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1 Prof. Nielson Ribeiro UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Escola de Química Compósitos A palavra compósito deriva de composto, ou seja, qualquer coisa formada por partes (ou constituintes) diferentes. Os compósitos são materiais multifásicos que exibem uma proporção significativa das propriedades de ambas as fases que o constituem, de tal modo que é obtida uma melhor combinação de propriedades (princípio da ação combinada). Outra definição: Um material compósito é formado por uma mistura ou combinação de dois ou mais micro ou macro constituintes que diferem na forma e/ou composição química e que, na sua essência, são insolúveis uns nos outros. 2 Fases dos materiais compósitos: - matriz: fase contínua, que envolve a outra fase - fase dispersa As propriedades dos compósitos são uma função das propriedades das fases constituintes, das suas quantidades relativas e da geometria da fase dispersa (forma das partículas, seu tamanho, distribuição e orientação). - compósitos reforçados com partículas (as partículas têm dimensões aproximadamente iguais em todas as direções) - compósitos reforçados com fibras (as fibras têm grande razão entre o comprimento e o diâmetro) - compósitos estruturais (combinações de compósitos e materiais homogêneos): compósitos laminares e painéis em sanduíche Classificação dos materiais compósitos 3 Tecnologicamente, os compósitos mais importantes são aqueles em que fase dispersa encontra-se na forma de fibras. O objetivo normalmente é aumentar a resistência e/ou rigidez em relação ao peso do material. As fibras são normalmente polímeros ou cerâmicas (ex: aramidas poliméricas, vidro, carbono, alumina, SiC). Compósitos tradicionais reforçados com fibras A fase matriz pode ser feita a partir de metais, polímeros ou cerâmicas. A fase matriz desempenha várias funções: - a matriz liga as fibras umas às outras e atua como meio através do qual uma tensão aplicada externamente é transmitida e distribuída para as fibras; o material da matriz deve ser dúctil - a matriz protege as fibras individuais contra danos superficiais, como resultado da abrasão mecânica ou reações químicas com o ambiente - a matriz previne a propagação de trincas frágeis de uma fibra para outra, em virtude de sua moleza e plasticidade 4 Exemplos de compósitos com matriz polimérica: Matriz polimérica: poliésteres e resinas vinílicas, baratas e amplamente utilizadas, resinas epoxídicas, com maior resistência mecânica, mais usadas para fibras de carbono ou de aramido, ou resinas poliimidas, para aplicações a alta temperatura, até 230oC. a) Compósitos poliméricos reforçados com fibra de vidro (mais usadas e mais baratas) Características favoráveis: boa razão resistência/peso, boa estabilidade dimensional, boa resistência ao calor, à umidade e corrosão, boas propriedades de isolamento elétrico e custo relativamente baixo. A resistência mecânica dos plásticos reforçados por fibras de vidro está relacionada principalmente com a quantidade de fibras e com a disposição das fibras. Qualquer desvio ao alinhamento paralelo das fibras de vidro faz reduzir a resistência mecânica do compósito. b) Compósitos poliméricos reforçados com fibra de carbono 5 c) Compósitos poliméricos reforçados com fibras aramidas (Kevlar- a fibra de aramido é uma fibra de poliamida aromática com estrutura molecular muito rígida) Unidade de repetição da estrutura das fibras de aramido: Propriedades de fibras para reforço de plásticos: Nos nanocompósitos a fase dispersa têm dimensões nanométricas, constituída de nanopartículas, nanotubos, nanofibras, etc. Com isso as distâncias entre a fase matriz e a fase dispersa são extremamente pequenas, com área interfacial por unidade de volume extremamente elevada. Devido a alta área superficial, as nanopartículas apresentam melhor dispersão na fase matriz e com isso há uma melhoria das propriedades físicas do compósito, que dependem da homogeneidade do material. Nanocompósitos Para os nanocompósitos poliméricos, as interações moleculares entre o polímero e as nanopartículas conferem propriedades únicas a estes materiais, com características multifuncionais e de alta performance. 6 Características multifuncionais apresentadas pelos nanocompósitos poliméricos: - mecânicas: aumento de rigidez, resistência e elongação (em alguns casos) - térmicas: aumento de resistência térmica, aumento da temperatura de transição vítrea (Tg), redução do coeficiente de expansão térmica - elétricas: redução da resistividade - químicas: aumento da resistência a umidade e solventes, redução de flamabilidade, aumento de biodegradabilidade - transporte de massa: diminuição de permeabilidade Fatores que afetam as propriedades dos nanocompósitos poliméricos: - características da matriz polimérica (cristalinidade, peso molecular, termoplástico ou termofixo) - tipos de nanopartículas e o tratamento superficial aplicado - método de síntese - morfologia do nanocompósito Principais desafios na produção de nanocompósitos poliméricos: - escolha das nanopartículas (devem ter interação interfacial e/ou compatibilidade com a matriz polimérica) - seleção da técnica de síntese para permitir uma dispersão uniforme das nanopartículas na matriz polimérica e uma boa adesão na interface dos dois componentes 7 Classificação dos polímeros: Matriz polimérica TERMOPLÁSTICO → polímeros lineares ou ramificados que permitem fusão por aquecimento e solidificação por resfriamento - podem ser conformados mecanicamente repetidas vezes, desde que reaquecidos (são facilmente recicláveis) - parcialmente cristalinos ou totalmente amorfos TERMOFIXO (ou termorrígido) → polímeros que, por aquecimento ou outra forma de tratamento, assumem uma estrutura tridimensional, reticulada, com ligações cruzadas, tornando-se insolúveis e infusíveis - podem ser conformados plasticamente apenas em um estágio intermediário de sua fabricação - o produto final é duro e não amolece com o aumento da temperatura - mais resistentes ao calor do que os termoplásticos - completamente amorfos Tg : Temperatura de transição vítrea Tm: Temperatura de fusão cristalina 8 A temperatura de transição vítrea depende da flexibilidade das cadeias e da possibilidade de sofrerem rotação. Se T>Tg → alta mobilidade das cadeias Se T<Tg → baixa mobilidade das cadeias A flexibilidade das cadeias diminui pela introdução de grupos atômicos grandes ou quando há formação de ligações cruzadas → aumenta Tg Os polímeros 100% amorfos não possuem temperatura de fusão cristalina, apresentando apenas a temperatura de transição vítrea (Tg). Se Tuso < Tg → o polímero é rígido Se Tuso > Tg → o polímero é “borrachoso” Se Tuso >> Tg → a viscosidade do polímero diminui progressivamente, até que seja atingida a temperatura de degradação Quando submetidos a tensão, os elastômeros se deformam, mas voltam ao estado inicial quando a tensão é removida. Os elastômeros apresentam baixo módulo de elasticidade. São polímeros amorfos ou com baixa cristalinidade (obtida sob tensão). 9 Exemplos de temperatura de transição vítrea (Tg) e temperatura de fusão (Tm) de alguns polímeros termoplásticos: Existem diferentes tipos de nanopartículas que podem ser incorporadas à matriz polimérica para formar nanocompósitos poliméricos. A adição de nanopartículas aos sistemas poliméricos traz uma série de vantagens em relação ao aprimoramento de propriedades: - mecânicas (limite de resistência, rigidez, dureza) - expansão e condutividade térmica - resistência química - estabilidade dimensional - barreira à permeação de gases - aditivo retardador de chama Nanopartículas 10 Algumas dificuldades podem ser encontradas na adição de nanopartículasa polímeros: - aumento de viscosidade (dificultando processamento) - problemas de dispersão - sedimentação - questões óticas (transparência, coloração escura) Constituem a classe de nanopartículas mais largamente investigada para produção de nanocompósitos poliméricos, com diversas aplicações. As nanoargilas são provenientes da bentonita, que é uma argila natural formada pela alteração de cinzas vulcânicas, que foram carreadas pelo vento e se depositaram em condições marinhas ou em lagos alcalinos. Nanoargilas 11 A bentonita é composta principalmente de esmectitas (cujo principal representante é a montmorilonita), que são filossilicatos do tipo 2:1, ou seja, sua estrutura cristalina apresenta uma camada octaédrica de Al ou Mg entre duas camadas tetraédricas de Si, que compartilham os átomos de oxigênio das extremidades. Essas 3 camadas formam uma “folha” com espessura de 0,96 nm. Por um processo de substituição isomórfica (por exemplo, entre Al3+ e Mg2+ ou Fe2+, entre Mg2+ e Li+), gera-se uma carga negativa nas camadas, requerendo a presença de cátions no espaço interlamelar para compensar essas cargas. Fórmula química das esmectitas: (M é um cátion monovalente e x é o grau de substituição isomórfica, entre 0,5 e 1,3) - montmorilonita: Mx(Al4-xMgx)Si8O20(OH)4 - hectorita: Mx(Mg6-xLix)Si8O20(OH)4 - saponita: MxMg6(Si8-xAlx)Si8O20(OH)4 As esmectitas possuem como características principais o alto poder de inchamento, até 20 vezes seu volume inicial, atingindo espaços interlamelares de até 10 nm, alta área superficial (até 800 m2/g) e capacidade de troca catiônica (CTC) na faixa de 60 a 170 meq/100g. Além das esmectitas, a bentonita também contém argilas de camada mista, vidro, ilita, caulinita, quartzo, zeólitas e carbonatos. 12 Como os silicatos em camadas são materiais hidrofílicos, eles devem se tornar organofílicos (hidrofóbicos) para se tornar compatíveis com a maioria das matrizes poliméricas. O tratamento orgânico é feito via troca iônica entre os cátions inorgânicos naturais presentes na superfície da argila e o cátion orgânico desejado, em presença de água. Quando a esmectita é colocada em água seus cátions trocáveis se hidratam, ficando mais suscetíveis a troca iônica. Principais tipos de compostos orgânicos que são utilizados para tornar as argilas organofílicas: a) Sais quaternários de amônio Ex: (a) cloreto de alquila dimetil benzil amônio, (b) cloreto de estearil dimetil amônio, (c) cloreto de cetil trimetil amônio e (d) brometo de cetil trimetil amônio. 13 b) Alquil imidazolas e compostos fosforosos, que melhoram a estabilidade térmica O grupo 4,5 dihidroimidazol introduz um caráter básico à argila, aumentando a compatibilidade com polímeros sulfonados. Correlação entre o espaçamento interlamelar e o tamanho da cadeia do composto fosfatado inserido na montmorilonita: 14 Diferentes tipos de compósitos podem ser produzidos por interação dos silicatos lamelares com polímeros: No tipo intercalado as cadeias poliméricas ficam intercaladas com as cadeias de silicato. Quando as camadas de silicato estão completamente e uniformemente dispersas na matriz polimérica, forma-se uma estrutura exfoliada ou delaminada. O conteúdo de argila de um nanocompósito exfoliado é normalmente muito menor que daquele intercalado. O tipo mais desejado para produção de nanocompósitos é o exfoliado. A exfoliação de organoargilas em matrizes poliméricas é função do tratamento superficial da argila e da eficiência de mistura do equipamento de dispersão. O grande desafio está em se dispersar partículas de argila de 8 µm em mais de 1 milhão de platelets usando técnicas e condições adequadas. 15 Oligômeros poliédricos de silsesquioxanos (POSS) são materiais híbridos orgânico-inorgânico, de fórmula empírica (RSiO1.5)n, ou RnTn, onde R é um substituinte orgânico reativo ou não reativo ligado aos oito vértices possíveis do silsesquioxano cúbico e n = 6, 8, 10, 12, 14, 16 e 18. POSS octaédricos (n = 8) são os membros mais importantes desta família. Oligômeros poliédricos de silsesquioxanos (POSS) Muito usados como aditivos poliméricos, atuando como reforço molecular e retardador de chama, aumentado a estabilidade do polímero a altas temperaturas. Estrutura do R8T8 onde R= grupo vinil No POSS, o núcleo cúbico de silicato é "uma partícula rígida” com 0,53 nm de diâmetro e um raio esférico de 1-3 nm, incluindo unidades orgânicas periféricas. Possuem duas características estruturais únicas: - composição química intermediária (RSiO1,5) entre a sílica (SiO2) e os silicones (R2SiO) - moléculas com arranjo nanométrico (diâmetro entre 1-3 nm) 16 Os reagentes POSS são termicamente e quimicamente mais robustos que os silicones. Cada molécula de POSS contém substituintes orgânicos funcionalizados nos vértices que tornam a nanoestrutura POSS compatível com polímeros ou sistemas biológicos. A funcionalidade, solubilidade e reatividade dessas moléculas podem ser facilmente alteradas por meio da modificação do grupo R. A incorporação de POSS em polímeros torna-se o foco de muitos estudos devido à sua simplicidade de processamento e excelentes propriedades termo-mecânicas. Os grupos orgânicos dos POSS podem ser manipulados para conferir diferentes formas e tamanhos ao material e assim diferentes morfologias e propriedades dos nanocompósitos produzidos. Micrografias TEM mostrando as diferentes morfologias do nanocompósito de poliestireno com POSS que podem ser obtidas alterando-se os grupos R. 17 Trata-se de uma sílica altamente pura e dispersa, amorfa, com diâmetro de partícula entre 7 e 40 nm, produzida por hidrólise de tetracloreto de silício a alta temperatura, em chama de H2-O2: SiCl4 + 2H2 + O2 → SiO2 + 4HCl Esse material foi desenvolvido pela Degussa sob o nome comercial de AEROSIL. Nanosílica AEROSIL é insolúvel em água e ácidos e se dissolve em meios básicos fortes formando silicatos. Grupos silanol situados na superfície da AEROSIL são responsáveis pelo seu comportamento hidrofílico. A superfície pode ser quimicamente modificada reagindo os grupos silanol com vários silanos e silazanos, resultando em partículas hidrofóbicas. A área específica varia entre 50 m2/g (AEROSIL OX 50, com diâmetro médio de partícula de 40 nm) e 380 m2/g (AEROSIL 380, com diâmetro de partícula de 7 nm). Esses materiais não apresentam área interna devido a ausência de poros. 18 Também são produzidos pela Degussa, por hidrólise de cloretos metálicos a alta temperatura, em chama de H2-O2: 4AlCl3 + 6H2 + 3O2 → Al2O3 + 12HCl TiCl4 + 2H2 + O2 → TiO2 + 4HCl A nanoalumina tem diâmetro médio de partícula de 13 nm e área específica de 100 m2/g. Para a nanotitânia os valores são 21 nm e 50 m2/g. Nanoalumina e nanotitânia Comparação de áreas BET e densidades de alguns nano-óxidos produzidos pela Degussa: 19 Partículas inorgânicas tendem a se agregar em matrizes poliméricas independente do tipo de material e do tamanho devido a reduzida afinidade química. A compatibilidade das cargas inorgânicas com a matriz polimérica pode ser melhorada através da modificação química superficial das partículas dos componentes. Para este efeito, é normalmente utilizado um agente de derivatização, que promove a compatibilização química entres os componentes por intermédio de pontes de hidrogênio, interações eletrostáticas ou por ligações covalentes na interface inorgânica/orgânica. Modificação química da superfície de nanopartículas Existem duas estratégias principais para estabelecer interações químicas/físicas entre os componentes do nanocompósito: - funcionalização orgânica da superfície das partículas inorgânicas - inserção prévia de um grupamento hidrofílico na cadeia polimérica.20 Existem duas possibilidades para funcionalizar espécies inorgânicas com grupos orgânicos: (i) grafitização de grupos orgânicos funcionais na superfície de partículas pré-formadas e (ii) funcionalização in situ de partículas durante sua formação. Estratégia 1: Funcionalização orgânica da superfície das partículas inorgânicas Um parâmetro importante é o número de grupos reativos funcionais disponíveis na superfície. Se apenas um grupo está presente, o sistema particulado pode ser usado como monômeros para formar polímeros lineares; mais de um grupo funcional leva a sistemas reticulados (crosslinked). 21 a) Ligação de moléculas orgânicas na superfície do sólido inorgânico por intermédio de ligações covalentes No caso de óxidos metálicos ricos em grupos hidroxílicos superficiais, estes reagem com moléculas orgânicas substituídas, do tipo RM’X3, em que M’ é um metal, X são grupos hidrolisáveis (aminas, halogêneos, ou alcóxidos), e R é um grupo orgânico não hidrolisável (por ex: cadeias lineares longas), estabelecendo-se ligações do tipo M-O-M’. Os reagentes mais comuns neste procedimento são os clorosilanos, os alcoxisilanos e os organotitanatos. Exemplos de alcoxisilanos freqüentemente utilizados na modificação de superfícies de sílica: b) Interação de polímeros e surfactantes orgânicos com a superfície das partículas inorgânicas Métodos para introdução da camada hidrofóbica na superfície da partícula incluem o uso de surfactantes ou copolímeros anfifílicos. Neste caso o surfactante atua como estabilizante das partículas coloidais inorgânicas, evitando sua aglomeração. Utilizando este método, as cargas dispersam mais facilmente nos monômeros ou em solventes orgânicos. 22 A quantidade de polímero adsorvida depende de vários parâmetros tais como o peso molecular, o tipo de unidades estruturais e o tipo do polímero (aleatório ou de blocos; linear ou ramificado; etc). Estes parâmetros são determinantes na interação entre os segmentos do polímero e o sólido inorgânico. A composição da superfície da partícula inorgânica e as características do meio dispersante são também fatores importantes a ter em conta. O pH da dispersão, por exemplo, determina na maior parte dos casos a carga da superfície inorgânica e, conseqüentemente, a natureza das interações entre as duas fases. Estratégia 2: Inserção prévia de grupamentos hidrofílicos na cadeia polimérica da matriz Esquema de uma cadeia polimérica com grupos alcóxido pendentes: O método sol-gel permite a formação de cargas inorgânicas na presença de polímeros com grupos funcionais que estabeleçam interações com a fase inorgânica. As reações sol-gel ocorrem a partir de precursores inorgânicos do tipo ROM(OR’)3 em que freqüentemente M é Si ou Ti, e R pode ser igual a R’ ou, alternativamente, ser um grupo orgânico não hidrolisável. 23 As reações envolvidas neste processo são a hidrólise (reação 1), em meio ácido ou básico, na qual os grupos OR são substituídos por grupos silanol (Si-OH). A reação de hidrólise ocorre na presença da matriz polimérica. Os grupos silanol podem reagir entre si (reação 2) ou com outros grupos OR (reação 3) através de reações de condensação formando ligações siloxano, dando origem a uma rede tridimensional de sílica. À medida que a condensação vai ocorrendo o solvente fica retido no interior dos poros da estrutura, e obtém- se um gel no qual o polímero fica retido. + - + - + - H /OH 2 H /OH 2 H /OH Si-OR + H O SiOH + R-OH (1) Si-OH + HO-Si Si-O-Si + H O (2) Si-OH + RO-Si Si-O-Si + R-OH (3) ⎯⎯⎯→ ⎯⎯⎯→ ⎯⎯⎯→ É necessário controlar a cinética das reações de hidrólise e de condensação dos precursores inorgânicos; a cinética de polimerização da fase orgânica e a termodinâmica de separação das duas fases. As duas primeiras devem ocorrer rapidamente e em simultâneo, para minimizar efeitos de segregação dos componentes. O ajuste rigoroso das condições de hidrólise permite evitar a separação de fases mediante a interação entre o polímero e os grupos silanol gerados. 24 Existem basicamente três métodos para produção de nanocompósitos argila/polímero intercalados ou exfoliados, dependendo do material de partida e da técnica de processamento: - exfoliação/adsorção ou intercalação em solução - intercalação por fusão - polimerização in situ Métodos de síntese de nanocompósitos poliméricos Silicatos lamelares, devido às fracas forças que mantém as lamelas unidas, podem ser parcial ou totalmente delaminados em um solvente adequado, como água, acetona, clorofórmio ou tolueno. A delaminação é promovida pela introdução de espécies químicas entre as camadas inorgânicas, como por exemplo sais de amônio e aminas com cadeias alquílicas longas. No método de exfoliação o silicato é delaminado usando um solvente no qual o polímero (ou pré-polímero, no caso dos termofixos) é solúvel. A forte interação entre as macromoléculas solúveis e as camadas de silicato favorece a reagregação das camadas quando o solvente é evaporado, formando uma estrutura multicamada com o polímero intercalado. Exfoliação/adsorção 25 Dependendo da polaridade do solvente, diferentes graus de inchamento da argila podem ser obtidos, permitindo a incorporação de macromoléculas de alto peso molecular. O grau de exfoliação pode ser melhorado usando-se dispositivos convencionais de cisalhamento, como extrusoras. Principais dificuldades para se obter uma completa exfoliação: - grandes dimensões laterais das camadas (1 µm ou mais) - alta viscosidade intrínseca da resina - forte tendência das lamelas de se aglomerarem Esse método tem sido usado para termoplásticos, como poli (álcool vinílico) (PVA), poli (óxido de etileno) (PEO), polivinil pirrolidona (PVP) e poli (ácido acrílico) (PAA), e termofixos, como epóxi e polimida (PI). No caso da polimida, mistura-se a montmorilonita modificada com sais quaternários de amônio com um precursor da polimida, o ácido poliâmico, usando o solvente dimetilacetamida. Após eliminação do solvente, a argila preenchida com ácido poliâmico é aquecida até 300oC para induzir a reação de imidização que dará origem ao nanocompósito de polimida. 26 Esquema das forças atuando sobre as lamelas durante a exfoliação: A soma das forças viscosas e atrativas devido a força de van der Waals e atração eletrostática tende a dificultar a exfoliação, enquanto as forças elásticas, devido a entropia conformacional, tendem a favorecer a exfoliação. Assim, se as forças elásticas se sobrepõem às forças viscosas e atrativas, a exfoliação ocorre. O procedimento consiste no aquecimento, estático ou sob cisalhamento, de uma mistura do polímero e das cargas inorgânicas, a uma temperatura superior ao ponto de fusão para polímeros semicristalinos, ou acima da Tg para os polímeros amorfos. Se as camadas do silicato forem suficientemente compatíveis com o polímero, o polímero poderá ser inserido no espaço interlamelar formando nanocompósitos intercalados ou exfoliados, dependendo do grau de penetração. Intercalação por fusão 27 A intercalação por fusão depende dos seguintes fatores críticos: (a) Funcionalização dos silicatos para uma estrutura ótima interlamelar, em relação ao número e tamanho das cadeias surfactantes por unidade de área (b) Existência de interações polares entre o organo-silicato e a matriz polimérica Este método é ecologicamente favorável uma vez que não é necessário utilizar solventes orgânicos. Além disso, é compatível com técnicas convencionais de processamento de polímeros, como extrusão e injeção. Recentemente, demonstrou-se que a organofuncionalização do silicato não é necessária. Por exemplo, é possível preparar nanocompósitos Nylon 6/MMT em que uma lama aquosade Na+- MMT é misturada ao Nylon fundido numa extrusora, seguido da remoção de água. Nesse caso a exfoliação das camadas de silicato na matriz de nylon ocorre pela seqüência: (a) a lama aquosa de argila é bombeada na matriz polimérica fundida sob vigoroso cisalhamento; 28 (d) a água evaporada é removida sob vácuo e as camadas de silicato são dispersas na matriz fundida como monocamadas ou poucas camadas. (b,c) a lama vai sendo dispersa em pequenas gotas durante a misturação e, ao mesmo tempo, a água começa a evaporar em contato com o polímero fundido; Polimerização in situ O silicato lamelar é inchado com o monômero líquido ou uma solução do monômero de forma que a polimerização ocorra no espaço interlamelar. A polimerização pode ser iniciada por diferentes métodos, como calor, radiação, difusão de um iniciador ou por um catalisador ou iniciador orgânico fixado através de troca catiônica na intercamada antes do inchamento. A síntese controlada do polímero na presença de nanopartículas inorgânicas possibilita um controle rigoroso sobre as propriedades físicas/químicas da matriz. Permite ainda obter uma boa dispersão das cargas, originando nanocompósitos homogêneos de fácil processamento e baixo custo de produção. 29 Ex: Nanocompósito Nylon 6- montmorilonita formado por polimerização in situ (a) Introdução de α-aminoácidos no espaço interlamelar da MMT, para torná-la organofílica (b) Introdução da caprolactama (c) Aquecimento a 250-270oC por 48h para polimerizar a caprolactma, formando o nanocompósito As técnicas de caracterização mais empregadas são a Difração de Raios X de Alto Ângulo (WAXD- Wide-Angle X-ray Diffraction) e a Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET). Através destas técnicas é possível determinar a estrutura do nanocompósito (intercalado ou exfoliado) e o grau de dispersão das nanopartículas na matriz polimérica. Caracterização de nanocompósitos poliméricos 30 Difração de Raios X de Alto Ângulo (WAXD) O padrão de difração é usado para identificar as fases cristalinas e medir propriedades estruturais, como o espaçamento entre as camadas do silicato (através da Lei de Bragg: nλ= 2dsenθ). Para espaçamentos d da ordem de 6 nm ou menores, picos são observados na região 1,5º ≤ 2θ ≤ 10º. Através da posição, formato e intensidade das reflexões basais das camadas de silicato, é possível identificar a estrutura do nanocompósito: - intercalado: a intercalação do polímero no espaço interlamelar provoca uma expansão entre as camadas, com aumento do espaçamento d e aparecimento de novas reflexões basais - exfoliado: a extensiva separação entre as camadas devido a delaminação provoca o desaparecimento de qualquer pico no difratograma Ex: (i) Padrões de difração WAXD de MMT organofuncionalizadas com diferentes sais quaternários de amônio. Os picos correspondem ao espaçamento (001) da MMT. (ii) Padrões de difração WAXD de nanocompósitos destas MMT com polimida (preparados por exfoliação/adsorção usando o solvente dimetilacetamida). No caso (a) o nanocompósito apresenta uma estrutura totalmente exfoliada, enquanto em (b) e (c) a estrutura é intercalada (parte da MMT não foi homogeneamente dispersa na matriz de polimida) 31 Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) Embora a técnica de WAXD seja conveniente para se determinar o espaçamento interlamelar, pouca informação pode ser obtida sobre a distribuição das camadas de silicato ou presença de regiões de baixa homogeneidade. A técnica de MET permite a visualização direta de defeitos estruturais e o entendimento qualitativo da distribuição espacial das várias fases e da estrutura interna dos nanocompósitos: - intercalado: observam-se camadas de silicato num empilhamento ordenado - exfoliado: observam-se camadas individuais de silicato. 32 Ex1: Nanocompósitos MMT-PVA (poli álcool vinílico) preparados por exfoliação/adsorção, com concentração de MMT de 20 a 100% em peso. O aumento do teor de MMT provoca uma diminuição no espaçamento interlamelar d (até a separação de equilíbrio de 1,8 nm para 100% MMT), com formação de estruturas predominantemente intercaladas. A micrografia MET da amostra com 20% de MMT revela a co-existência dos estados intercalado (A) e exfoliado (B). Ex2: Nanocompósitos de MMT modificada com sais de dietilmetilamônio (SPN) e PMMA, por polimerização in situ de MMA utilizando diferentes co-monômeros polares: acrilato de dimetilaminoetil (AEA), acrilamida de dimetilaminopropil (PAA) e acrilamida (AA). A introdução dos co-monômeros afeta o estado de agregação das camadas de silicato. Com o AEA a estrutura mantém-se exfoliada. A introdução do PAA aumenta a floculação das camadas, enquanto o AA causa a formação de nanocompósito intercalado. As linhas pontilhadas indicam a posição das reflexões (001) e (002) da organoargila. 33 Ex3: Nanocompósitos de MMT modificada com sais de amônio C18 e PP graftado com anidrido maleico, preparados por intercalação por fusão. A intercalação direta de PP nos silicatos não é possível devido a ausência de grupos polares na cadeia. 34 Com 2% em peso da organoargila, o nanocompósito tem estrutura exfoliada, com 4% forma-se uma estrutura intercalada desordenada e com 7,5% a estrutura é intercalada e ordenada. Propriedades de nanocompósitos poliméricos 1. Propriedades mecânicas O módulo de elasticidade (E) dos nanocompósitos é, em geral, bem maior que da matriz polimérica pura, mesmo para teores da carga inorgânica tão baixos quanto 0,1% em peso. Esse aumento depende diretamente do comprimento médio das partículas de argila e, portanto, do seu aspect ratio. A estrutura do nanocompósito (intercalado ou exfoliado) também afeta o grau de aumento do módulo de elasticidade. Estruturas intercaladas são menos eficientes em prover aumento de rigidez do que as estruturas exfoliadas. 35 Ex: Efeito do conteúdo de argila sobre o módulo de elasticidade de nanocompósitos de Nylon 6 com MMT (comprimento médio das camadas de 1000Å) e saponita (L= 500Å). Os nanocompósitos foram preparados por polimerização in situ de caprolactama, com as argilas organomodificadas com ácido aminododecanóico. Ex: Nanocompósitos de Nylon 6/MMT modificada com C18, preparados por intercalação por fusão, apresentam grande aumento de E até 10% de MMT, a partir deste teor E se torna praticamente constante. Até 10% a estrutura é totalmente exfoliada e a partir daí a estrutura se torna parcialmente exfoliada- parcialmente intercalada. Já a tenacidade praticamente não é afetada pelo teor de argila. 36 A principal razão do grande aumento de E em nanocompósitos N6/MMT é a forte interação entre a matriz e as camadas de silicato via pontes de hidrogênio: O módulo de elasticidade e o limite de escoamento aumentam com o aumento do peso molecular da matriz de N6. Os nanocompósitos com N6 de alto e médio peso molecular (HMW e MMW) têm estrutura totalmente exfoliada, enquanto aqueles com baixo peso (LMW) têm regiões intercaladas e exfoliadas. Como a viscosidade aumenta com o aumento do peso molecular, a tensão de cisalhamento na extrusora também aumenta, contribuindo para a exfoliação das camadas de silicato. 37 Em relação à ductilidade, medida pelo alongamento na fratura, os nanocompósitos HMW exibem fratura dúctil mesmo com altos teores de argila, enquanto os nanocompósitos LMW e MMW tendem a sofrer fratura frágil quando o teor de argila é alto. Em alguns casos o limite de resistência à tração e a elongação passam por um valor máximo com o aumento do teor de argila. Para nanocompósitos de PI com MMT modificada com C16 (hexadecilamônio) essas propriedades apresentam valor máximo quando o teor de MMT é de 5%; acima deste valor formam-se agregados não-exfoliados, que deixam o compósitomais frágil. 38 2. Propriedades térmicas A estabilidade térmica de materiais poliméricos é usualmente estudada por análise termogravimétrica (TG), em que a perda de massa devido à formação de produtos voláteis é monitorada em função da temperatura de tratamento térmico (em atmosfera oxidante ou inerte). Em geral, a incorporação de argila na matriz polimérica aumenta a estabilidade térmica, agindo como isolante e barreira ao transporte de massa dos produtos gerados durante a decomposição. Sob condições oxidantes, pode haver a formação de um resíduo altamente refratário (char), que atua como uma barreira física entre a matriz polimérica e a zona superficial onde a combustão ocorre. O primeiro estudo sobre a estabilidade térmica de nanocompósitos foi feito por Blumstein em 1965 (J. Polym. Sci. A3), usando PMMA intercalado com 10% de MMT preparado por polimerização in situ. Tanto o PMMA linear quanto o ramificado, intercalados com Na-MMT, apresentaram um aumento de 40-50oC na temperatura de degradação, comparado com o polímero não modificado. Análise de TG de (I) nanocompósito PMMA linear com MMT, (II) nanocompósito PMMA ramificado com MMT e (III) PMMA puro. 39 Esse aumento de estabilidade térmica foi atribuído a 2 fatores: (a) mudanças na estrutura química, com diminuição da quantidade de macromoléculas terminadas por ligações duplas devido a reações de desproporcionamento, que são desfavorecidas no ambiente confinado da lamela, e (b) restrição de mobilidade térmica da macromolécula no espaço interlamelar. A natureza da interação entre o silicato e a matriz polimérica é fundamental ao aumento de estabilidade térmica. Para compósitos de EVA com Na-MMT não se observou qualquer variação na temperatura de decomposição, enquanto para MMT organomodificada houve um deslocamento desta temperatura em cerca de 40oC sob tratamento oxidativo, o que foi atribuído a formação de char (resíduo isolante e não-combustível). 40 EVA se degrada em duas etapas consecutivas: a primeira, entre 350-400oC, que ocorre de forma idêntica em ambiente oxidante ou inerte, corresponde a perda de ácido acético; a segunda envolve a degradação térmica do esqueleto insaturado obtido, por cisão radicalar (em ambiente inerte) ou por combustão térmica (em ambiente oxidante). O efeito de estabilidade térmica pode ser alcançado com teores extremamente baixos de argila. Ex: Para nanocompósitos de PS com MMT organomodificadas com sais de amônio, a temperatura de decomposição aumenta abruptamente com apenas 0,3% de argila. Utilizando Na-MMT praticamente não se observa aumento na temperatura de decomposição. 41 A estrutura do nanocompósito também afeta o seu grau de estabilidade térmica. Para nanocompósitos de PI, a estrutura intercalada se mostrou mais estável do que a exfoliada. Análise de TG em atmosfera de N2 de nanocompósitos de PI, contendo 10% de argila. 3. Flamabilidade (efeito retardador de chama) As propriedades relacionadas a flamabilidade de um material, como a taxa de liberação de calor (HRR- “heat release rate”), facilidade de ignição, taxa de perda de massa (MLR- “mass loss rate”) e evolução de fumaça e gases tóxicos são medidas através de um equipamento chamado de cone calorimétrico. Num experimento típico, a amostra é exposta a um fluxo de calor constante (da ordem de 30-40 kW/m2) e a taxa de liberação de calor é medida em função do tempo. A melhor indicação do efeito retardador de chama é a redução do pico HRR. 42 Seu funcionamento baseia-se no princípio calorimétrico de consumo de oxigênio: o calor de combustão de qualquer material orgânico está diretamente relacionado com a quantidade de O2 requerido para a combustão. Assim, medindo-se a quantidade de O2 no efluente da queima pode-se determinar a taxa de liberação de calor. Ex1: Redução do pico HRR em 63% para um nanocompósito N6 exfoliado com 5% de MMT. 43 O pico HRR foi reduzido, sem haver aumento no calor de combustão, fumaça e rendimento de CO. Com isso o efeito retardador de chama deve ser associado a um processo de combustão em fase condensada e não a um processo em fase gasosa. Esse efeito está basicamente associado a formação de char a partir do colapso da estrutura exfoliada ou intercalada. A estrutura multilamelar do char age como um ótimo isolante e barreira ao transporte de massa, reduzindo a velocidade de escape dos produtos de decomposição voláteis (reduz a MLR). Qualquer que seja a natureza da matriz (termoplástico ou termofixo) e a estrutura do nanocompósito (exfoliado ou intercalado), o mesmo espaçamento interlamelar (13Å) é observado no char formado, mostrando a mesma natureza do resíduo de combustão gerado. A formação de char controla a taxa de perda de massa MLR e com isso essa taxa é significativamente menor que no polímero puro, seguindo a mesma tendência das curvas HRR. Quando a quantidade de argila aumenta, a quantidade de char formada aumenta e assim a MLR e a HRR diminuem. 44 4. Permeabilidade a gases As argilas reduzem a permeabilidade dos polímeros por criar um caminho tortuoso que retarda o movimento das moléculas de gás através da matriz polimérica (o caminho difusivo torna-se mais longo). Embora a melhora nas propriedades de barreira ao transporte de gases dos nanocompósitos seja bem conhecida, a dependência de fatores como a orientação relativa e dispersão (intercalado, exfoliado) ainda não é bem entendida. Alguns trabalhos relatam que as propriedades de barreira melhoram quando a estrutura é exfoliada, como no caso de nanocompósitos de PI com 2% de organoargilas: para MMT e mica a estrutura obtida é exfoliada, resultando em maior redução de permeabilidade que para saponita e hectorita, que formam estrutura intercalada. 45 Bharadwaj (Macromolecules 34, 2001) modelou o efeito da orientação das camadas de silicato sobre a permeabilidade relativa de nanocompósitos exfoliados. Quando as camadas estão perpendiculares a direção do fluxo (S=1) a redução de permeabilidade é máxima. Simulação do efeito da orientação das camadas de silicato (S) sobre a permeabilidade relativa, para nanocompósitos com fração volumétrica de camadas de 0,05 (φS), largura das camadas (W) de 1 nm e comprimento entre 50 e 1000 nm. Segundo esse autor a completa exfoliação é realmente mais eficiente na redução de permeabilidade. 46 5. Biodegradabilidade A presença das argilas nos nanocompósitos é capaz de aumentar a biodegradabilidade da matriz polimérica. Ex1: Biodegradabilidade de nanocompósitos de PLA (polilactide) com 4% de MMT modificada com octadecildimetilamônio. Dependência do peso residual (RW) e do peso da matriz (MW) do PLA e nanocompósito de PLA, em presença de rejeito alimentício a 58oC: Durante 1 mês o nível de biodegradabilidade do PLA e do nanocompósito é bastante semelhante. Porém, após 1 mês, há uma queda brusca no peso residual do nanocompósito, que está completamente degradado em 2 meses. A presença de grupos hidroxilados terminais nas camadas de silicato pode ser um dos fatores responsáveis por este comportamento: os grupos hidroxila iniciam a hidrólise heterogênea da matriz de PLA por absorção de água a partir do rejeito. 47 Ex2: Para poliésteres alifáticos (APES) há redução de biodegradabilidade com a formação de nanocompósitos com MMT modificada por sais de amônio. Os APES são conhecidos como os materiais mais promissores para produção de plásticos biodegradáveis. O aumento do teor de argila diminui a biodegradabilidade dos nanocompósitos APES-MMT. Nesse caso a redução de biodegradabilidade foi associada à redução de permeabilidade do material à difusão de microrganismos responsáveis pela sua degradação. As bactérias produzem enzimas capazes de decompor o polímero.
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