Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Protozoários flagelados Giardia duodenalis e Trichomonas vaginalis Silvane Santos UEFS - DCBio Flagelado das vias digestivas Família: Hexamitidae Giardia duodenalis, G. lamblia ou Lamblia intestinalis Agente etiológico da giardiose, giardíase ou lamblíase Trofozoíto da Giardia duodenalis Estágios evolutivos: cistos e trofozoítos Habitat: duodeno, jejuno, íleo e ceco 2 Flagelado das vias geniturinárias Família: Trichomonadidae Trichomonas vaginalis Agente etiológico da tricomoníase Estágios evolutivos: trofozoítos (não possuem a forma cística !!) Habitat: Trato genitourinário (homem e mulher) Trofozoítos do T. vaginalis Giardia duodenalis (cistos e trofozoítos) Cisto (forma de resistência) Trofozoíto (forma vegetativa) (12 μm x 8 μm) (20 μm x 10 μm) 3 Transmissão da Giardia duodenalis Ingestão de cistos maduros presentes em: Águas não tratadas (somente cloradas) Alimentos contaminados (moscas e baratas) Contato pessoal (mãos contaminadas, locais de aglomeração, etc.) Contato homossexual (transmissão oro - fecal) Contato com animais domésticos (cães e gatos) OBS: A OMS considera a giardiose uma zoonose! Ciclo evolutivo da G. duodenalis Multiplicação dos trofozoítos: Divisão binária longitudinal (nucleotomia e plasmotomia) 4 Patogenia da Giardiose Causa mais comum de diarréia aguda entre crianças (má nutrição e retardo no crescimento) e diarréia crônica em adultos. Responsável por uma síndrome de má absorção intestinal Mecanismos: MULTIFATORIAIS Alterações na mucosa intestinal (lesões nas microvilosidades) Liberação de substâncias citopáticas na luz intestinal Ativação de intenso processo inflamatório “Atapetamento” da mucosa e impedimento da absorção Ação das prostaglandinas (ação sobre a motilidade intestinal → diarréia) Associação com bactérias aeróbias e/ou anaeróbias presentes no intestino Sintomatologia da Giardiose Fase aguda (primo-infecção) Diarréia aquosa, odor fétido, gases com distensão e dor abdominal Má absorção de gorduras, vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), vitamina B12, ferro, xilose, lactose, etc. (síndrome da má absorção) Esteatorréia, mal estar e perda de peso Fase crônica (imunidade) Recorrência dos sintomas Surgimento do “portador assintomático” – eliminam cistos por mais de 6 meses 5 Epidemiologia da Giardiose Doença cosmopolita Atinge principalmente crianças (8 meses 12 anos) Conhecida com “diarréia dos viajantes” por causa da qualidade questionável da água ingerida Papel importante do “portador são ou assintomático” na disseminação da parasitose Recém descrita entre homossexuais (atividade sexual) Alta resistência dos cistos no meio ambiente (> 2 meses) Comum em ambientes coletivos (creches, asilos, orfanatos, etc.) Considerada uma importante zoonose Profilaxia da Giardiose São recomendadas: Medidas de higiene pessoal (lavar as mãos) Destino adequado das fezes (construção de fossas sépticas, redes de esgoto, etc.) Proteção alimentar Tratamento adequado da água (filtros de areia e de terra de diatomóceas) Tratamento precoce dos doentes Verificação de fontes de contaminação (manipuladores de alimentos, babás, creches, etc.) 6 Trichomonas vaginalis (forma trofozoítica) www.instruct.uwo.ca/biology Mecanismos de transmissão do T. vaginalis Via relação sexual (95% dos casos) É considerada uma doença venérea Via não sexual (5 % dos casos) Contaminação através do parto Água ou fômites úmidos ou molhados Duchas, espéculos ou assentos de vasos sanitários contaminados Verificar abuso sexual (em meninas) 7 Ciclo biológico do T. vaginalis Trofozoítos na secreção vaginal, próstata, urina ou sêmen do hospedeiro Colonização e reprodução (divisão binária) Trofozoítos nas secreções do novo hospedeiro www.instruct.uwo.ca/biology Aspectos patogênicos da infecção pelo T. vaginalis Condições favoráveis ao crescimento do patógeno: Aumento do pH vaginal (pH > 5.0) Diminuição de Lactobacillus acidophilus Aumento de bactérias anaeróbias Situações: menstruação, gravidez, menopausa, outras infecções, etc. Mecanismo patogênico: Ativação de intenso processo inflamatório Ação enzimática (cisteína-proteínases), citotóxica e hemolítica Capacidade de degradar imunoglobulinas (IgG, IgM e IgA) 8 Patogênese da tricomoníase Conseqüências da resposta inflamatória local: Problemas relacionados com a gravidez: Rompimento da placenta, parto prematuro, baixo peso ao nascer, feto natimorto e morte neonatal Problemas relacionados com a fertilidade: Infertilidade feminina por adesão e oclusão tubária (dano nas células ciliadas da mucosa tubária) Transmissão do HIV: Atua como co-fator na propagação do vírus (lesões genitais favorecem a entrada do vírus) Sintomatologia da tricomoníase Na mulher: Vaginite e cervicites (secreção vaginal abundante, amarelo- esverdeada, bolhosa e de odor fétido) Prurido e irritação vulvo-vaginal Dor e dificuldade para as relações sexuais Disúria e polaciúria No homem: (infecção assintomática!) Uretrite (pouca secreção, discreta ardência miccional e hiperemia do meato) Outras complicações: prostatite, balanopostite, cistite e epididimite (raros) 9 Epidemiologia da tricomoníase Mais freqüente entre as DST não virais (transmissão sexual) Ampla distribuição geográfica Alta prevalência em grupos de nível sócio-econômico baixo Maior incidência: homens e mulheres com vida sexual ativa 100% das mulheres infectadas apresentam sintomas (somente 10% apresentam os sintomas mais intensos da infecção). Maioria dos homens: infecção benigna e assintomática Patógeno sensível à dessecação e altas temperaturas Em locais de alta umidade sobrevivem mais tempo Fácil desinfecção (derivados do clorofeno) e destruição pelo calor (44°C) Estratégias de controle da tricomoníase Semelhantes às recomendadas para o controle de outras DST: Medidas individuais: Prática do sexo seguro: uso de preservativos e escolha consciente do(s) parceiro(os) sexuais para evitar contato com indivíduos infectados. Cuidados e higiene íntima adequada. Medidas gerais: Triagem e exames em mulheres sexualmente ativas (prostitutas) Quando possível, diagnóstico dos indivíduos assintomáticos (disseminadores) Após diagnóstico, tratamento imediato do casal. Investimento em campanhas informativas (educação continuada)
Compartilhar