo 165, §§ 2° e 34°, a Comissão de Juristas, após anotar que a 
conciliação e a mediação devem ser estimuladas por todos os personagens do 
processo, refere-se a uma distinção objetiva entre essas duas figuras. A 
diferenciação se faz pela postura do terceiro e pelo tipo de conflito. 
 
Assim, o conciliador pode sugerir soluções para o litígio, ao passo que o 
mediador auxilia as pessoas em conflito a identificarem, por si mesmas, 
alternativas de benefício mútuo. A conciliação é a ferramenta mais adequada 
para os conflitos puramente patrimoniais ao passo que a mediação é indicada 
nas hipóteses em que se deseje preservar ou restaurar vínculos. 
 
Importante ressaltar que a versão original do PLS nº 166/10 exigia que o 
mediador fosse inscrito nos quadros da OAB. Prestigiou-se o entendimento de 
que qualquer profissional pode exercer as funções de mediador. 
 
Esse registro conterá, ainda, informações sobre a performance do profissional, 
indicando, por exemplo, o número de causas de que participou, o sucesso ou o 
insucesso da atividade e a matéria sobre a qual versou o conflito. Esses dados 
serão publicados periodicamente e sistematizados para fins de estatística 
(Artigo 167 do Projeto). 
 
Aqui vale uma observação... 
 
É digno de elogio esse dispositivo por criar uma forma de controle externo do 
trabalho do mediador, bem como dar mais transparência a seu ofício. 
 
31 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 31 
Por outro lado, é preciso que não permitamos certos exageros. Não se pode 
chegar ao extremo de ranquear os mediadores, baseando-se apenas em 
premissas numéricas. 
 
Um mediador que faz 5 acordos numa semana pode não ser tão eficiente 
assim. Aquele que faz apenas uma pode alcançar níveis mais profundos de 
comprometimento e de conscientização entre as partes envolvidas. 
 
Da mesma forma, um mediador que tem um ranking de participação em 10 
mediações, tendo alcançado o acordo em todas, pode não ser tão eficiente 
assim. É possível que tenha enfrentado casos em que as partes já tivessem 
uma predisposição ao acordo ou mesmo que o "nó a ser desatado não estivesse 
tão apertado". 
 
Preocupa-me muito a ideia do apego às estatísticas e a busca frenética de 
resultados rápidos. Esses conceitos são absolutamente incompatíveis com a 
mediação. 
 
A Comissão, utilizando alguns dispositivos que já se encontravam no Projeto de 
Lei de Mediação, também se preocupou com os aspectos éticos de mediadores 
e conciliadores. Nesse sentido, fez previsão das hipóteses de exclusão dos 
nomes do cadastro do Tribunal, cabendo instauração de procedimento 
administrativo para investigar a conduta (Artigo 173). 
 
Quanto à remuneração, o Artigo 169 do CPC/2015 dispõe que será editada uma 
tabela de honorários pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 
 
O Projeto não veda a mediação prévia ou a extrajudicial, apenas opta por não 
regulá-la, deixando claro que os interessados podem fazer uso dessa 
modalidade recorrendo aos profissionais liberais disponíveis no mercado. 
 
32 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 32 
Regulamentação da mediação judicial e extrajudicial 
Com o (então) advento do Projeto do Código de Processo Civil, no ano de 2011 
o Senador Ricardo Ferraçoapresentou ao Senado o Projeto de Lei nº 517/11, 
propondo a regulamentação da mediação judicial e extrajudicial, de modo a 
criar um sistema afinado tanto com o (que seria o) futuro CPC como com a 
Resolução n° 125 do CNJ. 
 
Em 2013 foram apensados ao PLS 517 mais duas iniciativas legislativas: o PLS 
nº 405/2013, fruto do trabalho realizado por Comissão instituída pelo Senado, e 
presidida pelo Min. Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça, e o 
PLS nº 434/13, fruto de Comissão instituída pelo CNJ e pelo Ministério da 
Justiça, presidida pelos Mins. Nancy Andrighi e Marco Buzzi, ambos do STJ, e 
pelo Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, Flavio Croce 
Caetano. 
 
Já com a Resolução nº 125 do CNJ em vigor, diante das perspectivas de 
regramento da mediação judicial pelo Novo CPC, e ante a necessidade de tratar 
de questões concernentes à integração entre a adjudicação e as formas 
autocompositivas, em agosto de 2011, tivemos a oportunidade de apresentar 
sugestões ao Senador Ricardo Ferraço, então envolvido com os trabalhos da 
terceira edição do Pacto Republicano. 
 
Formamos grupo de trabalho ao lado das professoras Tricia Navarro e Gabriela 
Asmar e nos dedicamos à tarefa de redigir um novo Anteprojeto de Lei de 
Mediação Civil. Após exame da Consultoria do Senado, foi apresentado o 
Projeto de Lei do Senado que tomou o número 517,1 e que já segue o 
procedimento legislativo no Senado Federal. 
 
O Projeto trabalha com conceitos mais atuais e adaptados à realidade 
brasileira. Assim, por exemplo, no Artigo 2° dispõe que “mediação é um 
processo decisório conduzido por terceiro imparcial, com o objetivo de auxiliar 
as partes a identificar ou desenvolver soluções consensuais”. 
33 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 33 
 
Quanto às modalidades, o Artigo 5° admite a mediação prévia e a judicial, 
sendo que em ambos os casos pode, cronologicamente, ser prévia, incidental 
ou ainda posterior à relação processual. 
 
É comum encontrarmos referências à mediação prévia e incidental, mas 
raramente vemos a normatização da mediação posterior, embora esteja se 
tornando cada vez mais comum (obviamente, há necessidade de se avaliar os 
eventuais impactos sobre a coisa julgada, o que não será analisado neste 
trabalho). 
 
Outra inovação pode ser vista no critério utilizado para conceituar a mediação 
judicial e a extrajudicial. Optou-se por desvincular a classificação do local da 
realização do ato, adotando-se como parâmetro a iniciativa da escolha. 
 
Assim, pelo Artigo 6°, “a mediação será judicial quando os mediadores forem 
designados pelo Poder Judiciário e extrajudicial quando as partes escolherem 
mediador ou instituição de mediação privada”. 
 
Não foram estabelecidas restrições objetivas ao cabimento da mediação. Basta 
que as partes desejem, de comum acordo, e que o pleito seja considerado 
razoável pelo magistrado (Artigo 7°). 
 
A mediação não pode ser imposta jamais, bem como a recusa em participar do 
procedimento não deve acarretar qualquer sanção a nenhuma das partes (§ 
2°), cabendo ao magistrado, caso o procedimento seja aceito por todos, decidir 
sobre eventual suspensão do processo (§ 4°) por prazo não superior a 90 dias 
(§ 5°), salvo convenção das partes e expressa autorização judicial. 
 
Ainda segundo o texto do Projeto, o magistrado deve “recomendar a 
mediação judicial, preferencialmente, em conflitos nos quais haja necessidade 
de preservação ou recomposição de vínculo interpessoal ou social, ou quando 
34 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 34 
as decisões das partes operem consequências relevantes sobre terceiros” (Artigo 
8°). 
 
Por outro lado, caso se verifique a inadequação da mediação para a resolução 
daquele conflito, pode o ato ser convolado em audiência de conciliação, se 
todos estiverem de acordo (Artigo 13). 
 
 
Enfim, sem ingressar nas questões específicas do Projeto, importante ressaltar 
a intenção de uniformizar e compatibilizar os dispositivos do Novo CPC e da 
Resolução n°125 do CNJ, regulando os pontos que ainda estavam sem 
tratamento legal. 
 
Atualização da Lei de Arbitragem e apresentação do anteprojeto 
da Lei de Mediação 
Também no início de 2013 foi constituída comissão sob a Presidência do Min. 
Luis Felipe Salomão, integrante do Superior Tribunal de Justiça, com o objetivo 
de atualizar a Lei de arbitragem e apresentar anteprojeto de Lei de mediação. 
Este Projeto tomou o número 405/2013 e trata apenas da mediação 
extrajudicial física e eletrônica (mediação online). 
 
No texto, a mediação é definida no Artigo 1°, parágrafo único, como “a 
atividade técnica exercida por terceiro imparcial e sem poder decisório que, 
escolhido ou aceito pelas partes interessadas, as escuta, e estimula, sem impor 
soluções, com o propósito de lhes permitir a prevenção ou solução de disputas 
de modo consensual”. 
 
O Artigo 2º estabelece que pode ser objeto de mediação toda matéria que 
admita composição. Contudo, os acordos que envolvam direitos indisponíveis 
deverão ser objeto de homologação judicial, e havendo interesse de incapazes, 
a oitiva do Ministério Público será necessária antes da homologação judicial. 
 
35 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 35 
O Artigo 15 determina que considera-se instituída a mediação na data em que 
for firmado o termo inicial de mediação e o Artigo 5° dispõe que “as partes 
interessadas em submeter a solução de seus conflitos à mediação devem firmar 
um termo de mediação, por escrito, após o surgimento do conflito, mesmo que 
a mediação tenha sido prevista em cláusula contratual”. 
 
O termo final da mediação, firmado pelas partes, seus advogados e pelo 
mediador, constitui título executivo extrajudicial, independentemente da 
assinatura de testemunhas (Artigos 22 e 23), e as partes poderão requerer a 
homologação judicial do termo final de mediação, a fim de constituir título 
executivo judicial. 
 
Finalmente, o Artigo 21 autoriza a realização de mediação via Internet ou por 
outra forma de comunicação não presencial. 
 
Mediação judicial, extrajudicial, pública e online 
Em maio de 2013, o Ministério da Justiça, por intermédio da Secretaria de 
Reforma do Judiciário, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça, 
convocou uma comissão de especialistas para apresentar um anteprojeto de lei 
sobre mediação judicial, extrajudicial, pública e online. 
 
Em seu Artigo 3º o texto determina que pode ser objeto de mediação toda 
matéria que verse sobre direitos disponíveis ou de direitos indisponíveis que 
admitam transação. Caso os acordos versem sobre direitos indisponíveis, 
somente terão validade após a oitiva do MP e homologação judicial. 
 
Por outro lado, não haverá mediação judicial nos casos de: 
a) filiação, adoção, pátrio poder e nulidade de matrimônio; 
b) interdição; 
c) recuperação judicial e falência; e 
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MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 36 
d) medidas cautelares. Isso porque, por força do Artigo 26, “a petição inicial 
será distribuída simultaneamente ao juízo e ao mediador, interrompendo-se os 
prazos de prescrição e decadência”. 
 
Quanto à mediação extrajudicial, o Artigo 19 determina que as partes 
interessadas em submeter a solução de seus conflitos à mediação devem firmar 
um termo inicial de mediação, por escrito, após o surgimento do conflito, 
mesmo que a mediação tenha sido prevista em cláusula contratual, e, ainda, no 
Artigo 25, que o termo final de mediação tem natureza de título executivo 
extrajudicial e, quando homologado judicialmente, de título executivo judicial.Atenção 
 No que se refere à mediação pública, o Artigo 33 autoriza os 
órgãos da Administração Pública direta e indireta da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como o 
Ministério Público e a Defensoria Pública a submeter os conflitos 
em que são partes à mediação pública. 
Assim, poderá haver mediação pública nos conflitos envolvendo: 
a) entes do Poder Público; b) entes do Poder Público e o 
particular; c) direitos difusos, coletivos ou individuais 
homogêneos. 
Por fim, a mediação online, na forma do Artigo 36, poderá ser 
utilizada como meio de solução de conflitos nos casos de 
comercializações de bens ou prestação de serviços via Internet, 
com o objetivo de solucionar quaisquer conflitos de consumo no 
âmbito nacional. 
 
Análise das inovações legislativas em solução de conflitos 
Em novembro de 2013 foram marcadas audiências públicas com o objetivo de 
discutir os três projetos e amadurecer as questões controvertidas que ainda 
cercam o tema. O Relator da matéria do Senado, Sen. Vital do Rego, apesentou 
um Substitutivo ao PLS nº 517/11 com o objetivo de congregar o que há de 
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MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 37 
melhor nas três iniciativas. Foram, então, apresentadas duas emendas pelo 
Sen. Pedro Taques e três pelo Sen. Gim Agnello. A primeira emenda do Sen. 
Taques foi acolhida integralmente e a segunda, parcialmente. As três 
apresentadas pelo Sen. Agnello foram desacolhidas. 
 
Ultimada a votação, o texto do Substitutivo foi remetido à Câmara, onde foi 
recebido como Projeto de Lei nº 7.169/2014. Em junho de 2014 o Dep. Sergio 
Zveiter, integrante da CCJ da Câmara, apresentou um Substitutivo ao PL nº 
7.169/2014. 
 
O Substitutivo foi aprovado na Câmara e seguiu para o Senado. 
 
Fonte: http://visaonacional.com.br>. Acesso em: 09 mar. 2015. 
 
Mediação pública 
Uma última palavra sobre duas modalidades presentes no Projeto n° 434/2013, 
oriundo da Comissão de Juristas convocada pelo Ministério da Justiça: a 
mediação pública e a mediação online. 
 
A primeira vem prevista nos Artigos 33 a 35 e pode ser utilizada sempre que o 
conflito envolver: 
 
a) entes do Poder Público; 
b) o Poder Público e o particular; 
c) direitos transindividuais. 
 
Há, ainda a previsão de utilização desta modalidade quando Ministério Público 
ou Defensoria Pública forem partes na demanda. Não há maiores detalhes 
sobre essa modalidade, o que, provavelmente, vai levar a regulamentações 
administrativas pela AGU e pelo CNMP. Quanto à Defensoria Pública, 
provavelmente será editado Decreto pelo Poder Executivo. 
 
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MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 38 
Interessante notar que o uso da mediação pelo Poder Público já é uma 
realidade hoje, como se pode aferir pela Câmara de Conciliação e Arbitragem 
da Administração Federal – CCAF, prevista no Artigo 18 do Decreto nº 
7.392/2010. 
 
Ainda nessa linha de raciocínio o PLS nº 405/2013 também prevê tal 
modalidade nos Artigos 24 e 25, com redação muito semelhante à do PLS nº 
434/13. Guardando simetria com esse posicionamento, o PLS nº 406/13, que 
propõe reforma e atualização da Lei de Arbiragem – Lei nº 9.307/96, prevê a 
possibilidade, já admitida em sede doutrinária e jurisprudencial, de uso da 
arbitragem pela Administração Pública no Artigo 1º, § 1º, do texto. 
 
Contudo, a hipótese de mediação em ações coletivas não restou contemplada 
na versão do Substitutivo ao PLS nº 517. 
 
Mediação online 
A segunda modalidade (mediação online) é inspirada na recente Diretiva n° 
11/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia que 
normativa a resolução alternativa de litígios consumeristas, criando uma 
plataforma digital (RLL) para facilitar esta atividade. 
 
Ademais, recentemente houve a regulamentação da resolução de disputa virtual 
entre consumidores e comerciantes, por meio da PE-COS 80/12 e do 
Regulamento 524/13. Trata-se de providência extremamente salutar, sobretudo 
diante do crescimento exponencial dos atos de comércio eletrônico. 
 
Não custa lembrar que no Brasil existiam três Projetos de Lei que visavam 
atualizar o Código de Defesa do Consumidor (PLS nºs 281, 282 e 283 de 2012, 
que tratam, respectivamente, do comércio eletrônico, da ação coletiva e do 
superendividamento). Nesse sentido, o PLS nº 281/12 trazia regras específicas 
para a proteção do consumidor, embora não criasse um sistema eletrônico de 
prevenção e solução de conflitos. 
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MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 39 
 
Seria interessante compatibilizar os Projetos nº 281, 405 e 434 de forma que 
houvesse não apenas uma cláusula geral, mas a previsão de um sistema 
eletrônico de solução alternativa de conflitos, não apenas para a mediação mas, 
sobretudo, para a conciliação, que acreditamos seja mais adequada para a 
maioria dos conflitos consumeristas. 
 
E, pensando num futuro ainda um pouco distante, me agrada bastante a ideia 
da adoção de um sistema eletrônico de mediação e conciliação envolvendo 
direitos transindividuais consumeristas. Certamente haveria um enorme ganho 
de tempo e economia de recursos com a criação de uma plataforma que 
pudesse ser utilizada por empresas e consumidores, com eventual recurso ao 
Poder Judiciário, também em sede eletrônica, caso necessário. 
 
Em 27 de março de 2013 o Senado Federal concluiu a análise dos Projetos de 
modernização do CDC e aprovou apenas as regras sobre superendividamento e 
comércio eletrônico. Foram excluídas as disposições do PLS nº 282, que 
tratavam da ação coletiva e das hipóteses de acordos em tais ações. 
 
Este fato, aliado à rejeição do PL nº 5139/09, que tratava das ações coletivas, e 
ainda, a já mencionada omissão da mediação em tais ações no Substitutivo ao 
PLS nº 517/11, parecem deixar bem clara a posição refratária do Parlamento a 
esta ferramenta. 
 
Lamentamos profundamente tal posição, pois há enorme potencial no uso dos 
meios alternativos de conflito em sede de tutela coletiva, sobretudo de 
utilizados em conjunto com as ferramentas do processo eletrônico. 
 
Nesse sentido, de se registrar, ao menos, a bela iniciativa constante do Artigo 
5º, incisos VI e VII, combinado com Artigo 104-A do Substitutivo ao PLS nº 
283, que estabelece o uso de conciliação e mediação na prevenção e 
tratamento extrajudicial do superendividamento. 
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MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 40 
 
Ao final do processo legislativo, no dia 26 de junho de 2015 foi sancionada a Lei 
n° 13.140 que dispõe sobre a mediação judicial, extrajudicial, presencial, 
eletrônica, individual e coletiva. 
 
 
 
 
 
Atenção 
 Vistas essas considerações sobre a evolução histórica e as 
perspectivas para o marco legal da mediação no Brasil, 
passamos agora a examinar especificamente os dispositivos 
básicos do Substitutivo apresentado ao PL nº 7.169/14 na 
Câmara dos Deputados. 
 
Lei n° 13.140/15. 
 
Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de 
controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da 
Administração Pública; altera a Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997, e o 
Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972; e revoga o § 2º do art. 6º da Lei 
nº 9.469, de 10 de julho de 1997. 
 
O Congresso Nacional decreta: 
 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de 
controvérsias entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no 
âmbito da Administração Pública. Parágrafo único. Considera-se mediação a 
atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, 
escolhido ou aceito pelas partes, as auxiliae estimula a identificar ou 
desenvolver soluções consensuais para a controvérsia. 
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MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 41 
 
CAPÍTULO I 
 
DA MEDIAÇÃO 
 
Seção I Disposições Gerais 
 
Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios: I – imparcialidade 
do mediador; 
II – isonomia entre as partes; III – oralidade; 
IV – informalidade; 
 
V – autonomia da vontade das partes; 
VI – busca do consenso; VII – confidencialidade; VIII – boa-fé. 
§ 1º Na hipótese de existir previsão contratual de clausula de mediação, 
as partes deverão comparecer à primeira reunião de mediação. 
§ 2ª Ninguém será obrigado a permanecer em procedimento de mediação. 
 
Art. 3º Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos 
disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que admitam transação. 
§ 1º A mediação pode versar sobre todo o conflito ou parte dele. 
 
§ 2º O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, 
deve ser homologado em juízo, exigida a oitiva do Ministério Público. 
(...) 
 
Seção III 
 
Do Procedimento de Mediação 
 
Subseção I Disposições Comuns 
 
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MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 42 
Art. 14. No início da primeira reunião de mediação, e sempre que julgar 
necessário, o mediador deverá alertar as partes acerca das regras de 
confidencialidade aplicáveis ao procedimento. 
 
Art. 15. A requerimento das partes ou do mediador, e com anuência daquelas, 
poderão ser admitidos outros mediadores para funcionarem no mesmo 
procedimento, quando isso for recomendável em razão da natureza e da 
complexidade do conflito. 
 
Art. 16. Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes 
poderão submeter-se à mediação, hipótese em que requererão ao juiz ou 
árbitro a suspensão do processo por prazo suficiente para a solução consensual 
do litígio. 
§ 1º É irrecorrível a decisão que suspende o processo nos termos requeridos 
de comum acordo pelas partes. 
 
§ 2º A suspensão do processo não obsta a concessão de medidas de urgência 
pelo juiz ou pelo árbitro. 
 
Art. 17. Considera-se instituída a mediação na data para a qual for marcada a 
primeira reunião de mediação. 
Parágrafo único. Enquanto transcorrer o procedimento de mediação, ficará 
suspenso o prazo prescricional. 
 
Art. 18. Iniciada a mediação, as reuniões posteriores com a presença das partes 
somente poderão ser marcadas com a sua anuência. 
 
Art. 19. No desempenho de sua função, o mediador poderá reunir-se com as 
partes, em conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes as 
informações que entender necessárias para facilitar o entendimento entre 
aquelas. 
 
43 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 43 
Art. 20. O procedimento de mediação será encerrado com a lavratura do seu 
termo final, quando for celebrado acordo ou quando não se justificarem novos 
esforços para a obtenção de consenso, seja por declaração do mediador nesse 
sentido ou por manifestação de qualquer das partes. 
Parágrafo único. O termo final de mediação, na hipótese de celebração 
de acordo, 
constitui título executivo extrajudicial e, quando homologado judicialmente, 
título executivo judicial. 
 
Subseção II 
 
Da Mediação Extrajudicial 
 
Art. 21. O Convite para iniciar o procedimento de mediação extrajudicial poderá 
ser feito por qualquer meio de comunicação e deverá estipular o escopo 
proposto para a negociação, a data e o local da primeira reunião. 
Parágrafo único. O convite formulado por uma parte à outra considerar-se-á 
rejeitado se não for respondido em até 30 (trinta) dias da data de seu 
recebimento. 
 
Art. 22. A previsão contratual de mediação deverá conter, no mínimo: 
 
I - Prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de mediação, 
contado a partir da data de recebimento do convite; 
II - Local da primeira reunião de mediação; 
 
III - Critérios de escolha do mediador ou equipe de mediação; 
 
IV – Penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à primeira 
reunião de mediação. 
§ 1º A previsão contratual pode substituir a especificação dos itens acima 
enumerados pela indicação de regulamento, publicado por instituição idônea 
44 
 
 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 44 
prestadora de serviços de mediação, no qual constem critérios claros para a 
escolha do mediador e realização da primeira reunião de mediação. 
§ 2º Não havendo previsão contratual completa, deverão ser observados os 
seguintes critérios para a realização da primeira reunião de mediação: 
I - Prazo mínimo de 10 (dez) dias úteis e prazo máximo de 3 (três) meses, 
contados a partir do recebimento do convite; 
II - Local adequado a uma reunião que possa envolver informações 
confidenciais; 
 
III - Lista de 5 (cinco) nomes, informações de contato e referências 
profissionais de mediadores capacitados. A parte convidada poderá escolher, 
expressamente, qualquer um dos 5 (cinco) mediadores. Caso a parte convidada 
não se manifeste, considerar-se-á aceito o primeiro nome da lista. 
IV - O não comparecimento da parte convidada à primeira reunião de mediação 
 
acarretará a assunção, por parte desta, de 50% (cinquenta por cento) das 
custas e honorários sucumbenciais caso venha a ser vencedora em 
procedimento arbitral ou judicial posterior, que envolva o escopo da mediação 
para a qual foi convidada. 
§ 3º Nos litígios decorrentes de contratos comerciais ou societários que não 
contenham clausula de mediação, o mediador extrajudicial somente cobrará 
por seus serviços caso as partes decidam assinar o termo inicial de mediação 
e permanecer, voluntariamente, no procedimento de mediação. 
 
Art. 23. Se, em previsão contratual de clausula de mediação, as partes se 
comprometerem a não iniciar procedimento arbitral ou processo judicial durante 
certo prazo ou até o implemento de determinada condição, o árbitro ou o juiz 
suspenderá o curso da arbitragem ou da ação pelo prazo previamente acordado 
ou até o implemento dessa condição. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às medidas de urgência em 
que o acesso ao Poder Judiciário seja necessário para evitar o perecimento de 
direito. 
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MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 45 
 
Subseção III 
 
Da Mediação Judicial 
 
Art. 24. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de 
conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e 
mediação, pré- processuais e processuais, e pelo desenvolvimento de 
programas destinados a auxiliar, orientar e estipular a autocomposição. 
Parágrafo único. A composição e a organização do centro serão definidas pelo 
respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça. 
 
Art. 25. Na mediação judicial, os mediadores não estarão sujeitos à prévia 
aceitação das partes, observado o disposto no artigo 5º desta Lei 
 
Art. 26 As partes deverão ser assistidas por advogados ou defensores públicos, 
ressalvadas as hipóteses previstas na Lei nº 9.099 de 26 de setembro de 1995 
e na Lei n.º 10.259 de 12 de julho de 2001. 
Parágrafo único. Aos que comprovarem insuficiência de recursos será 
assegurada assistência pela Defensoria Pública. 
 
Art. 27. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso 
de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de mediação. 
 
Art. 28. O procedimento de mediação judicial deverá ser concluído em até 60 
(sessenta) dias, contados da primeira sessão, salvo quando as partes, de 
comum acordo, requerem sua prorrogação.

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