Buscar

manual_materiais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 223 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 223 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 223 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Manual de 
MATERIAIS DENTÁRIOS 
 
 
 
Profª Drª Fernanda Panzeri Pires de Souza 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
1 INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DOS MATERIAIS 10
1.1 INTRODUÇÃO 11 
1.2 DEFINIÇÃO DE MATERIAIS 11 
1.3 A CIÊNCIA DOS MATERIAIS DENTÁRIOS 12 
1.3.1 HISTÓRICO DOS MATERIAIS DENTÁRIOS 12 
1.4 OS MATERIAIS DENTÁRIOS SÃO SEGUROS? 13 
1.4.1 BIOMECÂNICA 13 
1.4.2 REGULAMENTOS E PADRÕES DOS MATERIAIS DENTÁRIOS 13 
1.5 RELAÇÃO COM AS DEMAIS DISCIPLINAS DA ODONTOLOGIA 14 
1.6 MATERIAIS DENTÁRIOS NA ATUALIDADE 14 
2 PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS DENTÁRIOS 16 
2.1 INTRODUÇÃO 17 
2.2 ESTRUTURA DA MATÉRIA 17 
2.3 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ODONTOLÓGICOS 17 
2.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS: 17 
2.4.1 TENSÃO E DEFORMAÇÃO: 18 
Tipos de tesões e deformações 19 
Relações entre tensão e deformação 19 
3 PROPRIEDADES FÍSICAS DOS MATERIAIS DENTÁRIOS 27 
3.1 REOLOGIA 28 
3.1.1 ELASTICIDADE E VISCOELASTICIDADE: 29 
3.2 COR 30 
3.3 PROPRIEDADES TÉRMICAS 32 
4 PROPRIEDADES BIOLÓGICAS DOS MATERIAIS DENTÁRIOS 35 
4.1 INTRODUÇÃO 36 
4.2 OS DENTES 36 
4.2.1 O ESMALTE 38 
4.2.2 A DENTINA 38 
4.2.3 A POLPA 39 
4.3 CAUSAS DE REAÇÕES PULPARES 39 
4.3.1 MICROINFILTRAÇÃO 40 
4.3.2 ALTERAÇÕES TÉRMICAS 40 
4.3.3 GALVANISMO 40 
4.4 INFLUÊNCIA DA IDADE DO PACIENTE NA RESPOSTA PULPAR: 41 
4.5 TOXIDIDADE DO MERCÚRIO 41 
5 GESSOS ODONTOLÓGICOS 43 
5.1 INTRODUÇÃO 44 
5.2 OBTENÇÃO DO GESSO 44 
5.3 REAÇÃO DE PRESA 45 
5.4 MANIPULAÇÃO 46 
5.5 TEMPO DE PRESA 46 
5.5.1 CONTROLE DO TEMPO DE PRESA 47 
5.6 RELAÇÃO ÁGUA/PÓ 48 
5.7 EXPANSÃO DE PRESA 49 
5.7.1 CONTROLE DA EXPANSÃO DE PRESA 50 
5.8 EXPANSÃO HIGROSCÓPICA DE PRESA 50 
5.9 TIPOS DE GESSO 52 
5.10 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTROLE DE INFECÇÕES 53 
6 INTRODUÇÃO AOS MATERIAIS DE MOLDAGEM 58 
6.1 INTRODUÇÃO 59 
6.2 REQUISITOS DOS MATERIAIS DE MOLDAGEM 59 
6.3 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS DE MOLDAGEM 59 
7 HIDROCOLÓIDES 61 
7.1 COLÓIDES 62 
7.2 OS HIDROCOLÓIDES 62 
7.2.1 COMPOSIÇÃO E REAÇÃO DE GELEIFICAÇÃO DO ALGINATO 62 
7.2.2 ESTRUTURA DO GEL 63 
7.2.3 CONTROLE DO TEMPO DE GELEIFICAÇÃO 64 
7.2.4 MANIPULAÇÃO 65 
7.2.5 PROPRIEDADES 66 
Resistência 66 
Reprodução de detalhes 67 
Estabilidade Dimensional 68 
8 ELASTÔMEROS 72 
8.1 INTRODUÇÃO 73 
8.2 POLISSULFETO 73 
8.2.1 COMPOSIÇÃO 73 
8.2.2 REAÇÃO DE PRESA 74 
8.2.3 MANIPULAÇÃO 74 
8.2.4 PROPRIEDADES 76 
Tempo de presa 76 
Elasticidade 77 
Reologia 78 
Estabilidade dimensional 78 
8.2.5 APLICAÇÕES 78 
8.3 SILICONAS POR CONDENSAÇÃO 79 
8.3.1 COMPOSIÇÃO 80 
8.4 REAÇÃO DE PRESA 80 
8.4.1 MANIPULAÇÃO 80 
8.4.2 PROPRIEDADES 81 
Tempo de presa 81 
Elasticidade 81 
Reologia 81 
Estabilidade dimensional 81 
8.4.3 APLICAÇÕES 82 
8.5 SILICONAS POR ADIÇÃO 82 
8.5.1 COMPOSIÇÃO 82 
8.5.2 REAÇÃO DE PRESA 82 
8.5.3 MANIPULAÇÃO 82 
8.5.4 PROPRIEDADES 83 
Tempo de presa 83 
Elasticidade 83 
Reologia 84 
Estabilidade dimensional 84 
8.5.5 APLICAÇÕES 84 
8.6 POLIÉTER 84 
8.6.1 COMPOSIÇÃO 84 
8.6.2 REAÇÃO DE PRESA 84 
8.6.3 MANIPULAÇÃO 85 
8.6.4 PROPRIEDADES 85 
Tempo de presa 85 
Elasticidade 85 
Estabilidade dimensional 85 
8.6.5 APLICAÇÕES 86 
8.7 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ELASTÔMEROS 86 
8.7.1 CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS 86 
9 MATERIAIS DE MOLDAGEM ANELÁSTICOS 91 
9.1 INTRODUÇÃO 92 
9.2 GODIVAS 92 
9.2.1 COMPOSIÇÃO 92 
9.2.2 TEMPERATURA DE FUSÃO 93 
9.2.3 PROPRIEDADES TÉRMICAS 93 
9.2.4 ESCOAMENTO 94 
9.2.5 DISTORÇÃO 94 
9.2.6 PLASTIFICAÇÃO 94 
9.2.7 REQUISITOS PARA UMA GODIVA 94 
9.3 PASTA DE ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL 95 
9.3.1 COMPOSIÇÃO 96 
9.3.2 QUÍMICA 96 
9.3.3 TEMPO DE PRESA 96 
Controle do Tempo de Presa 97 
9.3.4 CONSISTÊNCIA E ESCOAMENTO 97 
9.3.5 RIGIDEZ E RESISTÊNCIA 98 
9.3.6 ESTABILIDADE DIMENSIONAL 98 
9.3.7 TÉCNICA DE ESPATULAÇÃO 98 
Considerações Gerais 99 
10 CIMENTOS ODONTOLÓGICOS 102 
10.1 INTRODUÇÃO 103 
10.1.1 USO E CLASSIFICAÇÃO DOS CIMENTOS ODONTOLÓGICOS 104 
10.2 CIMENTO DE FOSFATO DE ZINCO 105 
10.2.1 COMPOSIÇÃO E PRESA 106 
10.2.2 TEMPO DE TRABALHO E DE PRESA 106 
Fatores que interferem no tempo de presa 106 
10.2.3 PROPRIEDADES 107 
10.2.4 PROPRIEDADES BIOLÓGICAS 107 
10.2.5 RETENÇÃO 108 
10.2.6 MANIPULAÇÃO 108 
10.2.7 VANTAGENS E DESVANTAGENS 110 
10.2.8 APLICAÇÕES 110 
10.3 CIMENTOS DE ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL 111 
10.3.1 COMPOSIÇÃO E PRESA 111 
10.3.2 PROPRIEDADES 111 
10.3.3 EFEITO BIOLÓGICO 112 
10.3.4 MANIPULAÇÃO 112 
10.3.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS 112 
10.4 CIMENTOS DE IONÔMERO DE VIDRO 112 
10.4.1 APLICAÇÕES 112 
10.4.2 CLASSIFICAÇÃO 113 
10.4.3 COMPOSIÇÃO E PRESA 113 
Ionômeros de vidro convencionais 113 
Ionômeros de vidro modificados por metais 114 
Ionômeros de vidro modificados por resinas 114 
10.4.4 PROPRIEDADES 115 
Adesividade 115 
Liberação de Flúor 115 
10.4.5 EFEITOS BIOLÓGICOS 116 
10.4.6 MANIPULAÇÃO 116 
10.4.7 APRESENTAÇÃO COMERCIAL 116 
10.4.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS 117 
10.5 CIMENTOS DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO 117 
10.5.1 APLICAÇÕES 118 
10.5.2 FORMAS DE APRESENTAÇÃO 118 
10.5.3 MANIPULAÇÃO DO SISTEMA PASTA/PASTA 119 
10.5.4 PROPRIEDADES 119 
10.5.5 EFEITOS BIOLÓGICOS 119 
10.5.6 VANTAGENS E DESVANTAGENS 120 
10.6 SOLUBILIDADE E DESINTEGRAÇÃO DOS CIMENTOS 
ODONTOLÓGICOS 120 
10.7 INDICAÇÃO DOS CIMENTOS 120 
11 RESINAS ACRÍLICAS 126 
11.1 INTRODUÇÃO 127 
11.2 REQUISITOS PARA UMA RESINA ODONTOLÓGICA 127 
11.2.1 CONSIDERAÇÕES BIOLÓGICAS: 127 
11.2.2 PROPRIEDADES FÍSICAS: 127 
11.2.3 PROPRIEDADES ESTÉTICAS: 128 
11.2.4 CARACTERÍSTICAS DE MANIPULAÇÃO: 128 
11.2.5 CONSIDERAÇÕES ECONÔMICAS: 128 
11.3 ESTRUTURA DAS RESINAS 128 
11.4 POLIMERIZAÇÃO 128 
11.4.1 ESTÁGIOS NA POLIMERIZAÇÃO POR ADIÇÃO 129 
Indução: 129 
Propagação: 130 
Terminação: 130 
Transferência de cadeia: 130 
11.4.2 INIBIÇÃO DA POLIMERIZAÇÃO: 130 
11.5 TIPOS DE RESINAS ODONTOLÓGICAS: 131 
11.5.1 RESINAS ACRÍLICAS 131 
11.5.2 FASES DE POLIMERIZAÇÃO 131 
Fase Arenosa 131 
Fase Fibrilar 131 
Fase Plástica 131 
Fase Borrachóide 132 
Fase Densa 132 
11.6 RESINAS ACRÍLICAS TERMICAMENTE ATIVADAS 132 
11.6.1 INDICAÇÃO 132 
11.6.2 COMPOSIÇÃO 132 
11.6.3 PROPORÇÃO POLÍMERO:MONÔMERO 132 
11.6.4 POLIMERIZAÇÃO 133 
11.7 RESINA ACRÍLICA QUIMICAMENTE ATIVADA 137 
11.7.1 INDICAÇÕES 137 
11.7.2 COMPOSIÇÃO 137 
11.8 PROPRIEDADES DAS RESINAS ACRÍLICAS 138 
11.8.1 CONTRAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO 138 
11.8.2 POROSIDADE 138 
11.8.3 ABSORÇÃO DE ÁGUA 138 
11.8.4 RESISTÊNCIA 139 
11.8.5 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE RESINAS ACRÍLICAS TERMICAMENTE 
ATIVADAS E RESINAS ACRÍLICAS QUIMICAMENTE ATIVADAS 139 
11.9 MATERIAIS A BASE DE RESINA ACRÍLICA 140 
11.9.1 RESINA DE REEMBASAMENTO DE PRÓTESES 140 
11.9.2 CONDICIONADORES DE TECIDO 140 
11.9.3 DENTES DE RESINA 140 
11.9.4 MATERIAIS PARA PRÓTESES BUCO-MAXILOFACIAIS 141 
12 RESINAS RESTAURADORAS 144 
12.1 INTRODUÇÃO 145 
12.2 COMPOSIÇÃO 145 
12.2.1 MATRIZ 146 
12.2.2 PARTÍCULAS DE CARGA 146 
12.2.3 AGENTES DE UNIÃO 146 
12.3 CLASSIFICAÇÃO DAS RESINAS COMPOSTAS 147 
12.3.1 RESINAS COMPOSTAS DE MACROPARTÍCULAS 147 
12.3.2 RESINAS COMPOSTAS DE MICROPARTÍCULAS 148 
12.3.3 RESINAS COMPOSTAS HÍBRIDAS 148 
12.4 MECANISMO DE POLIMERIZAÇÃO 149 
12.5 PROPRIEDADES 150 
12.5.1 BIOCOMPATIBILIDADE DOS COMPÓSITOS 152 
12.6 SISTEMA DE ADESÃO 152 
12.6.1 INTRODUÇÃO 152 
12.6.2 PROPRIEDADES DA DENTINA 153 
Permeabilidade dentinária 154 
12.6.3 FORMAÇÃO DA CAMADA HÍBRIDA 154 
12.6.4 CONDICIONAMENTO ÁCIDO 156 
Condicionamento ácido do esmalte 156 
Condicionamento ácido da dentina 156 
12.6.5 APLICAÇÃO DO PRIMER 156 
12.6.6 APLICAÇÃO DO AGENTE DE UNIÃO 157 
12.7 MATERIAIS À BASE DE RESINA COMPOSTA 158 
12.7.1 RESINAS COMPACTÁVEIS 158 
12.7.2 COMPÔMEROS E IONÔMEROS MODIFICADOS 159 
12.7.3 NÚCLEO DE PREENCHIMENTO 159 
12.7.4 SELANTES DE FÓSSULAS E FISSURAS 160 
12.7.5 CIMENTOS RESINOSOS 160 
12.7.6 RESINAS “INTELIGENTES” 16013 AMÁLGAMA DENTAL 164 
13.1 INTRODUÇÃO 165 
13.2 HISTÓRICO 165 
13.3 TIPOS DE LIGAS 166 
13.4 COMPOSIÇÃO 166 
13.4.1 LIGAS CONVENCIONAIS 167 
Características e função dos componentes: 167 
Reação 167 
13.4.2 LIGAS COM ALTO CONTEÚDO DE COBRE 168 
Reação 168 
13.5 RELAÇÃO MERCÚRIO/LIGA 170 
13.6 TRITURAÇÃO 171 
13.6.1 TEMPO DE TRITURAÇÃO 172 
13.7 CONDENSAÇÃO 173 
13.8 ACABAMENTO E POLIMENTO 175 
13.9 ALTERAÇÕES DIMENSIONAIS 175 
13.9.1 EFEITOS DA PROPORÇÃO LIGA/MERCÚRIO: 176 
13.9.2 EFEITOS DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS: 176 
13.9.3 EFEITOS DO FORMATO DAS PARTÍCULAS: 176 
13.9.4 EFEITOS DO TEMPO DE TRITURAÇÃO: 176 
13.9.5 EFEITOS DA CONDENSAÇÃO: 176 
13.9.6 EFEITO DA CONTAMINAÇÃO POR UMIDADE: 176 
13.10 RESISTÊNCIA 177 
13.11 CORROSÃO 177 
13.12 DESEMPENHO CLÍNICO DAS RESTAURAÇÕES DE AMÁLGAMA 178 
13.13 TIPOS DE FALHAS 178 
13.13.1 CAUSAS DE INSUCESSOS 178 
13.14 VANTAGENS 179 
13.15 DESVANTAGENS 179 
13.16 INDICAÇÕES 179 
13.17 REPARO DE RESTAURAÇÕES DE AMÁLGAMA 180 
14 PROCESSO DE FUNDIÇÃO 183 
14.1 INTRODUÇÃO 184 
14.2 DESCRIÇÃO RESUMIDA DO PROCESSO DE FUNDIÇÃO 185 
14.3 CERAS PARA FUNDIÇÃO ODONTOLÓGICA 185 
14.3.1 COMPOSIÇÃO 186 
14.3.2 PROPRIEDADES TÉRMICAS 186 
14.3.3 DISTORÇÃO DA CERA 187 
14.3.4 MANIPULAÇÃO DA CERA PARA FUNDIÇÃO 187 
14.4 CONDUTO DE ALIMENTAÇÃO 189 
14.5 REVESTIMENTOS ODONTOLÓGICOS 190 
14.5.1 COMPOSIÇÃO 190 
14.5.2 EXPANSÃO DO REVESTIMENTO 192 
Expansão normal de presa 192 
Expansão higroscópica de presa 192 
Expansão térmica do revestimento 193 
PROPRIEDADES DOS REVESTIMENTOS 194 
Resistência 194 
Porosidade 194 
14.6 ANÉIS DE FUNDIÇÃO 194 
14.6.1 SISTEMA DE FUNDIÇÃO SEM ANEL 195 
14.7 METAIS E LIGAS METÁLICAS PARA FUNDIÇÃO 195 
14.7.1 TEMPERATURA DE FUSÃO 197 
14.7.2 MECANISMO DE SOLIDIFICAÇÃO E ESTRUTURA CRISTALINA 198 
14.7.3 CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAS 200 
Ligas de ouro 201 
14.7.4 LIGAS DE METAIS BÁSICOS 202 
Ligas para metalocerâmica 202 
Ligas para prótese parcial removível 202 
14.8 PROCESSOS DE FUNDIÇÃO 203 
14.8.1 ELIMINAÇÃO DA CERA E AQUECIMENTO 203 
14.8.2 MÁQUINA DE FUNDIÇÃO 203 
14.9 CAUSAS DE FALHAS NAS FUNDIÇÕES 204 
14.9.1 DISTORÇÃO 204 
14.9.2 RUGOSIDADE, IRREGULARIDADES E DESCOLORAÇÃO DA SUPERFÍCIE 205 
Bolhas de ar 205 
Película de água 205 
Aquecimento muito rápido 206 
Baixo aquecimento 206 
Relação água/pó 206 
Aquecimento prolongado 207 
Temperatura da liga 207 
Pressão de fundição 207 
Composição do revestimento 207 
Corpos estranhos 207 
Impacto da liga fundida 208 
14.9.3 POROSIDADE 208 
14.9.4 FUNDIÇÃO INCOMPLETA 208 
15 CERÂMICAS ODONTOLÓGICAS 213 
15.1 INTRODUÇÃO 214 
15.2 HISTÓRICO 214 
15.3 CLASSES DE CERÂMICAS ODONTOLÓGICAS PARA PRÓTESES 
FIXAS 215 
15.4 COMPOSIÇÃO 215 
15.4.1 FELDSPATO 215 
15.4.2 MODIFICADORES DO VIDRO 216 
15.4.3 OUTRAS ADIÇÕES ÀS PORCELANAS ODONTOLÓGICAS 216 
15.5 CARACTERÍSTICAS 216 
15.6 FATORES QUE INFLUENCIAM A COR 217 
15.7 FABRICAÇÃO DE UMA RESTAURAÇÃO COM PORCELANA FELDSPÁTICA 218 
15.7.1 CONDENSAÇÃO 218 
15.7.2 QUEIMA (OU COCÇÃO) 219 
15.7.3 GLAZEAMENTO 219 
15.7.4 RESFRIAMENTO 220 
15.8 COROA METALOCERÂMICA 221 
15.9 SISTEMAS CERÂMICOS 221 
15.10 ESTABILIDADE QUÍMICA 223 
15.10.1 DESINFECÇÃO DO MOLDE ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 
1 Introdução à Ciência dos Materiais 
 
Introdução à Ciência dos Materiais 11 
Fernanda Panzeri 
1.1 INTRODUÇÃO 
 
O principal objetivo da Odontologia é manter ou melhorar a qualidade 
de vida do paciente. Este objetivo pode ser alcançado pela prevenção da 
doença, alívio da dor, melhorando a eficiência mastigatória, aprimorando a 
fonação e melhorando a aparência. Devido ao fato de muitos desses objetivos 
requererem a reposição ou alteração da estrutura dentária existente, há 
séculos, os principais desafios têm sido o desenvolvimento e a seleção de 
materiais capazes de suportar as condições adversas do ecossistema oral. 
Uma das diferenças entre um profissional e um comerciante é que o 
primeiro possui conhecimentos básicos com os quais ele pode selecionar e 
definir as condições para uma determinada situação, como, por exemplo, 
prever ou assegurar o sucesso eventual de um projeto racional. Dessa forma, 
um rebitador será o responsável por juntar as barras de uma ponte, mas o 
engenheiro é o responsável pelo desenho desta ponte, especificamente nos 
pontos onde os rebites devem ser colocados e onde as barras e armações 
devam se unir. Além disto, cabe a este último selecionar os materiais para a 
estrutura a ser construída. Se o engenheiro desconhece as propriedades 
químicas e físicas do aço e outros metais que irão constituir a ponte, a 
estrutura sem dúvida irá falhar. 
O dentista e o engenheiro têm muito em comum. O dentista deve 
analisar as forças que estarão presentes em uma prótese que ele irá construir 
e, guiado por tais análises, deverá fazer o desenho desta prótese. Ele deve 
possuir um conhecimento suficiente das propriedades físicas dos diferentes 
tipos de materiais que utiliza, de modo a poder fazer o melhor julgamento 
possível e uma seleção apropriada. Em outras palavras, ele deve estar 
preparado para saber se um determinado procedimento odontológico irá 
requerer uma liga de ouro, um cimento ou uma resina. Somente conhecendo 
as propriedades físicas e químicas de cada um dos materiais estará em 
condições de fazer tal julgamento. 
Uma vez que o dentista selecionou o tipo de material a ser utilizado, um 
produto comercial deve ser escolhido. É intenção dos fabricantes fornecer 
materiais de alta qualidade, porém, como a competição é grande, o dentista 
deve ser capaz de avaliar as alegações dos fabricantes de maneira inteligente 
para sua proteção e de seu paciente, distinguindo fato de propaganda. 
 
1.2 DEFINIÇÃO DE MATERIAIS 
 
Os materiais são substâncias geralmente sólidas com propriedades que 
as tornam utilizáveis em produtos e dispositivos desenvolvidos pelo Homem 
para preencher suas necessidades físicas, sociais, estéticas, de segurança, 
etc. São tradicionalmente classificados em: metálicos, cerâmicos, poliméricos e 
conjugados (ou compósitos). 
Os materiais interagiram historicamente com o homem e com as 
estruturas intelectuais e sociais. O alcance da história dos materiais tem início 
Introdução à Ciência dos Materiais 12 
Fernanda Panzeri 
com a descoberta da existência de propriedades úteis, o que envolve a Arte. 
Depois, vem a produção de utensílios em quantidades suficientes para 
preencher nossas necessidades, o que requereu a organização industrial e 
social de diferentes tipos em diferentes épocas. 
Durante os últimos 3 milênios, poucos materiais de aplicações 
generalizadas serviram para quase todos os fins; alguns dos quais 
descobertos bem antes do ano 1000 a. C. Eles foram largamente aceitos por 
terem funcionado suficientemente bem, e os desafios residiam em barateá-los 
estendendo seu campo de aplicação. Em todo o período, desde os tempos 
clássicos até o fim do séc. XIX, a inovação no campo dos materiais estava na 
produção e na aplicação. 
Na área dos materiais, a ciência surgiu com muita freqüência a partir de 
uma pré-história prática, se beneficiando desta mais do que a prática se 
beneficiou da aplicação da teoria. 
Todos já ouviram alusões sobre as Eras do Homem baseadas nos 
materiais; entre elas a Era do Ouro, da Prata, do Bronze e do Ferro. 
Um caso bem conhecido de mudanças sociais forçadas pelos materiais 
é o uso dos metais em armamentos. Outras mudanças sociais dignas de 
registro são aquelas provocadas pelo papel, pelas tintas, pelo cimento, pelos 
plásticos, pelos semicondutores, etc. 
1.3 A CIÊNCIA DOS MATERIAIS DENTÁRIOS 
 
A ciência dos materiais dentários envolve o estudo da composição e 
propriedade dos materiais e a forma que eles interagem com o ambiente no 
qual são colocados. 
 
1.3.1 Histórico Dos MateriaisDentários 
 
Por estranho que possa parecer, existe pouco conhecimento histórico 
da ciência dos materiais dentários e de sua manipulação, apesar do fato de a 
prática odontológica preceder a era cristã. 
A odontologia surgiu como especialidade por volta do ano 3000 a.C. 
Embora as inscrições em tumbas egípcias indicarem que os “doutores dos 
dentes” eram considerados como médicos especializados, não existem 
indícios que estes profissionais praticaram a odontologia restauradora. Coroas 
de ouro e ferro eram usadas por fenícios (2.500 a.C.) e os Etruscos (800 a.C.) 
são conhecidos como os primeiros a desenvolverem as próteses parciais. O 
primeiro a utilizar a folha de ouro para restauração dental foi Johannes 
Arcelanus, da Universidade da Bolonha em 1498. Os documentos mais antigos 
de implantes dentais são atribuídos aos etruscos no início do ano 700 a. C. Em 
± 600 a. C. os maias usavam implantes de segmento de conchas do mar que 
eram colocados nos alvéolos dos dentes anteriores. Entretanto, a coloração de 
dentes com finalidade decorativa ocorreu muito antes. Incrustações de ouro 
marteladas e de pedras e minerais também foram colocadas com razões 
Introdução à Ciência dos Materiais 13 
Fernanda Panzeri 
estéticas ou por tradição ornamental pelos maias e, posteriormente, pelos 
aztecas. 
A odontologia moderna começou em 1728, quando Fauchard, o “pai da 
odontologia”, publicou um tratado descrevendo vários tipos de restaurações 
dentárias, inclusive um método para construção de dentaduras artificiais em 
marfim. Mais tarde, Pfaff, pela primeira vez, descreveu um método para 
moldagem da boca com cera. A partir desse molde seria construído um modelo 
com gesso. Em 1792, Chamant patenteou um processo de construção de 
dentes de porcelana. A incrustação de porcelana foi introduzida no início do 
século XIX. 
Até recentemente, pouca informação científica a respeito dos materiais 
dentários restauradores estava disponível. Seu emprego era inteiramente 
artesanal, e o único teste laboratorial era a boca do paciente. O primeiro 
importante despertar de interesse científico ocorreu no meio do século XIX, 
quando começaram os estudos do amálgama dental por Black. 
 
1.4 OS MATERIAIS DENTÁRIOS SÃO SEGUROS? 
 
Nenhum dispositivo odontológico, incluindo os materiais restauradores, 
é absolutamente seguro. A segurança é relativa, e a seleção e emprego dos 
dispositivos ou materiais odontológicos são baseados na pressuposição de 
que os benefícios superam os riscos biológicos conhecidos. Os dois principais 
efeitos biológicos são as reações alérgicas e as tóxicas. Paracelso, famoso 
médico e alquimista suíço, afirmou: “todas as substâncias são venenosas; não 
existe uma que não seja um veneno. A dose certa diferencia um veneno de um 
remédio”. 
1.4.1 Biomecânica 
 
Como o material comporta-se em situações reais é conhecido como 
mecânica. Aplicada aos biomateriais, chama-se biomecânica. 
Quando um material é colocado ou faz contato com o corpo humano é, 
geralmente, designado como biomaterial. Por definição, é um material “não-
vivo” destinado a interagir com sistemas biológicos. 
1.4.2 Regulamentos e Padrões dos Materiais Dentários 
 
Para controlar e fiscalizar a qualidade dos materiais odontológicos 
colocados no mercado, existem instituições governamentais ou não. Uma 
dessas instituições é a ADA (American Dental Association), uma divisão do 
Governo Americano que determina as propriedades físicas e químicas dos 
materiais dentários e a significância clínica, além de regular o desenvolvimento 
de novos materiais, instrumentos e métodos para testes. Essas especificações 
são padrões pelos quais a qualidade e as propriedades dos materiais podem 
ser aferidas. Elas apresentam os requisitos para propriedades físicas e 
Introdução à Ciência dos Materiais 14 
Fernanda Panzeri 
químicas de um material de modo a assegurar um desempenho satisfatório do 
material quando este é adequadamente empregado pelo dentista. 
O benefício de tais especificações para a profissão odontológica tem 
sido inestimável. O dentista passou a ter critérios de seleção que são 
imparciais e realistas. Em outras palavras, se o dentista usa aqueles materiais 
que se enquadram numa especificação, ele pode ter certeza que o material 
apresentará um desempenho satisfatório. O conhecimento, pelo dentista, dos 
requisitos das especificações é importante para que ele tenha habilidade de 
reconhecer as limitações do material odontológico com que está trabalhando. 
Nenhum material dentário é perfeito no seu propósito restaurador. Ele não 
apresentará o mesmo desempenho do órgão original que substituiu. 
Atualmente existem 49 especificações da ADA. O número de 
especificações têm aumentado rapidamente para encampar materiais e 
dispositivos que ainda não eram normatizados. Por outro lado, as 
especificações existentes são periodicamente revisadas, em função das 
correntes alterações nas formulações dos produtos, bem como pelo aumento 
do conhecimento do comportamento dos materiais na cavidade oral. 
Outras entidades também colaboram com essa regulamentação. São 
elas: a FDA (Food and Drug Administration), FDI (Fédération Dentaire 
Internationale) e a ISO (International Organization of Standardization), sendo 
que as duas últimas estabelecem especificações para os materiais dentários 
em nível internacional. 
 
1.5 RELAÇÃO COM AS DEMAIS DISCIPLINAS DA ODONTOLOGIA 
 
Nem todos os materiais utilizados na Odontologia são estudados por 
Materiais Dentários. Por exemplo: anestésicos, medicamentos e agentes 
terapêuticos não fazem parte de nossa abordagem. A ciência dos Materiais 
Dentários, de modo geral, abrange os tecidos orais naturais (esmalte, dentina, 
tecido pulpar) e os materiais sintéticos que são empregadas na prevenção da 
cárie dental, para a terapia periodontal, e na reconstrução de estruturas orais 
ausentes, danificadas ou comprometidas esteticamente. Estas categorias 
incluem materiais empregados nas especialidades odontológicas como 
dentística, cirurgia bucomaxilofacial, ortodontia, periodontia, odontopediatria e 
prótese. 
 
1.6 MATERIAIS DENTÁRIOS NA ATUALIDADE 
 
Como a sociedade tem mudado, exigindo materiais cada vez mais 
duráveis e mais estéticos, a ciência dos materiais deve acompanhar essa 
mudança. 
Hoje, ao contrário de alguns anos atrás, é possível a restauração de um 
dente com porcelana pura (sem a presença de metal) em razão do 
desenvolvimento dessas porcelanas, tornando-as mais duras e resistentes. 
Introdução à Ciência dos Materiais 15 
Fernanda Panzeri 
Além disso, o grande avanço da Odontologia foi, sem dúvida, o 
desenvolvimento de uma liga de titânio capaz de não causar reação de 
rejeição aos tecidos, tornando possíveis os implantes dentais, o que de uma 
forma mais convincente vem confirmar que a ciência dos materiais evolui com 
a sociedade. 
Dentro das fundições odontológicas, os revestimentos, que são 
materiais denominados refratários, que formam moldes para receber o metal 
líquido e conformar restaurações, têm sido melhorados para proporcionar 
fundições mais precisas e de polimento mais fácil. A condição refratária é 
importante, pois qualifica o material como estável à altas temperaturas. 
Até no campo da cirurgia houve um avanço, com o desenvolvimento da 
hidroxiapatita sintética, que é um dos componentes químicos do osso. Ela é 
usada nos casos de grandes perdas ósseas por processos de reabsorção, 
como também nos casos de malformações faciais, como as fendas palatinas. 
Ela propicia uma formação óssea. 
Cirurgiões-dentistas e pesquisadores continuarão no século XXI em 
busca do “Cálice Sagrado” da Odontologia Restauradora, isto é, do material 
restaurador que tenha adesão permanente à estrutura dental, que 
esteticamente se combine com a estrutura dental que exiba propriedades 
similaresaos tecidos dentais e que inicie reparação tecidual. 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
ANUSAVICE, J. Padrões de performance para Materiais Dentários. In: ________ Materiais Dentários 
de Phillips. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1ª ed. 1998 p. 1-7. 
CRAIG, R. G. ed – Scope and history of restorative materials. In ________. Restorative Dental 
Materials. United States, Mosby, 10ª ed. 1996. p. 1-15. 
McCABE, J. F. & WALLS, A. W. G. – Science of Dental Materials. In: ________. Applied Dental 
Materials. London, Blackwell Science, 8ª ed. 1998. p. 1-3. 
VAN NOORT, R. – A historical perspective. In: ________ . Introduction to Dental Materials. London, 
Mosby, 1994. p. 5-10 
 
 
 
2 Propriedades Mecânicas dos Materiais 
Dentários 
Propriedades Mecânicas dos Materiais Dentários 17 
Fernanda Panzeri 
2.1 INTRODUÇÃO 
 
Como todos os materiais empregados pelo homem, os materiais 
odontológicos comportam-se de acordo com propriedades particulares a cada 
um, próprias dos mesmos e que permitem a eles reagir de modo característico 
aos estímulos externos. Quando esticamos um fio ou uma borracha, eles se 
comportam de maneiras diferentes. O fio irá se modificar, mas essa mudança 
será tão pequena que será difícil perceber. Por outro lado, a borracha se 
alongará rapidamente e poderá, até, dobrar de comprimento. 
Para entendermos melhor essas propriedades, devemos conhecer 
primeiro alguns conceitos fundamentais da estrutura da matéria. 
 
2.2 ESTRUTURA DA MATÉRIA 
 
Matéria pode ser definida como um corpo que tem massa e ocupa um 
lugar no espaço e toda matéria pode ser concebida como sendo formada por 
um conjunto de pequenas partes até formar estruturas maiores. Essas 
unidades estruturais são os átomos. 
Os elementos químicos conhecidos são representados por átomos e 
apresentam características próprias que os distinguem uns dos outros. Com 
exceção dos gases inertes, os elementos químicos nunca são encontrados em 
estado estável individualmente como átomo. Em geral, são encontrados em 
grupos de dois ou mais átomos devido às forças de atração ou de coesão 
entre eles, o que faz com que a distância entre eles seja diminuída, de modo a 
permitir uma aproximação. Quando dessa aproximação poderão resultar na 
constituição de moléculas, cristais e líquidos. 
De acordo com as associações entre os átomos e/ou moléculas, a 
matéria pode encontrar-se em um dos três estados físicos conhecidos: sólido, 
líquido e gasoso. Os sólidos diferenciam-se dos líquidos e gases por 
apresentarem forma e volume definidos, em determinadas temperaturas. Esta 
diferença é devida a uma variação na energia cinética dos átomos 
constituintes dos mesmos; no caso dos sólidos, o movimento das partículas 
que o constituem é mínimo, falando-se que há relativa imobilidade das 
mesmas. 
2.3 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ODONTOLÓGICOS 
 
As propriedades dos materiais odontológicos podem ser classificadas 
em propriedades físicas, propriedades mecânicas, propriedades químicas, 
propriedades biológicas, propriedades estéticas e propriedades diversas. 
 
2.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS: 
 
Propriedades Mecânicas dos Materiais Dentários 18 
Fernanda Panzeri 
O estudo das propriedades mecânicas implica no exame das relações 
entre um corpo, constituído de determinado material, e as forças que atuam 
sobre o mesmo, assim como as conseqüências dessas relações. 
Obviamente, diferentes materiais respondem diferentemente à aplicação 
dessas forças. Então, como poderemos comparar o desempenho dos materiais 
em diferentes aplicações? Para isso, precisamos de algum padrão de 
comparação que é independente de tamanho e forma do material. Tendo um 
padrão, é possível comparar as propriedades dos diferentes materiais e prever 
o comportamento dos objetos. 
As bases para tal padrão objetivo são as propriedades chamadas 
tensão e deformação. A descrição das propriedades mecânicas dos materiais 
está baseada nelas. 
 
2.4.1 Tensão e Deformação: 
 
Se tentarmos afastar, por meio de uma força externa ou carga, um 
átomo do seu retículo espacial, haverá uma reação de todo o conjunto, e que 
tende a manter o mesmo em posição, ou o faz voltar à posição primitiva 
existente antes da aplicação da força externa. Disto se deduz que as partículas 
constituintes de um corpo reagem à ação de uma força externa, por uma 
reação que é chamada tensão. 
Então, quando uma força externa, a força peso, por exemplo, atua sobre 
um corpo, provoca uma reação de igual magnitude e de direção contrária 
chamada de tensão. Tensão é a força interna que se opõe à força externa, 
também chamada de carga. Pode-se definir a tensão como a intensidade da 
força interna, ou componente de força, que atua sobre um plano determinado 
(área). 
Desta forma, quando o dentista coloca uma coroa de liga de ouro em um 
dente, ele sabe que quando o paciente morde sobre ela, haverá um 
deslocamento de átomos em função da reação que o material apresenta à 
carga mastigatória. Mas o interesse real do dentista é na reação total que esta 
coroa irá apresentar durante o seu uso clínico. Assim, o que lhe interessa é 
saber se houve mudança da forma ou se essa coroa fraturou devido às cargas 
a que ficou exposta. 
Conforme a magnitude da carga ou tensão correspondente, poderá a 
mesma superar ou não a oposição dos átomos. Se a reação à carga, por meio 
da tensão, for superada, teremos o aparecimento de deformações. 
Deformação de um corpo é a alteração de suas dimensões, por unidade de 
dimensão (dimensão total). 
As cargas são inicialmente insuficientes, em magnitude, para provocar 
deformações do corpo. Com o aumento na magnitude dessa carga, haverá o 
aparecimento de deformações, o que indica que a reação interna foi superada. 
As deformações poderão ser de dois tipos: 
Elásticas: quando desaparecem pela remoção das forças que a 
produziu, o que deixa implícito o retorno do corpo às dimensões existentes 
antes da aplicação da carga, bem como o restabelecimento das distâncias que 
havia entre os átomos. 
Propriedades Mecânicas dos Materiais Dentários 19 
Fernanda Panzeri 
Plásticas ou Permanentes: São as deformações residuais da estrutura, 
ou que se verificam após cessar a ação da força externa que as produziu. 
 
Tipos de tesões e deformações 
 
Em relação à direção, as tensões podem ser classificadas em 3 tipos. 
Se as cargas forem axiais (no sentido do longo eixo) e aplicadas nos 
extremos do corpo, numa mesma direção, porém em sentidos divergentes, 
tendendo a distender o corpo, as cargas serão ditas de tração e as tensões 
induzidas no corpo chamadas de tensões de tração (Fig. 2-1). 
Se as cargas forem aplicadas de modo a tenderem comprimir o corpo, 
as cargas serão chamadas de compressão, e as tensões induzidas pelas 
mesmas serão chamadas de tensões de compressão (Fig 2-2) 
Se as cargas forem aplicadas de modo a provocar uma torção da 
substância, como é o caso das forças aplicadas em um corpo em sentido 
contrário e em direções diversas, ter-se-á a indução de tensões de torção, 
comumente chamadas de tensões de cisalhamento (Fig 2-3). 
Na realidade, as tensões de tração, de compressão e de cisalhamento 
apresentam-se geralmente em conjunto, sob a forma de tensões complexas, 
como é o caso das próteses fixas, quando em função na mastigação (Fig 2-4). 
Relações entre tensão e deformação 
 
Tensão e deformação não são propriedades independentes ou não-
relacionadas, mas estão intimamente ligadas e podem ser vistas como um 
exemplo de causa e efeito. 
Limite de Proporcionalidade 
 
Segundo a Lei de Hooke, as tensões são diretamente proporcionais às 
deformações durante as deformações elásticas. Então, quando se aplica uma 
carga a um material, este deverá apresentar uma deformação proporcional à 
carga. Porém, há um momento em que a carga atinge um nível em quea 
deformação deixará de ser proporcional para ser progressivamente maior. Isso 
ocorre quando é atingido o limite de proporcionalidade do material. 
O limite de proporcionalidade pode ser definido, então, como a maior 
tensão capaz de ser suportada por uma estrutura até a qual as tensões sejam 
proporcionais às deformações respectivas. 
 
Propriedades Mecânicas dos Materiais Dentários 20 
Fernanda Panzeri 
 
 
Figura 2-1 - Tensão de tração: Mesma 
direção e sentidos divergentes 
 
 
Figura 2-2 - Tensão de compressão: 
Mesma direção e sentidos convergentes 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2-3 - Tensões de cisalhamento: Direções diversas e sentido contrário 
 
 
 
Figura 2-4 - Tensões Complexas: Ao mesmo tempo em que há tensão de compressão, 
há de tração 
 
 
Se agirmos de modo inverso, ou seja, libertando um material de 
tensões, após cada incremento destas, verifica-se que as deformações, até 
Propriedades Mecânicas dos Materiais Dentários 21 
Fernanda Panzeri 
determinado ponto são elásticas, isto é, recupera suas dimensões originais. 
Verifica-se, porém, que ultrapassada uma tensão determinada, a recuperação 
não será total, ou seja a elasticidade não é completa e o material apresenta 
deformações plásticas ou permanentes. Esta tensão máxima, além da qual a 
recuperação do material não é total, advindo à deformação permanente, 
determina o limite de elasticidade, podendo ser definido como a tensão 
máxima capaz de ser suportada por uma substância de modo que, removida a 
carga, o material retorne às suas dimensões originais. 
Deve-se lembrar, a esta altura, o conceito inadequado que muitos têm 
relativamente à elasticidade. Que seria mais elástico: o aço ou a borracha? O 
aço. Sim, pois o limite de elasticidade do aço é maior que o da borracha. 
Substância elástica é pois aquela capaz de resistir à ação de tensões de 
considerável magnitude, sem deformar-se permanentemente. 
Flexibilidade é a propriedade apresentada por determinadas 
substâncias, de ser possível de grandes deformações elásticas, com tensões 
de magnitude relativamente pequena. Daí dizer-se que a borracha é mais 
flexível que o aço. 
Para aumentar o entendimento do conceito de elasticidade e verificar o 
que ela significa para dois materiais que apresentam elasticidades diferentes, 
imagine-se duas molas como as da Fig 2-5, sendo uma mais rígida do que a 
outra. A mola 2 é mais rígida do que a mola 1; assim, quando as duas são 
submetidas a cargas iguais, a mais rígida é estendida em menor quantidade. 
Dobrando-se a quantidade da carga, as molas estendem-se o dobro. 
Triplicando a carga, estendem-se o triplo. Dessa forma, podemos ver que, 
independente da carga aplicada para cada mola, a proporção de extensão é a 
mesma, para cada mola. Entretanto, as deformações das duas molas são 
diferentes. Isso porque uma é mais elástica do que a outra. 
 
Módulo de Elasticidade 
 
A relação entre a Tensão e a Deformação, para o intervalo de tensões 
que vai até o limite de proporcionalidade é conhecida como Módulo de 
Elasticidade. Ela pode ser definida como: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclui-se que quanto menor for a deformação para uma determinada 
tensão, maior será o valor do módulo de elasticidade. Quando você tem um 
baixo módulo de elasticidade, isso é uma característica de um material flexível, 
ou seja, uma tensão aplicada produziu uma grande deformação. Já quando se 
tem um módulo de elasticidade alto, temos um material elástico, pois uma 
tensão aplicada produziu uma pequena deformação. 
E
 = 
E
E = 
deformação 
tensão 
Propriedades Mecânicas dos Materiais Dentários 22 
Fernanda Panzeri 
 
 
Figura 2-5 - Diferença de elasticidade em duas molas com rigidez diferente 
 
Dois materiais poderão apresentar limite de proporcionalidade idêntico, 
porém módulo de elasticidade diverso. Considere-se, a título de exemplo, dois 
materiais A e B, pelo exame do gráfico representado na Fig 2-6. Aplicando-se 
a fórmula do módulo de elasticidade, verifica-se que: 
 
Módulo de Elasticidade de A = 15.000/1 = 15.000 
Módulo de Elasticidade de B = 15.000/3 = 5.000 
 
Verifica-se, assim, que A é mais elástico que B, pois apresenta maior 
módulo de elasticidade. A flexibilidade máxima é diretamente proporcional ao 
limite de proporcionalidade e inversamente proporcional ao módulo de 
elasticidade; quanto menor este, maior a flexibilidade. 
Propriedades Mecânicas dos Materiais Dentários 23 
Fernanda Panzeri 
 
 
Figura 2-6 - Diferença no módulo de elasticidade 
 
 
Até agora, a discussão prendeu-se às forças mecânicas que eram 
aplicadas de forma constante e por um período de tempo arbitrário e longo 
(forças estáticas). Nos dentes, durante a mastigação, não é este o tipo de 
força atuante. Assim, ela perdura por alguns momentos e é criada devido ao 
movimento da mandíbula sobre a maxila (forças dinâmicas). Quando da ação 
de tensões dinâmicas, propriedades outras são ainda exigidas da estrutura em 
questão. 
 
Resiliência 
 
Resiliência é a quantidade de energia absorvida por uma estrutura 
quando sofre a ação de tensões não superiores ao seu limite de 
proporcionalidade. Quando um acrobata cai ou salta do trapézio para a rede, a 
energia de sua queda é absorvida pela resiliência da rede. 
A força responsável pela deformação de uma restauração dentária é 
aquela devida ao ato de mastigação e que atua sobre a estrutura do material 
restaurador. A magnitude de deformação desta estrutura será determinada 
pelas tensões induzidas. Na maioria das restaurações odontológicas, a 
presença de grandes deformações não é recomendada em função do perigo 
de provocar danos aos dentes. É por essa razão que o material restaurador 
deve mostrar uma certa resiliência para permitir que, mesmo quando 
submetido a tensões de magnitudes consideráveis, as deformações 
resultantes sejam muito limitadas. 
A resiliência está intimamente ligada ao impacto. 
 
Propriedades Mecânicas dos Materiais Dentários 24 
Fernanda Panzeri 
Impacto 
 
O termo impacto é usado para descrever a colisão de um objeto em 
movimento contra um parado. Como o processo de mastigação possui valores 
de velocidade e massa envolvidos, ele também pode ser considerado como 
uma situação de impacto. 
Sabe-se que um objeto em movimento possui uma quantidade 
conhecida de energia cinética. Se o objeto que recebe o impacto não se 
deforma permanentemente, ele deve ter a capacidade de armazenar a energia 
de colisão de uma maneira elástica. Esta habilidade é a resiliência. 
Há um ponto em que aplicando-se a carga de proporcionalidade, a 
deformação passa a ser imprevisível e se encaminha à fratura, estando na 
dependência de cada material. Nesse caso, as tensões não são mais 
proporcionais às deformações. Se a carga é removida em qualquer ponto, 
antes da fratura, a tensão resultante desta carga volta a ser zero. Porém, a 
deformação não é igual a zero. É por isto que se um fio ou outra estrutura for 
submetida àquela tensão, não retornará à suas dimensões originais. Neste 
caso, o fio ficaria dobrado, estirado ou deformado. 
Resistência 
 
Resistência é a tensão máxima necessária para fraturar uma estrutura. 
Ela pode ser chamada de resistência: à tração, à compressão ou ao 
cisalhamento, dependendo do tipo predominante de tensão envolvida. Uma 
outra denominação é a Tenacidade, ou seja, a propriedade de ser difícil de 
quebrar. 
A resistência à tração é conceituada como a tensão máxima que a 
estrutura pode suportar antes da sua fratura. Um material friável é aquele que 
tem pouca resistência. 
A resistência à tração pode ser avaliada por meio da ductilidade. Esta é 
a propriedade que apresentam certas substâncias de resistir a grandes 
deformações plásticas, quando sob tensões de tração. Substânciadúctil é, 
pois, aquela capaz de sofrer deformações permanentes, relativamente 
grandes, quando sob tensões de tração, sem fraturar-se (fios). 
Maleabilidade, por sua vez, é a propriedade de certos corpos resistirem 
a grandes deformações, quando sob a ação de tensões de compressão, sem 
que ocorra ruptura. Substância maleável é, pois, aquela capaz de apresentar 
grandes deformações permanentes, sob tensões de compressão, sem fraturar-
se. 
A ductilidade indica a causa, o motivo da fratura de uma prótese fixa, 
prótese removível ou restauração metálica fundida. A falta de ductilidade, 
antes que possa ocorrer a fratura é que nos diz a causa desta. A substância 
dúctil deforma-se consideravelmente antes que ocorra a fratura, o que poderá 
constituir um inconveniente, desde que uma deformação irá provocar uma 
alteração na oclusão da prótese, deslocando o equilíbrio de forças entre os 
dentes. Por outro lado, essa propriedade será importante quando da 
necessidade de adaptar ou contornar um grampo de prótese removível, um fio 
de ortodontia, que são situações em que se exige deformações maiores do 
Propriedades Mecânicas dos Materiais Dentários 25 
Fernanda Panzeri 
que a correspondente ao limite convencional de escoamento. Assim, se a 
substância for dúctil irá deformar-se, porém não fraturará. 
A fragilidade é considerada o oposto da resistência. Assim, por 
exemplo, o vidro é friável à temperatura ambiente, já que ele não se dobra 
apreciavelmente sem fraturar-se. Em outras palavras, um material frágil tende 
a se fraturar próximo ao seu limite de proporcionalidade. As substâncias frágeis 
deformam-se pouco antes que ocorra a fratura. 
 
Fadiga 
 
Caso o material seja submetido a cargas cíclicas ou repetidas, com 
valores de tensão bem abaixo daqueles correspondentes à resistência limite, 
eles podem produzir falhas na estrutura. Este tipo de falha é a fadiga. Durante 
o ato da mastigação, centenas de tensões cíclicas também são induzidas a um 
material restaurador. 
Dureza 
 
Dureza é uma propriedade de conceituação difícil. Pode ser interpretada 
como a resistência à deformação permanente, ou a resistência à penetração, a 
resistência ao corte ou a ser riscado, ou ainda resistência ao desgaste. 
Em odontologia, a dureza baseia-se mais na resistência à penetração, 
apesar dessa grandeza ser freqüentemente usada para definir a habilidade de 
um material em resistir à abrasão. Entretanto, a abrasão excede este tipo de 
definição, pois seu mecanismo é complexo e envolve a interação de 
numerosos fatores. A resistência à abrasão de materiais deve ser verificada 
dentro de uma mesma classificação, como por exemplo a de uma marca de 
cimento com outra do mesmo tipo.. 
Existem muitos testes para a dureza da superfície (Fig 2-7). A grande 
maioria está baseada na capacidade do material de resistir à penetração de 
uma ponta com carga específica. Quanto maior a penetração da ponta, menor 
a dureza; quanto menor a penetração, maior a dureza. 
 
Brinell Knoop Vickers 
Figura 2-7 - Esquemas representativos dos diversos testes de Dureza 
Propriedades Mecânicas dos Materiais Dentários 26 
Fernanda Panzeri 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
CRAIG, R. G. ed – Mechanical Properties. In ________. Restorative Dental Materials. United States, 
Mosby, 10ª ed. 1996. p.56-103. 
McCABE, J. F. & WALLS, A. W. G. – Properties used to characterize materials. In: ________. Applied 
Dental Materials. London, Blackwell Science, 8ª ed. 1998. p. 5-15. 
O’BRIEN, W. J. – Physical Properties In: ________ Dental Materials and their Selection. Chicago, 
Quintessence Books, 2ª ed, 1997 p. 13-17. 
VIEIRA, D. F. – Propriedades Mecânicas In: ________ . Propriedades dos Materiais Odontológicos. 
São Paulo, EDUSP, 1ª ed, 1965 p. 3-89. 
 
 
 
3 Propriedades Físicas dos Materiais 
Dentários
Propriedades Físicas 28 
Fernanda Panzeri 
 
3.1 REOLOGIA 
 
Até o momento, a discussão das propriedades dos materiais usados em 
odontologia foram relacionadas com as substâncias sólidas submetidas aos 
vários tipos de tensões. Entretanto, muitos destes materiais são líquidos em 
algum estágio de sua aplicação odontológica. Além do mais, o sucesso ou 
falha de um determinado material está na dependência de suas propriedades 
no estado líquido, tanto quanto de suas propriedades no estado sólido. Assim, 
mais tarde, iremos estudar materiais, como cimentos e materiais de moldagem, 
que se transformam de líquido em sólido na boca. Já os gessos usados na 
fabricação de modelos e troquéis, além das ligas para fundição, são materiais 
que são convertidos em líquidos para depois formar estruturas sólidas fora da 
boca. Materiais amorfos, como as ceras e as resinas, que aparentam ser 
sólidos, nada mais são do que líquidos super-resfriados que se deformam em 
função da plasticidade ou escoamento sob a presença de tensões pequenas e 
aplicadas gradualmente. Finalmente, existem materiais que são usados como 
líquidos, como é o caso das pastas profiláticas, dos dentifrícios e das soluções 
e géis para condicionamento ácido do esmalte. A maneira pela qual estes 
materiais deformam ou escoam quando submetidos a tensões é muito 
importante para o seu uso em odontologia. 
A reologia é o estudo do escoamento dos materiais. 
Um estudo das propriedades reológicas dos líquidos ou pastas, 
normalmente envolve a medida da viscosidade. 
A viscosidade é uma medida da consistência de um fluido e sua 
inabilidade para escoar. Assim, um material de pouca viscosidade requer 
somente uma pequena pressão para produzir um alto escoamento, enquanto 
um material mais viscoso requer uma pressão maior para produzir um pequeno 
escoamento. Um fluido altamente viscoso escoa vagarosamente devido à sua 
alta viscosidade. Este conceito é familiar para qualquer pessoa que compara 
as propriedades do escoamento da água com aquelas do melaço. 
Existem materiais que se comportam de forma diferente em relação à 
viscosidade, como mostra a Fig 3-1. 
A viscosidade de substâncias que têm uma relação linear entre a força 
de tensão e deformação são chamadas de Newtonianas. Esse comportamento 
ocorre com a água, que é tido como padrão. Quando viramos um copo com 
água, ela escoa proporcionalmente à velocidade de movimentação do copo. 
Alguns materiais dentários exibem um comportamento pseudoplástico. 
Suas viscosidades diminuem com o aumento da velocidade de deformação por 
cisalhamento. Esse comportamento é característico da massa de bolo. Quanto 
mais rápido batemos o bolo, mais fácil e mais homogênea fica a massa. 
Os líquidos que apresentam uma tendência contrária são chamados 
dilatantes. Eles tornam-se mais rígidos quando a velocidade de deformação 
aumenta. É o caso da clara que é batida em neve. Quanto mais batemos a 
clara, mais firme ela fica. 
 
Propriedades Físicas 29 
Fernanda Panzeri 
 
Figura 3-1 - Gráfico Tensão/Deformação para fluidos exibindo diferentes tipos de 
comportamento reológico 
 
Finalmente, alguns tipos de materiais comportam-se como corpos 
rígidos até que se atinja um valor mínimo de tensão de cisalhamento. Estas 
substâncias são chamadas de plásticos. O catchup é um exemplo bastante 
conhecido, pois é necessária uma batida forte no fundo da garrafa para que a 
massa de tomate escoe. 
No caso dos materiais odontológicos, comportamentos newtonianos e 
pseudoplásticos são comumente encontrados, enquanto que dilatantes são 
mais raros. 
A viscosidade dos materiais sofre também a influência da temperatura. 
A viscosidade da maioria dos líquidos diminui rapidamente com o aumento da 
temperatura. Ela também está na dependência de deformações prévias do 
líquido e, neste caso, eles são conhecidos como tixotrópicos. As pastas 
dentais para profilaxia são usualmente tixotrópicas. Se elas forem agitadas 
rapidamente e medir-se asua viscosidade, será obtido um valor inferior àquele 
que se obteria se o material fosse deixado em repouso por várias horas. 
 
3.1.1 Elasticidade e Viscoelasticidade: 
 
Quando o material recebe uma carga e após a remoção dela recupera a 
sua dimensão original, ele é elástico. Porém, se a recuperação dessa posição 
é lenta, ou se um grau de deformação permanente persiste, o material é 
viscoelástico. 
Para explicar esse comportamento, utilizamos modelos envolvendo o 
uso de molas e uma sanfona (Fig 3-2). Quando uma mola, que representa um 
material elástico, é fixada por um lado e uma carga é aplicada no outro, torna-
se imediatamente estendida. Quando a carga é removida, ela imediatamente 
recupera seu tamanho. Esse comportamento é análogo àquele do material 
perfeitamente elástico. 
Quando uma carga é aplicada a uma sanfona, que representa um 
material viscoso, ela se abre vagarosamente, sendo que a deformação ocorre 
em função do tempo em que a carga é aplicada. Quando a carga é removida, a 
sanfona permanece aberta e nenhuma recuperação ocorre. Quando esses 
Propriedades Físicas 30 
Fernanda Panzeri 
materiais são colocados em série, a aplicação da força causa a extensão 
imediata da mola, seguida pela abertura vagarosa da sanfona. Com a remoção 
da carga, a mola recupera seu comprimento original, mas a sanfona 
permanece distorcida. A quantidade da distorção depende da carga aplicada e 
do tempo que a carga permanece aplicada. 
Quando a mola e a sanfona são colocadas em paralelo, a aplicação da 
carga causa a abertura vagarosa da mola sobre o efeito amortecedor da 
sanfona. Após a remoção da carga, a sanfona e a mola vagarosamente 
recuperam sua posição original sobre a influência elástica da mola, amortecida 
pela sanfona. 
Alguns materiais odontológicos apresentam as características das 
ligações em paralelo e outros com ligações em série. 
 
3.2 COR 
 
As discussões precedentes sobre as propriedades físicas dos materiais 
foram baseadas naquelas que são necessárias para permitir a restauração da 
função, de um dano ou da perda de tecidos naturais. Entretanto, um outro 
objetivo importante na odontologia moderna é restaurar a cor e a aparência da 
dentição natural. Por isso, considerações estéticas em odontologia 
restauradora e protética assumiram uma grande prioridade. 
A restauração do dente humano tem se movido do campo puramente 
funcional para o estético. Podemos definir estética como a arte do 
imperceptível, quando procuramos duplicar ou harmonizar com neutralidade 
um dente artificial, ou fazer a restauração de dentes perdidos. Muitos 
pacientes hoje procuram um nível de restauração para seus dentes onde é 
virtualmente impossível detectar que o dentista interveio. Conseqüentemente, 
as propriedades óticas dos materiais que são selecionados e usados pelos 
dentistas tem se tornado de grande importância. Infelizmente, os profissionais, 
diante da demanda por trabalhos estéticos e os grandes e rápidos avanços 
dos materiais estéticos, enfrenta enorme carência de informações, sobretudo 
no campo da cor. 
A luz é uma forma de radiação eletromagnética que pode ser detectada 
pelo olho humano. Ele é sensível a comprimentos de onda que vão de 
aproximadamente 400 nanômetros (violeta) até 700 nanômetros (vermelho-
escuro). A combinação de intensidade de comprimentos de onda presentes no 
feixe de luz determina a propriedade usualmente chamada de cor. 
Para que um objeto seja visível, ele deve emitir luz ou então refletir ou 
transmitir a luz incidente proveniente de uma fonte externa. Este último tipo é o 
caso dos objetos que têm interesse odontológico. A luz incidente é de maneira 
usual policromática, ou seja, uma mistura de vários comprimentos de onda. A 
reação de um objeto à luz incidente é absorver e/ou difundir certos 
comprimentos de onda de uma maneira seletiva. 
 
Propriedades Físicas 31 
Fernanda Panzeri 
 
 A B 
 C 
 
D 
Figura 3-2 - Representação de uma situação de viscoelasticidade. A) Mola - material 
elástico. B) Sanfona com líquido viscoso - material viscoso. C) Mola e sanfona em série. 
D) Mola e sanfona em paralelo 
 
A luz incide no olho e direciona-se para a retina e é convertida em 
impulsos nervosos, os quais são transmitidos ao cérebro. Os sinais são 
processados para que seja produzida a percepção psicofisiológica da cor. 
Dimensões da cor : Assim como as formas físicas apresentam 3 
dimensões (comprimento, largura e profundidade), quantitativamente, a cor é 
descrita em função de 3 atributos tridimensionais específicos e que são 
definidos como Matiz, Luminosidade e Saturação (Figs 3-3 a 3-5). 
O matiz é uma característica comumente associada pelo leigo à cor do 
objeto; assim, por exemplo, ele pode ser vermelho, azul ou verde. Ele está na 
dependência do comprimento de onda dominante. É uma sensação. Para que 
a cor exista, um observador (vivo ou mecânico) deve perceber esta sensação. 
As cores podem ser divididas em tonalidades claras ou escuras. Esta 
claridade, que pode ser medida independentemente do matiz, é chamada de 
luminosidade. Esta é uma propriedade acromática – com ausência de qualquer 
matiz – e pode ser simplesmente definida como brancura ou negrume. A 
pessoa precisa apenas observar a televisão em branco e preto para 
compreender que a percepção de uma cena é possível apenas com a 
dimensão intensidade. Por exemplo, se um bonito campo for visto em uma 
Propriedades Físicas 32 
Fernanda Panzeri 
televisão em branco e preto, as árvores serão percebidas apenas como 
matizes de cinza, mas todas as formas podem ser reconhecidas e 
compreendidas acromaticamente. 
O terceiro atributo da cor representa o grau de concentração de um 
matiz em particular e é chamado de saturação ou croma. Por exemplo: se em 
um copo com água for adicionada uma gota de substância de cor verde, esta 
água apresentará uma leve aparência verde. Conforme sucessivas gotas vão 
sendo adicionadas, o matiz não varia, se todas as gotas procedem da mesma 
fonte de corante, o meio torna-se progressivamente saturado, isto é, o croma 
aumenta. Quanto maior for a saturação, mais pura e intensa é a cor. A 
saturação não existe isoladamente, ela está sempre associada ao matiz e à 
luminosidade. 
A cor de um objeto pode ser modificada por fatores diferentes do matiz e 
da saturação. A luminosidade, por exemplo, está relacionada com o grau de 
opacidade, translucidez e transparência de uma estrutura. Vejamos, então, o 
significado dessas propriedades: 
Opacidade: É a propriedade que previne a passagem de luz, por 
exemplo, quando um objeto reflete a totalidade das cores do espectro, contida 
em uma fonte de luz branca, na mesma intensidade que a recebida, este 
objeto aparecerá branco. Se todas as cores forem absorvidas igualmente, o 
objeto aparecerá preto. 
Translucidez: É a propriedade que permite a passagem da luz com 
alguma distorção, de maneira que um objeto colocado atrás do material não 
pode ser visto claramente. 
Transparência: Permite a passagem da luz com pouca ou nenhuma 
distorção, favorecendo a visualização através do material. 
Clinicamente, em procedimentos operatórios ou em um laboratório de 
prótese, a reprodução da cor de um dente é feita utilizando-se escalas de 
cores. Elas indicam ao técnico e ao dentista uma determinada cor, a fim de 
que eles possam fazer as misturas adequadas dos materiais com o intuito de 
reproduzir a cor escolhida inicialmente. 
3.3 PROPRIEDADES TÉRMICAS 
 
Quando um paciente toma uma xícara de chá ou toma um sorvete, a 
diferença de temperatura envolvendo os dentes pode ser pronunciada. A polpa 
de dente pode reagir severamente se não estiver protegida dessas 
temperaturas que diferem grandemente da temperatura normal de 37°C. 
Quando colocamos uma restauração, coroa, ponte ou prótese, deve-se tomaro 
cuidado de proteger a polpa dos extremos da temperatura. Portanto, as 
propriedades térmicas dos materiais dentários necessitam ser consideradas. 
Propriedades Físicas 33 
Fernanda Panzeri 
 
 
 
Figura 3-3- Matiz 
Figura 3-4 - Luminosidade 
Figura 3-5 - Saturação 
Propriedades Físicas 34 
Fernanda Panzeri 
 
O calor transferido através de substâncias sólidas ocorre comumente 
devido a um processo chamado condução. A condutibilidade térmica é uma 
medida termofísica de quanto calor é transferido através de um material 
através da condução. O coeficiente de condutibilidade térmica é medido 
determinando-se a quantidade de calor, em calorias por segundo, que passa 
através de um corpo de prova com 1 cm de espessura e que apresente uma 
área de seção transversal de 1 cm². Quanto maior for o valor obtido, maior 
será a capacidade da substância de transmitir energia e vice-versa. A 
difusibilidade térmica dos materiais controla o tempo que a mudança de 
temperatura leva para passar através de um material. 
Embora a condutibilidade térmica do óxido de zinco e eugenol ser 
menor que a da dentina, sua difusibilidade é mais que o dobro da dentina. 
Na boca, existe um estado instável de transferência de calor durante a 
ingestão de alimentos sólidos e líquidos que se encontram frios ou quentes. A 
dentina e o esmalte são isolantes térmicos efetivos. Apesar disto, deve-se 
lembrar que, como acontece com qualquer isolante térmico, a estrutura 
dentária tem que apresentar uma espessura suficiente para ser um isolante 
térmico efetivo. Quando a camada de dentina entre o assoalho da cavidade e 
a polpa é fina, ele perde muita capacidade isolante. 
A baixa condutibilidade térmica do esmalte e da dentina diminui a ação 
dos choques térmicos provocados pela ingestão de alimentos frios e quentes, 
e que resulta em uma sensibilidade dolorosa. Entretanto, a presença de 
restaurações de qualquer tipo tendem a alterar esta situação. Muitos materiais 
restauradores são metálicos, que são ótimos condutores térmicos, o que pode 
constituir uma agressão à polpa, em decorrência das mudanças térmicas a que 
será submetida. 
Por outro lado, o dente artificial é preso a uma base de dentadura, a 
qual é confeccionada com resina acrílica, que é má condutora térmica. Em 
uma dentadura superior, esta base cobre, usualmente, a região do palato. Sua 
baixa condutibilidade térmica impede a troca de calor entre os tecidos moles e 
o restante da cavidade oral. Com isto, o paciente perde a sensibilidade ao frio 
ou ao calor quando está comendo ou bebendo. 
Uma propriedade igualmente importante para o dentista é o coeficiente 
de expansão térmico linear. Ele é definido como a alteração no comprimento 
por unidade de comprimento de um material, quando a temperatura é elevada 
ou abaixada em 1 grau. Um exemplo da importância dessa propriedade em 
odontologia seria o caso de uma restauração dentária expandir ou contrair 
mais que o dente, durante as alterações de temperatura. Se isto ocorresse, a 
restauração poderia sofrer infiltração pela contração ou soltar-se por uma 
expansão. 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
ANUSAVICE, J. Propriedades Físicas dos Materiais Dentários. In: ________ Materiais Dentários de 
Phillips. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1ª ed. 1998 p.18-27. 
McCABE, J. F. & WALLS, A. W. G. – Properties used to characterize materials. In: ________. Applied 
Dental Materials. London, Blackwell Science, 8ª ed. 1998. p. 5-22. 
 
 
 
4 Propriedades Biológicas dos Materiais 
Dentários 
Propriedades Biológicas 36 
Fernanda Panzeri 
4.1 INTRODUÇÃO 
 
A ciência dos materiais dentários tem a necessidade de acompanhar 
conhecer e apreciar certas considerações biológicas que estão associadas 
com a seleção e uso dos materiais a serem empregados na cavidade bucal. A 
resistência à deformação deixa de ser importante se o material injuria a polpa 
ou os tecidos moles. 
A maioria dos materiais dentários deve permanecer no ser humano por 
períodos de tempo curtos ou longos. Outros materiais são usados 
exclusivamente em laboratórios para a confecção de restaurações e 
dentaduras. Daí a necessidade do material ser biocompatível. 
O termo biocompatível é definido como “harmonioso com a vida e não 
possuindo efeitos tóxicos ou prejudiciais às funções biológicas”. Em geral, a 
biocompatibilidade é medida com base na citotoxicidade localizada, nas 
reações sistêmicas e no potencial alergênico e carcinogênico. 
Baseadas nesses critérios, as exigências para a biocompatibilidade dos 
materiais odontológicos são as seguintes: 
 Não devem ser prejudiciais à polpa nem aos tecidos moles; 
 Não devem conter substâncias tóxicas que possam ser liberadas 
e absorvidas pelo sistema circulatório causando reação 
sistêmica; 
 Devem ser livres de agentes que possam causar reações 
alérgicas; 
 Não devem ter potencial carcinogênico. 
 
Num sentido amplo, um biomaterial poderia ser definido como qualquer 
substância que não seja um medicamento que possa ser usado por qualquer 
período de tempo, como parte de um tratamento, estimulando a reparação de 
qualquer tecido, órgão ou função do corpo. 
Do ponto de vista geral, os materiais se enquadram na definição de 
biomateriais e sua biocompatibilidade, no que concerne aos tecidos orais, é 
um parâmetro que deve ser considerado para sua formulação e uso. Sob este 
aspecto, parece óbvio agora que o ambiente hospedeiro destes biomateriais é 
especial em função da presença de bactérias e outros detritos na cavidade 
bucal, além das propriedades corrosivas da saliva e de outros fluidos. 
Um outro ponto é que o material e o processo de fabricação ou uso não 
devem causar danos ao dentista, ao pessoal auxiliar ou ao técnico de 
laboratório. 
 
4.2 OS DENTES 
 
É extremamente importante o conhecimento das estruturas dentais, pois 
os materiais a serem aplicados a elas devem interagir de forma a restituir as 
funções mastigatórias, biológicas e estéticas. 
Os dentes do homem são órgãos de estrutura complicada que constam, 
em parte, de tecido duro contendo em seu interior a polpa dentária, rica em 
vasos e nervos. 
Propriedades Biológicas 37 
Fernanda Panzeri 
 
Fi
gu
ra
 4
-1
 - 
O
 D
en
te
 e
 s
ua
s 
es
tr
ut
ur
as
. A
) E
sm
al
te
 B
)D
en
tin
a 
C
) P
ol
pa
 
Propriedades Biológicas 38 
Fernanda Panzeri 
A massa principal do dente é constituída pela dentina. Esta, na zona 
dentária que aparece na boca, encontra-se recoberta por outro tecido duro e 
de origem epitelial chamado esmalte, enquanto que a parte oculta nos 
maxilares acha-se envolta pelo cemento, substância análoga ao osso e onde 
inserem-se as fibras conjuntivas que terminam nos maxilares (Fig. 4-1). 
A porção do dente recoberta pelo esmalte designa-se anatomicamente 
com o nome de coroa, chamando-se de raiz a que é envolvida pelo cemento. 
A polpa ocupa a cavidade de forma idêntica que o dente mostra 
externamente. Esta cavidade começa no ápice da raiz pelo orifício apical, 
continua ao longo de toda raiz formando o canal radicular e se amplia 
finalmente na coroa para formar a cavidade pulpar. 
 
4.2.1 O Esmalte 
 
O esmalte é o tecido mais calcificado e denso do corpo humano, 
consistente de milhões de cristais inorgânicos (hidroxiapatita) que, mantidos 
firmemente juntos, formam as unidades estruturais chamadas de prismas de 
esmalte (Fig. 4-1a). Essas unidades vão da junção dentina-esmalte até a 
superfície do esmalte. 
É composto também de 1% de material orgânico encontrado entre a 
estrutura cristalina e de 3% de água, que é contida dentro de pequeno, mas 
extenso, sistema poroso tornando o tecido permeável. O esmalte maduro é 
altamente mineralizado. 
 
4.2.2 A Dentina 
 
A dentina constitui a maior parte dodente. Como qualquer tecido vivo, 
ela consiste de células, que são especializadas e são chamadas de 
odontoblastos, e uma substância intercelular. Embora os corpos dos 
odontoblastos estejam situados na superfície pulpar da dentina, toda a célula 
pode ser considerada tanto biológica como morfologicamente como célula 
própria da dentina, pois seus prolongamentos estão embebidos na matriz 
mineralizada. Cada célula dá origem a um prolongamento, que atravessa a 
dentina calcificada para terminar numa ramificação em rede na junção com o 
esmalte ou cemento. 
A dentina é quimicamente composta de 70% de material inorgânico, 
20% de material orgânico e 10% de água. O material inorgânico consiste 
principalmente de hidroxiapatita e a fase orgânica é grandemente de colágeno. 
A característica principal da dentina é a presença de túbulos dentinários 
que passa por toda sua extensão (Fig 4-1b). Em todo o desenvolvimento do 
dente há, aproximadamente 45.000 túbulos dentinários por milímetro quadrado 
na superfície da câmara pulpar. Os túbulos formam uma rede e contém uma 
substância - o fluido dentinário - que pode contribuir para a sensibilidade da 
dentina como um tecido. A presença dos túbulos dentinários dá a propriedade 
de permeabilidade à dentina de forma que drogas e químicas presentes nos 
Propriedades Biológicas 39 
Fernanda Panzeri 
materiais restauradores podem penetrar através da dentina e prejudicar a 
polpa. 
A dentina apresenta uma qualidade viscoelástica que proporciona ao 
dente suficiente resiliência para prevenir fraturas do esmalte quando em 
função. 
 
4.2.3 A Polpa 
 
O único tecido mole rico em células conjuntivas que está circunscrito 
dentro da câmara pulpar é a polpa dentária. É um tecido mesenquimal 
constituído de fibroblastos, vasos, nervos e odontoblastos, de grande 
potencialidade na formação da dentina (Fig. 4-1c). 
A polpa é dividida em duas partes: a polpa coronária, que toma a forma 
da câmara pulpar, e a polpa radicular, que preenche os canais radiculares e 
estabelece contato com os tecidos moles periapicais. 
A polpa desempenha quatro funções importantes: 
 Formação de dentina 
 Nutrição da dentina 
 Sensorial 
 Protetora 
 
A polpa é responsável tanto pela formação de dentina fisiológica como 
pela formação de dentinas reparadora e esclerótica, através de um processo 
protetor. 
Se os processos odontoblásticos são expostos por um desgaste 
extenso, erosão, cáries ou procedimentos operatórios, a célula pode ser 
lesionada mais ou menos gravemente. Os odontoblastos lesionados podem 
degenerar e serem substituídos pela migração de células indiferenciadas das 
camadas mais profundas da polpa para a superfície dentinária, ou então, 
através de uma reação de defesa passam a formar uma dentina mais dura, 
diminuindo a permeabilidade na região injuriada. Esta dentina é conhecida 
como dentina reparadora. Aqui o curso dos túbulos é freqüentemente torcido, e 
seu número é muito reduzido. 
Estímulos de natureza diferente não somente induzem a formação 
adicional de dentina reparadora, como também levam a alterações na própria 
dentina. Os sais de cálcio passam a ser depositados nos processos 
odontoblásticos em degeneração ou ao redor deles e tendem a obliterar os 
túbulos numa forma de uma reação defensiva ainda mais potente da dentina. 
Essa dentina é mais densa e mais dura, que a dentina normal e é conhecida 
como dentina esclerótica. 
4.3 CAUSAS DE REAÇÕES PULPARES 
 
Muitos são os fatores que podem levar a uma manifestação de resposta 
às restaurações dentárias. As mais comuns são a formação de cárie 
secundária e a dor associada à sensibilidade pós-operatória. 
Propriedades Biológicas 40 
Fernanda Panzeri 
4.3.1 Microinfiltração 
 
Poucos materiais restauradores tradicionais usados em odontologia 
possuem adesão à estrutura dental. Desta maneira, existirá sempre um espaço 
microscópio entre a restauração e as paredes da cavidade a ser restaurada. 
Assim, os fluidos e detritos orais podem penetrar livremente na interface 
dente/restauração. 
Este fenômeno é conhecido como microinfiltração. Se a penetração 
interfacial (percolação) é severa, ocorre o crescimento bacteriano entre a 
restauração e as paredes cavitárias e, até mesmo, no interior dos túbulos 
dentinários. Os produtos tóxicos liberados por estes microrganismos produzem 
uma contínua irritação na polpa dentária. Felizmente, a dentina prevê um certo 
grau de proteção. Se a sua espessura é adequada, ela promove o isolamento 
térmico, além de impedir a penetração de produtos agressivos provenientes 
dos materiais restauradores ou da microinfiltração. Entretanto, quando se está 
em presença de cavidades profundas, nas quais a dentina remanescente tem 
espessura igual ou inferior a 2mm esse fato se torna muito perigoso. 
Existe também uma outra faceta que deve ser reconhecida. A dentina é 
uma estrutura dinâmica que possui uma constante movimentação de fluidos no 
seu interior. Qualquer alteração no conteúdo desse fluido ou no equilíbrio de 
sua pressão, também chamada de hidrodinâmica, pode resultar em uma 
reação pulpar. 
A câmara pulpar está sob uma constante pressão fisiológica. Essa 
pressão tende a forçar os fluidos dentinários para o interior dos túbulos 
dentinários. Caso haja alguma comunicação do meio externo com a polpa, a 
pressão na polpa se torna maior e o fluido dentinário escoa ao redor dos 
prolongamentos dos odontoblastos no interior dos túbulos, o que causa 
estimulação das fibras nervosas. 
 
4.3.2 Alterações térmicas 
 
As estruturas do dente e da restauração dentária estão continuamente 
expostas ao calor e ao frio advindos de alimentos sólidos e líquidos. A 
variação na temperatura durante uma refeição normal pode atingir valores tão 
altos como 65ºC. A condutibilidade térmica e o coeficiente de expansão 
térmico linear dos materiais restauradores são propriedades importantes para 
serem consideradas naquilo que respeita à saúde da polpa, bem como para 
minimizar a microinfiltração que ocorre como resultado das alterações cíclicas 
da temperatura. 
 
4.3.3 Galvanismo 
 
A presença de materiais metálicos diferentes em contato na cavidade 
oral gera a formação de uma corrente elétrica, conduzida pela saliva. Por 
Propriedades Biológicas 41 
Fernanda Panzeri 
exemplo, quando restaurações de ouro estão em oposição a restaurações em 
amálgama, há formação dessa corrente galvânica, produzindo irritação pulpar 
e o aparecimento de sensibilidade. 
Fica evidente que a polpa dental está sujeita a vários tipos de injúrias 
antes, durante ou após a restauração de um dente cariado. O dentista deve 
conhecer as causas das possíveis irritações e tomar os devidos cuidados nas 
várias etapas do uso, objetivando minimizar ou eliminar tais causas. 
O calor e a secagem durante o preparo cavitário podem causar injúria 
severa à polpa. Lesões também podem ocorrer devido à inserção de materiais 
restauradores. Elas estão relacionadas com a pressão de condensação, sendo 
exemplos as restaurações feitas com amálgama. Além disso, durante a 
cimentação de coroas, em razão da pressão hidráulica produzida, pode-se 
causar dano à polpa. Componentes dos materiais restauradores, ou aqueles 
de natureza química produzidos durante a presa, podem ser agressivos. Após 
a restauração, o choque térmico e o galvanismo podem causar 
hipersensibilidade. A penetração de bactérias ao longo da interface 
restauração/dente pode contribuir para a irritação pulpar e também para o 
aparecimento de cáries secundárias. 
Desta maneira, uma injúria pulpar que aparece durante ou após os 
procedimentos restauradores tem origem multifatorial. 
 
4.4 INFLUÊNCIA DA IDADE DO PACIENTE NA RESPOSTA PULPAR: 
 
Pacientes mais velhos têm menor reação do tecido pulpar do que 
pacientes jovens. Como os dentes permanentessofrem os efeitos da abrasão, 
erosão, cáries e procedimentos restauradores durante toda a vida, a polpa 
torna-se reduzida em tamanho devido à deposição de dentina primária, 
secundária e reparadora. 
Na idade de 55 anos, o volume do tecido pulpar é de 1/5 comparado 
com o volume da idade de 25 anos e contém somente 1/5 do seu volume 
sangüíneo e esse fator diminui a capacidade de cicatrização da polpa, ou seja, 
a polpa precisa de mais tempo para reagir a uma lesão ou resistir à uma 
infecção. 
 
4.5 TOXIDIDADE DO MERCÚRIO 
 
Por muitos anos houve uma controvérsia com relação a 
biocompatibilidade das restaurações de amálgama devido à presença de 
mercúrio em sua composição. 
Menos de 0.01% de mercúrio é absorvido. Entretanto, ele tem uma alta 
pressão de vapor. Entre 65% e 85% do vapor de mercúrio que é inalado 
deposita-se no corpo, tomando-se muito mais perigoso ao profissional. 
Muito da confusão associada com a toxicidade do amálgama ocorre da 
ignorância dos sinais e sintomas do envenenamento pelo mercúrio. A dor de 
cabeça, um dos sintomas mais freqüentemente reclamados para a remoção da 
Propriedades Biológicas 42 
Fernanda Panzeri 
restauração de amalgama, não é um sintoma do envenenamento por mercúrio. 
Os sintomas são fraqueza, fadiga, anorexia, perda de peso, insônia, 
irritabilidade e tremores na extremidade. 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
FERRACANE, J. L. – Characteristics of Materials. In: ________ . Materials in Dentistry. 
Principles and Applications. Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 1995. p. 34-36. 
GALAN Jr., J – Estrutura Dental In: ________ . Materiais Dentários. São Paulo, Livraria 
Santos, 1ª ed, 1999 p. 19-25. 
PHILLIPS, R. W. – Considerações Biológicas no uso dos Materiais Dentários. In: ________ . 
Materiais Dentários de Skinner. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 9ª ed, 1993 p. 35-39. 
 
 
 
Fernanda Panzeri 
5 Gessos Odontológicos
Gessos 44 
Fernanda Panzeri 
5.1 INTRODUÇÃO 
 
 
O gesso (ou gipsita) é um mineral que é extraído em várias partes do 
mundo. Diferentes formas de gesso foram usadas por vários séculos na área 
da construção. Os alabastros usados na construção do Rei Salomão, de fama 
bíblica, foram feitos a partir de uma forma de gesso. Produtos à base de gesso 
são largamente usados na indústria, e praticamente todas as casas e edifícios 
têm componentes de gesso. 
O gesso é usado na odontologia para a obtenção de modelos de estudo 
das estruturas orais e maxilo-faciais e como importante auxiliar nas fases 
laboratoriais para a construção de próteses. Vários tipos de gesso são usados 
para a obtenção de modelos, nos quais próteses e restaurações são 
construídas. Quando o gesso é misturado à sílica, forma-se um produto 
conhecido como Revestimento, que é utilizado na obtenção de restaurações 
fundidas em metal e será discutido posteriormente. 
Quimicamente, este mineral, usado para fins odontológicos, é 
basicamente um sulfato de cálcio diidratado (CaSO4 . 2 H2O). 
 
5.2 OBTENÇÃO DO GESSO 
 
O gesso é obtido através da calcinação da gipsita. Comercialmente, a 
gipsita é triturada e submetida a temperaturas que variam entre 110 e 120 °C 
com o objetivo de retirar parte da água da cristalização. Como a temperatura é 
elevada, a água remanescente da cristalização é removida e forma-se o 
sulfato de cálcio hemidratado [(CaSO4) 2 . H2O], que é o principal constituinte 
do gesso comum e dos gessos pedra. 
Dependendo do método de calcinação, pode-se obter diferentes formas 
do hemidrato. 
Se a gipsita é aquecida no forno ambiente aberto a temperaturas 
indicadas, a reação resultará na formação cristalina de um hemidrato 
conhecido como β-hemidrato (Gesso Paris ou Comum). Esses cristais são 
caracterizados por sua forma esponjosa e irregular, o que contrasta com 
aquela dos cristais do α-hemidrato (gesso pedra), os quais são mais densos e 
apresentam formas prismáticas mais definidas. 
Diferentes procedimentos podem ser empregados para a obtenção do 
α-hemidrato. Os produtos deste processamento são os principais constituintes 
do gesso-pedra que, nas suas diferentes formas, são utilizados na construção 
de modelos e troquéis. 
Essas diferenças entre o α e o β-hemidrato são resultantes dos 
diferentes tamanhos dos cristais, de sua área de superfície e da perfeição da 
grade espacial. 
O produto obtido com o α-hemidrato é mais duro e resistente do que 
aquele resultante da reação do β-hemidrato. A razão principal desta diferença 
é que o pó do α-hemidrato requer menor quantidade de água para o processo 
Gessos 45 
Fernanda Panzeri 
de mistura que aquela necessária ao β-hemidrato. O β-hemidrato requer mais 
água para umedecer as partículas do pó, pois os cristais são mais irregulares 
em seu formato e mais porosos nas suas características físicas. 
A diferença nas densidades relativas dos produtos de α e β-hemidrato 
pode ser vista medindo quantidades iguais em peso dos 3 tipos de gesso e 
colocando-os em cilindros graduados. O gesso que ocupa maior volume, que 
apresenta menor densidade, necessita de uma maior quantidade de água para 
a sua manipulação, se tornando, assim, menos resistente. 
5.3 REAÇÃO DE PRESA 
 
Quando o hemidrato é misturado com a água, a reação é revertida: 
 
 
(CaSO4)2 . H2O + 3 H2O CaSO4 . 2 H2O + calor 
 
 
O produto da reação é a gipsita, e o calor envolvido na reação 
exotérmica é equivalente àquele usado durante o processo de calcinação. 
A teoria mais importante e reconhecida para o mecanismo de presa é a 
teoria cristalina. Ela foi originada por Henri Louis Le Châtelier, um químico 
francês; e depois, em 1907, a teoria recebeu o apoio de Jacobus Hendricus 
van´t Hoff, um famoso químico alemão. De acordo com a explicação de van´t 
Hoff, a diferença no solubilidade do sulfato de cálcio diidratado e hemidratado 
causa a presa do material. O sulfato de cálcio dissolvido precipita como sulfato 
de cálcio diidratado porque o sulfato de cálcio diidratado é menos solúvel que 
o hemidrato. O hemidrato é 4 vezes mais solúvel que o diidrato; assim, a 
reação de presa pode ser entendida da seguinte maneira: 
 
 Quando o hemidrato é misturado com a água, forma-se uma 
suspensão fluida e manipulável. 
 O hemidrato dissolve-se até formar uma solução saturada 
 Esta solução saturada de hemidrato torna-se supersaturada pela 
presença de diidrato, o qual começa a precipitar 
 À medida que o diidrato se precipita, a solução não mais se 
encontra saturada de hemidrato, e assim ele continua a se 
dissolver na água. A continuidade deste processo faz com que os 
hemidratos entrem em solução e consequentemente haja a 
precipitação de diidratos em forma de novos cristais ou 
agregando-se a cristais já formados, permitindo o crescimento de 
forma arborescente. Esta reação continua, repetindo-se 
sucessivamente até a exaustão do hemidrato. 
 A medida que aumenta a formação de diidrato, a massa aumenta 
de consistência até seu endurecimento. Os cristais em forma de 
agulha crescem a partir de núcleos. A mistura e o cruzamento 
destes cristais de diidrato resultam em uma estrutura sólida e 
bastante dura. 
Gessos 46 
Fernanda Panzeri 
O processo de presa é contínuo e vai desde o começo da mistura até a 
reação de presa estar completa, pelo tempo no qual o material alcança sua 
resistência máxima. Porém, mudanças físicas importantes podem ser 
reconhecidas durante este processo. Inicialmente há uma fase aquosa 
continuamente presente, e a mistura é um líquido viscoso, exibindo 
pseudoplasticidade de forma que este flui prontamente sob vibração; nesta 
fase a mistura tem uma aparência brilhante. Como a reação de presa 
prossegue, cristais de gesso continuam crescendo às custas da fase aquosa, e 
a viscosidade da mistura aumenta. Quando as aglomerações de cristais de 
gesso interagirem,

Outros materiais