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Aula2- Controle de Constitucionalidade 2

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Profª Alessandra Malheiros Fava da Silva
Direito Constitucional Econômico e Processo Constitucional
Controle de Constitucionalidade Aula 2
CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE 
 O controle concentrado de constitucionalidade de lei ou ato normativo recebe tal denominação pelo fato de “concentrar-se” em um único tribunal. Pode ser verificado em cinco situações:
ADI — Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica (art. 102, I, “a” CF/88)
A LEI 9.868/99 dispõe sobre o processo e julgamento da ADI. 
Em regra, através do controle concentrado, almeja-se expurgar do sistema lei ou ato normativo viciado (material ou formalmente), buscando-se, por conseguinte, a invalidação da lei ou ato normativo.
A ação direta, portanto, nos dizeres da Professora Ada Pellegrini Grinover, “tem por objeto a própria questão da inconstitucionalidade, decidida principaliter”.
FINALIDADE - A ADI tem por finalidade manter a integridade da Constituição Federal extirpando do ordenamento jurídico, após apreciação do Supremo Tribunal Federal, lei ou ato normativo que não guarde compatibilidade com a Carta da República.
CARACTERÍSTICAS – Compete ao STF processar e julgar originariamente a ADI
Objeto (ADI genérica)
O objeto do comentado instrumento processual é a lei ou ato normativo que se
mostrarem incompatíveis com o sistema.
LEIS - Entendam-se por leis todas as espécies normativas do art. 59 da CF/88, quais sejam: emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.
ATOS NORMATIVOS - Segundo Alexandre de Moraes, podem ser: a) resoluções administrativas dos tribunais; b) atos estatais de conteúdo meramente derrogatório (modificativo).
São Legitimados a ajuizar, perante o STF, ADI:
I - o Presidente da República; (dispensa advogado)
II - a Mesa do Senado Federal;(dispensa advogado)
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;(dispensa advogado)
IV- a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (dispensa advogado)
V- o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (dispensa advogado)
VI - o Procurador-Geral da República;(dispensa advogado)
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (dispensa advogado)
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
LEGITIMADOS
 	Universal é a competência que não se restringe aos seus próprios interesses, porque se presume o interesse universal do legitimado em proteger a validade das leis. Por isso, na legitimidade universal, os legitimados não precisam demonstrar pertinência temática, isto é, mesmo que o tema levantado na ação, ou tratado no ato impugnado, não lhe diga respeito e não entre nos seus fins institucionais, ele pode propor a ação (universal é a legitimidade daqueles previstos nos incisos I, II, III, VI, VII e VIII do art. 103 da CF: Presidente da República; Mesa do Senado Federal; Mesa da Câmara dos Deputados; Procurador-Geral da República; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e partido político com representação no Congresso Nacional). Ex.: a Mesa da Câmara dos Deputados pode propor ADIN contra lei estadual, e a OAB poderá propor ação contra lei que regulamente o Conselho Federal de Medicina. 
 	Especial é a legitimidade que pressupõe a pertinência temática, de modo que a ADIN só pode ser proposta se a matéria disciplinada na norma atacada tiver relacionamento com os seus fins institucionais (art. 103, IV, V (Lei de outro Estado) e IX – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional – assim, entidade de classe que não seja a OAB, como, por exemplo, o Conselho Federal de Engenheiros e Arquitetos, que só pode propor ação contra lei que trate de algo relacionado com as profissões). 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
O único meio processual disponível a atacar acórdão do STF proclamado em sede de controle concentrado de constitucionalidade são os Embargos de declaração.
Não é cabível nenhum tipo de recurso nem mesmo ação rescisória.
Os embargos só podem ser opostos pela parte que integre a ADI.
PARÂMETRO DE CONTROLE
Cabe ao Autor da ADI apontar na peça inicial, expressamente, qual dispositivo da Constituição Federal foi violado pela lei ou ato normativo, federal ou estadual, havido por inconstitucional.
O STF pode declarar a inconstitucionalidade da norma não apenas pelos motivos indicados pelo Autor na ADI, mas também por outras razões que julgue possível.
PETIÇÃO INICIAL
Indicará o dispositivo da lei ou ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos das impugnações;
Quando necessário acompanhada do instrumento de procuração e apresentada em duas vias, devendo conter cópias da lei impugnada e documentos para comprovar impugnação;
A petição inepta, não fundamentada e manifestamente improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator, sendo cabível agravo da decisão;
Caso seja necessário ao autor da ação no controle abstrato (concentrado) de constitucionalidade corrigir a peça inicial, é possível aditamento desde que antes da requisição das informações pelo STF ao órgão que emanou o ato normativo arguido de inconstitucionalidade.
IMPOSSIBILIDADE DE DESISTÊNCIA DA AÇÃO
Uma vez proposta a ADI não se admitirá desistência em nome do princípio da indisponibilidade das ações constitucionais
Não estão sendo tratados direitos subjetivos. O interesse no julgamento da Ação passa a ser de toda a sociedade e principalmente do próprio STF, guardião da Constituição. Sequer do pedido cautelar é possível desistir.
O art. 169,§1º do Regimento Interno do STF, veda ao PGR essa desistência, o que se aplica extensivamente a todas autoridades e órgãos legitimados.
IMPRESCRITIBILIDADE
A inconstitucionalidade não se aperfeiçoa no tempo. Isso quer dizer que não há prazo, decadencial ou prescricional, para ajuizamento da ADI.
PEDIDO DE INFORMAÇÕES
Quando a ADI é conhecida,o Relator pede informações aos órgãos ou às autoridades das quais emanou a lei ou ato normativo impugnado (prazo 30 dias);
Se a ADI visar declaração de inconstitucionalidade de uma lei federal, o Congresso Nacional e a Presidência da República deverão prestar as informações;
Em caso de excepcional urgência, o STF poderá dispensar o pedido de informações.
OUTRAS INFORMAÇÕES
Decorridos o prazo de informações, serão ouvidos sucessivamente, o AGU e o PGR, que deverão manifestar-se cada qual no prazo de 15 dias. Após este prazo o relator lançara relatório, com cópia a todos os Ministros e pedirá dia para julgamento;
O relator poderá solicitar informações aos Tribunais Superiores, Federais e Estaduais sobre a aplicação da norma impugnada;
Não se admitirá intervenção de 3º no processo de ADI mas “amicus curie” sim;
Litisconsórcio só entre os legitimados;
 A AGU cabe a defesa do texto impugando;
(STF entendeu recentemente que a manifestação é necessária, todavia, não obrigatoriamente na defesa da lei)
O PGR deverá de acordo com o §1º do art. 103 ser previamente ouvido (pode atuar como legitimado ou como custus legis);
Quórum é de 8 Ministros, 2/3 dos membros com base no art. 22 da Lei. 9.868/99;
Efeitos “ex tunc”, em regra, a lei declarada inconstitucional é nula.
Ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) (art. 103, § 2º CF/88 e Lei n. 12.063/2009)
 	A Constituição, principalmente em face das suas normas de eficácia limitada, cria ou indica órgãos com missões de elaborar normas para tornar estas normas efetivas. Porém, estes órgãos podem, não raras vezes, se omitir, o que gera uma omissão inconstitucional. A ação direta de inconstitucionalidade por omissão, junto com o mandado de injunção, tem a missão de impedir que as omissões acabem por impedir o cumprimento dos valores constitucionais. 
A inconstitucionalidade por omissão incide sobre uma inação por parte do Poder Público. O que
se pune é a inércia de um dos poderes na regulamentação de normas constitucionais. Exige-se um não agir ou um agir insuficiente.
A ADI ataca um ação que configura inconstitucionalidade e a ADO um inação.
A Lei nº 12.063/2009 acrescenta a Lei nº 9.868/99 o capítulo que estabelece a disciplina processual da ADO
Legitimidade Ativa= Mesmos legitimados da ADI;
Legitimidade Passiva= Órgão ou autoridade que não cumpriu o dever que lhe foi constitucionalmente imposto de promover as medidas cabíveis à concretização da Constituição Federal (Congresso Nacional, Presidente da República, STF- deve encaminhar projetos de lei complementar para regular a magistratura nacional)
Objeto= Normas federais, estaduais e do DF.
Há necessidade de abuso da mora;
Competência= STF, Art. 102, I;
Não há necessidade do Advogado Geral da União, atuação não obrigatória;
Procurador Geral da República como fiscal da lei;
Ação Imprescritível;
Rito Mesmo da ADI;
 	A ação de inconstitucionalidade por omissão não tem atuação somente na omissão legislativa, porque ela pode, também, ser utilizada no caso de omissão administrativa, porque muitos órgãos administrativos têm o dever de editar atos administrativos que são necessários à concretização da Constituição. 
Antes da Lei 12.063, de 27 de outubro de 2009, as disposições processuais aplicáveis à ADO eram aquelas aplicáveis à ADC e à ADI, isto é, não havia lei regulamentando a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão. 
EFEITOS DA DECISÃO NA ADO
Art. 103§2º CF.
Omissão Legislativa= Declarada a inconstitucionalidade por omissão, em regra, não será dado prazo para que se elabore a norma
Omissão Administrativa= Declarada a inconstitucionalidade por omissão: 30 dias para suprir a omissão.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC) (Art. 102, I, “a” e Lei n. 9.868/99)
Introduzida no ordenamento jurídico pela Emenda Constitucional nº 3 de 17/03/1993.
É requisito de admissibilidade a existência de controvérsia concreta e ocorrente no âmbito do Poder Judiciário ou dúvida resultante quanto à legitimidade da norma;
A ADC é a reafirmação do princípio da presunção de constitucionalidade das lei e neste caso não haverá pedido de informação das autoridades prolatoras das lei;
Medida Cautelar (efeito erga omnes e vinculante aos demais órgãos do Poder Judicário e da Adm. Direta e Indireta)= Consistirá na determinação para que os juízes e os tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou ato normativo objeto da ação, até o julgamento definitivo da ADC;
Concedida a cautelar deverá proceder julgamento da ação no prazo de 180 dias, sob pena de perda da sua eficácia (art. 21 da lei 9.868/99)
ADI= ADC: As duas ações se voltam ao controle concentrado, e se revestem das mesmas características:
Causa de pedir;
Imprescritíveis;
Vedada intervenção de terceiros;
Não alcança direito municipal;
Legitimados art. 103 da CF/88;
Cabível concessão cautelar (maioria absoluta do tribunal) efeitos “ex nunc” podendo ser “ex tunc”;
Admite “amicus curie”
Manifestação obrigatória do PGR;
Efeitos do mérito “ex tunc”(modulação dos efeitos “ex nunc”;
Eficácia erga omnes;
Força vinculante quanto aos demais órgãos Poder Judiciário, da administração direta e indireta nas esferas federal, estadual e municipal;
Decisões de mérito irrecorríveis, salvo Embargos Declaratórios;
Vedada desistência da ação;
Quórum de 8 ministros para instalação da sessão e 6 para declaração de inconstitucionalidade ou constitucionalidade;
Possível ser instituida nos Estados-membros, desde que a Constituição preveja. Confrontaria leis locais com a Constituição Estadual e seria ajuizada perante Tribunal de Justiça do Estado.
Diferenças entre ADC e ADI
Uma declara a constitucionalidade a outra a a inconstitucionalidade;
ADI pode impugnar lei ou ato normativo federal ou estadual. ADC só lei ou ato normativo federal;
ADI não exige comprovante de controvérsia judicial para interposição;
Na ADI não há prazo limite para eficácia da medida cautelar;
NA ADI o AGU tem obrigação de participar.
IF- AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA (art. 36, III, c/c art. 34, VII e Lei n. 12.562/2011)
OBJETO= Visa extirpar do cenário jurídico lei ou ato normativo, omissão ou ato governamental estaduais que desrespeitem os princípios constitucionais sensíveis, o mesmo valendo para o DF quando no exercício de suas competências estaduais;
Competência = STF
Legitimidade= Exclusiva do PGR cuja atuação se converte para defesa da Constituição Federal e a imposição da observância do modelo constitucional pelos Estados-Membros;
No caso, afasta-se temporariamente a autonomia do Estado-Membro violador da Constituição Federal para que todo o conjunto normativo seja restaurado e, ao final, a Constituição da República e seus máximos postulados sejam respeitados;
A ADI Interventiva faz nascer um conflito entre a União e o Estado-Membro violador da CF (há contraditório e ampla defesa);
A lei 12.562/2011 dispõe sobre o rito deixando-o próximo das demais ações do controle da constitucionalidade;
Julgada a ação, far-se-á a comunicação às autoridades ou aos órgãos responsáveis pela prática dos atos questionados. Sendo de procedência o Presidente do STF, publicado o acórdão levará ao conhecimento do Presidente da República para no prazo de 15 dias dar cumprimento ao §1º e 3º do art. 36 da CF/88.
ADPF- Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
Em face das semelhanças com a ADI e a ADC (a competência para sua apreciação está concentrada no STF; a causa de pedir é o ferimento a preceito fundamental da Constituição; os efeitos da decisão em ADPF são vinculantes e “erga omnes”; o processo é objetivo – não há partes formais; os legitimados ativos são os mesmos; o processo traçado pela Lei 9.882/99 tem o mesmo espírito do processo traçado na Lei 9868/99), hoje é aceito o fato de que a ADPF é um instrumento do controle concentrado de constitucionalidade, junto com a ADI, com a ADC e com a representação de intervenção. Nesta linha, Celso Bastos, Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Edílson Pereira Nobre Júnior. 
ADPF- Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
ADPF surgiu com a finalidade de sanar a deficiência atinente ao controle concentrado de constitucionalidade possibilitando levar ao Supremo leis ou atos normativos municipais bem como direito pré-constitucional.
Amparo Constitucional: Art. 102§1º.
A ADI e ADC combatem leis ou atos normativos que confrontam a constituição a ADPF preceitos fundamentais inseridos na CF/88.
“Toda vez que se configurar controvérsia relevante sobre a legitimidade do direito federal, estadual ou municipal, anteriores à Constituição, em face de preceito fundamental da Constituição, poderá qualquer dos legitimados para propositura da ação direta de inconstitucionalidade propor ação de descumprimento.”
O Ministro Gilmar Mendes ao proferir voto no julgamento da Medida Cautelar na ADPF 33, afirmou que:
Modalidades de ADPF
ADPF AUTÔNOMA: ART. 1º Lei 9.882/99
Art. 1º A argüição prevista no § 1º do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público.
Obs.: Veja que pode ser ato normativo ou não eis que fala “preceito fundamental”.
ADPF INCIDENTAL : ART. 1º §U da Lei 9.882/99
Parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental:
I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição; 
Feitos estes esclarecimentos, cabem algumas observações sobre a ADPF: 
a) ela tem caráter subsidiário, como já enfatizou inúmeras vezes o STF, consagrando o art. 4º, §1º, da Lei 9.882/99. Isto significa que ADPF só pode ser proposta se houver esgotamento dos outros mecanismos
judiciais inferiores de afastamento da lesividade; 
b) a legitimidade ativa é a mesma para a ADC e ADI (art. 2º, I, Lei 9882/99); 
c) o conceito de preceito fundamental não é objetivo, daí porque há variadas interpretações. Contudo, o STF, na ADPF n. 01, apontou parâmetros para sua identificação: 1) direitos e garantias individuais; 2) cláusulas pétreas; 3) princípios sensíveis (sensíveis são aqueles que, rompidos, ferem o Pacto Federativo e permitem a intervenção federal e estadual); 
d) o rol de legitimados previsto no art. 2º, I, da Lei 9.882/99 (mesmos legitimados para ADC e ADI), é exaustivo, não se admitindo extensão, (STF, ADPF-AgR 75/SP e ADPF-AgR 11/SP);
 
e) pode ser objeto da ADPF ato não-normativo, mas não cabe contra atos de particulares e nem contra atos políticos, como o veto; 
f) a ADPF pode ser autônoma (art. 1º, “caput”), em ação principal junto ao STF, ou incidental, em incidente no curso de um processo judicial;
 
g) a medida cautelar só pode ser concedida por decisão da maioria absoluta de seus membros, mas em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno (art. 5º, “caput” e §1º, Lei 9.882/99); 
h) apesar de não previsto na Lei 9.882, é possível o “amicus curiae” no processo de ADPF (STF, ADPF 33/PA, Rel. Min. Gilmar Mendes: “Admissão de amicus curiae mesmo após terem sido prestadas as informações”; 
i) é também admitida a modulação temporal;
j) ADPF pode ser proposta contra lei de efeito concreto (traz em si o resultado concreto de seu objetivo);

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