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7 INTRODUÇÃO Câncer é uma palavra alarmante. Muitos homens temem que seus sintomas prostáticos sejam causados por câncer. Na maioria dos casos esse medo é infundado, mas a verdade é que o câncer da próstata é muito comum. (1) Como muitos outros tipos de câncer, o câncer da próstata pode ser fatal, é a segunda causa de óbitos por câncer em homens, sendo superado apenas pelo de pulmão. (1) Câncer de Próstata é curável quando detectado no início. Caso contrário, pode se espalhar para outras partes do corpo (metástases), tornando-se incurável. Entretanto, é uma forma de câncer para qual há muitas formas de tratamentos. Outro ponto a destacar é que ele cresce lentamente e pode não causar grandes danos, especialmente em homens idosos. (1) Recentemente os médicos descobriram novas maneiras de detectar o câncer precocemente na próstata. Isto significa que um número maior de homens com câncer na próstata está sendo diagnosticado nos primeiros estágios. Ainda há muita discussão entre os especialistas em câncer sobre se esses testes deveriam ser usados para a investigação da mesma forma que as mulheres são investigadas para o câncer de mama e o câncer cervical. (1) Não se sabe a razão porque o câncer de próstata é tão comum. Na maioria dos casos não há uma história familiar clara, mas há sim umas das formas da doença que parece acontecer em famílias. Se a pessoa teve apenas um parente com a doença, não há para que se preocupar. Entretanto, se dois parentes próximos tiveram a doença, especialmente se quando ainda jovens, então, deve avaliar sua próstata constantemente após os 50 anos. (1) Há diferenças quanto às raças e em diferentes partes do mundo, algumas das quais devem ser devidas à dieta ou a fatores ambientais. Por exemplo, o câncer de próstata é pouco comum no Japão, mas japoneses vivendo nos Estados Unidos têm um alto risco de desenvolverem. Isto deve ser devido a diferenças na dieta. Certos tipos de alimentos gordurosos predispõem ao câncer, mas outros produtos, incluindo os derivados da soja, protegem contra ele. (1) 8 Embora recentemente tenha havido alguma preocupação de que a vasectomia aumentasse o risco de câncer na próstata, a maioria dos especialistas agora concorda que isso não é verdade. (1) 9 Fig. 1 – Localização da Próstata 2 REVISÃO DA LITERATURA Neste capítulo serão demonstradas definições importantes referentes à próstata, sua anatomia e fisiologia. Serão mencionados também, assuntos relacionados ao câncer de próstata, seus sintomas e complicações. 2.1 A próstata A próstata é um órgão interno que só o homem possui e fica logo abaixo da bexiga. A função da próstata é produzir um líquido que é eliminado durante o ato sexual juntamente com os espermatozóides, os quais têm origem nos testículos. Este líquido produzido pela próstata é muito importante para a vitalidade dos espermatozóides na fecundação. (5) A próstata é uma glândula do tamanho e forma de uma noz e circunda a uretra, o duto pelo qual sai a urina, no ponto de onde a uretra sai da bexiga. Se a próstata aumenta de tamanho, a uretra fica parcial ou completamente comprimida. Podem surgir então os sintomas típicos de uma hiperplasia, como por exemplo, jato de urina fraco, necessidade intensa, freqüente e repentina de urinar, especialmente durante a noite. O tamanho começa a aumentar na maioria dos homens com mais de 40 anos, este aumento não é câncer e pode ser considerado normal em homens dessa idade, mas geralmente estreita a uretra podendo causar sintomas de obstrução ao fluxo da urina, idênticos aos casos de hiperplasias. (5) 10 2.2 Câncer de Próstata O câncer aparece quando as células normais são danificadas severamente, são eliminadas através de um mecanismo conhecido como apoptose. As células cancerígenas evitam a apoptose e continuam a multiplicar-se de uma maneira desregulada. (2) Câncer ou cancro, nomes comuns da neoplasia maligna, compreende genericamente as doenças em que determinado grupo de células do corpo se divide de forma descontrolada, invadindo os tecidos adjacentes e/ou distantes. É causada por mutações no ADN, que podem ser hereditárias mas mais frequentemente são adquiridas ao longo da vida. (2) O Câncer de Próstata é uma doença que provoca o crescimento anormal e incontrolado das células da próstata. Trata-se de um aumento maligno da próstata, que pode pôr em risco a vida do doente. É o câncer mais freqüente no homem e a segunda causa de morte, por câncer, no sexo masculino. (2) O câncer da próstata é mais comum em homens com mais de 50 anos, e geralmente não causa sintomas nas fases iniciais. (2) 2.2.1 Sintomas A maior parte dos cânceres de próstata cresce lentamente e sem apresentar sintomas. Com o decorrer do tempo podem surgir dificuldades para expelir a urina, jato urinário fraco ou aumento do número de micções, sangue na urina e dores nos ossos. (5) Estes são os principais sintomas do aumento da próstata: • Sensação de não esvaziar completamente a bexiga após terminar de urinar; Fig. 2 Câncer de Próstata 11 • Necessidade freqüente de urinar novamente menos de 2 horas após ter urinado; • Jato urinário que pára e recomeça; • Dificuldade para conter a urina; • Jato urinário fraco; • Necessidade de fazer força para começar a urinar; • Necessidade de levantar à noite para urinar. As principais conseqüências do aumento da próstata são o comprometimento da qualidade de vida e, em alguns casos, complicações como infecções e danos aos rins. (5) Estes sintomas são comuns também nos casos de crescimento benigno, de modo que a presença deles não indica, necessariamente, a existência de câncer, mas exige, no mínimo, uma avaliação médica. (2) 2.2.2 Complicações O maior problema é o risco de sangramento pelas grandes veias em frente a próstata – se isso acontecer vai haver a necessidade de uma transfusão de sangue. Um pouco de urina pode vazar no ponto de sutura entre a bexiga e uretra, mas isso pára logo, de maneira geral. Os dois problemas que vão aparecer posteriormente são dificuldade no controle da urina e problemas sexuais. (3) Há estreita relação entre os músculos do esfíncter da bexiga e a próstata. A remoção da próstata vai afetar esses músculos. É muito comum ter-se alguma dificuldade em controlar a urina por um dia ou dois depois da remoção do cateter. O paciente será alertado sobre isso e orientado a fazer exercícios para fortalecer os músculos. Embora a maioria dos homens recobre o controle rapidamente, alguns permanecem com alguma perda involuntária de tempos em tempos, por exemplo, durante exercícios ou na cama à noite, o que os leva a ter de usar uma proteção para não se molharem. Muito ocasionalmente, a perda de urina é mais grave. Se for necessário corrigir esse problema, em outra opção, coloca-se um “esfíncter artificial” de plástico, mas isto é pouco comum. (11) 12 As inervações necessárias para que um homem tenha ereção ficam próximos à próstata. Já se pensou que uma prostatectomia radical quase que inevitavelmente causaria perda de ereção porque esses nervos eram cortados. Atualmente, os cirurgiões sabem mais precisamente onde essas inervações estão e evitam lesá-las sempre que possível. Em todo caso, o cirurgião vai alertar o paciente que talvez ele tenha de cortar essas raízes nervosaspara remover o tumor completamente. A perda de ereção pode ser tratada, mas, geralmente, são necessárias injeções dentro do pênis. Infelizmente, o medicamento Sildenafil (Viagra®) não funciona após uma prostatectomia radical. (4) 13 Fig. 3 3 DETECÇÃO E PREVENÇÃO DO CÂNCER DE PRÓSTATA A detecção do câncer de próstata é feita pelo exame clínico (toque retal) e da dosagem de substâncias produzidas pela próstata: a fração prostática da fosfatase ácida (FAP) e o antígeno prostático específico (PSA, sigla em inglês), que podem sugerir a existência da doença e indicarem a realização de ultra-sonografia pélvica (ou prostática trans-retal se disponível) que permite avaliar a forma e a densidade da próstata, bem como a presença de resíduo elevado de urina na bexiga, após a micção. Esta ultra-sonografia, por sua vez, poderá mostrar a necessidade de se realizar a biopsia prostática trans-retal. (6) Biópsia é a coleta de fragmentos do tecido prostático, através de punção por uma agulha especial, confirma o diagnóstico da lesão. (6) O exame digital da próstata (toque retal) é o método mais antigo, mais barato e ainda o mais usado para levantar suspeitas de câncer de próstata; fornece informações sobre o volume, consistência, presença de irregularidades, limites, sensibilidade e mobilidade da próstata. Permite detectar nódulos pequenos, menores que 1,5 cm3, e avaliar a extensão local da doença. Sua realização periódica é a melhor forma de se reduzir a mortalidade por câncer de próstata. (6) O Exame de Urina evidencia a presença de sangramento e/ou infecções. Exames de sangue, tais como: uréia e creatinina, permitem avaliar o comprometimento da função renal. (5) (6) 14 4 TRATAMENTOS PARA CÂNCER DE PRÓSTATA Os tratamentos do câncer de próstata variam de acordo com o tipo de tumor e estágio em que foi diagnosticada a doença. As diversas possibilidades de tratamento, mais adequadas para cada caso, devem ser discutidas entre médicos e pacientes e compreendem: • A prostatectomia radical é a retirada cirúrgica de toda a próstata e de tecidos linfáticos adjacentes; • No bloqueio hormonal, o crescimento do tumor é contido através de terapia medicamentosa; • Com orquiectomia, o crescimento do tumor é contido através do efeito hormonal provocado pela retirada dos testículos (atualmente não é mais indicado); • Hormonioterapia, controle hormonal com a finalidade impedir que as células malignas continuem a receber o hormônio que estimula o seu crescimento; • Quimioterapia está indicada em determinados casos. Trata-se da introdução de substâncias químicas na circulação sanguínea para controlar processos celulares. • Radioterapia está indicada em determinados casos, mencionados abaixo. A cirurgia é o tratamento indicado para tumores localizados; ela apresenta risco de causar impotência ou incontinência urinária. A hormonioterapia reduz o câncer, mas ele geralmente volta em alguns anos, verificando-se também o risco de impotência com este tipo de tratamento. (6) A quimioterapia baseia-se no fato de as células tumorais se dividirem muito mais rápido que as células normais. São injectados “venenos” no doente que interferem com a síntese do DNA e matam as células em divisão. Contudo há efeitos secundários importantes naquelas células normais de crescimento rápido, como a mucosa gastrointestinal (diarreia, naúseas, vómitos), foliculos pilosos (queda do cabelo) e outros. (7) 15 4.1 Tratamentos com Radioterapia A radioterapia expõe áreas cancerosas a pequenas quantidades de radiação, exterminando o câncer. É mais utilizada em tumores avançados que não tenham condições de serem removidos por cirurgia ou mesmo casos iniciais em que o paciente não tenha condições clínicas mínimas de ser operado. Também ataca células de crescimento rápido. As células tumorais, como têm déficit de proteínas reparadoras do DNA, são mais vulneráveis a doses de radiação de alta energia (raios X e gama). As suas doses letais são mais baixas que as das células normais. No entanto além de efeitos secundários semelhantes aos da quimioterapia, há risco de desenvolvimento de novos tumores, apesar de relativamente pequeno. (7) Há considerável controvérsia sobre o melhor tratamento para pacientes com expectativa de vida menor que cinco anos, se é a radioterapia ou a hormonioterapia. O uso de radioterapia externa é o tratamento mais apropriado para os pacientes com câncer de próstata localmente avançado que irão receber radiação. Os resultados da radioterapia são similares aos da cirurgia, mas a morbidade da radioterapia é menor. (9) A radioterapia possui duas modalidades para tratamentos, a braquiterapia e a teleterapia. 4.1.1 Braquiterapia Um é um procedimento terapêutico que consiste na implantação radioativa do isótopo em um volume confinado estritamente à próstata e que pretende administrar uma dose elevada da radiação em um volume limitado, bem definido Fig. 4 Implantação das “sementes” guiada por ultrassonografia 16 radiologicamente, que serve para liberar uma dose de radiação na próstata, protegendo as estruturas imediatamente adjacentes (em linha reta) de uma radiação prejudicial dispersada. (13) A braquiterapia, depois da cirurgia, foi a modalidade terapêutica de maior impacto para os tumores sólidos no início do século 20. Naquele momento, os equipamentos de teleterapia (radioterapia externa) eram de baixa energia e não conseguiam doses adequadas na profundidade. Enquanto isso, a braquiterapia proporcionava altas doses concentradas em volumes restritos, fazendo com que as estruturas normais adjacentes recebessem baixas doses de radiação. (12) O primeiro implante de próstata nos Estados Unidos foi no Memorial Hospital, em outubro de 1915, realizado por Barringer, que utilizou agulhas de rádio colocadas através do períneo e guiadas pelo toque retal. Havia muita dificuldade técnica em relação ao isótopo radioativo. O profissional se expunha muito à radiação e o decaimento produzia gases tóxicos e não se conseguia uma distribuição adequada do material em toda a próstata. (12) A partir da Segunda Guerra Mundial, ocorreu um grande avanço tecnológico com o surgimento de novos elementos radioativos e desenvolvimento de equipamentos com maiores energias e capacidade de penetração. (3) O acelerador linear parecia capaz de resolver o problema do tratamento do carcinoma da próstata, porém, a dose máxima tolerável para se ter os níveis aceitáveis de complicações (aproximadamente 5%) está entre 6.500 e 7.000 cGy. Com a braquiterapia pode-se alcançar o nível de dose duas vezes maior para as mesmas taxas de complicações. (12) Atualmente, as duas técnicas, teleterapia e braquiterapia, estão mais evoluídas. De um lado, a conformacional, com planejamentos em três dimensões, permite atingir doses mais elevadas (cerca de 8.000 cGy) com baixa toxicidade, e de outro, a braquiterapia, com fontes em miniatura guiadas por controle remoto, determina a maior precisão da técnica, sem qualquer exposição Fig. 5 Implantação das Sementes 17 do médico e para-médicos à radiação. (13) O implante da próstata pode ser permanente ou temporário. No permanente, os isótopos mais utilizados no momento são o paládio-103 e o iodo-125. Implantes temporários com irídio-192 também podem ser utilizados no equipamento de braquiterapia de alta taxa de dose (BATD) associada à teleterapia (conformacional). O tamanho e formato dessas fontes radioativas, medindo 5 mm de comprimento e 0,5 mm de espessura, assemelhando-se a grãos de arroz. (13) Vários centros mundiaispassaram a utilizar a braquiterapia no tratamento do carcinoma da próstata a partir dos anos 80. No Brasil, alguns serviços já trataram centenas de pacientes com o método. (11) Para o implante de braquiterapia, o paciente é internado um dia antes e submetido a tricotomia e enteroclisma. O internado recebe bloqueio anestésico (raquianestesia) e é colocado em posição de semilitotomia. Realiza-se exame prostático sob anestesia e ultra-som trans-retal para avaliar a presença de lesões e determinação do volume prostático. Segue-se a assepsia e colocação de sonda vesical Foley. (12) O agulhamento é guiado pelo ultra-som trans-retal e pelo "template" perineal. A distribuição das agulhas é realizada em todo o volume prostático de forma simétrica, identificando-se agulha por agulha, bem como sua extensão no interior da próstata. Após a colocação das agulhas, o "template" é fixado com pontos de sutura no períneo do paciente. Os marcadores são inseridos nas agulhas e são feitas radiografias em ântero-posterior e perfil. (14) O procedimento consiste na colocação de várias sementes de I- 125 (com taxa de dose no implante de 0,08 a 1 Gy, ou seja, de 8 a 10 cGy) dentro da próstata, utilizando- se agulhas especiais introduzidas através do períneo, sob anestesia peri-dural, orientadas pela visão direta do ultra- som trans-retal. (13) A aceitação no aumento da braquiterapia deve à experiência dando bons resultados durante quase 15 anos, assim como o desenvolvimento da ecografia Fig. 6 Agulhamento da Próstata 18 trans-retal e a incorporação de novos e sofisticados sistemas da informática e os programas de dosimetria que melhoram a técnica do implantação e da distribuição de dose de irradiação. (13) Não é necessário esquecer-se de que o tratamento usado mais uniforme agora, a cirurgia radical tem um risco maior de complicações e a hospitalização é mais prolongada. (9) 4.1.1.1 Vantagens da braquiterapia A braquiterapia da próstata está se difundindo rapidamente não só pelo alto índice de controle local da doença como também por apresentar efeitos colaterais de baixa intensidade, quando comparados aos da prostatectomia radical e da radioterapia externa. O computador fornece também o mapa de distribuição ideal das sementes, que colocadas nas posições previamente definidas, com o auxílio da visualização do ultra-som trans-retal, concentra a dose máxima de radiação dentro da cápsula prostática. Outra vantagem deste método é a brusca queda nos níveis de dose em órgãos e tecidos periprostáticos, evitando a irradiação desnecessária da bexiga e do reto adjacentes, obtendo-se assim efeitos colaterais temporários de baixa intensidade, facilmente controlados com medicação paliativa específica. A morbidade é, portanto, muito inferior a dos métodos tradicionais de tratamento cirúrgico e radioterápico. (16) Outra vantagem da braquiterapia é o curto tempo de internação, sendo necessário apenas 24 horas para se permitir a alta hospitalar, sem qualquer risco de complicações. Convém ressaltar que o restabelecimento do paciente após o implante é também muito rápido, podendo reassumir suas atividades sociais e profissionais quatro a cinco dias após, devendo evitar apenas esforços físicos de grande intensidade nas duas semanas subseqüentes. (16) 19 4.1.1.2 Desvantagens da braquiterapia Já conhecida por especialistas, a braquiterapia de baixa taxa de dose com o uso de iodo ainda consiste, devido ao alto custo deste material radiativo, em um tratamento restrito a uma pequena parcela da população. (17) Outra desvantagem desta técnica é que não pode ser utilizada quando o tumor não está restrito somente a uma área. Se o tumor extravasou um órgão alcançando outros órgãos vizinhos, a braquiterapia não alcança à distância. Portanto, é um tratamento muito restrito, que só tem indicação para tumores muito pequenos. (17) Estudos clínicos ainda estão sendo conduzidos para determinar à efetividade da radioterapia. A braquiterapia foi associada à impotência, incontinência urinária, e problemas intestinais. Diarréia e dor e queimação retal podem ocorrer em alguns pacientes. Além disso, pode não ser fácil tratar estes efeitos colaterais. Em geral, a radioterapia interna tem efeitos colaterais, mas com algumas diferenças importantes. A braquiterapia causa impotência menos freqüentemente do que a cirurgia; porém, pode estar associada a contagens diminuídas de leucócitos e plaquetas. Conforme mencionado anteriormente, a inserção de semente normalmente não é uma opção de tratamento para o câncer de próstata que tenha se disseminado além da próstata. (18) 4.1.2 Teleterapia Outro tipo de radioterapia bastante utilizada no tratamento do câncer de próstata é a teleterapia. A radiação pode ser de feixes de raios X, raios gama ou partículas geradas distantes do paciente. Os raios x são produzidos por um acelerador linear ou em telecobaltoterapia, direcionados para o corpo do paciente, atingindo o tumor e as regiões mais próximas. Esse método é também conhecido como radioterapia externa, no qual, normalmente, o aparelho radioativo fica posicionado a, no mínimo, 20 cm. da superfície. 20 4.1.2.1 Vantagens da teleterapia Pode-se dizer que exista vantagem na teleterapia, já que o feixe de radiação externa não é invasivo e pode matar cânceres que estão à extremidade da próstata. A sua vida só será suspensa pelas sessões diárias. As taxas de impotência e incontinência são relativamente baixas. (8) 4.1.2.2 Desvantagens da teleterapia As desvantagens também existem, onde um dos problemas desse tipo de tratamento é o tempo, são cerca de 37 sessões, aplicadas uma vez ao dia. A teleterapia pode danificar outros órgãos ou errar parte do câncer. Os pacientes podem expressar cansaço durante o tratamento. (8) 4.2 Radioterapia conformacional Na radioterapia conformacional tridimensional (3D-CRT), são utilizados computadores de alta tecnologia para identificar a localização do câncer dentro da glândula prostática e de produção de imagens radiológicas que possibilitaram o desenvolvimento de uma nova técnica de tratamento, baseada em planejamento tridimensional que apresenta vantagens sobre os métodos de radioterapia convencional. (15) (18) Atualmente é possível visualizar a região do corpo a ser irradiada em três dimensões, obtendo-se maior segurança e precisão na identificação dos tumores, melhorando a qualidade técnica da programação dos tratamentos. (15) Fig. 7 Radioterapia conformacional 21 A radioterapia conformacional permite concentrar a radiação na área a ser tratada e reduzir a dose nos tecidos normais adjacentes. Desta forma, o tratamento se torna mais eficaz, com poucos efeitos colaterais, diminuindo as complicações clínicas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. (15) Outro benefício deste método é de possibilitar a aplicação de doses mais elevadas de radiação, aumentando os índices de cura das doenças malignas, sem qualquer acréscimo nos efeitos colaterais do tratamento. (15) O passo seguinte envolve a criação de um dispositivo de proteção especial que o paciente veste durante os tratamentos. Este dispositivo é semelhante a um aparelho gessado, mas é moldado em “styrofoam” (uma espuma rígida de poliestireno, um tipo de isopor) que ajuda a manter o corpo imobilizado durante o tratamento e objetiva direcionar os feixes de radiação com maior precisão a fim de abranger a glândula prostática inteira. A idéia é poder direcionar uma dose alta de radiação apenas para as células cancerosas, reduzindo ao mesmo tempo a quantidade de radiação que as áreas não-cancerosas adjacentes recebem. Se o tecido sadio puder ser poupado dos efeitos daradiação, os efeitos colaterais seriam menores e o sucesso da terapia é maior. 4.2.1 Vantagens da radioterapia conformacional A cirurgia maior normalmente pode ser evitada utilizando-se a radioterapia. A radioterapia pode curar o câncer de próstata em seus estágios iniciais e pode ajudar a prolongar a vida nos estágios mais avançados. Raramente causa perda do controle urinário, e outros efeitos colaterais, como a impotência, ocorrem em menor freqüência do que com a cirurgia. As técnicas mais recentes mencionadas acima parecem promissoras em termos de menor chance de efeitos adversos e maior chance de sucesso. 22 4.2.2 Desvantagens da radioterapia conformacional A radioterapia pode causar uma variedade de efeitos colaterais. A maioria desses efeitos colaterais não é grave e desaparece após interrupções da terapia. Esses efeitos colaterais incluem cansaço, reações cutâneas nas áreas tratadas, micção freqüente e dolorosa, irritação estomacal, diarréia, e irritação ou sangramento retal. Há uma chance de ocorrer alguns efeitos colaterais permanentes. A função intestinal pode não retornar ao normal mesmo após o tratamento estar completo. Quando a radioterapia é realizada com um equipamento externo, a impotência pode se desenvolver em até dois anos mais tarde em alguns pacientes e pode ser um efeito colateral permanente. É especialmente importante que o paciente mais jovem leve isso em consideração ao pensar em opções de tratamento diferentes. Finalmente, os tipos mais recentes de radioterapia, tais como a 3D-CRT e a EBRT, podem não estar disponíveis em todos os centros de radioterapia. O médico e o centro de radioterapia local serão capazes de informar os tipos específicos de tratamento oferecidos em seu centro. 4.3 Radioterapia conformacional com feixe de prótons A radioterapia conformacional com feixe de prótons é outro tipo novo de radioterapia. Essa técnica é semelhante à 3D-CRT, exceto pelo fato de utilizar prótons para produzir o feixe de radiação. Os prótons são partículas microscópicas que produzem energia na forma de um feixe de radiação. Os feixes de prótons podem atravessar o tecido sadio sem danificá-lo, ao mesmo tempo em que tem por objetivo o tecido canceroso. 23 4.4 IMRT - Intensity Modulated Radiotherapy Trata-se de radioterapia com intensidade modulada. É uma tecnologia avançada de radioterapia que tem o mesmo objetivo de todos os tratamentos de radioterapia, que é o de causar o máximo de dano às células cancerosas e ao mesmo tempo provocar um mínimo de dano às células normais. (19) As máquinas IMRT têm a capacidade de controlar melhor o feixe de radiação do que as máquinas convencionais, provocando assim o mínimo de danos às células normais. (19) A IMRT é geralmente reservada para o tratamento de casos em que sua técnica mais moderna apresente vantagem sobre os métodos tradicionais. Isto poderá incluir tratamentos para tumores que tenham tecidos normais adjacentes mais sensíveis. O médico oncologista poderá orientá-lo melhor sobre a necessidade ou não da utilização da IMRT. (19) O câncer da próstata é uma das doenças que podem ser tratadas com o método IMRT. A próstata está situada junto a órgãos sensíveis à radiação. Assim, o uso de IMRT pode reduzir a quantidade de radiação recebida pelo reto e outros órgãos adjacentes. Pela redução da dose de radiação sobre tecidos adjacentes, podem aumentar as doses de radiação sobre o tumor, o que aumenta as probabilidades de um tratamento mais eficaz. (19) Nem todos os departamentos de terapia de radiação dispõem do tratamento com IMRT. Esta ainda é uma novidade tecnológica bem recente e a instalação necessita ter um moderno sistema de planejamento computadorizado em 3-D (três dimensões) que possa aperfeiçoar o nível de radiação emitido. O acelerador linear também precisa estar equipado para trabalhar com a IMRT. (19) O planejamento tridimensional preparatório para as técnicas conformal IMRT, é efetuado através da reconstrução de cortes de tomografia computadorizada, onde Fig. 8 IMRT 24 são delineadas as estruturas de interesse (cabeça de fêmur, reto, bexiga, próstata e vesículas seminais). Permite o arranjo de vários campos com diferentes portas de entrada, inclusive em planos não-axiais, e principalmente o cálculo da distribuição de dose, comparação entre diferentes técnicas, e geração de histogramas de dose- volume (DVH - gráfico que ilustra o quanto de cada órgão, seja ele alvo ou normal, recebe de radiação). (20) A radioterapia com intensidade modulada do feixe é um refinamento da técnica de radioterapia tridimensional conformal. A IMRT permite o tratamento conformal através do uso de feixes não-uniformes. A modulação da intensidade do feixe, dentro dos campos de tratamento, é obtida através da maior ou menor exposição de cada ponto durante o tratamento. Isto se consegue a partir da movimentação precisa de pequenas lâminas de chumbo localizadas no interior do aparelho de radioterapia, ao longo do tempo de irradiação, controlada por um programa de computador, alimentado com os dados advindos do processo de planejamento. (20) Ao contrário dos métodos de planejamento convencionais, na IMRT ocorre o planejamento inverso, ou seja, inicialmente são definidos os limites e a distribuição de dose, e posteriormente é determinado o número e a intensidade de cada feixe que irá compor a distribuição de dose proposta. O tratamento pode ser realizado com campos estáticos, no qual os colimadores multi-folhas permanecem estáticos enquanto o feixe é liberado (chamado de "step and shoot"), ou com colimadores de multi-folhas dinâmico, que se movem continuamente e com diferentes velocidades através do feixe de irradiação (técnica de "sliding window"). (20) 25 5 CIRURGIA X RADIOTERAPIA Uma grande controvérsia médica envolve o tratamento dos pacientes com câncer localizado da próstata. Cirurgiões e radioterapêutas proclamam que a cirurgia radical e a radioterapia externa, respectivamente, representam a maneira ideal de se tratar tais casos. Numa tentativa de esclarecer esta polêmica, a American Urological Association constituiu em 1994 um painel de especialistas incumbido de rever todos os estudos publicados a respeito na literatura médica. Foram encontrados 12.501 artigos que lidavam com o tratamento do câncer localizado da próstata, mas apenas 165 obedeciam aos critérios científicos que davam credibilidade aos seus resultados. (12) A conclusão deste painel foi de que entre 89% e 93% dos pacientes submetidos à prostatectomia radical e entre 66% e 86% dos casos tratados com radioterapia externa estavam curados após 10 anos de acompanhamento. (12) O painel deu importância à avaliação feita após 10 anos, porque com cinco quase 100% dos pacientes com câncer localizado da próstata estão vivos, qualquer que seja o tratamento aplicado. Outra conclusão óbvia desta pesquisa: apenas 2% dos estudos científicos comparando cirurgia e radioterapia eram confiáveis. Em outras palavras, a quase totalidade das conclusões publicadas na literatura médica sobre o tema é inconsistente e qualquer especialista baseado nestes estudos pode provar o que quiser. Sempre existirão trabalhos demonstrando que a cirurgia ou a radioterapia são extremamente eficientes ou, ao contrário, que não são dotadas de maior eficácia clínica. (12) Existe, presentemente, um consenso de que a cura do câncer localizado da próstata só poderá ocorrer se os níveis de PSA no sangue caírem para valores abaixo de 1 após o tratamento. Enquanto este fenômeno é observado em 90% dos pacientes submetidos a prostatectomia radical, ele ocorre em apenas 40% doscasos tratados com radioterapia, segundo dados do doutor Gunar Zagars, radioterapêuta do renomado M.D. Anderson Cancer Center, de Houston. Em segundo lugar, a cirurgia pode curar pacientes que têm PSA inicial até 50, mas de acordo com estudos realizados por radioterapeutas da Filadélfia e de Boston, a radioterapia externa só age quando o PSA inicial é inferior a 15 ou 20. Um terceiro motivo de preocupação: entre 60% e 70% dos casos submetidos a tratamento 26 radioterápico evidenciam focos cancerosos na próstata, quando a glândula é biopsiada após dois anos do tratamento. Os radioterapeutas dizem que estas lesões são biologicamente inativas, de comportamento indolente. Pode ser que tenham razão, mas este fenômeno não deixa de ser desconfortável. (12) Finalmente, os próprios radioterapeutas estão começando a demonstrar algum desencanto pela radioterapia convencional. Estudo recentemente publicado pela Divisão de Radioterapia do Massachusetts General Hospital, de Boston, concluiu que a radioterapia externa cura menos de 40% dos casos de câncer localizado da próstata. Da mesma forma, uma análise tardia de 1355 pacientes tratados com radioterapia no M.D. Anderson Cancer Center concluiu que “a erradicação total e permanente do câncer da próstata com as doses convencionais de radioterapia externa, é muito mais difícil de ser obtida do que geralmente se divulga". (12) Talvez por estarem conscientes da menor eficiência da radioterapia convencional, os radioterapeutas tem explorado novas técnicas de irradiação da próstata, incluindo-se aqui a radioterapia conformada, a braquiterapia e a associação de radioterapia com tratamento hormonal. Os resultados precoces com estes métodos, após 3 ou 4 anos, têm sido favoráveis. Contudo, todos os pacientes com câncer localizado de próstata sobrevivem cinco anos, independente do tratamento realizado, de modo que é impossível afirmar, no momento, se estas técnicas são superiores à radioterapia convencional. Enquanto não surgirem avaliações com 10 anos de acompanhamento, estas três alternativas devem ser consideradas experimentais. (12) Argumentos desfavoráveis também existem em relação à cirurgia radical. Embora seu valor curativo seja inquestionável, a prostatectomia radical pode provocar impotência sexual e incontinência urinária. A impotência, que se caracteriza por perda das ereções penianas, apesar do paciente poder atingir o orgasmo, surge em 95% quase todos os operados com mais de 70 anos de idade, em 50% a 60% dos indivíduos com 55 a 65 anos e em 15% a 20% dos pacientes com menos de 55 anos. (12) Ressalte-se que os riscos de impotência diminuem significativamente quando o tumor é oculto, não palpável no toque digital e quando o cirurgião é experimentado. Incontinência urinária moderada ou grave surge em 20% a 40% dos pacientes submetidos à cirurgia em centros não-especializados, mas acomete 27 apenas 1% a 2% dos casos quando a intervenção é realizada por equipes habilitadas. (12) A radioterapia externa, divulgada como uma terapêutica menos agressiva que a cirurgia, também não é isenta de problemas. Entre 30% a 40% dos pacientes desenvolvem impotência sexual, que surge um ou dois anos após o tratamento e, por isto, nem sempre é atribuída à radioterapia. Além disto, 20% a 40% dos casos apresentam queimaduras no intestino grosso, ânus e bexiga durante o tratamento, que tendem a melhorar após alguns meses, mas costumam produzir grande desconforto aos pacientes. (12) Independente de todas as incertezas que envolvem o tratamento do câncer localizado da próstata, nenhum especialista orienta corretamente seus pacientes sem levar em conta os sentimentos dos mesmos. (12) Numa pesquisa realizada em 1995 pela US TOO, entidade não-oficial de apoio aos portadores de câncer da próstata, perguntou-se a um grupo de pacientes o que eles mais esperavam do tratamento. Como resposta, 45% almejavam usufruir de boa qualidade de vida, 29% gostariam de prolongar o tempo de sobrevida e 13% desejavam retardar a evolução da doença. Por isto, médicos e pacientes, em decisão conjunta, devem optar pelo tratamento mais eficiente quando sobrevida for a questão mais relevante e escolher a terapêutica menos agressiva quando qualidade de vida for a principal preocupação do paciente. (12) 28 6 CONCLUSÃO Por meio dos resultados obtidos com a realização deste trabalho, concluiu-se que: O câncer de próstata, quando diagnosticado em seu estágio inicial, existe uma probabilidade de cura através da braquiterapia, teleterapia entre outros. Quando não diagnosticado inicialmente há um risco maior de metástase, tornando- se quase incurável. A radioterapia tem um papel de extrema importância na cura de pacientes portadores de câncer de próstata, além disso, pode ajudar a prolongar a vida nos estágios mais avançados, se tornando como meio de tratamento mais eficaz, mas em alguns casos podem ocorrer efeitos colaterais. Também foi concluído que em muitos casos, se for comparar a radioterapia com a cirurgia, dependendo do estágio da doença, a radioterapia é a melhor solução. 29 REFERÊNCIAS (1) www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=339 (2) www.cirurgiaendocrina.com.br/prostata.html (3) Joseph Rotblat, Físico polonês - Congresso de Radiologia em 1996) (4) www.fcf.usp.br/Ensino/Graduacao/Disciplinas/LinkAula/My- Files/radiofarmacia.htm (5) MERCK SHARP & DOHME FARMACÊUTICA LTDA. A.C. MSD Online www.msd-brazil.com/msdbrazil/patients/sua_saude/prostata/prostata1.html (6) www.orientacoesmedicas.com.br/examedeprostata.asp (7) www.cirurgiaendocrina.com.br/index.html (8) www.hypertext.org/PT/OVERpt.html#ebrt (9)http://www.webelements.com/webelements/elements/text/Tl/index.html (10) Radioterapia em Oncologia - João Victor Salvajoli - Ed. MEDSI (11) www.centrodeterapias.com.br/imagens/prostata.htm (12)Srougi e Varaschin - www.unifesp.br/dcir/urologia/uronline/ed1098/caprostata (13) www.braquiterapia-prostata.com/imagenes/dibujo.jpg&imgrefurl (14) Projeto Diretrizes - Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina - Elaboração Final: 24 de junho de 2006 - Participantes: Netto Jr NR, Ferreira U, Bretas FFH, Santos Jr. MW. (15) http://www.radiobot.com.br/radconfor.htm (16) Radiol Bras v.39 n.2 São Paulo mar./abr. 2006 (17) Dra. Ludmila Siqueira - Revista Prática Hospitalar - ano VI – nº. 32 mar./abr. 2004 (18)www.astrazeneca.com.br/azws006/site/paciente/compreende_doenca/onco/c ancer_prostata.asp??nick_area=&area=Oncologia&id_area=&pag=5&origem= (19) http://www.siemens.com.br/templates/coluna1.aspx?channel=2124 (20) http://www.lincx.com.br/lincx/cientificos/medicos/urologia/imrt.asp 30 REFERÊNCIAS DAS FIGURAS Fig. 1 – A próstata e os órgãos que o cercam www.centrodeterapias.com.br/imagens/prostata.jpg Fig. 2 – O câncer de próstata www.senado.gov.br/sf/senado/portaldoservidor/jornal/jornal72/Imagens/ prostata.jpg Fig. 3 – Toque prostático www.orientacoesmedicas.com.br/examedeprostata.asp Fig. 4 – Implantação das “sementes” guiada por ultrassonografia www.scielo.br/pdf/rb/v39n2/29195.pdf Fig. 5 – Implantação das “sementes” www.scielo.br/pdf/rb/v39n2/29195.pdf Fig. 6 – Agulhamento da Próstata www.braquiplan.com/images/implant21.jpg Fig. 7 – Radioterapia conformacional www.radiobot.com.br/radconfor.htm Fig. 8 – IMRT www.medical.philips.com/main/products/ros/assets/images/clinicalimages/IMRT/PROS-IMRT_Prostate-dose_747.jpg
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