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Educadores: identidades, competência técnica e compromisso político
André Luís Gabriel
	Ao estudarmos conceitos filosóficos como senso comum, consciência, cidadania e democracia, inevitavelmente seremos levados também a pensar sobre atitudes e posturas frente ao pensar e ao agir, tanto individual como coletivo em nossa vida cotidiana.
	 É justamente na relação entre o pensar e o agir que se fundamentam alguns outros conceitos filosóficos e, o resultado dessa relação nos revela quem somos, o que pensamos sobre esse ser-estar e, principalmente, como nos identificamos ou não com o agir-pensar das outras pessoas. A esse contexto podemos chamar de identidade.
A identidade é antes de tudo uma consciência de si mesmo enquanto ente e enquanto ator nas relações com o mundo, relacionada com o existir e a compreensão dessa existência. Portanto, a identidade pode ser entendida também enquanto representação dos nossos valores, das nossas ações, das nossas crenças e da nossa colaboração para com o coletivo.
Enquanto educadores, qual é a identidade que nos define e representa no mundo? 
Podemos pensar que antes de sermos educadores somos pessoas, cidadãos, identificados com valores éticos e estéticos que provavelmente não serão os mesmos para grande parte das outras pessoas que convivem em sociedade. Daí, somos levados a pensar quem somos enquanto sujeitos e sociedade. Por isso o ofício do educador deve contemplar a dimensão entre identidades e a formação que se pretende cidadã e voltada para o bem comum, mas refletindo sobre quais os parâmetros comuns ou desejáveis a toda sociedade.
Alguns autores nos auxiliam nessa reflexão, como Antônio Gramsci que pondera sobre duas possibilidades de atuação dos educadores: (i) enquanto "agente ideológico do Estado" o professor atua como um elemento que reforça a alienação da classe trabalhadora, legitimando sempre as diferenças sociais e defendendo as posições do Estado, sem ter noção de que ele mesmo é um proletário oprimido, por mais que se identifique com o modo de vida burguês e (ii) como educador cuja identidade reflete o "intelectual orgânico", isto é, com atuação no sentido de esclarecer seus alunos sobre a realidade político-ideológica que os oprime, mostrando a parcialidade do Estado que sempre atua pelos interesses das classes dominantes.
Na posição de "intelectual orgânico", o educador tem consciência e reconhece a si mesmo como integrante do proletariado e luta para contribuir com a formação crítica dos seus alunos, atuando de maneira solidária, competente e politizada.
	Portanto, a atuação do intelectual orgânico depende também (além da consciência) de sua competência e da sua ação política. Devemos ressaltar que o conceito de política aqui não tem relação com o processo eleitoral-partidário, mas com a sua conceituação filosófica, ou seja, a vida na pólis com suas relações sociais e éticas. Nesse contexto, uma ação politizada do educador deve ser fundamentada em sua opção consciente sobre qual formação oferecer aos educandos. Independente dessa opção de formação pensada pelo educador, sua ação politizada inevitavelmente passa pela competência técnica, isto é, pelo seu domínio dos conteúdos curriculares que representam em última instância, o conhecimento historicamente acumulado pela humanidade e que é “transmitido” pela escola.
	Seja qual for a opção de atuação do educador relacionada à sua identidade e que se materializará no seu trabalho em sala de aula, a ação política somente será efetiva se fundamentada na competência técnica. Nesse ponto de nossa leitura podemos rever todo o conteúdo das aulas estudadas até aqui, onde refletimos sobre conceitos fundamentais e que nos levam a entender o agir filosófico e o espírito crítico, por exemplo.
	De um modo ou de outro, temos uma primeira constatação: a importância e responsabilidade do educador, tanto no próprio processo educacional formal realizado nas escolas e que é inerente à sua formação, quanto na constituição de elementos conceituais que fazem parte da formação das pessoas, sobretudo das crianças e jovens que frequentam as escolas.
	As competências do educador não se resumem, portanto, àquilo que ele conhece especificamente sobre sua disciplina, mas estão também associadas às suas concepções sobre a sociedade e, a partir destas, sobre qual a melhor forma de atuação para formar os educandos frente aos desafios sociais, visando sua transformação.
REFERÊNCIAS
SAVIANI, Dermeval. Educação: do Senso Comum à Consciência Filosófica. São Paulo: Autores Associados, 2007.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Filosofia da Educação: Construindo a Cidadania. São Paulo: FTD, 1994.
PROFISSÃO DOCENTE, Disponível https://www.youtube.com/watch?v=RMR0yk4RZKM

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