Buscar

Revisão Direito Constitucional

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Direito Constitucional
Constitucionalismo- Movimento que implica na adoção de Constituição escrita pelos Estados, texto este, que proteja os direitos fundamentais e a separação dos poderes. ( em sentido estrito)
O sentido do Constitucionalismo é acabar com o poder absoluto e irrestrito dos monarcas.
Iluminismo- Ideologia revolucionaria do sec. XVIII. Também conhecido como o período das luzes, foi um período de transformações na estrutura social da Europa, onde os temas giravam em torno da liberdade, do progresso e do homem. Suas principais ideologias:
*Natureza
*Homem
* Razão
* Felicidade
*Progresso
O iluminismo deu origem à Constituição.
3 principais conceitos de Constituição:
Ferdnand Lassale- Conceito sociológico
Constituição é a soma dos fatores reais do poder que regem uma sociedade.
Para Lassale a Constituição pode ser:
Real: Soma de todos os fatores que vivemos em sociedade.
Escrita: Simples folha de papel e só terá força e peso de um documento maior se for compatível com a realidade da sociedade.
Carl Shmitt- Conceito Político
Constituição é uma decisão política fundamenta. Aquela que estrutura e organiza o Estado.
Para ele existe constituição, e Leis Constitucionais que são texto que encontra-se na Constituição Federal, mas não é importante para organizar o Estado.
Hans Kelsen- Conceito Jurídico
Constituição é a norma jurídica suprema de um Estado. Fundamento de todos os demais atos normativos daquele Estado.
Para ele antes do Direito não existe nada. Tudo começa com a lei. Tudo o que há no Estado tem que estar de acordo com a Constituição. 
Kelsen declara que:
Constituição em sentido lógico jurídico: É a Constituição hipotética, apenas pensada, pressuposta. E esta ordena: Obedeça ao texto escrito.
Constituição em sentido jurídico positivo: É a escrita.
Classificação das Constituições
Quanto ao conteúdo:
Material: É aquela que somente contempla em seu texto, normas essenciais para a organização do Estado.
EX: Contempla direitos fundamentais, forma de exercício do poder, direitos políticos, direitos da nacionalidade, fundamentos e objetivos do Estado, direitos sociais e outros.
Formal: É aquela que além de contemplar em seu texto normas de organização do Estado, contempla outras, não tão importantes para constar em um texto constitucional, e que poderiam estar previstas na legislação ordinária. Ex: art. 242 § 2º CF. Nossa Constituição de 88 é formal.
Quanto á origem
Outorgada: Corresponde àquele texto Constitucional imposto unilateralmente, sem a participação popular. EX; CF de 1824, 1937,1967/69.
Promulgada: É aquela cujo texto foi aprovado com a participação popular, pelos representantes do povo em assembleia nacional Constituinte. Constituição votada democraticamente. EX: CF. de 1981, 1934, 1946 e 1988. Nossa Constituição de 88 é promulgada.
Cesarista: Modelo antigo de Constituição, onde o texto apesar de imposto tinha que ser referendado pelo povo.
EX: Constituição de Napoleão e constituição dePinochet;
Constituição pactuada: é aquela que resulta de um acordo entre o Rei e o Parlamento. Visa desenvolver um equilíbrio entre o Princípio Monárquico e o Princípio Democrático Ex. Magna Carta de 1215.
Quanto à forma:
Constituição escrita: é a escrita e sistematizada em um documento, elaborado em um procedimento único, ou seja, de uma vez só pelo Poder Constituinte; A CF de 88 é escrita.
Constituição costumeira: é aquela elaborada de forma esparsa no decorrer do tempo, fruto de um processo de sedimentação histórica, motivo pelo qual pode haver documentos escritos na Constituição costumeira, desde que elaborados de forma esparsa, no decorrer do tempo. Por exemplo, Constituição Inglesa (Magna Carta; Petição de Direitos de 1628; Declaração de Direitos de 1689; etc.).
Quanto à estabilidade/ mutabilidade/ alterabilidade
Constituição rígida: é aquela que requer procedimento especiais para sua modificação. Só pode ser modificada por um processo legislativo diferenciado e mais difícil. Portanto, o procedimento comum não é capaz de alterá-la. A Constituição de 1988 é formal e rígida. Há autores que entendem que, em razão das cláusulas pétreas, nossa Constituição é super-rígida, porém, esta corrente é minoritária;
Constituição flexível: é aquela que não requer procedimento especial para sua modificação. Portanto, qualquer procedimento comum pode modifica-la, ou ainda, qualquer lei ordinária pode modifica-la, pela lógica de que lei posterior revoga anterior no mesmo nível.Note que esta Constituição não possui supralegalidade. É o caso, por exemplo, da Constituição Inglesa.
Constituição semirrígida (ou semi-flexível): é aquela que tem parte rígida e parte flexível. A Constituição brasileira de 1824 (Constituição do Imperio) foi semi-rígida.
Constituição Super-rígida: é aquela que contempla em seu texto um núcleo de normas imodificáveis.
Constituição imutável (ou granítica): é aquela que não admite em tempo algum, nenhum tipo de modificação em seu texto.
Obs: todas as Constituições brasileiras foram rígidas, exceto a de 1824 que foi semi-rígida. 
Quanto à sua extensão:
Constituição sintética: é a Constituição elaborada de forma resumida que contém, apenas, matérias constitucionais em seu texto. Por exemplo, Constituição Americana de 1.787;
Constituição analítica: é aquela elaborada de forma extensa e prolixa (de cunho detalhista), não contendo apenas matérias constitucionais em seu texto. É o caso, por exemplo, da nossa Constituição de 1988.
Quanto ao modo de elaboração:
Constituição dogmática: é aquela escrita e sistematizada em um documento, segundo as forças reinantes naquele momento. EX: CF 88
Constituição Histórica: é aquela elaborada de forma histórica no decorrer do tempo, que foi se formando paulatinamente. É costumeira.
Quanto à ideologia
Eclética ou Compromissória: Corresponde àquele texto Constitucional, que contempla várias ideologias, assumindo o compromisso de desenvolvê-las posteriormente.
EX; CF de 88.
Simples ou Ortodoxa: aquela que traz apenas uma ideologia em seu texto. Por exemplo, Constituição da China;
Quanto à compatibilidade com a realidade
Constituição Normativa: É aquela cujo texto Constitucional foi elaborado com a intenção de ser compatível com a realidade social, e realmente o é. Por exemplo, Constituição Americana de 1787.
Constituição Nominal: É aquele texto Constitucional editado com a intenção de se mostrar compatível com a realidade e de que fosse executado, no entanto, não conseguiu. Por exemplo, Constituições de Brasil de 1934, 1946 e 1988.
Constituição Semântica: é aquela que trai o significado do termo Constituição. Seu texto não corresponde com a realidade, e nem foi à intenção do legislador que correspondesse. A Constituição semântica, ao invés de limitar o poder, legitima práticas autoritárias de poder. CF brasileira de 1937 e de 1967 com as emendas de 1969.
Quanto à finalidade
Constituição garantia: É aquela que se preocupa com a proteção das liberdades impondo apenas limites ao estado. 
Dirigente: É aquela que além de garantir as liberdades indica o que o Estado deve fazer.
A classificação da Constituição de 1988 é:
Quanto ao conteúdo: Formal
Quanto á origem: Promulgada
Quanto à forma: escrita
Quanto à estabilidade: Rígida
Quanto à extensão: Analítica
Quanto ao modo de elaboração: Dogmática
Quanto à ideologia: Eclética ou Compromissória
Quanto à compatibilidade com a realidade: Nominal ( Linha minoritária, porém vem apresentando um crescente nestesentido)
Quanto à finalidade: Dirigente
Poder Constituinte
Conceito: é o poder de criar, modificar, revisar, revogar ou adicionar algo à Constituição do Estado.
Titularidade do poder constituinte:
O poder constituinte pertence ao povo, que o exerce por meio dos seus representantes (Assembléia Nacional Constituinte). “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” (art.1º, parágrafo único da CF).
Tendo em vista que o Poder Legislativo, Executivo e Judiciário
são poderes constituídos, podemos concluir que existe um poder maior que os constituiu, isto, o Poder Constituinte. Assim, a Constituição Federal é fruto de um poder distinto daqueles que ela institui.
Exercício do poder Constituinte
Exercente é aquele que, em nome do povo, implanta o Estado, edita a Constituição. Esse exercício pode dar-se por vias diversas: a) pela eleição de representantes populares que integram “uma Assembléia Constituinte” ou b) pela revolução, quando um grupo exerce aquele poder sem manifestação direta do agrupamento humano.
Espécies de Poder Constituinte
Poder Constituinte Originário:
Também é denominado de poder genuíno ou poder de 1º grau ou poder inaugural. É aquele capaz de estabelecer uma nova ordem constitucional, isto é, de dar conformação nova ao Estado, rompendo com a ordem constitucional anterior.
Características:
Inicial: antes dele não existe nada
Poder político, de fato, pré-jurídico: Poder dedecisões politicas.
Absoluto: É exercido plenamente
Ilimitado juridicamente
Incondicionado: Não existe qualquer condição que possa ser imposta ao seu exercício.
Principio do não retrocesso: nenhuma sociedade pode retroagir
Poder Constituinte Derivado:
Também é denominado de poder instituído, constituído, secundário ou poder de 2º grau. Deriva do Poder Constituinte Originário.
Características
Secundário
Derivado do originário
Juridicamente limitado
Condicionado ao originário
Poder Constituinte Derivado Reformador:
É aquele criado pelo poder constituinte originário para reformular (modificar) as normas constitucionais. A reformulação se dá através das emendas constitucionais.
O constituinte, ao elaborar uma nova ordem jurídica, desde logo constitui um poder constituinte derivado reformador, pois sabe que a Constituição não se perpetuará no tempo. Entretanto, trouxe limites ao poder de reforma constitucional. É exercido pelo Congresso Nacional.
Poder Constituinte Derivado Decorrente:
Também foi criado pelo poder constituinte originário. É o poder de que foram investidos os estados-membros para elaborar a sua própria constituição (capacidade de auto-organização).
Os Estados são autônomos uma vez que possuem capacidade de auto-organização, autogoverno, autoadministração e auto legislação, mas não são soberanos, pois devem observar a Constituição Federal. “Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios destaConstituição” (art. 25 da CF). Desta forma, o poder constituinte decorrente também encontra limitações.
O exercício do poder constituinte decorrente foi conferido às Assembléias legislativas. “Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contando da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta” (art. 11 da ADCT).
É importante lembrar que também há o poder reformador para as Constituições Estaduais. Estas são alteradas pela Assembléia legislativa, através de emendas.
Limites do Poder Constituinte Derivado Decorrente Estabelecidos pelo Originário
-Princípios Constitucionais sensíveis
CF. art. 34, VII
- Princípios Constitucionais Estabelecidos
São princípios de organização estabelecidos na CF.
- Princípios Constitucionais extensíveis
São princípios estabelecidos na CF, para a administração federal, que devem ser repetidos obrigatoriamente pelos demais entes federados. Art. 37 CF
Território é uma autarquia territorial da união. Não é ente federado, é apenas um braço da união. Também não possui autonomia política.
Todavia dentro do território podem ser criados municípios, mas tais municípios estarão diretamente vinculados à união. Art. 33 e 35 CF.
Poder Constituinte difuso
Tem por titularidade o povo, mas é exercido pelo Supremo Tribunal Federal.
É a modificação da Constituição, mas sem alterar sua redação, mas modifica o alcance, o sentido da norma. Ex: Art. 5º inciso XIAplicabilidade da norma Constitucional
A) Grau de Retroatividade
3 Níveis de retroatividade com relação à Constituição
Máxima: A norma Constitucional, retroage, alcançando o Direito adquirido, coisa julgada, ato jurídico perfeito etc., como também os seus efeitos.
Média: A nova Constituição não alcançará o ato praticado antes dela, mas somente os efeitos destes atos anteriores à ela e não adimplidos.
Mínima: A nova Constituição não alcançará o ato, nem os efeitos anteriores à ela.
B) Relação da Nova Constituição com a Constituição anterior
Desconstitucionalização: quando a Constituição nova recebe norma da Constituição anterior só que rebaixando a anterior como norma infraconstitucional. Como regra não é adotada no Brasil.
Recepção material de uma norma Constitucional
Quando a Constituição recebe norma da Constituição anterior, e tais normas continuam tendo peso/status, de norma Constitucional. Como regra não é adotada no Brasil
Como regra no Brasil, editada uma Nova Constituição, a anterior é totalmente e automaticamente revogada; no entanto se houver previsão expressa e , considerando que o Poder Constituinte Originário pode tudo, exceções podem ser adotadas. Como exceções a esta regra temos a desconstitucionalização que corresponde ao recebimento pela Nova Constituição, de norma da Constituição anterior só que, desprovida da hierarquia de norma Constitucional, sendo recebida apenas como norma infraconstitucional.
Nossa constituição de 88, não adotou nem um exemplo deDesconstitucionalização. 
Temos ainda o instituto da recepção Material de Norma Constitucional, quando a Nova Constituição excepcionalmente recebe temporariamente norma da Constituição anterior, desde que, com ela compatível, mas mantém a hierarquia de Norma Constitucional. Nossa Constituição em seu art. 34 da ADCT comtemplou um exemplo deste instituto.
Relação da Nova Constituição Com o Direito Infraconstitucional
Ordenamento Jurídico anterior
Em Vigor: Tudo o que existia antes, será recepcionado se compatível com a nova regra Constitucional.
Revogação: Será revogado somente o que contrariar a Nova Constituição.
Não em Vigor: Repristinação: A repristinação ocorre quando uma lei é revogada por outra e posteriormente a própria norma revogadora é revogada por uma terceira lei, que irá fazer com que a primeira tenha sua vigência reestabelecida caso assim determine em seu texto legal. A lei revogada não se restaura apenas por ter a lei revogadora perdido a vigência, pois a repristinação só é admitida se for expressa.
Exemplo: A lei 2 revogou a 1. A lei 3 revogou a 2. A repristinação ocorreria se a lei 1 retornasse a vigência.
A repristinação pode ser compreendida como uma restauração, ou seja, uma forma de se voltar a uma passada estrutura ou situação jurídica. Não é a regra adotada no Brasil, exceto se houver previsão em lei.
Obs: Para ser recepcionado não importa a forma do ato adotado anteriormente, somente seu conteúdo.
Inconstitucionalidade superveniente:Inconstitucionalidade superveniente, , é o fenômeno onde uma lei editada em uma época anterior, por exemplo, é considerada inconstitucional com a promulgação da nova Constituição, por ser ela ser considerada incompatível com o novo ordenamento. Na verdade, o juízo que ocorre entre a legislação pré-constitucional e a nova CF é de RECEPÇÃO ou REVOGAÇÃO. Uma lei só pode ser considerada inconstitucional frente à CF de sua época. Não é adotada no Brasil
Aplicabilidade da Norma Constitucional: Importamos este sistema dos EUA. Segundo os americanos as normas Constitucionais podem ser:
Autoaplicáveis, conhecidas como “self executing”
Não autoaplicáveis, conhecidas como “ not self executing”.
A Doutrina clássica classifica em normas auto-aplicáveis (auto-executáveis) e normas não auto-aplicáveis (não auto-executáveis), mas José Afonso da Silva não faz tal diferenciação, considerando todas as normas constitucionais como auto-aplicáveis, pois são revestidas de eficácia jurídica (dotadas de capacidade para produzir efeitos no mundo jurídico, seja em maior ou menor grau).
 Se as normas
constitucionais não produzirem a plenitude de seus efeitos plenamente, precisarão de alguma complementação pelo legislador.
No Brasil há varias classificações. Destacaremos as mais importantes:
Professor José Afonso da Silva classificou da seguinte maneira:
Normas constitucionais de eficácia plena: 
São aquelas que produzem a plenitude dos seus efeitos, independentemente de complementação
por normainfraconstitucional. São revestidas de todos elementos necessários à sua 
executoriedade, tornando possível sua aplicação de maneira direta, imediata e integral. 
 Situam-se predominantemente entre os elementos orgânicos da Constituição.  Ex: “São 
Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e
o Judiciário” (art. 2º da CF).
Normas constitucionais de eficácia contida (relativa restringível):
São aquelas que produzem a plenitude dos seus efeitos, mas pode ter 
o seu alcance restringido. Também têm aplicabilidade direta, imediata e 
integral, mas o seu alcance poderá ser reduzido em razão da existência 
na própria norma de uma cláusula expressa de redutibilidade ou em 
razão dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Enquanto
não materializado o fator de restrição, a norma tem eficácia plena.
 
 
 
Normas constitucionais de eficácia limitada
São aquelas que não produzem a plenitude de seus efeitos, dependendo da integração da lei (lei integradora). Não contêm os elementos necessários para sua executoriedade, assim enquanto não forem complementadas pelo legislador a sua aplicabilidade é mediata, mas depois de complementadas tornam-se de eficácia plena. - Alguns autores dizem que a norma limitada é de aplicabilidade mediata e reduzida (aplicabilidade diferida).
Ex: “O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica” (art. 37, VII da CF). O direito de greve dos servidorespúblicos foi considerado pelo STF como norma limitada.
Não produzem, desde logo, todos os efeitos que dela se espera, mas produz alguns efeitos mínimos:
Efeito revogador da normatividade antecedente incompatível (norma que com que ela se mostre colidente).
Inibe a produção de normas em sentido contrário: Geraldo Ataliba denomina de efeito paralisante da função legislativa em sentido contrário.
Dois grupos de norma de eficácia limitada:
*Normas de princípio programático (ou norma programática): Estabelecem programas constitucionais a serem seguidos pelo executor, que se impõem como diretriz permanente do Estado. Estas normas caracterizam a Constituição Dirigente. Ex: "O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais" (art. 215 da CF).
* Normas de princípio institutivo (ou organizativo ou orgânico): Fazem previsão de um órgão ou entidade ou uma instituição, mas a sua real existência ocorre com a lei que vai dar corpo.
 Classificação de Maria Helena Diniz
Maria Helena Diniz propõe uma nova espécie de classificação das normas constitucionais, tendo como critério a intangibilidade e a produção dos efeitos concretos.
Assim propõe e explica a referida autora que são normas constitucionais de eficácia absoluta 
"as intangíveis; contra elas nem mesmo há o poder de emendar. Daí concentrarem uma força paralisante total de toda a legislaçãoque, explícita ou implicitamente, vier a contrariá-la. Distinguem-se, portanto, das normas constitucionais de eficácia plena, que, apesar de incidirem imediatamente sem necessidade de legislação complementar posterior, são emendáveis. Por exemplo, os textos constitucionais que amparam a federação (art. 1º), o voto direto, secreto, universal e periódico (art. 14), a separação dos poderes (art. 2º) e os direitos e garantias individuais (art. 5º, I a LXXVIII), por serem insuscetíveis de emenda são intangíveis, por força do art. 60, § 4º, e 34, VII, a e b".
Normas com eficácia plena 
Igual a de José afonso da Silva
Normas com eficácia relativa restringível 
São as de eficácia contida de José Afonso da Silva.
Normas com eficácia relativa complementável
São as de eficácia limitada de José Afonso da Silva.
Classificação do Professor Uadi Lamego Bulos
Normas constitucionais de eficácia absoluta
Igual a de Maria Helena Diniz
Normas com eficácia plena 
Igual a de José afonso da Silva
Normas com eficácia relativa restringível 
São as de eficácia contida de José Afonso da Silva.
Normas com eficácia relativa complementável
São as de eficácia limitada de José Afonso da Silva.
Norma de eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada
Corresponde àquelas normas Constitucionais que já cumpriram seu papel e encontram-se esgotadas.
Ex. Algumas normas da ADCT.
Hermenêutica Constitucional
Hermenêutica- é a ciência que pesquisa os métodos e princípios que devem ser utilizados noprocesso de interpretação. 
Interpretação: é o processo concreto através do qual o intérprete busca extrair da norma o seu real significado.
1= Métodos jurídicos comuns de interpretação
A) Método Gramatical ou Literal – consiste na busca do sentido literal ou textual da norma constitucional. Esse método hoje na hermenêutica jurídica e constitucional deve ser apenas o ponto de partida no momento da interpretação de uma norma, porque muitas vezes interpretando ao pé da letra, podemos chegar a soluções hermenêuticas injustas (dura lex, sed lex);
B) Método sistêmico ou Sistemático – é aquela interpretação que busca correlacionar todos os dispositivos normativos de uma Constituição, pois só conseguiremos elucidar a interpretação a partir do conhecimento do todo, não podemos interpretar a Constituição em “tiras” e sim como um todo. Hans KELSEN tem a visão do sistema jurídico que seria naturalmente uma pirâmide normativa, na qual temos no topo a Constituição, abaixo vêm a legislação, logo abaixo os atos administrativos, e posteriormente os contratos e decisões. Todos esses componentes da pirâmide tem que ser interpretados juntamente com a Constituição, todas as normas jurídicas devem ser lidas e relidas através da Constituição, sendo denominado de FILTRAGEM HERMENÊUTICA – para o neoconstitucionalismo.
C) Método Histórico ( evolutivo) – consiste na busca dos antecedentes remotos e imediatos que interferiram no processo de interpretação constitucional. Para entendermos osentido atual precisamos entender o “passado” desses institutos. Ex: se eu desejasse interpretar a CF/88 utilizando o método histórico e buscando um antecedente histórico, eu poderia buscar na Constituição de 1824, 1946, 1967 etc., pois estudando essa evolução, chegaríamos ao entendimento de como chegamos à Constituição atual. Poderíamos também estudar os trabalhos da constituinte de 1987. A CF/88 muitas vezes procura atrelar valores antagônicos, pois em 1987 o mundo ainda era bipolar, via a dicotomia socialismo X capitalismo. Essa dicotomia se concretizou no texto da Carta Magna de 1988. Outro exemplo da interpretação histórica é a existência de tantas normas de aplicabilidade limitada, cuja produção de seus amplos efeitos demanda a produção ou criação ulterior de legislação infraconstitucional. Esse método nos permite entender porque a CF/88 é prolixa, pois a constituinte de 1987 foi realizada durante um processo de redemocratização de mais de 30 anos de ditadura e havia na sociedade um grande anseio de positivar direitos na Constituição como forma de protegê-los, chegando a prever algumas coisas que não necessitavam estar ali, como exemplo, o artigo que fala do Colégio Pedro II que pertence à ordem federal.
D) Método Lógico: O interprete utiliza dedução indução, analogia. Tem como pressuposto a visão da lei como um todo, um conjunto. Assim, não se pode interpretar uma disposição da lei sem ter em mente os demais dispositivos. Deve-se interpretar a lei em conjunto, e não aospedaços.
Ex.: de acordo com o art. 12, §3º, alguns cargos são privativos de brasileiros natos. Porém, só tendo lido o §2º do mesmo art. 12 é
que se pode saber que esse rol de cargos privativos é exaustivo (não admite ampliação), salvo outra previsão também constitucional.
E) Método da interpretação teleológica Busca fixar o significado da norma de acordo com a finalidade (telos) que razoavelmente dela se espera. Luís Recaséns Siches dá o exemplo de uma norma alemã que proibia o acesso de cães aos vagões dos trens. Um homem tentou, então, embarcar com um urso, alegando que a norma proibia apenas os cães. Por meio de uma interpretação teleológica, porém, fixou-se que, se os cães eram proibidos, com muito mais razão deveria ser vedado acesso de ursos.
F) Método restritivo: São normas que não devem ser interpretadas além de sua abrangência.
Ex: qualquer norma que atribua tratamentos diferenciado.
G) Método de Interpretação extensiva: O interprete deve interpretar a norma de forma mais plena e abrangente possível.
Princípios de Interpretação da Constituição
O interprete deve entender por este princípio que em uma Constituição formal todas as normas tem a mesma dignidade, não existindo portanto hierarquia Constitucional, logo uma norma originalmente Constitucional jamais poderá ser declarada inconstitucional diante de outra pois elas tem a mesma importância. Presume-se a partir deste princípio que se houver um aparente conflito deve-se harmonizar os interesses.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes