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TEORIA GERAL DO ESTADO

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Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 1 
TEORIA	
  GERAL	
  DO	
  ESTADO	
  	
  	
  
UNIDADE	
  I	
  	
  1.1.	
  EVOLUÇÃO	
  HISTÓRICA	
  DA	
  DISCIPLINA	
  	
  	
   A	
   TGE	
   é	
   uma	
   disciplina	
   que	
   reúne	
   conhecimentos	
   jurídicos,	
   filosóficos,	
   etc,	
   e	
   visa	
   ao	
  aperfeiçoamento	
  do	
  Estado.	
  	
   	
   Aristóteles	
  é	
  considerado	
  fundador	
  da	
  ciência	
  do	
  Estado,	
  já	
  que	
  escreveu	
  um	
  tratado	
  sobre	
  o	
  Estado,	
   denominado	
   de	
   “Política”.	
   Também	
   Platão	
   escreveu	
   sobre	
   o	
   Estado	
   em	
   sua	
   obra	
  “República”.	
  	
  	
   Na	
   Idade	
  Média,	
   diversos	
   autores,	
   assim	
   como	
  Santo	
  Agostinho	
   e	
   Santo	
  Tomás	
  de	
  Aquino	
  produziram	
   estudos	
   sobre	
   o	
   Estado,	
   mas	
   foi	
   no	
   século	
   XVI	
   que	
   Maquiavel,	
   em	
   sua	
   obra	
   “O	
  Príncipe”	
   lançou	
  os	
   fundamentos	
  da	
  política	
   como	
  arte	
  de	
  governar	
  os	
  Estados,	
  depois	
  vieram	
  autores	
   como	
   Hobbes,	
   Locke,	
   Montesquieu	
   e	
   Rousseau,	
   sustentando	
   a	
   existência	
   do	
   poder	
  político	
   na	
   própria	
   natureza	
   humana.	
   Finalmente,	
   no	
   século	
   XIX	
   e	
   que	
   se	
   desenvolveu,	
  especialmente	
   na	
   Alemanha,	
   um	
   trabalho	
   de	
   sistematização	
   da	
   ciência	
   política	
   defendido	
   por	
  Georg	
   Jellinek,	
   a	
   quem	
   se	
   deve	
   a	
   criação	
   de	
   uma	
   TGE,	
   como	
   disciplina	
   autônoma,	
   tendo	
   por	
  objeto	
  o	
  conhecimento	
  do	
  Estado.	
  	
  1.2.	
  CONCEITOS	
  	
  	
   "É	
   a	
   ciência	
   geral	
   que	
   integra	
   em	
   sua	
   síntese	
   os	
   princípios	
   fundamentais	
   das	
   diversas	
  ciências	
   sociais,	
   jurídicas	
   e	
   políticas	
   que	
   têm	
   por	
   objetos	
   o	
   Estado	
   considerado	
   em	
   relação	
   a	
  determinados	
  momentos	
   históricos,	
   e	
   estuda	
   o	
   Estado	
   de	
   um	
   ponto	
   de	
   vista	
   unitário,	
   em	
   sua	
  evolução,	
  organização,	
  funções	
  e	
  mais	
  típicas	
  formas,	
  com	
  o	
  intuito	
  de	
  determinar-­‐lhe	
  as	
  leis	
  de	
  formação,	
  o	
  fundamento	
  e	
  a	
  finalidade".	
  Alessandro	
  Groppali.	
  	
  	
   "A	
   TGE	
   é	
   a	
   ciência	
   geral	
   que,	
   na	
   análise	
   dos	
   fatos	
   sociais,	
   jurídicos	
   e	
   políticos	
   do	
   Estado,	
  unifica	
  esse	
  tríplice	
  aspecto	
  e	
  elabora	
  uma	
  síntese	
  que	
  lhe	
  é	
  peculiar,	
  para	
  estudá-­‐lo	
  e	
  explicá-­‐lo	
  na	
  origem,	
  na	
  evolução	
  e	
  nos	
  fundamentos	
  de	
  sua	
  existência".	
  Aderson	
  de	
  Menezes.	
  	
  1.2.	
  OBJETO	
  –	
  MÉTODOS	
  E	
  FONTES	
  	
  	
   Quanto	
   ao	
   seu	
   objeto,	
   de	
   maneira	
   ampla,	
   é	
   o	
   estudo	
   do	
   Estado	
   sob	
   todos	
   os	
   aspectos,	
  incluindo	
  a	
  origem,	
  a	
  organização,	
  o	
  funcionamento	
  e	
  as	
  finalidades.	
  	
  	
   É	
  o	
  estudo	
  do	
  Estado	
  em	
  geral,	
  do	
  Estado	
  como	
  fato	
  social,	
  ou	
  seja,	
  é	
  a	
  ciência	
  que	
  investiga	
  e	
  expõe	
   os	
   princípios	
   fundamentais	
   da	
   sociedade	
   política,	
   denominada	
   Estado,	
   sua	
   origem,	
  estrutura,	
  forma	
  e	
  finalidades.	
  	
  	
   Com	
  relação	
  ao	
  método	
  de	
  estudos,	
  podemos	
  citar	
  o	
  indutivo,	
  o	
  dedutivo	
  e	
  o	
  analógico.	
  No	
  entanto,	
  a	
  predominância	
  do	
  aspecto	
  jurídico	
  e	
  a	
  orientação	
  sociológica	
  e	
  política.	
  	
  1.3.	
  SOCIEDADE	
  E	
  ESTADO	
  	
  1.3.1.	
  Os	
  agrupamentos	
  primários	
  	
  
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 2 
	
   O	
   homem	
   é	
   um	
   ser	
   social	
   e,	
   portanto	
   não	
   sobrevive	
   sozinho,	
   para	
   sobreviver	
   precisa	
   se	
  associar,	
   unir-­‐se	
   aos	
   seus	
   iguais.	
   Assim	
   sendo,	
   vemos	
   que	
   os	
   agrupamentos	
   primários	
   são	
  aqueles	
   onde	
   existe	
   uma	
   associação,	
   mas	
   que	
   ainda	
   não	
   apresentam	
   um	
   fim,	
   não	
   estão	
  submetidos	
  a	
  um	
  poder,	
  não	
  visam	
  o	
  bem	
  comum.	
  	
  1.3.2.	
  Origem	
  da	
  sociedade	
  	
  	
   	
   O	
   antecedente	
  mais	
   remoto	
   da	
   afirmação	
   de	
   que	
   o	
   homem	
   é	
   um	
   ser	
   social	
   por	
   natureza	
  encontra-­‐se	
  no	
  séc.	
  IV	
  aC,	
  em	
  Aristóteles.	
  Para	
  este	
  só	
  o	
  indivíduo	
  de	
  natureza	
  vil	
  ou	
  superior	
  ao	
  homem,	
  viveria	
  isolado.	
  Nesta	
  mesma	
  ordem	
  de	
  idéias,	
  temos	
  inúmeros	
  autores	
  medievais	
  como	
  São	
  Tomás	
  de	
  Aquino,	
  os	
  quais	
  entendem	
  que	
  o	
  homem	
  é,	
  por	
  natureza,	
  animal	
  social	
  e	
  político	
  e	
  precisa	
  viver	
  em	
  multidão.	
  	
  	
   	
  
Origem das sociedades (Celso Ribeiros Bastos, Dalmo de Abreu Dallari) 
 
 
 
 
Teoria Naturalista 
 ou do Impulso 
Tese central: a sociedade é uma 
condição essencial da vida humana, 
inerente a ela. 
 Associativo Natural 
Autores: Aristóteles, Cícero, São 
Tomás de Aquino e Ranelletti 
1. Origem das Sociedades e 
dos Agrupamentos Sociais 
 
 
 
Teoria Contratualista 
Tese central: a sociedade é um 
produto de um acordo de vontades 
devido a interesses. 
 (negativa do impulso 
associativo natural) 
 
Autores: Platão, Thomas Hobbes e 
Jean-Jacques Rousseau 	
  	
   Autores	
  modernos	
   se	
   filiam	
   a	
   essa	
  mesma	
   corrente	
   e	
   entendem	
  que	
   o	
   homem	
  é	
   induzido	
  fundamentalmente	
   por	
   uma	
   necessidade	
   natural,	
   porque	
   o	
   associar-­‐se	
   com	
   outros	
   é	
   condição	
  essencial	
  de	
  vida,	
  pois	
  só	
  desta	
  maneira	
  poderá	
  conseguir	
  satisfazer	
  as	
  suas	
  necessidades.	
  Assim,	
  para	
  os	
  autores	
  que	
  defendem	
  essa	
  teoria	
  a	
  sociedade	
  é	
  produto	
  da	
  conjugação	
  de	
  um	
  simples	
  impulso	
  associativo	
  natural	
  e	
  da	
  cooperação	
  da	
  vontade	
  humana.	
  	
  	
   Opõe-­‐se	
  a	
  esse	
  pensamento	
  o	
  Contratualismo.	
  Os	
  contratualistas	
  entendem	
  que	
  a	
  sociedade	
  é	
  somente	
  o	
  produto	
  de	
  um	
  acordo	
  de	
  vontades,	
  um	
  contrato	
  hipotético	
  celebrado	
  pelos	
  homens.	
  A	
  esse	
  respeito,	
  predomina	
  aceitação	
  no	
  sentido	
  de	
  compreender	
  ser	
  a	
  sociedade	
  resultante	
  de	
  uma	
  necessidade	
  natural	
  do	
  homem,	
  sem	
  excluir	
  a	
  participação	
  da	
  vontade	
  humana.	
  	
  1.4.3.	
  Elementos	
  característicos	
  da	
  sociedade	
  	
  	
   Como	
   observado,	
   para	
   os	
   contratualistas	
   a	
   sociedade	
   é	
   fruto	
   da	
   vontade	
   humana.	
   Os	
  naturalistas,	
  por	
  outro	
  lado,	
  defendem	
  que	
  a	
  sociedade	
  decorre	
  da	
  natureza	
  humana.	
  É	
  comum,	
  grupo	
   de	
   pessoas	
   se	
   reunirem	
   em	
   determinados	
   lugares	
   emfunção	
   de	
   objetivos	
   comuns.	
   Tal	
  reunião,	
  no	
  entanto,	
  ainda	
  que	
  numerosa	
  e	
  motivada	
  por	
  interesses	
  relevantes	
  para	
  o	
  grupo	
  não	
  se	
   pode	
   dizer	
   tenha	
   se	
   constituído	
   uma	
   sociedade.	
   Surge	
   daí,	
   então,	
   a	
   pergunta	
   que	
   se	
   busca	
  
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 3 
responder	
  quanto	
  ao	
  que	
  é	
  necessário	
  para	
  que	
  um	
  grupo	
  humano	
  possa	
  ser	
  considerado	
  como	
  sociedade.	
   Dallari	
   argúi	
   que	
   em	
   toda	
   sociedade	
   existe:	
   a)	
   uma	
   finalidade	
   ou	
   valor	
   social;	
   b)	
  manifestações	
  de	
  conjunto	
  ordenadas	
  e	
  c)	
  o	
  poder	
  social.	
  	
  	
   Quanto	
  ao	
  poder	
  social	
  -­‐	
  há	
  autores	
  e	
  teorias	
  que	
  negam	
  a	
  necessidade	
  do	
  poder	
  social,	
  são	
  os	
  chamados	
  "anarquistas"	
  (Diógenes,	
  Leon	
  Duguit,	
  Proudhon,	
  Mikhail	
  Bakunin,	
  Kropotkin,	
  etc.	
  Por	
  uma	
   série	
  de	
   circunstâncias,	
   entre	
   as	
  qual	
   o	
   excessivo	
   apelo	
   à	
   violência,	
   o	
   anarquismo	
   foi	
  perdendo	
  adeptos	
  ao	
  longo	
  do	
  tempo.	
  	
  	
   Mas,	
  a	
  maioria	
  dos	
  autores	
  reconhece	
  a	
  necessidade	
  do	
  poder.	
  Na	
  verdade	
  o	
  poder	
  sempre	
  existiu,	
  apenas	
  mudou	
  de	
  forma	
  com	
  o	
  passar	
  do	
  tempo.	
  Se	
  nos	
  primórdios	
  se	
  confundia	
  com	
  a	
  idéia	
   de	
   força,	
   após	
   uma	
   evolução,	
   percebe-­‐se	
   que	
   o	
   poder	
   se	
   utiliza	
   da	
   força,	
   mas	
   não	
   se	
  confunde	
  com	
  esta.	
  Assim,	
  o	
  poder	
  e	
  o	
  direito	
  devem	
  ser	
  vistos	
  como	
  fenômenos	
  concomitantes.	
  O	
  poder	
  deve	
  ser	
  uma	
  encarnação	
  do	
  próprio	
  grupo,	
  resumindo	
  suas	
  aspirações.	
  A	
  coletividade	
  deve	
  manifestar	
  seu	
  consentimento,	
  pois	
  assim	
  o	
  poder	
  será	
  considerado	
  legítimo.	
  	
  1.4.3.	
  Finalidade	
  social:	
  O	
  determinismo.	
  As	
  teorias	
  Finalistas.	
  O	
  bem	
  comum.	
  	
  	
   Para	
   que	
   um	
   grupo	
   de	
   pessoas	
   seja	
   considerado	
   como	
   uma	
   sociedade,	
   deve	
   ter	
   como	
  objetivo	
   uma	
   finalidade	
   comum.	
   Essa	
   afirmação	
   pressupõe	
   um	
   ato	
   de	
   escolha,	
   um	
   objetivo	
  conscientemente	
  estabelecido.	
  Na	
  doutrina,	
  encontramos	
  duas	
  correntes	
  que	
  tratam	
  do	
  assunto:	
  	
  1)	
  Determinismo	
   -­‐	
   negam	
  a	
  possibilidade	
  de	
   escolha.	
   Para	
   estes	
   não	
  há	
  um	
  objetivo	
   a	
   atingir,	
  pelo	
   contrário,	
   existe	
  uma	
   sucessão	
  de	
   fatos	
  que	
  o	
  homem	
  não	
  pode	
   interromper.	
   Para	
   eles	
   o	
  homem	
  está	
  submetido,	
   inexoravelmente,	
  a	
  uma	
  série	
  de	
   leis	
  naturais,	
   sujeitas	
  ao	
  princípio	
  da	
  causalidade.	
   Como	
   características	
   assinalam-­‐se	
   o	
   medo	
   a	
   toda	
   mudança,	
   a	
   toda	
   novidade	
  imprevista	
  e	
  o	
  desejo	
  de	
  ser	
  subjugado	
  ou	
  de	
  subjugar.	
  	
  2)	
  Finalismo	
  –	
  sustentam	
  os	
  finalistas	
  ser	
  possível	
  a	
  fixação	
  de	
  uma	
  finalidade	
  social,	
  por	
  meio	
  de	
  um	
  ato	
  de	
   vontade.	
  Essa	
   finalidade	
  deverá	
   ser	
   algo,	
   um	
  valor,	
   um	
  bem,	
  que	
   todos	
   considerem	
  como	
  tal,	
  ou	
  seja,	
  a	
  finalidade	
  social	
  é	
  o	
  bem	
  comum.	
  É	
  preciso,	
  entretanto	
  estabelecer	
  uma	
  idéia	
  precisa	
  do	
  que	
  seja	
  o	
  bem	
  comum.	
  	
  	
   O	
   melhor	
   conceito	
   de	
   bem	
   comum	
   foi	
   formulado	
   pelo	
   Papa	
   João	
   XXIII:	
   "O	
   bem	
   comum	
  consiste	
   no	
   conjunto	
   de	
   todas	
   as	
   condições	
   de	
   vida	
   social	
   que	
   consistam	
   e	
   favoreçam	
   o	
  desenvolvimento	
  integral	
  da	
  personalidade	
  humana".	
  	
  	
   Por	
   fim,	
  se	
  afirmando	
  que	
  a	
  sociedade	
  humana	
  tem	
  por	
   finalidade	
  o	
  bem	
  comum,	
  significa	
  dizer	
  que	
  ela	
  busca	
  a	
  criação	
  de	
  condições	
  que	
  permitam	
  a	
  cada	
  homem	
  e	
  a	
  cada	
  grupo	
  social	
  a	
  consecução	
  de	
  seus	
  respectivos	
  fins	
  particulares.	
  	
  1.4.5)	
  As	
  sociedades	
  políticas	
  -­‐	
  Sociedades	
  de	
  fins	
  políticos.	
  	
  	
   De	
   acordo	
   com	
   sua	
   finalidade,	
   podemos	
   distinguir	
   duas	
   espécies	
   de	
   sociedades:	
   a)	
  sociedades	
   de	
   fins	
   particulares	
   -­‐	
   têm	
   finalidade	
   definida,	
   voluntariamente	
   escolhida	
   por	
   seus	
  membros	
   e;	
   b)	
   sociedades	
  de	
   fins	
   gerais	
   -­‐	
   objetiva	
   criar	
   as	
   condições	
  necessárias	
   para	
   que	
   os	
  indivíduos	
   e	
   as	
   demais	
   sociedades	
   que	
   nela	
   se	
   integram	
   consigam	
   atingir	
   os	
   seus	
   fins	
  particulares.	
  	
  	
   As	
   sociedades	
   de	
   fins	
   gerais	
   são	
   as	
   chamadas	
   sociedades	
   políticas.	
   Visam	
   criar	
   condições	
  para	
   a	
   consecução	
   dos	
   fins	
   particulares	
   de	
   seus	
  membros,	
   ocupam-­‐se	
   da	
   totalidade	
   das	
   ações	
  
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 4 
humanas,	
   coordenando-­‐as	
   em	
   função	
   de	
   um	
   fim	
   comum.	
   Entre	
   estas,	
   a	
   que	
   atinge	
   um	
   circulo	
  menor	
  de	
  pessoas	
  é	
  a	
  família.	
  Mas,	
  a	
  sociedade	
  política	
  de	
  maior	
  importância	
  é	
  o	
  Estado.	
  	
  1.5.	
  Origem	
  do	
  Estado	
  	
  	
   Devemos	
   analisar	
   essa	
   questão	
   sob	
   dois	
   aspectos,	
   sendo	
   estes,	
   com	
   base	
   nas	
   teorias	
  filosóficas	
  e	
  os	
  outros	
  fundados	
  na	
  origem	
  histórica	
  e	
  jurídica	
  do	
  Estado.	
  	
  1.5.1.	
  Teoria	
  da	
  origem	
  familial	
  do	
  Estado	
  	
  	
   É	
   das	
   mais	
   antigas	
   teorias	
   sobre	
   a	
   origem	
   do	
   Estado.	
   Fundamentam	
   seus	
   autores,	
   no	
  desenvolvimento	
   e	
   ampliação	
   da	
   família.	
   Baseiam-­‐se	
   essas	
   teorias,	
   hoje	
   adotadas	
   por	
   poucos	
  autores,	
   nas	
   tradições	
   e	
   mitos	
   de	
   civilizações	
   antiguíssimas	
   e	
   dividem-­‐se	
   em	
   duas	
   correntes:	
  teoria	
  patriarcal	
  e	
  teoria	
  matriarcal.	
  	
  	
   A	
   teoria	
  patriarcal	
   busca	
   sustentar	
  que	
  o	
  poder	
  político	
   é	
  derivado	
  de	
  um	
  núcleo	
   familiar	
  onde	
   a	
   autoridade	
   suprema	
   reside	
   na	
   figura	
   do	
   ascendente	
   varão	
   mais	
   velho.	
   A	
   sociedade	
  política	
  em	
  tal	
  caso	
  representa	
  a	
  ampliação	
  da	
  família	
  patriarcal.	
  	
  	
   A	
   teoria	
   matriarcal	
   sustenta	
   que	
   a	
   primeira	
   organização	
   familiar	
   teria	
   emergido	
   da	
  autoridade	
   materna.	
   Foi	
   defendida	
   por	
   Durkheim.Fundamenta-­‐se	
   no	
   fato	
   de	
   que	
   a	
   genitora	
  representava	
  a	
  autoridade	
  mais	
  relevante	
  de	
  uma	
  organização	
  familiar	
  primitiva.	
  	
  1.5.2.	
  Teorias	
  da	
  origem	
  contratual	
  do	
  Estado	
  	
  	
   Sob	
   denominação	
   de	
   teorias	
   racionalistas,	
   agrupam-­‐se	
   todas	
   aquelas	
   que	
   justificaram	
   o	
  Estado	
   como	
   de	
   origem	
   convencional	
   (pactual,	
   contratual),	
   isto	
   é,	
   como	
   produto	
   da	
   razão	
  humana.	
   São	
   as	
   chamadas	
   teorias	
   contratualistas	
   ou	
   pactistas.	
   Partem	
   de	
   um	
   estudo	
   das	
  primitivas	
  comunidades	
  em	
  estado	
  de	
  natureza.	
  Concluem	
  seus	
  autores	
  que	
  a	
  sociedade	
  civil	
  (o	
  Estado	
  organizado)	
  nasceu	
  de	
  um	
  acordo	
  entre	
  os	
  indivíduos.	
  	
  	
   Hobbes	
   e	
   Spinoza	
   consideram	
   que	
   os	
   homens	
   se	
   viram	
   forçados	
   a	
   pôr	
   fim	
   ao	
   Estado	
   de	
  natureza	
   mediante	
   um	
   contrato.	
   Teriam	
   abdicado	
   de	
   seus	
   direitos	
   em	
   nome	
   de	
   apenas	
   um,	
  fundando	
   o	
   Estado.	
   Nesse	
   sentido,	
   Locke	
   e	
   Grotius,	
   entenderam	
   que	
   houve	
   uma	
   associação	
  voluntária,	
   baseada	
   no	
   consentimento	
   de	
   todos.	
   Rousseau,	
   por	
   sua	
   vez,	
   funda	
   o	
   contrato	
   na	
  igualdade	
  dos	
  homens.	
  É	
  a	
  chamada	
  "vontade	
  geral".	
  	
  	
   Essas	
  teorias	
  partem	
  da	
  concepção	
  do	
  homem	
  em	
  estado	
  de	
  natureza,	
  de	
  onde	
  se	
  derivam	
  todas	
  as	
  relações	
  sociais.	
  Tais	
   teorias	
  ganharam	
  fama	
  de	
   filosofia	
  racionalista	
  e	
  se	
  propagaram	
  pela	
  era	
  moderna.	
  	
  	
   Três	
   são	
   as	
   principais	
   teorias	
   do	
   contrato.	
   O	
   primeiro	
   contratualista	
   foi	
   Thomas	
   Hobbes	
  (1588/1679),	
   filósofo	
   inglês	
  que	
  em	
  1651	
  publicou	
  o	
  "Leviatã	
  ou	
  a	
  Matéria,	
  Forma	
  e	
  Poder	
  de	
  uma	
  Comunidade	
  Eclesiástica	
  e	
  Civil",	
  na	
  qual	
  expõe	
  a	
  sua	
  construção	
  sobre	
  o	
  assunto.	
  	
  	
   Para	
  o	
  autor	
  o	
  único	
  caminho	
  para	
  erigir	
  um	
  poder	
  comum,	
  capaz	
  de	
  defender	
  os	
  homens	
  contra	
  a	
  invasão	
  dos	
  estrangeiros	
  e	
  contra	
  as	
  injúrias	
  alheias,	
  assegurando-­‐lhes	
  de	
  tal	
  sorte	
  que	
  por	
  sua	
  própria	
  atividade	
  e	
  pelos	
  frutos	
  da	
  terra	
  possam	
  nutrir-­‐se	
  e	
  viver	
  satisfeitos,	
  é	
  conferir	
  todo	
   o	
   poder	
   e	
   fortaleza	
   a	
   um	
   homem	
   ou	
   a	
   uma	
   assembléia	
   de	
   homens,	
   todos	
   os	
   quais,	
   por	
  pluralidade	
  de	
  votos,	
  possam	
  reduzir	
  suas	
  vontades	
  a	
  uma	
  vontade.	
   Isto	
  equivale	
  dizer:	
  eleger	
  um	
  homem	
  ou	
   uma	
   assembléia	
   de	
   homens	
   que	
   represente	
   sua	
   personalidade;	
   e	
   que	
   cada	
   um	
  considere	
  como	
  próprio	
  e	
   se	
   reconheça	
  a	
  si	
  mesmo	
  como	
  autor	
  de	
  qualquer	
  coisa	
  que	
   faça	
  ou	
  
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 5 
promova	
   quem	
   representa	
   sua	
   pessoa,	
   naquelas	
   coisas	
   que	
   concernem	
   à	
   paz	
   e	
   à	
   segurança	
  comuns;	
  que,	
  ademais,	
  submetem	
  suas	
  vontades	
  cada	
  um	
  à	
  vontade	
  daquele,	
  e	
  seus	
  juízos	
  a	
  seu	
  juízo.	
  Isto	
  é	
  algo	
  mais	
  que	
  consentimento	
  ou	
  concórdia;	
  é	
  uma	
  unidade	
  real	
  de	
  tudo	
  isso	
  em	
  uma	
  e	
  a	
  mesma	
  pessoa,	
   instituída	
  por	
  pacto	
  de	
  cada	
  homem	
  com	
  os	
  demais,	
   em	
   forma	
   tal	
   como	
  se	
  cada	
   um	
   dissesse	
   a	
   todos:	
   autorizo	
   e	
   transfiro	
   a	
   este	
   homem	
   ou	
   assembléia	
   de	
   homens	
  meu	
  direito	
  de	
  governar-­‐me	
  a	
  mim	
  mesmo,	
  com	
  a	
  condição	
  de	
  que	
  vós	
  transferireis	
  a	
  ele	
  vosso	
  direito	
  e	
   autorizareis	
   todos	
   seus	
   atos	
   da	
  mesma	
  maneira.	
   Feito	
   isso,	
   a	
  multidão	
   assim	
  unida	
   em	
  uma	
  pessoa	
  se	
  denomina	
  comunidade	
  (Estado).	
  	
  	
   John	
  Locke	
  (1632/1704),	
  pensador	
  inglês	
  que	
  em	
  1690	
  trouxe	
  a	
  obra	
  o	
  Segundo	
  Tratado	
  do	
  Governo	
  Civil,	
  refuta	
  as	
  idéias	
  de	
  Hobbes	
  e	
  faz	
  apologia	
  a	
  Revolução	
  de	
  1688	
  e	
  começa	
  aludindo	
  ao	
  estado	
  de	
  natureza	
  que	
  "é	
  um	
  estado	
  de	
  perfeita	
  liberdade",	
  sem	
  ser,	
  entretanto	
  um	
  estado	
  de	
  licença,	
  sendo	
  regido	
  por	
  uma	
  lei	
  natural	
  que	
  obriga	
  a	
  cada	
  um;	
  e	
  a	
  razão,	
  que	
  se	
  confunde	
  com	
  esta	
   lei,	
   ensina	
   a	
   todos	
   os	
   homens,	
   se	
   querem	
   bem	
   consultá-­‐la,	
   que,	
   sendo	
   todos	
   iguais	
   e	
  independentes,	
  nenhum	
  deve	
  criar	
  obstáculo	
  a	
  outro	
  em	
  sua	
  vida,	
  sua	
  santidade,	
  sua	
  liberdade	
  e	
  seus	
  bens.	
  Ao	
  contrário,	
  o	
  estado	
  de	
  guerra	
  é	
  um	
  estado	
  de	
  ódio	
  e	
  de	
  destruição,	
  daí	
  promanando	
  a	
  diferença	
  evidente	
  entre	
  os	
  dois,	
  o	
  que	
   leva	
  o	
   filósofo	
  a	
  dizer	
  que	
  "quando	
  os	
  homens	
  vivem	
  juntos	
   e	
   conforme	
   a	
   razão,	
   sem	
   ter	
   sobre	
   a	
   terra	
   superior	
   comum	
  que	
   tenha	
   autoridade	
   para	
  julgá-­‐los,	
  se	
  acham	
  propriamente	
  em	
  estado	
  de	
  natureza.	
  	
  	
   Jean-­‐Jacques	
   Rousseau	
   (1712/1778)	
   nos	
   oferece	
   duas	
   importantes	
   obras	
   para	
   reflexão	
  sobre	
   o	
   Estado:	
   "Discurso	
   sobre	
   a	
   origem	
   da	
   desigualdade	
   entre	
   os	
   Homens”	
   e	
   o	
   “Contrato	
  Social”,	
  editados	
  em	
  1754	
  e	
  respectivamente	
  em	
  1762.	
  	
  	
   No	
  Contrato	
  Social,	
  Rousseau	
  distende	
  em	
  bases	
  puramente	
  teóricas,	
  os	
  princípios	
  segundo	
  os	
  quais	
  se	
  poderiam	
  organizar	
  um	
  pequeno	
  Estado	
  poderoso	
  e	
  prospero	
  na	
  persuasão	
  de	
  que	
  o	
  homem	
  só	
   foi	
   feliz	
  na	
   época	
  em	
  que	
  vivia	
   sem	
  problemas,	
   em	
  meio	
  a	
  pequenos	
  grupos,	
  numa	
  vida	
   pastoral	
   e	
   fácil,	
   ocupado	
   com	
   os	
   negócios	
   materiais	
   de	
   existência	
   e	
   com	
   as	
   afeições	
   da	
  família.	
   Depois,	
   quando	
   começou	
   a	
   refletir,	
   o	
   homem	
   inventou:	
   a	
   propriedade,	
   que	
   causou	
   a	
  miséria	
  de	
  uns	
  e	
  a	
  riqueza	
  excessiva	
  de	
  outros;	
  o	
  luxo,	
  que	
  criou	
  os	
  vícios;	
  a	
  instrução,	
  que	
  criou	
  a	
  ambição,	
  as	
  inquietações	
  de	
  espírito.	
  	
  	
   O	
  Estado	
  é	
   convencional,	
   afirmou	
  Rousseau,	
   resulta	
  da	
  vontade	
  geral,	
   que	
  é	
  umasoma	
  da	
  vontade	
  manifestada	
  pela	
  maioria	
  dos	
  indivíduos.	
  A	
  nação	
  (povo	
  organizado)	
  é	
  superior	
  ao	
  rei.	
  Não	
   há	
   direito	
   divino	
   da	
   Coroa,	
   mas,	
   sim,	
   direito	
   legal	
   decorrente	
   da	
   sobrania	
   nacional.	
   A	
  soberania	
   nacional	
   é	
   ilimitada,	
   ilimitável,	
   total	
   e	
   incontrastável.	
   O	
   Governo	
   é	
   instituído	
   para	
  promover	
   o	
   bem	
   comum,	
   e	
   só	
   é	
   suportável	
   enquanto	
   justo.	
   Não	
   correspondendo	
   ele	
   com	
   os	
  anseios	
   populares	
   que	
   determinaram	
   a	
   sua	
   organização,	
   o	
   povo	
   tem	
   o	
   direito	
   de	
   substituí-­‐lo,	
  refazendo	
  o	
  contrato.	
  (sustenta	
  assim,	
  o	
  direito	
  de	
  revolução).	
  	
  	
   Sob	
   o	
   martelar	
   dessas	
   máximas	
   que	
   empolgaram	
   a	
   humanidade	
   sofredora,	
   ruíram-­‐se	
   os	
  alicerces	
   da	
   construção	
   milenar	
   do	
   Estado	
   teológico	
   e	
   desencadeou-­‐se	
   a	
   revolução	
   francesa	
  contra	
  a	
  ordem	
  precária	
  do	
  absolutismo	
  monárquico.	
  	
  	
   Na	
   parte	
   relativa	
   ao	
   estado	
   de	
   natureza	
   a	
   filosofia	
   de	
   Rousseau	
   é	
   oposta	
   à	
   de	
   Hobbes	
   e	
  Spinoza.	
   Para	
   estes	
   autores,	
   o	
   estado	
   de	
   natureza	
   primitivo	
   era	
   um	
   estado	
   de	
   guerra	
  mútua,	
  enquanto	
   que,	
   para	
  Rousseau,	
   era	
   de	
   felicidade	
   perfeita:	
   "o	
   homem,	
   em	
   estado	
   de	
   natureza,	
   é	
  sadio,	
  ágil	
  e	
  robusto".	
  Encontra	
  facilmente	
  o	
  pouco	
  que	
  precisa.	
  Os	
  únicos	
  bens	
  de	
  que	
  precisam	
  são	
  os	
  alimentos,	
  a	
  mulher	
  e	
  o	
  repouso.	
  Os	
  únicos	
  males	
  de	
  que	
  temem	
  são	
  a	
  dor	
  e	
  a	
  fome.	
  	
   A	
  teoria	
  contratualista	
  entrou	
  em	
  declínio	
  no	
  século	
  XIX,	
  sendo	
  substituída	
  por	
  argumentos	
  utilitários	
  e	
  socialistas,	
  que	
  tendiam	
  a	
  outras	
  considerações	
  sobre	
  a	
  finalidade	
  do	
  Estado.	
  Todavia,	
  depois	
  da	
  década	
  de	
  60,	
  novas	
  versões	
  de	
  contrato	
  social	
  foram	
  surgindo.	
  
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 6 
	
  1.5.3.	
  Teorias	
  da	
  origem	
  violenta	
  do	
  Estado	
  (ou	
  Teoria	
  da	
  Força,	
  como	
  prefere	
  Sahid	
  Maluf)	
  	
  	
   São	
  contemporâneas	
  das	
  teorias	
  contratualistas.	
  Seus	
  autores	
  vêem	
  na	
  sociedade	
  política	
  o	
  produto	
  da	
  luta	
  pela	
  vida,	
  nos	
  governantes	
  a	
  sobrevivência	
  dos	
  mais	
  fortes.	
  Filia-­‐se	
  a	
  esta	
  tese:	
  Oppenheimer	
  etc.	
  Onde	
  um	
  grupo	
  domina	
  outro,	
  estabelecendo	
  uma	
  organização	
  que	
  facilite	
  esta	
  dominação.	
   Glumplowicz	
   e	
   Oppenheimer	
   desenvolveram	
   amplos	
   estudos	
   a	
   respeito	
   das	
  primitivas	
  organizações	
  sociais,	
  concluindo	
  que	
  foram	
  elas	
  resultantes	
  das	
  lutas	
  travadas	
  entre	
  os	
   indivíduos,	
   sendo	
  o	
  poder	
  público	
  uma	
   instituição	
  que	
  surgiu	
  com	
  a	
   finalidade	
  de	
  regular	
  a	
  dominação	
  dos	
  vencedores	
  e	
  a	
  submissão	
  dos	
  vencidos.	
  Franz	
  Oppenheimer,	
  médico,	
   filósofo	
  e	
  professor	
   de	
   ciência	
   política	
   em	
   Frankfurt,	
   escreveu	
   textualmente:	
   "o	
   Estado	
   é	
   inteiramente,	
  quanto	
  à	
  sua	
  origem,	
  e	
  quase	
  inteiramente,	
  quanto	
  à	
  sua	
  natureza,	
  durante	
  os	
  primeiros	
  tempos	
  da	
  sua	
  existência,	
  uma	
  organização	
  social	
  imposta	
  por	
  um	
  grupo	
  vencedor	
  a	
  um	
  grupo	
  vencido,	
  destinado	
  a	
  manter	
  esse	
  domínio	
  internamente	
  e	
  a	
  proteger-­‐se	
  contra	
  ataques	
  exteriores".	
  	
   Os	
  marxistas	
  (não	
  Marx,	
  mas	
  principalmente	
  Engels)	
  apontam	
  a	
  luta	
  de	
  classes	
  para	
  explicar	
  o	
  fenômeno.	
  Apontam	
  o	
  Estado	
  como	
  a	
  classe	
  dominante,	
  economicamente	
  mais	
  poderosa,	
  que	
  assim	
  adquire	
  novos	
  meios	
  para	
  explorar	
  os	
  mais	
  fracos.	
  	
  	
   Outro	
  grupo	
  é	
  o	
  dos	
  chamados	
  "cínicos"	
  (Miguel	
  Elias).	
  É	
  correto	
  afirmar	
  que	
  a	
  guerra	
  e	
  a	
  dominação	
  de	
  povos	
  vencidos	
  é	
  um	
  dos	
  modos	
  de	
  formação	
  de	
  novos	
  Estados.	
  Não	
  é,	
  porém,	
  a	
  origem	
  do	
  Estado.	
  O	
  erro	
  está	
  no	
   fato	
  de	
  quando	
  um	
  grupo	
  domina	
  outro,	
  organiza	
  uma	
  nova	
  ordem	
  política,	
  mas	
  o	
  Estado	
  já	
  existia.	
  Cria	
  um	
  novo	
  Estado.	
  Para	
  os	
  autores,	
  a	
  obra	
  de	
  Charles	
  Darwin	
  sobre	
  a	
  evolução	
  das	
  espécies	
  sustenta	
  a	
  teoria	
  da	
  força.	
  	
  1.5.4.	
  Formação	
  histórica	
  do	
  Estado	
  	
  	
   A	
   classificação	
  mais	
   considerada	
  pela	
  doutrina	
   é	
   a	
  de	
  Bluntschli.	
   Para	
  o	
   autor,	
   três	
   são	
  os	
  modos	
  pelos	
  quais	
  historicamente	
  se	
  formam	
  os	
  Estados:	
  	
  I)	
  originários	
  -­‐	
  a	
  formação	
  é	
  inteiramente	
  nova,	
  nasce	
  diretamente	
  da	
  população	
  e	
  do	
  país,	
  sem	
  derivar	
   de	
   outro	
   já	
   preexistente.	
   Ou	
   seja,	
   se	
   daria	
   quando,	
   sobre	
   um	
   território	
   que	
   não	
  pertencesse	
  a	
  nenhum	
  Estado,	
  uma	
  população	
  se	
  organizasse	
  politicamente.	
  No	
  mundo	
  atual,	
  em	
  que	
   toda	
   a	
   superfície	
   sólida	
  do	
   globo	
   está	
  dividida	
   em	
  Estados,	
   é	
   impossível	
   esse	
  processo	
  de	
  formação;	
  II)	
  secundários	
  -­‐	
  quando	
  vários	
  Estados	
  se	
  unem	
  para	
  formar	
  um	
  novo	
  Estado,	
  ou	
  quando	
  um	
  se	
  fraciona	
  para	
   formar	
  outros.	
  Há	
  que	
   se	
   explicar,	
   entretanto	
  que	
  o	
   fracionamento	
  deve	
   ser	
  por	
  impulso	
  interno;	
  III)	
  derivados	
  -­‐	
  quando	
  a	
  formação	
  se	
  produz	
  por	
  influência	
  exterior,	
  de	
  outros	
  Estados.	
  Dentre	
  esses	
  modos	
  a	
  colonização	
  é	
  o	
  mais	
  geral	
  e	
  importante.	
  	
  1.5.5.	
  Formação	
  jurídica	
  do	
  Estado	
  	
  	
   Grande	
  parte	
  da	
  doutrina,	
  capitaneada	
  por	
  Carré	
  de	
  Malberg,	
  afirma	
  que	
  o	
  Estado	
  deve	
  antes	
  de	
   tudo	
   sua	
  existência	
   ao	
   fato	
  de	
  possuir	
  uma	
  Constituição.	
  Porém,	
  nem	
  sempre	
   será	
  possível	
  fixar	
  esse	
  momento	
  (salvo	
  o	
  caso	
  das	
  Constituições	
  escritas).	
  	
  	
   Por	
   isso	
   outros	
   autores	
   preferem	
   considerar	
   como	
   nascimento	
   jurídico	
   do	
   Estado	
   o	
  momento	
   em	
   que	
   ele	
   é	
   reconhecido	
   pelas	
   demais	
   potências,	
   o	
   que	
   é	
   matéria	
   de	
   Direito	
  Internacional.	
  
 
 
 
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 7 
Evoluçãohistórica do Estado 
 
Por Estado Antigo, Oriental ou Teocrático, entenda-se às formas mais recuadas no tempo, que 
apenas começavam a definir-se entre as antigas civilizações do Oriente ou Mediterrâneo. A família, a 
religião, o Estado, a organização econômica formavam um conjunto confuso, sem diferenciação aparente. 
Não se distingue o pensamento político da religião, da moral, da filosofia ou das doutrinas econômicas. 
Existem duas marcas características desse período; a natureza unitária ( o Estado sempre aparece 
como uma unidade geral, não admitindo qualquer divisão interior, nem territorial, nem de funções. ) e a 
religiosidade. ( a presença do fator religioso é tão marcante que o Estado desse período pode ser chamado 
de Estado Teocrático ). 
A influência predominante é religiosa, afirmando a autoridade dos governantes e as normas de 
comportamento individual e coletivo como expressão da vontade de um poder divino. 
Nessa teocracia, há uma estreita relação entre o Estado e a divindade, podendo-se apontar a 
existência de duas formas diferentes; 
a) em certos casos o governo é unipessoal e o governante é considerado um representante do poder 
divino, confundindo-se, às vezes, com a própria divindade. A vontade do governante é sempre semelhante 
à da divindade, dando-se ao Estado um caráter de objeto, submetido a um poder estranho e superior a ele. 
b) em outros casos, o poder do governante é limitado pela vontade da divindade, cujo veículo é um 
órgão especial: - a classe sacerdotal. Há uma convivência de dois poderes, um humano e um divino, 
variando a influência deste, segundo circunstâncias de tempo e lugar. 
 
 
Estado Grego- Estado forte, as pessoas participam na organização do mesmo. 
Cidade Estado – Valor aos cientistas, filósofos, etc. Noções de Democracia. 
Auto - suficiência – Um Estado forte não aceita influências dos outros povos. Experiência fechada. 
Povo 
A característica fundamental do Estado Grego é a cidade – Estado, ou seja, a polis, como a 
sociedade política de maior expressão. 
O ideal visado era a auto–suficiência, a autarquia, dizendo Aristóteles que a “a sociedade 
constituída por diversos pequenos burgos forma uma cidade completa, com todos os meios de se abastecer 
por si, tendo atingido, por assim dizer, o fim a que se propôs. Essa auto-suficiência tem muita importância 
na preservação do caráter da cidade-Estado, fazendo com que, mesmo quando esses Estados efetuaram 
conquistas e dominaram outros povos, não se efetivasse expansão territorial e não se procurasse a 
integração de vencedores e vencidos numa ordem comum. 
No Estado Grego o indivíduo tem uma posição peculiar. Há uma elite, que compõe a classe 
política, com intensa participação nas decisões do Estado, a respeito dos assuntos de caráter público. 
Entretanto, nas relações de caráter privado a autonomia da vontade individual é bastante restrita. Assim 
pois, mesmo quando o governo era tido como democrático, isto significava uma faixa restrita da população 
– os cidadãos – é que participava das decisões políticas, o que também influiu para a manutenção das 
características de cidade-Estado, pois a ampliação excessiva tornaria inviável a manutenção do controle 
por um pequeno número. 
 
 
Estado Romano 
Império Mundial - Base familiar - Povo - Magistrados - Cristianismo. 
Tem início com um pequeno agrupamento humano, experimentou várias formas de governo, 
expandiu seu domínio por uma grande extensão do mundo, atingindo povos de costumes e organizações 
absolutamente díspares, chegando à aspiração de constituir um império mundial. Apesar do longo tempo 
decorrido e do vulto das conquistas Roma sempre manteve as características básicas de cidade-Estado, 
desde sua fundação em 754ªC., até a morte de Justiniano, em 565 da era cristã. 
O domínio de uma grande extensão territorial e sobretudo o cristianismo iriam determinar a 
superação da cidade-Estado, promovendo o advento de novas formas de sociedade política, englobadas no 
conceito de Estado Medieval. 
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 8 
Uma das peculiaridades mais importantes do Estado Romano é a base familiar da organização, 
havendo mesmo quem sustente que o primitivo Estado, a civitas, resultou da união de grupos familiares ( 
as gens ), razão pela qual sempre se concederam privilégios especiais aos membros das famílias patrícias, 
compostas pelos descendentes dos fundadores do Estado. 
Assim como no Estado Grego, durante séculos, o povo romano participava diretamente do governo, 
mas a noção de povo era muito restrita, compreendendo apenas uma faixa estreita da população. Como 
governantes supremos havia os magistrados, sendo certo que durante muito tempo as principais 
magistraturas foram reservadas às famílias patrícias. 
Em lenta e longa evolução, outras camadas sociais adquirem e ampliam direitos sem que 
desaparecesse a base familiar e a ascendência nobre tradicional. 
Nos últimos tempos, já com o despontar das idéias de Império (uma das marcas do Estado 
Medieval), Roma pretendeu realizar a integração jurídica dos povos conquistados mas, mantendo um 
sólido núcleo de poder político, que assegurasse a unidade e a ascendência da cidade de Roma. Ainda que 
se tratasse de um plebeu romano, quando este já conquistara amplos direitos, teria situação superior à de 
qualquer membro dos povos conquistados, até o ano de 212 , quando o imperador Caracala concedeu a 
naturalização a todos os povos do império. 
“o objetivo do edito de Caracala foi político, a unificação do Império; foi religioso, visa aumentar 
os adoradores dos deuses de Roma; foi fiscal, quer obrigar os peregrinos a pagar impostos nas sucessões; 
foi social, com vistas a simplificar e facilitar as decisões judiciais, nos casos sobre o Estado e a 
constituição das pessoas.”( Geraldo de Ulhoa Cintra). 
Essa abertura foi o começo do fim, inicia-se uma fase de transição, dinamizada com o Edito de 
Milão, em 313, em que Constantino assegura a liberdade religiosa no Império, desaparecendo, por 
influência do cristianismo, a noção de superioridade dos romanos, que fora a base da unidade do Estado 
Romano. 
 
 
Estado Medieval 
Cristianismo – Bárbaros – Feudalismo –Instabilidade (Política, Econômica, Social). 
Idade média, classificada por alguns como a noite negra da história da humanidade e glorificada 
por outros como um extraordinário período de criação, que preparou os instrumentos e abriu os caminhos 
para que o mundo atingisse a verdadeira noção do universal. No plano do Estado trata-se de período dos 
mais difíceis, tremendamente instável e heterogêneo, não sendo simples a busca das características de um 
Estado Medieval. 
Ainda assim, é possível estabelecer a configuração e os princípios informativos das sociedades 
políticas que, integrando novos fatores, quebraram a rígida e bem definida organização romana, revelando 
novas possibilidades e novas aspirações, culminando no Estado Moderno. 
O cristianismo, as invasões dos bárbaros e o feudalismo foram principais elementos que se fizeram 
presente na sociedade política medieval, conjugando-se para a caracterização do Estado Medieval. 
É preciso ressaltar que mesmo quando as formações políticas revelam intenso fracionamento do 
poder e nebulosa noção de autoridade, está presente a aspiração à unidade. Quanto maior a fraqueza 
revelada mas se acentuava o desejo de unidade política que tivesse um poder eficaz como o de Roma e 
que, ao mesmo tempo, fosse livre da influência de fatores tradicionais, aceitando o indivíduo como um 
valor em si mesmo. 
O cristianismo vai ser a base da aspiração à universalidade. Superando a idéia de que os homens 
valiam diferentemente, de acordo com a origem de cada um, faz-se uma afirmação de igualdade, Afirma-se 
a unidade da Igreja, num momento em que não se via uma unidade política. 
Motivos religiosos epragmáticos levaram à conclusão de que todos os cristãos deveriam ser 
integrados numa só sociedade política. E, como havia a aspiração de que toda a humanidade se tornasse 
cristã, era inevitável que se chegasse à idéia do Estado universal, que incluísse todos os homens guiados 
pelos mesmos princípios e adotando as mesmas normas de comportamento público e particular. 
A própria igreja estimula a afirmação do império como unidade política pensando no Império da 
Cristandade e, com esse intuito é que o Papa Leão III confere a Carlos Magno, no ano de 800, o título de 
imperador. Entretanto, dois fatores de perturbação influem nesses planos; em primeiro lugar, a infinita 
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 9 
multiplicidade de centros de poderes, como os reinos, os senhorios, as comunas, as organizações 
religiosas, as corporações de ofícios, todos ciosos de sua autoridade e de sua independência, jamais se 
submetendo à autoridade do Imperados; em segundo lugar , o próprio imperador recusando submeter-se à 
autoridade da Igreja, havendo imperadores que pretenderam influir em assuntos eclesiásticos, bem como 
inúmeros papas que pretenderam o comando, não só dos assuntos de ordem espiritual, mas a de todos os 
assuntos de ordem temporal. 
A luta entre Papa e Imperador, que marcaria os últimos séculos da Idade Média, só vai terminar 
com o nascimento do Estado Moderno, quando se afirma a supremacia absoluta dos monarcas na ordem 
temporal. 
No Estado medieval a ordem era sempre bastante precária, pela improvisação das chefias, pelo 
abandono ou pela transformação de padrões tradicionais, pela presença de uma burocracia voraz e quase 
sempre todo-poderosa pela constante situação de guerra ( invasão dos bárbaros ) e, inevitavelmente, pela 
própria indefinição de fronteiras políticas. 
Para que se entenda a organização feudal é preciso ter em conta que as invasões e as guerras 
internas tornaram difícil o desenvolvimento do comércio. Em conseqüência valoriza-se a posse da terra, de 
onde todos, ricos ou pobres, poderosos ou não, deverão tirar os meios de subsistência. Assim, toda a vida 
social passa a depender da propriedade ou da posse da terra, desenvolvendo-se um sistema administrativo e 
uma organização militar estreitamente ligados à situação patrimonial. 
Vai ocorrer através de três institutos jurídicos, a confusão entre o setor público e o privado; 
Pela vassalagem os proprietários menos poderosos colocavam-se a serviço do senhor feudal. 
Obrigando-se a dar-lhe apoio nas guerras e a entregar-lhe uma contribuição pecuniária, recebendo em troca 
sua proteção. Outra forma de estabelecimento de servidão era o benefício, contratado entre o senhor feudal 
e o chefe de família que não possuísse patrimônio. Este último recebia uma faixa de terra para cultivar, 
dela extraindo o sustento de sua família, além de entregar ao senhor feudal uma parcela da produção. 
Estabelecido o benefício. O servo era tratado como parte inseparável da gleba e o senhor feudal adquiria, 
sobre ele e sua família, o direito de vida e morte, podendo assim estabelecer as regras de seu 
comportamento social e privado. Por último, é importante considerar a imunidade, instituto pelo qual se 
concedia a isenção de tributos às terras sujeitas ao benefício. 
A vassalagem era uma relação jurídica de caráter pessoal, enquanto que o benefício tinha o sentido 
de estabelecimento de um direito real, mas ambos implicando o reconhecimento do poder político do 
senhor feudal e contribuindo para que o feudo tivesse sua ordem jurídica próprias, desvinculada do Estado. 
Conjugados os três fatores que caracterizaram o Estado Medieval. mais como aspiração do que 
como realidade; um poder superior, exercido pelo imperador, com uma infinita pluralidade de poderes 
menores, sem hierarquia definida; uma incontável multiplicidade de ordens jurídicas, compreendendo a 
ordem imperial, a ordem eclesiástica, o direito das monarquias inferiores, um direito comunal que se 
desenvolveu extraordinariamente, as ordenações do feudos as regras estabelecidas no fim da idade média 
pelas corporações de ofícios. Esse quadro, como é fácil de compreender, era causa e conseqüência de uma 
permanente instabilidade política, econômica e social, gerando uma intensa necessidade de ordem e de 
autoridade, que seria o germe de criação do Estado Moderno. 
 
 
Estado Absolutista 
Rei - Poder soberano e ilimitado. 
Quando a Igreja romana, já no ocaso da Idade Média, começou a sofrer os ataques do liberalismo 
religioso e da filosofia racionalista, reagiu de maneira vigorosa, enquanto o governo temporal, por sua vez, 
entrou em luta aberta contra o Papado. Um dos episódios que assinalam o termo inicial dessa luta foi a 
prisão do Papa Bonifácio VIII por Felipe, o Belo, Rei da França, no século XIV 
O Papado deslocou-se de Roma para Avinhão, no Reno, em território francês, permanecendo nesse 
Cativeiro Babilônico durante sessenta e oito anos. A volta do Papado com Gregório XI a Roma, em 1377, 
não restaurou o prestígio da Santa Sé, dado o advento do Grande Cisma, com a existência de dois Papas, 
um em Roma e outro em Avinhão, durante mais trinta anos aproximadamente. 
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 10 
Liberadas do poder de Roma e fortalecidas pela dissolução do feudalismo, as monarquias 
medievais caminharam para a centralização absoluta do poder, chegando a suplantar a própria autoridade 
eclesiástica. 
Um dos primeiros expoentes do absolutismo monárquico que se inicia no século XV foi Luiz XI, 
Rei da França, o qual anexou à coroa os feudos, subjugou a nobreza guerreira e pôs em prática uma 
violenta política unificadora que seria sustentada por Richelieu e Mazarin, até atingir o seu apogeu com 
Luiz XIV. 
O absolutismo monárquico que compõe o período de transição para os tempos modernos teve suas 
fulgurações produzidas pelo verniz teórico dos humanistas da Renascença, os quais afastando os 
fundamentos teológicos do Estado, passaram a encarar a ciência política por um novo prisma, 
exageradamente realista. 
Ao mesmo tempo em que a Renascença restaurou e aperfeiçoou a majestade das artes antigas 
restabeleceu, no seu panorama político, os costumes pagãos e a prepotência das cidades gregas e romanas. 
É desta época a doutrina de Maquiavel ( O Príncipe ) 
 
 
Estado Moderno 
Distinção de poder - Liberdade. 
As deficiências da sociedade política medieval determinaram as características fundamentais do 
Estado Moderno. A aspiração à antiga unidade do Estado Romano, jamais conseguida pelo Estado 
Medieval, iria crescer de intensidade em conseqüência da nova distribuição da terra. 
Com efeito, o sistema feudal, compreendendo uma estrutura econômica e social de pequenos 
produtores individuais, constituída de unidades familiares voltadas para a produção de subsistência, 
ampliou o número de proprietários, tanto dos latifundiários quanto dos que adquiriram o domínio de áreas 
menores. 
Os senhores feudais, por seu lado, já não toleravam as exigências de monarcas aventureiros e de 
circunstância, que impunham uma tributação indiscriminada e mantinham um estado de guerra constante, 
que só causavam prejuízo à vida econômica e social. 
Desperta a consciência para a busca da unidade que se concretiza com a afirmação de um poder 
soberano, no sentido de supremo, reconhecido como o mais alto de todos dentro de uma precisa 
delimitação territorial. 
O Estado Moderno, cujas marcas fundamentais, desenvolvidas espontaneamente, foram-se 
tornando mais nítidas com o passar do tempo e à medida que, claramente apontadas pelos teóricos, tiveram 
sua definição e preservação convertidas em objetivos do próprio Estado. 
Existe uma grande diversidade de opiniões quanto ao número dos elementos essenciais para a 
existência do Estado. 
Em face dessa variedade de posições, sem descer aospormenores de cada teoria, poderíamos 
indicar a existência de quatro elementos essenciais - a soberania, o território, o povo e a finalidade -, 
cuja síntese nos conduzirá a um conceito de Estado que nos parece realista, porque considera todas as 
peculiaridades verificáveis no plano da realidade social. 
 
 
Estado liberal 
Pouca intervenção estatal - Pouco poder – Individualismo – Separação do poder – Soberania 
popular – Supremacia constitucional – Direitos e garantias individuais. 
O Estado liberal, marcando o advento dos tempos modernos, correspondia nos seus lineamentos 
básicos com as idéias então dominantes. Era a realização plena do conceito de direito natural, do 
humanismo, do igualitarismo político que os escritores do século XVIII deduziram da natureza racional do 
homem, segundo a fórmula conclusiva de que “os homens nascem livres e iguais em direitos; a única 
forma de poder que se reveste de legitimidade é a que for estabelecida e reconhecida pela vontade dos 
cidadãos”. 
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 11 
Quer sob a forma de monarquia constitucional, quer sob a forma republicana, a organização 
traduzia os ideais que empolgaram o mundo ao tempo das revoluções populares inglesa, norte-americana e 
francesa: 
- soberania nacional, exercida através do sistema representativo de governo; 
- regime constitucional, limitando o poder de mando e assegurando a supremacia da lei; 
- divisão do poder em três órgãos distintos ( Legislativo, Executivo e Judiciário ) com limitações 
recíprocas garantidoras das liberdades públicas; 
- separação nítida entre o direito público e o direito privado; 
- neutralidade do Estado em matéria de fé religiosa; 
- liberdade, no sentido de não ser o homem obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei; 
- igualdade jurídica, sem distinção de classe, raça, cor, sexo, ou crença; 
- igual oportunidade de enriquecimento e de acesso aos cargos públicos, às conquistas da ciência e 
à cultura universitária; 
- não-intervenção do poder público na economia particular, etc. 
Era esse o arcabouço teórico do Estado Liberal. Entretanto, não correspondia essa teoria com a 
realidade. Assim como a República de Platão, que fora arquitetada no mundo das idéias, o Estado Liberal 
seria realizável, como se disse algures, numa coletividade de deuses, nunca numa coletividade de homens. 
Empolgados pelas novas idéias racionalistas, fortemente sedutoras mas impregnadas de misticismo, 
os construtores do Estado Liberal perderam de vista a realidade. Desconheceram uma das mais importantes 
revoluções que a história política do mundo registra – a revolução industrial -, que se iniciara na Inglaterra 
em 1770 e que modificaria fatalmente a realidade social em todos os países, criando problemas até então 
desconhecidos mas perfeitamente previsíveis. Processada à ilharga da revolução popular francesa, 
continuaria pelos tempos modernos a hostilizar cada vez mais o Estado Liberal, minando os alicerces da 
sua estrutura. 
Em verdade, o liberalismo que se apresentara perfeito na teoria bem cedo se revelou irrealizável 
por inadequado à solução dos problemas reais da sociedade. Converteu-se no reino da ficção, com 
cidadãos teoricamente livres e materialmente escravizados. 
 
 
Estado Constitucional 
Poder civil – Princípio da legalidade – Poder estatal único. 
O Estado constitucional, no sentido de Estado enquadrado num sistema normativo fundamental, é 
uma criação moderna, tendo surgido paralelamente ao Estado Democrático e, em parte, sob influência dos 
mesmos princípios. Os constitucionalistas, que estudam em profundidade o problema da origem das 
constituições, apontam manifestações esparsas, semelhantes, sob certos aspectos, às que se verificam no 
Estado Constitucional moderno, em alguns povos da antigüidade. 
O constitucionalismo, assim como a moderna democracia, tem suas raízes no desmoronamento do 
sistema político medieval, passando por uma fase de evolução que iria culminar no século XVIII, quando 
surgem os documentos legislativos a que se deu o nome de Constituição. 
Sob influência do jusnaturalismo, afirma-se a superioridade do indivíduo, dotado de direitos 
naturais inalienáveis que deveriam receber a proteção do Estado; desenvolve-se a luta contra o 
absolutismo dos monarcas, ganhando grande força os movimentos que preconizavam a limitação dos 
poderes dos governantes; ocorre a influência considerável do Iluminismo, que levaria ao extremo a crença 
na razão, refletindo-se nas relações políticas através de uma racionalização do poder. São estes portanto, os 
grandes objetivos que, conjugados, iriam resultar no constitucionalismo: a afirmação da supremacia do 
indivíduo, a necessidade de limitação do poder dos governantes e a crença quase religiosa nas virtudes da 
razão, apoiando a busca da racionalização do poder. 
O constitucionalismo teve, quase sempre, um caráter revolucionário. 
Da própria noção de Constituição, resultante da conjugação dos sentidos material e formal, resulta 
que o titular do poder constituinte é sempre o povo. É nele que se encontram os valores fundamentais que 
informam os comportamentos sociais, sendo ilegítima a Constituição de um indivíduo ou de um grupo e 
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 12 
não do povo a que a Constituição se vincula. A Constituição autêntica será sempre uma conjugação de 
valores individuais e valores sociais, que o próprio povo selecionou através da experiência. 
Ainda hoje, não desapareceu a necessidade de impor limitações ao poder para proteção dos valores 
fundamentais do indivíduo que continua a ser a base da vida social, devendo-se proceder a conjugação dos 
valores individuais e sociais e promove-los adequadamente. 
Para a proteção e promoção dos valores fundamentais de convivência é indispensável o Estado 
Democrático, que impõe a observância de padrões jurídicos básicos, nascidos da própria realidade. 
Não está, portanto, superada a necessidade de se preservar a supremacia da Constituição, como 
padrão jurídico fundamental e que não pode ser contrariado por qualquer norma integrante do mesmo 
sistema jurídico. As normas constitucionais, em qualquer sistema regular, são as que têm o máximo de 
eficácia, não sendo admissível a existência, no mesmo Estado, de normas que com elas concorram em 
eficácia ou que lhes sejam superiores. Atuando como padrão jurídico fundamental, que se impõe ao 
Estado, aos governantes e aos governados, as normas constitucionais condicionam todo o sistema jurídico, 
daí resultando a exigência absoluta de que lhes sejam conformes todos os atos que pretendam produzir 
efeitos jurídicos dentro do sistema. 
 
 
 
UNIDADE II - ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO (ou elementos 
essenciais do Estado) 
 
 Quanto aos elementos essenciais do Estado, essencial por ser indispensáveis para a existência 
do Estado, existe uma grande diversidade de opiniões. A maioria dos autores indica três elementos, embora 
divirjam quanto a eles. De maneira geral, costuma-se mencionar a existência de dois elementos materiais, 
o território e o povo, havendo variedade de opiniões quanto ao terceiro elemento. Chamado de elemento 
formal, e comumente identificado com o poder. 
 
 Dalmo Dallari, por seu turno, ciente das variadas posições que entendem os diversos autores 
sobre os elementos essenciais do Estado, comenta sobre a soberania, o território, o povo e a finalidade. 
 
2.1. Povo 
 
 É a parcela da população do Estado considerada sob o aspecto jurídico, é o grupo humano 
integrado numa ordem estatal determinada. É o conjunto de indivíduos submetidos às mesmas leis. São os 
súditos ou os cidadãos de um mesmo Estado e sua aceitação como elemento essencial para a constituição e 
existência do Estado é unânime. 
 
 Um conceito simplificado é dado por aqueles queconsideram o povo como o conjunto de 
cidadãos de um Estado. Para fazer parte de um povo, é preciso ser cidadão, ou seja, que possuam direitos e 
deveres que permitam a esse indivíduo participar da formação da vontade do Estado. É um elemento 
constitutivo necessário a existência do Estado. 
 
População 
 
“Totalidade de habitantes de um país ou de uma região. Designa conjunto de pessoas, ou forma 
uma classe”: - De Plácido e Silva. 
É expressão que envolve um conceito aritmético, quantitativo, demográfico, pois designa a massa 
total dos indivíduos que vivem dentro das fronteiras e sob o império das leis de um determinado país. 
É o conjunto heterogêneo dos habitantes de um país, sem exclusão dos estrangeiros, dos apátridas, 
dos súditos coloniais, etc. Quando se diz que a população do Brasil é de duzentos milhões, por exemplo, 
nesse número não figuram apenas os brasileiros (nacionais) mas a massa total dos habitantes. 
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 13 
Relaciona-se ao aspecto quantitativo, numérico, dos habitantes de um país. Engloba tanto os 
nacionais como os estrangeiros que residem no território. Não é um elemento constitutivo do Estado. Pode 
se dizer que é apenas elemento presente no Estado. 
 
Materializa a noção de Estado. É o principal elemento do Estado. 
Conjunto dos indivíduos que, através de um momento jurídico, se unem para constituir o Estado, 
estabelecendo com este um vínculo jurídico de caráter permanente, participando da formação da vontade 
do Estado e do exercício do poder soberano. 
Essa participação e este exercício podem ser subordinados, por motivos de ordem prática, ao 
atendimento de certas condições objetivas, que assegurem a plena aptidão do indivíduo . Todos os que se 
integram no Estado, através da vinculação jurídica permanente, fixada no momento jurídico da unificação 
e da constituição do Estado, adquirem a condição de cidadãos, podendo-se, assim, conceituar o povo 
como o conjunto dos cidadãos do Estado. 
A aquisição da cidadania depende sempre das condições fixadas pelo próprio Estado, podendo 
ocorrer com o simples fato do nascimento e determinadas circunstâncias, bem como pelo atendimento de 
certos pressupostos que o Estado estabelece. 
A condição de cidadão implica direitos e deveres que acompanham o indivíduo mesmo quando se 
ache fora do território do Estado. 
Cidadania é a pessoa estar de posse do direito civil e político, participando do Estado. Participação 
constante em todos os atos. 
Cada indivíduo integrante do povo participa também da natureza de sujeito, derivando-se daí duas 
situações: 
a) os indivíduos, enquanto objetos do poder do Estado, estão numa relação de subordinação e são 
, portanto, sujeitos de deveres. ( súdito ) 
b) enquanto membros do Estado, os indivíduos se acham, quanto a ele e aos demais indivíduos, 
numa relação de coordenação, sendo, neste caso, sujeitos de direitos. 
No início o Estado é criado para servir o povo, depois, avilta-se, e o povo (súdito) é quem serve ao 
Estado. Hoje, volta-se à origem porém, com sentido de cidadão. 
Súdito - Povo - Cidadão (consciência). 
Povo = elemento que vai participar 
Cidadão = elemento que vai participar “bem”. Quando cidadão específico de um lugar, por 
exemplo, cidadão brasileiro, tanto se considerada o nacional como o estrangeiro naturalizado, que, sendo 
cidadão, adquiriu a qualidade de brasileiro pela naturalização. 
 
O povo participa na estrutura do Estado, a população não. 
Numericamente falando, a população é maior que o povo. 
Todas as pessoas que preenchem os requisitos para a formação estatal é povo. O estrangeiro não é. 
 
Nação 
 Muitos autores confundem a nação com o Estado. Nação refere-se ao conjunto de pessoas 
que se sentem unidas pela origem comum, pelos interesses comuns, por ideais e aspirações comuns. Se o 
povo é uma entidade jurídica, a nação é uma entidade moral. 
 
 Sua conceituação não é fácil. De todos os fatores que possam determinar a sua formação, o 
racial, é o mais precário (raça pura = pré-história - migrações, guerras). Há quem considere a língua 
(Canadá, Suíça). Por fim a religião (guerras religiosas dentro de uma mesma nação). Na verdade, a raça, a 
língua e a religião não são fatores essenciais que constituam o caráter fundamental da nação. 
 
 A identidade de história e de tradição (a nação não é apenas presente), o passado comum. 
Cícero ilustra que, o que une os homens em Estado é o reconhecimento dos mesmos direitos e a identidade 
de interesses. 
 
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 14 
A nação é uma realidade sociológica (de ordem subjetiva); o Estado uma realidade jurídica 
(necessariamente objetivo). 
São os seguintes os fatores que entram na formação nacional: 
a) naturais ( territórios, unidade étnica e idioma comum ); 
b) Históricos ( tradições, costumes, religião e leis ); 
c) Psicológicos ( aspirações comuns, consciência nacional etc. ). 
Assim, Nação é uma entidade de direito natural e histórico. Conceitua-se como um conjunto 
homogêneo de pessoas ligadas entre sí por vínculos permanentes de sangue, idioma, religião, cultura e 
ideais. 
- A Nação pode existir sem Estado. 
- A Nação tem em comum com os seus cidadãos; a origem, os interesses, os ideais, as aspirações. 
- A Nação não é sinônimo de povo. 
 
Cidadania - é o direito político conferido ao cidadão para que possa participar da vida política do 
país em que reside e pode ser; natural (decorre do nascimento). E Legal (através da naturalização). 
 
Raça 
Nação é uma unidade sócio-psíquica, enquanto raça é uma unidade bio-antropológica. 
Uma nação pode ser formada de várias raças. A Nação Brasileira, por exemplo, constituiu-se de 
três grupos étnicos (lusitano, africano e ameríndio). 
Por outro lado, de um só tronco racial podem surgir várias Nações. 
A raça é irrelevante para o Estado. A raça interessa à biologia e à antropologia. 
O que interessa para o Estado é a nacionalidade. 
 
2. Território 
 O território é a base física, o âmbito geográfico da nação, onde ocorre a validade da sua ordem 
jurídica (Hans Kelsen) 
Condição geográfica da atividade estatal. É o segundo elemento essencial de existência do Estado. 
É a base física, a porção do globo por ele ocupada e que serve de limite para sua jurisdição. É o país 
propriamente dito e não se confunde com povo e nação, muito menos com Estado (do qual é apenas um 
dos elementos). 
 
 
Limites do Território: 
a) Sobre o mar - no caso do Brasil é de 200 milhas do Estado brasileiro, estabelecido por vários 
tratados internacionais. Por vários séculos o critério era o alcance de um tiro de canhão. Somente no séc. 
XX isto mudou. O que gerou confusão foi o crescimento da utilização do mar para fins econômicos. 
b) Espaço aéreo - problema de difícil solução, aumentado com a virada do séc. XX e o 
desenvolvimento da aeronáutica. Devido ao risco para a paz mundial do grande desenvolvimento das 
conquistas espaciais, a ONU, em 1966 celebrou um Tratado do Espaço Exterior, ou seja, que proíbe que 
um Estado possa se apossar do espaço ultra terrestre. 
c) Terra firme e subsolo - para o primeiro servem os Estados-limítrofes, que delimitam, e com o 
segundo, não há problema, pois não há ameaça a soberania. 
 
Fronteiras 
Literalmente, significa aquilo que se encontra à frente. 
É comum o seu emprego no sentido de linha divisória ou limites, entre dois prédios ou entre dois 
territórios. No entanto, fronteira e limites se distinguem; 
- limites são linhas de intercessão, linhas de contato, linha de separação entre duas coisas, que se 
acham juntas ou unidas, mas limitadas ou demarcadas por essas linhas. 
- fronteira é o espaço ocupado pela coisa em frente de outro espaço, ocupado poroutra coisa; não 
se mostram linhas , possuindo maior grandeza ou extensão que estas. É a parte da frente que está em 
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 15 
frente de outra parte. Não é tão estreita como a dimensão dos limites (apegada aos pontos de contato das 
duas coisas, mostrando-se a mesma para ambas), enquanto que as fronteiras são duas; uma para cada lado. 
As fronteiras podem ser: 
- Naturais – estabelecidas por acidentes geográficos. 
- Artificiais – fixadas por meio de tratados. Feitas pelo homem. Ex: muro de Berlim. 
- Esboçadas – não estabelecidas com precisão. Existe algum marco que se pode identificar como 
sinal de fronteira 
- Morta – O limite está no papel mas, no chão não há identificação. 
- Viva – não tem dúvida do limite. É e pronto. 
 
2.5. Elemento político 
 
2.5.1. O poder político 
 
 Para alguns autores o problema do poder é o tema central da TGE. O poder é um elemento 
essencial do Estado. Isto porque, sendo o Estado uma sociedade, não poderia existir sem poder. Assim 
sendo, o poder político está intimamente ligada à soberania. 
 
 Discute-se sobre ser o poder do Estado exclusivamente poder político, ou se também é poder 
jurídico. Para alguns autores o poder do Estado seria poder político, incondicionado e preocupado em 
assegurar sua eficácia, sem qualquer limitação. Alguns outros, capitaneados por Kelsen sustentam teoria 
jurídica. 
 
 
2.6. Soberania 
 
 O primeiro autor a conceituar soberania foi Jean Bodin. Para ele, soberania é o "poder 
absoluto e perpétuo de uma República". Esse conceito foi de fundamental importância para o surgimento e 
definição do Estado moderno. Tal conceito, no entanto, não difere em muito, de conceitos contemporâneos 
que concluem que a soberania é um poder do Estado. Em tal sentido, soberano é o Estado que não depende 
de outro Estado, é um Estado independente politicamente. 
 
 Para o professor Paulo Napoleão Nogueira da Silva a "A soberania pode ser definida como o 
poder de autodeterminação. É o poder do Estado de não admitir qualquer interferência exterior nos 
assuntos de seu exclusivo interesse". 
 
 Para Carré de Malberg a soberania designa, não o poder, mas uma qualidade do poder do 
Estado. A soberania é o grau supremo a que pode atingir esse poder, supremo no sentido de não reconhecer 
outro poder juridicamente igual ou superior a ele dentro do mesmo Estado. De tal sorte, quando o Estado 
traça normas para regular as relações entre os indivíduos que lhes estão sujeitos, sobre a organização da 
família, a punição de criminosos, sobre o comércio, etc., exerce o poder de modo soberano e as normas 
que edita são coativas, sem que qualquer outro poder ou autoridade interfira ou se oponha. 
 
 A soberania do Estado é considerada geralmente sob o aspecto interno e sob o externo. 
Assim sendo, sob o aspecto interno, a soberania do Estado se manifesta quando edita leis que subordinam 
a todos os indivíduos que habitam seu território. De forma externa, quer significar que a soberania do 
Estado se manifesta nas relações recíprocas entre os Estados, não havendo subordinação nem dependência, 
e sim igualdade. 
 A soberania no conceito da escola clássica é una: não pode existir mais de uma autoridade 
soberana em um mesmo território; indivisível: o poder delega atribuições reparte competências mas não 
divide a soberania; inalienável: o corpo social é uma entidade coletiva datado de vontade própria, 
resultante da soma das vontades individuais e se consubstancia na Constituição e nas leis; e imprescritível: 
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 16 
a soberania não pode sofrer limitação no tempo, um Estado quando nasce, nasce definitivamente, não se 
concebendo soberania temporária. 
 
2.6.1. Doutrina teocrática da soberania 
 
 As teorias do direito divino, ou chamadas teorias teocráticas, ensinam que todo o poder vem 
de Deus (omnis potestas a Deo) e são divididas em duas correntes de pensamento denominadas de teorias 
do direito divino providencial e teoria do direito divino sobrenatural. 
 
 Para a teoria do direito divino sobrenatural, sendo Deus a causa primeira de todas as coisas, é 
também nele que reside a origem do poder. Deus criou todas as coisas e, portanto criou o Estado e a 
autoridade. É por vontade de Deus que existe uma hierarquia social e que, em toda sociedade existem 
governantes e governados. Daí surgiu a lógica monarquista do absolutismo: "Se Deus designa a pessoa que 
deve exercer o poder e, se os reis, são reis por vontade de Deus, logo, somente a Deus devem contas". 
 
 De um só golpe, os reis se subtraíram à autoridade dos Papas e à intervenção do povo e 
tornaram seu poder absoluto. 
 
 Essa teoria foi defendida por Jean Bodin no século XVI e foi denominada de teoria absoluta 
do rei. Dizia referido autor: "a soberania do rei é absoluta, originaria, ilimitada, perpétua e irresponsável 
em face de qualquer outro poder, temporal ou espiritual". 
 
 Para a doutrina do direito divino providencial Deus não intervém diretamente para indicar a 
pessoa que deve exercer o poder, mas sim indiretamente, pela direção providencial nos acontecimentos 
humanos. É doutrina que se assemelha ao pensamento de Santo Tomás de Aquino, para o qual, o poder 
vem de Deus, criador de todas as coisas. Para Santo Tomás, é por Deus que os reis reinam e os legisladores 
fazem leis justas. As leis opressivas, que impõem encargos injustos aos súditos ultrapassam os limites do 
poder conferido por Deus e não se é obrigado a respeitá-las. No mesmo sentido, Belarmino entende que o 
poder tem por titular imediato a multidão. "O poder é de direito divino, mas Deus não o deu a nenhum 
homem em particular e sim a todo o povo". 
 
 Várias doutrinas democráticas atribuem ao povo, ou à nação, o poder político e seus 
principais autores são do século XVI, dentre estes, Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau. 
 
 Para Hobbes, os homens, em épocas primitivas, viviam fora da sociedade, em estado de 
natureza. Todos eram iguais em seus direitos naturais, sem nenhuma autoridade. Um verdadeiro 
anarquismo que levou com que criassem a sociedade política, cedendo cada um, esses direitos naturais a 
um poder comum a que se submeteram por temor, disciplinando seus atos em benefício da coletividade. 
Para Locke, os homens são iguais e possuem os mesmos direitos naturais à vida, à liberdade e à 
propriedade. Porém, a ausência de leis fundamentais, de uma autoridade que dirima os conflitos e defenda 
legitimamente o homem contra a injustiça dos mais fortes, determina uma situação de instabilidade e 
incertezas na sociedade primitiva. Para solucionar tais problemas foi criada a sociedade política, o Estado. 
Locke faz referência aos três poderes do Estado: Legislativo, Executivo e Judiciário. Segundo Rousseau, 
para manter a ordem e evitar maiores desigualdades, os homens criaram a sociedade política, a autoridade 
e o Estado mediante um contrato. Por esse contrato o homem cede ao Estado parte de seus direitos 
naturais, criando assim uma organização política com vontade própria, que é a vontade geral. Mas, dentro 
dessa organização, cada indivíduo possui uma parcela do poder, da soberania, e, portanto recupera a 
liberdade perdida em conseqüência do contrato social. 
 
Limites da Soberania. 
 
A soberania é limitada pelos princípios de direito natural, pelo direito grupal e pelos imperativos da 
coexistência pacífica dos povos na órbita internacional. 
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 17 
- princípios de direito natural - o Estado é apenas instrumento de coordenação do direito, e 
porque o direito positivo, que do estado emana, só encontra legitimidade quando conforme com as leis 
eternas e imutáveis da natureza. 
"uma lei humana não é verdadeiramente lei senão enquanto deriva da leinatural; se, em certo 
ponto, se afasta da lei natural, não é mais lei e sim uma violação da lei - s. Tomás de Aquino". 
- pelo direito grupal, isto é, pelos direitos dos grupos particulares que compõem o Estado (grupos 
biológicos, pedagógicos, econômicos, políticos, espirituais, etc.), bem como pelos imperativos da 
coexistência pacífica dos povos na órbita internacional. 
Sendo o fim do estado a segurança do bem comum, compete-lhe coordenar a atividade e respeitar a 
natureza de cada um dos grupos menores que integram a sociedade civil. 
O Estado existe para servir ao povo e não o povo para servir o Estado. 
O governo há de ser um governo de leis, não a expressão da soberania nacional simplesmente. As 
leis definem e limitam o poder. "a autoridade do direito é maior do que a autoridade do Estado". 
- imperativos da coexistência de Estados soberanos, no plano internacional, não podendo invadir 
a esfera de ação das outras soberanias. Limitam a soberania o princípio da coexistência pacífica das 
soberanias. Todos os Estados têm seu espaço para fazer seu ordenamento jurídico válido e eficaz dentro de 
seu território. 
 
 
2.7. Governo 
 
 Para alguns autores, terceiro elemento do Estado, é uma delegação de soberania nacional, é o 
conjunto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da administração pública. 
 
 Para Duguit, a palavra governo tem dois sentidos: coletivo, como conjunto de órgãos que 
presidem a vida política do Estado, e singular, como poder executivo, órgão que exerce a função mais ativa 
na direção dos negócios públicos. 
 
2.8. Conceito de Estado 
 Significa uma situação permanente de convivência, ligada à sociedade política. Na verdade, 
encontrar um conceito de Estado que satisfaça a todas as correntes doutrinárias é absolutamente 
impossível. 
 Podemos sintetizar o conceito de Estado, juntando características das correntes como: ordem 
jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território. 
 
2.9. Finalidades e funções do Estado 
 
 Para alguns autores a finalidade é o quarto elemento do Estado. Há autores que consideram o 
Estado como um fim em si mesmo, ou seja, como ideal e síntese de todas as aspirações do homem e das 
forças sociais. Para outros é justamente o contrário, o Estado seria um meio para que os homens e as forças 
sociais atingissem os seus fins (corrente majoritária). 
 
 Sobre o Bem Comum: o melhor conceito de bem comum foi formulado pelo Papa João 
XXIII: "O bem comum consiste no conjunto de todas as condições de vida social que consistam e 
favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana". 
 
 
	
  
UNIDADE	
  III	
  -­‐	
  Estado,	
  Poder	
  e	
  Direito	
  	
  3.1.	
  Personalidade	
  jurídica	
  do	
  Estado	
  	
  
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 18 
	
   Com	
  relação	
  ao	
  tema,	
  reina	
  na	
  doutrina	
  uma	
  divergência	
  profunda.	
  Na	
  verdade,	
  a	
  concepção	
  do	
  Estado	
  como	
  pessoa	
  jurídica	
  representa	
  um	
  extraordinário	
  avanço	
  na	
  disciplina	
  jurídica.	
  Esta	
  noção	
  promove	
  a	
  conciliação	
  do	
  político	
  com	
  o	
  jurídico.	
  	
  	
   A	
   origem	
   da	
   concepção	
   do	
   Estado	
   como	
   pessoa	
   jurídica	
   pode	
   ser	
   atribuída	
   aos	
  contratualistas.	
   Mas,	
   só	
   no	
   século	
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   através	
   das	
   obras	
   dos	
   publicistas	
   alemães,	
   apareceu	
   a	
  idéia	
  de	
  Estado	
  como	
  pessoa	
  jurídica.	
  	
  	
   Neste	
  momento	
  destacamos	
  Savigny,	
  que,	
  entretanto	
  considera	
  a	
  personalidade	
  do	
  Estado	
  uma	
   ficção	
   (Teoria	
   Ficcionista	
   -­‐	
   Estado	
   como	
   pessoa	
   jurídica	
   por	
   convenção,	
   produto	
   de	
   um	
  direito).	
  Para	
  ele,	
  certos	
  agrupamentos	
  de	
  interesses	
  coletivos	
  (dentre	
  os	
  quais	
  o	
  Estado),	
  tinham	
  reconhecida	
  sua	
  utilidade	
  pública,	
  o	
  que	
  posteriormente	
   lhe	
  dava	
  a	
  condição	
  de	
  personalidade	
  jurídica.	
  Influência	
  esta,	
  sentida	
  por	
  Kelsen.	
  	
  	
   Por	
  fim,	
  como	
  observa	
  Miguel	
  Reale,	
  o	
  Estado	
  possuiria	
  uma	
  face	
  social,	
  jurídica	
  e	
  política,	
  e	
  o	
   que	
   podemos	
   evidenciar	
   é	
   que	
   devemos	
   equacionar	
   todas	
   as	
   suas	
   faces,	
   sem	
  que	
   possamos	
  prescindir	
  qualquer	
  uma	
  delas.	
  	
  	
  	
  	
  
Unidade	
  IV	
  -­‐	
  Formas	
  de	
  Estado	
  	
  	
  4.1.	
  Classificação	
  	
  a)	
  Perfeitos	
   -­‐	
  aqueles	
  que	
  reúnem	
  os	
  elementos	
  constitutivos	
  e	
  apresenta	
  plena	
  personalidade	
  jurídica.	
  Subdividem-­‐se	
  em	
  simples	
  e	
  compostos.	
  b)	
  Imperfeitos	
  -­‐	
  quando	
  falta	
  um	
  de	
  seus	
  elementos	
  constitutivos,	
  mesmo	
  que	
  temporariamente	
  	
  	
  4.1.1.	
  Estados	
  simples	
  e	
  compostos.	
  	
  a)	
  Simples	
  -­‐	
  duas	
  características	
  principais	
  -­‐	
  corresponde	
  a	
  um	
  grupo	
  populacional	
  homogêneo	
  e	
  apresenta	
   um	
   poder	
   único	
   e	
   centralizado.	
   Ex:	
   França,	
   Portugal,	
   Itália,	
   etc.	
   São	
   os	
   Estados	
  Unitários.	
  b)	
  Compostos	
  -­‐	
  apresentam	
  estrutura	
  complexa,	
  com	
  centralização	
  pequena	
  do	
  poder.	
  Ocorrem	
  com	
  a	
  união	
  de	
  dois	
  ou	
  mais	
  Estados	
  apresentando	
  duas	
  esferas	
  distintas	
  de	
  poder.	
  	
  	
   Os	
  compostos	
  são	
  divididos	
  em	
  compostos	
  por	
  coordenação	
  (Estado	
  Federal,	
  Confederação	
  de	
  Estados,	
   união	
  de	
  Estados)	
   e	
   compostos	
   por	
   subordinação	
   (Estado	
   vassalo,	
   Estado	
   satélite,	
  Estado	
  cliente,	
  Estado	
  exíguo).	
  	
  4.1.2.	
  Estados	
  compostos	
  por	
  subordinação	
  	
  a)	
  Estados	
  vassalos	
   -­‐	
  situação	
   intermediária	
  entre	
  a	
  subordinação	
  e	
  a	
   independência.	
  Processo	
  por	
  que	
  passavam	
  as	
  províncias	
  de	
  um	
  império	
  antes	
  de	
  se	
  tornarem	
  independentes;	
  b)	
   Estados	
   exíguos	
   -­‐	
   são	
   aqueles	
   que	
   por	
   possuírem	
   um	
   pequeno	
   território	
   e	
   população	
  igualmente	
  pequena,	
  não	
  têm	
  meios	
  de	
  exercer	
  a	
  sua	
  soberania	
  de	
  modo	
  completo.	
  Ex:	
  Mônaco	
  e	
  San	
  Marino;	
  c)	
   Estados	
   cliente	
   e	
   satélites	
   -­‐	
   os	
   Estados	
   clientes	
   foram	
   aqueles	
   da	
   América	
   Central	
   que	
  entregaram	
   aos	
   EUA	
   a	
   administração	
   alfandegária,	
   exército,	
   etc.	
   Renunciaram	
   assim,	
   a	
   algum	
  serviço	
  público	
  de	
  seu	
  Estado	
  soberano.	
  Conservaram	
  sua	
  personalidade	
  jurídica	
  internacional,	
  
Teoria Geral do Estado – Profa. Msc. Larissa Castro 
 
 19 
soberania	
  plena,	
  mas	
  não	
   tinham	
  total	
   liberdade	
  em	
  política	
  externa.	
  Com	
  relação	
  aos	
  Estados	
  satélites,	
   são	
   analogicamente	
   relacionamos	
   com	
   os	
   casos	
   da	
   ex-­‐União	
   Soviética,	
   só	
   que	
  subordinados	
  politicamente	
  a	
  esta.	
  	
  4.1.3.	
  Estados	
  compostos	
  por	
  coordenação	
  	
  a)	
  A	
  união	
  de	
  Estados	
  por	
  coordenação,	
  pode	
  ser	
  pessoal,	
  real	
  ou	
  incorporada:	
  1ª)

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