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1 A utilização da fisioterapia respiratória em Unidade de Terapia Intensiva pediátrica Tatyane Bastos Pinto 1 E-mail: tatyanebpinto@gmail.com Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-Graduação em Terapia Intensiva – Faculdade Ávila RESUMO O trabalho buscou avaliar as evidências sobre a eficácia, indicações, efeitos adversos e as limitações dos procedimentos fisioterapêuticos respiratórios nos pacientes pediátricos. Foi realizada uma busca sistemática da literatura nas bases de dados eletrônicos MedLine, ISI Web, Lilacs e SciELO no período de 1989 a 2012. Os critérios de inclusão foram artigos de revisão, artigos originais e experimentais realizados com recém-nascidos, lactentes e crianças sob cuidados intensivos. Foram identificadas quatro categorias em relação à fisioterapia respiratória: indicações, objetivos, técnicas fisioterapêuticas e, o papel da fisioterapia no período periextubação. Com isso, conclui-se que a fisioterapia respiratória tem indicação e eficácia comprovadas em pacientes com quadros de hipersecreção brônquica e na redução de atelectasias pós-extubação. Palavras-chave: Doenças respiratórias. UTI. Fisioterapia. 1. Introdução A fisioterapia é uma modalidade terapêutica a qual pode ser atribuída como atual dentro das unidades de terapia intensiva pediátrica e neonatal, encontrando-se em percurso de expansão, especialmente, nos centros de grande porte. Na ótica da portaria do Ministério da Saúde nº 3.432, a qual se encontra vigorada em 12/8/1998, as integrações de terapia intensiva de centros de saúde com nível terciário devem contar com auxílio fisioterapêutica em estação integral, por minimizarem as confusões e o período de hospitalização, abreviando, por conseguinte, as despesas hospitalares. A fisioterapia possui várias áreas onde atua, dentre elas, a fisioterapia respiratória é utilizada com maior assiduidade nas unidades de tratamento intensivo na atenção e tratamento das doenças respiratórias. A fisioterapia respiratória tem sido usada para limpar as secreções e facilitar a ventilação pulmonar em recém-nascidos que necessitaram de ventilação mecânica por problemas respiratórios. No entanto, existem preocupações sobre a segurança de algumas formas de fisioterapia respiratória. A fisioterapia respiratória era, a princípio, considerada sinônimo de tapotagem, a primeira técnica utilizada sistematicamente nesse período. Com o desenvolvimento de outras manobras fisioterápicas, as possibilidades disponíveis para a higiene brônquica tiveram incremento com a drenagem postural, vibração, compressão, e outras que podem ser utilizadas individualmente ou combinadas entre si. De modo geral, essas técnicas foram inicialmente utilizadas e avaliadas nos adultos, e não diferem das manobras de fisioterapia realizadas nestes pacientes. 1 Pós-Graduanda em Terapia Intensiva. 2 Orientadora: Fisioterapeuta especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde. 2 Ao longo do tempo, alguns aspectos passaram a ser observada com a fisioterapia do aparelho respiratório, como a diferente resposta dos pacientes a uma mesma manobra, segundo a faixa etária, a constituição física e o tipo de doença. Outras observações constataram em alguns casos efeitos adversos da fisioterapia respiratória. Isso foi observado mais freqüentemente nos recém-nascidos, especialmente nos prematuros, e ensejou uma escolha mais criteriosa das técnicas fisioterapêuticas, que passaram a ter avaliação e execução individualizadas, de acordo com o paciente. Há uma tendência nos dias correntes a evitar manipulações freqüentes e/ou intensas especialmente no recém-nascido pré-termo, pelo risco de efeitos adversos. Todos os aspectos citados, relativos à eficácia, efeitos adversos e peculiaridades do tratamento fisioterapêutico respiratório em crianças, poucas vezes são avaliados com objetividade, pela complexidade dos casos internados em terapia intensiva, e pela falta de padronização no tratamento. Porém, há a necessidade dessa avaliação, que pode auxiliar na redução da morbidade e mortalidade dos pacientes, especialmente dos recém-nascidos em tratamento intensivo, com redução do tempo de hospitalização e custos hospitalares. Por estes motivos foi realizada a presente revisão sistemática baseada em evidências, relativa à eficácia, efeitos adversos e indicações dos procedimentos fisioterapêuticos respiratórios em pacientes pediátricos. 2. Anatômicos e fisiológicos do sistema respiratório neonatal Existem grandes diferenças anatômicas e fisiológicas entre os recém-nascidos, as crianças e os adultos. Essas diferenças interferem na dinâmica respiratória do RN, aumentando sua vulnerabilidade à insuficiência respiratória, principalmente nos prematuros (FIGUEIREDO, 1992). O neonato apresenta algumas peculiaridades estruturais e funcionais que prejudicam a eliminação de secreção das vias aéreas, tais como mecânica respiratória pouco eficiente na manutenção do volume pulmonar, como vias aéreas mais estreitas deficiência de ventilação colateral (menor quantidade de poros de Lambert e Kohn) e a imaturidade do mecanismo da tosse (ULTRA, 2009). Algumas dessas diferenças são protetoras e funcionais em um recém-nascido saudável, porém, podem contribuir para a falência orgânica em um neonato doente ou clinicamente comprometido (RIGATTO et al, 1998). No período neonatal, a respiração é predominantemente nasal, estendendo-se até o quarto ou sexto mês de vida. Isto se deve ao fato de que a língua é relativamente grande e a mandíbula pequena, fechando a orofaringe e impossibilitando, assim, a respiração bucal. Este tipo de respiração gera conseqüências importantes: a obstrução nasal ou nasofaringea pode tornar-se crítica por causar dificuldades respiratórias leves ou até moderadas em RN portadores de simples viroses em vias aéreas superiores. Além disso, as narinas fornecem uma resistência ao fluxo aéreo, que na criança maior e no adulto são menores, uma vez que estes usam a boca para respirar em situações de estresse, fazendo com que a resistência inicial seja menor (SEGRE et al, 1995). Para (ULTRA, 2009) uma serie de fatores pode comprometer a depuração das vias aéreas, esgotando dessa forma a capacidade dos mecanismos de mantê-las limpas, causando assim a retenção de secreções. Dentre as principais causas estão associadas aquelas que aumentam a produção ou alteram as característica do muco que prejudicam o movimento mucociliar. Tais alterações da permeabilidade de vias aéreas se dão por: intubação traqueal, traqueobrocomalacia, estenoses traqueais, aumento da quantidade de secreção pulmonar por processos inflamatórios, pneumonias, doenças pulmonares crônicas, uso de gases com umidificações inadequadas, altas concentrações de oxigênios, inibição ou diminuição do reflexo de tosse, uso de drogas sedativas e/ou analgésicas, lesão do sistema nervoso central, distúrbios musculoesqueléticos, dreno torácico dentre outros. 3 Portanto, qualquer diminuição adicional no raio das vias aéreas causará um grande aumento da resistência ao fluxo, elevando, assim, o trabalho respiratório e o consumo de energia e oxigênio (SEGRE et al, 1995). Outras diferenças anatômicas que afetam a função cardiopulmonar em recém-nascidos incluem: a epiglote mais longa e rígida, em forma de U ou V, que se projeta num ângulo de 45º em relação à parede anterior da faringe, ficando mais próximo do palato e dificultando a intubação; a posição da laringe, que é mais alta no RN, o que lhe permitiria, em teoria, respirare deglutir simultaneamente até o quarto mês de idade e o tecido linfático adenoidiano e amigdaliano, que pode estar discretamente aumentando no RN, contribuindo para a obstrução das vias aéreas (CRANE, 1994). O desenvolvimento do pulmão humano não se encontra totalmente estabelecido ao nascimento, sendo esta imaturidade mais acentuada nos RNPT. As ramificações das vias aéreas estão totalmente formadas com dezessete semanas de gestação, porém, a estabilidade alveolar só será a partir da 33 a semana de gestação, a diferenciação dos espaços aéreos distais ocorre até o termo e o processo de alveolização estende-se por vários meses após o nascimento (GARCIA e NICOLAU, 1996; JULIANI et al, 2003). Os arcos costais possuem formato circular com ângulo de quase 90º em relação ao diafragma, que se insere horizontalmente na coluna vertebral. Sua ossificação é ainda incompleta, com predomínio de estruturas cartilaginosas, o que leva à menor eficiência na ventilação e a maiores distorções da caixa torácica (SEGRE et al., 1995). O aparelho respiratório do recém-nascido inicia sua função quando se corta o cordão umbilical e em seguida falto oxigênio para os tecidos. Em geral os animais fazem algum esforço respiratório (como o choro dos humanos) e ocorre um ingresso forçado de ar nos pulmões e que vão representar o chamado "ar residual" nos pulmões adultos pelo fato de dilatar os alvéolos que até então se encontravam colabados (colapso). Aparentemente os pulmões também entram em funcionamento pelo fato do corte com o cordão umbilical aumentar a tensão de CO 2 e estimular o centro respiratório (bulbar); outra enfermidade gerada a nível pulmonar é a deficiência da substância denominada surfactante que forra internamente os alvéolos. Tal substância é a dipalmitoil-lecitina (um fosfolipídio) que permite a passagem dos gases respiratórios, oxigênio e gás carbônico, através das paredes alveolares. Sua ausência conduz a uma enfermidade letal em poucas horas e é denominada "doença da membrana hialina"; aparentemente esta falta de surfactante se deve à uma deficiência de cortisol materno-fetal para amadurecimento de vários tecidos fetais, inclusive do aparelho respiratório (RIBEIRO,2008). Além disso, o diafragma do recém-nascido apresenta somente 25% de fibras musculares do tipo I, vermelhas, de contração lenta, resistentes à fadiga e com alta capacidade de oxidação, sendo que o diafragma de um prematuro pode ter apenas 10% dessas fibras. A falta de fibras oxidativas no diafragma aumenta a susceptibilidade do RN à fadiga da musculatura respiratória (CRANE, 1994). A complacência pulmonar do RN é diminuída pela imaturidade dos brônquios, bronquíolos, alvéolos e pela ausência de surfactante nos prematuros. Com esta diminuição, são necessárias pressões de insuflação maiores para manter o volume pulmonar e, consequentemente, ventilação pulmonar. A parede torácica altamente complacente apresenta desvantagens mecânicas durante a respiração, assim, o recém-nascido precisa gerar grandes pressões e realizar maior trabalho para mover o mesmo volume corrente (SEGRE et al., 1995). Segundo Marcondes et al. (2003), a freqüência respiratória (FR) do recém-nascido é elevada, variando entre 30 e 50 incursões por minuto (ipm); de um a seis meses de idade pode variar de 20 a 40 ipm, diminuindo progressivamente até a fase adulta. Os recém-nascidos dormem até 20 horas por dias e podem passar até 80% desse período em sono REM (rhythm eye movements). Nessa fase, ocorre aumento do trabalho respiratório 4 devido à diminuição do tônus muscular postural, aumentando a tendência às distorções da caixa torácica nos movimentos respiratórios, levando à diminuição do Volume Correte (VC) e aumento da FR, acima do 60 ipm. Com isso, há uma redução de 30% na Capacidade Residual Funcional (CRF) durante o sono (KLAUS et al, 1995). Outros fatores interferem na dinâmica respiratória do RN, tais como: a imaturidade do sistema nervoso central, representada por menor grau de mielinização, bem como, um menor número de sinapses entre os neurônios, o que acarreta menor velocidade da transmissão dos impulsos, tanto aferentes como eferentes. Um exemplo disto é a resposta ventilatória lentificada às variações nas concentrações de oxigênio (O2) e dióxido de carbono (CO2) (FIGUEIREDO, 1992). Enquanto o adulto apresenta hiperventilação como resposta à hipóxia, o recém-nascido demonstra um padrão de resposta bifásica, caracterizado por um aumento na ventilação nos dois minutos iniciais, seguido por um decréscimo, uma vez que a hiperventilação inicial não é mantida (RIGATTO et al, 1998). 3. Indicações da fisioterapia respiratória neonatal e pediátrica Com relação às indicações da fisioterapia respiratória em recém nascidos pré-termo (RNPT), Kelly, Palisano e Wolfson (2006) concluíram que o tratamento fisioterapêutico em RNPT enfermos tem indicação sob certas condições clínicas, como as síndromes aspirativas, a síndrome do desconforto respiratório, pneumonias, atelectasias, e na prevenção de complicações da ventilação mecânica. Esses pesquisadores concluíram que a intervenção fisioterapêutica está indicada na presença de secreção na via aérea, e nos casos com evoluções desfavoráveis à gasometria e/ou ao exame radiológico, sinais indicativos de possíveis problemas com a depuração ciliar, com a ventilação ou outra alteração da mecânica respiratória, e na maioria das vezes com as três condições. Em algumas situações a fisioterapia respiratória tem mostrado grande impacto e pode alterar o prognóstico do paciente. Isto foi observado na síndrome do desconforto respiratório, na síndrome de aspiração meconial, na displasia broncopulmonar, nas pneumonias neonatais e nos pós-operatórios de cirurgias de grande porte. A fisioterapia pré e pós-extubação também mostrou valor na redução da incidência de complicações, como as atelectasias pós-extubação. Os pacientes pediátricos internados em terapia intensiva têm indicação de fisioterapia respiratória em casos de hipersecreção brônquica, submetidos ou não à ventilação mecânica, pois há otimização da função cardiopulmonar e redução do agravo respiratório. Os prematuros frequentemente apresentam doenças respiratórias e a abordagem fisioterapêutica faz parte do tratamento proposto nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatais. Nos casos em que se objetiva a remoção de secreção do trato respiratório inferior, podem ser empregadas técnicas de higiene brônquica, como a vibração, a drenagem postural e a aspiração. A ênfase é direcionada às técnicas passivas e/ou de posicionamento para preservar a estrutura respiratória, evitando ou minimizando a dor e a manipulação excessiva. A técnica de vibração auxilia na mudança das características da secreção, facilitando a sua remoção. Entretanto, ainda não está claro se técnicas de fisioterapia desencadeiam dor no prematuro. Além disso, este benefício foi principalmente devido aos resultados dos estudos realizados há muito tempo antes que os avanços, como melhores sistemas de umidificação para umedecer o ar a respiração do bebê e do surfactante de drogas. Esses avanços podem ter reduzido o risco de complicações em torno do tempo de extubação assim que estes resultados podem não se aplicar para bebês recém-nascidos em berçários de hoje. Esta revisão não mostra qualquer evidência de dano para os bebês que receberam um curso curto de peito após a extubação fisioterapia. 5 Com relação às indicações da fisioterapia respiratória em recém nascidos pré-termo (RNPT), Paratz e Burns (1993) concluíram que o tratamento fisioterapêutico em RNPT enfermos tem indicação sob certas condições clínicas, como assíndromes aspirativas, a síndrome do desconforto respiratório, pneumonias, atelectasias, e na prevenção de complicações da ventilação mecânica. Estudos de Kelly, Palisano e Wolfson (2006) concluíram que a intervenção fisioterapêutica está indicada na presença de secreção na via aérea, e nos casos com evoluções desfavoráveis à gasometria e/ou ao exame radiológico, sinais indicativos de possíveis problemas com a depuração ciliar, com a ventilação ou outra alteração da mecânica respiratória, e na maioria das vezes com as três condições. Em algumas situações a fisioterapia respiratória tem mostrado grande impacto e pode alterar o prognóstico do paciente. Isto foi observado na síndrome do desconforto respiratório, na síndrome de aspiração meconial, na displasia broncopulmonar, nas pneumonias neonatais e nos pós-operatórios de cirurgias de grande porte. A fisioterapia pré e pós-extubação também mostrou valor na redução da incidência de complicações, como as atelectasias pós-extubação (LEWIS; LACEY e HERDERSON-SMART, 2006). Os pacientes pediátricos internados em terapia intensiva têm indicação de fisioterapia respiratória em casos de hipersecreção brônquica, submetidos ou não à ventilação mecânica, pois há otimização da função cardiopulmonar e redução do agravo respiratório (WALLIS e PRASAD, 2010). 4. Metas que a fisioterapia respiratória neonatal pretende alcançar Pesquisas como de Bertone (2012) descrevem os objetivos da assistência fisioterapêutica em recém-nascidos e crianças: otimizar a função respiratória de modo a facilitar as trocas gasosas e adequar a relação ventilação-perfusão, adequar o suporte respiratório, prevenir e tratar as complicações pulmonares, manter a permeabilidade das vias aéreas, favorecer o desmame da ventilação mecânica e da oxigenoterapia. Embora os objetivos da fisioterapia sejam semelhantes àqueles traçados para os adultos, a assistência fisioterapêutica em Pediatria / Neonatologia apresenta particularidades relacionadas às diferenças anatômicas e fisiológicas existentes nestes pacientes, em relação às demais faixas etárias. Realiza-se o procedimento de aspiração somente quando for necessário, entre as aspirações, o RN tem que ser ventilado para que a velocidade do fluxo sanguíneo cerebral volte aos valores fisiológicos (SARMENTO, 2007). Deve-se avaliar, então, a necessidade do procedimento, com o propósito de evitar manipulação excessiva. 5. As técnicas que a fisioterapia utiliza – efeitos benéficos e efeitos adversos Técnicas de fisioterapia respiratórias tais como aspiraçao de vias aereas, percussão e vibrações (muitas vezes referido como fisioterapia ativa) são pensados para reduzir as complicações respiratórias através da promoção da remoção das secreções melhorando assim a ventilação dos pulmões. Melhora da oxigenação após a fisioterapia ativa tem sido relatada. Entretanto, relatos sobre os efeitos dos diferentes métodos de fisioterapia ativa mostram resultados conflitantes. Varios estudos relatam o aumentam do fluxo sanguineo cerebral e da pressão intracraniana durante a apiração traqueal, a aspiraçao das vias aéreas tornou-se rotineira em UTI, é um procedimento que envolve cuidados e obediencias a certos rigores tecnicos e sua indicação esta baseada em evidencias de sinais diretos ou indiretos de acúmulo de secreção nas vias aéreas ou no tubo endotraqueal (ULTRA, 2009). Entubação endotraqueal e ventilação mecânica causam trauma e inflamação das vias aéreas e aumento de secreções nos pulmões. Estes efeitos podem contribuir para complicações 6 respiratórias após a interrupção da ventilação mecânica e extubação, causando desconforto, agitação e angústia (necessitando de aspiração frequentes), a obstrução de vias aéreas com grande colapso pulmonar resultante. A presença de colapso pulmonar pode exigir um maior apoio, tais como oxigênio suplementar e, ocasionalmente, reintubação para ventilação mecânica adicional. Estas complicações potencialmente prolongar a fase de recuperação e pode ter impacto sobre resultados a longo prazo. Os artigos selecionados apresentaram grande variabilidade em relação às técnicas fisioterapêuticas empregadas em neonatos e crianças. As mais utilizadas e avaliadas são as denominadas manobras de higiene brônquica: tapotagem (ou percussão), vibração/vibrocompressão, manobras com ambú (bag-squeezing), aspiração das vias aéreas e endotraqueal, estímulo de tosse e o posicionamento em posturas de drenagem. O estudo de Speidel (2011) apresentou além das manobras de higiene brônquica, recursos que englobavam exercícios respiratórios passivos em recém-nascidos pré-termo. As manobras de higiene brônquica são utilizadas para mobilizar e remover as secreções nas vias aéreas, no sentido de melhorar a função pulmonar. Entretanto, em algumas situações, a fisioterapia respiratória pode ser lesiva ao paciente, principalmente ao recém-nascido pré- termo, pois ele pode não suportar o manuseio, mesmo pouco intensos e habituais, de uma UTI neonatal (SANCHEZ, 2009). Segurança em termos de estabilidade de fluxo sanguíneo intracraniana durante a aspiração, não houve aumento na taxa de lesões cerebrais, e benefício em termos de redução de hipoxemia durante a aspiração tem sido relatada. No entanto, as preocupações também foram expressas em relação à segurança desse procedimento. Na sequência da publicação de um pequeno ensaio o uso de técnicas de fisioterapia ativos no peito para a prevenção do colapso pulmonar pós-extubação tornou-se uma parte da rotina em muitos berçários neonatais. No entanto, um crescente corpo de literatura conflitante sobre os efeitos da fisioterapia respiratória ativa resultou em diferenças de opinião sobre a relação risco / benefício de muitas técnicas de fisioterapia neonatal, e também diferenças na prática. Em relação aos recursos fisioterapêuticos, vários autores contra-indicam as manobras de higiene brônquica para RNPT com peso de nascimento menor que 1.500 g nos primeiros 3 dias de vida, devido à maior labilidade e possibilidade de ocorrer hemorragia intracraniana. Para estes RNPT, o posicionamento é fundamental e parte integrante da assistência fisioterapêutica durante os primeiros dias de vida, pois possibilita melhores condições biomecânicas ao segmento tóraco-abdominal e aperfeiçoa a função respiratória, sem promover eventos hemorrágicos. De acordo com algumas pesquisas, as manobras de higiene brônquica, principalmente a tapotagem, podem provocar nos RN efeitos adversos – hipoxemia (WOOD, 2005), fratura de costelas (COPPO, 2008), e, por vezes, lesões cerebrais (ARGENT e MORROW, 2004). Foi observado através de balão esofágico que a tapotagem provoca aumento na pressão intratorácica, sem interesse para o aumento no clearance das secreções brônquicas (MARTIN e THOMAS, 2000). A eficácia da tapotagem em RN é questionada por diversos autores, dentre eles, citamos Hussey (2012), o qual muito contribuiu com essa questão. Isso porque nessa idade o tórax é muito maleável, tem dimensões reduzidas e, sendo assim, o efeito mecânico da tapotagem é consideravelmente menor do que em outras faixas etárias. Seria necessário, portanto, aplicar uma energia mais intensa do que a aplicada em adultos para ocorrer o desprendimento das secreções brônquicas, o que ofereceria o risco, por vezes observado, de causar dor e até fratura de costelas. Na área pediátrica, o estudo de Hardy (2003) ressalta a importância da monitoração do paciente durante a realização da tapotagem, pois pode ocorrer arritmia cardíaca e/ou instabilidade hemodinâmica. Além das crianças em UTI, a indicação de monitoração deve 7 abranger os pacientes com doenças crônicashipersecretivas, mesmo que estáveis clinicamente. O supracitado autor relata que a tapotagem em crianças pneumopatas crônicas com fibrose cística, tem eficácia comprovada na drenagem da secreção brônquica e na redução de infecções locais. Uma possível indicação de tapotagem seriam os quadros de broncoespasmo, mas na literatura não há estudos suficientes para esta avaliação, que deveria ser mais estudada. Um estudo observou que frente à ausculta pulmonar de sibilos isolados a essa tecnica deve ser evitada, até o momento em que o paciente apresentar outros ruídos adventícios. As pesquisas de Oberwaldner (2002) verificaram a reexpansão de áreas atelectásicas com o uso da tapotagem, porém houve um caso de atelectasia secundária ao procedimento, com arritmia cardíaca importante. O posicionamento na postura de Trendelemburg para drenagem de secreções respiratórias é contra-indicada em recém-nascidos, crianças com instabilidade hemodinâmica, e/ou com aumento da pressão intracraniana. A postura favorece o aumento da pressão intracraniana, e o refluxo gastroesofágico eleva o risco de broncoaspiração e pneumonia. Outros estudos mostram que o posicionamento fora do leito onde o paciente e colocado em posição sentada ou com cabeceira elevada depende consideravelmente das indicações hemodinâmicas do paciente seja ele, adultos ou recém-nascidos, lembrando que o posicionamento sentado favorece por meio da gravidade, na contração do diafragma (PRESTO 2009). O posicionamento correto aperfeiçoa a função pulmonar, auxilia o desenvolvimento neurossensorial e psicomotor, além de oferecer maior conforto ao neonato. A posição prona é também uma ótima opção para melhorar a oxigenação e a ventilação/perfusão, e por ser confortável para o RN frequência de 2 a 4 horas e posicionar corretamente o bebe são considerados procedimentos benéficos tanto para o aparelho respiratório, prevenindo a estase de secreções, funcionando com estimulo para parede torácica e facilitando a reexpansão pulmonar em áreas atelectasiadas(RIBEIRO,2008). Em relação à técnica descrita como aumento do fluxo expiratório (AFE), Oberwaldner (2002) relata melhora dos níveis de oxigenação arterial em lactentes hipersecretivos com esta técnica. A aspiração das vias aéreas é um procedimento muitas vezes realizado nas UTI para manter a permeabilidade das mesmas, em especial nos pacientes com pouca tosse, como os RNPT. Embora o procedimento seja relativamente simples, exige cuidado rigoroso na sua execução devido aos efeitos indesejáveis que pode determinar. As alterações fisiológicas induzidas pela aspiração ainda são pouco conhecidas. Podem ocorrer efeitos cardiovasculares adversos, determinados pela hipoxemia, e por alterações do sistema nervoso autônomo. Por meio da estimulação dos receptores simpáticos pode resultar secundariamente vasoconstrição periférica e aumento da pressão arterial, e em decorrência da estimulação dos receptores parassimpáticos a bradiarritmia. Os efeitos adversos (aumento do fluxo sanguíneo cerebral e da pressão intracraniana durante a aspiração traqueal) podem inibir os efeitos benéficos. São descritas, também, outras complicações associadas à aspiração de vias aéreas e endotraqueais, que, geralmente, resultam de técnica de aspiração inadequada. Podem ocorrer lesões da mucosa traqueobrônquica, perfuração brônquica pela sonda de aspiração (com pneumotórax secundário), atelectasia (devido ao uso de pressão negativa excessiva), além de bacteremia e infecções respiratórias. As pesquisas do autor supracitado não recomendam a realização da aspiração em horários pré- estabelecidos, sugerindo que a necessidade da remoção do excesso de secreções das vias aéreas deva ser individualizada. De forma geral, estudos sugerem que a aspiração endotraqueal não deve ser realizada nos 3 primeiros dias de vida do RNPT, pois não está demonstrada melhora no prognóstico dos recém-nascidos submetidos rotineiramente a esse procedimento. Além disso, nessa fase o 8 RNPT é extremamente vulnerável ao desenvolvimento da hemorragia peri-intraventricular. Em relação à tosse obtida por estimulação direta da fúrcula do recém-nascido e de lactentes, os efeitos encontrados são semelhantes, ocorrendo um rápido e abrupto aumento do fluxo sanguíneo cerebral e da pressão intracraniana, devendo ser empregado somente em lactentes crônicos e hipersecretivos. 6. Papel da fisioterapia na extubação/reintubação O papel da fisioterapia respiratória no período de periextubação para reduzir a freqüência de atelectasia e a necessidade de reintubação foi avaliado por meio de metanálise. Pesquisas atuais alcançaram os critérios para inclusão nesta análise: ensaio clínico prospectivo e randomizado ou quase randomizado em recém-nascidos sob ventilação mecânica em fase de extubação traqueal. Foram avaliadas as manobras fisioterapêuticas: vibração ou tapotagem seguida de aspiração; drenagem postural seguida de aspiração; ausência de intervenção. Esses estudos mostraram grande variabilidade tanto nas características dos pacientes pesquisados quanto nas técnicas e nas estratégias de fisioterapia utilizadas. Entretanto, a análise conjunta demonstrou que as manobras de higiene brônquica diminuíram a necessidade de reintubação. Além disso, observou-se uma tendência a menor índice de atelectasia pós-extubação. Portanto, as manobras avaliadas parecem ser benéficas no período de periextubação e avaliam-se retrospectivamente os episódios de atelectasia pós-extubação, com controle histórico e não mostrou efeito benéfico das manobras de higiene brônquica. 7. Metodologia Procedeu-se uma busca sistemática da literatura por meio da consulta aos indexadores de pesquisa nas bases de dados eletrônicos MedLine, ISI Web, Lilacs e SciELO. O levantamento foi realizado com os seguintes descritores: newborn (or neonate) / recém-nascido (ou neonato) and / e infants (or children) / crianças and / e respiratory physiotherapy (or physiotherapy) / fisioterapia respiratória (ou fisioterapia) and / e intensive care unit (unidade de terapia intensiva). Foram definidos como critérios de inclusão: artigos de revisão, editoriais, artigos originais e artigos experimentais de língua inglesa, portuguesa ou espanhola, realizados com seres humanos na fase neonatal e pediátrica, publicados no período de 1989 a 2012 em periódicos especializados indexados nas bases de dados consultadas. Após leitura detalhada e análise criteriosa dos artigos levantados, foram identificadas quatro categorias em relação à fisioterapia respiratória: indicações da fisioterapia respiratória neonatal e pediátrica; objetivos da fisioterapia respiratória; técnicas fisioterapêuticas utilizadas – eficácia versus efeitos adversos e papel da fisioterapia na extubação/reintubação. 8. Resultados e Discurssão A fisioterapia intensiva por meio de suas técnicas e posicionamento promove a permeabilidade das vias aéreas, mantendo a integridade do funcionamento do pulmão e proporcionando uma ótima ventilação alveolar, bem como a melhoria dos níveis de gasometria e radiologias dos campos pulmonares, por cooperar para uma involução das moléstias respiratórias (SARMENTO 2007). Ao longo do tempo, a assistência neonatal foi alvo de várias transformações no que diz respeito à área da saúde, tendo surgido tecnologias inovadoras, que ampliaram o serviço prestado aos recém-nascidos (RNs). Essas mudanças atingiram o setor de tratamento intensivo, passando, consequentemente, a estarem presentes na rotina das unidades de terapia intensiva neonatal (UTINs) (GAÍVA e SCOCHI, 2004). Porém, mesmo com o advento das novas tecnologias e conhecimentos científicos sobre a assistêncianas UTINs e apesar da disponibilização de tratamentos especializados a essa população (LANSKY, FRANÇA e 9 LEAL, 2002), os serviços de saúde nesse setor ainda deixam a desejar, culminando, muitas vezes, com o óbito neonatal. Uma das explicações para este desfecho está relacionada ao caso de o atendimento neonatal intensivo não se tratar apenas da assistência ao recém-nascido propriamente dito, mas também da consideração e prevenção dos fatores de risco existentes para a mortalidade neonatal. Tais fatores contribuem para o aumento dos índices da Taxa de Mortalidade Infantil (TMI), dividida em período neonatal (estima o risco de óbito nos primeiros 27 dias de vida) e pós-natal (entre 28 dias e o final do primeiro ano de vida); esta considerada um dos indicadores mais comumente empregados para avaliação da situação de saúde de um país. Com o crescimento dos óbitos de recém-nascidos no país, a literatura tem abordado com muita frequência os fatores de risco para a mortalidade neonatal. Os avanços tecnológicos aumentaram a sobrevida de RN de alto risco, com pesos de nascimento e idades gestacionais cada vez menores, os quis evoluem com elevada mortalidade neonatal dependendo de assistências multiprofissionais. Assim a fisioterapia tem adquirido um papel de grande destaque em varias situações, como a utilização do posicionamento, manutenção de uma boa postura, o relaxamento muscular, promoção da auto- organização e o auxilio na ventilação pulmonar do neonato. Esta rede de fatores adversos é de grande complexidade, incluindo tanto características biológicas maternas e do recém-nascido, quanto às condições de vida da família, da atenção à saúde e seu contexto social (MÉIO et al, 2005). Entre os fatores ligados a saúde da mãe e à qualidade de assistência à gestação, os mais encontrados são hipóxia neonatal, baixo peso ao nascer, prematuridade e malformações congênitas (LAURENT e BUCHALLA, 2004). A investigação da sequência de eventos que leva, constantemente, ao óbito de recém-nascidos, em relação às causas básicas e associadas é de fundamental importância para fundamentar a meta da evitabilidade dos óbitos e da qualidade dos serviços prestados nas UTINs, de forma a melhorar o atendimento a essa parcela populacional (MCARREN e ALISON, 2010). Entretanto, diante da variedade de fatores de risco à mortalidade neonatal e devido à existência de vários estudos que abordam diferentes conclusões a respeito dos principais fatores adversos ao óbito nas UTIs, o presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática acerca dos fatores adversos existentes e indicar quais deles são os mais comumente observados atualmente no Brasil. Neste sentido, conclui-se imprescindível a relevância de levantamento de novas pesquisas que aborde sobre a temática em pauta, visando o progresso da ciência em referência a este assunto, objetivando o favorecimento quanto à minimização de mortes em recém-nascidos com problemas de respiração. Pesquisas revelam que após 15 minutos de fisioterapia respiratória em RNS pré-termo e atermo, houve um aumento significativo de níveis de PaO2. Entretanto para (FOX et al, mostraram redução significativa da PaO2 após determinadas manobras respiratórias. A Fisioterapia Intensiva é de muita importância, pois com o tratamento adequado o RN pode ter uma melhor qualidade de vida e evitar complicações futuras a qual visa manter a permeabilidade das vias aéreas e otimização da ventilação alveolar, proporcionando ao RN um maior conforto possível para evitar e/ou minimizar complicações na VM. 9. Conclusão Com a evolução da fisioterapia trouxe a grande necessidade da especialização do profissional na área respiratória, foram tambem utilizados outros nomes voltados para essa especialidade como fisioterapia cardiorrespiratória, fisioterapia pneumológica, fisioterapia em pneumologia dentre outros. Desta forma é indiscultivel que o estudo voltado para o aparelho respiratório demanda grandes conhecimentos sobre outros orgãos com o coração, com sua função cardíaca que em conjunto com as técnicas fisioterapeuticas preconizam principalmente a função pulmonar. Partindo desse princípio, preocupações sobre a segurança da fisioterapia respiratória ativa para recém-nascidos prematuros têm sido relatados. Informações sobre os 10 efeitos adversos é inadequada, os estudos incluídos nesta revisão para permitir a avaliação da segurança. Em vista disso e da falta de evidência clara de benefício, seria sábio usar esta intervenção com cautela. A cinesioterapia deve ser efetuada, mas de maneira cuidadosa, e sempre manter posicionamento à 30º e posição neurofuncional, a monitorização é de muita efetividade, para qualquer alteração que o RN pode apresentar, pois o posicionamento no leito, enquanto técnica da fisioterapia respiratória tem como objetivo melhorar a ventilação, favorecer a mecânica diafragmática favorecendo dessa forma a troca gasosa. A análise dos estudos realizados na faixa pediátrica e neonatal mostra que a fisioterapia respiratória está indicada e tem eficácia comprovada nos casos de hipersecreção brônquica. É necessária cautela ao interpretar os possíveis efeitos positivos da fisioterapia respiratória de uma redução no uso de reintubação ea tendência de diminuição da atelectasia pós-extubação como o número de bebês estudados são pequenos, os resultados não são consistentes em estudos, dados de segurança são insuficiente, a aplicabilidade e para a prática corrente pode ser limitado. Nesta condição, conclui-se que, as manobras de higiene brônquica parecem auxiliar na depuração de secreção das vias aéreas, reduzindo, também, os episódios de atelectasia pós- extubação. No entanto, as evidências quanto aos efeitos benéficos e adversos dos procedimentos fisioterapêuticos são limitadas, por amostras pequenas e pouco controladas. O período neonatal parece apresentar contra-indicações à fisioterapia respiratória, especialmente nos primeiros dias de vida e nos RNPT é importante ressaltar critérios para indicar as manobras de higiene brônquica, inicia-se a fisioterapia respiratória imediatamente assim que for detectados sinais clínicos e laboratoriais além de surgimento de desconforto respiratórios, patologias voltadas para comprometimento do aparelho respiratório dentre outros, afim de se evitar as complicações futuras para esse recém-nascido. Referências ARGENT AC, MORROW BM. What does chest physiotherapy do to sick infants and children? Intensive Care Med: 2004;30:1014-6. BERTONE N. The role of physiotherapy in a neonatal intensive care unit. Aust J Physiother: 2012;34:27-34. CRANE LD.IRWIN S, et al. Fisioterapia para neonato com doenças respiratória.Baurueri: Manole,1994. COPPO MRC. Assistência fisioterápica respiratória: técnicas atuais versus técnicas convencionais. In: FERREIRA ACI, TROSTER EJ. 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