Buscar

Ponto 2 - Administrativo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

DIREITO ADMINISTRATIVO – PONTO 02
Regime Jurídico Administrativo. Princípios Constitucionais do Direito Administrativo. 
Felipe Potrich
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
Regime jurídico da Administração Pública: os regimes público ou privado aos quais pode se submeter a A.P
Regime jurídico ADMINISTRATIVO: o conjunto de regras que tipificam o Direito Administrativo, colocando a A.P em posição privilegiada na relação jurídico-administrativa. 
É o conjunto de PRERROGATIVAS + SUJEIÇÕES que se aplicam à A.P, mas não aos particulares (Di Pietro). 
Tal regime jurídico seria composto pelas seguintes regras fundamentais:
a) supremacia do interesse público (prerrogativas): presunção de veracidade e legitimidade dos atos administrativos, prerrogativas processuais, extinção unilateral do contrato administrativo, possibilidade de imposição de obrigações por meio unilateral.
b) indisponibilidade dos interesses públicos (sujeições): i)princípio da legalidade e seus princípios correlatos - finalidade, razoabilidade, proporcionalidade, motivação da responsabilidade do Estado; ii)a obrigatoriedade do desempenho de atividade pública e da continuidade do serviços público; iii)controle administrativo ou tutela;	iv)isonomia, ou igualdade dos administrados em face da Administração; vi)da publicidade; vii)da inalienabilidade dos direitos concernentes a interesses públicos; viii)do controle jurisdicional dos atos administrativos.
- A relação jurídica administrativa se qualifica pelo seu objeto, seus sujeitos e fins. 
Objeto: versa sobre matéria administrativa;
Sujeitos: presença de um agente, um órgão, uma pessoa jurídica públicos;
Fim: o atendimento ao interesse público.
 - A relação administrativa, vertical e sob supremacia do Estado, existe nas relações deste com particulares, mas pode existir também entre entes da Administração Pública.
Personalização do direito administrativo - dignidade da pessoa humana, proteção de minorias.
Para parte da doutrina, o conceito de interesse público, que enseja o regime jurídico administrativo, seria relativo, dependendo de uma série de variáveis, havendo dificuldade em se identificar um único interesse da coletividade. Marçal Justen Filho entende que a noção do interesse público deveria ser substituída pela noção de direitos fundamentais.
Para autores como Marçal, Juarez Freitas, Agustín Gordillo a função administrativa tem como objetivo a realização de direitos fundamentais. Não existe um interesse público monolítico, invocado para mascarar a prática de condutas lesivas à sociedade. Estado pluriclasse (várias classes e vários interesses). Necessidade de constitucionalizar o direito administrativo.
(essas críticas não estão presentes na doutrina nacional tradicional, nem na jurisprudência.
 
Poderes administrativos: classificação doutrina clássica
CRITÉRIO: LIBERDADE DE ATUAÇÃO
PODER VINCULADO
PODER DISCRICIONÁRIO;
CRITÉRIO: NECESSIDADE DE ORDENAÇÃO DOS AGENTES E FUNÇÕES
PODER HIERÁRQUICO;
CRITÉRIO: POSSIBILIDADE DE APURAR E PUNIR INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS DOS AGENTES PÚBLICOS E OUTRAS PESSOAS VINCULADAS À ADMINISTRAÇÃO:
PODER DISCIPLINAR;
CRITÉRIO: POSSIBILIDADE DE REGULAMENTAR ATIVIDADES INTERNAS E EXPLICAR O CONTEÚDO DAS LEIS
PODER REGULAMENTAR
PODER NORMATIVO;
CRITÉRIO: POSSIBILIDADE DE CONDICIONAR E RESTRINGIR O EXERCÍCIO DAS LIBERDADES INDIVIDUAIS E O USO, GOZO E DISPOSIÇÃO DA PROPRIEDADE DOS ADMINISTRADOS:
PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA.
PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípios fundamentais do Direito Administrativo: supremacia do interesse público e indisponibilidade do interesse público. Deles, decorrem todos os demais.
	Princípios Constitucionais Explícitos
	Presentes desde o texto original:
 1) Princípio da Legalidade (37 CF)
 2) Princípio da Impessoalidade (37 CF)
 3) Princípio da Moralidade (37 CF)
 4) Princípio da Publicidade (37 CF)
 5) Princípio da Licitação (37 XXI CF)
 6) Princípio da Prescritibilidade dos Ilícitos Administrativos (37 §5º CF) 
 7) Princípio da Responsabilidade da Administração (37 §6º CF)
Introduzidos pela EC 19/98:
 1) Princípio da Eficiência (37 CF)
 2) Princípio da Participação (37 §3º CF) 
 3) Princípio da Autonomia Gerencial (37 §8º CF)
	Princípios Constitucionais Implícitos
	1) Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado 
2) Princípio da Autotutela
3) Princípio da Finalidade
4) Princípio da Razoabilidade e da Proporcionalidade 
fundamentos no ordenamento: os dispositivos base são o art. 37, caput, CF (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência), e o art. 2º da Lei 9.784/99 (legalidade; finalidade; motivação; razoabilidade; proporcionalidade; moralidade; ampla defesa; contraditório; segurança jurídica; interesse público; eficiência). Mas os princípios se espalham também por outros dispositivos. 
Princípios Constitucionais: fundamento - art. 37, caput, CF - legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
1) Legalidade 
Conceito: a vontade da administração pública é aquela que decorre da lei. O princípio da legalidade é inerente à noção de estado de direito.
- Princípio da legalidade no âmbito particular: é lícito fazer tudo que a lei não proíbe.
- Princípio da legalidade no âmbito da Administração Pública: só é permitido fazer o que a lei autoriza. A administração só pode atuar secundum legem, não contra ou praeter legem.
Atualmente o princípio da legalidade não se restringe à adequação do ato à lei, ele também deve estar adequado ao direito (conceito de JURIDICIDADE)
legalidade do ato em sentido amplo / juridicidade do ato
( ( ( ( ( ( ( (
 conformidade do ato com a lei + conformidade do ato com o direito
CUIDADO: princípio da legalidade significa dizer que a conduta do administrador tem que estar EXPRESSAMENTE prevista em lei? NÃO. O que está expresso em lei é legalidade, mas nem sempre a lei estabelece tudo, todos os detalhes. EXEMPLO: atos discricionários, nos quais o administrador faz um juízo de conveniência e oportunidade (MARIA SYLVIA fala em EQUIDADE e JUSTIÇA, também). Exemplo: poderes implícitos.
Princípio da legalidade e descumprimento de lei por parte do executivo por entendê-la inconstitucional: Antes da CF88, a legitimidade para ADI era exclusiva do PGR. Assim, como os chefes do Executivo não a tinham, doutrina e jurisprudência consolidaram-se no sentido de que deixar de aplicar a lei inconstitucional. Com a CF88, passaram a ter legitimidade, o que reacendeu a discussão. Buscou-se então fundamentar a possibilidade de descumprimento no princípio da supremacia da Constituição, posição hoje majoritária na doutrina e jurisprudência (Barrroso, STF–ADI 221, STJ-RESP 23121, PGE-RJ)
Barroso: possibilidade. 
	(administradores devem atender primeiro à CF, depois às disposições infralegais.
	(vários administradores não têm legitimidade ativa para dar início ao controle de constitucionalidade concentrado.
	(art. 102, § 2º, CF - vincula o administrador quando da declaração da constitucionalidade da lei.
	(ressalva ( o descumprimento da lei inconstitucional sempre há de ser motivado.
Enunciado 03 da PGE-RJ
 “A lei reputada inconstitucional pela Procuradoria Geral do Estado em parecer a que se atribuam efeitos normativos por ato do Governador do Estado não deve ser cumprida pela Administração Pública Estadual direta e indireta, inclusive por suas empresas públicas e sociedades de economia mista”.
2) Impessoalidade 
2 perspectivas:
a) referente ao administrado: a administração deve buscar a finalidade pública, não prejudicando ou beneficando pessoas determinadas (Hely Lopes). Impessoalidade como isonomia (Celso Antonio). Daqui decorre a imposição das licitações, concurso público, vedação ao nepotismo.
b) referente ao administrador: atos são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade da qual faz parte (JoséAfonso da Silva). Daí a vedação à promoção pessoal (arts. 37, §1º CF, 18 a 21 da Lei 9.784/99. 
3) Publicidade
Conceito: os atos administrativos devem ser públicos, salvo se houver interesse público que justifique o sigilo ou se houver necessidade de proteção da vida privada e da intimidade. É a regra.
Exceções: 1) casos em que o interesse público justifique o sigilo; 2) para proteção da vida privada e da intimidade.
Hipóteses em que o sigilo é relevante para o interesse público:
a) informações de segurança nacional;
b) informações de natureza estratégica do país;
c) informações imprescindíveis para a realização de investigações públicas.
Muitos vêm tentando ampliar a abrangência do princípio da publicidade, enfatizando a ideia da transparência, que seria um compromisso com a divulgação de todos os atos públicos da forma mais ampla possível e com a utilização de vários meios de comunicação além dos tradicionais.
Forma da publicidade: a) atos praticados no âmbito interno da Administração – suficiente divulgação por notificação do interessado, aviso-circular ou publicação no boletim interno do órgão; b) atos de efeitos externos – publicação em Diário Oficial ou veículo de comunicação com essa finalidade específica (jornais contratados para essa finalidade), não bastando simples divulgação por imprensa particular, rádio ou TV.
Hely: a publicidade não é elemento formativo do ato, mas sim requisito ou condição para eficácia e moralidade do ato.
PRIVACIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS e o direito à privacidade - em decorrência do princípio da publicidade, a privacidade dos administradores é diferente quanto aos atos praticados na função pública.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE E AS GUIDELINES - as normas internacionais que disciplinam o sigilo como no caso de “guidelines” do Banco Mundial, aplicáveis em concorrência internacionais, não revogam o princípio constitucional da publicidade. 
-ex.: nos processos de investimentos públicos desenvolvidos com recursos externos as guidelines definem regras relacionadas ao gasto desses valores e, por diversas vezes, trazem normas determinando sigilo de algumas atividades do tomador do dinheiro. No ordenamento interno não se admite que tais regras limitem a publicidade.
4) Eficiência 
Conceito: princípio segundo o qual a Administração Pública deve alcançar as metas e os resultados às quais se propõe, havendo a possibilidade de se controlar o cumprimento dessas metas.
2 aspectos: a) modo de atuação do agente público – espera-se o melhor desempenho possível para obtenção dos melhores resultados. b) modo de organização – organização, estrutural e disciplinar, da administração pública de forma a se obter os melhores resultados.
O princípio da eficiência foi adotado dentro do contexto do que se convenciona chamar de administração gerencial, através da Emenda 19/ 98.
Modelos de administração pública
a) ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIALISTA – modelo de administração pública no qual as coisas do administrador se confundem com as coisas reconhecidas como públicas. 
 b) ADMINISTRAÇÃO BUROCRÁTICA –modelo de administração baseado na existência de controles prévios e formais. O objetivo é a limitação da atuação da administração para evitar a indevida disposição do patrimônio público.
c) MODELO GERENCIAL – modelo de administração pública que se baseia na filosofia da iniciativa privada no serviço público. Tem como fundamento o reconhecimento da necessidade de fixação de metas e resultados. 
O controle existente deve ser posterior e voltado para os resultados pretendidos.
5) Moralidade
Conceito: a atuação da administração pública não pode ofender a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça, a equidade etc., sob pena de comprometimento da validade do ato editado (PADRÃO ÉTICO DE CONDUTA)
Conteúdo jurídico autônomo. Até a CF/88 a moralidade era reconhecida como sendo de hierarquia inferior à lei e não tinha a capacidade de comprometer a validade do ato, ou seja, se o ato editado fosse imoral mas tivesse em conformidade com à lei ele seria considerado válido. Com a CF/88 houve o reconhecimento do conteúdo jurídico autônomo da moralidade que passou a ser expressamente prevista no caput do art. 37 da CF.
Moralidade e legalidade: conceitos jurídicos distintos e independentes.
Exemplos - princípio da moralidade:
a) recebimento de presente por servidor público
b) proibição da contratação de parentes pelo judiciário (Resolução 07/05) – nepotismo 
(Probidade e Moralidade - há quem distinga probidade e moralidade, afirmando ser aquela um aspecto desta, pois a probidade seria a moralidade na gestão dos recursos públicos, como o faz Marcelo Figueiredo.
 
(MORALIDADE E BOA-FÉ OBJETIVA - para alguns autores a boa-fé objetiva caracteriza a moralidade. Significa que o comportamento do Poder Público, seja de natureza omissiva ou comissiva deve ser leal, vedada qualquer atitude maliciosa ou ardilosa. Há quem defenda que moralidade e boa-fé objetiva são princípios distintos.
Outros Princípios
1) Supremacia do Interesse Público - art. 2º, Lei 9.784/99
Conceito: o interesse público deve prevalecer sobre o interesse privado. O Estado exige a submissão dos interesses particulares ao interesse público, na medida em que a convivência social sempre impõe ônus aos indivíduos.
-é considerado como a pedra de toque do direito administrativo.
-está relacionado à própria concepção do Estado Democrático de Direito.
Lembrar da diferenciação entre interesse público primário e interesse público secundário (Renato Alessi)
Crítica: importante observar, contudo, que o PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO vem sendo contestado pela doutrina administrativista e constitucionalista mais moderna. Este assunto está na “ordem do dia” em matéria de atualidade no que se refere ao direito administrativo e ao direito constitucional. Neste sentido: SARMENTO, Daniel (org.). Interesses públicos versus interesses privados. Rio: Lumen Juris, 2005. Abaixo segue um resumo do artigo de Daniel Sarmento, publicado na obra citada e intitulado “Interesses Públicos vs. Interesses Privados na Perspectiva da Teoria e da Filosofia Constitucional”. 
Principais trechos do artigo:
Os principais argumentos utilizados para o abrandamento ou mesmo para o afastamento do princípio da supremacia do interesse público são: 
1) a superação da dicotomia rígida entre Direito Público e Direito Privado (o Direito Público se privatiza – em razão da decadência do chamado Estado Social (ou welfare state) e o Direito Privado se “publiciza”: constitucionalização do direito civil; eficácia horizontal dos direitos fundamentais; surgimento do terceiro setor). Assim, fica cada vez mais difícil distinguir o interesse público do interesse privado.
 2) A CF/88 (afastando o organicismo, o utilitarismo e o individualismo liberal clássico) pode ser considerada uma Constituição personalista, pois “afirma a primazia da pessoa humana sobre o Estado e qualquer entidade intermediária. Para o personalismo, é absurdo falar em supremacia do interesse público sobre o particular, mas também não é correto atribuir-se primazia incondicionada aos direitos individuais em detrimento dos interesses da coletividade.” (p. 79) 
 “Diante deste quadro, parece-nos inadequado falar em supremacia do interesse público sobre o particular, mesmo em casos em que o último não se qualifique como direito fundamental. É preferível, sob todos os aspectos, cogitar em um PRINCÍPIO DA TUTELA DO INTERESSE PÚBLICO, para explicitar o fato de que a Administração não deve perseguir os interesses privados dos governantes, mas sim os pertencentes à sociedade, nos termos em que definidos pela ordem jurídica (princípio da juridicidade). Se a idéia de supremacia envolve uma comparação entre o interesse público e o particular, com atribuição de preeminência ao primeiro, na noção de tutela este elemento está ausente, o que se afigura mais compatível com o princípio da proporcionalidade,fechando as portas para possíveis excessos (...) Dessa forma, a ação estatal conforme ao Direito não será aquela que promover de forma mais ampla o interesse público colimado, mas sim a que corresponder a uma ponderação adequada entre os interesses públicos e privados presentes em cada hipótese, realizada sob a égide do princípio da proporcionalidade. Com a ressalva, contudo, de que quando os direitos fundamentais estiverem ausentes da balança, o escrutínio judicial da conduta estatal deve ser mais cauteloso, prevalecendo, na dúvida, a decisão já adotada pelo Poder Público.” (p. 114 e 115). 
Contracrítica de Alice Gonzalez Borges (Revista Diálogo Jurídico-n.º 15 – jan/fev/mar/2007): Alice González Borges, em importante artigo sobre o tema (“Supremacia do Interesse Público: Desconstrução ou Reconstrução?”), ao invés da “desconstrução” propugnada pelos críticos, sugere uma “reconstrução”:
“Mas agora surge de outra parte uma nova espécie de ataque, até então inimaginável. De repente, uma plêiade de jovens e conceituados juristas , - animados, força é que se diga, pela mais cristalina e louvável das intenções, - ergue-se na defesa da eficácia e efetividade dos direitos fundamentais, em salutar movimento em prol da constitucionalização do direito. Para tanto, resolve congregar forças para desconstruir (sic) o princípio da supremacia do interesse público, como sendo a base de um autoritarismo retrógrado, ultrapassado e reacionário do direito administrativo.”
“É preciso não confundir a supremacia do interesse público – alicerce das estruturas democráticas, pilar do regime jurídico-administrativo – com as suas manipulações e desvirtuamentos em prol do autoritarismo retrógrado e reacionário de certas autoridades administrativas”.
2) Indisponibilidade do Interesse Público
Conceito: por serem interesses titulados pela coletividade não se encontram à disposição de quem quer que seja; ao órgão administrativo incumbe tão somente protegê-los. A Administração Pública não tem disponibilidade sobre os interesses públicos confiados a sua guarda e realização (Princípio Republicano). 
O STF já se pronunciou pela possibilidade de transação ou renúncia pela Administração, que não esteja configurada em lei: “Em regra, os bens e o interesse público são indisponíveis, porque pertencem à coletividade. É, por isso, o Administrador, mero gestor da coisa pública, não tem disponibilidade sobre os interesses confiados à sua guarda e realização. Todavia, há casos em que o princípio da indisponibilidade do interesse público deve ser atenuado, mormente quando se tem em vista que a solução adotada pela Administração é a que melhor atenderá à ultimação deste interesse.” (RE 253885)
3) Motivação – arts. 93, IX da CF e 2° da Lei 9.784/99 
Conceito: necessidade da indicação dos fundamentos de fato e de direito que funcionaram como base para a formação do ato administrativo. Decorre da própria concepção de Estado democrático de direito.
- Enquadra-se no elemento forma do ato administrativo, e não motivação. 
Dever de Motivação:
a) Helly Lopes: apenas os atos VINCULADOS devem ser motivados. Os discricionários não. 
b) Celso Antônio: apenas os atos DISCRICIONÁRIOS devem ser motivados. Os motivados são dispensáveis, pois obedecem à própria situação de fato prevista em lei. 
c) Carvalho Filho: em regra, a motivação não é obrigatória, salvo os casos expressamente previstos em lei.
d) - Di Pietro (majoritária): TODOS OS ATOS (vinculados ou discricionários) são obrigatórios
e) Diogo Figueiredo: apenas os ATOS DECISÓRIOS devem ser motivados, sendo aqueles que restrinjam direitos das pessoas, pois isso decorre da ampla defesa, contraditório, princípio democrático e devido processo legal, e o art. 93, IX, CF (decisões administrativas). 
Atos de Motivação Obrigatória - art. 50, lei 9.784/99 - rol exemplificativo
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
A motivação deve ser prévia ou no máximo concomitante, não se admitindo a motivação posterior, ou seja, depois da prática do ato. A motivação pode ser a declaração de concordância com os fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
4) Legitimidade e Veracidade
Conceito: os atos praticados pela administração pública possuem presunção de legitimidade e de veracidade. 
Presunção de Veracidade: relacionada com certeza do fato narrado.
Presunção de Legitimidade: relacionada com a adequação do ato praticado à lei.
Efeitos: autoexecutoriedade dos atos e a inversão do ônus da prova (Carvalho F.).
	
5) Especialidade
Princípio relacionado à ideia de descentralização. À medida que o Estado cria pessoas jurídicas administrativas como forma de descentralização da prestação de serviço público e com objetivo de especializar função, não poderá a administração indireta se afastar dos objetivos definidos pela lei.
6) Controle ou Tutela
Forma de se garantir que as entidades da administração pública indireta observem o princípio da especialidade, ou seja, sua finalidade institucional.
7) Autotutela - é o controle dos próprios atos com possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes e inoportunos, independentemente de recurso ao judiciário.
Súmula 346 STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 473 STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
A prerrogativa de invalidar ou revogar os próprios atos somente se aplica àqueles praticados sob regime jurídico administrativo quando o Poder Público se utiliza de suas prerrogativas exorbitantes, não se estendendo aos atos e contratos que a AP pratica sob regime de Direito Privado. Nesses casos, dependerá de manifestação do Judiciário (Diógenes Gasparini).
8) Razoabilidade e Proporcionalidade (art. 2º, Lei 9.784/99): necessidade de que o Poder Público aja com adequação e de forma proporcional aos objetivos. (adequação dos meios aos fins pretendidos MEIOS(( FINS)
Surgiu no direito americano e era voltado para o controle do poder de polícia no direito administrativo. Hoje é utilizado como critério de legitimidade dos atos de todos os poderes públicos, mesmo no caso de ato discricionário.
Objetivo: proteção contra o arbítrio (limitação do poder)
Proporcionalidade é ou não princípio? Doutrina e na jurisprudência consagraram a expressão princípio da proporcionalidade, porém a doutrina mais técnica não entende a proporcionalidade como princípio, mas como um instrumento destinado à ponderação de interesses. Dentre os instrumentos existentes para a solução do conflito entre dois princípios está a técnica da proporcionalidade.
(“Máximas Parciais”( (Subprincípios do Princípio da Proporcionalidade)
	
i) ADEQUAÇÃO
- o meio utilizado deve ser apto para atingir o fim almejado.
	
ii) NECESSIDADE, EXIGIBILIDADE OU PRINCÍPIO DA MENOR INGERÊNCIA POSSÍVEL
- dentre os meios aptos existentes deve se optar pelo meio menos gravoso possível.
	
iii) PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO OU RAZOABILIDADE -
 Os benefícios decorrentes da medida adotada precisam ser maiores que os seus custos.
Princípio da proporcionalidadex princípio da razoabilidade Para os que diferenciam do P. da Razoabilidade (Siqueira Castro diferencia), afirmam que o P. da Proporcionalidade está ligado a técnicas de interpretação, enquanto o P. da Razoabilidade está ligado à decisão justa e razoável na aplicação do Direito (devido processo legal substantivo).
Princípio da Razoabilidade – “Razoabilidade é a qualidade do que é razoável, ou seja, aquilo que se situa dentro dos limites aceitáveis” (CARVALHO F.) – “obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e respeitosas das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida” (CABM). CARVALHO afirma que a razoabilidade trata da congruência lógica entre as situações postas e as decisões administrativas.Trata-se de um PRINCÍPIO IMPLÍCITO. Se o administrador pratica um ato ofendendo a razoabilidade é um ato ilegal, por não obedecer à legalidade em sentido amplo. Assim, o ato deve ser retirado do ordenamento jurídico. O Judiciário poderá fazer a análise da razoabilidade do ato, inclusive por meio do controle constitucional. Todavia, ao Judiciário não cabe invadir o mérito do ato administrativo – a margem de liberdade concedida pela lei ao administrador (discricionariedade). 
De acordo com precedente do STF, não é possível a análise, pelo Poder Judiciário, como regra, do mérito do ato administrativo. Contudo, é legítimo o exame da regularidade dos elementos causa, motivo e finalidade do ato administrativo, nos termos do trecho da decisão abaixo transcrito:
“Embora não caiba ao Poder Judiciário apreciar o mérito dos atos administrativos, o exame de sua discricionariedade é possível para a verificação de sua regularidade em relação às causas, aos motivos e à finalidade que os ensejam.” (trecho do voto do Relator, Min. RICARDO LEWANDOWSKI, no julgamento do RE-agr 365368/SC, j. 22/05/2007, 1ª T, DJ 29-06-2007 PP-00049)
Princípio da Proporcionalidade – Trata-se de princípio implícito na Constituição. A proporcionalidade significa equilíbrio entre o benefício e os prejuízos causados. EXEMPLO: administrador desapropriou uma área para instalação de um lixão, pagando muito caro pela área. Ora, o lixão poderia ter sido instalado em outro local mais barato. A proporcionalidade pode ser verificada também em relação à extensão e gravidade da medida praticada. EXEMPLO: punição muito grave para uma infração leve não é proporcional. Deve haver equilíbrio entre a gravidade do ato e a extensão da medida. Isso é fundamental para o exercício do poder de polícia. Agir com equilíbrio é também agir razoavelmente, assim, para grande maioria da doutrina o princípio da proporcionalidade está embutido no conceito de razoabilidade.
9) Contraditório e Ampla Defesa – o contraditório e a ampla defesa são elementos integrantes do princípio maior do devido processo legal e visam garantir aos acusados e administrados, no âmbito judicial e administrativo, a oportunidade de produzirem provas, deduzirem pretensões, e formularem manifestações com o objetivo de se oporem a imputações gravosas que lhes são feitas ou, ainda, de desconstituir situações desfavoráveis a eles impostas. Em suma, não é possível aplicar determinada sanção, privar o cidadão de sua liberdade ou de seus bens, ou, ainda, criar-lhe qualquer circunstância prejudicial se que antes lhe seja deferida a oportunidade de se defender, de apresentar sua versão dos fatos e, outrossim, de ter amplo acesso aos elementos e afirmações que servem de base para a acusação ou gravame a ele imposto. Por esse motivo, o princípio do contraditório e da ampla defesa compreende, também, o direito à informação, pois não é possível ao administrado defender-se sem ter plena ciência do que está lhe sendo imputado. 
Desdobramentos do princípio:
- Toda a defesa deve ser prévia em relação ao julgamento final;
- Direito à informação - o custo corre a cargo do interessado, como se posiciona a jurisprudência, mas a administração não pode se negar a fornecer o acesso.
- Produção de provas.
- Direito a recurso; mesmo que não exista previsão expressa para o caso específico, a regra geral é o cabimento.
- Defesa técnica; é dispensável a presença de advogado, mas se o advogado quiser participar, o administrador deve viabilizar a defesa, porque o advogado garante maior justiça e isonomia entre as partes.
SV 03: “Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.” 
SV 05: a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a constituição.
10) Segurança Jurídica (art. 2º, Lei 9.784/99): está relacionado à própria concepção de Estado Democrático de Direito. Segundo esse princípio a Administração Pública deve adotar formas simples para propiciar adequado grau de certeza e respeito aos direitos dos administrados, não devendo, por exemplo, aplicar retroativamente nova interpretação.
-CANOTILHO trata de 2 realidades que devem pautar a atuação do Poder Público:
	
A)segurança jurídica
- está relacionada com ELEMENTOS OBJETIVOS da ordem jurídica ( garantia de estabilidade jurídica, segurança de orientação e realização do direito 
	
B)proteção da confiança
- relacionado com os ELEMENTOS SUBJETIVOS da segurança, designadamente a calculabilidade e previsibilidade dos indivíduos em relação aos efeitos jurídicos dos atos dos poderes públicos.
11) Princípio da Hierarquia: os órgãos da administração pública são estruturados de forma a se criar uma relação de coordenação e subordinação entre uns e outros, cada qual com atribuições definidas em lei.
12) Continuidade do Serviço Público: o serviço público, por representar funções essenciais e necessárias à coletividade, não podem ser interrompido (art. 6°, § 1°, Lei 8.987/95)
- conseqüências:
(proibição do direito de greve nos serviços públicos fora dos limites legais (art. 37, VII, CF);
(necessidade de institutos como suplência, delegação e substituição para preencher funções públicas temporariamente vagas;
(impossibilidade da exceptio non adimpleti contratus por aquele que contrata com a administração pública;
(possibilidade da encampação da concessão de serviço público.
Corte de serviço por inadimplência: Lei 8.987/95 (artigo 6º) – não se considera descontinuidade do serviço sua interrupção por inadimplemento do usuário, desde que precedida de prévia comunicação. Serve para evitar a falência da prestadora de serviço. STJ: mesmo nesses casos não é possível cortar o serviço público essencial. Tratando-se de inadimplência da própria Administração com a concessionária do serviço, o corte não pode atingir serviços públicos essenciais, tais como escolas, hospitais, repartições etc. (Carvalho F.) 
13) Participação: A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos e o acesso a registros administrativos e a informações sobre atos de governo (especialmente no que tange a informações de seu interesse ou de interesse coletivo em geral).
Casuística
Isonomia e vencimentos de servidores: “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem a função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, reafirmou o Enunciado 339 da Súmula do STF. (RE 592317, 28/08/2014)
Princípio da proteção da confiança legítima e posse em cargo público por decisão judicial precária: STF rechaçou pretensão de aplicação da teoria do fato consumado a caso em que a servidora havia tomado posse há sete anos por meio de medida liminar, afirmando não se aplicar ao caso o princípio da confiança legítima, diante do conhecimento da naturezaprovisória do provimento pela interessa e do fato de que a concessão das medidas antecipatórias correria por conta e responsabilidade do requerente, havendo ainda superior interesse público no cumprimento das normas constitucionais. (RE-608482, 07/08/2014) 
Princípio da isonomia e cláusula de barreira em concurso: Regras restritivas em editais de concurso público, quando fundadas em critérios objetivos relacionados ao desempenho meritório do candidato, não ferem o princípio da isonomia. As cláusulas de barreira em concurso público, para seleção dos candidatos mais bem classificados, têm amparo constitucional. (RE 635.739/AL - Repercussão Geral, 19/02/2014).
Contraditório e ampla defesa e manifestação prévia: é nulo por ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa o ato administrativo no qual o interessado não tem a oportunidade de manifestação prévia, sendo que a possibilidade de manifestação em recurso administrativo não supre o vício. (STF, RMS 31661/DF, 10.12.2013)

Outros materiais