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APOSTILA DE CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR VOTUPORANGA – SP SUMÁRIO 1 O QUE É O TERCEIRO SETOR? ................................................................................. 5 1.1 O Marco Regulatório................................................................................................... 7 1.2 A história do terceiro setor no Brasil ........................................................................... 8 2 QUALIFICAÇÕES E TITULAÇÕES DAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR ........ 11 2.1 Organização não-governamental (ONG) .................................................................. 12 2.2 Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) ............................... 13 2.3 Qualificação como Organização Social (OS) ............................................................ 13 2.4 Título de Utilidade Pública Federal (TUPF) .............................................................. 13 2.5 Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS) ......................... 14 2.6 Institutos.......... ......................................................................................................... 14 2.7 Fundações ................................................................................................................ 14 2.8 Entidade beneficente ................................................................................................ 15 2.9 Qual a diferença entre associação e fundação? ....................................................... 15 2.10 Instituições parceiras do Terceiro Setor ................................................................. 16 3 COMO FUNCIONAM ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR? .................................... 18 3.1 Verbas.......... ............................................................................................................ 18 3.2 Regularização e Fiscalização ................................................................................... 18 3.3 Certificações ............................................................................................................. 18 3.4 Como saber se a instituição é de confiança? ........................................................... 19 3.5 História........ ............................................................................................................. 19 3.6 Idoneidade ................................................................................................................ 19 3.7 Trabalho......... .......................................................................................................... 20 3.8 Segurança ao doador ............................................................................................... 20 4 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICÁVEIS AO TERCEIRO SETOR....... .................................................................................................................... 20 5 ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR ............................................................................ 23 5.1 Finalidade das Demonstrações Contábeis ............................................................... 24 5.2 Componentes das demonstrações contábeis ........................................................... 26 5.3 Pressupostos básicos do modelo contábil ................................................................ 29 5.4 Características qualitativas das demonstrações contábeis ...................................... 30 5.4.1 Compreensibilidade ............................................................................................... 30 5.4.2 Relevância.... ......................................................................................................... 31 5.4.3 Confiabilidade ........................................................................................................ 32 5.4.4 Comparabilidade.................................................................................................... 32 5.5 Estrutura e conteúdo das Demonstrações Contábeis............................................... 33 5.5.1 Balanço Patrimonial ............................................................................................... 34 5.5.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) .................................................. 34 5.5.3 Demonstração das Variações Patrimoniais do Exercício (DVPE) ......................... 35 5.5.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) ............................... 35 5.5.5 Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) ............................................................... 35 5.5.6 Demonstração das origens e aplicação de recursos (DOAR) ............................... 36 5.5.7 Notas Explicativas das Demonstrações Contábeis................................................ 36 6 AS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS DO TERCEIRO SETOR ....................................... 36 6.1 IMUNIDADES E INSENÇÕES .................................................................................. 36 6.2 Aspectos legais e tributários ..................................................................................... 39 7 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL EM ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR .................. 41 7.1 Livros Contábeis Obrigatórios .................................................................................. 41 7.1.1 Livro Diário...... ...................................................................................................... 42 7.1.2 Livro Razão...... ..................................................................................................... 42 7.2 Livros Auxiliares ....................................................................................................... 43 7.2.1 Livro de registro das contas a receber ................................................................... 43 7.2.2 Livro de registro de contas a pagar ....................................................................... 43 7.2.3 Livro de registro de estoque .................................................................................. 44 7.2.4 Livro de registro dos bens do imobilizado .............................................................. 45 7.3 Sistemas Contábeis .................................................................................................. 45 7.3.1 Sistema orçamentário ............................................................................................ 46 7.3.2 Sistema financeiro-patrimonial .............................................................................. 51 1 O QUE É O TERCEIRO SETOR? O Terceiro setor é formado por associações e entidades sem fins lucrativos, e é classificado como terceiro setor, em sociologia. O termo é de origem americana, Third Sector, muito utilizado nos Estados Unidos, e o Brasil utiliza a mesma classificação. A sociedade civil é dividida em três setores, primeiro, segundo e terceiro. O primeiro setor é formado pelo Governo, o segundo setor é formado pelas empresas privadas, e o terceiro setor são as associações sem fins lucrativos. O terceiro setor contribui para chegar a locais onde o Estado não conseguiu chegar, fazendo ações solidárias, portanto possui um papel fundamental na sociedade. Fonte de: www.profissaoconcurseiro.com.br Existem várias organizações que fazem parte do terceiro setor, como as ONGs (Organizações Não Governamentais) e OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público). O terceiro setor é composto quase que, em sua totalidade,de mão de obra voluntária, pessoas que trabalham e não recebem remuneração para isso. Segundo Paes (2010), o Terceiro Setor é o conjunto de organismos, organizações, ou instituições sem fins lucrativos, dotados de autonomia e administração próprias que apresentam como função e objetivo principal atuar voluntariamente na sociedade civil, visando o seu aperfeiçoamento. As cinco principais características comuns, dessas organizações, segundo Salamon (1998) são: 1) Oriundas da iniciativa privada; 2) Não possuem fins lucrativos; 3) Institucionalizadas, ou seja, são legalmente constituídas; 4) Auto administradas, e; 5) Possuem algum grau de participação voluntária. O terceiro setor é mantido com iniciativas privadas e até mesmo incentivos do Governo, com repasse de verbas públicas. As entidades do terceiro setor têm como objetivo principal melhorar qualidade de vida dos necessitados, sejam ele crianças, adultos, animais, meio ambiente, e etc. O Terceiro Setor é composto por organizações de natureza “privada” pois são criadas por iniciativa particular, mas que se diferem das organizações do Segundo Setor por não visarem o lucro e são estritamente dedicadas a consecução de objetivos sociais ou públicos, embora não sejam integrantes do governo (administração estatal), (FRANÇA, et al., 2015). As fundações, associações, instituições do terceiro setor estão muitas vezes envolvidas com obras de filantropia. É importante referir que as empresas que têm responsabilidade social também podem contribuir para uma sociedade mais equilibrada e justa1. 1 Texto extraído de: www.significados.com.br 1.1 O Marco Regulatório Durante anos, o Brasil enfrentou dificuldades na regulamentação das relações entre as organizações do terceiro setor (popularmente chamadas de ONG’s) e a administração pública, pois não existiam normas gerais que regulassem de forma padronizada as parcerias que eram firmadas entre a administração pública e essas organizações. Em outras palavras, não existia uma lei que tratasse especialmente sobre essas parcerias. Mesmo com a expansão do número de organizações privadas prestadoras de serviço público e o aumento considerável de serviços por elas prestados, as parcerias eram reguladas de forma desigual, baseando-se somente no artigo 116 da Lei de Licitações que dispõe de forma bem genérica sobre parcerias. A ausência da norma geral regulamentadora comprometeu durante muitos anos o trabalho realizado pelas organizações do terceiro setor, pois não era possível verificar com transparência as verbas que recebiam, a forma como as entidades prestavam contas para a administração pública e a qualidade dos serviços prestados. Para resolver a questão da regulamentação das parcerias, foi instituído um grupo de trabalho com número igual de representantes do governo e das referidas organizações, para a elaboração de um marco regulatório que servisse como regra à celebração de parceiras entre a Administração Pública e as organizações privadas sem fins lucrativos prestadoras de serviço público. Assim, em 01/08/2014, foi aprovada a Lei nº 13.019/2014, conhecida como o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), que estabelece e regula no âmbito jurídico as parcerias entre a Administração Pública e as Organizações da Sociedade Civil (nome formal atribuído às organizações privadas prestadoras de serviço público), para trabalhar em cooperação mútua em busca de interesse público e recíproco. 1.2 A história do terceiro setor no Brasil A primeira entidade sem fins lucrativos identificada na história brasileira foi a Santa Casa de Misericórdia, fundada em 1543, em Santos (SP), com o apoio da Igreja Católica, organização ainda existente nos dias de hoje. Imagem da Santa Casa de Misericórdia de Santos Porém, a formação do “terceiro setor” com o modelo atual, com a participação ativa da sociedade civil em parceria com a Administração Pública, é um resultado do século XX e está intimamente ligada à alteração da forma de se sistematizar as atividades estatais. Ao longo da história, é possível perceber que a intervenção mínima do Estado, como funcionava o Estado liberal, não era eficaz para garantir as demandas sociais. Além disso, a intervenção estatal máxima, característica do Estado social, também não atendia às necessidades da sociedade civil. Dessa forma, com a concepção de que a maneira de organizar as atividades estatais deveria ser alterada é que surge o Estado Democrático de Direito, em que, assim como a sociedade civil, a Administração Pública também está sujeita às regras do direito, mais precisamente das Constituições. Uma das principais características do Estado Democrático de Direito é a grande importância das constituições. Através da Constituição de 1988, conhecida como a “Constituição cidadã”, que garante liberdades concretas, a dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais, o Estado se abriu para a participação ativa da sociedade civil em suas decisões, promovendo uma verdadeira colaboração entre o público e o privado. A atuação conjunta entre o Estado e a sociedade civil possibilita que os serviços públicos sejam desempenhados de forma mais eficiente, além de tornar a atividade administrativa os serviços prestados pelo Estado mais democrática. O terceiro setor, como indicado anteriormente, formado por organizações privadas sem fins lucrativos, prestadoras de serviços públicos, se ajusta perfeitamente ao contexto do Estado Democrático de Direito, já que é uma das formas em que a sociedade se mostra ativa. Existem grandes trabalhos prestados por organizações do terceiro setor, como por exemplo: projetos de implantação de programas ambientais realizados pela SOS Mata Atlântica; o projeto de auxílio a empresas que buscam uma gestão socialmente responsável, realizado pelo Instituto Ethos; e os projetos de difusão de educação e cultura realizados pela Inspetoria São João Bosco. É muito comum também a participação de organizações do terceiro setor na área de saúde, por exemplo, a Associação Saúde Criança que visa reestruturar famílias de crianças com doenças crônicas e vítimas de discriminação social e a Organização Médicos Sem Fronteiras, que leva cuidados de saúde para pessoas afetadas por graves crises humanitárias. A redefinição do papel do Estado está intimamente ligada às múltiplas crises, como a crise fiscal (perda de crédito por parte do Estado), crise da forma de administrar o Estado (excesso de burocracia), a perda da confiança na capacidade do Estado em gerar o bem-estar social, fomentar o progresso econômico, resguardar o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida da sociedade civil. Diante desses problemas, a solução encontrada foi dar mais espaço à iniciativa privada, mantendo a participação do Estado somente nas atividades em que esta não fosse capaz de desenvolver um papel relevante. O Estado permanece como responsável pela execução das tarefas de interesse geral, mas não é o único responsável, existindo também a contribuição dos entes privados e da sociedade civil através de suas próprias ações. O terceiro setor está ligado à participação ativa da sociedade nas atividades de interesse público. O surgimento das entidades do terceiro setor nos países em desenvolvimento está ligado tanto à iniciativa de países centrais, agências internacionais e organizações não- governamentais do hemisfério norte, quanto às crises que ocasionaram a redefinição do papel do Estado. A globalizaçãoeconômica e cultural proporcionou um aprofundamento das relações entre países centrais e países periféricos, o que fica evidente, por exemplo, quando as ONGs do norte global financiam as ONGs do sul global. Basta basear-se no caso do Greenpeace, uma organização não-governamental que atua em vários países. Fonte de: www.economia.culturamix.com A mudança do perfil do mercado vem ocorrendo desde que foi tomada consciência a respeito da responsabilidade social das empresas em que, é necessário que ela assuma dentro da sociedade um papel que vá além da geração de riquezas. A empresa passou a ser considerada não mais como um negócio, mas como uma entidade com papel cidadão, ou seja, ela deve ser uma empresa-cidadã. Dessa forma, a empresa assume uma posição proativa de contribuir e encaminhar soluções para problemas sociais. Tal empresa assume um compromisso ético, dedica tempo e recursos materiais para desenvolver o bem comum. A atuação das empresas- cidadãs se baseia normalmente em atividades de utilidade pública por meio da criação de uma fundação ou instituto, colaborando, assim, com o desenvolvimento do terceiro setor2. O papel importante de assistir às necessidades que o sistema não consegue suprir por completo, encontram nas iniciativas de terceiro setor o meio de serem atendidas. Mas, em razão das várias possibilidades de atuação, há organizações distintas dentro do segmento do Terceiro Setor. 2 QUALIFICAÇÕES E TITULAÇÕES DAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR As associações e fundações podem receber outras classificações quando preenchem todos os requisitos para isso ou mesmo como nome fantasia especificado dentro do estatuto: entidade, organização de base comunitária, ONG, centro de pesquisa, organização sem fins lucrativos, instituto. Já outros nomes são qualificações ou titulações dadas pelo Poder Público como utilidade pública, organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP), organização social, etc. 2 Texto extraído de: www.politize.com.br Fonte de: www.novonegocio.com.br Veja abaixo o significado de algumas qualificações ou titulações, adquiridos facultativamente ou não para que possam obter benefícios como incentivos fiscais, credibilidade, imunidades tributárias, recursos públicos, etc. Cada uma das classificações abaixo é regida por legislação específica que a entidade deve obedecer. 2.1 Organização não-governamental (ONG) Entidades sem fins lucrativos, estas são definidas por atuação que podem variar o segmento (saúde, educação, cidadania, direitos humanos e outros), com diferentes qualificações legais e formais. No Brasil, para conferir a seriedade de uma ONG, um dos recursos é avaliar se ela possui títulos de Utilidade Pública Municipal, Estadual e/ ou Federal. Uma das características é a não-remuneração dos ocupantes de cargos de diretoria, conselhos fiscais, deliberativos e consultivos, por exemplo. 2.2 Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Esta qualificação foi conferida pelo Ministério da Justiça e é atribuída a associações que possuem atuação estadual e federal, o que confere a elas maior facilidade na obtenção de recursos públicos e privados. Isso porque para uma iniciativa possuir o título de OSCIP ela precisa garantir que suas contas estão em dia e em conformidade com a legislação vigente no país. 2.3 Qualificação como Organização Social (OS) São entidades formadas por pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos. Essa qualificação não é um direito ou opção, mas elas são qualificadas de acordo com determinados critérios de conveniência e aprovação do Poder Público, regulamentadas pela lei nº 9637/98. Essas organizações podem ser de saúde, culturais, ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção ao meio ambiente, atividades que são desenvolvidas pelo Poder Público. 2.4 Título de Utilidade Pública Federal (TUPF) É uma declaração regulamentada pela lei nº 91/35 e os decretos 50.517/61 e 3415/00. Ela é outorgada pelo Ministério da Justiça a entidades que tem um importante valor social e de utilidade pública. A entidade deve cumprir todos os requisitos para fazer jus a esse título. Para obtê-lo, é preciso promover atividades de pesquisa científica ou educação, arte e cultura ou atividades filantrópicas. Seguindo essas regras, a entidade poderá receber descontos no Imposto de Renda, auxílios e doações, realizar sorteios autorizados pelo Ministério da Justiça, etc. Além dessa titulação existem os títulos de Utilidade Pública Municipal (UPM) e Utilidade Pública Municipal Estadual (UPE). 2.5 Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS) O CEAS é regido pela art. 203 da Constituição Federal, pela lei 8.212/91, lei 8742/93, decreto 2536/98 e pela resolução CNAS nº 177/00. Esse título é dado pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, às entidades que atestarem atividades de assistência social como proteção à família, infância, adolescência, velhice e maternidade, amparo de crianças e adolescentes carentes, ações de inclusão de pessoas com necessidades especiais, assistência gratuita à área educacional ou de saúde, inserção no mercado de trabalho, atendimento e assessoramento aos beneficiários da Lei Orgânica da Assistência Social e defender os direitos. A entidade que possui esse certificado adquire benefícios como isenção da cota patronal do INSS, mas para isso ela deve cumprir todos os requisitos dispostos na legislação que o regula. 2.6 Institutos Se enquadram nesta categoria iniciativas do Terceiro Setor cujo o foco de atuação seja a pesquisa científica para qualificação tecnológica da população ou mesmo a filantropia. Também pode ter essa atribuição as fundações de direitos privados, desde que não haja titulares, proprietários ou acionistas. 2.7 Fundações Já neste segmento, encaixam-se as instituições com foco no Terceiro Setor que atuam com a finalidade de acumular recursos para financiamento de projetos. É comum a instituição de fundações que atuem na área científica, social ou cultural. 2.8 Entidade beneficente Nesta categoria são abrangidas as associações que exercem trabalho direto de filantropia, como abrigos (seja para crianças ou idosos) entre outras frentes. Em linhas gerais, são atuações que contribuem sem quaisquer custos aos variados setores da sociedade, diferentemente das entidades sem fins lucrativos que abrangem desde faculdades até times de futebol. As entidades beneficentes, por exercerem atividades que geram lucro, na maioria das vezes, atendem a interesses próprios dos que se associam a elas. Fonte de: www.escolaaberta3setor.org.br 2.9 Qual a diferença entre associação e fundação? De acordo com Código Civil, as associações são como uma união de pessoas que se organizam para fins não econômicos, promovida para um determinado objetivo, seja de ordem beneficente, científica, artística, desportiva, política, entre outros. Porém, a lei não proíbe o desempenho de atividades econômicas pela associação, desde que seja para atender o objetivo, ou seja, atender à sociedade, a luta por uma causa, etc. Além disso, não tem a possibilidade de perder a categoria de associação, mesmo no caso de realizar negócios para manter e/ou aumentar o patrimônio, desde que o lucro não seja direcionado aos associados. Já as fundações são instituições formadas pela constituição de um patrimônio, que servirá para fins de caridadeou beneficentes. Ou seja, o patrimônio é uma exigência no momento da constituição. Portanto, uma das maiores diferenças para as associações é que, ao invés do núcleo central ser o indivíduo, é o patrimônio, além de serem administradas por um Conselho de Curados, Diretoria e Conselho Fiscal. • De acordo com a lei, as fundações só podem ter fins morais, culturais, de assistência ou religiosos. • Nas associações, os sócios podem alterar a finalidade institucional com o decorrer do tempo. Porém, nas fundações o fim a que se dedicarão deve ser permanente. • O Ministério Público faz um acompanhamento das atividades desenvolvidas pelas entidades. No caso das fundações, o controle é muito mais intenso, existindo até uma obrigação anual de remessa de relatórios contábeis e operacionais. Já para as associações, esse controle não é tão rígido. 2.10 Instituições parceiras do Terceiro Setor Existem empresas parceiras do terceiro setor preocupadas com a responsabilidade social. As parcerias aumentam cada vez mais. É comum ver empresas associadas a alguma causa, projeto, instituição, etc. Claro que algumas se preocupam apenas com a imagem que irão passar ao público, mas muitas realmente ajudam e são reconhecidas mundialmente. Fonte de: www.rpjr.com.br • Empresas Doadoras: Estão desde multinacionais a microempresas. • Elite Filantrópica: A elite filantrópica é formada por pessoas físicas de alto poder aquisitivo que ajudam o terceiro setor. Ex.: Jorge Paulo Lemann (empresário), terceiro homem mais rico do Brasil, e a família Ermírio de Moraes (empresários). • Pessoas Físicas: Mesmo com a grande ajuda oferecida pela elite filantrópica, também existem muitos doadores pessoas físicas, normalmente da classe média, que fazem questão de ajudar. • Fundos Comunitários: Ao invés de cada empresa doar para uma associação ou fundação diretamente, doam para um Fundo Comunitário, que possui o papel de avaliar e administrar a melhor forma de distribuição. Nos EUA, as “Community Chests” são muito mais comuns do que no Brasil3. 3 Texto extraído de: www.terceiro-setor.info.com.br 3 COMO FUNCIONAM ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR? Agora que já distinguimos as diferentes instituições que compõem o Terceiro Setor, falta saber como é a realidade delas quanto a legalização, verbas e fiscalização. 3.1 Verbas A sustentabilidade das ações e projetos tem como principal fonte financeira as doações de pessoas físicas ou financiamento por empresas privadas ou governamental (como, por exemplo, a opção explicada no artigo 9º da Lei nº 9.790). 3.2 Regularização e Fiscalização O órgão público responsável pelo monitoramento dos diversos tipos de instituições de terceiro setor é o Ministério Público. Ele tem a missão de avaliar as documentações obrigatórias que, periodicamente, são entregues pelas instituições de terceiro setor para apresentar: • Origens e aplicações de recursos; • Superávit e déficit da instituição; • Balanço e patrimonial; • Mutações do patrimônio líquido social. 3.3 Certificações O Ministério da Justiça e Segurança Pública, bem como o Conselho Nacional de Assistência Social são responsáveis em conceder algumas certificações às instituições de terceiro setor que cumpram todos os requisitos e, por consequência, recebam o título e tenham acesso a direitos a partir dele. • Título de Utilidade Pública Federal, Estadual e/ou Municipal; • CEBAS – Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social. Fonte de: www.portalaudisa.com.br 3.4 Como saber se a instituição é de confiança? Há vários fatores que, ao serem avaliados, ajudam a discernir sobre a confiabilidade de uma instituição. Ao voltar a atenção sobre eles, cidadãos com a intenção de doação podem se sentir mais seguros para contribuir. 3.5 História O primeiro ponto é a trajetória da instituição. Trabalhos sérios se mantêm ao longo de décadas e são específicos quanto às necessidades sociais pelas quais atuam, ou seja, o posicionamento quanto a missão que cumprem na sociedade, os valores sob os quais trabalham e a visão que buscam alcançar. 3.6 Idoneidade Ser transparente quanto as contas e os resultados das ações praticadas é determinante para estabelecer um relacionamento de confiança. Sinal disso é a divulgação das exigências legais e certificações listadas, de relatórios financeiros, de canais efetivos para contato, de quais ações recebem aplicação das contribuições e meios de acompanhamento da utilização dos recursos devem ser verificados. 3.7 Trabalho Outro indicador fundamental é avaliar os projetos e campanhas em andamento e em projeção. Onde e como eles acontecem, bem como o impacto que causa em número de beneficiados e se equipe de atuação possui os profissionais adequados. Atenção também para as parcerias firmadas, além das figuras públicas que apoiam a instituição. 3.8 Segurança ao doador Uma das principais fontes de sobrevivência para as instituições do Terceiro Setor são as doações, por isso o processo para que sejam concretizadas precisa cumprir alguns requisitos para merecer a confiança ao doador, principalmente em canais online. A página precisa ter: • Poucas e simples etapas para efetivar a doação; • Clareza sobre a destinação do recurso; • Dados da instituição (CNPJ e demais registros oficiais); • Divulgação de canais para contribuir e tirar dúvidas; • Segurança dos dados do doador (serviços de pagamento confiáveis)4. 4 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICÁVEIS AO TERCEIRO SETOR Devido as características e importância das entidades do Terceiro Setor, é necessário que sejam transparentes e confiáveis perante a sociedade e governo, para que possam alcançar novos investimentos e consequentemente atingir um número maior de pessoas. Assim, a Contabilidade, uma ciência social, tem os meios necessários para 4 Texto extraído de: www.childfundbrasil.org.br a demonstração das atividades dessas organizações sem fins lucrativos, dando credibilidade e confiabilidade as instituições do Terceiro Setor. O Conselho Federal de Contabilidade, através das Normas Brasileiras de Contabilidade, definiu a norma NBC T 10.19.1.3, que diz que uma entidade sem fins lucrativos é aquela em que o resultado positivo não é destinado aos detentores do patrimônio líquido e o lucro ou prejuízo são denominados, respectivamente, de superávit ou déficit. As entidades sem fins lucrativos têm como objetivo principal garantir os direitos sociais básicos e combater a exclusão social, buscando uma sociedade mais justa e equilibrada. De acordo com NBC T 10.19.1.4, elas exercem atividades assistenciais, de saúde, educacionais, religiosas, culturais, esportivas, beneficentes, sociais, de conselhos de classe, entre outras, administrando pessoas, coisas e interesses em torno de um patrimônio com finalidade comum ou comunitária. São fundações, ONG’s, instituições de assistência social, sociedades beneficentes, igrejas, clubes, partidos políticos, conselhos de classe etc., que se formam para alcançar interesses comuns. O Terceiro Setor é mantido com iniciativas privadas, doações e até mesmo repasses de verbas públicas. A instituição também pode produzir e comercializar produtos e serviços, porém a receita e o superávit alcançado deverá ser totalmente revertido para a manutenção e melhoria da própria instituição. E é neste aspecto que a contabilidade surge com um papel relevante na demonstração do trabalho realizado pelas entidades do Terceiro Setor, pois é ela que iráregistrar os fatos e a destinação dos recursos arrecadados. Infelizmente muitas organizações do Terceiro Setor se envolvem em esquemas fraudulentos, fugindo do objetivo principal de sua existência e finalidade, passando uma imagem negativa para grande parte da sociedade. Além disso, essas organizações possuem uma série de benefícios pela forma de sua constituição e objetivos, e precisam demonstrar claramente suas atividades para continuarem usufruindo desses benefícios. Por exemplo, as instituições sem fins lucrativos estão sujeitas a apenas 1% de recolhimento do PIS sobre a folha de salários, são isentas de recolhimento da COFINS e a Lei 9.532/1997 garantiu a imunidade de IRPJ para as entidades sociais e educativas. Assim, a contabilidade aparece, através da mensuração das atividades operacionais, sendo uma ponte de ligação para dar credibilidade a essas instituições. As demonstrações contábeis das entidades do Terceiro Setor devem seguir os princípios da Lei 6.404/1976, com apenas algumas alterações na nomenclatura de algumas contas patrimoniais e de resultado, por exemplo de “Patrimônio Líquido” para “Patrimônio Social”, e de “lucro ou prejuízo do exercício” para “superávit ou déficit do exercício”. Fonte de: www.rosapenido.com.br As sociedades do Terceiro Setor deverão elaborar suas demonstrações financeiras, de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade, portanto, são obrigadas a elaborarem o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Superávit ou Déficit do Exercício, a Demonstração das Mutações Do Patrimônio Social, a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos e as Notas Explicativas. Através destes demonstrativos contábeis é possível identificar a origem dos recursos e sua correta aplicação, dando uma maior confiabilidade as organizações do Terceiro Setor. Diante destes fatos, vemos que a contabilidade tem um papel relevante no Terceiro Setor, pois ela irá nos demonstrar com clareza e precisão os fatos e atividades operacionais das entidades que compõem este importante setor. Os voluntários, doadores, parceiros e o governo esperam que os recursos alocados sejam efetivamente destinados à sua finalidade principal, e por isso a transparência é vital nessas organizações5. Para que se possa discutir o papel da contabilidade neste processo de avaliação de resultados e prestação de contas ao Estado e a comunidade em geral, é necessário o entendimento de dois conceitos extremamente importantes: o conceito de custo de oportunidade e de resultado econômico. 5 ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR A NBC TSP 1 estabelece requisitos gerais para a apresentação de demonstrações contábeis elaboradas sob o regime de competência, ou seja, diretrizes para a sua estrutura e os requisitos mínimos para seu conteúdo. Sendo que essa norma deve ser aplicada a todas as demonstrações contábeis, elaboradas e apresentadas pelas entidades do setor público: governamental e terceiro setor. Assim, espera-se que as demonstrações contábeis atendam às necessidades de usuários que não estão em posição de exigir relatórios feitos especialmente para atendê-los em suas necessidades de informação, tais como: cidadãos, poderes constituídos, credores, fornecedores, meios de comunicação, dentre outros. Os requisitos específicos e gerais discutidos sobre a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis referem-se às entidades econômicas do Terceiro Setor, que incluem: entidade administrativa, entidade financeira, entidade consolidada e grupo, além disso, uma entidade econômica pode abranger entidades com finalidades direcionadas às políticas sociais e/ou objetivos comerciais. Por exemplo, uma entidade de assistência social, um condomínio, ONGs, associação desportiva, OSCIP, fundações etc. 5 Texto extraído de: www.contabeis.com.br 5.1 Finalidade das Demonstrações Contábeis A elaboração e apresentação das demonstrações contábeis têm como propósito a representação da estrutura e posição patrimonial, financeira e do desempenho financeiro de uma entidade. Fonte de: www.dextercontabilidade.com.br A NBC TSP 1 enumera que as informações apresentadas devem proporcionar informações (posição patrimonial e financeira, do desempenho financeiro e dos fluxos de caixa) que sejam úteis a um grande número de classes de usuários e permitam: • Avaliar e tomar decisões econômicas sobre alocação de recursos; e • Demonstrar a existência da accountability6 da entidade, quanto aos recursos que lhe foram confiados, fornecendo informações: 6 Accountability: um termo da língua inglesa que pode ser traduzido para o português como responsabilidade com ética e remete à obrigação, à transparência, de membros de um órgão administrativo ou representativo de prestar contas a instâncias controladoras ou a seus representados. a) Sobre fontes, destinação e uso de recursos financeiros; b) Sobre como a entidade financiou suas atividades e reuniu os recursos financeiros necessários; c) Que são úteis na avaliação da habilidade da entidade de financiar suas atividades e cumprir com suas obrigações e compromissos; d) Sobre a condição financeira da entidade e mudanças adotadas que contribuíram para a consolidação dessa condição; e e) Úteis e agregados para a avaliação do desempenho da entidade em termos de custos de seus serviços, eficiência e realizações. As informações contidas nas demonstrações elaboradas devem ser capazes de permitir, aos seus usuários, realizar previsões e prospecções, tais como: • Prever o nível de recursos necessários para a continuidade de suas operações; • Identificar os riscos e incertezas associados às operações; • Analisar se os recursos foram obtidos e utilizados de acordo com o orçamento legalmente adotado; e • Averiguar se os recursos foram obtidos e utilizados de acordo com exigências legais e contratuais, incluindo os limites financeiros estabelecidos por autoridades legislativas apropriadas. As informações contidas nas demonstrações7 compreendem, em linhas gerais, dados acerca de: ativos; passivos; patrimônio líquido; receitas; despesas; outras alterações no patrimônio líquido (social); e fluxos de caixa. Nas entidades do terceiro setor a responsabilidade pela elaboração e apresentação das demonstrações contábeis é de um profissional contábil habilitado e registrado no Conselho Regional de Contabilidade. 7 NBC TSP 1- Item 18: “[...] Informação suplementar, incluindo demonstrações não contábeis, pode ser apresentada junto com as demonstrações contábeis no intuito de proporcionar uma visão mais abrangente das atividades da entidade durante o período.” 5.2 Componentes das demonstrações contábeis As demonstrações contábeis, propostas compreendem um conjunto completo de demonstrações: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido; Demonstração dos Fluxos de Caixa; Balanço orçamentário8; e notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis significativas e outras informações explanatórias. Fonte de: www.alghad.com As entidades do terceiro setor podem receber incentivos fiscais, recursos públicos governamentais e firmar termos de parcerias, para a aplicação de recursos destinados ao fomento de suas atividades ou em atividades específicas. Desse modo, as entidades estão sujeitas à apresentação de prestações de contas sobre o uso dos recursos,sendo 8 As entidades deveriam divulgar publicamente seu orçamento aprovado, uma comparação entre o orçamento e os montantes realizados, quer seja como uma demonstração contábil adicional ou como uma coluna para o orçamento nas demonstrações contábeis, tendo em vista que as entidades de interesse social recebem ou gozam de benefícios fiscais. que as demonstrações contábeis interligadas às demonstrações orçamentárias podem representar um avanço no aperfeiçoamento da accountability, aderente aos preceitos da NBC TSP 24, que determina que as entidades públicas devem divulgar publicamente seus orçamentos aprovados. A NBC TSP 1 destaca que a prestação de conta orçamentária pode ser apresentada de diferentes maneiras: (i) por meio de colunas separadas (valores orçados e realizados); (ii) as variações orçamentárias podem ser apresentadas também em colunas (valores orçados ou dotações que forem excedidas); e (iii) as despesas que forem incorridas sem dotação ou outra forma de autorização devem ser evidenciadas por meio de nota de rodapé. As entidades são incentivadas a apresentarem informações adicionais para auxiliar os usuários na avaliação do desempenho da entidade e sobre a administração de alocação de recursos, tais como: (a) indicadores de desempenho, (b) demonstrativos de desempenho dos serviços prestados, (c) revisões de programas e (d) outros relatórios da gestão sobre as realizações da entidade durante o período evidenciado. Além disso, elas são incentivadas também a evidenciar informação sobre a conformidade com a legislação. As demonstrações contábeis devem representar apropriadamente a posição financeira e patrimonial, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa da entidade, em conformidade com as NBCs TSP, elas devem declarar de forma explícita e sem reservas essa conformidade nas notas explicativas. Além disso, a representação apropriada também exige que a entidade selecione e aplique políticas contábeis de acordo com a NBC TSP 3: “Políticas Contábeis, Mudanças de estimativas e Retificações de Erros”. As políticas contábeis adotadas devem proporcionar informação relevante, confiável, comparável e compreensível. As entidades do terceiro setor devem realizar evidenciações de informações adicionais, quando as julgarem insuficientes para permitir que os usuários compreendam o impacto de determinadas transações e outros eventos. Em relação à qualidade e à relevância das demonstrações contábeis, devem compreender alguns pressupostos e requisitos, por exemplo: • Continuidade: as demonstrações contábeis devem ser elaboradas com base no pressuposto da continuidade das operações, a menos que a administração tenha intenção de liquidar (vender) a entidade ou cessar suas atividades. Assim, os responsáveis, se tiverem ciência de incertezas materiais relevantes relacionadas com eventos ou condições que possam lançar dúvidas significativas acerca da capacidade de a entidade continuar em operação no futuro previsível, devem evidencias essas incertezas em notas explicativas. Além disso, devem levar em consideração toda a informação disponível sobre o futuro, não se limitando a um período futuro de 12 meses, a partir da data de aprovação das demonstrações contábeis (NBC TSP 1). • Consistência de apresentação: a apresentação e a classificação de itens nas demonstrações contábeis devem ser mantidas de um período para o próximo; ao efetuar tais alterações na apresentação, a entidade deve reclassificar a informação comparativa. • Materialidade e agregação: para cada classe de natureza material relevante de itens semelhantes, a entidade deve apresenta-los separadamente nas demonstrações contábeis. Os itens de naturezas ou funções diferentes devem ser apresentados separadamente, salvo se eles forem itens imateriais. Se um item não for individualmente material, deve ser agregado a outros itens, seja nas demonstrações contábeis, seja nas notas explicativas. • Compensação de valores: os ativos e passivos, receitas e despesas devem ser apresentados pelos valores totais, portanto, não devem ser compensados, exceto quando exigido ou permitido por uma NBC TSP. • Informação comparativa: as demonstrações contábeis devem apresentar a informação comparativamente com o período anterior para todos os valores apresentados nas demonstrações contábeis do período corrente. Mas, quando houver modificações na forma de apresentação, os montantes apresentados para fins comparativos devem ser reclassificados; a menos que a reclassificação seja impraticável, a entidade deve evidenciar: a natureza da reclassificação; o montante de cada item ou classe de itens que foi reclassificado; e a razão para a reclassificação. 5.3 Pressupostos básicos do modelo contábil Na preparação das demonstrações contábeis, a Estrutura Conceitual básica da Contabilidade recomenda que os gestores observem os seguintes pressupostos básicos: (i) regime de competência, e (ii) continuidade. De acordo com o Pronunciamento Conceitual Básico (CPC 00 – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil – Financeiro), no regime de competência as demonstrações contábeis são preparadas considerando os efeitos das transações e outros eventos: no momento em que elas ocorrem e não quando (caixa ou outros recursos financeiros) são recebidos ou pagos. Na preparação das demonstrações contábeis, outro pressuposto requerido é o da continuidade, em que as demonstrações contábeis são normalmente preparadas no pressuposto de que a entidade continuará em operação no futuro previsível. Pois presume-se que a entidade não tem intenção nem a necessidade de entrar em liquidação, nem reduzir materialmente a escala das suas operações; se tal intenção ou necessidade existir, as demonstrações contábeis terão que ser preparadas numa base diferente e, nesse caso, tal base deverá ser divulgada. 5.4 Características qualitativas das demonstrações contábeis Além dos pressupostos básicos requeridos, os gestores devem observar também se a informação contida nas demonstrações contábeis apresenta certas características (atributos) que as tornam úteis para os usuários. As quatro principais características qualitativas são: compreensibilidade, relevância, confiabilidade e comparabilidade. 5.4.1 Compreensibilidade A compreensibilidade refere-se a uma qualidade essencial das informações apresentadas nas demonstrações contábeis: que elas sejam prontamente entendidas pelos usuários. Ou seja, presume-se que os usuários tenham conhecimento razoável dos negócios, das atividades econômicas, de contabilidade e a disposição de estudar as informações com razoável diligência. Entretanto, as informações sobre assuntos complexos devem ser incluídas nas demonstrações contábeis inclusive em notas explicativas, pois elas não devem ser excluídas em nenhuma hipótese, mesmo sob o pretexto de que seria difícil para certos usuários as entenderem. 5.4.2 Relevância A relevância das informações contábeis compreende o grau de influência da informação contábil sobre as necessidades dos usuários na tomada de decisões. Assim deve compreender as seguintes funções: • Função de previsão e confirmação das informações que são inter- relacionadas: por exemplo, informações sobre o nível atual e a estrutura dos ativos têm valor para os usuários na tentativa de prever a capacidade que a entidade tenha de aproveitar oportunidades e a sua capacidade de reagir a situações adversas. • Função e papel de confirmar as previsões passadas: em geral, as informações relevantes sobre a posição patrimoniale financeira e o desempenho passado são frequentemente utilizados como base para projetar a posição e o desempenho futuros. Ademais, o valor da demonstração do resultado como elemento de previsão é ampliado quando itens informacionais incomuns, anormais e esporádicos de receita ou despesa são divulgados separadamente. a) Materialidade A informação é material se a sua omissão ou distorção puder influenciar as decisões econômicas dos usuários, tomadas com base nas demonstrações contábeis. A materialidade depende do tamanho do item ou do erro, julgado nas circunstâncias específicas de sua omissão ou distorção. Sendo que a materialidade proporciona um patamar ou ponto de corte ao invés de ser uma característica qualitativa primária que a informação deve ter para ser útil. Destacam-se algumas inter-relações da materialidade com as demais características, por exemplo: a relevância das informações é afetada pela sua natureza e materialidade, sendo que a natureza das informações, por si só, é suficiente para determinar a sua relevância. Por exemplo, reportar um novo segmento em que a entidade tenha passado a operar poderá afetar a avaliação dos riscos e oportunidades com que a entidade se depara, independentemente da materialidade dos resultados atingidos pelo novo segmento no período abrangido pelas demonstrações contábeis. Em outros casos, tanto a natureza quanto a materialidade são importantes; por exemplo: os valores dos estoques existentes em cada uma das suas principais classes, conforme a classificação apropriada a sua atividade. 5.4.3 Confiabilidade Para que a informação seja útil, ela primeiramente deve ser confiável, ou seja, deve estar livre de erros ou vieses relevantes e representar adequadamente aquilo que se propõe a representar. 5.4.4 Comparabilidade Uma informação comparável permite que os usuários identifiquem e compreendam similaridades dos itens e diferenças entre eles. Diferentemente de outras características qualitativas, a comparabilidade não está relacionada com um único item. A comparação requer no mínimo dois itens (CPC, 00/R1). Entretanto, comparabilidade não significa uniformidade. Fonte de: www.thinkinganewworld.wordpress.com 5.5 Estrutura e conteúdo das Demonstrações Contábeis A estrutura proposta, de contabilidade para entidades do terceiro setor apresentada, compreende as seguintes demonstrações: Demonstração da Posição Financeira (Balanço Patrimonial), Demonstração do Desempenho Financeiro (Demonstração do Resultado do Exercício), Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração dos Fluxos de Caixa, Notas Explicativas e Demonstração de Origens e Aplicação de Recursos, por força da legislação vigente relacionada ao setor. As demonstrações contábeis elaboradas e apresentadas devem identificar-se e distinguir-se claramente de qualquer outro tipo de informação e documentos publicados pela entidade. Dentre os componentes das demonstrações contábeis, as entidades do terceiro setor devem apresentar as seguintes informações: a) O nome da entidade e possíveis alterações de informação decorrente do período anterior; b) Se as demonstrações contábeis apresentadas se referem a uma entidade individual ou a uma entidade econômica; c) A data-base, período abrangido das demonstrações contábeis e das notas explicativas; e d) A moeda de apresentação e o nível de arredondamento utilizados nos valores nas demonstrações contábeis (normalmente em milhares ou milhões). Recomenda-se que as demonstrações contábeis devam ser apresentadas pelo menos anualmente; salvo em circunstâncias excepcionais, a entidade poderá alterar a data-base de apresentação. 9 Por exemplo, para alinhar o período contábil ao ciclo orçamentário; quando a entidade fizer a transição de regime de caixa para o regime de competência. As demonstrações contábeis devem ser elaboradas, apresentadas e disponibilizadas dentro de um período razoável após a data-base prevista para sua publicação, para que as informações contábeis não prejudiquem a tempestividade informacional aos seus usuários. A NBC TSP 1, Item 69, ressalta que fatores como o nível de complexidade das operações da entidade não são razões suficientes para deixar de se divulgar as demonstrações dentro de um prazo aceitável. 5.5.1 Balanço Patrimonial O Balanço Patrimonial é o demonstrativo que apresenta os Ativos, Passivos e o Patrimônio Líquido, e que subdivide os ativos e passivos em Circulantes e Não Circulantes de acordo com seu nível de liquidez. Itens que serão realizados/liquidados dentro de um ano são classificados como Circulantes, enquanto os que demorarão mais que este período é classificado como Não Circulantes. 5.5.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) A Demonstração do Resultado do Exercício deve conter obrigatoriamente as receitas, despesas, os ganhos ou perdas (devidas a alienação de ativos ou pagamento 9 NBC TSP 1 – Item 66: “Quando a data das demonstrações contábeis da entidade é alterada e as demonstrações contábeis anuais são apresentadas para um período mais longo ou mais curto do que um ano, a entidade deve evidenciar além do período abrangido pelas demonstrações contábeis, as seguintes informações: (a) a razão de se usar um período mais longo ou mais curto; e (b) o fato de que não são inteiramente comparáveis os montantes comparativos apresentados em certas demonstrações, tais como a demonstração do desempenho financeiro (Demonstração do Resultado do Exercício), a demonstração das mutações dos / patrimônio líquido, demonstração dos fluxos de caixa e respectivas notas explicativas (além do período abrangido pelas demonstrações contábeis).” Item 67: “[...] Quando este for o caso, é importante que: (a) usuários estejam cientes de que os montantes apresentados para o período corrente e os montantes comparativos não são comparáveis e que (b) a razão para a mudança da data-base de apresentação seja evidenciada.” de passivos) e o resultado do período. A NBC TSP 1 recomenda que as entidades públicas apresentem informações acerca de suas receitas em subclassificações de acordo com as operações realizadas; e de suas despesas de acordo com sua natureza ou sua função na entidade. 5.5.3 Demonstração das Variações Patrimoniais do Exercício (DVPE) A Demonstração das Variações Patrimoniais do Exercício concilia as variações existentes na Demonstração do Resultado do Exercício e as variações patrimoniais da entidade do período. Sua finalidade consiste em separar as variações resultantes da execução orçamentária e evidenciar as variações ativas e passivas que não transitaram pelo orçamento da entidade, mas que impactaram o patrimônio líquido. 5.5.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido devem apresentar informações sobre o resultado do período para cada item (de receita e de despesa) reconhecido diretamente no patrimônio líquido, bem como o total desses itens para cada componente do patrimônio líquido, evidenciando os efeitos das alterações nas políticas contábeis, os montantes das transações de aporte de novos associados, e o saldo de superávits e déficits acumulados. 5.5.5 Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) As entidades do terceiro setor que elaboram e divulgam demonstrações seguindo o regime de competência devem apresentar a Demonstração do Fluxo de Caixa. Esta demonstração tem como finalidade identificar as fontes de geração de recursos, os itens que consumiram o caixa durante o período e apresentar o saldo do caixa na data da elaboraçãoe publicação das demonstrações contábeis. Além disso, a Demonstração de Fluxo de Caixa fornece informações acerca das alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa de acordo com as atividades operacionais, de investimento, e de financiamento e possibilita também avaliar a conformidade das entidades com a legislação e regulamentações em relação a fornecer ou receber recursos para outras entidades ou realizar transações com elas. 5.5.6 Demonstração das origens e aplicação de recursos (DOAR) Tem como finalidade evidenciar as variações do capital circulante líquido, podendo auxiliar os gestores na gestão do capital de giro, bem como associar os recursos captados com os seus respectivos usos. Além disso, possibilita estimar as necessidades de capital de giro pra suprir as necessidades financeiras das atividades operacionais, numa dimensão de curto ou curtíssimo prazos, que é imprescindível à solvência dessas entidades. 5.5.7 Notas Explicativas das Demonstrações Contábeis Tem como objetivo auxiliar os usuários a compreender as demonstrações e compará-las com as demonstrações contábeis de outras entidades. Devem apresentar informação acerca da base para a elaboração das demonstrações e das políticas contábeis utilizadas, evidenciar a informação requerida pelas NBC TSPs que não foram apresentadas nas demonstrações contábeis e prover informações adicionais para a compreensão de quaisquer demonstrações apresentadas10. 6 AS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS DO TERCEIRO SETOR 6.1 IMUNIDADES E INSENÇÕES A isenção tributária é definida como um favor legal que a qualquer momento pode ser retirado, visto que nela há o fato gerador, ocorrendo mera dispensa do tributo devido por parte do ente governamental responsável pela sua arrecadação. Desta forma, a isenção é a desobrigação do pagamento de determinado tributo, observados os requisitos legais. O tema é regulado por leis criadas pelo ente político que tenha a competência para cobrar o tributo. Caracteriza-se, portanto, pela renúncia fiscal, onde o Poder Público deixa de cobrar determinado tributo das instituições por razões específicas. 10 Texto extraído de: www.sinescontabil.com.br Na isenção, o Estado pode, ou não, cobrar o tributo em um determinado período, ou não o fazer em outro, diferentemente da imunidade, que é perene e só pode ser modificada através de processo de emenda constitucional. Logo, enquanto a isenção tributária decorre de lei específica do ente político que possui a competência legislativa, a imunidade tributária decorre da própria Constituição Federal. Fonte de: www.qualityassociados.com.br Assim, as entidades sem fins lucrativos que não se enquadraram nos requisitos necessários para a obtenção da imunidade sobre impostos, ainda podem ser beneficiadas pelas isenções concedidas por leis infraconstitucionais. Atualmente, as associações e as fundações privadas sem fins lucrativos, independentes de atuarem com educação, saúde ou assistência social, são isentas do recolhimento do Imposto de Renda, e da CSLL, desde que cumpram alguns requisitos estabelecidos na legislação. Para tanto, é imprescindível que estas instituições atendam às exigências legais, para que tenham direito aos benefícios, ou não venham a perdê-los em virtude de descumprimento das regras e requisitos exigidos. No âmbito Federal, a isenção do Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) está disciplinada pela Lei nº 9.532/97 (Art. 15), que concede o benefício às instituições de caráter: • Filantrópico • Recreativo • Cultural e científico, e • As associações civis que prestem serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a quem se destinam, sem fins lucrativos. Para o gozo da isenção, as instituições estão obrigadas a: • Não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados, exceto no caso de associações, fundações ou organizações da sociedade civil, sem fins lucrativos, cujos dirigentes poderão ser remunerados, desde que atuem efetivamente na gestão executiva e desde que cumpridos os requisitos previstos nos Arts. 3° e 16° da Lei n° 9.790/99 (Lei das OSCIP), respeitados como limites máximos os valores praticados pelo mercado na região correspondente à sua área de atuação, devendo seu valor ser fixado pelo órgão de deliberação superior da entidade, registrado em ata, com comunicação ao Ministério Público, no caso das fundações; • Aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; • Manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; • Conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; • Apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; Ressalta-se que não estão abrangidos pela isenção do imposto de renda os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras11. 6.2 Aspectos legais e tributários O terceiro setor tem diferenciação quanto a sua tributação e em alguns aspectos contábeis, em relação as entidades do segundo setor. As entidades sem finalidade de lucro são imunes e isentas de alguns tributos, mas mesmo com esses benefícios elas ainda tem muitas obrigações a cumprir, dentre elas estão as obrigações acessórias, e trabalhistas quando houver relação de emprego. Conforme art. 113 do CTN: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Quanto às obrigações acessórias algumas entidades se enquadram como isentas nas obrigações patronais, assim deverão ter uma placa visível ao público da respectiva disponibilidade de serviços gratuitos de assistência, conforme modelo estabelecido pelo Ministério da Previdência e Assistência Social. É dever das entidades estar sempre com suas declarações em dia. Para Morais (2014) nosso país prima pelo excesso de burocracia e necessidade de apresentação de declarações fiscais, inclusive para o terceiro setor. É de suma importância o cumprimento de todas as obrigações tributárias acessórias, relativo aos tributos aos quais seja contribuinte, podendo citar: Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte 11 Texto extraído de: www.nossacausa.com (DIRF), Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) etc., todas sujeitas às pesadas multas pela omissão ou atraso na entrega. A partir do ano calendário de 2014 a Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) foi extinta, sendo substituída pela Escrituração Contábil Fiscal (ECF). São obrigadas ao preenchimentoda ECF as pessoas jurídicas, inclusive as isentas e imunes (RECEITA FEDERAL, 2017). A Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) é uma obrigação tributária acessória devida por todas as pessoas jurídicas, independentemente da forma de tributação do imposto de renda. A DIRF é enviada através do programa Receitanet (GUIA TRABALHISTA, 2017). Para Lazarin (2017) a relação anual de informações sociais (RAIS) é obrigatória para todas as pessoas jurídicas ativas na Receita Federal. É a base de dados mais completa sobre empregadores e trabalhadores formais no Brasil. A partir dela, é possível determinar as necessidades de controle da atividade trabalhista no país, e disponibilizar informações sobre o mercado de trabalho às entidades governamentais. Assim, é possível obter o perfil das empresas e dos trabalhadores brasileiros, possibilitando a elaboração de políticas públicas de emprego e o pagamento de benefícios. Assim, como a ECF, DIRF, RAIS as entidades do terceiro setor tem várias outras obrigações a cumprir, e as mudanças nesse meio são constantes, para 2018 serão implantadas novas obrigações como a EFD-Reinf. Conforme Mello (2017), a escrituração fiscal digital das retenções e informações da contribuição previdenciária substituída (EFD-Reinf) é o mais recente módulo do sistema público de escrituração digital (Sped). Esta novidade está sendo construída em complemento ao sistema de escrituração digital das obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas (eSocial) e contempla todas as retenções do contribuinte sem relação com o trabalho. A nova escrituração substituirá as informações contidas em outras obrigações acessórias. A Reinf passará a recepcionar mensalmente outras informações que até então eram declaradas ao Fisco anualmente, como a DIRF, DCTF, SEFIP e GFIP. Com essas constantes atualizações se ressalta ainda mais a importância das entidades em estar amparadas por um profissional da contabilidade12. 7 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL EM ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR As entidades do Terceiro Setor estão obrigadas a manter um conjunto de livros contábeis obrigatórios e auxiliares, dentre eles destacam-se (a) livros obrigatórios: Livro Diário e o Livro Razão, e (b) livros auxiliares: livro de contas a receber, contas a pagar, controle de estoque e bens do imobilizado. Fonte de: www.triunfocontabilidade.com.br 7.1 Livros Contábeis Obrigatórios A entidade do terceiro setor deverá escriturar e manter os livros contábeis obrigatórios – o Livro Diário e o Livro Razão. 12 Texto extraído de: www.home.unicruz.edu.br 7.1.1 Livro Diário O Livro Diário evidenciará em ordem cronológica de realização dos eventos contábeis todos os registros contábeis, da seguinte forma: Data Histórico Débito Crédito 23/07/2009 2.1.1.00.1.01.001- Editora Atlas AS Valor pagamento da NAP(*) 001 n/data 5346,00 23/07/2009 1.1.100.2.01.001- Banco do Brasil cc14090-5 Valor CH-001.230 para pagamento da NAP 001 n/data 5436,00 7.1.2 Livro Razão O livro razão evidenciará em ordem cronológica a realização dos eventos contábeis referente aos registros contábeis da mesma espécie, da seguinte forma: Código e Título da Conta: 1.1.100.2.01.001 – Banco do Brasil cc 14090-5 Data Histórico Débito Crédito Saldo 23/07/2009 Valor referente ao depósito cfe. doc. 29895 10.000,00 23/07/2009 Valor CH-001.230 para pagamento NAP* 001 n/data 5.346,00 4.654,00 DV *NAP- Nota de Autorização de Pagamento, emitida pelo Sistema PRO-ONG de Gestão de Entidades do Terceiro Setor, para controle orçamentário da entidade. 7.2 Livros Auxiliares Os livros auxiliares são aqueles que contribuem para a eficácia dos controles contábeis das entidades, destacam-se: o Livro Registro das Contas a Receber, Livro de Registro de Contas a Pagar, Livro de Registro de Estoque e Livro de Registro dos Bens do Imobilizado. 7.2.1 Livro de registro das contas a receber Evidenciaremos todos os recebíveis com clientes em ordem cronológica de realização, da seguinte forma: Código e Título da Conta: 1.1.200.1.01.001.0028- Projeto do Curso MBA “A” – João de Souza Carvalho Data Histórico Débito Crédito Saldo 10/07/2009 Valor referente boleto bancário jul./2009 850,00 850,00 DV 7.2.2 Livro de registro de contas a pagar Evidenciaremos todas as obrigações com fornecedores em ordem cronológica de realização, da seguinte forma: Código e Título da Conta: 2.1.100.1.01.001- Editora Atlas SA Data Histórico Débito Crédito Saldo 10/07/2006 Valor ref. NAD* 001/09 5.346,00 5.346,00 CR *NAD – Nota de Autorização de Despesa, emitida pelo PRO-ONG – Sistema de Gestão de Entidades do Terceiro Setor, para controle orçamentário da entidade. 7.2.3 Livro de registro de estoque Evidenciaremos todas as entradas e saídas de materiais no almoxarifado da entidade em ordem cronológica de realização. Apesar de se encontrarem na literatura diversos critérios para a avaliação dos estoques das entidades, recomenda-se a utilização do critério de avaliação de “Média Ponderada Móvel”, assim a ficha de controle de estoques terá a seguinte disposição: Material em Estoque: 1.1.400.1.01.001.1023 – Caneta BIC Tinta Azul Data Histórico Controle Físico Controle Financeiro Entrada Saída Saldo Entrada Saída Saldo 05/07/2009 Carga NAD023 150 - 150 1.500,00 - 1.500,00 DV 23/07/2009 Baixa NCE* 001 - 10 140 150,00 1.350,00 DV *NCE – Nota de Consumo de Estoque, emitida pelo PRO-ONG – Sistema de Gestão de Entidades do Terceiro Setor, para controle do estoque da entidade. 7.2.4 Livro de registro dos bens do imobilizado Evidenciaremos todas as aquisições em ordem cronológica de realização, da seguinte forma: Código e Título da Conta: 1.2.300.2.02.001.0045 Impressora HP Deskjet 840 C Taxa de Depreciação Anual 25% Data Histórico Débito Crédito Saldo 01/07/2008 Impressora HP 840 cfe. Nota fiscal 0189- NAD1435/08 1.000,00 1.000,00 DV 30/06/2009 Depreciação Acumulada 250,00 750,00 DV No cadastro dos bens adquiridos deve-se indicar a taxa de depreciação do bem para que o sistema de contabilidade realize os cálculos inerentes à taxa de depreciação dos ativos; nessa proposta, recomenda-se a utilização da depreciação pelo método linear. 7.3 Sistemas Contábeis O registro contábil será efetuado em dois sistemas contábeis, ou seja, no sistema orçamentário e no sistema financeiro-patrimonial. Na adoção de um sistema de contabilidade orçamentária torna-se obrigatória a utilização dos sistemas orçamentário e financeiro-patrimonial. Essa base conceitual de contabilidade orçamentária para as entidades do terceiro setor pode ser visualizada na Figura 4.1. 7.3.1 Sistema orçamentário Um modelo de contabilidade para as entidades do terceiro setor exige a adoção de um sistema orçamentário, dado que orçamento representa uma peça vital para a gestão das atividades e projetos da entidade. Vale ressaltar que os modelos tradicionais de contabilidade utilizados pelas entidades do terceiro setor não atendem aos preceitos de uma contabilidade gerencial, aderente à gestão das reais necessidades dessas entidades. O modelo conceitual proposto, que se baseia num processo de integração da contabilidade orçamentária com a contabilidade tradicional (societária), tem como premissa a execuçãodo orçamento e integração com o sistema de contabilidade tradicional. O Sistema Orçamentário é composto por dois subgrupos: Receita Orçamentária e Despesa Orçamentária. Desse modo, a proposta de a contabilidade orçamentária tratar de maneira individualizada de cada um dos subgrupos orçamentários (receita e despesa), propiciando um acompanhamento e uma melhor compreensão da gestão e do uso dos recursos e dos seus respectivos resultados. 7.3.1.1 Grupos da receita orçamentária no terceiro setor Os grupos de receitas que figuram nos orçamentos de entidades do terceiro setor (fundações, associações, partidos políticos e organizações religiosas) são estruturados, normalmente, em dois grupos denominados: Receitas Próprias e Receitas de Doações e Contribuições: 1) Receitas Próprias: representam ingressos de recursos resultantes do uso de ativos pela entidade ou por terceiros (direitos autorais, receitas patrimoniais: aplicações financeiras, alienação de bens, locação de bens etc.), que serão aplicados na causa da entidade. 2) Receitas de Doações e Contribuições: são ingressos de recursos resultantes de ações de benemerência de pessoas físicas e/ou de pessoas jurídicas, que contribuem com a entidade no desenvolvimento da causa. Por outro lado, existem outros três grupos de recitas que podem figurar no Orçamento da Receita; essas receitas dependem da forma de gestão da entidade. 3) Receita de Subvenções: são ingressos de recursos resultantes de subvenções de entidades públicas governamentais que são destinados a execução de atividade social relacionada com a causa da entidade. 4) Receita de Parcerias: são os ingressos de recursos (termos de parceria) resultantes dos contratos de parcerias, firmados entre a entidade e o poder público governamental, que têm como propósito a execução de atividades relacionadas com a causa; ela deve classificá-la em grupo específico denominado de Receita de Parcerias. Diferentemente das entidades internacionais do terceiro setor que recebem transferências de recursos financeiros, de modo rotineiro, para a manutenção de suas causas, as entidades brasileiras13 necessitam captar recursos para o financiamento de suas causas, mediante a oferta de produtos ou serviços, tais como: cursos (presenciais e a distância) com a cobrança de taxas ou mensalidades; venda de produtos produzidos por funcionários ou por beneficiários, dentre outras formas. Nesses casos, a entidade deve classifica-las em grupo específico denominado Receitas de Projetos de Geração de Recursos. 5) Receitas de Projetos de Geração de Recursos: são aquelas que resultam da execução de projetos contratados por pessoas físicas e jurídicas em seu próprio benefício ou de outrem que buscam, através do superávit, gerar recursos para aplicação na causa da entidade. Para abrir as contas do sistema orçamentário, no início do exercício financeiro/civil, o contador deve fazer o registro do Orçamento da Receita, de acordo com o que foi aprovado pelo órgão deliberativo (Conselho Curador ou Assembleia Geral da entidade etc.). 13 Observar que a sociedade brasileira ainda não institucionalizou o hábito de destinar recursos financeiros à título de doações para o fomento das atividades relacionadas a causa das entidades do terceiro setor. 7.3.1.2 Grupos de despesa orçamentária no terceiro setor Entende-se que as entidades do terceiro setor devem subdividir suas despesas no orçamento anual, em pelo menos cinco grupos: Administração da Causa; Administração Executiva, Administração da Captação de recursos, Administração de Projetos de Geração de Recursos e Reserva para Contingências, conforme segue: 1) Administração da Causa: neste grupo devem figurar as despesas da entidade relacionadas com a manutenção da causa e com projetos, que contemplem receitas e despesas vinculadas originárias de subvenções recebidas e parcerias firmadas com entidades públicas ou privadas para o desenvolvimento da causa. 2) Administração Executiva: consiste na apropriação das despesas relacionadas com a manutenção das atividades dos Conselhos Curador e Fiscal e/ou órgãos deliberativos e administração geral da entidade, bem como com a aquisição e constituição de ativos não circulantes e amortização de passivos não circulantes, que não necessariamente estão relacionados com a causa. 3) Administração da Captação de Recursos: compreende as despesas relacionadas com a captação de recursos e a manutenção das atividades de marketing institucional e propaganda. 4) Administração de Projetos de Geração de Recursos: nesse grupo devem figurar as despesas relacionadas com a geração de recursos e com a manutenção das atividades de realização de projetos, que contemplem receitas e despesas vinculadas. Por exemplo, no caso em que uma entidade do terceiro setor tem como causa o fomento das atividades de ensino, pesquisa e extensão de outra entidade (universidade, departamento etc.) e não recebe recursos oriundos de doações para a manutenção de sua causa, mas desenvolve o processo de captação de recursos via prestação de serviços 14 com o objetivo de angariar recursos (superávits) 15 . Assim as despesas relacionadas com essas atividades devem ser classificadas no grupo de Administração de Projetos de Geração de Recursos. Do ponto de vista orçamentário recomenda-se que se registre como despesa orçamentária (no sistema orçamentário) o superávit previsto sob o título de Reserva para Contingências. Essa reserva tem como finalidade proteger as entidades de incertezas futuras no momento da execução do orçamento de suas atividades e projetos. 5) Reserva para Contingências: nesse grupo de despesas devem figurar recursos disponíveis, oriundos da diferença entre a receita prevista e a despesa fixada nos demais grupos de despesa. Desse modo, sempre que houver necessidade de suplementar a dotação de despesas orçamentárias de suas atividades e projetos, poderá fazê-lo com esses recursos, que é o superávit teórico da entidade para o exercício financeiro que se inicia. Esse procedimento de subdividir as despesas orçamentárias em grupos subsidia e facilita a elaboração do Relatório de Atividades da entidade, no término do exercício social. Como discutido e apresentado nos tópicos anteriores, a estrutura de contabilidade do terceiro setor subdivide-se em: Sistema Orçamentário e Financeiro-Patrimonial. 14 Por exemplo: ensino de pós-graduação lato sensu, pesquisas e estudos de mercados e consultorias técnicas especializadas etc. 15 Os superávits obtidos nos projetos de geração de recursos devem ser aplicados na causa da entidade. 7.3.2 Sistema financeiro-patrimonial No modelo proposto que integra contabilidade financeira com o sistema orçamentário é função do sistema financeiro-patrimonial evidenciar os impactos da execução orçamentária sobre os ativos, passivos e patrimônio líquido, demonstrando: a Posição Financeira (Balanço Patrimonial), o Desempenho Financeiro (Demonstração do Resultado do Exercício), as mutações do Patrimônio Líquido, os fluxos de Caixa e as Origens e Aplicações de Recursos. Diferentemente do modelo tradicional, o sistema orçamentário exige que a entidade na apuração de resultado patrimonial do exercício apresente os respectivos impactos da execução do orçamento, em dois grupos: 1. As variações Patrimoniais Ativas subdividem-se em dois grupos: (i) Resultantes da
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