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ANÁLISE DE INVESTIMENTOS E VIABILIDADE Professor Me. José Renato Lamberti Professor Me. Narciso Américo Franzin GRADUAÇÃO Unicesumar Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey Coordenador de Conteúdo José Manoel da Costa Design Educacional Camila Zaguini Silva Fernando Henrique Mendes Rossana Costa Giani Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior; José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Daniel Fuverki Hey Qualidade Textual Hellyery Agda, Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara Valenciano, Rhaysa Ricci Correa e Susana Inácio Ilustração Thayla Daiany Guimarães Cripaldi C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; LAMBERTI, José Renato; FRANZIN, Narciso Américo. Análise de Investimentos e Viabilidade. José Renato Lamberti, Narciso Américo Franzin. Reimpresso em 2019. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 220 p. “Graduação - EaD”. 1. Investimentos. 2. Viabilidade. 3. Risco 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-8084-470-2 CDD - 22 ed. 658.15 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa- zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa- tível com os desafios que surgem no mundo contem- porâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó- gica e encontram-se integrados à proposta pedagó- gica, contribuindo no processo educacional, comple- mentando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproxi- mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi- bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes- soal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cres- cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda- gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi- bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en- quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus- sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Pró-Reitor de Ensino de EAD Diretoria de Graduação e Pós-graduação A U TO RE S Professor Me. José Renato Lamberti Possui Mestrado em Administração/Finanças pela PUC-SP (2011), Pós- Graduação (Lato Sensu) em MBA Executivo pela Unicesumar (2010), Graduação em Administração de Empresas pela PUC-SP (2006), Graduação em Ciências Contábeis pela Unicesumar (2013). Professor Me. Narciso Américo Franzin Possui graduação em Administração pela FECEA (Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana), 1988, graduação em Ciências pela FAFIMAN (Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Mandaguarí) 1999 e mestrado em Engenharia de Produção pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) 2002 e doutorando em Engenharia de Produção pela UNIMEP (Universidade Metodista Piracicabana) 2013. SEJA BEM-VINDO(A)! Prezado acadêmico, é com muito prazer que escrevemos este livro que está em suas mãos agora. Tenha certeza de que nós, professores José Renato e Narciso Franzin, es- crevemos esta obra com o objetivo de facilitar seu estudo para que assim você interaja com a prática de um gestor financeiro. Dessa forma, preste atenção no texto abaixo que demonstrará o contexto atual da Análise de Investimentos e Viabilidade para o sucesso de um empreendimento financeiro: A Análise de Investimentos e Viabilidade, nos últimos anos, tem se tornado um estudo de fundamental importância, principalmente, para os estudantes que desejam aumen- tar seus conhecimentos em finanças, no entanto, muitos têm o primeiro contato com a disciplina tardiamente. Portanto, com este livro, pretende-se fortalecer a importância de se fazer um projeto e analisá-lo para verificar se é ou não viável a execução do mesmo, espera-se estimular a autoestima dos estudantes, formando pessoas determinadas que conheçam os procedimentos para estruturar um projeto. Um projeto bem-sucedido, ou seja, para o projeto ter sucesso, ele precisa conseguir atin- gir seus objetivos, deve ser executado de acordo com o planejado. Quando se fala em projetos, espera-se que ele apresente uma sequêncialógica e clara da atividade a ser realizada, com início, meio e fim, e que seja definido no tempo, no custo, nos recursos e na qualidade. A viabilidade tem por objetivo principal identificar se o projeto apresentado pode dar certo ou não, pois todas as ações que são utilizadas no desenvolvimento de um projeto envolvem riscos. Estudos mais detalhados sobre o assunto proporcionam um maior grau de segurança e certeza, identificam as condições necessárias para que o projeto se concretize com um menor grau de riscos e, ao encontrar situações de risco no projeto, possibilita a tentativa de neutralização desses fatores e promovendo assim o sucesso do mesmo. O estudo de viabilidade tem dois aspectos importantes a serem observados: o primeiro relacionado à gestão financeira e o outro é na gestão com pessoas, pois deve-se levar em consideração que existem pessoas que estão diretamente ligadas ao projeto e que as tarefas a elas atribuídas são de responsabilidade e de compromisso. A gestão com pessoas está revestida com uma importância jamais vista desde o seu surgimento, e isso ocorre devido às significativas mudanças causadas pelos avanços tec- nológicos, pela globalização, pela escassez de recursos e, principalmente, pela acirrada competição que existe entre as empresas. Sempre que nos referimos ao trabalhador, estamos nos referindo a uma pessoa, a um ser humano, dotado de particularidades, competências e características diferentes e, quando nos referimos à empresa, aborda-se estrutura física, estilo de gestão, cultura organizacional, entre outras, ainda se tem variáveis externas como sindicato, governo e concorrências. Então, a gestão com pessoas busca assumir esse papel de agente in- tegrador entre essas variáveis e busca fazer sempre essa conciliação e atender a todos. APRESENTAÇÃO ANÁLISE DE INVESTIMENTOS E VIABILIDADE Esta obra possibilita ao estudante compreender as formas de executar e analisar um projeto, uma vez que o caráter dinâmico e seus desdobramentos permitem a construção desse significado para o estudante, especialmente no que tange ao de- senvolvimento do conhecimento relacionado a finanças e da metodologia de cons- trução de novos projetos. Para o início do assunto, é interessante saber um pouco da História da Matemática, no que diz respeito à financeira, o que é na verdade a aplicação dos conceitos ma- temáticos na Economia, na Administração e nas outras áreas das Ciências Sociais Aplicadas. O escambo é a forma mais antiga que se tem conhecimento de negociações que envolvem valores sem a intervenção da moeda, que na época não existia. Com o passar do tempo, houve a necessidade de desenvolver um sistema relativamente estável de avaliações que apresentassem algum padrão fixo, desta forma, poderiam ser atribuídos valores. Nas ilhas do Pacífico, as mercadorias eram estimadas em co- lares de pérolas e conchas, na Grécia, foi o boi, no Egito, os metais tais como: ouro, cobre, prata e o bronze. Dessa evolução chega-se aos Bancos, instituições que admi- nistram recursos, mas é somente no século XVII que os bancos lançaram o dinheiro de papel, e vários países da Europa começaram a fazer sua própria moeda. Hoje, cada país tem seu próprio banco central que regula a emissão do dinheiro, assim cabe ao banco central estabelecer e ordenar as regras que controlam e economia do país e, além disso, existem bancos internacionais como, por exemplo, o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), que concede emprésti- mos aos bancos centrais dos países quando solicitado, ajudando desta forma, no desenvolvimento das nações. A aplicação deste livro dar-se-á numa proposta, em que, nas unidades iniciais, serão abordados os riscos, os demonstrativos contábeis e os índices, com a finalidade de proporcionar ao estudante o “alicerce” necessário para que a disciplina seja intro- duzida. Na parte central do livro, é apresentado o valor do dinheiro no tempo que dará suporte para o entendimento que irá ser utilizado no projeto. Na parte final do livro, estão as unidades que relatam sobre o orçamento de capital e a análise de viabilidade de um projeto. Na primeira unidade, abordaremos os Riscos, pois incertezas fazem com que o que foi planejado não aconteça da forma que se queria, erros são cometidos durante o processo, não se executa da forma que se imaginava no início, talvez pela própria impossibilidade de se fazer o que se imaginava, e para evitar essa frustração é neces- sário entender riscos e fazer com que o que foi previamente traçado seja realizado com sucesso. Já na segunda unidade, serão apresentados os Demonstrativos Contábeis, e os Índi- ces relatam a importância de saber fazer, entender e analisar os relatórios contábeis como um meio de informação, pois estes demonstram o futuro da contabilidade da empresa, os profissionais utilizam a informação contábil nas decisões do dia a APRESENTAÇÃO dia dos negócios. O Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) são “matérias-primas” para a confecção dos índices financeiros que avaliam o desempenho da empresa. Na terceira unidade, discutiremos o Valor do Dinheiro no Tempo. A leitura dessa uni- dade fará com que fique transparente ao estudante que o valor de R$1,00 hoje não será o valor desse mesmo R$1,00 daqui a um ano, fatores que influenciam a econo- mia tais como taxas de juros, inflações, variações cambiais, entre outras fazem com que o poder de aquisição da mesma quantidade de dinheiro mude com o tempo. Na quarta unidade, estudaremos o Orçamento de Capital como uma “ferramen- ta” que proporciona ao financeiro optar por investimentos com fluxo de caixa que deem retornos satisfatórios, o financeiro, ao analisar índices como a TMR, o IL, o PAYBACK, o VPL, a TIR, entre outros, terá condições de comparar, selecionar e, desta forma, escolher os projetos que mais lhe interessam. E na última unidade, atentaremos aos principais conceitos envolvidos na elaboração e avaliação de projetos de viabilidade econômico-financeira. A interdependência entre os diversos aspectos de natureza econômico-financeira e contábil envolvidos no processo de elaboração de projetos é discutida, uma vez que, ao se analisar um projeto, busca-se encontrar as perspectivas de desempenho financeiro do projeto em análise e sua viabilidade. A compreensão do texto é facilitada por se utilizar de uma linguagem clara e ade- quada à compreensão dos estudantes e uma sequência lógica do conteúdo, os ter- mos utilizados facilitam a compreensão dos conteúdos e das atividades, atendendo assim ao objetivo proposto para o ensino. Este livro apresenta atividades complementares, tais como: saiba mais sobre o as- sunto, exemplos, dicas, reflita, ilustrações de situações, fontes alternativas de pes- quisas e a indicação de sítios eletrônicos para pesquisa, o que facilita na execução das atividades e possibilita fácil compreensão dos temas abordados. Isso proporcio- na ao estudante facilidade para entender o conteúdo e enriquece seu conhecimen- to, assim como o ajuda na compreensão dos temas relacionados à disciplina. Um grande abraço e ótimos estudos Professor José Renato Lamberti – Mestre em Finanças Professor Narciso Franzin – Mestre em Engenharia da Produção APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 10 - 11 UNIDADE I RISCOS 15 Introdução 17 Tipos de Riscos 23 Qualificação e Capacitação 26 Mapeamento dos Riscos 28 Riscos Operacionais 37 Risco e Retorno 40 Gestão de Riscos 43 Considerações Finais UNIDADE II DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS, FINANCEIROS E ÍNDICES 51 Introdução 52 Estudo das Demonstrações Contábeis 65 Análise das Demonstrações Financeiras 72 Fórmulas Utilizadas para o Cálculo dos Indicadores Financeiros 95 Considerações Finais SUMÁRIO 10 - 11 UNIDADE IIIO VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO 103 Introdução 105 Fluxo de Caixa 133 Considerações Finais UNIDADE IV ORÇAMENTO DE CAPITAL 141 Introdução 142 Gastos Correntes e Gastos de Capital 143 TMR – Taxa Média de Retorno 145 IL - Índice de Lucratividade 146 Payback - Período de Recuperação do Investimento 148 VPL - Valor Presente Líquido 150 TIR - Taxa Interna de Retorno 153 TMA - Taxa Mínima de Atratividade 155 VAUE - Valor da Anuidade Uniforme Equivalente 157 CAUE - Custo Anual Uniforme Equivalente 159 Análise Completa de um Orçamento de Capital 174 Considerações Finais SUMÁRIO 12 - PB UNIDADE V PROJETO DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA 181 Introdução 182 Projeto 188 Quadros Financeiros do Projeto 194 Projeto de Viabilidade Econômico-Financeira 199 Análise Completa Utilizando-se a Memória de Cálculo 212 Considerações Finais 217 CONCLUSÃO 219 REFERÊNCIAS U N ID A D E I Professor Me. José Renato Lamberti Professor Me. Narciso Américo Franzin RISCOS Objetivos de Aprendizagem ■ Analisar os diversos tipos de riscos. ■ Classificar e conceituar os diversos tipos de riscos. ■ Compreender a importância dos riscos financeiros pessoais e empresariais na vida dos indivíduos, bem como seu reflexo positivo ou negativo no desempenho dos funcionários das organizações. ■ Conhecer as teorias existentes sobre riscos financeiros. ■ Fazer leitura crítica das teorias sobre riscos. ■ Analisar os riscos e reconhecer neles características presentes em cada um. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Tipos de Riscos ■ Qualificação e capacitação ■ Mapeamento dos riscos ■ Riscos Operacionais ■ Risco de Crédito ■ Risco de Mercado ■ Risco de Liquidez ■ Risco e Retorno ■ Gestão de Riscos INTRODUÇÃO Caro aluno, o assunto com o qual iniciamos este estudo é muito interessante e atrativo e espero que ele contribua com a sua visão sobre o conceito de risco. Procurei mostrar a importância de se conhecer os diversos tipos de riscos para que se trabalhe com a prevenção, minimizando a chance de que ele venha a acontecer. Você já deve ter percebido que o assunto “risco” está sempre nos assuntos mais comentados entre as pessoas. Podemos atribuir isso a vários motivos como, por exemplo, o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas, ou o Tsunami sucedido no sudeste asiático, ou ainda o desastre que ocorreu em 17 de julho de 2007 com o Airbus da TAM no aeroporto de Congonhas, enfim, atualmente se fala muito em gerenciamento de riscos, que passou a ser de fun- damental importância nos gerenciamentos de projetos. Os conceitos de riscos podem ser compreendidos de várias formas. Para Cocurullo (2002), um dos conceitos aplicáveis a risco encontra-se na existên- cia de situações que possam impedir o alcance dos objetivos corporativos ou a não existência de situações consideradas necessárias para chegar a tais objetivos. Portanto, pode-se observar que a visão apresentada pelo autor não limita o risco ao campo financeiro: o mundo é corporativo e os objetivos são estabelecidos nos mais diversos aspectos. Então, considera-se risco toda e qualquer inconformidade que venha a atrapalhar os objetivos anteriormente traçados a serem atingidos pela empresa. Para Brito (2007, p.10), o risco é “a possibilidade de um evento, que nos afete negativamente, acontecer”. Agora o autor conceitua o risco sob um aspecto nega- tivo, pois “risco é o grau de incerteza em relação à possibilidade de ocorrência de um determinado evento, o que, em caso afirmativo, redundará em prejuízos. Risco é a possibilidade de perda decorrente de um determinado evento”. Por esta definição, o risco está ligado a eventualidades com consequências negativas para a empresa e está relacionado com o resultado econômico da organização. Pode-se dizer que um cenário de risco é um fator existente e que você terá que conviver com ele, ou, dito de outra forma, não adianta você não querer correr risco, pois ele existe. O que você pode fazer é tentar de várias formas minimizar as chances de que ele venha a ocorrer, ou seja, se prevenir contra o risco. Se você não quiser cor- rer risco, não existe empresa, não existe projeto, não existe organização, nem ninguém Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 que o faça não correr risco. Considerando isso, o que você precisa é definir claramente o grau de risco que você está disposto a assumir para realizar um determinado projeto. A esse risco que você tolera correr dá-se o nome de risco-benefício, conceito que expressa qual é o benefício gerado por esse risco. Observe esse questiona- mento: “Você conhece alguém que ficou milionário investindo na Caderneta de Poupança?” Provavelmente não, pois a caderneta de poupança é uma aplica- ção que tem um dos menores riscos no mercado financeiro, motivo pelo qual a sua rentabilidade também é muito pequena. Quem investe na caderneta de poupança, teoricamente não perde dinheiro, mas também não ganha, por isso, existem pessoas que investem em outros tipos de aplicações financeiras que lhe retornam benefícios financeiros maiores e podem sim ficar milionários, porém o risco de perder também é muito alto. No mercado financeiro, ganha dinheiro quem arrisca, porém esse risco deve ser muito bem estudado e calculado por- que quem arrisca também pode perder muito dinheiro. Ao avaliar risco, deve-se levar em consideração fatores e esses fatores devem ser avaliados ao mesmo tempo. Qual é a probabilidade que esse risco tem de ocorrer? E qual é a gravidade desse risco se ele vier a ocorrer? Ao se fazer essa análise, chega-se à conclusão do valor monetário esperado. Os riscos que têm probabilidade alta de ocorrer e alta gravidade caso ocor- ram, são os que, naturalmente, damos mais atenção e nos precavemos, chamados de riscos extremos. Aos que têm probabilidade baixa e gravidade alta nem sempre é dada a atenção que merecem, pois a probabilidade de ocorrer é pequena e, quando acontecem, chamamos de catástrofe. O risco de probabilidade baixa e impacto baixo – o que não nos traz grandes preocupações – é o tipo de risco que normalmente aceita- mos correr, pois o dano que ele gera é pequeno. Ao fazermos a análise de probabilidade versus gravidade, conseguimos iden- tificar o grau de risco do cenário e definir se esse grau de risco é um grau de risco que conseguimos ou não tolerar. Muitas empresas internacionais não operam no Brasil devido ao fator de risco que o Brasil apresenta. Essas empresas não têm tolerância a esse grau de risco e procuram outro cenário (país) para investir. É importante ressaltar que o conhecimento dos riscos que se corre favorece significativamente o sucesso do projeto. Tipos de Riscos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 TIPOS DE RISCOS Caracteriza-se o risco pela incerteza existente, numa regra bastante simples: quanto maior for a incerteza, maior o risco. Eles podem ser estudados e classifi- cados de acordo com os seus tipos, ou seja, a natureza que dá origem ao objeto que está sendo estudado. São múltiplas as possibilidades causadoras de fatos que geram os riscos e, quando se analisa o tipo de risco, verifica-se também qual é a consequência dos efeitos gerados caso esse fator indesejadovenha a acontecer. Quando se fala em decisões de financiamento e investimen- tos, alguns riscos devem ser considerados com mais atenção, entre eles: ■ Risco de fluxo de caixa, que leva em consideração o risco do negócio. ■ Risco financeiro. ■ Risco financeiro operacional. ■ Risco de reinvestimento. ■ Risco de taxa de juros. ■ Risco do poder de compra. Conforme Cocurullo (2002), os riscos são subdivididos em: estratégicos, operacio- nais, de conformidade e financeiros. Vamos entender do que trata cada um deles? ■ Riscos estratégicos são os riscos associados ao modo que uma organi- zação é gerenciada. ■ Riscos operacionais são aqueles associados às condições operacionais dos processos, controles, sistemas e informações. ■ Riscos de conformidade se relacionam à habilidade que a organização tem em cumprir normas reguladoras, legais e exigências fiduciárias. ■ Riscos financeiros estão direcionados à exposição financeira de uma organização. RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 Para Brasiliano (2003), o risco operacional é composto por subáreas, diversifi- cadas e abrangentes, a saber: Riscos relacionados à proteção patrimonial: ■ Risco de overload: que são riscos de perdas por sobrecargas no sistema elétrico. ■ Risco de obsolescência: é o risco de perdas pela falta de troca de equipamentos e softwares antigos. ■ Risco de equipamento: são as perdas oriundas pelas falhas nos equipamentos. ■ Risco de catástrofe: são perdas definidas por catástrofes natu- rais ou não. Riscos relacionados à segurança das informações: ■ Risco de presteza e confiabilidade: as informações não são recebidas e processadas em tempo hábil e de forma confiável. ■ Risco de modelagem: ocorre quando existe a interpretação incorreta dos resultados fornecidos por modelagem, inclusive dados incorretos. Tipos de Riscos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Riscos decorrentes diretamente da administração dos recursos humanos: ■ Risco de erro não intencional: é oriundo de equívoco, omissão, distração ou negligência dos funcionários. ■ Risco de fraudes: ocorre em decorrência de procedimentos fraudulentos, adulteração de controles, informações dadas incorretamente entre outras. ■ Risco de qualificação: é dado quando profissionais desempenham tare- fas sem a qualificação exigida. Riscos provocados pela atividade fim da organização e suas estratégias: ■ Risco de produtos e serviços: ocorre quando os serviços ou produtos são ven- didos sem atender às necessidades do comprador em preço e qualidade. ■ Risco de regulamentação: quando não existe o controle interno nem externo, não existem normas e procedimentos. ■ Risco de liquidação financeira: quando não se tem o controle da finali- zação da transação. ■ Risco sistêmico: é oriundo das alterações que ocorrem no ambiente empresarial. ■ Risco de concentração: quando se depende de poucos clientes, produ- tos e/ou mercados. ■ Risco de imagem: são perdas decorrentes do impacto negativo na marca da instituição. Conforme Brito (2007), os tipos de risco na indústria, com suas classificações e exemplos são apresentados na tabela a seguir: RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 INDÚSTRIA CONCEITO EXEMPLOS Riscos de Overload Pode ser definido como o risco de perdas por sobrecargas nos sistemas elétricos, telefônicos, de processamento de dados, etc. Sistemas não operacionais em agências bancárias por acúmulo de informação nos canais de comunicação com a central de atendimento. Risco de Obsolescência Pode ser definido como risco de perdas pela falta de substi- tuição frequente dos equipa- mentos e softwares antigos. Versões atualizadas de sof- tware não compatíveis com hardware antigo. Impossibilidade de integrar sistemas computacionais desenvolvidos em versões de softwares diferentes. Risco de Preste- za e Confiabili- dade Pode ser definido como o risco de perdas pelo fato de as informações não poderem ser recebidas, processadas, armazenadas e transmitidas em tempo hábil e de forma confiável. Situações em que as infor- mações consolidadas sobre a exposição de um banco não podem ser obtidas em tempo hábil para análise. Impossibilidade de prestar informações precisas em de- terminados horários devido à atualização de banco de dados ocorrer por processa- mento em batch. Risco de Equipamento Pode ser definido como o risco de perdas por falhas nos equipamentos elétricos, de processamento e transmissão de dados, telefônicos, de segu- rança, etc. Rede de micros contaminada por vírus. Discos rígidos danificados. Telefonia não operacional por falta de reparos. Risco de Erro Não Intencional Pode ser definido como risco de perdas em decorrência de equívoco, omissão, distração ou negligência de funcioná- rios. Mau atendimento de corren- tistas (má vontade, falta de informação, etc). Posicionamento da tesoura- ria no mercado contrário ao especificado pelo comitê de investimentos. Tipos de Riscos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Risco de Fraudes Pode ser definido como risco de perdas em decorrência de comportamentos fraudulentos (adulteração de controles, des- cumprimento intencional de normas da empresa, desvio de valores, divulgação de infor- mações erradas, etc). Desvio de dinheiro de agên- cia bancária. Aceitação de “incentivos” de clientes para conceder crédi- to em valores mais elevados. Risco de Qualificação Pode ser definido como risco de perdas pelo fato de os funcionários desempenharem tarefas sem qualificação profis- sional apropriada à função. Uso de estratégias de hedge com derivativos sem conheci- mento por parte do operador da extensão desses riscos. Cálculo de perdas e lucros em carteiras sem conhecimento dos mercados. Iniciar operações em merca- dos “sofisticados” sem contar com equipes (back-office) adequadas (front-office) devi- damente preparadas. Risco de Produ- tos e Serviços Pode ser definido como risco de perdas em decorrência da venda de produtos ou presta- ção de serviços ocorrer de for- ma indevida, ou sem atender às necessidades e demandas de clientes. Envio de cartões de crédi- to sem consulta prévia ao cliente. Recomendar a clientes de perfil conservador o investi- mento em fundos de deri- vativos alavancados diante de um bom desempenho no passado recente desses mesmos fundos. Risco de Regula- mentação Pode ser definido como risco de perdas em decorrência de alterações, impropriedades ou inexistência de normas para controles internos ou externos. Alteração de margens de garantia ou de limites de os- cilação em bolsas de derivati- vos, sem aviso antecipado ao mercado. Front-office responsável pela operação do back-office. RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 Risco de Modelagem Pode ser definido como risco de perdas pelo desenvolvi- mento, utilização ou interpre- tação incorreta dos resultados fornecidos por modelos incluindo a utilização de dados incorretos. Utilizar software comprado de terceiros sem conheci- mento de suas limitações. Utilizar modelos matemáticossem conhecimento de suas hipóteses simplificadoras. Risco de Liquidação Financeira Pode ser definido como risco de perdas em decorrência de falhas nos procedimentos e controles de finalização das transações. Envio e/ou recebimento de divisas em praças com dife- rentes fusos horários, feria- dos, regras operacionais, etc. Risco Sistêmico Pode ser definido como risco de perdas devido a alterações no ambiente operacional. Alteração abrupta de limi- tes operacionais em bolsas, levando todas as instituições financeiras a enfrentar dificul- dades. Modificação repentina na base de cálculo de tributos corporativos. Risco de Concentração (operacional) Pode ser definido como risco de perdas por depender de poucos produtos, clientes e/ou mercado. Bancos que só operam finan- ciando clientes de determina- do segmento (por exemplo: setor automotivo, crédito a lojistas, etc.). Risco de Catástrofe Pode ser definido como risco de perdas devido a catástrofes (naturais ou não). Desastres naturais (terre- motos, enchentes, etc) que dificultem a operação diária da instituição ou de áreas críticas, como centros de processamento, de telecomu- nicações, etc. Destruição do patrimônio da instituição por desastres que abalem a estrutura civil de prédios (colisão de aviões, caminhões, incêndios, etc). Tabela 1 - Tipos de Risco Fonte: BRITO, Osias. Gestão de Risco. São Paulo, Ed. Saraiva, 2007. Qualificação e Capacitação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 QUALIFICAÇÃO E CAPACITAÇÃO Você com certeza já percebeu que vivemos em tempos de mudanças constan- tes. Aliás, há um ditado muito conhecido no meio empresarial que afirma que a única coisa que nunca muda é a mudança. Na questão de contar com funcio- nários “ideais”, a mudança já atinge as empresas há algum tempo. Simplesmente não existe um funcionário “ideal” – pelo menos do ponto de vista dos contra- tantes. Na verdade, com a disputa cada vez mais acirrada entre as empresas, os melhores talentos também são disputados, e o que resta para as empresas é bus- car profissionais que atendam minimamente a suas necessidades imediatas e treiná-los para outros desafios. A ideia é que a capacitação dos funcionários seja constante e que o treinamento oferecido pelas empresas resulte não só no supri- mento de necessidades de execução de tarefas, mas também no crescimento do próprio profissional. Encontrar profissionais “prontos” é quase uma utopia, pois os diversos cursos oferecidos em escolas e em muitas faculdades preparam profissionais genera- listas, enquanto, na maioria das vezes, as empresas precisam de especialistas, no sentido pleno da palavra, ou seja, alguém que entenda especificamente de um processo desenvolvido pela empresa. É verdade que as escolas e faculdades RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 tentam acompanhar essa dinâmica do mercado, mas nem sempre isso é possível. Algumas instituições na verdade nem tentam, o que determina a obsolescên- cia de seus cursos. O ponto a ser observado é o perfil do próprio profissional, este sim total- mente responsável por sua própria formação, buscando a todo o momento sua atualização por meio de um processo de educação continuada, que nada mais é do que a constante procura por qualificação e capacitação. A qualificação dos profissionais em uma organização é um parâmetro básico para analisar sua capacidade de competição. A existência de uma cultura corpo- rativa, observância de procedimentos internos e efetivo domínio da tecnologia de gerenciamento de riscos corporativos somente são atingidos com pessoal qualificado. A qualificação dos profissionais de uma instituição financeira deve ser enten- dida no sentido mais amplo, envolvendo, por exemplo, questões relacionadas a caráter, profissionalismo, dedicação, inteligência e conhecimento (prático e teórico). Pode-se dizer que um passo importante para a implementação de um geren- ciamento de riscos corporativos é a alta direção estar efetivamente comprometida com o processo e a busca da qualificação, trazendo como resultado a formação de seu corpo funcional, que torna o profissional individualmente habilitado para o exercício das suas funções. Porém, devemos considerar que a qualificação nunca será uma formação completa, ou seja, o aperfeiçoamento é contínuo e a aquisição de conhecimentos segue esta mesma lógica, sejam esses conhecimentos teóricos, práticos, técnicos e/ou operacionais. Este aperfeiçoamento deve ser aderente aos serviços e produ- tos oferecidos pela organização e podem ser oferecidos por meio de uma gama extensa de métodos (como cursos presenciais, a distância, módulos de auto- aprendizado entre outros); o importante é que se realizem constantemente, ou seja, devem sempre ser oferecidos, pois atuamos em um mercado de trabalho exigente, e a qualificação é um item indispensável para suprir pelo menos uma dessas exigências. Qualificação e Capacitação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 Por meio da capacitação, busca-se preparar as pessoas para tomar decisões acertadas frente às diversas situações referentes à sua atividade. Conhecimentos, resolução de problemas, ofertas de alternativas de melhorias, relacionamento interpessoal, entre outros são características que podem ser ofertadas ao cola- borador por meio da capacitação. Sabe-se que capacitar é uma questão de planejar, e ter visão de futuro é basi- camente treinar seus trabalhadores, é ajuda-los a fazer melhor o que já fazem. A responsabilidade dos profissionais sobre atividades mais complexas deve vir necessariamente acompanhada de capacitação específica, pois responsabilidades maiores envolvem geralmente maiores riscos, portanto, as habilidades técnicas dos profissionais envolvidos serão constantemente testadas. Normalmente, a capacitação de profissionais é um investimento barato, comparado com a aquisição de profissionais que já têm essas habilidades e que estão atuando em outras empresas. Treinar alguém que não tem ou tem pouco conhecimento faz com que essa pessoa aprenda e se identifique com a cultura da empresa e venha a permanecer na mesma. A efetividade de um treinamento pode ser conseguida de diversas formas. Uma delas é buscar, por meio de convênios específicos com instituições de ensino, os módulos que de fato interessam à empresa na formação de seus fun- cionários. Outras empresas aproveitam-se de seus próprios quadros, convidando funcionários mais experientes e capacitados para treinar os colaboradores recém- contratados. Outra forma é, por meio de negociação entre as partes, enviar funcionários para receber treinamento em fornecedores de máquinas e equi- pamentos, com o objetivo de qualificarem-se para operação destas tecnologias. Fornecer autonomia, criar autoconfiança e promover o desenvolvimento são atributos ofertados às pessoas que participam dos cursos de capacitação, pois o ato de capacitar é mais do que simplesmente treinar: capacitar desenvolve com- petência, que é o resultado de conhecimento, habilidades e atitudes. Competência não se transfere de uma pessoa para outra. Mas, é possível aju- dar as pessoas a construírem sua própria competência. RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 MAPEAMENTO DOS RISCOS Podemos definir mapa de risco como uma representação gráfica, normalmenterepresentada por círculos coloridos, distribuídos numa planta baixa da locali- dade que está em estudo e que representa um conjunto de fatores que podem vir a acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores e até mesmo acidentes de trabalho. Esses fatores estão relacionados aos mais diversos tipos de elementos que são utilizados para a realização do trabalho, inclusive levando-se em conside- ração a forma e a postura que o trabalhador utiliza para realizar sua atividade. Um dos principais objetivos do mapa de risco é divulgar visualmente infor- mações entre os trabalhadores e estimular sua participação em atividades de prevenção. De acordo com o site Brasiliano & Associados (2009, online), Um mapa dos riscos ajuda as pessoas a identificarem os riscos que en- frentam, a encontrarem soluções ou tomarem providências para dimi- nuir os riscos. O mapeamento de riscos é um método usado para investigar, registrar e analisar os riscos presentes nos ambientes de trabalho e suas conse- qüências para a saúde e o bem-estar dos gestores e trabalhadores. Podemos fazer uma analogia entre as atividades de risco identificadas pelo Mapa de Riscos com as atividades de gestão de riscos financeiros. As atividades finan- ceiras são cada vez mais dinâmicas e complexas. Assim como o mapa de risco é utilizado para prevenção de riscos, no mundo das finanças, há um monitoramento cada vez maior dos riscos realizado por equipamentos tecnológicos avançados Mapeamento dos Riscos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 e por produtos financeiros extremamente complexos, exigindo que o profissio- nal necessite fazer acompanhamento e treinamento constantes. Por exemplo, ao falarmos de produtos financeiros complexos que auxiliam na administração de riscos, podemos citar o desenvolvimento dos derivativos que permitem ao profissional fazer um mapeamento dos riscos que possibilitam a transferência negociada entre agentes e conseguir identificar qual é a melhor gestão de riscos associados à volatilidade das taxas de juros, taxas de câmbio e o preço das ações. Podemos entender volatilidade como sendo a subida ou queda de preço de um ativo financeiro. Esta oscilação constante faz com que os mercados estejam sempre avaliando a performance destes ativos com a finalidade de prever quando estes movimentos irão acontecer. A análise dessas cotações é padronizada em diversos tipos de riscos com a finalidade de facilitar sua identificação. Sabe-se que as decisões sempre são tomadas levando-se em conta o emocio- nal e o racional. Após executada uma ação, invariavelmente somos confrontados com questionamentos como esses: foi executada a ação da melhor forma possí- vel? Foi tomada a melhor decisão? O conhecimento e a experiência são ferramentas importantíssimas para se evitar riscos, precavendo-nos para não provocar situações indesejadas, ou seja, que nos levem aos riscos. Dessa forma, quanto mais conhecimento e experiên- cia tem-se sobre determinados assuntos, mais se está preparado para evitar que os riscos aconteçam e venham causar prejuízos. Lembre-se: o risco sempre nos leva a uma situação inadequada, e o medo de passar por momentos desagradáveis, que nos leve à desilusão, faz com que a convivência se torne cada dia mais racional do que emocional. Só não existe o risco quando o que deveria ser feito já foi realizado, quando já se tornou um fato consumado. RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 RISCOS OPERACIONAIS Define-se como riscos operacionais nas instituições a possibilidade de perda direta ou indireta resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos. Esses processos podem ser caracterizados como internos quando são apresentados pela ausência de processos, como por exemplo, conceder crédito baseado em docu- mentos falsos ou não atualizados, e como externos quando decorrentes de catástrofes, crises sociais, problemas com infraestrutura pública, crises sistêmicas entre outras. Além dos riscos externos e internos acima citados, deve-se levar em con- sideração também outras práticas inadequadas que podem contribuir para os riscos operacionais: práticas relacionadas com produtos e serviços, as deman- das trabalhistas, a segurança deficiente no local de trabalho, os danos a ativos físicos próprios, os danos que acarretem a interrupção das atividades da institui- ção, as possíveis falhas em sistemas de tecnologia da informação e as falhas no cumprimento de prazos, além do gerenciamento das atividades da instituição. O risco operacional em instituições financeiras se intensifica por dois motivos principais: um é a exigência do mercado para a otimização de controles inter- nos em instituições financeiras, e o outro é a demanda pela alocação de capital específico para o risco operacional. Destacam-se entre os riscos operacionais mais comuns o risco legal, o risco de imagem, o risco de concentração, o risco de tecnologia, o risco estrutural, o risco de falha humana e de fraude, o risco de qualidade de controle e o risco de produtos e serviços. Riscos Operacionais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 O risco legal pode acarretar sanções por parte de órgãos fiscalizadores por descumprimento de alguma norma legal. Entre os componentes do risco legal, os mais frequentes são os riscos de legislação, decorrentes de indenizações por danos a terceiros por violação da legislação vigente, o risco tributário – oriundo do não recolhimento de tributos em virtude de má interpretação da legislação aplicável, e o risco trabalhista que provém de processos trabalhistas por não cum- primento ou cumprimento indevido da legislação trabalhista. O risco de imagem altera a reputação por intermédio da publicidade nega- tiva, difamando a instituição ou pessoa perante seu concorrente. Já o risco de tecnologia decorre da descontinuidade das atividades apoiadas por serviços tecnológicos. O risco estrutural é provocado por danos e por recursos inadequados, orga- nização hierárquica e segregação de funções. A falha humana e fraudes são riscos que se dão em decorrência de equívocos, omissões, negligência ou ações fraudulentas. A falta de controle de qualidade nas organizações leva ao risco na qualidade dos controles, e este é ocasionado pela não observância das normas operacio- nais e limites definidos. E, por fim, os riscos de produtos e serviços se dão pela forma inadequada de se prestar serviços ou vendas, ou seja, pelo não cumprimento do que foi acor- dado junto ao contratante. RISCO DE CRÉDITO A probabilidade de uma empresa ou Estado que emitem instrumentos de dívida (títulos) não conse- guir pagar os juros devidos ou reembolsar o capital aplicado aos seus credores é considerado como sendo risco de crédito. Um governo pode não pagar um título de dívida emitido? Na maioria dos países com bons princípios de governança, os títulos do Governo RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 são considerados os mais seguros no mercado. Porém, as constantes crises vivi- das por países pelo mundo afora mostram que pode haver sim calote por parte de governos. São casos raros, porém, possíveis. No caso dos títulos emitidos por empresas, a única garantia existente é a situação financeira da entidade que o emite: quanto menor for a credibilidade da empresa, maiores as taxas que os investidores tenderão a exigir de remune- raçãopor seus investimentos, justamente pela maior possibilidade de perdas. Para melhor entender o que vem a ser um risco de crédito, é necessário saber o que são operações de crédito. Um bom exemplo para entendermos essas ope- rações é analisarmos como operam os bancos. Os bancos são intermediários financeiros, isto é, captam dinheiro dos agentes superavitários em suas operações passivas tais como: depósito à vista e a prazo, para emprestar aos agentes deficitários, aqueles clientes que precisam de dinheiro. O gerenciamento do risco de crédito nas instituições financeiras vem sofrendo modificações nos últimos anos e, nesse sentido, são várias as técnicas que são utilizadas para a mensuração do risco de crédito, em sua maioria, pelos gran- des bancos, que têm implementado diversos tipos de análise antes de liberar o crédito aos tomadores. Para Brito e Assaf Neto (2008), crédito é uma atividade de dispor dinheiro a um tomador que necessita de recursos financeiros para o agora, que toma dinheiro de um financiador, e surge uma promessa financeira que deverá ser paga num determinado período de tempo. Um exemplo de operação de crédito é o CDC - Crédito Direto ao Consumidor, em que uma financeira faz intermédio nas operações de compra de um bem entre uma loja e o consumidor. Os bancos são especialistas em fazer operações de crédito. Nesse sentido, podemos citar o Banco do Brasil com o Crédito Rural, importantíssimo para o fomento do agronegócio brasileiro. Existe a possibilidade de o contratante não conseguir honrar o compro- misso assumido de várias formas, e essas faltas recebem o nome de riscos, dos quais podemos citar: ■ risco de liberação de crédito, que é a avaliação indevida ou falta de avaliação; Riscos Operacionais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 ■ risco de concentração, que corresponde a não diversificação das opera- ções de crédito; ■ risco de inadimplência, que é a perda da capacidade de pagamento do devedor; ■ risco de controles, que se identifica com a falta ou ineficiência para geren- ciamento da carteira de crédito; ■ risco de garantias, que pressupõe a falta ou insuficiência de garantias para a realização do pagamento. ■ risco de degradação do crédito, que é a alteração gradativa de qualidade de crédito do tomador; ■ risco de degradação das garantias, que está relacionado à perda da qua- lidade das garantias; e ■ risco de provisão que se refere ao comprometimento com devedores que não têm capacidade de pagamento. Ainda de acordo com Brito e Assaf Neto (2008, p.36), A mensuração de risco de crédito é o processo de quantificar a possibi- lidade de a instituição financeira incorrer em perdas, caso os fluxos de caixa esperados com as operações de crédito não se confirmem. O risco de default “risco cliente” constitui a principal variável desse processo, podendo ser definido como a incerteza em relação à capacidade de o devedor honrar os seus compromissos assumidos. MODELOS DE RISCO DE CRÉDITO Existem vários modelos como ferramentais e aplicações que são utilizadas com o objetivo principal de medir o risco dos tomadores, sejam nas transações indivi- duais ou numa carteira de crédito como um todo. Essas importantes ferramentas, destinadas ao processo de gestão de riscos, permitem que o concedente do cré- dito avalie o risco de crédito numa forma agregada, considerando-se os efeitos produzidos pela diversidade das correlações entre os ativos da carteira. RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 Segundo Andrade (2004, p.1), Os modelos de risco de crédito podem ser classificados em três grupos: modelos de classificação de risco, modelos estocásticos de risco de cré- dito e modelos de risco de portfólio. Os modelos de classificação de risco buscam avaliar o risco de um tomador ou operação, atribuindo uma medida que representa a ex- pectativa de risco de default, geralmente expressa na forma de uma classificação de risco (rating) ou pontuação (escore). Os modelos de classificação de risco são utilizados pelas instituições financeiras em seus processos de concessão de crédito. Os modelos estocásticos de risco de crédito são aqueles que têm por objetivo avaliar o comportamento estocástico do risco de crédito ou das variáveis que o determinam. Esses modelos são utilizados pelas ins- tituições financeiras principalmente para precificar títulos e derivativos de crédito. Os modelos de risco de portfólio visam a estimar a distribuição estatís- tica das perdas ou do valor de uma carteira de crédito, a partir da qual são extraídas medidas que quantificam o risco do portfólio. Para se estruturar um modelo de risco, faz-se necessário que sejam considera- das as principais variáveis que representam as características das empresas que serão analisadas. Por meio de um estudo de insolvência, utilizando-se para isso fórmulas estatísticas, podem-se selecionar e classificar as empresas proponen- tes em empresas saudáveis merecedoras de crédito ou empresas com restrições. Esses modelos de previsão de insolvência normalmente se baseiam nas téc- nicas estatísticas de análise multivariada, tais como a regressão linear, correlação linear e análise discriminante. Ressalta-se que outras técnicas também têm sido utilizadas no desenvolvimento desses modelos de risco de crédito. PROCESSO DE CONCESSÃO DE CRÉDITO Por meio da análise de um conjunto de fatores se possibilita emitir um parecer sobre uma determinada operação de crédito; a esse processo denominamos análise de crédito. Essa análise tem por finalidade atribuir valores ao conjunto de fatores ana- lisados e permitir a emissão de um parecer sobre a operação de crédito em questão. Riscos Operacionais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 Tanto para pessoas físicas como para jurídicas, o processo de concessão de crédito é muito parecido. Observe que uma pessoa física tem seu rendimento e com ele programa-se para suprir suas necessidades e procura não gastar mais do que ganha, para poder honrar seus compromissos. Porém, se porventura sur- gir um imprevisto, a pessoa obriga-se a buscar uma nova fonte de renda para suprir tal necessidade, o que muitas vezes resulta na busca por empréstimos. É nesse momento que aparece o profissional habilitado que faz a análise de crédito. Atualmente, esse profissional conta com os avanços tecnológicos e softwa- res específicos como ferramentas de auxílio. Dados estatísticos e um histórico do cliente proporcionam ao analista verificar se o cliente é um bom pagador ou não. Um cuidado que o analista deve ter é o de não confiar apenas nas informa- ções prestadas pelo próprio tomador de crédito. É importante que seja feita uma checagem para comprovar se as informações prestadas são fidedignas. Ao se fazer uma análise de crédito, para se determinar o risco que se corre na operação, busca-se identificar principalmente os seguintes fatores: Caráter; Capacidade; Patrimônio e a Garantia. Ao analisar o Caráter, busca-se identificar se o tomador de crédito tem em seu histórico pontos positivos em relação a paga- mentos anteriores, se ele sempre foi pontual e se sempre saldou as dívidas anteriormente contraídas. Com relação à Capacidade, identifica-se se a renda do cliente é suficiente para saldar a dívida que por ele será contraída, ou seja, se seus rendimentos são suficientes para sal- dar a dívida que está contraindo. Ao se fazer a análise do Patrimônio,procura-se descobrir por meio do Balanço Patrimonial da empresa, ou da situação econômica apontada no Imposto de Renda da pessoa física, se os seus recursos e bens podem ser utilizados para honrar seus compromissos. Já no que diz respeito à Garantia, procura-se dar segurança a quem está ofe- recendo o crédito, ou seja, solicita-se um “aval” de terceiros, que pode ser em forma de fiador ou outros termos, mas sempre com a mesma finalidade, que é RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 fazer com que alguém se comprometa a pagar a dívida do tomador do emprés- timo caso o principal devedor não o faça. As condições impostas para fornecer o crédito levam em consideração vários fatores além dos acima citados, como, por exemplo, fatores externos como mudanças na política econômica do país, conjunturas nacionais e internacionais, meio ambiente entre outros, que podem afetar positivamente ou negativamente uma operação de crédito. Os fatores internos como sazonalidade, variação no número de pedidos, sobra ou falta de mão de obra também influenciam nesse processo. As condições afetam as pessoas/empresas das mais variadas formas e com diferente intensidade. PROCESSO DE MENSURAÇÃO DE CRÉDITO As funções de crédito têm um papel estra- tégico na busca de resultados financeiros, mas, para isso, é necessário que se domi- nem os processos relacionados à concessão de crédito. Esse aprendizado traz conceitos e práticas financeiras para que as empresas consigam administrar o crédito gerando maximização dos lucros e, ao mesmo tempo, minimizando os riscos financei- ros envolvidos na operação. Os modelos de gerenciamento se aprimoram com o passar do tempo e, atu- almente, existem softwares que tabulam esses riscos. O que se busca com a aplicação dessas ferramentas computadorizadas é ante- ver com clareza os casos de insolvência de empresas, as ameaças de globalização de mercados; crescimento de transações com derivativos de crédito; garantias apresentadas com valores duvidosos entre outros. Riscos Operacionais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 RISCO DE CONTRAPARTE Contraparte é a parte oposta em relação à outra. Assim, risco de contraparte é o risco de que a outra parte não cumpra as suas obrigações contratuais assumi- das no negócio. O risco de contraparte é também um risco de crédito, embora possa existir essa relação de contraparte não direcionada a finanças. Em mercados de capital, o risco de contraparte é importante quando se nego- ciam instrumentos derivados não cotados, pois em cada um deles, o valor do instrumento está sempre dependente da contraparte cumprir as suas obrigações. Risco de Mercado O risco de mercado pode ser definido como sendo a possibilidade de ocor- rer perdas resultantes da variação nos valores de mercado de posições, sejam elas ativas ou passivas que são retidas pelas instituições financeiras. Os limites operacionais estabelecem os riscos de mercado e têm por objetivo assegurar um número máximo de operações nos mercados e produtos autorizados. Suas principais funções são: ■ Analisar as propostas dos limites de risco de mercado e apresentar recomendações. ■ Analisar, controlar, desenvolver e realimentar de forma contínua as ten- dências do mercado, suas evoluções e os riscos desse mercado. No risco de mercado, são abordados os riscos das operações sujeitas à variação cambial, taxa de juros, descasamento e diversificação dos preços de mercadoria e nos preços das ações. No que diz respeito ao risco de taxas de juros, estamos nos referindo à perda de valor da carteira decorrente de mudança de taxa de juros. O risco de des- casamento de taxas ocorre quando as taxas de captação são superiores às do RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 empréstimo, enquanto que o risco de descasamento de prazo está relacionado ao prazo diferenciado entre ativos e passivos. O risco de concentração está na não diversificação de aplicações financeiras. Aqui se aplica aquele famoso ditado que diz: “Não devemos carregar todos os ovos numa única cestinha, pois, se a cestinha cair, a chance de se perder grande parte dos ovos é muito grande”. O risco da variação cambial está nas oscilações que ocorrem nas taxas de câmbio e consiste na possibilidade de haver perdas decorrentes dessas oscila- ções nas taxas de câmbio. Para Brasiliano (2003, p. 22), risco de mercado define-se “como uma medida numérica da incerteza relacionada aos retornos esperados de um investimento, em decorrência de variações em fatores como taxas de juros, taxas de câmbio, preços de ações e commodities.” Já o risco de taxa de juros é representado pelas variações que são observadas nas taxas de juros. Quanto maior é o prazo de vencimento do título, maior é a sensibilidade que o mesmo tem em relação ao mercado, portanto, esse demons- tra maior risco. O risco de preços de ações está relacionado às mudanças dos valores das ações no mercado de capitais. Os valores da carteira de ações variam de acordo com a valorização ou desvalorização das ações que a compõe. RISCO DE LIQUIDEZ Entender liquidez é de fundamental importância para qualquer instituição do mercado financeiro e de capitais. Liquidez é a capacidade de uma organização de honrar os seus com- promissos financeiros no prazo estabelecido, ou seja, conseguir pagar em dia e honrar seus compromissos na data do vencimento. Risco e Retorno Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 O risco de liquidez traduz-se como sendo a possibilidade de a instituição não conseguir honrar seus compromissos na data do vencimento ou acumular elevadas perdas. Quando isso ocorre numa instituição, essa falha pode acarre- tar o que se chama de corrente financeira, ou seja, pelo fato de uma empresa não receber, ela não terá o dinheiro para efetuar seus pagamentos e assim não pagará seus credores, o quais, por sua vez, também não pagarão seus fornece- dores e assim por diante, num efeito cascata. Para Brito (2007), risco de liquidez pode ser considerado como sendo a impossibilidade de a organização de honrar com suas obrigações financeiras nas datas estipuladas. Os reguladores apresentam preocupações direcionadas às implicações para o sistema quanto ao risco de liquidez. Como dissemos há pouco, quando ocorre insuficiência de capacidade da organização em cumprir seus compromissos, isso pode ocasionar a inadimplência das contrapartes, provocando um efeito cascata. Assim sendo, conseguir gerenciar o risco de liquidez é uma atividade que pode ser considerada uma das mais importantes nas organizações do mercado de capitais e financeiros. Podemos, dessa forma, definir gestão de liquidez como um conjunto de pro- cessos que visa garantir a capacidade de pagamento de uma instituição. RISCO E RETORNO Mudanças ocorrem a todos os momentos, e essas podem nos proporcionar oportunida- des ou desilusões. Essas constantes mudanças que ocorrem em todo o mundo fazem com que as organizações, independente do ramo que atuam, seja no fornecimento de produtos ou de serviços, se adaptem com a finalidade de ter competitividade no mercado em que RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 atuam, conscientes de que a concorrência cresce a cada dia, tornando produtos e serviçosmuito parecidos, aumentando, por outro lado, a exigência dos consumi- dores em relação à busca da qualidade com preços menores e maior variedade. Planejar ainda é a forma ideal para se precaver de indesejadas situações, seja no curto, médio ou longo prazo. Os investidores querem cada vez mais uma maior rentabilidade do seu capital por parte da empresa e, dessa forma, uma maior remuneração de seus investimentos. A relação que existe entre o risco e o retorno sobre o dinheiro que é aplicado é diretamente proporcional ao risco envolvido na operação, ou seja, se maior for o risco envolvido, maior é o valor do retorno que o investidor deseja. Conforme Groppelli e Nikbakht (2010, p.25), Risco e retorno são a base sobre a qual se tomam decisões racionais e inteligentes sobre investimentos. De modo geral, risco é uma medida da volatilidade ou incerteza dos retornos, e retornos são receitas espe- radas ou fluxos de caixa previstos de qualquer investimento. Um equilíbrio entre o risco e o retorno é o que a maioria dos investidores procura, porém, é preciso que fique bem claro que investimentos mais seguros oferecem, de fato, menor risco, mas também trarão um menor retorno ao investimento. O contrário também é verdadeiro, ou seja, maior será o retorno quanto maior for o risco. Embora isso seja um fato, existem fatores que determinam o grau de risco em relação ao retorno oferecido. Os empreendedores confrontam-se com riscos e incertezas quando tomam decisões, porém, na maioria das vezes, as alternativas escolhidas visam propor- cionar retornos que os favoreçam, uma vez que suas escolhas se baseiam em estratégias que muitas vezes envolvem elevados riscos – porém calculados – ao empreendimento. O que devemos fazer é observar paralelamente se o retorno que foi proporcionado está compatível ou não com aquele desejado. A utilização dos indicadores financeiros é de fundamental importância para que os empreendedores tomem decisões. Equações que proporcionam encon- trar o Ponto de Equilíbrio, o Retorno do Investimento, o Retorno do Patrimônio Líquido entre outros, em seus investimentos, dão ao investidor segurança ao fazer suas aplicações. Risco e Retorno Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 Existem índices financeiros que dão ao analista não apenas informações sobre a empresa em que ele atua, mas também informações sobre seus concorrentes. Os resultados esperados pelos investidores são estabelecidos por metas que precisam ser cumpridas e, para isso, se faz necessário um acompanhamento no desenvolvimento do projeto, sendo imprescindível um monitoramento ade- quado de todas as etapas. Talvez você se questione quanto ao motivo que leva alguém a investir numa empresa. Na verdade, a resposta é bastante simples: esse investidor ou empre- endedor vislumbra um bom retorno financeiro nessa atividade. Caso contrário, com toda certeza buscaria outras alternativas de investimento (algumas até muito mais seguras). Para saber se fez ou não um bom negócio, se a alternativa em investir numa empresa foi ou não acertada, existe um índice financeiro que mede esse resultado que é o ROE, que basicamente é uma medida de compara- ção com outras alternativas. Sabemos que a empresa precisa gerar lucros, porém, esse não deve ser o único objetivo, pois a geração de lucro como único foco pode trazer uma visão míope para empresa, que direciona sua gestão apenas para o curto prazo, sem considerar alternativas mais amplas de geração de riqueza (isso sim deveria ser o objetivo maior) no longo prazo. Empresas que enxergam apenas no curto prazo são consideradas imediatistas e especulativas e não são boas alternativas para verdadeiros empreendedores. Como dissemos acima, o investidor tem alternativas para colocar seu capi- tal. Portanto, ele deve ponderar sobre qual lhe proporcionará o retorno desejado numa faixa de risco aceitável para ele, já que em menor ou maior grau, todo inves- timento carrega riscos. Segundo Groppelli e Nikbakht (2010, p.33), “Risco é o grau de incerteza associado a um investimento. Quanto maior a volatilidade dos retornos de um investimento, maior será o seu risco. Quando dois projetos têm os mesmos retornos esperados, escolhe-se aquele de menor risco.” O retorno ideal ao investidor relaciona-se diretamente com a capacidade que ele tem em assumir riscos que podem ser equivalentes, superior ou até mesmo inferior ao retorno proporcionado. No mercado de títulos, os ganhos são compostos das compras e vendas de ações e mais o retorno dos dividendos. Obviamente, o risco e o retorno andam RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 juntos quando se fala em investimento e alguns fatores que interferem na deter- minação desse nível de risco são: a volatilidade, o conhecimento dos diferentes tipos de risco, a compreensão do funcionamento de uma pirâmide de risco e a percepção de como o risco afeta o retorno. Já vimos anteriormente o conceito de volatilidade, porém precisamos enten- der o conceito de pirâmide de risco. A pirâmide de risco, como o próprio nome já sugere, configura-se em um esquema que mostra, em sua base, os investimentos menos arriscados, tais como: obrigações do tesouro e instrumentos do mercado de câmbio; em sua metade, encontramos investimentos com risco pouco maior, tais como: bens imobiliá- rios e fundos de investimento, e quanto mais nos aproximamos do topo, vemos representados investimentos que têm maior risco, tais como: opções futuros e contratos por diferença. GESTÃO DE RISCOS A gestão de riscos já não pode ser mais considerada como uma novidade. Líderes empresariais nunca falaram tanto em tomar decisões somente após fazer a análise dos riscos do ambiente corpo- rativo, e é improvável encontrar alguém que venha a tomar decisões sem que primeiro tenha pelo menos analisado o tamanho do estrago que a tomada de decisão pode ocasionar à organização. Um tratamento inadequado relacionado à parte operacional, de finanças ou estra- tégica da empresa em questão pode levar a situações perigosas. Crescentes são as preocupações dos gestores com a sustentabilidade dos negócios e a geração de valores aos acionistas. De acordo com Rosseti (2008, p.174), gestão de riscos em empresas refere- -se que Gestão de Riscos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 A incerteza afeta as decisões econômicas, e consequentemente, os fluxos de investimentos que serão gerados nas relações de produção. Agentes de regulação, setor produtivo e mercado financeiro interagem sobre uma visão sistêmica e econômica. Os órgãos reguladores de mer- cado, como os bancos centrais de seus países, possuem um foco na eficiência desse sistema, diante dos riscos proporcionados em toda a cadeia produtiva. Assim, surgem legislações e organismos mais dedica- dos ao controle de mercado. O mercado está em constante mudança e profissionais ligados à gestão de ris- cos alegam que já chegou o momento de se atualizar em relação às exigências desse novo mercado. Considerar que riscos estão associados ao sucesso e que isso gera oportunidades é correto, mas é preciso levar em consideração que tam- bém é necessária prevenção e recuperação dos fatos negativos já consumados, ou seja, é preciso se recuperar de crises que já passaram e se prevenir para enfren- tar novas crises que possam vir. O desafio é então saber se um risco realmente representa uma oportunidade ou uma ameaça, um perigo enorme. As necessidadesde melhorar as avaliações de riscos são imediatas principalmente quando se tratam dos chamados riscos não financeiros, que são aqueles que envolvem aspectos operacionais e estratégicos. Recursos tecnológicos para avaliação de riscos são procurados cada vez com mais frequência pelas organizações que necessitam de respostas rápidas para tomar decisões relativas as suas estratégias. Um dos fatores que devem ser considerados como de fundamental importância é o nível de automação que o processo oferece, pois isso tende a facilitar o serviço desenvolvido pelo profis- sional que se dedica à gestão de riscos. Se você pesquisar na Internet, com certeza encontrará um vasto material que tratará do assunto de riscos versus custos, procurando demonstrar como chegar a um equilíbrio entre essas duas variáveis. Por conta dessa busca pelo dimensionamento adequado do risco, o termo “Gestão de Riscos” não é mais nenhuma novidade. Nos últimos anos, a ênfase na Gestão de Riscos de TI (Tecnologia da Informação) ganhou força, partindo inicialmente do estudo direcionado aos aspectos de segurança e continuidade dos processos para um programa com- pleto que aborda tópicos relativos à segurança, à disponibilidade de dados, à conformidade com a exigências legais e regulatórias e a performance dos ativos RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E42 de informações. Considerando-se as características de riscos de TI, apresenta- mos a seguir os aspectos relativos à segurança, à disponibilidade, ao desempenho e à conformidade. A segurança pode ser considerada como os riscos relativos a acessos não autorizados às informações, acessos esses que podem ser originários tanto de fora da empresa como até mesmo de dentro da empresa. Com relação à dispo- nibilidade, ela refere-se ao risco de uma informação que seja necessária para tomada de decisão não estar disponível no sistema, causando transtornos e pre- juízos aos processos da empresa. Quanto ao aspecto do desempenho, trata-se do risco de uma informação não se apresentar por limitações de gargalos dire- cionados à comunicação de dados. No caso da conformidade, é fazer com que esteja tudo de acordo com as exigências regulatórias. Não é nenhuma novidade, principalmente para as novas gerações, que os negócios pela Internet têm passado a dominar a agenda da maioria das organiza- ções, mesmo aquelas não focadas para o comércio eletrônico. Por essa dimensão e importância que o mundo virtual ganhou, é natural que as organizações preo- cupem-se com sua dependência da TI e com os investimentos que são aplicados nestas tecnologias, buscando conferir segurança, comodidade e confiabilidade nos sistemas. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os fatores que afetam a relação entre risco e retorno de uma empresa são de fundamental importância para qual- quer tipo de decisão, seja esta relacionada às empresas, pessoas ou outras organizações. O ramo de atividade, fatores setoriais, acontecimentos políticos, ambientais e condições econômicas influenciam a demanda de produ- tos e, por consequência, isso gera aumentos nos custos de produção e encargos financeiros. Ficou claro para nós que as organizações estão sujeitas a danos causados à sua reputação por roubo de identidade ou por vazamento de informa- ções confidenciais. Assim, além de preocuparem-se com os riscos relacionados aos ativos financeiros – que, aliás, sempre foram prioritários – agora se associa a esse fator também os riscos operacionais ligados à Tecnologia de Informação. Esse estudo nos levou a uma reflexão sobre a necessidade de estarmos pre- parados para responder a situações de risco, que se tornaram uma constante neste mundo turbulento. Situações que estudamos mostram a necessidade de nos anteciparmos aos riscos, de percebermos os riscos, sabendo diferenciar os riscos operacionais dos outros riscos e também mapear de forma efetiva a ampla gama de riscos e suas diversas fontes, proporcionando à administração a possi- bilidade de transformar tudo o que foi visto em vantagem competitiva, criando valores com a tomada de decisões seguras. Existem muitos fatores que levam à incerteza. Citam-se, entre eles, os fato- res econômicos que variam de acordo com a oferta e demanda, as alterações dos preços dos produtos e o preço das matérias-primas entre outros, além dos fatores financeiros, como a falta de capacidade de pagamento, insuficiência de capital, os fatores técnicos, tecnologia empregada, matéria-prima inadequada e ainda outros fatores como: políticos, clima, falta de gerenciamento de projetos etc. Assim sendo, torna-se comum fazer a diferenciação entre risco e incerteza, pois a condição que leva à incerteza se caracteriza quando os fluxos de caixa associados a uma alternativa não têm como serem previstos com exatidão, dessa forma, não é possível quantificar a chance de que venha a ocorrer as variações RISCOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E44 nos fluxos de caixa e, quando é possível mensurar, por meio de distribuições, considera-se que a situação é de risco. Diante disso, ao se deparar com situações, tais como aumento/diminuição de produtividade, redução/elevação de preços, investimentos ou não em imobiliza- dos e contratação/demissão de pessoal entre outras, o que se exige é uma tomada de decisão por parte do empreendedor pela escolha de uma entre as mais diver- sas alternativas. Para essa tomada de decisões é importante que o empreendedor tenha o maior número possível de dados e informações ao seu dispor e ponderar qual será a mais viável, aquela que lhe trará menor risco e maior lucratividade. 45 - 45 1. O que significa risco? Com base no seu conhecimento e na leitura desta primeira unidade, por que as empresas estão investindo cada vez mais em gestão de ris- cos? 2. Com base na sua experiência de mercado, cite alguns riscos inerentes ao opera- cional das empresas financeiras e recomende melhorias para minimização des- ses riscos? 3. Julgue a frase: com a gestão de riscos é possível extinguir as incertezas. Você considera essa frase correta? Justifique sua resposta. MATERIAL COMPLEMENTAR Gestão de Riscos e Incertezas Livro: A Arte da Guerra no Ocidente e no Oriente Comentado por Julio Sergio Cardozo e Wang Chi Hsin <http://www.youtube.com/watch?v=XOdH6ZUqvPo >. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais <http://www.youtube.com/watch?v=umsMWL-F7Fc>. Risco de Crédito: Avaliação e Análise Por Adriano Blatt <http://www.youtube.com/watch?v=L1rQorNqWEg >. Análise de Riscos e Estratégia - Antonio Brasiliano <http://www.youtube.com/watch?v=SZQ2Jhpe9YI>. Com Sergio Itamar Alves Júnior <http://www.youtube.com/watch?v=k0jQtCUgZ4E&feature=related>. Quero Ficar com Polly Sinopse: Reuben Feff er (Ben Stiller) é um homem prevenido, que detesta correr riscos. Porém um fato insólito muda completamente sua vida: sua esposa o abandona com um mergulhador, em plena lua de mel. Desolado com o ocorrido, Reuben acaba se envolvendo com Polly (Jennifer Aniston), uma mulher agitada que gosta de viver a vida intensamente. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR A Arte da Guerra - Os Treze Capítulos Originais - 20ª edição Sun Tzu Editora: Jardim dos Livros Sinopse: “A Arte da Guerra” é um dos clássicos mais infl uentes do pensamento oriental sobre estratégia. Esta é a edição completa que nos traz com excelência os ensinamentos do general chinês Sun Tzu através dos treze capítulos originais, que acerca de 2500 anos infl
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