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HISTÓRIA DA SEXUALIDADE - resenha

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Universidade Federal da Fronteira Sul
Campus Realeza
HISTÓRIA DA SEXUALIDADE: A VONTADE DE SABER
MICHEL FOUCAULT
Realeza, julho de 2014.
Foucault manifesta o processo de repressão à sexualidade, vivido pela sociedade a partir do século XVIII, questiona as pessoas sobre o quão hipócritas são nesse curso do regime vitoriano. Aponta a rigidez vivida na “era vitoriana”, onde a sexualidade era oprimida e que esse momento histórico poderia se perpetuar. Em contrapartida até o século XVII a sexualidade era limpa, não havia problemas nas palavras ditas, as grosserias e obscenidades tinham liberdade, corpos a mostra eram normais até para crianças que nada viam de escandaloso ou esdrúxulo.
Com a burguesia vitoriana a sexualidade é contida e entra nas casas, ao poder dos pais, que devem ostenta-la apenas com o motivo de reprodução. A cultura dos burgueses tende a se alastrar com ditos limpos e decoro em suas atitudes, aquele que se arrisca a fugir dessas “regras” é tido como anormal. Nesse contexto é apontado que as crianças não tem sexo, com fins de banir qualquer possibilidade de se falar no assunto, ou tampar os ouvidos, caso ouça qualquer discurso sobre o assunto. Aos vitorianos que insistem na prática ilícita da sexualidade, devem ir para longe, para meios onde haja lucro alto e longe dos meios de produção, pois os operários não devem gastar energia com prazeres. 
A predicação sobre repressão sexual se sustenta e tem suas origens com o inicio do sistema capitalista, subentendendo-se que é uma repressão burguesa para controlar os operários, pois estes poderiam se dissipar do puxado trabalho da revolução industrial, que lhes exigia dedicação intensa. O sexo é apontado como uma causa política, de controle do poder, que quem ultrapassa essa barreira adquire certa liberdade para além do futuro.
O sexo reprimido é apresento como uma evidência histórica e não é apenas objeto de teoria, mas parte de um discurso, onde se questiona o regime burguês e seu poder de apoderar-se sobre a sexualidade das pessoas. O ponto chave ao qual chegou o autor é descobrir porque nos dizemos reprimidos com veemência, porque escondemos, calamos e negamos o sexo, este foi condenado, transformado em pecado e extraímos disso efeitos desastrosos.
Essa repressão é chamada por Foucault de “hipótese repressiva”, e disso ele retira três dúvidas, que são: A repressão ao sexo é uma evidência histórica? O recurso usado pelo poder, é repressivo? O discurso crítico cruza com o recurso do poder? A partir dessas questões da verdade do sexo como uma história de repressão, que ele se propõe a responder nessa obra a ideia de que não se trata de uma hipótese meramente repressiva, a sexualidade se constitui num dispositivo de poder designado com um intenso discurso sobre ela.
No segundo capitulo Foucault retorna ao século XVII que surgiu o inicio das repressões burguesas, evidência a dificuldade de denominar o sexo e traze-lo ao discurso, houve nesse momento histórico uma exclusão de se falar de sexo explicitamente, o que gerou tanto pudor que se tornou censura. Nesse período estudado de três séculos surgiram muitos discursos ao redor do sexo, pois este havia sido exonerado do dialogo do pudor, foi realizada uma limpeza no vocábulo, a decência depurou as palavras a serem ditas e os locais a serem evocados.
No século XVIII surgiu uma era discursiva intensa sobre o sexo, porém o autor não afirma que tenha havido uma multiplicação do discurso ilícito, mas sim um debate provocado pela proibição, que se valorizou como insulto e zombaria. Ressalta ainda o crescente discurso no campo do exercício do poder.
Foi a partir das exigências da igreja católica na Contra Reforma, que incluíam técnicas para realização de confissões a partir de um detalhamento e uma vigilância sobre seu cotidiano, suas paixões e controle de desejos, todo o pensamento sexual deveria fazer parte de um discurso a ser confessado como atos contrários a lei. Regras encontradas dentro do trabalho ascético monástico, mas que serviriam como determinação a todo cristão, e tinha como objetivo intensificar as penitências. O homem tornava-se um animal confessional, um examinador de si, de suas atitudes, a partir um discurso que a primeira vista parece dirigido a uma pequena classe de frequentadores e praticantes da religião, mas estende por toda a organização.
No século XVIII o sexo torna-se caso de polícia, está tem a necessidade de regulação através de discursos públicos e não pelo rigor da proibição. Surge nesse ponto a população como alvo de estudos e a necessidade de controle e análise de diversos fatos sociais como, natalidade, morbidade, esperança de vida, fecundidade, estado de saúde, incidência das doenças, forma de alimentação e habitat. Gera-se um discurso sobre a propagação não natural e si em torno dos grandes centros, geração de futuro e fortuna está surpreendentemente ligado ao sexo de cada um, é constituída uma análise de conduta sexual, onde é estudado o limite entre biológico e econômico. O corpo vigiado é condenado ganhar uma história: hábitos, sensações, gestos são objetos de medicina e saber. Foucault exemplifica relatando o caso de um jovem camponês francês, que ao praticar uma brincadeira de cunho sexual, frequente até então, se torna objeto de interferência jurídica e investigação médica e psiquiátrica, tendo que passar o resto de sua vida internado em um hospital psiquiátrico.
O sexo passa a ser um objeto de discurso também nos ramos da demografia, biologia, medicina, psiquiatria, psicologia, na moral e na crítica politica. Foucault não se exausta em dizer sobre nosso papel diante o sexo, e insiste que o que falamos não é suficiente, acabamos por esbarrar pela timidez e o próprio medo do falar, o sexo deve sempre estar em discurso mesmo que pela obscenidade do segredo.
Todo o dito de irregularidade sexual era considerado de caráter médico, esse indivíduo era considerado doente mental. Todo o sexo da sociedade deveria estar relacionado ao processo de reprodução apenas, entretanto Foucault questiona se o processo econômico e politico não estão ligados a reprodução da sociedade. O sexo dentro do casamento também tinha suas regras a serem seguidas, como o período de amamentação, quaresma e abstinência, e todo o processo vivido teria que ser detalhado e confessado. O rompimento dessas leis e a traição deveriam acarretar em condenação. O século XIX é tido como a idade da multiplicação de perversões. As regras da igreja estavam relacionadas diretamente ao julgamento da justiça, tais condenavam a homossexualidade, o adultério, o rapto, o casamento sem consentimento dos pais e a bestialidade como um crime global. As pessoas hermafroditas também eram prejudicadas nesse processo, pois eram considerados criminosos e/ou filhos do crime, assim como os loucos e criminosos. Surge a sexualidade periférica, onde encontramos libertinos e perversos, ultrapassando a lei da aliança e a ordem dos desejos e envergonhando toda uma sociedade com roubo de mulheres e sedução de virgens. 
Foucault no capitulo três aborda o estudo que a ciência fez sobre o sexo, a forma que ela aborda o assunto, sua verdade e a formar como é voltada a classe de poder. Enfatiza também e com muita veemência a confissão ligada a verdade do sexo, o processo de purificação que a confissão tentava esclarecer, mas é bem detalhado no decorrer deste capitulo, que não e bem assim, por traz da confissão existe o domínio do poder e a forma grotesca de tortura para convencer o individuo a escancarar sua vida intima e cotidiana dentro dessa confissão.
Nesse período onde o discurso do sexo se fortaleceu e se multiplicou, foi seguida de proibições que acalentaram o pudor de se falar de sexo dentro do convívio social, a finalidade era oprimir a verdade que para muitos é perigosa. Esse assunto foi alvo de estudos da ciência e apontada tenebrosa, desde os atos mais simples na intimidade. Essa ciência sempre se submetia ao lado do poder, onde a sociedade era seleta, o estudo eracentralizado a conveniência dela.
Esse tempo gerou uma união entre os medos antigos e modernos, no que e trata de doenças venéreas, houve uma politica de alimentação das transmissões dessas doenças, o que acarretou no encobrimento do racismo. Era uma ciência cruel e que se aproveita das pessoas, nesse momento do século XIX o autor ressalta a existência da verdade e da facilidade perante o discurso.
A verdade do sexo se dissipou em dois pontos o ars erotica, que é o praticado pelos países orientais, eles tem liberdade da cultura sexual, no ars erotica o que impera é o prazer individual, a experiência vivida por cada indivíduo, aqui o sexo deve ser explorado, entretanto deve ser mantido em segredo, não por vergonha repressão e sim pelo fato de manter a essência. O scientia sexualis é talvez contraditório ao ars erotica ele explora a cultura sexual “essencial” relacionando a religiosidade e vincula o caráter do homem a partir do sistema confessional, avalia suas ações e pensamentos por uma outra pessoa. Posteriormente acabou por aprender a não fazer críticas e avaliar seu próprio discurso da verdade. 
Podemos observar que o ars erótica encontra liberdade de experimentação e conhecimentos e o scientia sexualis nos países ocidentais são regulados pela igreja. O povo ocidental absorveu naturalmente a confissão como avaliação do seu próprio eu, a confissão escancara a vida do indivíduo que passa a não ter mais segredos porque tudo deve ser confessado seja a quem for. Aqui se amplia os ouvintes da confissão para pais, médicos, professores... E nem sempre essa confissão é de livre vontade, muitas vezes é arrancada por tortura. A confissão está indiretamente ligada ao poder. O sexo é o foco das confissões, ela sempre tem o ouvinte que exerce o papel de poder e liberta o interlocutor.
Ao longo do tempo houve uma transformação na confissão através das transformações da sociedade ocorridas ao longo dos séculos, é uma modificação de atuação ao ato de confessar. 
Foucault divide a prática de extorsão discursiva em cinco pontos. O primeiro é a codificação clinica do “fazer falar” em que a confissão é parte do conhecimento cientifico. O segundo é postulado de uma casualidade geral e difusa que durante o século XIX os cientistas relacionavam todas as doenças ao sexo. No terceiro princípios de uma latência intrínseca á sexualidade é arrancada informações através da confissão não apenas por decência e pudor, mas porque a natureza humana tende a buscar o casual proibido. O quarto ponto é através do método da interpretação aquele que ouve a confissão tem não somente a obrigação de ouvir e proferir perdão, mas também de trabalhar o que foi falado e decifra-lo em verdade. Quinto e ultimo grupo medicação dos efeitos da confissão em que o sexo não é somente um pecado ele se torna uma patologia a ser tratada com auxilio da confissão.
O quarto capítulo Foucault expõe o seu entendimento de poder, postulando alguns princípios metodológicos para o entendimento ou refutação de sua analise. Se o sexo está constituído em discurso o que realmente está em jogo? Qual o método, domínio e sua cronologia? Essa temática de poder opressor não é exclusiva da analise do campo da sexualidade, os seus traços principais perpassa em analises frequentes da história do poder no ocidente. Foucault interpretada o poder sobre a sexualidade: a partir de uma relação estritamente negativa, cujo o poder não tem o domínio sobre a sexualidade, cabendo apenas uma aplicação de negativas, de uma instancia da regra, o poder estabelece um regime binária em tudo que corresponde ao sexo, por ser o que dita a lei, o que, e como ciclo de interdição, por uma lógica da censura e a unidade do dispositivo. E esse estabelece uma série de proposições para situá-lo.
Foucault enfatiza que são sobre esses campos de força que devem ser analisados os mecanismos de poder da sexualidade, desprendendo-se da lógica “Soberano-Lei” e apresenta algumas “prescrições de prudência” para uma metodologia da analise: Primeira regra é a da
imanência: As relações de poder estabelecem a produção de saberes, não são exteriorização entre técnicas de poder e estratégias de saber. Mesmo com papéis específicos, é necessário analisa-las a partir das diferenças que articulam entre si. É preciso estabelecer um “foco-local” de poder saber. Segunda regra das variações contínuas: as relações de poder não são estáticas , mas constituídas de constantes transformações e não correspondem a forças duais. Terceira regra do Duplo Condicionamento: Os “focos-locais” e as “estratégias de transformação” só funcionam quando condicionados e encadeados em uma estratégia global. O que não correspondem à uma descontinuidade em níveis diferentes ou uma homogeneidade, localizada através de transferência de representações de poder à diferentes papéis, o pai não representa o poder opressor contra o filho que é privado de poder ou a família não é um microcosmo da sociedade, por exemplo. Quarta regra da polivalência tática dos discursos: Os discursos não são uma projeção exterior aos mecanismos de poder. Ele é a sua própria constituição. É a identificação de seus múltiplos elementos que adentram diferentes estratégias. O discurso veicula e produz poder.
Apresentando essa apreensão Foucault enfatiza a necessidade de orientar por uma concepção de poder que substituía os seguintes privilégios: da lei pelo ponto de vista de objetivo, da interdição pelo de eficiência tática e “da soberania pela analise de um campo, móvel e correlacinados de forças, que produzem efeitos globais, mas nunca estáveis de dominação”.
Não existe estratégia global única, aplicável em todas as sociedades. Qualquer idéia na tentativa de redução do sexo (função reprodutiva, por exemplo) não explica as manobras, as estratégias das ações das políticas sexuais e os objetivos visados. 
De maneira geral podem se distinguir quatro diferentes estratégias globais que produziram a partir do século XVIII(ou produzem) saber e poder em torno do sexo. A esterização do corpo da mulher, a pedagogia do corpo da criança, a socialização das condutas de procriação e a psiquiatria do prazer "perverso". 
São essas que constituem com a própria produção de sexualidade e esta não corresponde a uma “realidade subterrânea” cujas causas/efeitos devem ser descobertos para serem controlados, mas sim uma rede superficial de estimulação de corpos, de produção de conhecimentos e incitação discursiva. A sexualidade é um importante dispositivo histórico.
Foucault contrapõe e dispositivo da sexualidade, com o da aliança. Se esse foi impresso e configurado a partir das relações de sexo que prescreveram o regime matrimonial, de parentesco, de transferência de bens, os novos processos econômicos e estruturas políticas do inicio da idade moderna não encontram nele suporte para suas estratégias. 
Sem os colocar de lado um novo dispositivo, o da sexualidade, se articula de maneiras diferente a partir também dos parceiros sexuais. Não mais um sistema que se estrutura a partir de um conjunto de regras, de reproduzir as relações e manter a lei que as regem, de definir um status de aliança entre os parceiros, mas sim um sistema que funciona com técnicas não estáticas de poder, que engendra uma extensão dos seus domínios e do seu controle, que estabelece vínculos a partir de das sensações do corpo, do prazer e das impressões.
O dispositivo da aliança é mantido, não foi suprimido, e ainda se relaciona com a economia como papel fundamental de transmissão de riquezas, de reprodução. O dispositivo da sexualidade se instala a partir do dispositivo de aliança (a confissão como mantenedora de práticas corretas a manter a reprodução sexual), mas relaciona-se com a economia de
forma a sustentar uma estratégia global de dominação a partir do controle e da descrição, da penetração de forma mais intensa no corpo a fim de controlar as populações.
No Quinto capítulo que encerro o livro, Foucault se debruça sobre a configuração e a instrumentalização de uma bio-política : a transferência de direitosde morte do poder, a majoração do direito a vida, a sua afirmação concomitante ao desenvolvimento do capitalismo e como a sexualidade corresponde a um importante instrumento em seu mecanismo de poder.
Durante muito tempo constituiu-se como um privilégio do poder soberano o seu direito sobre a vida e a morte. Fruto de uma derivação de um direito pátrio, de pai, aquele que tem o direito de tirar a vida por tê-la dada. Mesmo assim esse poder era exercício de maneira limitada. A figura que o representava só aparecia quando havia necessidade de réplica à alguma atitude que transgredia, o que representava um ferimento ao próprio corpo soberano. Os rituais públicos de suplicio aos assassinos, tinha por finalidade mesma “relembrar” a figura do soberano e do crime como sendo um atendado não a vida de outro, mas sim a um direito de morte que só o soberano possui. Além disso, esse tinha o direito de arregimentar soldados para uma guerra que corresponderia um perigo à existência do corpo soberano.
Para Foucault, era um poder que se exercia substancialmente como um direito ao confisco: de bens, do tempo, dos corpos e da vida, e “culminava com o privilégio de se apoderar da vida para suprimi-la”.
A partir época clássica há uma transformação desse mecanismo de poder. Além do privilégio de confisco, o de controle e vigilância sobre os corpos para a majorar, dobrar e conduzir as forças que são produzidas. Um poder que se exerce para garantir, sustentar, multiplicar a vida se estabelece. Uma transposição da morte como representação de para defesa da vida do soberano para uma defesa à existência da vida, da própria população. 
Foucault aponta o que seria talvez seria um paradoxo, de que as guerras modernas nunca foram tão sangrentas e com um numero tão grande de vítimas. Mas aponta que dentro dessa nova formatação do poder, os massacres tornaram se vitais para o estabelecimento de regimes que se imprimiam como defensores da vida e raça de sua população. Há uma transposição de poder de morte para garantia da vida, não pelo aspecto jurídico, do corpo soberano, mas pela própria vida da população: um aspecto biológico.
A partir do século XVII esse poder sobre a vida desenvolve-se a partir de dois pólos de desenvolvimento de poder-saber: o corpo como máquina, e o corpo como espécie. O primeiro caracterizado como uma série de técnicas e produção de saberes que objetivam a majoração das forças produtivas e o segundo como objetivo de manter o controle de populações inteiras, através de políticas sanitaristas para controle de males, moléstias que interfiram na proliferação, duração e desenvolvimento da vida.
É a colocação na época clássica desses dois pontos que correspondem a nova uma nova ordem de investimento sobre a vida, o bio-poder e foi uma das ferramentas mais importantes para o desenvolvimento do capitalismo enquanto regime, que se aproveitou não somente do ajuste das forças produtivas e de consumo à necessidade econômica, mas principalmente das tecnologias para intensificar e gerir suas forças, mantendo um investimento e um controle sobre o corpo, impondo-se e adentrando suas redistribuições sociais a partir de discursos aplicados de gestão à vida.
Concluindo assim esse primeiro escrito de Foucault é apenas uma introdução a uma grande obra a qual ele queria continuar, infelizmente Foucault faleceu antes de terminar todos os livros ao qual pretendia, sendo então publicados três Histórias da Sexualidade. Foucault nos apresenta uma teia de informações históricas e muitas perguntas retóricas para que possamos refletir. Todo o funcionamento do discurso da sexualidade ao longo dos séculos nada mais é do que um extraordinário e profundo estudo da cultura humana, ele apresenta a influência do poder, da igreja e da medicina no discurso do sexo.