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Resumo Garjadoni pro civil 2

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INTENSIVO 2 
24/01/14
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
FERNANDO DA FONSECA GAJARDONI
CAPÍTULO 1. PROVAS EM ESPÉCIE
1. Depoimento pessoal 
1.1. Conceito e finalidades 
	É a oitiva das próprias partes no processo. Tem dupla finalidade: colheita de impressões pessoais pelo magistrado e a obtenção de confissão. 
1.2. Distinção necessária que deve ser feita entre interrogatório judicial e depoimento pessoal
	Interrogatório judicial (art. 340, I + 342) é o ato pelo qual o juiz busca obter esclarecimento das partes na audiência. Características:
Ele é feito de ofício,
Pode ser realizado a qualquer momento no processo, 
Apenas o juiz pergunta, 
Não implica confissão (pois só visa o esclarecimento), 
Pode ser prestado por incapaz
	Depoimento pessoal (art. 342 e §§) é um meio de prova. Características:
Depende de requerimento da parte contrária (não pode ser de ofício),
Pode gerar confissão,
O juiz e a parte adversa perguntam, 
Só acontece na audiência de instrução e julgamento 
1.3. Casuística do depoimento pessoal 
	Casuística é a análise do caso.
Não é possível o requerimento do próprio depoimento pessoal, tampouco receber perguntas do advogado que patrocina o depoente. Também não se pode pedir o depoimento pessoal do seu litisconsorte. Busca-se, com isso, evitar “armações”, “teatrinhos”. 
Cabível o depoimento pessoa de pessoa jurídica. Contudo, a pessoa jurídica deve fazê-lo através de um preposto ou administrador que tenha conhecimento dos fatos e, além disso, tenha poderes de confessar (STJ, Resp 191.078-MA).
Recusa ao depor (recusa de depor) – há duas espécies:
Direta (art. 345, 1ª parte)
Indireta: quando a parte perguntada responder através de evasivas (art. 345, 2ª parte). Ex.: médico que fica usando termos médicos complexos, ao invés de termos comuns. A parte intimada a depor, sob pena de confissão, que não comparece (art. 343, 2ª, parte). Havendo a recusa, em todos estes casos, a parte sofre como consequência a pena de confissão. 
Hipóteses legais em que estará autorizada a recusa a depor, portanto, não haverá confissão (art. 347, CPC, mas elas foram ampliadas pelo art. 229, CC).
Falso depoimento pessoal: não configura crime, salvo se implicar denunciação caluniosa. O princípio da autopreservação protege a parte. Contudo, não afasta a possibilidade de serem aplicadas sanções por litigância de má-fé (art. 17, II, CPC). 
2. Confissão (art. 348 a 354, CPC)
2.1. Conceito (art. 348, 1ª parte)
	É a admissão de um fato contrário ao próprio interesse. Pode ocorrer judicial ou extrajudicialmente. Não se trata da admissão da consequência jurídica deste fato. Bati no carro (fato – confissão) + dei causa ao acidente (consequência jurídica) = reconhecimento jurídico do pedido. 
	A confissão não é vinculante, é meio de prova e livremente valorada. O reconhecimento jurídico é vinculante.
	A confissão é um ato jurídico, é uma manifestação de vontade, não é um negócio jurídico. A rigor, está no capítulo dos meios de prova, mas na verdade não o é, trata-se de resultado de outros meios, como: depoimento pessoal e prova documental. 
2.2. Condições para a admissibilidade da confissão (validade)
Que o fato confessado seja pessoal e próprio (se for fato de terceiro é testemunho);
O fato confessado tem que ser relativo a direito disponível (art. 351, CPC). Se for confissão de direito indisponível, o juiz pode até considerar, mas sem o efeito da confissão; 
Capacidade civil do confidente – só maiores e capazes, se não houver capacidade civil do confidente não haverá confissão (art. 213, CC);
2.3. Espécies de confissão 
Judicial: art. 349, CPC
Espontânea – é feita voluntariamente pela parte, pode ser: por escrito (confessar na contestação), de forma oral (tem que ser reduzida a termo)
Provocada – é feita de modo não espontâneo. A parte não ia confessar, não tinha este interesse, e pode ser: real (a parte está na audiência e não ia confessar, mas foi pressionada e ai confessou) ou ficta (art. 343, §2º - é aquela que a parte não comparece ao depoimento pessoal). 
Extrajudicial: art. 353, CPC
Escrita para parte contrária – ex.: mando e-mail para o meu adversário dizendo que devo, mas que não sei quando pagarei. Tem o mesmo valor jurídico da confissão judicial. 
Escrita para terceiros ou oral – um médico manda e-mail para cologa dizendo que errou naquele caso X, ou então ele confessa , neste caso, o valor jurídico será livremente valorado pelo juiz. 
2.4. Casuística
Confissão nos casos de litisconsórcio. Se for litisconsórcio simples, a confissão de um não prejudica o outro, vez que a decisão do processo pode ser diferente entre os litisconsortes (art. 48, CPC). Se for litisconsórcio unitário (decisão tem que ser igual para todos), a confissão só tem efeitos (válida) se todos os litisconsortes a praticarem (art. 350, parágrafo único, CPC). 
Indivisibilidade da confissão (art. 354, CPC): a parte não pode aceitar a confissão sobre a parte que lhe interessa e não aceitar quanto a parte que não interessa. Exceção: será possível a cisão na hipótese em que a confissão contiver fundamento que, por si, pode autorizar demanda autônoma ou reconvenção do confidente contra a parte contraria (confissão complexa). Ex.: realmente peguei o dinheiro, mas você me deve (confessei a dívida e posso demandar contra a parte, já que ela me deve).
3. Exibição de documento ou coisa (art. 355 a 363, CPC)
3.1. Mecanismos de obtenção da prova documental no DPC brasileiro
	Existem três mecanismos de obtenção:
Requisição judicial (art. 399, CPC) – pelo PJ de ofício, ou mediante requerimento da parte – pessoa jurídica de direito público ou privado;
Ação exibitória (art. 844, CPC) – não é uma verdadeira cautelar, apesar de esta no capítulo delas. Pode requerer que a parte contrária exiba os documentos. É uma medida preparatória (depois da vista dos documentos é que a parte decidirá se tomará alguma medida judicial com base nas informações deles).
Exibição de documento ou coisa como meio de prova – art. 355 e ss: é possibilidade de a parte, no curso do processo, requerer ao juiz que obrigue a parte contrária ou terceiro a exibir documento ou coisa. 
3.2. Dois procedimentos para a exibição de documento como meio de prova
3.2.1. Contra parte contrária (art. 353 ao 359, CPC)
	A parte que pretende o documento vai fazer o requerimento na inicial ou na contestação de modo que se trata de um incidente processual e que funciona nos mesmos autos da ação principal. 
	Este adversário vai ser intimado na pessoa do advogado para que ele responda ou exiba em 5 dias. O juiz vai decidir se deve ou não exibir através de uma decisão interlocutória, e desta caberá agravo de instrumento. 
	Ônus de exibir – 359, CPC. Há uma presunção de que aquilo que estou afirmando é verdade. Ônus é uma conduta cujo cumprimento não pode ser imposto, mas se não cumprir, haverá um prejuízo.
3.2.2. Contra terceiro (art. 360 – 362, CPC)
	O terceiro nada tem haver com o processo. 
	É preciso uma petição inicial em separado, pois não há ai uma parte. E ai ela vai em apenso. Aqui trata-se de um processo incidente (ou incidental), e por isso, tem uma certa autonomia, ele é, na verdade, uma ação de obrigação de fazer contra terceiro.
	O terceiro será citado para responder ou exibir em 10 dias. O juiz vai decidir por meio de uma sentença, pois é uma obrigação de fazer contra terceiro, e contra ela caberá apelação.
	Dever de exibir (e não ônus) – o não cumprimento não gera presunção de veracidade (art. 359), mas pode o terceiro ser coagido a exibir com base no art. 461, CPC, bem como com base no art. 362. 
3.3. A súmula 372, STJ
	“Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória.” Art. 844, CPC. 
	Razão: porque na ação posterior o juiz aplicará uma medida muito mais prática: a presunção de veracidade do art. 359, CPC. 
	Atenção: 1º) o STJ entende que essa súmula também é aplicável nos casos de exibição como meio de prova, contra a parte (art. 355/359, CCP). 2º) o problema é que muitas vezes, o próprio autor daação não sabe o conteúdo do documento que queria a exibição, de modo que não é possível aplicar o art. 359 do CPC (saldo). 
4. Prova documental (art.364 a 399, CPC)
4.1. Conceito 
Representação em suporte material de um fato (papel, CD, pedra talhada, foto, vídeo, gravação de áudio, gravação de vídeo, esculturas)
4.2. Classificação
a) autografa (emitida pela própria parte ou heterografa (emitida pro terceiro)
b) pública (art. 364 a 366, CPC – é qualquer documento emitido por autoridade pública, e não somente tabeliães, ex.:BO, certidão do antecedente do judiciário). Tem maior valor probante. Privado ou particular (art. 368, CPC) não tem participação de uma autoridade publica, ex.: recibo, fotos, gravações de áudio, gravações de vídeo, tem um menor valor probante
c) dispositivos/negociais (emite uma declaração de vontadade, ex.: escritura pública, contratos em geral). Testemunhais/declarativos/narrativos (emite apenas uma informação de um fato). 
4.3. Arguição da falsidade documental (art. 372, 387, 388, 389 e 390-395, CPC)
a) Vias para arguição: existem três maneiras de, no curso do processo, arguir:
Simples afirmação incidental no processo, sem coisa julgada e pode ser apresentada a qualquer tempo, embora seja recomendável fazer na primeira oportunidade. 
Apresentar a cão delcaratoria de falsidade documental, prevista no art. 5º e 325, CPC e se trata literalmente de uma ação incidental que corre perante a própria ação em que o documento falso foi apresentado. Aqui há coisa julgada.
Ação autônoma de declaração de falsidade de documento (art. 4º, CPC), terá coisa julgada. 
b) Ação declaratória de falsidade documental (art. 5º e 325, CPC) (art. 390 e ss. CPC)
Cabimento: na doutrina prevalece o entendimento de que só cabe o incidente na falsidade material (o documento é formalmente falso, ex.: falsidade da assinatura). Não caberia na falsidade ideológica porque nela o documento é verdadeiro, mas o conteúdo é falso (ex.: compra e venda simulada) de modo que não se pode fazer perícia para se determinar isso (utiliza-se outros meios de prova). 
Resp 1.024.640/DF e Resp 354.529/MT tem admitido a declaratória incidental de falsidade, também, para a falsidade ideológica, mas desde que observadas duas condições:
1) o documento tem que ser de caráter declarativo/testemunhal (ex.: recibo, BO), não cabe nos documento negociais 
2) a decisão não pode implicar em desconstituição de situação jurídica (ex.: não caberia ação declaratória de falsidade ideológica para declarar que não houve quitação em vista dela ter sido obtida por simulação, porque neste caso houve desconstituição de situação jurídica). 
5. Prova testemunhal (art. 400 a 419, CPC)
	É o interrogatório de terceiro. 
5.1. Hipótese de não cabimento 
	Regra geral, ela é sempre admitida. Mas há duas hipóteses em que não caberá: art. 400, I e II. 
II  Por documento = prova legal, art. 366 do CPC e 108, CC; por perícia = questões técnicas. 
	Art. 401, 402 e 403 = limitações à prova testemunhal. 
401 = exclusivamente testemunhal não pode;
402 = se não houver nenhum outro documento que inicie a prova
5.2. Capacidade para testemunhar (art. 405, CCP e 228, CC)
	Regra geral, qualquer pessoa pode testemunhar. Exceções: 
Incapazes (art. 405, §1º, CPC);
Pessoas impedidas (art. 405, §2º, CPC) – presunção absoluta de parcialidade no testemunho, é um critério absolutamente objetivo. Atenção: art. 409, CPC – juiz como testemunha
Suspeitos (art. 405, §3º, CPC) – é uma presunção relativa de imparcialidade, cabe a quem está impugnando provar o contrário. São critérios subjetivos.
As testemunhas impedidas e suspeitas (não as incapazes) podem ser ouvidas como informantes do juízo, sem compromisso de dizer a verdade, quando for estritamente necessário (art. 405, §4º, CPC) . 
5.3. Arrolamento e limite das testemunhas a serem ouvidas
Procedimento sumário: art. 276 e 278, CPC – o arrolamento é na inicial e na contestação, sob pena de preclusão (Resp 698.598/RR, STJ: se o juiz converter de ofício a ação do rito ordinário para o sumário, deverá franquear prazo para que o autor arrole testemunhas;
Procedimento ordinário: art. 407, CPC. Prazo: 10 dias, é um prazo regressivo. Quem fixa o prazo ára arrolar é o juiz, na omissão são 10 dias, mas o prazo é regressivo e conta da data da audiência designada para trás. 
5.4. Produção da prova testemunhal (art. 413 a 417, CPC)
Princípio da imediação: art. 413, CPC – o juiz é quem colhe os depoimentos.
Contradita de testemunhas e momento: art. 414, §1º - a contradita é a arguição da incapacidade, impedimento ou suspeição da testemunha para depor. Ela é feita mediante afirmação e provas (até 3 testemunhas). É decidido na própria audiência e antes da oitiva da testemunha. Da decisão proferida em audiência cabe agravo retido e obrigatoriamente oral (art. 523, §3º). 
Sob pena de preclusão a contradita deve ser feita logo após a qualificação da testemunha e antes do início do seu depoimento. 
Falta da advertência do art. 415, CPC – se trata de mera irregularidade que, além de não comprometer a validade do testemunho não impede que a testemunha que falseou a verdade responda criminalmente (STJ). 
	11/06/14
Bibliografia:
Corrente majoritária:
Humberto Theodoro Jr.
Dinamarco 
Garjadoni
Corrente minoritária:
Ovídio baptista vol. 3
Marinoni 
PROCESSO CAUTELAR
1. Conceito
	Existem 3 tipos de processo:
Processo de conhecimento (livro I) – tem o objetivo de declarar o direito. Quer declarar quem está certo e quem está errado. 
Processo de execução (livro II) – tem a finalidade de satisfazer o direito previamente declarado, seja com título judicial ou extrajudicial. 
Processo cautelar (livro III) – tem duas posições:
	1ª) Majoritária – (STJ, Dinamarco, HTJr., Calmon de Passos, Garjadoni, Galeno Lacerda) o escopo de garantir a eficácia do processo dito principal (conhecimento ou execução). A natureza do processo cautelar é puramente instrumental, o processo cautelar não teria fim próprio, ele seria um processo com único fim de garantir a eficacia da ação principal
	É um processo “mordomo”, só existe se “houver patrão”. 
	Cautelar de produção antecipada de provas – fazer com que uma prova seja produzida antes do momento próprio porque ela tem o risco de perecer. Pede-se a oitiva imediata da testemunha. Esta cautelar busca conservar a prova colhida para que depois, numa ação principal, possa ser debatida. Ela garante a eficácia da ação principal de conhecimento. 
	Cautelar de arresto – uma vez, havendo risco de dilapidação patrimonial, pode a parte pedir o arresto para proteger o bem, e, depois, na ação principal ele ser expropriado/penhorado.
	2ª) Minoritária – (Pontes de Miranda, Ovídio Baptista, Marinoni) tem por objetivo tutelar provisoriamente o próprio direito material, ou seja, a cautelar tem por fim proteger o direito suposto, tratar-se-ia portanto de um processo de natureza substancial, um processo com fim próprio. 
	A cautelar de arresto não garante eficácia do processo principal. Ela protege provisoriamente o próprio crédito, o próprio direito material em si mesmo. 
	Produção antecipada de provas esta protegendo provisoriamente o próprio arrendamento mercantil e não o arrendamento que vem depois. 
	Na posição 1 o processo cautelar tem menos importância do que na posição 2.
Atenção: Contudo, ambas as posições estão de acordo em dois pontos: 
O berço das cautelares é a CF (art. 5º, XXXV, CF) – a cautelar não tem como acabar no Brasil, pois seu berço é constitucional, quando fala em “ou ameaça de direito”. O novo CPC propõe acabar com as cautelares típicas: arresto, sequestro, apreensão;
A cautelar tem natureza conservativa e não satisfativa, tutelando as iniquidades do tempo do processo. Faz com que a demora não viole o direito da parte. 
2. Cautelares satisfativas?
	Quando da elaboração do CPC de 1973, quando não havia tutela antecipada genérica do art. 274, que só veio em 1994, foram inseridas no livro III uma série de medidas de conhecimento, execução e jurisdiçãovoluntária que, por conta da urgência, necessitavam de pronta tutela. Assim, na medida em que se valessem do rito das cautelares do livro III, essas medidas atenderiam a tempo o interesse das partes. É o caso da busca e apreensão de menor arrebatado do guardião (art. 839 execução para entrega de coisa) e da ação exibitória (art. 844 – conhecimento – obrigação de fazer). O fato, entretanto, dessas medidas estarem no livro III, não as tornam verdadeiramente cautelares, motivo pelo qual não tem ação principal, pois elas já são a ação principal. A elas a jurisprudência vem dando, equivocadamente, o nome de cautelar. 
	Art. 844, CPC – cautelar de exibição: direito que a pessoa tem de ter a exibição de documento ou coisa. Mas isso não é cautelar, isso é na verdade uma ação de obrigação de fazer. Só está inserida como cautelar porque buscava a celeridade.
	Art. 839, CPC – ação cautelar de busca e apreensão. Tem uma feição não cautelar, ex.: tenho a guarda de meu filho e a ex mulher pega o filho para passear e some, ai entro com busca e apreensão para que o judiciário tome meu filho e me devolva. Depois que ele é devolvido, o que é que eu faço? Mais nada. Por conta da celeridade é que ele está inserido no livro III. 
3. Regime das tutelas sumarias (rápidas) (verossimilhança) no CPC/73
	Existem três tutelas sumárias no CPC:
Tutela cautelar (livro III) – é uma tutela conservativa e provisional (provisória);
Tutela antecipada (273 – livro I) – é uma tutela satisfativa provisional;
Tutela satisfativa autônoma (livro III) – não depende de uma outra ação (ex.: exibição, busca e apreensão), é uma tutela satisfativa e que não depende de ação principal para reafirmá-la. São as cautelares satisfativas da jurisprudência, os processos de conhecimento, execução e jurisdição voluntária inserido no livro III do CPC. 
4. Ação cautelar x Processo cautelar x Medida cautelar 
	Ação cautelar é o direito de pedir para o Estado a garantia da ação principal. 
	Processo cautelar é o instrumento para a tutela de direitos. É através dele que se postula o direito. 
	Medida cautelar é o provimento, é o que se obtém do Estado, é o pronunciamento do Estado. 
	Através do processo cautelar se exerce a ação cautelar, obtendo medida cautelar.
	Momentos da obtenção/concessão da medida cautelar: 
Final – é dada na sentença;
Liminar – Nada impede que o juiz dê a medida cautelar liminarmente. Esta é a medida concedida antes da sentença. 
Liminar x cautelar x tutela antecipada
Cautelar – Guarda para que decida de quem é.
TA – Da para ser usada desde logo. 
Liminar é tudo que vem antes do momento próprio, tudo que é dado antes da sentença, seja conservativo ou satisfativo.
5. Sujeição das cautelares, subsidiariamente, ao livro I do CPC
	Quando o livro III não trouxer regras, vai para o livro I. 
6. Características
Autonomia ritual – elas têm autonomia ritual porque têm um procedimento próprio (PI, citação, etc...). Elas são feitas em apenso, tal como o processo principal
Atenção: é possível, à luz do art. 273, § 7º, CPC, renunciar a autonomia ritual das cautelares incidentais e requerê-las diretamente na ação principal. Ex.: divorcio e nesta PI pedir a separação de corpos. Inclusive, esta é a proposta do novo CPC, onde as cautelares incidentais deverão ser pedidas na ação principal. 
Acessoriedade – A cautelar só existe em função da principal (art. 796, 2ª parte e 809, CPC). 
Atenção: Para Ovídio não existe esta característica, já que a cautelar tem um fim próprio. Para eles esta característica é a referibilidade, ela se refere a outra ação. 
Dupla instrumentalidade (Calamandrei) – a cautelar é um processo para garantir a eficácia de outro processo, ou seja, é um instrumento para garantir um outro instrumento. Logo, a cautelar, por ser processo, é instrumento, que, entretanto, garante a eficácia de outro processo/instrumento.
Atenção: para a teoria do Ovídio, como a cautelar tem fim próprio não existe essa característica. 
Urgência – é a principal característica das cautelares. É a única que sempre estará presente nas cautelares, se ela não estiver presente será outra coisa, mas não cautelar. Todas as genuínas cautelares, sem exceção, são fundadas no periculum in mora. 
Nem sempre esta nas TA, na tsa tem periculoum, mas não é sempre.
Atenção: para os “ovidianos” essa característica é a da preventividade. 
Sumariedade da cognição – cognição é a matéria de conhecimento pelo julgador 
Plano horizontal – verifico a extensão das matérias cognoscíveis pelo juiz 
Plena: a parte pode alegar tudo e o juiz pode analisar tudo. É a regra geral. Esta cognição ganha em justiça. 
Limitada: o legislador vem e não permite que a parte alegue determinadas matérias, o legislador corta algumas matérias por conta de celeridade, processo. Art. da consignação em pagamento (1836, CPC), não pode alegar teoria da imprevisão, justiça, contrato não cumprido. Art. 475-L: o réu só pode alegar as matérias determinadas. Esta cognição limitada ganha em celeridade.
Vertical - Profundidade com a qual o juiz conhece ou aprecia as matérias alegáveis
Exauriente: o juiz investiga a fundo. Tem menos celeridade, mas ganha em segurança. 
Sumária: O juiz analisa superficialmente a questão. É a cognição que trabalha com probabilidade, verossimilhança. Ex.: tem que bloquear os bens do devedor antes que ele suma com tudo. Prefere a celeridade à segurança. 
Inexistência de coisa julgada material (art. 810, CPC) – é consequência da sumariedade da cognição. Em virtude da cognição sumária, as sentenças do processo cautelar não se sujeitam à coisa julgada material. Todavia, há duas exceções: reconhecimento de prescrição e decadência (casos em que haverá coisa julgada) – a justificativa para isso é a economia processual. 
 Atenção: por questão de política legislativa, porem sem relação com a CJ, o art. 809, parágrafo único, CPC, impede a repropositura de cautelar extinta com base no mesmo fundamento. Mulher vítima de agressão do marido que pede separação de corpos, na audiência o casal se reconcilia e a mulher desiste da ação. 
Ex.: A mulher volta para casa e se arrepende do perdão, e pede a separação de corpos com base na agressão sofrida na ação anteiro. Isso não será possível. Ela não terá direito à separação de corpos. E se ela apanhar de novo? É um novo fundamento, e ai poderá. !!!!!!!!!!
Provisoriedade ou precariedade (art. 807, 1ª parte): duram até a decisão da ação tida por principal. 
Atenção: Os “ovidianos” nominam essa característica como sendo temporariedade. 
Revogabilidade ou mutabilidade (art. 807, 2ª parte) – a liminar cautelar pode ser cassada.
Fungibilidade entre as cautelares – elas são passíveis de serem recebidas umas pelas outras, tal qual ocorre entre todas as tutelas de urgência, art. 273, §7º, CPC. 
7. Poder geral de cautela do juiz (art. 798/799, CPC)
	a) Conceito: É o poder supletivo e integrativo de eficácia global da atividade jurisdicional, fundado no art. 5º, XXXV, CF, através do qual o legislador confia ao juiz o poder de conceder medidas cautelares não previstas em lei, desde que presentes os requisitos gerais das cautelares: verossimilhança (fumus) e periculum (urgência). Daí porque o poder geral de cautela do juiz é o berço das cautelares atípicas ou inominadas. 
	b) O poder geral de cautela do juiz também pode ser empregado para a concessão de tutelas satisfativas autônomas (TSAs) não tuteláveis por outros procedimentos previstos em lei; 
Ex.: caso das testemunhas de Jeová e transfusão de sangue
	c) Vários autores tem sustentado – e o novo CPC encampa a tese – que é sem sentido a manutenção das cautelares típicas/nominadas diante da existência de tão amplo poder geral de cautela.
	d) Providências: art. 799, CPC – rol exemplificativo. Poderá ainda suspender deliberações, ordenar a guarda privada, a restrição de direitos, etc... 
	e) Casuística à luz do STJ: expansionismo do conteúdo do poder geral de cautela. 
Cautelar inominada de sustação de protesto;
Cautelar inominada de suspensão das deliberaçõessociais;
Obtenção de medidas de urgência (cautelares ou antecipatórias) junto a juízo absolutamente incompetente (traslatio judicii). Após o cumprimento, a decisão fica sujeita a retificação ou ratificação pelo juízo competente;
Cautelar inominada para dar efeito suspensivo a recurso que não o tenha (art. 520, parágrafo único c/c 558, parágrafo único, CPC) (art. 497, CPC c/c súmula 634 e 635, STF);
Cautelar inominada para destrancamento de recursos legalmente retidos. (art. 542, §3º, CPC).
Além dos limites naturais ao exercício do poder geral de cautela do juiz (fumus e periculum), há outros? Há três posições:
Dominante: STJ – não há (STJ, Resp. 123.659/PR e 753.788/AL). Na medida em que há fumus e periculom, o juiz pode conceder cautelares previstas pelo legislador, mas sem prova dos requisitos por ele exigidos. 
Arresto: requisitos – prova escrita da dívida e prova da dilapidação. 
Há um único limite: Garjadoni – expressa vedação legal ao uso do poder geral de cautela do juiz (expressa vedação legal ao exercício do pgc do juiz – art. 1º da lei 8437/92 e art. 7º, §2º da lei 12016/09). Crítica: o legislador não poderia limitar algo que tem berço constitucional. 
Foto/gravador - Próprios a preencher
8. Requisitos para a obtenção da tutela cautelar
Fumus boni iuris – probabilidade do direito afirmado ser verdade, não se exige certeza. 
Periculum in mora – é a urgência, é a principal característica da cautelar. A lei fala em risco de dano grave ou de difícil reparação.
Periculum in mora inverso – é a análise da irreversibilidade da medida ou insuficiência dela, caso seja concedida a cautelar. É uma análise do periculum in mora sob a ótica do réu. O STJ afirma que a análise pode ser feita sob o ponto de vista do réu. É um requisito negativo, ou seja, ele não pode estar presente, havendo periculum in mora inverso, o juiz não concede a cautelar. 
Alerta: tem prevalecido o entendimento de que esses requisitos compõem o mérito do processo cautelar, de modo que se estiverem ausentes no ajuizamento (para fins de concessão da liminar), o processo deve prosseguir para que possam ser provados até a sentença (final). Se fosse condição da ação, ausentes o fumus e o periculum o caso seria de extinção sem mérito. 
Exceção: nas cautelares inominadas para dar efeito suspensivo a recurso que não o tenha, o STJ e o STF entendem que ausentes fumus e periculum, o caso é de extinção sem mérito. 
	12/06/14 – aula telepresencial 16
9. Classificação do processo cautelar
9.1. Quanto à atuação sobre a esfera jurídica alheia
Constritivas – são aquelas cautelares que causam restrições a bens ou direitos da parte adversa. O juiz concede a cautelar e a parte contraria acaba sofrendo alguma restrição nos seus bens ou direitos, ex.: arresto (implica em bloqueio dos bens do devedor), sequestro, separação de corpos (afasta um dos cônjuges do lar comum), suspensão de deliberações sociais.
Meramente conservativas ou não constritivas – uma vez deferida não causam restrições a bens ou direitos da parte adversa. Ex.: produção antecipada de provas, arrolamento meramente descritivo. 
Atenção: É pacífico o entendimento de que apenas nas cautelares constritivas:
1º) Há prevenção para a ação principal;
2º) Devem obediência ao art. 806, CPC (30 dias a contar da efetivação da medida, e não do deferimento), cujo descumprimento gera a extinção do processo cautelar (súmula 482, STJ). Com isso busca se evitar o comodismo de quem foi beneficiado com a medida. 
Alguns tribunais são mais flexíveis com esse prazo de 30 dias quando a cautelar for relativa a direito de família – súmula 10 do TJRS. 
9.2. Quanto ao momento (art. 796, CPC)
Preparatórias ou antecedentes (antes da ação principal)
Incidentais (depois da ação principal). Há vários autores a sustentar que elas devem ser pedidas no bojo da própria ação principal (art. 273, §7º, CPC). 
9.3. Quanto à tipicidade (previsão legal)
Inominadas ou atípicas (sem previsão legal – o juiz as defere porque elas derivam do poder geral de cautela do juiz do art. 798, CPC) – rito comum das cautelares (arts. 801 a 803, CPC)
Nominadas ou típicas (com previsão legal – o legislador previamente descriminou) 
Com rito próprio (art. 813 a 877, CPC) – aqui se interem várias tutelas satisfativas autônomas;
Sem rito próprio (art. 888 e 889, CPC) – o inciso VI prevê a separação de corpos, e como não têm rito, utiliza-se o rito comum das cautelares (art. 801 a 803, CPC). 
10. Competência 
10.1. Cautelar preparatória (ou antecedente – vem antes da ação principal)
Art. 800, 2ª parte, CPC – é feito com base num prognóstico, de acordo com a CF e CC, de quem será o juízo competente para a ação principal. Ex.: separação de corpos – se o divórcio for ajuizado, a competência é a do domicilio da mulher na justiça estadual; um cheque foi meu protestado, ai entro com cautelar de sustação do protesto – a principal é uma anulação do título, é justiça estadual e deve ser ajuizado no lugar de seu cumprimento (art. 100, IV, CPC).
Se a cautelar preparatória for constritiva, haverá prevenção do juízo da cautelar para a ação principal, isso é uma hipótese de competência funcional, e, portanto, absoluta nos termos do art. 113, CPC. 
ATENÇÃO: a incompetência relativa (geralmente territorial) da cautelar deve ser arguida na própria cautelar (5 dias), sob pena de o juízo relativamente incompetente da cautelar ver sua competência prorrogada, inclusive para a futura ação principal, para a qual estará prevento. Ex.: marido mora em SP e a mulher em campinas, ai ele entra com separação de corpos em SP (o certo seria entrar em campinas, pois é o domicílio da mulher), mas na contestação a mulher não alega a incompetência, daí o juiz, que era relativamente incompetente tem sua competência prorrogada, e fica absolutamente competente, e ai, no futuro, quando o divórcio for ajuizado, terá que ser obrigatoriamente em SP, não poderá ser em campinas, pois houve a prorrogação da competência e o juiz de SP ficou prevento. 
10.2. Cautelar incidental 
	A previsão legal está contida no art. 800, 1ª parte do CPC, no art. 108, e também no 253, I CPC – o ajuizamento da cautelar se dá perante o próprio juiz da ação principal. 
	Art. 800, parágrafo único, CPC – este artigo tem uma falha, a ideia é a de que quando a cautelar tiver que ser requerida, ela o será no tribunal. “Interposto” – o recurso ainda está no primeiro grau, o certo seria o legislador dizer “subido” o recurso. Há erro no dispositivo, pois o que interessa para definir a competência para a apreciação da cautelar no pós sentença é se os autos da apelação já foram remetidos ao tribunal, caso em que a competência será dele. Do contrário, ainda que já interposto o recurso, a competência é do 1º grau. 
10.3. Regras especiais sobre competência nas cautelares 
1ª) Cautelar no processo arbitral (lei 9307/96)
Enquanto não constituído o tribunal arbitral – o que se dá com a aceitação da missão pelo(s) árbitro(s) – , a competência para apreciar todas as medidas de urgência (inclusive as cautelares), é do juízo estatal que seria competente para o julgamento do conflito a ser dirimido. Apreciada a medida de urgência pelo juiz estatal, uma vez que seja constituído o tribunal arbitral os autos da cautelar em curso no poder judiciário ser-lhes-ão remetidos imediatamente, ainda que a cautelar esteja no TJ, STJ ou STF (cessa a competência do PJ). Recebida a cautelar no tribunal arbitral, ele poderá, inclusive, cassar a cautela deferida pelo PJ (STJ, Resp 1.247.974/RJ). 
2ª) Cautelar (medidas protetivas) da lei Maria da Penha (arts. 18, 19, 22, 23, 24 e 33)
	Se houver vara de violência doméstica e familiar instalada, a competência tanto para a concessão dessas medidas (ex.: separação de corpos), quanto para a ação penal (lesão corporal) e a ação civil principal (divórcio) é dessa unidade, já que conforme art. 33 da lei Maria da Penha, a competência é mista. Se não houver, a competência para essas medidas cautelares (medidas protetivas) será do juiz criminal (art. 33, LMP),o que não impedirá, contudo, que a vítima também requeira tais medidas nas Varas cíveis ou de família (tem-se aqui as duas vias abertas). Mas ATENÇÃO: a ação principal (ex.: divórcio) NUNCA poderá ser julgada pelo juiz criminal que deferiu as medidas (cautelares) protetivas (ex.: separação de corpos). 
11. Procedimento cautelar comum (art. 801 a 803, CPC)
11.1. Petição inicial (art. 801 c/c art. 282-283, CPC)
a) O inciso I e II não são novidades, em toda inicial eles têm que constar. O inciso III não está falando da lide cautelar, ele quer dizer o indicativo de qual será a ação principal. Quando se tem uma genuína cautelar tem que se dizer qual é a ação principal, para que o juiz possa ter uma visualização, aferir a ação principal.
Ex.: essa separação de corpos é preparatória de um divórcio; sustação de um protesto é preparatória para uma anulação de título.
	Este inciso indica que a parte deve na inicial da cautelar, apontar qual será a ação principal, sob pena de emenda ou indeferimento da inicial da cautelar. A verdadeira cautelar sempre tem uma principal, ela tem necessariedade de uma ação de execução ou conhecimento que são principais. 
ATENÇÃO: Não se aplica essa exigência nas cautelares incidentais (pois a principal já está ajuizada, o juiz já está vendo a principal), bem como nas falsas cautelares (tutelas satisfativas autônomas, pois isso não é cautelar, não tem ação principal, a TSA é satisfativa, ela é não cautelar). 
b) IV – aqui sim se refere à lide cautelar. Quer que se indique o fumus boni iuris (a exposição sumária do direito ameaçado) e o periculum in mora (o receio da lesão), e esses são os dois requisitos de mérito das cautelares, sem eles a cautelar não será julgada. 
c) Tem que ter valor da causa – representa o conteúdo econômico da demanda, que não necessariamente é o mesmo da ação principal. Ex.: tenho uma cautelar de arresto, para arrestar um fusca 1963, que vale 1500 reais, este será o valor da causa, todavia, o valor da causa principal é 100.000 reais; 
d) É plenamente possível a cumulação de diversos pedidos cautelares no mesmo processo, observada a regra do art. 292, CPC, que diz que para que isso seja possível elas têm que ter o mesmo rito, não ser pedidos incompatíveis, juiz competente. Ex.: separação de corpos, guarda provisória de filhos, alimentos provisórios e proibição do genitor se aproximar, tudo isso numa mesma ação. 
11.2. Juízo de admissibilidade
	O juiz do caso, ao receber a inicial da cautelar, tem três opções: 
Emenda da inicial (art. 284, CPC);
Indeferir (art. 295, CPC);
Admissão da ação cautelar.
11.3. Análise da liminar (art. 804, CPC)
a) Quais os pressupostos de cabimento da liminar cautelar?	São os mesmos requisitos de mérito da cautelar (fumus e periculum), porém com o periculum mais intenso. Ex.: tira o “louco” de casa porque senão ele vai me matar, pede a separação de corpos com liminar.
b) É possível a concessão da liminar inaudita altera pars (sem a oitiva da parte contrária), contudo, essa concessão deve ser feita em caráter excepcional (só se houver comprometimento da eficácia da medida acaso o réu tome dela conhecimento). Há o contraditório diferido/postergado. 
c) O juiz pode condicionar a concessão da liminar à prévia caução (art. 804, 2ª parte) – esse valor servirá de garantia de pagamento à parte adversa pelos danos causados em virtude da concessão da liminar cautelar (art. 811, CPC – esse artigo estabelece a responsabilidade objetiva, ou seja, sem discutir dolo ou culpa, do requerente da cautelar pelos danos causados ao adverso). 
d) Limites à concessão de liminares contra o poder público (art. 1º lei 8437/92 c/c art. 7º, §2º lei 12016/09 e ADC 04, STF)
Compensação de crédito tributário;
Entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior; 
Reclassificação ou equiparação de servidores públicos;
Concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 
	Não cabe em nenhuma destas hipóteses.
e) Existe a possibilidade de o magistrado realizar uma audiência para oitiva de testemunhas, exclusivamente, para comprovação dos requisitos da liminar (fumus e periculum acentuado). Esta é a chamada AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO.
11.4. Citação (segue a regra do livro I)
11.5. Resposta do réu (art. 802)
a) O prazo de 5 dias, pois a cautelar tem em conta a celeridade, o procedimento é sumarizado, há uma sumarização cognitiva e procedimental.
b) Aplicam-se os arts. 188 e 191, CPC (4x para contestar e 2x para recorrer).
c) Não esquecer que a exceção de incompetência relativa deve ser apresentada aqui, sob pena de prorrogação da competência do juiz da cautelar também para a principal (prazo de 5 dias). 
d) Não cabe reconvenção no processo cautelar (não cabe porque na cautelar não se definem direitos, isso é processo de conhecimento).
	As medidas de contra cautela não são feitas na mesma cautelar, elas têm que ser feitas separadamente; o contra-ataque do réu tem que ser feito em outra ação autônoma. Depois elas serão unidas por conexão. 
11.6. Instrução (segue o livro I, todavia, há a seguinte ressalva: a colheita e a apreciação da prova se dá em juízo sumário, pois tem-se a celeridade)
11.7. Sentença
a) Se for procedente, os efeitos da cautelar concedida duram até o trânsito em julgado da ação principal (art. 807, 1ª parte, CPC). 
b) Se for improcedente, a liminar cautelar dantes concedida fica automaticamente cassada, independentemente de declaração do juiz na sentença (súmula 405, STF). 
c) Incide normalmente sucumbência na cautelar, sem prejuízo da outra sucumbência que será arbitrada na principal. 
11.8. Apelação
	Da sentença da cautelar caberá apelação, mas ela será recebida apenas no efeito devolutivo por expressa disposição legal (art. 520, IV, CPC). A decisão proferida já vale, ainda que haja apelação, a sentença já vai surtir seu efeito. 
12. Algumas notas principais sobre cautelares em espécie
12.1. Cautelares sobre bens
	
	Arresto (arts. 813 – 821)
	Sequestro (arts. 822 – 825)
	Busca e apreensão (art. 839 – 843) 
	Natureza 
	Cautelar (é fundado no periculum – tem um devedor dilapidando o patrimônio – 813).
	Cautelar (é fundado no periculum – tem um devedor dilapidando o patrimônio – 822).
	É um coringa, pode assumir diversas naturezas: cautelar (ex.: para tirar menor do guardião agressor), tutela satisfativa autônoma (para recuperar a posse daquele que tem a guarda), ação de conhecimento (DL 911/69).
	Finalidade
	Garantir execução de quantia.
	Garantir a execução para entrega de coisa.
	Variável (medida residual do arresto e sequestro).
	Objeto 
	Bens móveis e imóveis indeterminados (tudo que possa recair em dinheiro). 
	Bens móveis e imóveis determinados (não interessa em transformá-lo em dinheiro).
	Bens móveis (não cabe bem imóvel) e pessoas.
	Atuação sobre esfera alheia
	O réu que tem os seus bens bloqueados tem prejuízo, é medida constritiva, a ação principal tem que obedecer o art. 806, CPC e terá prevenção. 
	Constritiva (806, CPC + prevenção para a ação principal).
	Se cautelar, é constritiva (806) e tem prevenção para a ação principal. 
12.2. ”Cautelares” sobre provas
	
	Produção antecipada de provas (art. 846 a 851)
	Exibição (art. 844-845)
	Natureza 
	Cautelar (pois é fundada no periculum – a prova está na iminência de perecer, art. 847 e 849)
	É o direito material de ver, não interessa se depois será tomada alguma medida. A natureza é não cautelar, trata-se de TSA.
	Momento 
	Regra geral: é preparatória, vem antes da ação principal. Excepcionalmente, pode ser incidental para colher a prova na principal quando distante a fase instrutória). 
	Não se discute se é preparatória ou incidental, pois o direito de obter vista da coisa ou documento independe de outra ação. 
	Objeto 
	Prova oral ou pericial (não cabe de documento). 
	Prova documental (escrita + coisa).
	Atuação sobre esfera alheia 
	Não tem prejuízo nenhum para a outra parte, é meramente conservativa (sem 806 e sem prevenção)
	Não se discute porque nãose trata de processo cautelar (se fosse seria meramente conservativo). Eventual medida posterior não acarreta prevenção, tampouco exige obediência ao art. 806.
	Outras diferenças
	1. Quem valora a prova colhida antecipadamente é só o juiz da principal (semelhante a uma precatória, ele apenas colhe a prova).
2. Alguns autores (Yarshell, Assumpção) sustentam que o direito a produzir provas antecipadamente independe de periculum (é uma teoria nova, em construção, chamada de direito autônomo à prova, se este entendimento prevalecer, a produção anteciapda de provas deixa de ser cautelar e passa a ser tutela satisfativa autônoma).
	1. A não exibição ordenada pelo juiz acarreta presunção de veracidade da fala do autor (art. 359).
2. Não cabe, exatamente por conta do dito acima, fixação da multa para exibir (súmula 372, STJ). 
3. A pena (presunção – 359) por não exibir só será aplicada pelo juiz da eventual ação de conhecimento que se seguir. 
	26/06/14
Bibliografia: 
Procedimentos especiais – professor Marcato – Ed. Atlas
Procedimentos cautelares e especiais – Ed. RT – Garjadoni
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Teoria geral dos procedimentos especiais 
	Alguns autores, ex.: Calmon de Passos, negam a existência de teoria geral dos procedimentos especiais, e por serem especiais, são diferentes. Essa corrente não é majoritária, pois é possível que existam traços comuns aqui. 
1. Processo e procedimento 
	Prevalece, no Brasil, a teoria de processo como sendo uma entidade complexa, ou seja, é um instituto composto de mais de um elemento. Ele ao mesmo tempo tem que ter a relação jurídica processual e um procedimento, que pode sim ser utilizado como sinônimo de rito.
	Relação jurídica processual (trilateral) – é um conjunto de deveres, obrigações, ônus e sujeições que ligam os atores processuais entre si (partes, advogados, juízes, etc). (elemento interno do processo, é uma ficção, um elemento que não vemos)
	O procedimento nada mais é do que o rito, ou seja, a forma como os atos processuais se combinam no tempo e no espaço (ordem, prazos, etc). (elemento externo do processo)
OBS1: Em tema de procedimentos especiais haverá alteração, apenas, do rito, mantido tal como nos demais processos a relação jurídica processual. 
OBS2: Diferentemente de outros países, no Brasil, a diferenciação entre processo e procedimento é fundamental, porque a fonte normativa é diversa: sobre processo (relação jurídica processual + procedimento) só legisla a União (art. 22, I, CF); mas concorrentemente à União (que edita normas gerais), os Estados e o DF podem legislar sobre procedimento (para poder adaptar o procedimento às particularidades locais, art. 24, XI, CF). Portanto, pode haver leis estaduais ou distritais alterando regras procedimentais do CPC nacional. Ex.: julgamento da ADI 2922 pelo STF, ela debatia a constitucionalidade de uma lei estadual do RJ – lei 1504/89 – onde a defensoria poderia homologar acordo em processo de alimentos.[2: 		 “ADI 2922 - Em outro julgamento, também envolvendo legislação do Estado do Rio de Janeiro, o Plenário, por unanimidade, considerou improcedente a ADI 2922, de relatoria do ministro Gilmar Mendes, que contestava a Lei estadual 1.504/1989, sobre a intervenção da Defensoria Pública na homologação de acordos para a prestação de alimentos (pensão alimentícia) entre pessoas carentes.	Em voto-vista, o ministro Luiz Fux, entendeu que as normas estabelecidas pelo Estado do Rio apenas reproduzem as normas processuais, não violando a competência da União para legislar sobre o tema. Lembrou ainda que as normas são procedimentais e que a Constituição Federal permite aos estados legislar sobre o assunto. A ADI foi proposta pela Procuradoria Geral da República (PGR)”.]
2. Análise dos modelos processuais e procedimentais nacionais (já que o Estado e DF são bastante contidos no uso do art. 24, XI, CF)
	Existem três tipos de processo no Brasil: processo de conhecimento, processo de execução e processo cautelar. O primeiro tem previsão no livro I, e tem o objetivo de declarar o direito. O segundo está no livro II, tem o objetivo de satisfazer o direito. O terceiro está no livro III, tem o objetivo de garantir a eficácia dos anteriores. 
	Dentro de cada processo deste, a legislação nacional brasileira estabelece diferentes formas de procedimentos. 
	No processo de conhecimento existe o procedimento comum, e este pode ser ordinário ou sumário. Além do processo comum tem os procedimentos especiais, e o CPC faz isso no livro IV, mas ambos são do processo de conhecimento. 
	No processo de execução temos o procedimento comum (pagar, fazer e não fazer e entrega), mas existem os procedimentos especiais de execução (ex.: execução do 733, alimentos; art. 730, execução da fazenda pública). 
	No cautelar temos o procedimento comum (801 a 803), que se aplica para as nominadas e inominadas. E também existem o procedimentos especiais (813 – 887). 
	De acordo com o art. 272, parágrafo único, CPC, na falta de regras sobre processo, aplicam-se as do processo de conhecimento; na falta de regras sobre procedimento, aplicam-se as do procedimento comum/ordinário. 
3. Fundamento para a eleição dos procedimentos especiais
	É a necessidade de se adequar o instrumental (rito) às particularidades subjetivas e objetivas do conflito, isto é, ao direito material (para cada conflito, tal como uma doença, há determinado remédio/procedimento). 
a) Importância do bem tutelado: ação de alimentos (vida); ações possessórias – protegem a propriedade/posse, etc. 
b) Interesse público: ação de desapropriação (imissão de posse).
c) Valor da causa: procedimento sumaríssimo (JEF, Juizado Especial da Fazenda Pública, JEC).
d) Simples incompatibilidade lógica ou impossibilidade do uso do rito comum: inventário, falência, etc. 
ATENÇÃO: a esse comando implícito da CF no sentido de que compete ao legislador (federal e estadual/distrital) criar procedimentos especiais aderentes à necessidade do direito material, dá-se o nome de princípio da adequação. 
4. Procedimentos especiais fungíveis ou infungíveis, isto é, podem ser substituídos pelo procedimento comum?
	Atualmente, tem prevalecido o entendimento de que os procedimentos especiais são fungíveis, isto é, substituíveis pelo rito comum (ordinário ou sumário). Exceções: há procedimentos especiais infungíveis, insubstituíveis, toda vez que a própria lei impedir a troca (JEF e JEFP), ou a lógica não permitir a tutela adequada do direito pelo rito comum (ex.: inventário, falência, execução contra a fazenda pública). 
5. Tipicidade de procedimentos, déficit procedimental e flexibilização procedimental
	Invariavelmente o legislador não é capaz de acompanhar a evolução social, criando procedimentos especiais para a tutela de novas ou diferentes situações do direito material (princípio da adequação). Surge, então, a discussão sobre a possibilidade de o juiz eliminar esse déficit procedimental, calibrando/criando os procedimentos já existentes conforme as particularidades do conflito. Mais recentemente, em doutrina, tem se admitido a operação, isso é, tem-se permitido ao juiz flexibilizar o procedimento toda vez que o procedimento previamente estabelecido em lei não for capaz de tutelar adequadamente o direito material (ex.: ACP de vários volumes). 
	No projeto do novo CPC essa flexibilização já está prevista. 
	A esse comando normativo implícito na CF (corolário do devido processo legal) de que o juiz pode flexibilizar o procedimento quando o legislador não tenha sido capaz de adequá-lo, dá-se o nome de princípio da adaptabilidade. 
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 
1. Generalidades de direito material 
a) Particularidade de direito material justificadora da criação desse procedimento especial está na situação anômala de haver um devedor que deseja por fim à obrigação (devedor autor) (art. 334, CC).
b) Cabimento da ação de consignação em pagamento: só é cabível para as obrigações de pagar e entregar, não cabe nas obrigações de fazer e não fazer (art. 890,CPC). Será cabível desde que observadas duas situações: 335, CC – 
	1) Mora accipiens (art. 335, I, II e II, CC) – é a “mora de aceitação”, ela consiste na hipótese em que o credor recusa ou não pode receber o pagamento, pois ele é incapaz, desconhecido, ausente ou está em lugar incerto ou não sabido. 
	2) Incognitio (art. 335, IV e V, CC) – se dá na hipótese em que houver dúvida sobre quem é o credor ou litígio sobre o objeto de pagamento (regime processual todo é dado nos artigos 895 e 898, CPC). 
c) Efeitos do acolhimento (procedência) da ação de consignação em pagamento: 1º) Liberação do vínculo obrigacional (art. 334, CC) – é uma decorrência do princípio da isonomia; 2º) Afastar a mora (art. 337 a 399, CC). 
2. Legitimidade para a consignação em pagamento
2.1. Ativa:
a) Devedor – é o legitimado ordinário para poder satisfazer o seu próprio débito;
b) Terceiro – Sim, se for terceiro interessado (ex.: o adquirente de bem hipotecado, sócio da empresa devedora, etc), o devedor não pode opor ao pagamento e há subrogação do crédito (que vem com a mesma natureza); se for desinteressado também pode pagar/consignar, mas o devedor pode se opor e não haverá subrogação (o crédito é quirografário). 
c) Credor – Excepcionalmente sim, nas hipóteses de incognitio – art. 345, CC. 
2.2. Passiva: 
a) Credor ou credores solidários, nos termos de litisconsórcio passivo facultativo. 
Atenção: não cabe consignação contra mandatário com poderes de recebimento (tem que ser contra o titular do crédito).
b) nas hipóteses de incognitio: todos os supostos credores (litisconsórcio passivo necessário – art. 895, CPC). 
3. Competência (territorial) para a consignação em pagamento 
3.1. Obrigação de pagar/quantia: lugar do pagamento (art. 891 e 100, IV, d, CPC). 
Quem define o lugar do pagamento é o caso concreto, no geral as dívidas são querables, por isso elas são feitas no domicílio do devedor.
Lugar de pagamento do cheque: ordem de pagamento tirada contra o banco, é o local da agência sacada
3.2. Obrigação de entrega
Bem móvel – é o local onde está a coisa (art. 891, parágrafo único, CPC).
Bem imóvel ou quantia a ele referente – é o foro de situação do bem (art. 328 e 341, CC). 
Atenção: Todas essas regras podem ser alteradas por foro de eleição do art. 111, CPC. 
4. Dois procedimentos para a consignação em pagamento 
4.1. Consignação em pagamento extrajudicial (art. 890, §§ do CPC e resolução BACEN 2814/01)
a) Trata-se de uma medida facultativa (até porque não tem tutela antecipada). Exceção: há uma hipótese em que a consignação em pagamento é obrigatoriamente extrajudicial, é a hipótese do art. 33 e 38 da lei 6766/79. 
b) Trata-se de um instrumento de autotutela (exercício da pretensão sem intervenção do judiciário).
c) Só cabe nas obrigações de pagar quantia (o banco não é obrigado a receber outras coisas). 
d) Só cabe quando o credor for conhecido (não cabe na incognitio) e tiver endereço certo (se não não tem como mandar carta com AR). 
e) Não cabe contra a fazenda pública.
f) Recepção do dinheiro pelo banco oficial que notificará o credor (com carta AR) para, em 10 dias, tomar as seguintes opções: 1ª) aceitar o depósito (quitação integral – levanta) (não pode levantar e cobrar a diferença); 2ª) permanecer inerte (quitação integral – levanta) (não pode cobrar mais nada depois); 3ª) apresentar recusa por escrito (não é preciso motivação), neste caso, só compete ao devedor ajuizar a ação judicial de consignação em pagamento no prazo de 30 dias (período no qual a mora continua afastada). 
	30/06/14
Pegar começo
4.2.1. Petição inicial (art. 282, e 283)
a) Não é requisito da inicial que ela já venha com o deposito da quantia/coisa devidas. 
b) É possível cumular ação de consignação em pagamento com revisional de contrato? Tecnicamente seria possível, mas apenas pelo rito ordinário, nos termos do art. 292, CPC (quando, então, competiria ao juiz, a título de liminar, eventualmente autorizar o depósito da quantia/coisa tida por devida ou a menor). Contudo, o STJ tem precedentes admitindo o processamento da ação de consignação em pagamento cumulado com revisional pelo rito especial (STJ, AgRg 619.154/RJ), de modo que o depósito da coisa/quantia não estaria condicionado à concessão de liminar. Esse entendimento, entretanto, não vale em matéria tributária, já que o mesmo STJ (Resp 90.267/SP, AgResp 200701649813/RS) não admite consignação em pagamento cumulado com revisional, tampouco o depósito de quantia inferior à devida (fundamento: art. 164, CTN, só admite consignação em matéria tributária com depósito integral do valor cobrado). 
4.2.2. Juízo de admissibilidade (3 opções)
Emenda da inicial (284)
Indeferimento da inicial (284+295) 
Determinar o processamento da ação:
Autorizar o depósito no prazo de 5 dias – se for dinheiro, o deposito será feito no banco que recebe os depósitos judiciais; se for coisa, o depósito será feito na pessoa do depositário que o juiz nomear neste despacho, podendo, inclusive, ficar com o próprio devedor. 
Caso tenha havido prévio deposito extrajudicial da quantia devida (890, §§), não será necessário novo depósito, bastando o devedor comunicar isso ao juiz na inicial. Atenção: o STJ já entendeu que compete ao devedor comprovar e requerer ao banco a conversão do depósito extrajudicial em judicial (RMS 28.841/SP). 
Possibilidade de concessão de tutela antecipada para obter a imediata declaração de quitação (STJ, Resp 382.904/PR). Excepcional (pretensão declaratória)
4.2.3. Não houve o depósito ou ele foi insuficiente: falta de condição especial da ação de consignação em pagamento, ligada ao interesse/adequação – extingue-se o processo sem análise do mérito (art. 267, VI, CPC).
4.2.4. Houve o depósito: citação do requerido/credor para levantar o valor devido ou oferecer resposta (livro I).
4.2.5. Opções do requerido/credor (prazo 15 dias)
Recebimento espontâneo ou inércia/revelia: art. 897, CPC – vai acarretar o acolhimento do pedido com a declaração de quitação e levantamento da obrigação pelo credor/demandado, que responderá pela sucumbência. 
Contestação: 896, CPC: cognição judicial é limitada, com vedação de alegação de outras matérias que não as expressamente constantes desse dispositivo. 
* Defesa fundada na alegação de que o deposito não é integral (art. 896, IV, CPC): I) regramento 896, parágrafo único e 899, CPC; II) esta defesa só é possível com a declaração expressa do que falta; III) será concedido o prazo de 10 dias para o devedor autor complementar o depósito; IV) se complementar, julga procedente, extingue a obrigação e condena o autor na sucumbência; V) se não complementar o depósito, o credor/requerido pode levantar o valor incontroverso, e o processo prossegue para a definição do valor final devido: ação dúplice (caso o juiz entenda que o depósito não era integral, declarará isso por sentença, que será título executivo ao credor/requerido para promover a execução nos mesmos autos) (ação dúplice é aquela que, por circunstâncias do direito material, o não reconhecimento do direito do autor implica automático reconhecimento do direito do réu, o que ocorre independentemente do pedido contraposto/reconvenção).
4.2.6. Instrução (livro I)
4.2.7. Sentença (em caso de procedência, prepondera a natureza declaratória, vez que o que quita a obrigação é o depósito, e não a sentença – efeito ex tunc). 
5. Outras particularidades processuais 
5.1. É possível o ajuizamento da ação de consignação em pagamento após o vencimento da obrigação? Em se tratando de obrigação de pagar, a resposta é positiva, devendo o devedor atualizar o valor devido para fins de depósito. Contudo, em se tratando de obrigação de entrega, possível o ajuizamento da consignação, porém, a procedência fica condicionada à utilidade da coisa para o credor/demandado. 
5.2. Consignação em paramento de prestações periódicas (art. 892, CPC)
5.3. Consignação em pagamento nas hipóteses de incognitio (art. 895 e 898, CPC)
5.4. Particularidades da ação de consignação em pagamentode alugueres e acessórios (art. 67, lei 8245/91): o regime jurídico é bastante semelhante ao dos arts. 890 e ss. CPC. Contudo, há algumas particularidades que merecem atenção (depósito inicial é 24h; complementação do deposito a menor é de 5 dias, etc...). 
AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS
1. Generalidades de direito material 
	Quem está na administração de bens e direitos alheios tem o dever de prestar contas, esta administração nem sempre decorre da vontade das partes, ela pode ser imposta por lei (administração legal de bens) ou por contrato 
a) Administração de bens e direitos alheios por força de lei. Exs.: art. 1755 e ss, CC (tutela); art. 1774 e ss, CC (curatela); art. 991, VII, CPC (inventariante); art. 23, lei 11.101/05 (administrador da falência).
b) Administração de bens e direitos alheios por força do contrato – exs.: art. 668, CC (mandatário ou administrador de fazenda); art. 627, CC e súmula 259, STJ (depositário, especialmente bancário); síndico de condomínio; administrador de pessoa jurídica, etc... 
2. Regime jurídico processual da prestação de contas
2.1. Dever legal de administrar: a prestação de contas não é feita por uma ação judicial autônoma, mas sim por um incidente processual nos autos onde o administrador foi nomeado (art. 919, CPC). Portanto, aqui, não se trata de ação sujeita a procedimento especial. 
2.2. Dever contratual de administrar: a prestação de contas será feita por uma ação autônoma sujeita a um procedimento especial (aliás, ação facultativa, vez que a prestação de contas pode ser feita extrajudicialmente).
3. Competência territorial 
3.1. Ação autônoma (procedimento especial): art. 100, V, b, CPC – foro do lugar onde se deu a gestão ou a administração .
3.2. Incidente processual: juízo onde foi nomeado o administrador de bens alheios (competência funcional – absoluta). 
4. Espécies de ação de prestação de contas (art. 914, CPC)
4.1. Ação de exigir as contas (art. 915, CPC)
a) Legitimidade ativa: aquele que tem seus bens e direitos administrados por outrem. Atenção: transmissível aos herdeiros do administrado de acordo com o que STJ decidiu (Resp 1.122.588/MG, 10/04/12). 
b) Legitimidade passiva: aquele que administra bens e direitos alheios. Atenção: a ação é personalíssima quanto ao administrador, de modo que a morte dele implica extinção do dever de prestar contas, não havendo, portanto, sucessão dos seus herdeiros (STJ, Resp. 1.055.819/SP).
c) Procedimento
A ação de exigir contas é um procedimento bifásico, pois há as seguintes fases:
1ª fase – nesta vai simplesmente discutir a existência de obrigação do réu a prestar contas (sentença + sucumbência + apelação). 
2ª fase – chega-se a conclusão que o réu tem que prestar contas (art. 915, CPC), ai vai recepcionar as contas e julgá-las (sentença + sucumbência + apelação). 
4.2. Ação de dar contas (art. 916, CPC)
a) Legitimidade ativa: aquele que administra bens ou direitos alheios.
b) Legitimidade passiva: aquele que tem seus bens e direitos administrados. 
c) Procedimento
Na ação de dar contas (art. 916), o procedimento é monofásico, pois não há a fase para discutir sobre o dever do autor prestar as contas, já que a inicial já se presta a esse fim. Aqui só vai ter uma sentença + uma sucumbência + uma apelação.
5. Outras particularidades processuais 
5.1. A ação de prestação de contas é dúplice (art. 918, CPC). 
	Ação dúplice é aquele que, por forca do direito material, a negativa do direito do autor implica reconhecimento do direito do réu independentemente de pedido seu.
	Caso ao julgar as contas, o juiz encontre saldo favorável ao réu, ele será título executivo para a execução nos mesmos autos. 
5.2. Diferença entre a ação de prestação de contas e ação de cobrança/indenização: a primeira se usa quando não se tem segurança sobre a existência de crédito; a segunda quando se tem. 
5.3. Há entendimento do STJ, no sentido de que contra administradores de empresa, associações ou síndicos de condomínio só é cabível a ação de exigir contas caso elas não sejam, satisfatoriamente, prestadas em assembleia (STJ, REsp 1.102.688/RS e Resp 1.307.820/SP). 
5.4. Prescrição da ação de prestação de contas: é variável e depende da natureza da obrigação cujas contas se requer. Exemplos: a) ação do cliente contra o advogado: 5 anos (art. 25-A da lei 8906/94); b) ação do cliente contra a instituição financeira: STJ: 10 anos, súmula 477; 
5.5. STJ: impossível a cumulação de ação revisional de contrato cumulado com prestação de contas pelo rito especial (STJ, AgRg Resp 1.094.287/MG e Resp 1.166.628/PR).
5.6. Consequência da não prestação de contas pelo requerido caso ela seja determinada na sentença da primeira fase da ação de exigir contas (art. 915, §2º, CPC)
Impedimento de impugnar as contas que serão prestadas pelo autor (cheque em branco). O STJ, por isso, não admite que se imponha ao réu a prestação de contas sob pena de multa (STJ, Resp. 1.092.592/PR).
5.7. Forma de prestação de contas: 917, CPC estabelece que deve ser de modo mercantil. OBS.: a) Se não for de forma mercantil, mas foi capaz de permitir a compreensão, ok, não há problemas, ela valerá. b) Gastos ordinários e de pequena monta podem ser presumidos, sem necessidade de prova documental. 
5.8. Tem prevalecido (contra o entendimento do IBDFAM) no STJ o entendimento de que não cabe ação de prestação de contas para fiscalizar gastos com pensão alimentícia. 
	03/07/14
AÇÕES POSSESSÓRIAS 
1. Generalidades de direito material 
Propriedade (art. 1228, CC): direito de usar, gozar, dispor ou vindicar (título)
Posse (art. 1196, CC): fato relacionado ao exercício (de fato) de um dos atributos do domínio/propriedade (destinação econômica da coisa) (visibilidade de domínio). 
Detenção – fâmulo da posse (ficção jurídica) (art. 1198, CC): posse em nome de terceiro. Ex.: caseiro, depositário, etc.
2. Defesa jurídica das coisas
Propriedade (ius possiendi) – é defendido através de um grupo de ações denominados ações petitórias. Estas são ações cuja causa de pedir é a propriedade/domínio, ainda que o pedido seja a posse. 
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área (CV AD MENSURAN), e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área (AÇÃO EX EMPTO), e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato (AÇÃO RESCISÃO) ou abatimento proporcional ao preço (AÇÂO QUANTI MINORIS).
Ação ex empto: é a ação que o adquirenet (proprietário) pede a área faltante. É uma ação petitória. 
Ação divisória: ela visa dividir algo que está em estado de condomínio. É uma ação petitória. 
Ação reivindicatória: é a ação do proprietário para pedir a posse. 
	A justificativa em todas estas é que ele é o dono, por isso pode pedir a ação.
Posse (ius possessionis) – pode ser defendida de duas maneiras:
Ação de direito material – é aquela cuja pretensão pode ser exercitada independentemente da intervenção do Estado/juiz. É o próprio direito material, ele já autoriza que a parte autorizada satisfaça sua pretensão sem ação, é o desforço imediato da posse (art. 1210, §1º, CC). Permite uma espécie de autotutela. 
Ações possessórias – (art. 920 e ss) São ações cuja causa de pedir é a posse, e o pedido também é a posse. O pedido e a causa de pedir são iguais (é igual as ações de controle abstrato – ADI, por ex., onde se pede a inconstitucionalidade porque é inconstitucional, a causa de pedir e pedido são iguais). Neste caso, tive a posse e ela foi violada, quero a posse. No Brasil, entende-se que só existem três ações genuinamente possessórias: reintegração de posse, manutenção de posse e interdito proibitório, nelas pede-se a posse, tendo-se em vista que ela foi violada, o pedido e a causa de pedir são idênticos. Atenção: não são consideradas possessórias: 
Ação de rescisão de contrato cumulada com pedido de reintegração de posse – causa de pedir: violação do contrato, logo, trata-se de ação fundadaem direito obrigacional, não possessória, portanto;
Ação de imissão na posse – trata-se da ação do adquirente da coisa e que nunca teve a posse, para obtê-la. Consequentemente a causa de pedir é a propriedade, tratando-se, portanto, de ação petitória. Cuidado: O STJ (1.158.992/MG) entende que se o contrato de compra e venda houver a cláusula constituti – através da qual o vendedor, fictamente, transfere ao comprador não só a propriedade, mas também a posse indireta da coisa – o adquirente/proprietário poderá se valer não só da imissão da posse, mas também das ações possessórias contra o invasor. 
Detenção (posse em nome de terceiro) – faz o uso e gozo em nome do patrão (ex.: caseiro). O detentor só pode se valer da ação de direito material (autotutela – art. 1210, §1º, CC). Caso não haja sucesso na ação de direito material, o detentor deve comunicar o proprietário ou possuidor para que eles ajuízem ação petitória ou possessória. 
Última observação: O proprietário, como regra, é quem exerce a posse. Excepcionalmente, o proprietário pode ceder os atributos dela (ex.: locação, arrendamento, etc), mas conserva a posse indireta da coisa (art. 1197, CC). Portanto, o proprietário além de se valer das ações petitórias, pode também se valer das ações possessórias para conservá-la. 
3. Ações possessórias de rito especial (art. 920 e ss, CPC)
3.1. Espécies e fungibilidade (art. 920, CPC)
Reintegração de posse – é utilizada sempre que houver esbulho possessório, ou seja, perda da posse.
Manutenção de posse – é utilizada quando há turbação, ou seja, incômodo ao exercício da posse.
Interdito proibitório – é a única com natureza preventiva/inibitória. Dá-se quando não há turbação ou esbulho, mas há sua iminência, há uma ameaça. 
Há uma grande mutação no tempo da situação fática da coisa, por isso o art. 920 afirma: “A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados”. Cria-se uma fungibilidade ou indiferença entre as ações possessórias, que é uma exceção ao princípio da adstrição da sentença ao pedido. A fungibilidade é apenas entre as ações possessórias. 
3.2. Ação possessória de força nova e ação possessória de força velha (art. 508 e 523, CC/16)
Se o esbulho ou a turbação for inferior a ano e dia = força nova. De acordo com o art. 924, CC, ela segue o rito especial, automaticamente a pessoa tem direito a uma tutela antecipada sem provar os requisitos do 273, CPC. 
Se o esbulho ou a turbação for superior a ano e dia = força velha. Ela segue o rito comum, a pessoa tem direito a tutela antecipada, mas ai terá que provar os requisitos do art. 273, CPC. 
3.3 Objeto: bens materiais sujeitos de apreensão (móveis, semoventes e imóveis). 02 Duvidas: 1º) Direitos Autorais? Não, pois direitos autorais não são materiais (Súmula 228 do STJ); 2º) Servidões? Sim, pois as servidões são fisicamente passíveis de posse (Súmula 415 do STF). Atenção! Conforme reiteradamente decidido pelo STJ, bens públicos não são passíveis de posse (apenas de detenção). De modo que não são manejáveis ações possessórias pelo ocupante
STF Súmula nº 415: Servidão de trânsito não titulada, mas tomada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à proteção possessória.
3.4 Competência:
* Material: Atualmente o STJ tem entendido que as reintegrações de posse de bens dados em comodato, pelo término da relação de trabalho, são de competência da justiça do trabalho.
* Territorial:
	- Imóvel: art. 95 do CPC – foro de situação da coisa (competência territorial ABSOLUTA – art. 103 do CPC). ATENÇÃO! Tratando-se de imóvel cuja área atinja mais de uma comarca ou subsseção judiciária, a competência territorial absoluta se definirá por prevenção (art. 107 do CPC). CUIDADO! Nas ações de rescisão de contrato c.c com reintegração de posse, por se tratar de ação fundada em direito obrigacional, prevalece no STJ o entendimento de que a competência segue o art. 94 do CPC (relativa).

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