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Perícia Contábil

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01 - Introdu��o e conceitos b�sicos de per�cia.pdf
Cláudio Marcelo 
Rodrigues Cordeiro
Mestre em Administração de Empresas e 
Gestão Financeira pela Universidade de Extre-
madura/Espanha (UEX). Especialista em Didáti-
ca no Ensino Superior pelo Instituto Brasileiro de 
Pós-Graduação e Extensão (IBPEX). Especialista 
em Administração com Ênfase em Finanças, e 
graduado em Ciências Contábeis pela Faculda-
de Católica de Administração e Economia (FAE). 
Coordenador do curso de Ciências Contábeis 
das Faculdades Integradas Santa Cruz de Curiti-
ba (FARESC). Professor de disciplinas voltadas à 
área de Contabilidade na Universidade Positivo 
(UP). Professor de pós-graduação voltada à área 
de Contabilidade Internacional, Auditoria e Perí-
cia Contábil pelo IBPEX. Possui vasta experiência 
acadêmica em assuntos relacionados às Ciên-
cias Sociais Aplicadas, atuando principalmente 
nos seguintes temas: Contabilidade Internacio-
nal, Auditoria de Gestão, Auditoria Interna, Au-
ditoria Contábil, Perícia Contábil, Contabilidade 
Criativa e Fraudes Contábeis. Possui experiência 
profissional na área de auditoria interna e ex-
terna, obtida através de trabalhos em empresas 
nacionais e multinacionais.
ISBN: 978-85-387-2454-4
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 Cordeiro, Cláudio Marcelo Rodrigues
 Perícia contábil / Cláudio Marcelo Rodrigues 
 Cordeiro. -- Curitiba, PR : IESDE, 2011.
 Bibliografia.
 1. Auditoria 2. Contabilidade 3. Laudos periciais
 4. Perícia contábil 5. Perícia contábil - Brasil
 6. Peritos - Profissão I. Título.
11-08033 CDD-657.450981
 Índices para catálogo sistemático:
 1. Brasil : Perícia contábil : Contabilidade
 657.450981
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Introdução e conceitos 
básicos de perícia 
Neste capítulo, abordaremos os fundamentos relativos à perícia, demons-
trando suas bases históricas, a legislação relativa à perícia no Brasil, noções 
conceituais, perfil desejado da pessoa que pretende atuar nessa função; além 
disso, faremos a diferenciação entre o perito do juiz e o assistente técnico.
Origem da perícia 
O acúmulo de riquezas sempre foi um dos fatores que impulsionaram a 
humanidade, desde os primórdios. Inicialmente, por uma questão de sobre-
vivência da própria espécie, e posteriormente por ambição, vaidade e até 
mesmo ganância. 
Na idade primitiva, os homens acumulavam riquezas estocando a caça 
para os tempos mais difíceis, tendo uma provisão de alimentos para enfren-
tar condições climáticas desfavoráveis. 
Com o passar dos anos, e com a criação da moeda, o acúmulo da riqueza 
e seu controle foram sendo incorporados pela contabilidade, que passou a 
ser uma técnica extremamente importante de registro do patrimônio das 
pessoas.
O conceito clássico de patrimônio, segundo a visão da contabilidade, é o 
conjunto de bens, direitos e obrigações, suscetíveis de avaliação econômica. 
Esse patrimônio formado pelas pessoas ao longo dos anos sempre foi alvo 
de disputas, brigas e desavenças.
Devido à formação de patrimônios individualizados, com o passar do 
tempo, houve a necessidade da codificação dos direitos e das obrigações, 
através de regulamentos e leis, destacando-se o direito romano, os quais em 
grande parte eram voltados para distribuir a riqueza formada pelos cidadãos, 
junto aos reis, através dos impostos e taxas.
Todavia, com a ambição exacerbada, muitas vezes formando o seu patri-
mônio em detrimento da honestidade e legalidade, cada vez mais as pesso-
as passaram a buscar por seus direitos, ingressando na justiça para resolver 
polêmicas e controvérsias.
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Introdução e conceitos básicos de perícia
De um lado o autor da reclamação, aquele que julga ter o seu direito lesado, 
e do outro o réu, que é aquele que, em tese, lesou o direito de outrem. Para so-
lucionar esse conflito, o juiz tem a difícil e honrosa missão de decidir sobre qual 
das partes tem razão, pois é impossível que em uma demanda judicial todos 
os envolvidos estejam certos. Sempre alguém irá ganhar, e outro irá perder.
O juiz, entendendo que somente através da documentação acostada1 aos 
autos pelas partes envolvidas não é o suficiente para uma justa e honesta 
decisão, poderá determinar a produção de novas provas, através de perícia.
O objetivo da prova pericial é o de demonstrar a verdade, de maneira 
irrefutável e incontestável, a qual fará com que o magistrado tenha a plena 
certeza de estar praticando a justiça, isenta de favorecimentos.
A possibilidade da realização da perícia para auxiliar a justiça não é um 
fato recente, já que, de acordo com Martins, Anjos e Lima (2008, p. 51):
Observam-se indícios de perícia desde o início da civilização, entre os homens primitivos, 
quando o líder desempenhava todos os papéis: de juiz, de legislador e executor. Existem 
registros, na Índia, do surgimento do árbitro eleito pelas partes, que desempenhava o 
papel de perito e juiz ao mesmo tempo. Também, encontram-se vestígios de perícia nos 
antigos registros da Grécia e do Egito, com o surgimento das instituições jurídicas, área em 
que já naquela época se recorria aos conhecimentos de pessoas especializadas. Porém, a 
figura do perito, ainda que associada ao árbitro, ficou definida no Direito Romano primitivo, 
no qual o laudo do perito constituía a própria sentença, somente sendo desvinculada da 
figura do árbitro depois da Idade Média, com o desenvolvimento jurídico ocidental.
Do anteriormente exposto, percebe-se claramente a importância da perí-
cia como auxílio da justiça, a fim de que a decisão proferida pelos magistra-
dos esteja amparada por documentação produzida por pessoa especializa-
da, no caso, pelo perito.
De acordo com estudos realizados por Lopes de Sá (1994), a expressão 
perícia advém do latim Peritia, que, em seu sentido próprio, tem o significado 
de conhecimento (adquirido pela experiência), bem como experiência.
Assim, surge a primeira inferência que fazemos associando o termo perí-
cia a um expert, alguém que possui conhecimento acima do normal, acumu-
lado com a experiência de vida e a vivência profissional, de tal maneira que 
dê a ele a condição do desempenho da função pericial. 
Histórico da perícia no Brasil 
Apesar de o Brasil ser um país com muitas demandas judiciais, a perícia 
é uma atividade relativamente nova, tendo vagas citações a partir de 1939, 
1 Documentação acosta-
da é aquela que as partes, 
autor e réu, solicitam que 
faça parte do processo, 
de maneira a servir como 
subsídio para que o juiz 
tenha pleno conhecimen-
to dos fatos que motiva-
ram a ação. 
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Introdução e conceitos básicos de perícia
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através do Código de Processo Civil (CPC), no qual surgem as primeiras defi-
nições e conceitos básicos. 
O fato que marcou definitivamente a perícia como uma atribuição do 
contador se deu no ano de 1946, em que no dia 27 de maio houve a publi-
cação do Decreto-Lei 9.295, que criou o Conselho Federal de Contabilidade, 
deixando claramente descrito que a perícia contábil é prerrogativa da pessoa 
com formação em nível de terceiro grau, na função de contador. A profissão 
do contador foi a primeira no Brasil a atribuir a atividade da perícia como 
sendo de sua competência, motivo pelo qual possui resoluções específicas 
que tratam detalhadamente dessa função.
Existem outros regramentos
legais que favorecem o desenvolvimento e 
a busca por definições e procedimentos da perícia, como a Lei 4.983/66, que 
alterou uma parte da Lei 7.661/45, inerente à legislação falimentar, em que 
atribui que o processo de falência deve ser acompanhado por um perito. 
Temos ainda a alteração promovida no segundo Código de Processo Civil, 
Lei 5.869/73, e as modificações promovidas pelas Leis 5.925/73, 7.270/84 e 
8.455/92, a perícia obteve uma legislação ampla e regulamentada. Atual-
mente é citada no novo Código Civil, Lei 10.406/2002. 
Acompanhando a necessidade de evolução da atividade pericial, recente-
mente o Conselho Federal de Contabilidade editou duas importantes resoluções, 
sendo a Resolução CFC 1.243/2009, que aprovou a NBC TP 01 – Perícia Contábil 
– e a Resolução CFC 1.244/2009, que aprovou a NBC PP 01 – Perito Contábil.
Definição de perícia contábil 
Muitos autores procuram a definição do que é a perícia contábil, sendo 
que utilizaremos alguns desses conceitos, citados a seguir, para nos ajudar 
na interpretação do que venha a ser essa atividade. Para Hoog (2008, p. 50), 
“[...] podemos conceituar a perícia como um serviço especializado, com bases 
científicas, contábeis, fiscais e societárias, à qual se exige formação de nível 
superior, e deslinda questões judiciais e extrajudiciais”.
Segundo o ponto de vista de Magalhães et al. (1998, p. 12), 
A perícia pela óptica mais ampla, pode ser entendida como qualquer trabalho de natureza 
específica, cujo rigor na execução seja profundo. Dessa maneira, pode haver perícia em 
qualquer área científica ou até em determinadas situações empíricas. 
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Introdução e conceitos básicos de perícia
Voltado exclusivamente para a área de contabilidade, o saudoso profes-
sor Antônio Lopes de Sá (1994, p. 15) nos ensina:
Perícia contábil é a verificação de fatos ligados ao Patrimônio individualizado visando 
oferecer opinião, mediante questões propostas. Para tal opinião, realizam-se exames, 
vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramento, em suma, todo e qualquer 
procedimento necessário à opinião.
Baseado nesses conceitos, não resta dúvida quanto à especialização da 
atribuição, que de fato é voltada para a pessoa física, que tenha profundos 
conhecimentos sobre a área a ser periciada.
Tratando a matéria de natureza contábil, essa atribuição deverá ser de 
responsabilidade do contador, o qual deverá estar devidamente registrado 
em órgão de classe, no caso, junto ao Conselho Regional de Contabilida-
de, cumprindo com todos os requisitos, inclusive quanto ao pagamento da 
anuidade.
Essa afirmativa é reforçada por Rosa (1999), que assegura que o não paga-
mento, pelo profissional, de anuidade devida a determinado órgão de classe 
em que estiver registrado, o impedirá de realizar a perícia.
Naturalmente não é tarefa do magistrado fiscalizar se o perito nomeado 
pagou ou não pagou a anuidade devida a determinado órgão de classe. Essa 
tarefa é de competência do órgão fiscalizador da profissão.
 Concluímos, ainda, que o juiz somente nomeará o perito contábil quando 
julgar que o conhecimento técnico na área de contabilidade é importante 
para que ele possua elementos comprobatórios, que o levem a decidir sobre 
uma controvérsia que envolva o patrimônio, seja da pessoa física ou jurídica, 
pois é esse (patrimônio) o campo de atuação da contabilidade. 
Requisitos necessários para o 
desempenho da atividade pericial 
Vários são os requisitos necessários para o desempenho da atividade 
pericial, independente da área em que ela esteja sendo solicitada; todavia, 
procuramos relacionar alguns fatores preponderantes na formação do perfil, 
desmembrando entre pessoais e profissionais.
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Introdução e conceitos básicos de perícia
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Pessoais 
A honestidade, ética e o caráter irretocável deverão acompanhar a traje-
tória do perito em todas as fases de sua vida, pois a ele será confiada a possi-
bilidade de iluminar os juízes na melhor decisão de uma sentença.
Certamente, honestidade, ética e caráter deveriam ser virtudes presentes 
em qualquer pessoa, ou profissão, todavia nos dias em que vivemos, em que 
cada vez mais as pessoas estão perdendo esses atributos.
Se o indivíduo desejar assumir a nobre missão da perícia, deverá estar 
convicto de que as virtudes descritas são essenciais para que seja exercido 
um trabalho com o máximo zelo e dedicação.
A prática demonstra que muitas pessoas se aventuram a iniciar na perí-
cia como um “bico”, por estarem temporariamente sem emprego. Todavia, 
devem ter em mente o quão gratificante será executar um trabalho reto, ili-
bado, sem vícios, de modo a fazer a justiça prosperar, auxiliando a trazer a 
verdade aos autos.
A experiência de vida é de extrema importância na busca pela verdade, 
em comparação ao que é falso, conforme nos ensina Zanna (2005, p. 46):
A correta distinção entre o que é verdadeiro e o que é falso, em uma dada circunstância 
e momento, é fundamental para a credibilidade e prosseguimento do trabalho, e isto vai 
depender do conhecimento que o indivíduo tem ou adquire sobre o fato ou objeto em 
questão. Este conhecimento é a bagagem cultural que o indivíduo agrega com o tempo. 
Assim, a verdade a respeito de determinado assunto dependerá de seu aprendizado e 
experiência pessoal, sua cultura geral e do ambiente em que vive.
A experiência obtida pelo tempo é fundamental para formar um perito, 
pois quanto mais conhecimentos agregados pela vivência, mais isso o aju-
dará a aplicar na atividade para a qual ele foi designado, sabendo tomar a 
melhor decisão, o melhor caminho a seguir, diante das incertezas que podem 
acompanhar a rotina da sua atividade.
A clareza e facilidade da utilização da escrita é outro fator de sucesso para 
o perito, pois o produto de todo o seu trabalho deverá estar descrito em do-
cumentos produzidos no decorrer da sua missão.
O rigor e a metodologia da redação passam pelo respeito à gramática, 
pois na documentação gerada pelo perito deve assegurar o adequado uso 
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Introdução e conceitos básicos de perícia
do vernáculo, deixando à margem termos inadequados da linguagem colo-
quial, uma vez que esta não é admitida no meio judiciário.
Profissionais 
Particularmente para a consecução da perícia contábil, o indivíduo 
deverá ter a formação em curso superior de Ciências Contábeis, com registro 
ativo junto ao órgão regulador da profissão, no caso, o Conselho Regional de 
Contabilidade.
O registro no CRC é condição básica para o exercício da perícia contábil, 
todavia, não obstante essa obrigação da categoria, o indivíduo deverá estar 
ciente de que a agregação do conhecimento, através do estudo, é funda-
mental para quem desejar militar nessa área.
Naturalmente, por ter o foco voltado à contabilidade, deverá ser um pro-
fundo conhecedor dessa ciência, e de como ela poderá provar fatos ocorri-
dos, pois sabemos que é na escrituração contábil que existe o maior banco 
de informações.
Através da contabilidade, que é a base da perícia contábil, será possível 
buscar fontes de provas por meio dos lançamentos, dos livros da escrituração 
fiscal e contábil e da documentação que deu origem à formação dos saldos.
No que se refere aos itens anteriores, destacamos o seguinte comentário: 
os cursos de Ciências Contábeis formam profissionais que, na sua maioria, 
conseguem entender os lançamentos contábeis, compreendem as exigên-
cias para que uma escrituração seja revestida das formalidades
exigidas 
pelas leis e regulamentos; todavia, não ensinam técnicas para a detecção 
mínima de autenticidade de documentos.
Sendo a documentação a base fundamental para a escrituração contábil, 
entendemos que os profissionais que desejam trabalhar na área de perícia 
contábil devem buscar esse conhecimento junto a entidades que possam 
suprir essa deficiência dos bancos escolares.
O perito deverá ter o gosto pela leitura técnica, absorvendo novos con-
ceitos, metodologias e fundamentações que poderão respaldar as suas con-
clusões e convicções, pois a esse profissional não é admitida a incerteza, a 
insegurança ou a aproximação.
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Introdução e conceitos básicos de perícia
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Necessariamente terá que estudar tópicos de outras disciplinas, que não 
somente a contabilidade, pois estas permeiam os processos judiciais, no-
tadamente os usos e costumes da prática forense no Brasil, uma vez que é 
nesse ambiente que a grande maioria das perícias ocorrem. 
O conhecimento de finanças, matemática financeira, sistemas de infor-
mações e da espinhosa legislação tributária também contemplam o perfil 
profissional necessário ao exercício da perícia contábil.
Assim, a educação continuada é essencial para a consecução do trabalho 
pericial, pois, na área contábil, que envolve o patrimônio, inevitavelmente 
abarcará operações nas quais o conhecimento múltiplo e a atualização cons-
tante são fatores primordiais para os peritos. 
Ambos os requisitos, pessoais e profissionais, cunham o perito com perfil 
adequado para o exercício da profissão. Um não menos importante do que o 
outro, pois de nada adiantaria o indivíduo ter ética e honestidade, caracterís-
ticas pessoais, se não fosse um profundo estudioso e conhecedor da matéria 
objeto da perícia, característica profissional. 
A sinergia entre atributos pessoais e profissionais levam o perito a ter total 
segurança sobre o que irá demonstrar em seus relatos, utilizando o rigor da 
ciência contábil, pautado em padrões morais e éticos tão necessários a essa 
atividade.
Perito do juiz e assistente técnico 
A partir desta etapa, passaremos a abordar duas importantes atribuições 
inerentes a uma demanda judicial, sempre que o juiz entender a necessida-
de da realização de uma perícia judicial.
A perícia judicial poderá ser requerida como meio de prova2, conside-
rando ser este um dos fatores que motivam a realização do trabalho peri-
cial, quando o magistrado julga ser de suma importância para formar a sua 
convicção.
Sendo necessária a perícia, em uma demanda, além das funções do juiz 
e dos advogados das partes, temos ainda o perito do juiz e, possivelmente, o 
assistente técnico, sendo que a respeito destes discorreremos a seguir.
2 Conforme o artigo 212 
da Lei 10.406/2002 – 
Código Civil: “Salvo o ne-
gócio a que se impõe forma 
especial, o fato jurídico 
pode ser provado median-
te: I - confissão; II - docu-
mento; III - testemunha; IV 
- presunção; V - perícia.” 
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Introdução e conceitos básicos de perícia
Perito do juiz 
O perito do juiz, ou perito judicial, é aquele que é nomeado pelo juiz para 
auxiliá-lo durante uma demanda judicial, em que seja requerido o trabalho 
de um especialista.
Essa nomeação encontra guarida no artigo 421 do CPC, Lei 5.869/73, 
citado a seguir:
Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo.
O perito do juiz, embora preste um serviço para o poder judiciário, não 
é um funcionário público concursado, e sim um profissional liberal, devida-
mente habilitado para essa atividade, sendo escolhido livremente pelo juiz, 
que a este transmite confiança e conhecimento.
O juiz procede com a nomeação de um perito, pois julga que determi-
nada ação demandará conhecimentos específicos de uma área, no caso a 
contabilidade, e assim esse profissional (perito) estará vinculado a um deter-
minado processo, em particular.
Caberá ao perito o aceite se considerar que domina a matéria objeto da 
discussão na justiça, ou, caso contrário, declarar a sua escusa, conforme arti-
gos 146 e 423 do CPC, referenciado a seguir:
Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assina a lei, empregando 
toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
Parágrafo único. A escusa deve ser apresentada dentro de cinco dias contados da intimação 
ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la 
(art. 423).
Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento ou 
suspeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz 
nomeará novo perito.
Em que pese à enorme honra que é ser indicado para auxiliar o magistra-
do em uma demanda judicial, na função de perito, devemos ter claramente 
evidenciadas as nossas eventuais limitações para o aceite do trabalho, moti-
vado por fatores pessoais ou situações externas alheias à nossa vontade.
Escusa, impedimento e suspeição 
A escusa (art. 423), o impedimento e suspeição (art. 138, §1.º) devem ocor-
rer em um prazo de até cinco dias da data da nomeação, conforme determina 
o Código de Processo Civil.
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Introdução e conceitos básicos de perícia
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Em relação ao impedimento e à suspeição, destacamos o texto legal do 
CPC, conforme a seguir:
Art. 138. [...]
§1.º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição 
fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber 
falar nos autos; o juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão da 
causa, ouvindo o arguido no prazo de cinco (5) dias, facultando a prova quando necessária 
e julgando o pedido. 
O perito não poderá perder o prazo anteriormente referendado, pois, caso 
contrário, não mais terá a possibilidade de utilizar o expediente da escusa, 
impedimento e suspeição no decorrer do processo, estando obrigado a rea-
lizar a perícia para a qual foi nomeado.
Motivos para escusa 
Normalmente, a escusa do trabalho pericial está vinculada a fatores pes-
soais que inibem a possibilidade da execução da tarefa em dado momento, o 
que não quer dizer que futuramente o perito nomeado não pudesse execu-
tar a perícia. Entre os fatores que podem motivar a escusa, destacamos: 
incapacidade momentânea motivada por estado de saúde; �
excesso de trabalho, o que interferiria diretamente no prazo estipula- �
do pelo juiz;
estrutura do escritório de perícia não compatível com a complexidade �
da causa a ser periciada;
incapacidade técnica sobre o assunto principal da perícia. �
Estudos realizados por Hoog (2008) nos alertam de que o fato de uma pe-
rícia estar abrangida pela justiça gratuita, por si só, não pode ser um motivo 
de escusa do trabalho por parte do perito. Nesse caso, estaria o perito sujeito 
a sanção moral, que é a mais severa que poderia existir, não sendo mais indi-
cado/nomeado para atuar em outros processos. 
Do ponto de vista ético e filosófico, destacamos ainda que se a ele foi 
dada a possibilidade de estudar Ciências Contábeis, acumulando conheci-
mentos úteis para a sociedade, não seria de todo justo se eximir de praticar 
a justiça gratuita, pelo fato de especialmente em determinado trabalho não 
receber honorários.
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Introdução e conceitos básicos de perícia
Motivos para o
impedimento e a suspeição 
O impedimento e a suspeição normalmente ocorrem por fatores externos 
e de terceiros, os quais podem vir a tirar a imparcialidade que deve balizar o 
trabalho executado pelo perito, sendo que, nesse caso, deverá manifestar-se 
ao juiz através de petição fundamentada, alegando tal situação.
Vários poderão ser os fatores que motivam o impedimento e a suspeição, 
sendo que destacamos:
relação profissional mantida pelo perito com qualquer das partes, den- �
tro dos últimos cinco anos;
possuir relação de amizade, ou inimizade, com os litigantes; �
possuir interesse direto ou indireto com o julgamento da causa; �
existência de parentesco próximo com uma das partes; �
quando o perito for parte do processo; �
quando o perito prestou depoimento como testemunha; �
quando no processo tiver postulado como advogado de uma das partes, �
do seu cônjuge ou de parentes deste, ou de qualquer parente seu, con-
sanguíneo ou afim, em linha reta; ou linha colateral até o segundo grau.
Através da relação anterior, percebe-se que o impedimento e a suspeição 
estão ligados a fatores éticos e morais, os quais devem ser preservados a 
todo momento em um processo pericial, transcorrendo com a máxima lisura 
e honestidade.
O perito, em não se declarando impedido ou suspeito e mesmo tendo 
algum dos fatores relacionados anteriormente, certamente poderá macular 
a sua imagem, pois não agirá com a total imparcialidade que deve conduzir 
a tarefa ao longo do trabalho.
Não estando o perito judicial na condição de escusa, impedimento e sus-
peição, deverá realizar a tarefa no prazo estipulado pelo juiz, lembrando que 
terá 20 dias, antes da audiência de instrução e julgamento, para entregar 
em cartório um documento denominado de laudo, no qual constará todo o 
trabalho executado, conforme determina o artigo 433 do CPC.
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Assistente técnico 
O assistente técnico, ou perito da parte, é aquele que poderá ser indicado 
pelas partes envolvidas em uma demanda judicial, encontrando da mesma 
forma respaldo nos parágrafos 1.º e 2.º, artigo 421, da Lei 5.869/73 (CPC), os 
quais transcrevemos a seguir:
Art. 421. [...]
§1.º Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de 
nomeação do perito:
I - indicar o assistente técnico;
II - apresentar quesitos.
§2.º Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição 
pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a 
respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado.
Conforme consta no texto legal, o Código de Processo Civil assevera às 
partes a possibilidade de indicação do assistente técnico, sendo uma libe-
ralidade dos litigantes a contratação desse profissional, não impondo que 
necessariamente haja essa condição para o andamento da perícia.
Naturalmente que as mesmas prerrogativas que cabem ao perito judi-
cial cabem também ao assistente técnico, sendo que este deverá ter ilibada 
conduta moral e ética, ser um profundo conhecedor da matéria que moti-
vou a perícia, e estar legalmente habilitado junto ao Conselho Regional de 
Contabilidade.
Sendo indicado por um dos litigantes, a este deverá prestar serviço, es-
tudando profundamente o processo, e assessorando o advogado da parte 
que o contratou, com estratégias pautadas na ética, na regulamentação e na 
ciência contábil.
Não é o fato de ser contratado por uma das partes que fará com que o 
assistente técnico haja com malícia, procedimentos amorais, ou infração ao 
código de conduta da profissão contábil, ou leis específicas.
Deverá utilizar todo o seu conhecimento capturado com anos de estu-
dos e trabalhos, para que encontre o melhor caminho a percorrer na busca 
incessante pela verdade, que, em última análise, é a direção que a justiça 
persegue.
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Introdução e conceitos básicos de perícia
Em consideração ao fato de que o assistente técnico é de confiança da 
parte que o contratou, e não do juiz, aquele não está sujeito a impedimen-
to ou suspeição, uma vez que não faria sentido a parte suspeitar do perito 
contratado.
Por esse fator, não raras são as situações em que o assistente técnico possa 
ser inclusive o próprio contador de uma empresa que está em uma demanda 
judicial, pois este possui as prerrogativas mínimas requeridas para o exercí-
cio da profissão, pelo menos no que diz respeito à formação acadêmica.
Caberia o questionamento sobre se esse contador estaria isento de inte-
resses em relação à demanda, o que, salvo melhor juízo, afronta a imparciali-
dade, uma vez que a prova pericial poderá ser buscada na contabilidade da 
empresa, em que ele é o responsável pela escrituração. 
Para Zanna (2005, p. 38 e 39), existem três fases em que o assistente técni-
co pode se desenvolver de forma sucessiva, ou apenas na primeira e última 
delas, conforme relata:
1ª fase: ler, estudar e interpretar o processo para conhecer os termos da(s) controvérsia(s), 
o(s) argumentos(s) das duas partes e inteirar-se da estratégia encetada pelo advogado a 
quem serve; em seguida, reunir-se-á com ele para traçar um plano de ação pericial que 
convenha aos interesses do cliente e convirja ao mesmo ponto defendido pelo advogado;
Enfatizamos que, embora o assistente técnico trabalhe incessantemente 
para quem o contratou, e que a expectativa do contratante é sempre ganhar 
a causa, ao analisar o processo pode ser que haja a avaliação da falta de base 
científica e legal, do ponto de vista contábil, para a defesa do que se pre-
tende, nesse caso, cabe a franqueza e a lealdade com a justiça e a ciência, 
expondo essas condições à parte contratante e ao advogado.
Agindo dessa maneira, o assistente técnico tomará uma posição neutra e 
de imparcialidade na demanda judicial, contribuindo dessa forma para que 
de fato a justiça seja cumprida.
Não faria sentido algum o assistente técnico distorcer as informações, ou 
“direcionar” a perícia a favor de quem o contratou, mesmo que isso implicas-
se contrariedade à lealdade que deve existir em um processo pericial. 
2ª fase: colocar-se à disposição do perito judicial para acompanhar as diligências e oferecer 
seus préstimos para auxiliar o trabalho do colega. Esta ajuda, estes préstimos, poderão ser 
aceitos ou não pelo colega. Isto dependerá do grau de confiança técnica e pessoal que 
o expert depositar no assistente técnico. Quando ocorrer que nenhuma ajuda for aceita 
pelo perito judicial, isto em nada desmerecerá a atuação do assistente técnico. (ZANNA, 
2005, p. 38-39)
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Introdução e conceitos básicos de perícia
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É sempre importante, do ponto de vista de estratégia, oferecer ajuda ao 
perito do juiz, até mesmo para entender a linha de conduta e raciocínio que 
está sendo utilizada por ele. Caso o assistente técnico possa acompanhar 
os trabalhos, irá formando também a sua linha de pensamento, no que diz 
respeito ao desfecho da perícia. 
Devemos evitar a guerra de vaidades e soberba que, muitas vezes, podem 
acompanhar o indivíduo que milita nessa área, julgando-se com mais “poder” 
por ter sido nomeado pelo juiz, em contraposição ao assistente técnico, que 
não tem todo o aparato da justiça para ajudá-lo.
Devemos ter em mente que a sinergia e colaboração de ambos os profis-
sionais podem implicar a diminuição de esforços com a troca de opiniões e 
impressões acerca do trabalho que está sendo executado.
3.ª fase: convergir ou divergir do laudo pericial contábil apresentado pelo perito Judicial, 
apresentando, então, seu parecer convergente, divergente, ou parcialmente divergente, 
no qual fará todas as críticas técnicas necessárias ao laudo que o colega juntou aos autos. 
Apresentará os dados, as informações e as provas segundo seu ponto de vista técnico. 
(ZANNA , 2005, p. 38-39) 
Em uma possível contestação do trabalho realizado pelo perito judicial, 
o assistente técnico teria apenas 10 dias da entrega do laudo pericial, con-
forme parágrafo único do artigo 433 do CPC, para fazer as suas contestações 
em um documento denominado de parecer, e acompanhando o trabalho 
traria maior segurança na emissão desse documento. 
Por mais que essa razão fundamentasse a necessidade de interação entre 
o perito judicial e o assistente técnico, em uma situação ideal, imaginada por 
Zanna (2005), o perito do juiz deveria
comunicar ao assistente técnico em qual data irá protocolar o laudo; �
encaminhar uma cópia do laudo para que o assistente técnico tome �
conhecimento de forma célere sobre o conteúdo do documento;
colocar-se à disposição do assistente técnico para esclarecer eventuais �
pontos que não ficaram claros no laudo. 
Como a função de perito e do assistente técnico são atribuições tempo-
rárias, um dia você é perito do juiz em uma demanda judicial, e em outra 
oportunidade poderá ser assistente técnico, a mútua colaboração é essen-
cial para o desenvolvimento da profissão, e como extensão para a melhoria 
da qualidade nos serviços prestados.
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Introdução e conceitos básicos de perícia
Principais diferenças entre o perito 
judicial e o assistente técnico 
Para melhor assimilação das atribuições do perito judicial e do assistente 
técnico, elaboramos uma tabela comparativa, destacando as principais dife-
renças existentes entre essas duas funções importantes dentro de um pro-
cesso judicial. 
Perito judicial Assistente técnico
Profissional nomeado em juízo para auxiliar o 
magistrado na busca da verdade sobre uma 
demanda judicial.
Profissional contratado pelas partes que estão 
envolvidas em uma demanda judicial.
Está no rol dos auxiliares da justiça, assim 
como o escrivão, o oficial de justiça, o deposi-
tário, o administrador e o intérprete.
Não encontra guarida na relação dos auxiliares 
da justiça.
Recebe seus honorários pelo desempenho da 
sua função diretamente na justiça, normal-
mente mediante alvará, sendo pagos pela 
parte que solicitou a perícia, ou pela parte 
autora, caso tenha sido solicitada por ambas, 
ou ainda determinada de ofício pelo juiz.
Recebe seus honorários diretamente da parte 
que o contratou, mediante regras estabeleci-
das em contrato de prestação de serviço.
Ao final dos trabalhos, emite documento de-
nominado de laudo pericial, sendo que este 
deve ser entregue com 20 dias da data da 
audiência.
Ao final dos trabalhos, emite documento de-
nominado de parecer pericial, sendo que este 
deve ser elaborado no prazo de 10 dias, após a 
apresentação do laudo pericial.
Está sujeito a impedimento e suspeição, con-
forme determinação prevista no Código de 
Processo Civil.
Não está sujeito a impedimento ou suspeição.
Poderá solicitar a escusa dos trabalhos caso 
julgue impossibilidade de execução da tarefa. 
Poderá solicitar a recusa dos trabalhos caso jul-
gue impossibilidade de execução da tarefa.
Pessoa de confiança do juiz. Pessoa de confiança da parte que o contratou.
Não tem vinculação direta com os advoga-
dos das partes, devendo prestar informações 
ao juiz que o nomeou.
Pode assessorar o advogado da parte que o 
contratou traçando estratégias para a condu-
ção do trabalho, dentro dos limites éticos e da 
ciência.
Conforme percebemos, fica notória a diferença entre o perito judicial e 
o assistente técnico, com atribuições bastante distintas, especialmente no 
que diz respeito a prazos, documentos emitidos e função dentro do proces-
so judicial.
O que fica evidente é a enorme responsabilidade e importância da tarefa 
a ser executada por cada um deles, sendo uma nobre função colaborar com 
a justiça e o exercício da verdade.
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Introdução e conceitos básicos de perícia
27
Não podemos desmerecer nenhuma das atribuições, seja como assistente 
técnico ou como perito judicial, achando que uma função é mais importante 
do que a outra, pois ambos os profissionais que atuam no processo devem 
colaborar entre si, e respeitar o outro colega.
O fundamental é que esses profissionais ajam com ética, imparcialidade, 
zelo, dedicação e comprometimento com a ciência, pois é esta a base do 
trabalho que deve pautar a perícia contábil.
Ampliando seus conhecimentos
Perícia contábil, aspectos filosóficos e práticos do 
labor do perito, à luz do CPC 
(HOOG, 2010)
Resumo:
Apresentamos uma breve opinião sobre a perícia contábil, nos aspectos 
filosóficos e práticos do labor do perito, à luz do CPC. Buscando com isto deli-
near o labor do perito, procurando demonstrar a importância da observação 
do momento oportuno da produção de prova documental e de quem é este 
ônus. Procurando com isto afastar eventuais equívocos sobre a importante 
função do perito-contador, que labuta como auxiliar do Juiz. 
Palavras-chave: 
Perícia contábil; produção de prova; exame pericial. 
Desenvolvimento:
As provas são produzidas nos autos, para que o perito em contabilidade 
faça o exame, artigo 420 do CPC, logo os documentos probantes são produzi-
dos pelos litigantes para o convencimento do perito, não sendo possível que 
o perito venha a carrear aos autos os documentos probantes, pois não é a 
sua função. A regra sobre a função do perito é clara, e conhecida dos juristas, 
artigo 145 do CPC. Uma vez que cabe ao perito, que é tido como um dos auxi-
liares do juiz, artigo 139 do CPC, para assuntos de ciência e tecnologia; e não 
para suprir eventuais inépcias da inicial ou contestação, “falta de documentos 
que deem suporte às teses jurídicas defendidas”.
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Introdução e conceitos básicos de perícia
Não é papel do perito produzir provas, isto cabe aos litigantes por força 
dos artigos 297 e 396 do CPC. A nobre e imprescindível função do perito é a 
de examinar os documentos probantes e sobre eles emitir o seu laudo, res-
pondendo os quesitos do Juiz e das partes, que versem sobre matéria contá-
bil, especificamente sobre ciência e tecnologia contabilística. Fazendo o seu 
labor considerando a epiqueia contabilística e independência de juízo cien-
tífico. Devendo pautar as suas conclusões, além dos documentos analisados, 
na teoria pura da contabilidade, utilizando para tal o método do raciocínio 
contábil e a doutrina.
O entranhamento dos documentos antes do início da perícia é deveras 
importante, pois as partes têm o direito de se manifestarem sobre tais do-
cumentos, aceitando-os ou impugnando-os, sendo isto de forma tácita ou 
expressa, e, quiçá, carreando aos autos outros documentos tidos como con-
traprova, como previsto no artigo 397 do CPC, isto verte do prestígio à livre 
defesa e ao contraditório, além do fato de que as partes têm que ter ciência 
da existência e do uso nos autos desses documentos. Lembramos que em de-
corrência da juntada de documentos aos autos, o Juiz deve ouvir a outra parte 
a respeito no prazo de cinco dias, por força do artigo 398 do
CPC. E quando o 
perito quebra este rito processual, pedindo documentos que, por uma lógica, 
deveriam estar, mas não estão instruindo a inicial ou a contestação, reque-
rendo isto diretamente às partes para usar no exame como uma prova sem 
que isto tenha passado pelo crivo do contraditório, e ciência das partes e do 
juiz, usando estes documentos como se fosse uma prova produzida pelas 
partes, a ser examinada pelo perito, cria a possibilidade de uma lamentável 
pecha. Apesar da existência de tal pecha, o juiz poderá considerar válido o ato 
mesmo realizado de modo diverso do rito processual aqui descrito, se alcan-
çar a finalidade relativa à demonstração da essência das verdades contidas na 
peça inicial ou na contestação, por força do artigo 244 do CPC.
Todos têm a obrigação de colaborar com o descobrimento da verdade, artigo 
339 do CPC, quer seja o autor ou o réu, inclusive terceiros por força do artigo 341 
do CPC, porém ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo, ou re-
velar informações ou documentos protegidos pelo sigilo profissional, por força 
do artigo 347 do CPC. Mas cabe aos litigantes, artigos 282, 297 e 396 do CPC, 
respeitando-se a atribuição do ônus da prova, providenciar que estes docu-
mentos probantes sejam juntados aos autos, com a inicial, contestação ou em 
outro momento processual oportuno, artigo 397 do CPC. E na impossibilidade 
de se entranhar aos autos tais documentos, devem os interessados na produção 
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Introdução e conceitos básicos de perícia
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da prova, litigantes, e não o perito, providenciar as medidas judiciais cabíveis, 
como um pedido de exibição de documentos, emissão de ofícios, quebra de 
sigilo, entre outros meios legais disponíveis. Para fins da exibição de documen-
tos que se pretende o exame pelo perito, artigos 355 ao 363 do CPC.
E por derradeiro, assim como também pode o juiz, quando julgar neces-
sário, inspecionar coisas, artigos 440 a 442 do CPC, explicamos que o perito, 
por força da lei, artigo 429 do CPC, pode eventualmente solicitar documentos 
e informações que entenda necessários ao seu convencimento, (pode e não é 
obrigado) tomando o cuidado para que isto, para que na ânsia de demonstrar 
a importante verdade real, não venha a suprir falta de vontade de agir da parte, 
ou documento inepto probante do pedido ou da contestação. Ou seja, o direito 
ao uso das prerrogativas do artigo 429, por parte do perito, não pode ampliar 
a quantidade de documentos que compõem a chamada “instrução probatória 
do pedido ou da contestação”. Exemplos destas solicitações do perito são: as 
memórias de cálculos, fórmulas matemáticas utilizadas nos cálculos, plano de 
contas com a função e a técnica de funcionamento das contas, demonstrações 
ou notas explicativas que clareiem atos ou fatos alegados ou escriturados nos 
documentos juntados aos autos, além de ouvir pessoas sobre os fatos ou do-
cumentos examinados. E pode também o ilustre perito, se julgar necessário 
ao melhor entendimento das respostas ofertadas, juntar ao seu laudo apensos 
como fotografias, desenhos e outros como gráficos e planilhas.
Consideramos um ato profano tentar transformar o perito em um investi-
gante, buscador, organizador, produtor ou em um juntador de documentos 
aos autos, pois isto é atípico à sua função, podendo, no entanto, o perito as-
sistente prestar tal auxílio ao seu cliente, desde que, no momento processual 
adequado, ou seja, antes da instalação da perícia. O perito nomeado auxilia o 
Juiz para os assuntos específicos da ciência da contabilidade, logo analisa as 
provas com um juízo de independência científica, e não labuta em favor de 
uma ou de ambas as partes na produção de provas.
Pelo exposto, é possível concluir, pela vital importância e necessidade 
de se contratar um perito assistente para que em sintonia com o advogado, 
seja providenciado tais documentos, e uma perfeita instrução documental 
do pedido ou da contestação, com o máximo rigor e precisão, pois deles de-
pende o resultado da demanda. Com uma especial relevância, citamos que a 
instrução documental probante tem respaldo também nos vultosos direitos 
contidos e assegurados no artigo 427 do CPC.
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30
Introdução e conceitos básicos de perícia
Atividades de aplicação
1. Disserte sobre os elementos essenciais para a formação do perfil do 
perito.
2. Descreva sobre as principais diferenças existentes entre o perito judi-
cial e o assistente técnico, no que diz respeito à contratação da presta-
ção do serviço. 
3. Segundo o Código de Processo Civil, diferencie os termos que envol-
vem a escusa e o impedimento em uma perícia judicial.
Referências
HOOG, Wilson Alberto Zappa. Prova Pericial Contábil. 6. ed. Curitiba: Juruá, 
2008.
______. Perícia Contábil, Aspectos Filosóficos e Práticos do Labor do Perito, à 
Luz do CPC. Publicado em: 25 out. 2010. Disponível em: <www.zappahoog.com.
br/view_artigos.asp?id=86>. Acesso em: 4 fev. 2011.
LOPES DE SÁ, Antônio. Perícia Contábil. São Paulo: Atlas, 1994. 
MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias et al. Perícia Contábil: uma abordagem te-
órica, ética, legal, processual e operacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
MARTINS, Joana D’Arc Medeiros; ANJOS, Luiz Carlos Marques; LIMA, Márcia Maria 
Silva. O papel do perito-contador na solução de litígios judiciais – um estudo nas 
varas cíveis de Maceió-AL. RBC – Revista Brasileira de Contabilidade, n. 172, p. 
49-61, 2008. Conselho Federal de Contabilidade. 
ROSA, Marcos Valls Feu. Perícia Judicial: teoria e prática. Porto Alegre: Safe, 
1999.
ZANNA, Remo Dalla. Prática de Perícia Contábil. São Paulo: IOB Thomson, 2005.
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Introdução e conceitos básicos de perícia
31
Gabarito
1. Para a formação do perfil adequado para o exercício dessa atividade, 
é necessário o desenvolvimento tanto no plano pessoal, como no pro-
fissional. No plano pessoal, a honestidade, ética e o caráter irretocável 
deverão acompanhar a trajetória do perito em todas as fases de sua 
vida, pois a ele será confiada a possibilidade de iluminar os juízes na 
melhor decisão de uma sentença. Já no plano profissional, o indivíduo 
deverá ter a formação no curso superior de Ciências Contábeis, com 
registro ativo junto ao órgão regulador da profissão, no caso, o Conse-
lho Regional de Contabilidade, além da educação continuada, que é 
fundamental para a profissão.
2. O perito judicial e o assistente técnico são contratados de maneira 
bastante diferentes para a execução do serviço. No que diz respeito 
ao perito judicial, este é nomeado em juízo para auxiliar o magistrado 
na busca da verdade sobre um determinado processo. Já no que diz 
respeito aos assistentes técnicos, estes são contratados pelas partes 
que estão envolvidas em uma demanda judicial, com o intuito de au-
xiliar os advogados na melhor condução da estratégia dos trabalhos, 
sempre pautado em procedimentos éticos e na ciência. 
3. Os termos escusa e impedimento estão vinculados a situações que 
impediriam o perito de executar um trabalho com o máximo de zelo, 
honestidade e imparcialidade. Normalmente, a escusa do trabalho pe-
ricial está vinculada a fatores pessoais que inibem a possibilidade da 
execução da tarefa em dado momento. O impedimento normalmente 
ocorre por fatores externos e de terceiros, os quais podem vir a tirar 
a imparcialidade que deve balizar o trabalho executado pelo perito. 
Havendo situações dessa natureza, em ambos os casos o perito deverá 
manifestar-se ao juiz através de petição fundamentada, alegando tal 
situação.
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02 - Diferen�as entre o trabalho pericial e de auditoria.pdf
Cláudio Marcelo 
Rodrigues Cordeiro
Mestre em Administração de Empresas e 
Gestão Financeira pela Universidade de Extre-
madura/Espanha (UEX). Especialista em Didáti-
ca no Ensino Superior pelo Instituto Brasileiro de 
Pós-Graduação e Extensão (IBPEX). Especialista 
em Administração com Ênfase em Finanças, e 
graduado em Ciências Contábeis pela Faculda-
de Católica de Administração e Economia (FAE). 
Coordenador do curso de Ciências Contábeis 
das Faculdades Integradas Santa Cruz de Curiti-
ba (FARESC). Professor de disciplinas voltadas à 
área de Contabilidade na Universidade Positivo 
(UP). Professor de pós-graduação voltada à área 
de Contabilidade Internacional, Auditoria e Perí-
cia Contábil pelo IBPEX. Possui vasta experiência 
acadêmica em assuntos relacionados às Ciên-
cias Sociais Aplicadas, atuando principalmente 
nos seguintes temas: Contabilidade Internacio-
nal, Auditoria de Gestão, Auditoria Interna, Au-
ditoria Contábil, Perícia Contábil, Contabilidade 
Criativa e Fraudes Contábeis. Possui experiência 
profissional na área de auditoria interna e ex-
terna, obtida através de trabalhos em empresas 
nacionais e multinacionais.
ISBN: 978-85-387-2454-4
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 Cordeiro, Cláudio Marcelo Rodrigues
 Perícia contábil / Cláudio Marcelo Rodrigues 
 Cordeiro. -- Curitiba, PR : IESDE, 2011.
 Bibliografia.
 1. Auditoria 2. Contabilidade 3. Laudos periciais
 4. Perícia contábil 5. Perícia contábil - Brasil
 6. Peritos - Profissão I. Título.
11-08033 CDD-657.450981
 Índices para catálogo sistemático:
 1. Brasil : Perícia contábil : Contabilidade
 657.450981
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Diferenças entre o trabalho 
pericial e de auditoria 
Neste capítulo, abordaremos as principais diferenças que existem nos 
trabalhos executados pelo perito, se comparados àqueles desempenhados 
pelo auditor, conduzindo a nossa linha de raciocínio em relação a quatro di-
mensões principais, que são: objeto e finalidade, órgãos representativos dos 
peritos e dos auditores e suas normas, abrangência e profundidade dos tra-
balhos e usuários e época de demanda dos trabalhos.
Auditor e perito 
Considerando que esta obra está direcionada para a área de contabilidade, 
naturalmente iremos abordar esse assunto sob o prisma dessa ciência, pois 
não podemos perder de vista que podem existir pessoas desempenhando a 
atividade de auditoria e perícia em outras áreas, que não necessariamente a 
das ciências contábeis, como, por exemplo, na área da administração, econo-
mia, engenharia, medicina, somente para citar algumas delas.
O fato é que todas as vezes em que houver a necessidade da execução de 
trabalhos de auditoria e de perícia, que envolvam a análise e os estudos do 
patrimônio, essas tarefas devem ser executadas por pessoas legalmente ha-
bilitadas, sendo vedada a função a quem não possua o título de bacharel em 
Ciências Contábeis.
O especialista na verificação do patrimônio, sem dúvida nenhuma, deve ser 
aquela pessoa que domine essa área do conhecimento, pois é imprescindível 
que seja um profundo conhecedor da contabilidade, pois é esta a ciência que 
estuda o patrimônio.
Fazendo coro conosco, destacamos estudos realizados por Iudícibus e Marion 
(2000), nos quais asseguram que o campo de atuação da contabilidade, ou o seu 
objeto, é o patrimônio de qualquer entidade, seja de fins lucrativos ou não.
Dessa forma, direcionaremos as principais diferenças entre o perito e o 
auditor contábil, entendendo que a nossa abordagem irá auxiliar àquelas 
pessoas que têm a intenção de contratar o serviço de um profissional dessas 
áreas, mas que, todavia, não têm a segurança sobre o que cada um executa, 
tampouco sobre a abrangência e finalidade dos trabalhos.
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
Objeto e finalidade da auditoria e da perícia 
Embora ambas as atividades, do auditor contábil e do perito contábil, 
tenham por campo de atuação o patrimônio, é de suma importância o delinea-
mento do objeto e da finalidade dessas duas atribuições, as quais são conside-
radas como vitais para assegurar a transparência e veracidade das operações.
Objeto e finalidade da auditoria 
Os trabalhos executados por profissionais de auditoria têm por objeto 
análises e verificações sobre um conjunto de elementos que controlam o pa-
trimônio, os quais compreendem os registros e livros contábeis, documen-
tações internas e externas que demonstrem e comprovem a veracidade dos 
atos de gestão.
Sendo a auditoria uma das técnicas1 consagradas pela contabilidade para 
assegurar a adequada gestão do patrimônio, tanto qualitativa como quanti-
tativamente, ela é de extrema importância quando os diversos usuários das 
informações contábeis buscam a credibilidade e a confiabilidade sobre os 
fatos registrados.
Colaborando com o delineamento do objeto da auditoria, citamos a 
seguir Franco e Marra (2001, p. 30):
Se de um lado a auditoria auxilia o administrador, conformando os registros contábeis 
e complementando os fins informativos da contabilidade, por outro fiscaliza a própria 
administração, cujos erros, omissões e fraudes, podem ser por ela apontados. Assim, pode 
a auditoria informar o administrador das faltas cometidas por seus subordinados, como 
também denunciar aos titulares do patrimônio (acionistas e outros investidores) as faltas 
cometidas pelo administrador. Por outro lado, se resguarda os titulares contra fraudes 
de administradores, também salvaguarda os direitos dos credores do patrimônio contra 
eventuais fraudes dos titulares do patrimônio.
Percebe-se anteriormente a grande importância que assume a técnica 
da auditoria no controle e na segurança das informações do dia a dia das 
organizações, transmitindo confiabilidade e segurança, tanto aos usuários 
internos como externos, além do caráter da própria fiscalização.
De acordo com estudos realizados por Lopes de Sá (1998), várias são as 
finalidades que levariam à contratação de serviços de auditoria, tendo por 
destaque:
indagações e determinações sobre o estado patrimonial e a gestão pú- �
blica ou privada;
1 Como técnica de conta-
bilidade além da auditoria, 
temos a escrituração con-
tábil, as demonstrações 
contábeis e a análise das 
demonstrações contábeis. 
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
35
indagações e determinações sobre o estado financeiro; �
descoberta de erros e fraudes; �
estudos gerais sobre aspectos especiais, tais como: �
exames de aspectos fiscais e legais; �
exames para a compra de uma empresa; �
exames para a determinação de bases de critérios de rateios; �
exames para a determinação de � standards de custos;
exames para a medida da eficiência do equipamento; �
exames para levantamentos de dados decorrentes de incêndios, �
roubos etc.;
exames para a reorganização da empresa; �
exames para financiamentos; �
exames para levantamentos de falências; �
exames para avaliação da política de compras e de vendas;
�
exames para estudos de fusão, cisão e incorporação de empresas; �
exames para análises de custos; �
exames para subsidiarem parecer limitado; �
exames para avaliações dos estoques. �
A relação anterior, que não é exaustiva, dá a dimensão do trabalho reali-
zado pelo auditor, podendo ser requerido nas mais variadas situações, tanto 
aquelas decorrentes de verificações sobre os atos de gestão, até mesmo com 
o fulcro de descoberta de fraudes praticadas pela administração, ou pelos 
colaboradores.
Objeto e finalidade da perícia
Diferentemente da auditoria, que muitas vezes busca examinar o patri-
mônio sob a ótica da adequada administração, inclusive sugerindo o que 
poderia se fazer para a melhoria dos controles e técnicas de gestão, em 
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
trabalhos executados por peritos o objeto visa trazer, através da contabili-
dade, elementos que materialmente sejam importantes para “apresentar a 
verdade”.
Destacamos que normalmente a perícia contábil se processa em ambien-
tes conflituosos, onde há a desavença e a desconfiança das pessoas em re-
lação a um determinado fato, uma operação, registro, dívida, bem, enfim, a 
algo afeto ao patrimônio.
Nesse processo de discórdia, não é raro que passe pela justiça, em que 
o campo de atuação da perícia é extremamente requerido, trazendo esse 
profissional à sua contribuição técnica, sob o prisma da contabilidade, para 
aqueles que são leigos na matéria.
Ornelas (2007, p. 35) contribui com importante esforço na tentativa de 
delinear o objeto da perícia contábil, conforme transcrevemos a seguir:
A perícia contábil tem por objeto central os fatos ou questões contábeis relacionados com 
a causa (aspecto patrimonial), as quais devem ser verificadas, e, por isso, são submetidas 
à apreciação técnica do perito, que deve considerar, nessa apreciação, certos limites 
essenciais, ou “características essenciais”. Independentemente dos procedimentos a 
serem adotados, são caracteres essenciais da perícia contábil: a) limitação da matéria; b) 
pronunciamento adstrito à questão ou questões propostas; c) meticuloso e eficiente exame 
do campo prefixado; d) escrupulosa referência à matéria periciada; e) imparcialidade 
absoluta de pronunciamento.
Conforme vimos anteriormente, a perícia contábil também tem como 
objeto o patrimônio, todavia há a distinção no fato que motivou o trabalho 
quando são requeridos serviços de auditores e de peritos, sendo que esses 
últimos normalmente são requisitados na esfera judicial.
No que se refere à finalidade da contratação do perito contábil, Alberto 
(2000, p. 51) aponta para distintas situações, as quais visam buscar:
a informação fidedigna; �
a certificação, o exame e a análise do estado circunstancial do objeto; �
o esclarecimento e a eliminação das dúvidas suscitadas sobre o objeto; �
o fundamento científico da decisão; �
a formulação de uma opinião ou juízo técnico; �
a mensuração, a análise, a avaliação ou o arbitramento sobre o � quantum monetário 
do objeto;
trazer à luz o que está oculto por inexatidão, erro, inverdade, má-fé, astúcia ou fraude. �
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
37
Assim, percebemos que a perícia contábil busca iluminar a justiça, na-
queles assuntos relacionados à contabilidade, em que o julgador não teria 
condições de tomar a melhor decisão sem a colaboração de uma pessoa que 
tenha profundos conhecimentos técnicos na contabilidade, e suas manifes-
tações sobre o patrimônio.
Órgãos representativos 
da auditoria e da perícia 
Na área de contabilidade, aquelas pessoas que exercem a função de 
perito e de auditor são possuidoras de reconhecida competência técnica e 
profissional, sendo que essas atribuições são consideradas as mais nobres 
da área.
Para atuação nas áreas de auditoria e de perícia contábil, é necessário que 
a pessoa formada no curso de Ciências Contábeis tenha registro em alguns 
órgãos, sejam eles normativos, corporativos, ou somente de atualização 
sobre as práticas requeridas nessas funções.
Órgãos representativos dos auditores 
A atividade de auditoria tem organismos muito peculiares de fiscalização 
e congregação dos profissionais, sendo os que mais se destacam:
CVM – Comissão de Valores Mobiliários; �
CFC – Conselho Federal de Contabilidade; �
CRC – Conselho Regional de Contabilidade; �
IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil; �
AUDIBRA – Instituto dos Auditores Internos do Brasil. �
CVM, CFC e CRC 
Se o auditor pretende executar trabalhos voltados para a área de merca-
do de capitais, ou seja, auditar empresas que possuem ações negociadas na 
bolsa de valores, deverá ter o seu registro junto à CVM.
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
Para obter o registro na CVM, a pessoa deverá ser formada em Ciências 
Contábeis, possuir registro ativo junto ao CRC2, e realizar um exame de qua-
lificação técnica, administrado pelo CFC.
O Exame de Qualificação Técnica para registro no Cadastro Nacional de 
Auditores Independentes (CNAI) do Conselho Federal de Contabilidade 
(CFC), instituído pela NBC P 5, é um dos requisitos para a inscrição do Conta-
dor no CNAI, com vistas à atuação na área da Auditoria Independente. 
IBRACON 
O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil é o organismo que tem 
por finalidade regulamentar técnicas e procedimentos visando a moderni-
dade e atualização da auditoria. É voltado para a área de auditoria externa, 
emitindo diversos pronunciamentos técnicos que servem como balizadores 
para que o auditor realize as suas atividades cotidianas. O IBRACON auxilia 
o CFC na administração do Exame de Qualificação Técnica para registro no 
CNAI. 
AUDIBRA 
O Instituto dos Auditores Internos do Brasil é uma entidade voltada para 
o aprimoramento e a evolução das técnicas e dos procedimentos inerentes à 
auditoria interna, promovendo debates, discussões e apoio à pesquisa nessa 
área. Esse instituto administra a realização de diversos testes internacionais 
para qualificação da auditoria interna.
Relação das normas relativas à auditoria 
No que se refere às normas de auditoria, estas contemplam o conjunto de 
técnicas, procedimentos e rotinas necessárias para o exercício profissional 
do auditor. São divididas entre normas profissionais de auditoria e técnicas 
de auditoria.
Atualmente, o conjunto de normas técnicas e profissionais totalizam 40 
normativas, a seguir relacionadas: 
2 A partir de 2011, para obter 
o registro junto ao CRC, além 
de ser formado em Ciências 
Contábeis, deverá realizar o 
exame de suficiência, com 
acerto mínimo de 50% das 
questões.
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
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Nomenclatura Descrição da norma
NBC PA 01 Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de Auditores Independentes.
NBC PA 02 Independência.
NBC PA 03 Revisão Externa da Qualidade pelos Pares.
NBC TA 01 Estrutura Conceitual para Trabalho de Asseguração.
NBC TA 200 Objetivos Gerais do Auditor Independente e a Condução da Auditoria em Conformidade com Normas de Auditoria.
NBC TA 210 Concordância com os Termos do Trabalho de Auditoria.
NBC TA 220 Controle de Qualidade da Auditoria de Demonstrações Contábeis.
NBC TA 230 Documentação
de Auditoria.
NBC TA 240 Responsabilidade do Auditor em Relação a Fraude, no Contexto da Auditoria de Demonstrações Contábeis.
NBC TA 250 Consideração de Leis e Regulamentos na Auditoria de Demonstrações 
Contábeis.
NBC TA 260 Comunicação com os Responsáveis pela Governança.
NBC TA 265 Comunicação de Deficiências do Controle Interno.
NBC TA 300 Planejamento da Auditoria de Demonstrações Contábeis.
NBC TA 315 Identificação e Avaliação dos Riscos de Distorção Relevante por meio do 
Entendimento da Entidade e de seu Ambiente.
NBC TA 320 Materialidade no Planejamento e na Execução da Auditoria.
NBC TA 330 Resposta do Auditor aos Riscos Avaliados.
NBC TA 402 Considerações de Auditoria para a Entidade que Utiliza Organização 
Prestadora de Serviços.
NBC TA 450 Avaliação das Distorções Identificadas durante a Auditoria.
NBC TA 500 Evidência de Auditoria.
NBC TA 501 Evidência de Auditoria – Considerações Específicas para Itens Selecionados.
NBC TA 505 Confirmações Externas.
NBC TA 510 Trabalhos Iniciais – Saldos Iniciais.
NBC TA 520 Procedimentos Analíticos.
NBC TA 530 Amostragem em Auditoria.
NBC TA 540 Auditoria de Estimativas Contábeis, Inclusive do Valor Justo, e Divulgações Relacionadas.
NBC TA 550 Partes Relacionadas.
NBC TA 560 Eventos Subsequentes.
NBC TA 570 Continuidade Operacional.
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
Nomenclatura Descrição da norma
NBC TA 580 Representações Formais.
NBC TA 600 Considerações Especiais – Auditorias de Demonstrações Contábeis de 
Grupos, Incluindo o Trabalho dos Auditores dos Componentes.
NBC TA 610 Utilização do Trabalho de Auditoria Interna.
NBC TA 620 Utilização do Trabalho de Especialistas.
NBC TA 700 Formação da Opinião e Emissão do Relatório do Auditor Independente so-bre as Demonstrações Contábeis.
NBC TA 705 Modificações na Opinião do Auditor Independente.
NBC TA 706 Parágrafos de Ênfase e Parágrafos de Outros Assuntos no Relatório do 
Auditor Independente.
NBC TA 710 Informações Comparativas – Valores Correspondentes e Demonstrações Contábeis Comparativas.
NBC TA 720 Responsabilidade do Auditor em Relação a Outras Informações Incluídas em Documentos que Contenham Demonstrações Contábeis Auditadas.
NBC TA 800
Considerações Especiais – Auditorias de Demonstrações Contábeis Elabora-
das de Acordo com Estruturas Conceituais de Contabilidade para Propósitos 
Especiais.
NBC TA 805
Considerações Especiais – Auditoria de Quadros Isolados das Demonstrações 
Contábeis e de Elementos, Contas ou Itens Específicos das Demonstrações Con-
tábeis.
NBC TA 810 Trabalhos para a Emissão de Relatório sobre Demonstrações Contábeis Con-densadas.
Órgãos representativos dos peritos
Abordaremos, a partir deste ponto, quais são os órgãos representativos 
da profissão de perito-contador, tanto os organismos fiscalizadores da ativi-
dade pericial, como aqueles voltados para a congregação de peritos através 
de representatividade nacional. 
CFC e CRC 
Assim como na auditoria, também na perícia é necessário que o profissio-
nal esteja regular com a sua categoria profissional, inclusive com previsão no 
Código de Processo Civil (CPC), conforme artigo 145:
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz 
será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421. 
Cl
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M
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Co
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
41
§1.º Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente 
inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, 
deste Código. 
§2.º Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, 
mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. 
§3.º Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os 
requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz.
A inscrição no CRC é condição essencial para que a pessoa possa exercer 
a função de perito contábil, pois, caso não haja o registro nesse órgão, estará 
impedido de atuar.
Sescap e Fenacon 
O Sescap, Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas 
de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas, é vinculado à Fenacon 
(Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de 
Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas), em que possui diversas 
câmaras.
Uma das câmaras diz respeito à perícia, tendo por função atender às ati-
vidades inerentes às empresas de serviços de perícias. Foi criada com a fina-
lidade de acompanhar as peculiaridades do setor, coletar reivindicações, su-
gerir serviços apropriados, apresentar sugestões e ajudar a resolver questões 
que envolvem a categoria.
Essa vinculação ao Sescap não é obrigatória, todavia é importante para 
o desenvolvimento da profissão, além de termos representatividade junto a 
outros órgãos.
Relação das normas relativas à perícia 
As normas de perícia representam o conjunto de técnicas, procedimentos 
e rotinas necessárias para o adequado exercício profissional de perito.
O conjunto de normas a serem seguidas é emitido pelo CFC e possui al-
gumas letras que formam o seu sufixo, o qual explicamos a seguir:
NBC PP – Normas Brasileiras de Contabilidade – Profissional de Perícia; �
NBC TP – Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnica de Perícia. �
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
São duas normas que se relacionam com a atividade de perícia contábil, 
as quais destacamos a seguir:
Nomenclatura Descrição da norma
NBC PP 01 Perito Contábil
NBC TP 01 Perícia Contábil
Há o respeito da categoria profissional aos peritos e auditores, dada a res-
ponsabilidade e o profundo conhecimento da área de contabilidade e suas 
ramificações, além das normas técnicas e profissionais emitidas pelo Conse-
lho Federal de Contabilidade, com grande e extenso viés metodológico.
Abrangência e profundidade dos trabalhos
A abrangência e profundidade dos trabalhos executados por auditores é 
bastante diferente daquela executada por peritos, em razão da própria fina-
lidade que demanda a contratação de um ou de outro profissional.
Passaremos a discorrer sobre como se processa a atividade do auditor e 
do perito, no que diz respeito ao escopo e à abrangência dos trabalhos exe-
cutados por eles.
Na auditoria contábil
A atividade de auditoria, principalmente daquela voltada para as de-
monstrações financeiras, conhecida como auditoria externa/independente, 
é executada normalmente em vários períodos durante o ano, abrangendo 
um grande volume de operações processadas e contabilizadas.
Dada a abrangência requerida nos trabalhos de auditoria, em que são 
validadas inúmeras operações, a profundidade dos exames não é extensa, 
sendo que a auditoria trabalha com a materialidade, ou seja, examinando 
aquele conjunto de operações que materialmente são representativas.
Assim, é pouco provável que a auditoria seja efetivada em 100% das 
operações, pois, caso fosse feito dessa forma, os auditores perderiam muito 
tempo nas empresas, e o resultado do seu trabalho teria pouca importância 
do ponto de vista de agilidade da informação auditada. 
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
43
A atividade de auditoria consagra a estatística como uma técnica impor-
tante para auxiliar nos exames, a partir do fato de que não é possível a ve-
rificação de todas as operações, os auditores se utilizam de técnicas como 
amostragem, média, mediana, regressão linear, entre outras, de tal maneira 
que diminua a possibilidade do auditor emitir opinião inadequada.
Na perícia contábil 
No que diz respeito à perícia, como é um trabalho pontual que atende a 
um fim específico em época certa e voltada para um objeto determinado, 
tanto a abrangência como a profundidade é requerida.
Não há como o perito examinar por aproximação, com relativa certeza, 
pois do trabalho dele resultará uma decisão do magistrado, ou das pessoas 
que o contrataram, sendo que a abrangência e a profundidade devem ser na 
totalidade das operações/processos que estão sendo periciados.
A perícia não consagra a estatística como uma técnica adequada, exceto 
se necessária para ajudar o perito a formar a sua convicção sobre determi-
nado fato/operação. O ideal é não utilizar processos de amostragem, sendo 
adequado o exame em 100% das transações examinadas.
O perito não deve perder de vista que existe um objeto claro a periciar, 
como, por exemplo, em uma reclamatória trabalhista, deve enveredar todos 
os seus esforços para concentrar o seu trabalho naquilo que demandou a 
perícia, examinando todos os documentos necessários para auxiliar a trazer 
a veracidade dos fatos.
Usuários e a época de demanda dos trabalhos 
Relativamente aos usuários e à época de demanda dos trabalhos execu-
tados por auditores e por perito, também se mostra muito peculiar e com 
diferenças importantes, que podem auxiliar os leigos a tomarem a decisão 
sobre uma ou outra função.
Na auditoria contábil
A contratação do trabalho de um especialista, que é o auditor, tem por 
finalidade atender a distintos públicos, porém podem ser classificados entre 
usuários externos e usuários internos. As finalidades básicas de cada tipo de 
usuário podem ser classificadas da seguinte forma:
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
Quanto aos usuários externos: �
interesse dos acionistas; �
interesse dos financiadores; �
interesse do Estado; �
compra e fusões de empresas. �
Quanto aos usuários internos: �
interesse dos acionistas; �
interesse a estratégias de investimentos relevantes em projetos; �
investigação de fraudes; �
revisão de processos. �
Sendo auditoria externa/independente, o serviço é demandado durante 
o ano, com trabalhos preliminares, e concentrada entre o final e início do 
ano subsequente, pois é nessa época que as demonstrações financeiras são 
auditadas, requerendo o exame dos auditores.
Na auditoria interna, executada por colaboradores de uma empresa, a 
demanda dos serviços é diluída durante o ano, sendo que esse profissional 
executa trabalhos em épocas específicas, sobre processos operações pre-
determinados.
Na perícia contábil 
Os usuários da perícia contábil normalmente estão voltados para a justi-
ça, mais especificamente os magistrados, que requerem o trabalho dos peri-
tos para os ajudarem a iluminarem a verdade.
Sendo uma perícia judicial, poderá haver a nomeação de perito, confor-
me prevê o artigo 421 do Código de Processo Civil, Lei 5.869 de 1973, citado 
a seguir:
Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo.
Nesse caso, obviamente será o juiz o usuário da informação coletada e 
processada pelo perito judicial.
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
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Ainda dentro da perícia judicial, pode cada uma das partes indicar assis-
tente técnico, ou perito da parte conforme o mesmo artigo 421, parágrafos 
1.º e 2.º da Lei 5.859 de 1973, Código de Processo Civil, os quais transcreve-
mos a seguir:
§1.º Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de 
nomeação do perito:
I - indicar o assistente técnico;
II - apresentar quesitos.
§2.º Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição 
pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a 
respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado.
Nessa situação, além da utilização das informações geradas pelos assis-
tentes técnicos que também são peritos, servir às partes que os contrataram 
poderá ser também utilizado pelo juiz.
A demanda do trabalho do perito é de acordo com a nomeação feita 
pelos juízes, com base nos processos que requerem a realização da perícia 
judicial, portanto não há uma época específica, será necessária sempre que 
requerida.
Sendo uma perícia fora do meio judiciário, que será demandada por 
alguém que contratou o serviço do perito, também não há uma época espe-
cífica, transformando-se em um trabalho pontual e temporário. 
Ampliando seus conhecimentos
Diferença entre auditoria e perícia contábil 
(HOOG, 2011)
A perícia é a prova elucidativa dos fatos, já a auditoria é mais revisão, veri-
ficação, tende a ser necessidade constante repetindo-se de tempo em tempo, 
com menos rigores metodológicos, pois se utiliza da amostragem. A perícia 
repudia a amostragem como critério e tem caráter de eventualidade e só tra-
balha com o universo completo, em que a opinião é expressada com rigores 
de 100 por cento de análise. Para melhor visualização, apresentamos as prin-
cipais características de auditoria e perícia:
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Diferenças entre o trabalho pericial e de auditoria 
A perícia tem em suas entranhas o status de conhecimento notório, trata-
do na Lei 9.457 de 5 de maio de 1997, que alterou a Lei 6.404/76 no seu artigo 
163, parágrafo 8, que trata o profissional com o status de conhecimento notório 
e necessário para apurar fatos. No mesmo ordenamento, parágrafo 4, temos 
a figura contemporânea dos auditores independentes, para esclarecimentos 
ou apuração de fatos específicos, que acreditamos ser o relatório ou parecer 
de auditoria submetido à apreciação do conselho fiscal. Por isto, entendemos 
que a lógica do conhecimento, experiência e carreira ou educação continua-
da, no sentido holístico, segue a lógica da formação acadêmica de: primeiro 
contador, segundo auditor e a terceira e maior especialização, perito, pois só é 
possível ser perito o profissional contador que domina as técnicas de audito-
rias, de perícia e tem algum domínio do direito tributário, bancário, comercial, 
financeiro, penal, administrativo, constitucional, previdenciário, ambiental, 
trabalhista e processual, condição desejada para se navegar no meio jurídico 
como auxiliar do juízo. Naturalmente que este conhecimento também é bom 
para o auditor, mas se exige com mais propriedade do perito, por ser este 
junto com o juiz o provedor do equilíbrio da Justiça.
O status do perito também é elevado para a categoria de cientista, por força 
do CPC, artigo 145, que trata do perito como sendo um cientista para assistir o 
juízo em matérias de ciência e tecnologia.
A auditoria, também ramo da mesma árvore, contabilidade, tem como seu 
destaque as revisões de procedimentos relativos às atividades de interesse 
da CVM, pois a Lei 6.385/76, artigos 26 e 27, trata

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