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DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA Aula 1: Coleta de Dados para Análise Criminal DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 1 Índice Aula 1: Coleta de Dados para Análise Criminal ............................................................................. 2 Introdução ................................................................................................................................. 2 Conteúdo .................................................................................................................................... 3 Introdução ao estudo de dados para análise criminal ....................................................... 3 Propósitos da análise de dados ............................................................................................... 8 Análise quantitativa e qualitativa ............................................................................................ 8 Enfoques na análise de dados ................................................................................................. 9 Sistema de Informações Geográfica (SIG, ou GIS, em inglês) ......................................... 19 Análises estatísticas ................................................................................................................. 20 Atividade proposta .................................................................................................................. 23 Aprenda Mais ........................................................................................................................... 23 Referências............................................................................................................................... 25 Exercícios de fixação ............................................................................................................. 27 Notas ........................................................................................................................................... 32 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 33 DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 2 Dados Criminais na Gestão da Segurança Pública Apostila Aula 1: Coleta de Dados para Análise Criminal Introdução Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à nossa disciplina sobre dados criminais na gestão da segurança pública. Nesta aula, conheceremos exemplos dos softwares mais utilizados no processamento de dados e suas principais características, os tipos de análise de dados, os limites e os desafios encontrados na análise, além de aprender como utilizar o Excel para as análises estatísticas básicas. Objetivo: 1. Conhecer os tipos de análise de dados, os limites e alguns desafios identificados na sua coleta; 2. Conhecer exemplos de utilização e as características dos principais softwares disponíveis para o tratamento de dados, de forma que seja gerada informação de qualidade. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 3 Conteúdo Introdução ao estudo de dados para análise criminal A explosão de dados correntes nas redes das empresas atualmente tem gerado cada dia mais demanda pela possibilidade de se realizar a análise de grandes massas de dados, correlacionando milhares de variáveis ao mesmo tempo. A cada dia, mais e mais aplicações vêm surgindo, deixando o homem mais refém da necessidade de informação útil e com credibilidade. Estima-se que, até 2017, o número de usuários de smartphones no Brasil deve passar de 41,2 milhões para 70,5 milhões de usuários. O fenômeno em questão tem alterado inclusive nosso modo de pensar, como se o dispositivo móvel passasse a ser uma extensão do nosso corpo. Dessa forma, surgem alguns conceitos modernos de gestão de grandes massas de dados como é o caso do Big Data, porém não um há um senso comum do que seja isso, ao passo que podemos ler dez matérias, e cada uma trazer conceitos diferentes para o termo. Em geral, todos os conceitos existentes acerca do assunto, o qual será tratado com maior profundidade na disciplina de TI, giram em torno da velocidade da resposta da requisição e a veracidade dos DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 4 dados. Um conceito largamente referenciado é o do Gartner Group, consultoria em TI mundialmente conhecida. Com o grande volume de dados a ser analisado, fazer com que a aplicação cresça, na medida que é necessário, é uma estratégia coerente e mais barata. Por outro lado, a escalabilidade vertical (aumento do poder de processamento da máquina) ou a escalabilidade horizontal (aumento do número de máquinas) deve ser analisada sob a ótica dos recursos disponíveis. As empresas têm investido em softwares de análise de dados com o objetivo de melhorar a experiência dos clientes com seus produtos, buscar maior eficiência de processos e permitir o lançamento de novos produtos ou modelos de negócio personalizados de acordo com a demanda do seu público-alvo. Segundo prevê Donald Feinberg, vice-presidente de pesquisa da consultoria Gartner Group, o termo Big Data deve morrer em breve; ele defende até que isso não existe, afinal as empresas não entendem o que é, nem como tirar valor disso. Para ele, será no futuro algo que simplesmente chamaremos de dados, pois acredita que haja evolução natural do hardware a ponto de a preocupação não ter mais fundamento. Por isso pontua em sua entrevista à revista IT Forum que isso está trazendo uma mudança comportamental na gestão da informação dentro das empresas, ao passo que se tenta extrair todas as oportunidades geradas pela análise dos dados e as inferências em tempo real. As empresas têm investido em softwares de análise de dados com o objetivo de melhorar a experiência dos clientes com seus produtos, buscar maior eficiência de processos e permitir o lançamento de novos produtos ou modelos de negócio personalizados de acordo com a demanda do seu público-alvo. Nesse sentido, soluções de Business Analytics, por exemplo, figuram no topo dos investimentos em software dos compradores de TI, segundo o Gartner, DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 5 seguidos pelos investimentos em elementos de cloud e mobilidade, compondo um cenário envolto nos conceitos de Big Data. Porém, tecnicamente, ainda se espera a evolução ferramental com a criação de novos bancos de dados mais poderosos e ferramentas de análise mais velozes, e isso tende a gerar uma corrida pela absorção de conhecimento e mercado, cujo impacto também atingirá as tecnologias de hardware, onde cada vez mais há a necessidade de se ampliar a capacidade de análise, armazenamento e gestão, o que deve gerar uma mudança na forma como os datacenters são organizados atualmente. Dados na segurança pública Entretanto, para que servem os dados na segurança pública? Em primeiro plano, podemos não entender e talvez nem acreditar que se utilizem análises criminais para respaldar o planejamento, mas os dados registrados nas ocorrências policiais, se bem utilizados, servem principalmente para orientar a administração pública quanto aos caminhos que deve seguir no planejamento, execução e redirecionamento das ações do sistema policial. Servem também para a população conhecer o que está acontecendo ao seu redor; e, depois, para que, conhecendo os dados e áreas de incidência, a população e os diferentes setores da sociedade civil possam, de forma conjunta, por meio da aproximação com as forças de segurança, realizar demandas pontuais por providênciasdo Poder Público e contribuir para o esforço comunitário contra a insegurança. Tipos de análise de dados Segundo matéria publicada na revista Computerworld (2014), “dados úteis podem vir de qualquer lugar (e estar em toda parte)”, e isso vale também para os registros de interesse à análise criminal, afinal esses dados podem ser coletados por diversos meios, sendo o mais comum o registro de ocorrências DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 6 criminais em softwares proprietários instalados localmente ou na web, e até mesmo em dispositivos móveis. A possibilidade de captura de dados de diversas fontes tem ampliado o escopo da pesquisa de interesse criminal voltada ao desenho das melhores soluções em políticas públicas de segurança pública, incluindo até mesmo dados não policiais, como é o caso dos indicadores sociais fornecidos pelo IBGE. Na verdade, os gestores precisam decidir o que utilizar e o que fazer com tantos dados, o que é considerado um dos principais desafios de análise criminal, estruturação e organização de uma coleta de dados, e esta é, sem dúvida, sua primeira etapa. A maior parte dos gestores não sabe lidar com a grande variedade e quantidade de informações ou não tem conhecimento dos benefícios que uma análise bem feita pode trazer ao planejamento do seu negócio, e, no caso específico, ao planejamento operacional das polícias. Existe muita gente atenta a isso, e muitas iniciativas surgiram após meados da década de 90, quando a polícia de Nova York iniciou o trabalho com o COMPSTAT e a Política de Tolerância Zero. Vamos falar sobre isso nas próximas aulas; porém, é importante sabermos que surgiram pessoas interessadas na análise de dados, tanto por que, no mundo privado, as empresas passaram a ser mais competitivas, quando utilizavam bem suas análises de mercado, quanto no mundo público – por exemplo: algumas iniciativas como o Pacto pela Vida, no Nordeste; o Fica Vivo, em Belo Horizonte; o Sistema Integrado de Metas (SIM), no Rio de Janeiro. Tais ações passaram a dar real importância à análise de dados, obtendo-se êxito na redução dos delitos. Diversos autores defendem que a tomada de decisão baseada em evidências não é apenas a última moda, mas o futuro de como vamos orientar e fazer crescer o negócio – além de criar novas formas de pensar na coleta, DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 7 processamento, desenvolvimento de tecnologias e a estrutura das bases de dados. Por isso, faz-se necessário aumentar a capacidade analítica das polícias, objetivando alcançar resultados mais eficientes, porém isso requer mudanças profundas no modo tradicional de conceber o papel e a função da polícia nas sociedades modernas. A polícia precisa priorizar problemas repetitivos, que causam prejuízos às comunidades, mais do que simplesmente reagir a chamadas urgentes e fazer cumprir a lei. Herman Goldstein (1979) afirma que somente a análise de problemas repetitivos possibilita a identificação de padrões e tendências criminais. Segundo afirma Elenice de Souza, no policiamento tradicional, quando somente o atendimento de demandas emergenciais é o foco do trabalho, policiais raramente trocam informações com seus pares sobre os problemas enfrentados. “A habilidade do policial em resolver problemas tem resultado mais da sua experiência individual e do seu conhecimento prático do que de um processo criativo, fundamentado em um método analítico consistente.” (SOUZA, 2008) A análise de dados é o processo de transformar um conjunto de dados em conclusões e/ou lições, úteis e credíveis, garantindo-lhes ordem, estrutura e significado, com o objetivo de poder verificá-los melhor dando-lhes ao mesmo tempo uma razão de ser e um sentido racional. “A análise tem como objetivo organizar e sumarizar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos.” (GIL, 1999, p. 168) DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 8 A análise de dados a que se refere o autor diz respeito à pesquisa científica, tanto qualitativa quanto quantitativa, e compõe-se de três momentos: fase exploratória, trabalho de campo e tratamento do material. Propósitos da análise de dados Descrever e resumir dados; Identificar relações e diferenças entre variáveis; Comparar variáveis; Fazer previsões. Trabalhar dados em análise criminal, segundo a Polícia Militar de Minas Gerais, é identificar os fatores que envolvem a criminalidade em termos qualitativos e quantitativos, bem como a identificação de variáveis que se relacionam com esses fatores, apresentando correlações entre si ou não. A análise criminal é feita com base nos aspectos de espaço e tempo e é fundamental no planejamento de ações e operações policiais (MINAS GERAIS, 2004, p. 103- 104). Análise quantitativa e qualitativa A análise de dados pode ter dois enfoques principais, que delineiam as técnicas utilizadas na pesquisa, seja ela criminal ou não: A análise quantitativa determina a proporção, em números, dos fatores que estão em estudo quantificando as variáveis que influenciam no comportamento criminal. É uma abordagem numérica e de fácil interpretação, que utiliza conhecimentos da estatística para sua elaboração. A análise qualitativa é responsável pela identificação dos fatores e das variáveis que influenciam no comportamento criminal. A identificação é um processo mais complexo porque, além do apontamento simples dos fatores, na realização da análise qualitativa, o analista deve conhecer a relação que os fatores identificados têm com o comportamento criminal e entre si. A análise qualitativa identifica o problema a ser solucionado. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 9 Enfoques na análise de dados QUANTITATIVO Estuda ações ou intervenções; É dedutivo; Fornece dados para provar hipóteses; É conclusivo; Mede o nível das intervenções, tendências, atividades etc.; Produz informações quantificáveis sobre a magnitude de um problema, mas não fornece informações sobre o motivo do fato estar ocorrendo; É possível inferir os resultados a toda uma população. QUALITATIVO Estuda as motivações; É indutivo; Ajuda a definir hipóteses; É exploratório; Permite conhecer tendências, comportamentos, atitudes etc.; Fornece informações detalhadas a perguntas ou problemas sobre um projeto ou atividade do mesmo; Não permite inferir os resultados a toda uma população; Indaga por que determinado caso ou problema está ocorrendo. Na análise criminal o enfoque quantitativo busca respostas para perguntas básicas: O que, quando e onde? Essas respostas devem ser respondidas pelo analista criminal por meio de análise estatística e geoprocessamento. É mais comum se trabalhar com a análise quantitativa na busca por padrões e tendências do crime, a partir do cruzamento das informações existentes nos bancos de dados das polícias. Ela constitui-se em uma forma de sistematização mais independente do que a memória individual dos agentes. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 10 Por outro lado, o enfoque qualitativo busca respostas para outras perguntas: Quem, como e por quê? Através dos dados coletados nos registros policiais, nem sempre se obtêm informações suficientes para uma análise qualitativa coerente,por isso se justifica a utilização de outras técnicas para coleta de dados, como a aplicação de questionários, entrevistas, reuniões de grupo focal e verificação da motivação para o delito por meio de ações de inteligência. Limites para a análise Embora não haja nada de errado em se trabalhar somente com a quantificação dos dados relativos aos crimes considerando-se uma determinada região e um determinado espaço de tempo, é importante efetuar comparações cabíveis entre regiões com características semelhantes e em espaços de tempo semelhantes, evitando distorções causadas por eventos sazonais. Ao se analisar dados criminais registrados junto à Polícia Civil ou por meio de dados da Polícia Militar, observa-se que, por vezes, as ocorrências são distintas, ou seja, muitos casos são registrados em uma, e não na outra, como é o caso de furto de automóveis: normalmente, as pessoas efetuam o registro na Polícia Civil por conta da necessidade de se obter a indenização das seguradoras, e não na Polícia Militar. Por vezes, há eventos que não chegam ao conhecimento de nenhuma das duas polícias pelas mais diversas razões, o que chamamos de “cifra negra”. Por isso, não se pretende com a análise criminal medir a quantidade de crimes que ocorrem, é possível apenas assumir que os crimes registrados correspondem a uma parcela proporcional a uma confiável amostra dos delitos. Por outro lado, é possível estimar a subnotificação por meio de estudos de vitimização; porém, conforme afirmam alguns pesquisadores (CANO, 2001), o alto custo da realização desse tipo de pesquisa acaba por inviabilizar sua realização. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 11 Desafios encontrados na análise Ainda há muita coisa a ser feita, e é esse o caso do rompimento da política do segredo, segundo a qual setores públicos possuem um certo temor em divulgar seus dados, com medo de significar uma censura à má administração. De acordo com alguns autores, tal “política” correspondente a uma velha tradição de esconder e sonegar documentos. Outra questão em jogo é a falta de compreensão dos próprios policiais acerca da importância do registro coerente de dados, o que gera perda na qualidade das informações recebidas e processadas. Destaca-se o preconceito de alguns funcionários públicos que pensam perderem tempo com estudos e avaliações, enquanto os problemas de criminalidade assolam a sociedade. Entretanto, a ausência de avaliações e análises, sabidamente, deverá torná-los pior ainda. No que diz respeito à qualidade dos dados, é comum observar que, durante o preenchimento dos formulários de ocorrência nas polícias, a imprecisão na digitação dos dados pode gerar inconsistências danosas ao resultado final da análise. Assim, se o endereço onde os crimes ocorreram for registrado incompleto ou se nome de uma rua estiver preenchido de diversas formas diferentes, a análise espacial dos delitos ficará deturpada, e mesmo que seja possível corrigir essas falhas por meio de softwares para tratamento dos dados, isso ocasionará comprometimento na rapidez da análise. Simoni Lahud Guedes fez uma importante análise acerca do sistema classificatório das ocorrências na Polícia Militar no Rio de Janeiro (2003), e apesar de sua pesquisa estar desatualizada, tendo em vista o tempo decorrido e as constantes mudanças no cenário da Segurança Pública, pode se tirar uma lição do seu trabalho, a qual demonstra que ainda há necessidade de serem alinhados os fatos registrados pela Polícia Civil, onde o cidadão apresenta sua queixa, com os fatos registrados pela Polícia Militar, que atende a seus chamados. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 12 Alguns Estados já saíram na frente, como é o caso da Polícia Militar do Paraná, que mantém um formulário único para coleta de dados entre as duas polícias e, dessa forma, reduz a divergência do sistema classificatório das ocorrências. Há alguns fatores que podem explicar a grande dificuldade encontrada na análise criminal de transformar a atividade do analista em uma ferramenta prática fundamental de planejamento estratégico e tático-operacional das polícias. São eles: O tipo de dados utilizado: geralmente, utilizam-se dados oficiais para as estatísticas públicas, contudo há o risco de se ter apenas uma visão parcial dos fatos. A qualidade das informações coletadas: a informação coletada é limitada ao acontecimento dos fatos e nem sempre está associada aos fatores que motivaram seu acontecimento. Além disso, pouco se sabe sobre o comportamento criminoso e os contextos social e físico que podem ter contribuído para o crime. A cultura das organizações policiais: o fluxo de informações é tradicionalmente descontínuo e restrito, baseado na política do segredo. A posição pouco privilegiada dos analistas na hierarquia das organizações: decorre da falta de compreensão da importância da atividade pelos próprios policiais, a limitação da aplicação dos resultados, a falta de divulgação dos resultados e a pouca participação dos analistas na definição do planejamento de estratégias e operações. Investimento da formação de pessoas Segundo afirmam alguns autores, mais importante do que apenas dominar o uso de programas computacionais estatísticos e de geoprocessamento, é importante que se invista na formação de pessoas para atuarem como analistas criminais capazes de aplicar os conceitos e métodos científicos necessários à DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 13 explicação dos fatores repetitivos, identificando padrões e tendências que envolvem o acontecimento de delitos. Nesse sentido, deveriam ser formadas equipes de analistas nas corporações policiais capazes de unir a experiência do trabalho policial com o conhecimento técnico-científico, visando a uma mistura de talentos que se possa traduzir em uma oportunidade de crescimento para a gestão moderna das atividades de segurança pública. Assim, os analistas deveriam possuir habilidades, entre outras coisas, de buscar as melhores soluções aos problemas cotidianos das comunidades, ou seja: Distinguir o que realmente gera impacto em termos de controle da criminalidade; Aplicar os conceitos e metodologias científicas na resolução dos problemas cotidianos; Complementar as análises com dados não policiais correlacionando indicadores, de modo que se verifique a influência de outras variáveis sobre a distribuição da malha de policiamento; Complementar os dados oficiais com fontes alternativas, como é o caso das entrevistas com moradores e agentes infratores ou dados de outras instituições; Explicar as variações do crime e seus padrões no tempo e no espaço; Categorizar e tipificar as ocorrências delituosas. Utilização de sistemas de informação na análise de dados Como já entendemos os tipos de análise de dados, suas limitações e desafios, bem como o grande volume de dados que podem ser coletados de diversas fontes, podemos observar que, em rápida síntese, não há como realizar o tratamento desses dados sem utilizar um software ou sistema de informação que permita organizar e processar o dado, transformando-o por meio de DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 14 técnicas estatísticas em informação útil ao gestor no processo de tomada de decisão. Existem diversos softwares construídos com esse objetivo, mas o senso comum nos mostra que a escolha do software que mais se adequa à necessidade da análise, normalmente, é aquele que possui maior quantidade de documentação de referência e modelosde uso, salvo nos casos em que seja necessário executar funções específicas ou que a quantidade de dados a ser manipulado é muito grande ou, ainda, se a velocidade que se espera para obter um resultado seja muito alta. Borges (2008) categoriza os softwares para tratamento de dados estatísticos de criminalidade em três tipos: de estatística descritiva, de estudo temporal e de estudo espacial dos delitos. Entenda melhor esses dados, a seguir. Características gerais dos softwares para tratamento de dados Estatísticas descritivas • Descreve as várias características de um conjunto de dados; • Possibilita a apresentação de dados quantitativos por meio de tabelas e gráficos. Forma de apresentação • Verifica a existência de tendências do fenômeno tempo; • Considera sazonalidade (ciclos) e padrões (horas, dias, meses, anos). Estudo espacial • Baseado em dados quantitativos de fenômenos posicionados espacialmente, descreve e visualiza distribuições espaciais identificando padrões de associação e observações atípicas; • Muito utilizado para avaliar a variação geográfica na ocorrência de um fenômeno. Fonte: Azevedo apud Borges (2012). DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 15 As ferramentas mais comuns para a análise criminal derivam desta classificação geral apresentada por Borges (2008): Ferramentas para análise criminal Frequências temporais (dia, hora, semana, mês e ano); Séries históricas; Distribuição espacial por logradouros ou recortes de área; Regressão, correlação, teste de significância e variância. Forma de apresentação Tabelas e gráficos; Gráficos de linhas; Mapas de calor, temático, por pontos ou taxas; Tabelas. Software Planilhas eletrônicas (exemplo: Excel); Planilhas eletrônicas (exemplo: Excel); Sistemas de Informação Geográfica – SIG (exemplos: Quantum Gis, ArcGis, Terraview); Análise estatística (exemplos: STATA, SPSS). No caso do tratamento de dados para análise criminal, a organização dos dados é uma tarefa complexa, pois podemos ter fontes de dados com uma grande variedade de campos com diversos atributos de interesse, por exemplo: número da delegacia, número do código do delito, data de nascimento dos envolvidos, profissão, cor, sexo, instrumento utilizado no crime, local da ocorrência, número do logradouro em que ocorreu o fato, tipo de logradouro. Observe-se: DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 16 No exemplo, o número do registro da ocorrência é o campo-chave e, como tal, será importante para a indexação das outras informações, inclusive para diferenciação dos tipos de envolvidos na ocorrência. Características gerais dos softwares para tratamento de dados O domínio dos softwares para tratamento de dados envolve conhecimentos básicos de operação de microcomputador, conhecimentos de operação de banco de dados, conhecimentos de estatística e de geoprocessamento. Contudo, as principais ferramentas estatísticas de análise criminal podem estar presentes em mais de um software para tratamento de dados, o que acaba dificultando a especialização em apenas um tipo de software. Além disso, há algumas situações indesejáveis que ficaram evidentes com o aumento do volume de dados a serem analisados, ou seja: Diferentes tecnologias de bases de dados podem dificultar a consulta, sendo necessário realizar conversões de formato de arquivo, o que pode gerar perda de dados; Demora na identificação de possíveis dados duplicados nas diversas bases de dados, tais como: pessoas, telefones ou veículos; Necessidade de realizar consultas separadamente em diversos sistemas de informação com diferentes formatos, gerando, por exemplo, demora e dificuldade de obter a informação desejada. De qualquer forma, as ferramentas mais úteis para análise criminal estão presentes em praticamente todos os softwares, sendo que a diferença entre eles está relacionada principalmente à velocidade em que os resultados são apresentados e no limite de dados que podem ser processados. Planilhas eletrônicas e editores de texto Esse é o tipo mais comum de software utilizado na análise criminal, seja para efetuar cálculos (Microsoft Excel) ou editar os relatórios de Análise (Microsoft DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 17 Word). Vamos exemplificar o uso do Excel, por se tratar de uma aplicação largamente utilizada nos setores de análise criminal devido à sua versatilidade somada à facilidade de uso. Excel é um software para criação e manutenção de planilhas eletrônicas muito útil, quando é necessário efetuar cálculos básicos acerca de dados dispostos em formato de tabelas, trabalhar sobre dados com as facilidades básicas de um banco de dados e apresentar dados numéricos sob a forma de gráficos. Na análise quantitativa, o Excel pode se transformar em um grande aliado. Conforme vemos na tabela abaixo, os dados referentes aos roubos a transeunte ocorridos na região de Niterói no ano de 2011. Somam um total de 2778 casos registrados pela Policia Civil do Rio de janeiro. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 18 Inserindo uma ferramenta chamada “tabela dinâmica” (figura ao lado) podemos facilitar a contagem dos casos e a medição de frequência das ocorrências no tempo. Utilizando esse recurso, pode se contabilizar e cruzar os dados de diversas variáveis. Verifica-se que ao medir a frequencia mensal das ocorrencias representado pela tabela e pelo gráfico abaixo, o mês de março teve maior destaque. A interpretação dos dados apresentados deve ser feita pelo analista correlacionando o resultado da análise com fatos da realidade e cotidianos locais, o que nesse caso específico, evidencia que a maior quantidade de roubos pode estar relacionada com o Carnaval. Outras medições podem ser feitas com o uso do Excel por meio de tabelas dinâmicas ou simplesmente utilizando fórmulas para tratamento dos dados correlacionando as células de interesse. Podemos observar que nos dois gráficos acima, a leitura e interpretação dos resultados nos indica que a maior incidência dos casos, é em média, na terça- feira, no período compreendido entre 21:00 e 00:00h. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 19 0 50 100 150 200 250 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Municipio de Niterói em 2011 - Roubo a Transeunte pela hora cheia do fato Sistema de Informações Geográfica (SIG, ou GIS, em inglês) Um dos conceitos mais aceitos para SIG é um “Sistema constituído de hardware, software e procedimentos, construído para suportar a captura, gestão, manipulação, análise, modelação e visualização de informação referenciada no espaço” (COWEN, 1991). E geoprocessamento seria o uso automatizado das informações que estejam vinculadas a um determinado lugar no espaço, seja por meio de um simples endereço ou de coordenadas geográficas. Nesse sentido, as ferramentas de SIG estão entre as mais utilizadas na análise criminal, tendo em vista que o mapeamento da criminalidade, aliado às técnicas de estatística e à manipulação de bases de dados torna-se uma importante ferramenta para o planejamento policial. Veremos mais adiante, nas próximas aula s, exe mpl os do uso de ma 340 360 380 400 420 440 Domingo Segunda Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feiraSábado C as o s Dias da semana Municipio de Niterói em 2011 - Roubo a Transeunte por dia da semana DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 20 pas temáticos com o software livre Quantum GIS. O mapa apresentado foi elaborado com o software MapInfo pela Polícia Militar de Minas Gerais em estudo da vitimização na capital do estado em parceria com o CRISP. Mapa 1: Homicídios por distribuição de renda em setores censitários de Belo Horizonte. Análises estatísticas Quatro softwares bastante conhecidos dos pesquisadores e estatísticos nas maiores universidades no mundo são as principais ferramentas para a análise estatística dos dados, são eles: o SPSS (Statistical Package for Social Science) da IBM, o SAS (Statistical Analysis System), o STATA (Data Analysis and Statistical), e, finalmente, o Projeto “R”. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 21 Conforme Muenchen ressalta, a dominância do SPSS vem caindo ao longo do tempo após o seu pico máximo em 2007. Presume-se que, em breve, o Projeto “R” deverá ultrapassar esses dois conhecidos softwares. Acontece que ambos, o SPSS e o SAS, são aplicações de alto custo, e, talvez por isso, estão perdendo espaço e popularidade para os softwares livres como o “R”. O SPSS é um software para análise estatística de dados em um ambiente amigável com interface gráfica para o usuário menos experiente. Possui menus e janelas de diálogo que permitem realizar cálculos complexos e visualizar seus resultados de forma simples e autoexplicativa. Ele é, talvez, um dos mais antigos softwares para análise estatística, que foi desenvolvido inicialmente para computadores de grande porte na década de 70. Análises estatísticas Conforme disponibilizado em seu blog institucional, visualizando a ameaça gerada pela popularização da linguagem “R”, a IBM disponibilizou o uso das DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 22 sintaxes do “R” por meio do software SPSS, prometendo, dessa maneira, ampliar a escalabilidade da linguagem “R” ao utilizar grandes massas de dados. De longe, o SPSS é o software de uso profissional mais fácil de se aprender, devido principalmente à grande vantagem em termos de aprendizado que é sua similaridade com o Excel, software com o qual a maioria de nós já está familiarizado. O SAS é concorrente direto do SPSS, sistema integrado de aplicações para a análise de dados nascido também na década de 70. Ele consiste de várias ferramentas de análise estatísticas semelhantes ao SPSS; sua vantagem reside na manutenção da compatibilidade entre as versões do programa, nas quais mesmo bases de dados descontinuadas podem ser abertas via SAS, bem como a grande diversidade de formatos permitidos para operação, sendo os principais destaques a sua portabilidade de disponibilidade. Por sua vez, o STATA é um software amplamente utilizado na saúde pública para análise estatística. Ele serve tanto para cálculos mais simples, média aritmética e desvio padrão, como para análises mais sofisticadas, como, por exemplo, regressão múltipla e análise mais complexa com alta velocidade. Conforme disponibilizado em seu blog institucional, visualizando a ameaça gerada pela popularização da linguagem “R”, a IBM disponibilizou o uso das sintaxes do “R” por meio do software SPSS, prometendo, dessa maneira, ampliar a escalabilidade da linguagem “R” ao utilizar grandes massas de dados. De longe, o SPSS é o software de uso profissional mais fácil de se aprender, devido principalmente à grande vantagem em termos de aprendizado que é sua similaridade com o Excel, software com o qual a maioria de nós já está familiarizado. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 23 Atividade proposta A partir da apropriação do conteúdo visto em aula, elabora a metodologia de um mini projeto de pesquisa que possua análise Quantitativa e Qualitativa. Chave de resposta: Como vimos, a análise de dados pode ter dois enfoques principais e que delineiam as técnicas utilizadas na pesquisa, seja ela criminal ou não: a) A análise quantitativa determina a proporção, em números, dos fatores que estão em estudo quantificando as variáveis que influenciam no comportamento criminal. É uma abordagem numérica e de fácil interpretação, que utiliza conhecimentos da estatística para sua elaboração. b) A análise qualitativa é responsável pela identificação dos fatores e das variáveis que influenciam no comportamento criminal. A identificação é um processo mais complexo porque, além do apontamento simples dos fatores, na realização da análise qualitativa, o analista deve conhecer a relação que os fatores identificados têm com o comportamento criminal e entre si. A análise qualitativa identifica o problema a ser solucionado. Aprenda Mais Material complementar Para saber mais sobre uso do smartphone acesse os links abaixo: http://idgnow.com.br/blog/circuito/2014/01/22/base-de-usuarios-de- smartphones-na-america-latina-vai-aumentar-283-em-2014/ http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/2014/12/uso-de-smartphones- esta-reformulando-nosso-cerebro-mostra-estudo.shtml Para aprender mais sobre Big Data, leia o texto: http://computerworld.com.br/blog/mercado/2012/03/28/big-data- nova-fronteira-para-inovacao-e-competitividade DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 24 http://itforum365.com.br/noticias/detalhe/49943/gartner-preve-que- conceito-de-big-data-vai-sumir-em-dois-anos Para aprender mais sobre dados, leia o texto: http://www.computerworld.com.pt/2014/06/18/cuidados-na- estrategia-de-adopcao-de-big-data/ Para saber mais sobre o caso da Polícia Militar do Paraná, criado com objetivo de facilitar o aprendizado dos usuários ao acessar o sistema BOU acesse: http://www.bou.pr.gov.br/ Para saber mais sobre software leia o artigo: http://r4stats.com/articles/popularity/ Para saber mais sobre o blog da IBM, acesse: http://www.ibmbigdatahub.com/blog/7-really-good-reasons-partner- spss-analytics-r Para saber mais sobre os assunto vistos nesta aula, veja: http://computerworld.com.br/negocios/2013/04/10/quatro-tendencias- que-devem-transformar-a-ti-nos-proximos-5-anos https://cran.r-project.org/ DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 25 Referências AZEVEDO, Ana Luísa Vieira de. Uso das estatísticas criminais e planejamento das atividades policiais: um estudo sobre a percepção dos profissionais de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. FGV: 2012. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10171/Tese%20A na%20Lu%C3%ADsa%20V.%20de%20Azevedo%20Vers%C3%A3o%20Definiti va.pdf?sequence=1 Acesso: 20 out. 2014 http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10171/Tese%20A na%20Lu%C3%ADsa%20V.%20de%20Azevedo%20Vers%C3%A3o%20Definiti va.pdf?sequence=1 Acesso em: 20 out. 2014. BORGES, Doriam. Coletando e extraindo informações dos bancos de dados criminais: a lógica das estatísticas das organizações policiais. In: PINTO, Andréia Soares; RIBEIRO, Ludmila Mendonça Lopes (org.). A análise criminal e o planejamento operacional. Coleção Instituto de Segurança Pública. Série Análise Criminal, v. 1. Rio de Janeiro: 2008. CANO, I. Registros Criminais da Polícia no Rio de Janeiro: Problemas de Validade e Confiabilidade. 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Série Análise Criminal, v. 1. Rio de Janeiro: 2008. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 27 Exercícios de fixação Questão 1 Segundo a Consultoria Gartner Group, soluções de Business Analytics figuram no topo dos investimentos em software pelos compradores de TI, decorrentes da maior utilização de dados para as análises de mercado, pelas grandes empresas. Na gestão de segurança pública, podemos afirmar que os dados podem ser utilizados para: a) Melhorar a experiência dos clientes com seus produtos, o que permitirá o lançamento de novos produtos baseados na demanda do seu público- alvo. b) Orientar a administração pública quanto aos caminhos que deve seguir no planejamento, execução e redirecionamento das ações do sistema policial. c) Direcionar as ações da Administração Pública para realizar demandas pontuais na governança dos ativos de informática. d) Na verdade, quase nada é produzido, afinal a maior parte dos gestores não sabe o que fazer com os dados coletados, e esse é um dos problemas da Administração Pública. e) Ainda se espera a criação de novos bancos de dados mais poderosos e ferramentas de análise mais velozes para que se possa coletar dados na segurança pública. Questão 2 Sabendo-se que a análise de dados é o processo de transformar um conjunto de dados em conclusões e/ou lições, úteis e credíveis, garantindo-lhes ordem, estrutura e significado, pode-se afirmar que os propósitos da análise de dados são: a) Estruturar e organizar os dados, identificar relações e diferenças entre variáveis, manipular resultados e fazer previsões. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 28 b) Descrever e resumir dados, estruturar identidades, comparar variáveis e fazer adivinhações. c) Descrever e resumir dados, identificar relações e diferenças entre variáveis, constranger testemunhas e fazer previsões. d) Descrever e resumir dados, identificar relações e diferenças entre variáveis, comparar variáveis e fazer previsões. e) Normalizar variáveis, identificar repetições nos dados, correlacionar padrões, comparar resultados e fazer adivinhações. Questão 3 A análise de dados pode ter dois enfoques principais que direcionam as técnicas de pesquisa, são eles: a quantitativa e a qualitativa. Considerando o enfoque quantitativo da pesquisa científica, podemos afirmar que ela: a) Identifica fatores e variáveis que influenciam no comportamento criminal. b) Permite conhecer tendências, comportamentos e atitudes, por vezes, utilizando questionários ou entrevistas na coleta de dados. c) Não permite inferir os resultados de toda uma população. d) Fornece informações detalhadas a perguntas ou problemas sobre um projeto ou atividade. e) Determina a proporção, em números, dos fatores que estão em estudo, quantificando as variáveis que influenciam no comportamento criminal. Questão 4 A falta de notificação dos crimes que chegam ao conhecimento das forças policiais, é o que chamamos de “cifra negra”. Identifique a alternativa que melhor explique porque existe a subnotificação. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 29 a) Dificuldade de registrar o delito seja pela descrença nos resultados operacionais das policias, ou pela dificuldade de acesso aos órgãos públicos. b) A descrença nas forças policiais, apesar do fácil acesso aos órgãos públicos em qualquer lugar e horários. c) Apesar da alta credibilidade dos órgãos de segurança pública perante a sociedade de modo geral, a dificuldade no acesso ao registro de ocorrências é o principal motivo da subnotificação. d) A falta de investimento na produção de conhecimento qualificado para a análise de dados. e) A subnotificação pode ter sua principal origem na falta d e procedimentos de rotina para a melhoria do geoprocessamento. Questão 5 A atividade do analista criminal pode ser uma ferramenta importante na tomada de decisão do gestor de Segurança Pública, contudo há alguns fatores que dificultam que isso aconteça. Enuncie ao menos duas das dificuldades encontradas. a) A cultura das organizações policiais baseada na política do segredo e a falta de investimento na formação do analista. b) A parcialidade do tipo de dados utilizados e a limitação da qualidade das informações coletadas. c) A pouca abrangência das informações disponibilizadas pelo analista e sua posição pouco privilegiada dentro das instituições. d) Baixa confiabilidade dos dados utilizados para o processamento e pouca garantia de integridade das informações. e) Pouca pertinência da atividade do analista em relação aos objetivos estratégicos das corporações policiais e a falta de memória da produção de dados. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 30 Questão 6 Na busca por melhores soluções aos problemas cotidianos, os analistas necessitam de habilidades especiais que possam traduzir o crescimento da gestão moderna das atividades de segurança pública. Assim sendo, identifique a única alternativa incorreta quanto às habilidade aludidas. a) Distinguir o que realmente gera impacto em termos de controle da criminalidade. b) Aplicar os conceitos e metodologias cientificas na resolução dos problemas cotidianos. c) Impedir a divulgação dos resultados das análises realizadas, pelo fato de conterem informações restritas aos órgãos policiais. d) Explicar as variações do crime e seus padrões no tempo e no espaço; e) Categorizar e tipificar as ocorrências delituosas. Questão 7 Os tipos de software para tratamento de dados são caracterizados de acordo com sua função estatística. Identifique a alternativa que se adequa a descrição “baseado em dados quantitativos de fenômenos posicionados espacialmente”. a) Estudo temporal b) Estudoespacial c) Data Mining d) Big Data e) Estatística descritiva Questão 8 Devido ao grande aumento do volume dos dados ao longo do tempo, algumas situações indesejáveis passaram a permear o cotidiano dos analistas criminais, o que acabou dificultando o conhecimento em apenas um tipo de software. Identifique a alternativa que não tem relação com essas situações. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 31 a) Diferentes tecnologias de software utilizando diferentes bases de dados. b) Duplicidade de dados, como telefones, pessoas e veículos. c) Diferentes formatos de consulta nos sistemas de informação. d) Alta velocidade na obtenção dos resultados da análise. e) Perda de dados devido à conversão de formatos de arquivos. Questão 9 As ferramentas estatísticas mais utilizadas e necessárias ao processo analítico dos dados estão presentes na maioria dos softwares de tratamento de dados; e isto os diferencia: a) Capacidade de processar dados não numéricos. b) Instruções de banco de dados SQL. c) Velocidade e limite de dados analisados. d) Elaborar relatórios gerenciais. e) Efetuar cálculos básicos. Questão 10 O software “R” apresenta um grande crescimento a nível mundial, ocorrendo aumento do interesse pela linguagem, inclusive várias pessoas passaram a ser colaboradoras do projeto. Assinale a alternativa ERRADA referente as características do software. a) O software R é acessível a qualquer pessoa. b) O software R não é um software livre. c) O software R está na extrema velocidade de operação. d) O software R agiliza o processamento de dados. e) O software R permite rodar a análise dos dados diretamente na memória. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 32 Notas Big Data: Segundo o Gartner Group, “Big Data são ativos de informação de alto volume, alta velocidade e alta variedade que demandam formas inovadoras e rentáveis de processamento para uma melhor percepção e tomada de decisão”. DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 33 Chaves de resposta Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - B Justificativa: Os dados coletados por meio dos registros criminais na gestão da segurança pública são processados por meio de métodos analíticos e servem para orientar a Administração Pública quanto aos caminhos que deve seguir no planejamento, execução e redirecionamento das ações do sistema policial, assim como para a população conhecer o que acontece ao seu redor. Questão 2 - D Justificativa: A quarta alternativa é a única que contém respostas coerentes com os propósitos da análise de dados. As outras alternativas estão incorretas porque possuem respostas inapropriadas como “manipular resultados”, “fazer adivinhações” e “constranger testemunhas”. Questão 3 - E Justificativa: A análise quantitativa é o processo de pesquisa que determina a proporção numérica dos fatores cujos valores compõem as variáveis. Questão 4 - A Justificativa: A subnotificação dos crimes é uma realidade em todo lugar, por vezes devido à dificuldade de acesso ou a falta de meios para o registro na sede policial, ou outro motivo desconhecido. Os crimes que não chegam ao conhecimento das forças policiais, geram o que chamamos de “cifra negra”, o que pode ser minimizado por estudos complementares, como é o caso de pesquisas de vitimização. Questão 5 - A Justificativa: Geralmente se utiliza dados oficiais para as estatísticas públicas, contudo há o risco de se ter apenas uma visão parcial dos fatos, uma vez que o DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 34 registro oficial nem sempre contém todos os crimes que realmente ocorreram. A informação coletada é limitada ao acontecimento dos fatos e nem sempre está associada aos fatores que motivaram seu acontecimento. Além disso, pouco se sabe sobre o comportamento criminoso, o contexto social e físico que pode ter contribuído para o crime. Questão 6 - C Justificativa: A falta de divulgação dos resultados das análises prejudica o desenvolvimento do planejamento operacional e pode trazer prejuízo à expansão do trabalho do analista. Questão 7 - B Justificativa: Somente o estudo espacial permite visualizar distribuições espaciais de fenômenos. Questão 8 - D Justificativa: O aumento do volume de dados tem sido um desafio para as empresas de software de tratamento de dados, sendo coerente afirmar que, quanto maior o volume de dados a ser analisado, mais lenta será a obtenção dos resultados. Questão 9 - C Justificativa: A grande maioria dos softwares para tratamento de dados existentes no mercado possui as ferramentas mais utilizadas para a análise criminal, contudo o que os diferencia são a velocidade em que os resultados são apresentados e o limite de dados que podem ser processados. Questão 10 - B Justificativa: A arquitetura do software R permite rodar a análise dos dados diretamente na memória, o que gera maior rapidez no processamento dos dados, diferentemente de outros softwares que fazem isso a partir do disco DADOS CRIMINAIS NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA 35 rígido. E ainda, está inscrito sob uma licença GNU, a qual autoriza sua distribuição livre, desde 1995.
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