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TOXICOLOGIA OCUPACIONAL E AMBIENTAL Toxicologia Ocupacional: Trata das substâncias químicas encontradas no ambiente de trabalho.Valores Limites limiares (VLL – Valores de exposição em que um indivíduo pode ter sem apresentar uma sintomatologia): ppm ou mg/m3. Importância para o indivíduo que vai chegar com sinais e sintomas pontuais como consequência da intoxicação. Toxicologia Ambiental: Trata do impacto potencialmente deletério de substâncias químicas, presente na forma de poluentes ambientais sobre os organismos vivos. Toxicidade: É a capacidade inerente e potencial do agente tóxico de provocar efeitos nocivos em organismos vivos diferente do fármaco que possui uma atividade terapêutica. Promoção de injurias às estruturas biologicas através de interações físico-químicas. Risco x Perigo Risco (risk): de um efeito adverso a saúde diz respeito ao nível de exposição e da suscetibilidade individual para aquela molécula. Mais abrangente. Perigo (hazard): define o potencial de um composto provocar dano e é dessa forma associado, virtualmente com alguma molécula. Perigo de a molécula produzir tal efeito e o risco se você tem condições de concentração, suceptilibidade e mais vários fatores! Vias de Exposição Inalatória: Via mais importante na toxicologia ocupacional. É uma via preocupante do ponto de vista da exposição pois mesmo com todo aparato de proteção ainda pode ocorrer, mesmo que por quantidades mínimas de inalação, uma certa absorção de vapor, partículas da substância. Transdérmica: Mais relacionadas do ponto de vista ambiental Ingestão oral: Idem transdérmica Ex: Sapateiro: coloca prego na boca. Prego possui ferro que oxida com muita necessidade então ele leva um banho de niquelação para não oxidar. Essa tinta é extremamente rica em chumbo. Vários casos na cidade de Franca de intoxicação por chumbo proveniente dos preguinhos que eram colocados na boca. Inalatória não é mais ambiental do que ocupacional? Não! Porque ambiental existe um risco de concentração de uma certa substância no meio ambiente muito pequena se comparada em um ambiente de trabalho. Duração da Exposição: Exposição aguda: Decorre de um único contato (dose única- potência da droga) ou múltiplos contatos (efeitos cumulativos) com o agente tóxico, num período de tempo aproximado de 24 horas. Os efeitos surgem de imediato ou no decorrer de alguns dias, no máximo 2 semanas. – Muito pontual fazendo com que o paciente apresente o efeito nocivo/biológico e perceba. Exposição crônica: Período maior que 24hrs Exposição a longo prazo de baixo nível (Toxicidade Tardia). Nivel de exposição pequeno porém a longo prazo causa um efeito nocivo. Considerações ambientais: Degradação Mobilidade – relacionado a lipossolubilidade. Capacidade de entrar no organismo Bioacumulação – acúmulo de substâncias nos tecidos dos organismos, sendo comumente decorrentes da ingestão da substância. Bioamplificação – Dentro de um ecossistema, cadeia alimentar, você sofre uma intoxicação entre produtores e consumidores. POLUENTES DO AR 1. MONÓXIDO DE CARBONO Gás levemente inflamável, incolor, inodoro e muito perigoso devido à sua grande toxicidade. É produzido pela queima em condições de pouco oxigênio (combustão incompleta) e/ou alta temperatura de carvão ou outros materiais ricos em carbono, como derivados de petróleo. Mais comum dos grandes centros. Subproduto da combustão incompleta, Concentração média na atmosfera 0,1 ppm, CO (1000 ppm) 50% carboxiemoglobina. VLL -TMP: 25; VLL- LECP: Não especificado Mecanismo de ação: Combina-se de modo reversível com os sítios de ligação de oxigênio da hemoglobina. Afinidade 220 vezes maior que a do oxigênio. Formação da carboxiemoglobina. Quando aspirado, ao nível do alvéolo pulmonar, combina-se reversivelmente com a hemoglobina para formar a carboxiemoglobina, resultando desta reação duas consequências importantes: Um certo número de sítios de ligação para o oxigênio estão ocupados e a capacidade de transporte de oxigênio do sangue é diminuída; A ligação de uma ou mais moléculas de monóxido de carbono à molécula de hemoglobina com seus grupos heme aumenta a afinidade dos sítios remanescentes para o oxigênio e a capacidade da hemoglobina nos eritrócitos de fornecer oxigênio aos tecidos, a baixas pressões parciais de oxigênio, fica seriamente prejudicada. A consequência final do processo é uma anóxia tecidual. Efeitos Clínicos: Hipóxia: comprometimento psicomotor cefaléia e sensação de aperto na área temporal. confusão e perda da acuidade visual. taquicardia, taquipnéia,sincope coma. coma profundo, convulsões, choque e insuficiência respiratória. Tratamento: Remover o indivíduo do local de exposição. Oxigênio Ar ambiente a 1 atm → 320 min. Oxigênio a 100% → ~ 80 min. Tratamento com oxigênio hiperbárico e controverso 2. DIÓXIDO DE ENXOFRE É um gás denso, incolor, não inflamável e altamente tóxico e a sua inalação pode ser fortemente irritante. É produzido naturalmente pelos vulcões e em certos processos industriais. Na indústria, o dióxido de enxofre serve sobretudo para a produção de ácido sulfúrico, que possui numerosas aplicações como produto químico. É obtido a partir da combustão de enxofre. É ainda um gás emitido na queima de combustíveis em veículos e indústrias. Responsável também pela chuva ácida. Papel importante na toxicologia ambiental. Gás incolor Irritante Produzido pela queima de combustíveis fosséis. VLL -TMP: 2 ppm; VLL- LECP: 5 ppm Mecanismo de ação: Quando em contato com membranas úmidas, se combina com a água e forma ácida sulfúrico, irritante sobre pele, mucosas e olhos. Na inalação ele também se combina com a água presente nos pulmões levando a uma constrição brônquica. Exposições de 5-10 ppm provocam broncoespamo grave. Tratamento: Não é específico para o SO2. Tratamento da irritação do trato respiratório 3. OXIDO DE NITROGÊNIO São gases irritantes pulmonares que podem ocasionar a morte imediata por broncoespasmoe parada respiratória, quando a exposição é intensa. Concentrações menos intensas ocasionam sonolência, enjôos e vômitos. Gás irritante, Acastanhado, Algumas vezes associados a incêndios, canavial VLL -TMP: 3 ppm; VLL- LECP: 5 ppm Mecanismo de ação: Profundo irritante pulmonar, também tem capacidade de provocar edema pulmonar. As células do tipo I alveolares são as mais afetadas na exposição aguda. A exposição a 50 ppm por 1 hora pode provocar lesões e edema pulmonar e a 100 ppm pode levar a morte. Efeitos Clínicos: Irritação dos olhos e nariz, tosse, produção de escarro mucóide ou espumoso. Pode-se verificar o aparecimento de edema pulmonar dentro de 1-2 horas. Tratamento: Oxigênio, controle da irritação pulmonar e edema pulmonar, broncodilatadores (por conta da broncoconstrição), sedativos (hipóxia) e antibióticos (profilático já que o escarro é meio de cultura). 4. OZÔNIO Gás irritante, azulado, encontrado na natureza na extratosfera, em torno de equipamentos elétricos de alta voltagem e purificadores de água. Oxidante encontrado no ar urbano poluído. Efeitos clínicos e tratamento: Irritante da mucosas, irritação das vias respiratórias Oxigênio, controle da irritação pulmonar e edema pulmonar, broncodilatadores, sedativos e antibióticos. SOLVENTES 1. HIDROCARBONETOS ALIFÁTICOS HALOGENADOS Solventes industriais, desengordurantes e produtos de limpeza. Grupo muito comum utilizadonas indústrias. Tetracloreto de carbono, clorofórmio, tetracloroetileno Mecanismo de ação e efeitos clínicos: Experimentalmente provocam depressão do SNC, lesão hepática e renal. O clorofórmio foi amplamente utilizado como anestésico. Ainda não foram determinados os efeitos potenciais da exposição a longo prazo de baixos níveis em seres humanos. Tratamento: Não existe tratamento específico para a intoxicação aguda. O tratamento depende do sistema orgânico afetado. 2. HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS o BENZENO Amplamente utilizado como solvente, agudamente provoca depressão do SNC e a exposição a 7.500 ppm por 30 min.pode ser fatal. VLL – TMP: 0,5 ppm; VLL – LECP: 2,5 ppm Efeitos clínicos: Os primeiros sintomas da intoxicação são: cefaléia, perda do apetite e fadiga. A exposição crônica ao benzeno pode resultar: Anemia aplásica, leucopenia, trombocitopenia. Dados epidemiológicos indicam incidência aumentada de leucemias em trabalhadores. Mielotóxico. o TOLUENO Depressor do SNC, não possui propriedades mielotóxicas. A exposição de 800 ppm pode resultar em fadiga intensa e ataxia e a 10.000 ppm pode provocar rápida perda da consciência. O efeito crônico da exposição a longo prazo ao tolueno não estão bem definidos. Cola de sapateiro – Estado de euforia (depressão das áreas corticais) na fase inicial da intoxicação. 3. INSETICIDAS o HIDROCARBONETOS CLORADOS DDT, Hexacloretos de benzeno, Ciclodienos, Toxafenos. Inativação do canal de sódio das membranas excitáveis impedindo a propagação do potencial de ação levando a descarga repetitiva da maioria dos neurônios. Estimulação do SNC: tremores, convulsão. Tratamento sintomático o ORGANOFOSFORADO Bem absorvidos pela pele, Trato respiratório e TGI, de metabolismo rápido. Age fosforilando o sítio de ação da colinesterase bloqueando a acetilcolinesterase. Alguns dos agentes possui atividade colinérgica direta ou seja, age diretamente no receptor muscarínico pós ganglionar levando a alterações neurocomportamentais e cognitivas. Não existe tratamento específico para os efeitos neurotóxicos. Tratamento de escolha = Atropina! METAIS PESADOS Importante: fazem bioacumulação. Exposição a longo prazo é importante. 1. CHUMBO Toxicologia ocupacional Farmacocinética: Absorção lenta e uniforme.Tanto pelas vias respiratória e gastrointestinal. Pouco absorvido pela pele (orgânico) já o chumbo inorgânico possui uma boa absorção pela pele. Quando cai na corrente sanguínea após a absorção liga-se aos eritrócitos e se difundem pelos tecidos moles: medula óssea, fígado, rim, músculos e gônadas. Papel importante nas gestantes pois atravessa a barreira placentária. Principal via de eliminação renal principal. Obs: não acumula no tecido adiposo pois o mesmo não é tão vascularizado. Farmacodinâmica: inibe a atividade enzimática e bloqueia reações enzimáticas. Interfere na ação de cátions essenciais (interfere por competição devido sua valência). Altera a estrutura das membranas celulares e de receptores Ação sobre os sistemas: SNC: efeitos neuro-comportamentais, irritabilidade, perda do libido, comprometimento da coordenação visual–motora e neuropatia periférica. Intoxicação aguda, grave, de altas doses Sangue: Anemia microcítica e hipocrômica (relacionada a produção/síntese – medula óssea – interfere na eritropoiese confundindo os sintomas com anemia carencial), aumento na fragilidade osmótica do eritrócito (ligação do chumbo a membrana do eritrócito). Presença de pontilhado basófilo no sangue periférico. Rins: Fibrose intersticial renal e nefrosclerose, artrite gotosa e elevação na pressão arterial. Órgãos Reprodutores: toxina para a função reprodutora. Em homens produz oligospermia severa (diminuição do número de espermatozoides). Em mulheres grávidas pequenas quantidades de chumbo podem interferir no desenvolvimento neurológico do feto. TGI: perda do apetite, dor abdominal intensa, constipação e raramente diarreia. Sistema cardiovascular: Hipertensão. Principais formas de intoxicação do chumbo inorgânico: AGUDA: Inalação industrial de Óxido de Chumbo, ingestão de tinta (principalmente por crianças). Inicio abrupto dos sintomas requer dias ou semanas e o diagnóstico é difícil podendo ser confundido com: apendicite, úlcera, pancreatite, ou meningite. A manifestação subaguda muitas vezes é confundida com doença viral do tipo gripal. CRÔNICA: Apresenta achados multissistêmicos: anorexia, fadiga, mal estar, cefaleia, queixas neurológicas, dificuldade de concentração, irritabilidade. O diagnóstico é feito pela determinação de Pb no sangue. Nos EUA, a presença de níveis superiores a 10 g/dL recomenda-se investigação criteriosa. Principais formas de intoxicação por chumbo orgânico: Causado por chumbo tetraetil e tetrametil. O Pb orgânico é volátil e Lipossolúvel. Absorção pela pele e trato respiratório Produto do metabolismo hepático é responsável pelo envenenamento agudo. O envenenamento crônico e raro. Tratamento: Pb inorgânico: Chumbo absorvido por via oral (corrente sanguínea e TGI) Interrupção imediata da exposição. A encefalopatia é uma emergência médica. Suporte intensivo com anticonvulsivantes. Edema cerebral: corticosteróides e Manitol. Evitar hiperidratação. Terapia de quelação: edetato dissódico de cálcio (CaNa2EDTA): 1500 mg/m 2/dia. Evitar corticoide pois existe retenção hídrica levando ao aumento dos sintomas no quadro cerebral. Há controvérsias neste tratamento. Pb orgânico: descontaminação da pele. Evitar qualquer exposição adicional. Uso apropriado de anticonvulsivantes e terapia de quelação empírica na presença de concentração elevada de Pb circulante. 2. ARSENICO Elemento natural, algumas regiões do mundo o lençol freático pode conter altos níveis de arsênico. Os arseniacais orgânicos foram os primeiros antibióticos utilizados. Produtos industriais farmacêuticos. Farmacocinética: Bem absorvido pela respiratória e trato gastintestinal. A absorção percutânea é limitada. A maior parte do arsênico absorvido sofre metilação hepática. Seus metabólitos e o arsênico residual sofre eliminação renal. Farmacodinâmica: Exerce seu efeito tóxico ao inibir as reações enzimáticas em diversos sistemas. O gás arsina que é oxidado in vivo exerce potente efeito hemolítico.Também interrompe a respiração celular em outros tecidos. Principais formas de intoxicação AGUDA: Cardiovasculares: choque e arritmias. SNC: Encefalopatia e neuropatia periférica e coma. Trato gastrintestinal: gastrenterite O tratamento baseia-se: descontaminação intestinal adequada. Cuidados de suporte intensivos. Quelação imediata com dimercaprol (3-5 mg/Kg) a cada 4-6 horas. Principais formas de intoxicação CRONICA: Sintomas constitucionais: fadiga, perda de peso, anemia. Queixas gastrintestinais, neuropatia periférica sensório-motora. Alterações cutâneas: hiperpigmentação em gotas de chuva, hiperqueratose acometendo as palmas das mão e plantas dos pés. Doença vascular periférica e hipertensão. Os níveis urinários de arsênico total deve se normalizar ( ≤ 50g/24h) dentro de algumas semanas após a interrupção da exposição. Envenenamento por gás arsina: Profundos efeitos hemolíticos. De 2 a 24 horas após inalação: cefaléia, dispnéia, nauseas, vomitos dores abdominais, icterícia e hemoglobinúria. Insuficiência renal oligúrica. O tratamento baseia-se: Cuidados de suporte intensivos, transfusões sanguíneas, diurese alcalina forçada (furosemida + bicarbonato) e hemodiálise. Os agentes quelantes não tem ação. 3. MERCURIO Único metal líquido em condições normais. Obtido predominantemente na formade HgS. E de grande utilização industrial. Produção de tinta e pigmentos, amalgma dentário e refinação do ouro.Bioacumulação em sistemas biológicos. Farmacocinética: O mercúrio elementar é muito volátil e pode ser absorvido pelos pulmões e pouco absorvido pelo TGI intacto. Absorção percutânea de todos os tipos de mercuriais é limitada, de distribuição rápida e maior concentração nos rins. O Hg inorgânico é excretado principalmente pela urina dentro de poucos dias. Retenção no cérebro e rins por vários anos. Ligam-se a radicais sulfidrilas em tecidos queratinizados. Farmacodinâmica: O Hg interage com grupos sulfidrila in vivo. Inibindo as enzimas e alterando as membranas celulares. Principais formas de intoxicação. AGUDA: Inalação aguda de vapores de Hg: Pneumonite química e edema pulmonar não cardiogênico, gengivoestomatite, sequelas neurológicas Ingestão de sais de mercúrio inorgânico: Gastroenterite hemorrágica, necrose tubular e insuficiência renal. Principais formas de intoxicação CRÔNICA: Inalação de vapores de Hg: Tríade: tremor, disturbio neuropsiquiátrico, Gengivoestomatite Intoxicação por metilmercúrio: SNC: parestesia, ataxia, distúrbios auditivos Tratamento: Exposição aguda: Tratamento suporte intensivo, quelação aguda com dimercaprol Exposição crônica: Succimer, D-penicilamina e DMPS aumentam a excreção urinária.
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