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A contribuição da Antropologia para os estudos da sociedade Roberto Mosca Junior Sociologia Estudo da sociedade europeia. Descoberta de leis gerais que regulamentam o comportamento social e as transformações da sociedade. Análises qualitativas e estudos estatísticos. Possibilidade de um modelo teórico único que explicasse os diversos aspectos da sociedade capitalista (urbano x rural/ agrário x industrial). Não perceberam a diversidade que marcaria o séc. XX. Antropologia Estudo dos povos colonizados na África, Ásia e América. Método empiricista e qualitativo, voltado para descoberta das particularidades. Identificar de forma precisa o não europeu. Falsa imagem da cultura europeia: homogênea e integrada. Antropologia Ciência da alteridade, isto é, que busca investigar o outro, aquele que é diferente de mim. Baseada na descrição dos exóticos costumes dos povos. A aparência fisíca, culturas milenares, línguas e um rico legado cultural da antiguidade, geravam uma amplitude de temas que precisava ser delimitada em subáreas. Subáreas da antropologia Arqueologia: estuda a evolução da espécie humana, da chamada pré-história e do passado das civilizações já desaparecidas da antiguidade. (Egípcios e Hebreus) Etnologia: estuda a diversidade da espécie humana, ou seja, a identificação das diversas etnias existentes e sua herança genética. Antropologia cultural: estuda as sociedades não europeias e povos sem escrita, para que fossem desvelados seus modelos de organização social e dinâmica. O evolucionismo Séc. XIX: Europa se organiza num modelo econômico e político único, que julgava universal: capitalista, industrial e nacionalista. Base teórica para os interesses econômicos e a expansão do capitalismo. Desenvolvimento uniforme numa escala evolutiva, indo da mais atrasada para as mais complexas. Edward Tylor (1832-1917) Etnólogo e evolucionista inglês, defendeu a existência de uma natureza humana universal Demonstrou que a cultura é um conjunto de traços comportamentais e psicológicos adquiridos e não herdados biologicamente. Cultura: um conjunto “complexo de conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade” (Cultura Primitiva, 1871) Franz Boas (1858-1942) Antropólogo norte-americano, criticou o evolucionismo. Não estava interessado nas leis, mas nos processos e na história do desenvolvimento de costumes e crenças. Recusou-se a comparar culturas diferentes como parte de um mesmo processo histórico Pretendia estudar determinado fenômeno em relação às complexas relações de cada cultura em particular “Particularismo histórico”: cada cultura segue os seus próprios caminhos em função dos diferentes eventos históricos que enfrentou. A escola funcionalista No séc. XX surgiu o funcionalismo tentando responder as críticas que se faziam ao evolucionismo. eurocentrismo: tendência de julgar as sociedades não-europeias a partir dos valores europeus. Etnocentrismo: o princípio de considerar o seu grupo étnico, nação ou nacionalidade como padrão e modelo. Escola funcionalista Sociedades não devem ser comparadas, mas estudadas em si mesmas de forma particular e isolada. Cada sociedade constitui uma totalidade integrada e tem por função satisfazer as necessidades essenciais dos seus integrantes. Um traço cultural só pode ser entendido no contexto da cultural à qual pertence e não em relação a outra qualquer. A função que o traço ou costume desempenha é que justifica sua existência e sua permanência. Sua alteração vai depender não de um processo evolutivo, mas da perda de sua função, razão de sua existência. Bronislaw Malinowski (1884-1942) Definiu o conceito de função como resposta de uma cultura às necessidades básicas: alimentação, proteção e reprodução. A função social de determinados costumes e instituições deveriam responder a necessidades sociais do grupo. “A função das relações conjugais e da paternidade é obviamente o processo de reprodução culturalmente definido”. Bronislaw Malinowski (1884-1942) Estudou os nativos das ilhas Trobriand (Nova Guiné). Foi o primeiro a organizar e sintetizar uma visão integrada e totalizante do modo de vida não-europeu. Analisar as culturas em seu estado atual e na sua especificidade, sem preocupações com as origens. Observar cada detalhe da vida social - mesmo os sem importância e incoerentes, tentando descobrir seu significados e inter-relações. Observação participante Método de pesquisa caracterizado pelo longo processo de investigação e convivência do antropólogo com o grupo estudado. Substitui as informações superficiais e questionários inadequados pelo estudo sistemático das sociedades. O investigador “mergulha” na vida nativa, penetra na cultura, desvenda significados, guiado por suas informações e não por teorias externas à realidade estudada. Observação participante Observar Escutar Descrever Interpretar Conceitos funcionalistas Aculturação: processo pelo qual sociedades diferentes, entrando em contato, tendem a intercambiar traços culturais e costumes. Sistemas: relações constantes e repetitivas que o investigador é capaz de observar. Essas relações não se apresentam em forma de sistema, mas é a interpretação do cientista que o constrói. Estrutura: relações básicas a partir das quais uma sociedade se organiza. A partir da estrutura as demais relações sociais se organizam e se tornam inteligíveis. Polêmicas do funcionalismo relativismo cultural - postura de tolerância e respeito em relação aos costumes e traços culturais diferentes do nosso. Método etnográfico Crítica pela ênfase nas forças de integração, não dando destaque aos conflitos sociais ESTRUTURALISMO Séc. XX: estudo de aspectos subjetivos e ligados à linguagem e ao imaginário dos indivíduos Análise das manifestações simbólicas Estrutura social: o que não pode ser observado, mas apreendido pela interpretação científica Lévi-Strauss (1908-2009) A estrutura é a elaboração teórica capaz de dar sentido aos dados observados em uma realidade Organizando de forma sistemática a sociedade e tendo por objetivo a sua preservação, a estrutura assemelha-se a uma “máquina” que “funciona indefinidamente” ESTRUTURALISMO Desloca a ênfase da observação para a construção teórica e abstrata de um conceito Supervalorização do movimento sincrônico da sociedade e das forças que o mantêm Estudo de processos não-histórico, diferenciando a estrutura (elementos permanentes) da conjuntura (elementos variáveis) A história perde sua importância como elemento de compreensão e o indivíduo deixa de ser o protagonista da vida social Os problemas vividos pelos homens decorrem de relações estruturais que estão acima e aquém da decisão individual CRÍTICAS AO ESTRUTURALISMO À semelhança dos evolucionistas, expressam uma visão naturalista da sociedade na medida em que a realidade social passava a ser dependente de estruturas pré-existentes, sobre as quais os seres humanos não tinham consciência nem responsabilidade Ênfase aos aspectos sincrônicos em detrimento dos aspectos diacrônicos e de mudança social.
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