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1 A IMPORTANCIA DOS JOGOS NA EDUCAÇAO INFANTIL O JOGO E A BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL. LEILA GOMES PROF. ORIENTADOR: PAULO SERGIO LEITE Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIAS SELVI (Ped. 0564) – Trabalho de Graduação Licenciatura em Pedagogia COLIDER/MT 22/06/2015 RESUMO Este TG tem como objetivo, analisar as principais dificuldades encontradas pelos professores em relação aos jogos, e a utilização das brincadeiras no processo de aprendizado na educação infantil, analisando de forma coerente o resultado da aplicação dos jogos e brincadeiras na formação da criança. Tendo como tema a importância dos jogos na educação infantil, no qual a escolha se deu a partir da disciplina de Estagio Supervisionado em sala de aula, sendo possível compreender a importância que os jogos tem para a aprendizagem das crianças, facilitando no desenvolvimento físico, mental e psicológico. Onde foi possível observar que a criança aprende mais, quanto está imersa em situações que envolvem o brincar, despertando o senso de responsabilidade, regras e limites, incentivando a criatividade, imaginação, curiosidade entre outros A metodologia utilizada para o TG foi através de reflexão, observação e pesquisa a respeito do desenvolvimento infantil com os jogos, sua importância e contribuição no processo de aprendizagem e na construção do conhecimento. Para tanto foi necessário varias pesquisas bibliográfica, fundamentada em vários pensadores, livros, revista, artigos, entre outros, para melhor entender as teorias de autores e estudiosos Onde foi possível observar como é de fundamental importância o papel do professor em sala de aula proporcionando as crianças varias forma de interagir com os brinquedos, jogos e brincadeiras na educação infantil dentro da interdisciplinaridade, com atividades realizadas de forma lúdica, promovendo o conhecimento afetivo das crianças, e sempre mostrando que por trás de cada recurso, há uma forma de aprendizagem mais significativa. Palavra Chave: Jogos; Brincadeiras; Aprendizagem; 2 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como tema jogos na educação infantil, pois a escolha por este estudo fez- se a partir da disciplina de Estagio Supervisionado que se deu devido as observação em sala de aula através dos estagio que tem como proposito de melhor compreender que através dos jogos é possível contribuir para um processo de aprendizagem facilitando no desenvolvimento psicomotor da criança entendendo assim que a criança aprende mais, quanto está imersa a situações que desperte senso de responsabilidade social, moral, regras e limites, incentivar a criatividade, a imaginação, curiosidade e etc. Pois estudos e pesquisas revelam que as atividades incluindo o lúdico como eixo norteador da educação infantil, vem transformando o desempenho no campo educacional como prática psicopedagógico institucional. Sendo de fundamental importância ter as práticas lúdicas como objetos permanentes de estudo e implementação, para que além de se resgatar valores culturais possa ampliar a capacidade de criação e articulação com uma proposta que valorize a educação em todos seus aspectos. Para se atingir esses objetivos é preciso um comprometimento que permeiam as práticas lúdicas, explorando novas possibilidades a fim de produzir um ensino significativo de qualidade para a vida dos alunos. Portanto o objetivo geral é: Analisar as principais dificuldades encontradas pelos professores em relação aos jogos, e a utilização das brincadeiras no processo de aprendizagem na educação infantil, analisando de forma coerente o resultado da aplicação dos jogos e brincadeiras na formação da criança. E como objetivo especifico: Verificar se é possível a construção do conhecimento através dos jogos e a interação nas brincadeiras interdisciplinares na educação infantil; Ampliar vocabulário; Desenvolver percepções visuais, auditivas e táteis através dos jogos; Analisar como as crianças reagem ao estimulo dos jogos; Observar como o lúdico pode contribuir no seu desenvolvimento, transformando-se e fortalecendo sua vida em sociedade. A metodologia utilizada para o presente estudo é fazer uma reflexão a respeito do lúdico no desenvolvimento infantil, bem como sua importância e contribuição no processo de aprendizado das crianças da educação infantil, e na construção do conhecimento. Para tanto foi necessário varias pesquisas bibliográficas, em livros, sites, entre outros, para melhor entender as teorias de autores e estudiosos, sobre esse tema, foi usada citações de obras dos mesmos que muito enriqueceram e tornaram possível o desenvolvimento deste trabalho, fundamentado de acordo com a visão de vários pensadores. Lembrando sempre que os jogos não são apenas uma forma de divertimento, mas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Transformando o seu mundo e proporcionando um equilíbrio, onde a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar. Tornando-se os jogos cada vez mais significativos à medida que a criança se desenvolve, porque através da manipulação de materiais variados, ela poderá reinventar coisas, reconstruir 3 objetos usar a imaginação desenvolvendo seu próprio eu. Onde os jogos são excelente proposta pedagógica para ser trabalhada em sala de aula, porque proporcionam a relação entre parceiros e grupos, o que é um fator de avanço cognitivo, pois durante os jogos a criança estabelece decisões, conflitua-se com seus adversários e reexamina seus conceitos. Considerando, assim o jogo uma forma significativa, proporcionando a criança uma aprendizagem multidisciplinar, nas formas de ser e de pensar na sociedade em que esta inserida. Onde o professor deve proporcionar ao aluno várias formas de se trabalhar com o lúdico dentro da interdisciplinaridade, através de fantoches, atividades realizadas de forma lúdica, jogos, brincadeiras, expressão corporal, que promovem o desenvolvimento motor e sócio-afetivo das crianças, e sempre mostrando que por trás de cada um desses recursos, há uma forma de aprendizagem mais significativa. Pois o jogo tem grande importância, pois tem um campo amplo de experiências que poderá ser oferecida aos alunos atendendo-os em toda a sua dimensão, no seu desenvolvimento físico, psíquico (cognitivo) e afetivo social. Podendo assim, a inteligência ser construída através da ação realizada pelo indivíduo no seu meio. Esta ação não é um ato isolado, ela está envolvendo não só o corpo como também a mente e a emoção da criança. Segundo Freidmann (2006, p. 17) o brincar já existia na vida das pessoas bem antes das primeiras pesquisas sobre o assunto. E como surgiu esse interesse pelo lúdico? Acredita-se que pela diminuição do espaço físico e temporal destinado a essa atividade, que supostamente tenha sido provocada pelo aparecimento das instituições escolares e pelo incremento das indústrias de brinquedos, além da influencia da mídia televisa e a inclusão da mulher no mercado profissional. 2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para Kishimoto, (2011, P.41) A Utilização dos jogos na educação infantil tem como significado de transportar a criança para o campo do ensino-aprendizagem fornecendo condições para atribuir o valor mais elevado na construção do conhecimento, introduzindo as para as prioridades do lúdico, da ação ativa, da capacidade de iniciação, da motivadora e do prazer. Segundo Kischimoto (1997, p.13) ―tentar definir o jogo não é tarefa fácil‖, pois é possível sua interpretação de diversas formas como, por exemplo, ―brincar de ―mamãe e filhinha‖, jogar bola, brincar naareia, construir um barquinho. Entretanto, cada jogo tem suas particularidades, no exemplo citado de brincar de ―mamãe e filhinha‖ usa se a imaginação da criança este se diferencia do jogo de futebol no qual há regras a serem cumpridas, que também se torna diferente do brincar na areia, no qual esta brincadeira o prazer de manipulação de objetos que satisfaz a criança. Por sua vez todas elas se diferem da construção de um barquinho, pois há a exigência de um modelo mental e destreza manual para executar atividade‖. (KISCHIMOTO 1997, P.13) Segundo O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL,1998,p.21): 4 ―Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de uma criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação, amadurecendo também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papeis sociais. (BRASIL,1998,p.21)‖: O jogo não pode ser considerado um elemento distante no aprendizado da criança, ele deve ser apreciado como um elemento importante, pois contribui para seu melhor desenvolvimento. O jogo tem dois de ponto diferentes: primeiro, é visto como algo positivo e real, e a segunda é visto como desnecessário e inútil. Portanto não devemos separar a ludicidade do ensino pedagógico, pois os dois elementos andam juntos um do outro para que se obtenha a principal concretização do aprendizado. Podendo evidenciar que a criança tem como direito de brincar, de se divertir, entre outros. Direito estes que esta contemplada na lei 8069/90, em seu artigo 16. Segundo, Rojas, Souza, e Cintra (2008) ao citar Horn (2004), afirmam que um trabalho de qualidade com as crianças pequenas é desafiador pois exigem um ambientes aconchegantes, criativos, seguros, estimulantes, alegres, e divertidos, nos quais com atividades que estimulem sua auto-estima, ampliando e valorizando sua leitura de mundo. Aguçando assim a sua curiosidade, sua capacidade de pensar, de expressar, de decidir, de atuar, de imaginar, e de criar, sempre através dos jogos que deveram esta presentes nas brincadeiras, nas músicas, na expressão corporal, na artes e nas histórias. A sala de aula de Educação Infantil deve ser sempre um lugar de exploração ao ambiente da realidade que cerca o dia a dia dos alunos. Onde a preocupação do professor deve estar constantemente voltada para desenvolver nas crianças a curiosidade e o interesse pela interpretação dos fenômenos que ocorrem no meio em que estão inseridos. Sendo assim, uma maneira muito rica e interessante de aprender, a ―experimentar e descobrir‖ o mundo através do lúdico. Para que isso ocorra, a criança deve ter a oportunidade de agir sobre sua realidade. De acordo com Santos e Cruz (2008) o lúdico é entendido como um mecanismo da subjetividade, da afetividade, ou seja, da emoção. Por isso é importante que este seja praticado na educação infantil da melhor forma possível, dando vazão à fantasia, aos sonhos. Portanto, é necessário que se proporcione momentos em que a criança tenha a possibilidade de explorar seus desejos, sonhos, e fantasias, pois sem isso ela estará somente ligada ao mundo da razão, onde só se resolve problemas, executa ordens, não dando chance para a expressão e nem para a criatividade. [...] ―O jogo ajuda a criança a ser menos egocêntrica, proporciona à criança viver momentos de colaboração, competição e também de oposição, ensina a criança a conhecer regras respeitando o companheiro e aumenta os seus contatos sociais, proporciona a elaboração de algumas estruturas: ordenação, classificação, estruturação de tempo e espaço, estratégias para vencer o colega. Ajuda, também, a criança se comunicar e expressar usando a explicação de regras, contestar ou comentar as fases do jogo, permite à criança a oportunidade para criar e montar seus próprios jogos, melhorando as suas habilidades, 5 proporciona à criança a sua avaliação motora, sendo motivada a se ultrapassar pelo auto- desafio‖. (FIDELIS, 2005, p.24) Huizinga (2001) e Brougère ( 2001; 2003) afirmam que os jogos e brincadeiras, dos mais diversos tipos, foram e são atividades presentes na vida de todos os seres humanos. Como práticas sociais, os jogos se modificam de acordo com a cultura e os costumes estando, no entanto, sempre presentes no cotidiano das pessoas, em especial das crianças. Embora o conceito de jogo e brincadeira seja polissêmico e ambíguo há concordância entre os autores ao considerarem estas ações como manifestações autênticas, espontâneas, dominadas pela incerteza e pelo acaso, pressupondo liberdade e o gosto pela ação. Contudo, essa caracterização do jogo parece ter sido suplantada por uma série de outras compreensões, principalmente quando adentramos a esfera educativa. Muitas vezes os jogos, brinquedos e brincadeiras têm seu valor educativo enaltecido e, nas instituições, são utilizados como elementos e práticas voltados para o ensino de diferentes noções para as crianças, sendo empregados desse modo para trabalhar conteúdos específicos, bem como comportamentos e atitudes. Kishimoto (2000) cita alguns exemplos, como o quebra-cabeça para ensinar números e cores, brinquedos de tabuleiro que trabalham tamanhos e formas, materiais para trabalhar coordenação motora, dentre outros. Mas, a pesquisadora não deixa de destacar que para serem considerados jogos tais atividades precisam preservar a ação intencional da criança para brinca. Segundo Tani et al (1988) o educador tem nos jogos um forte aliado para desenvolver e fixar conceitos. Se seus objetivos forem bem claros e dominados pelo professor, sua aplicação no dia-a-dia será eficaz. Igualmente, a análise e escolha de um jogo serão importantes para que o educador elabore um planejamento, no qual determine as características do jogo e do grupo. Assim a metodologia utilizada para o TG, que é fazer uma reflexão a respeito do lúdico no desenvolvimento infantil, analisando sua importância e contribuição em todo o processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças inseridas na educação infantil, e na construção do conhecimento. Para tanto foi necessário varias pesquisas bibliográfica, fundamentada em vários autores, sites, livros entre outros, para melhor entender as teorias, referente à Importância dos Jogos na Educação Infantil, utilizando assim citações de obras dos mesmos que muito enriqueceram e tornaram possível o desenvolvimento deste trabalho, fundamentado de acordo com a visão de vários pensadores. 2.1 A Importância do Jogo no Processo Ensino Aprendizagem na Educação Infantil Educar, brincar, jogar, socializar, enfim todos os prazeres que o saber proporciona quando é ―saborizado‖ e aprendido, onde a descoberta, verbaliza o entender, o prazer é imediato e notório, e 6 deverá ser compartilhado com toda comunidade escolar, inclusive a família, essa contemporânea a um capitalismo que por vezes está mais arraigado ao convívio familiar que o ato de educar. De encontro a esse predomínio moderno, as famílias devem doar cuidar, zelar, educar e brincar interagindo com o moderno as velhas e saudosas maneiras de conversar, sem que a modernidade e a tecnologia interfiram na educação, ou seja, voltando a jogar e brincar de verdade. Assim sendo, quando a criança brinca ou participa de jogos ela está experimentando, acrescentando regras, formas diferentes de entrosamento, desenvolvendo-se emocional,afetiva e cognitivamente. Quando estes jogos são usados nas aulas de educação física, quer seja como objetivo ou como estratégia, estão habilitando a criança para tornar-se um cidadão que respeite regras, desenvolva o espírito de cooperação, solidariedade, limites, etc. Piaget (1998) acredita que os jogos são essenciais na vida da criança. Tendo como jogo de exercício aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos. Em torno dos 2-3 e 5-6 anos (fase Pré-operatória) nota-se a ocorrência dos jogos simbólicos, que satisfazem a necessidade da criança de não somente relembrar o mentalmente o acontecido, mas também de executar a representação. Em período posterior surgem os jogos de regras, que são transmitidos socialmente de criança para criança e por consequência vão aumentando de importância de acordo com o progresso de seu desenvolvimento social. Para Piaget, o jogo constituiu-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade. Kishimoto (1999) Em suas pesquisas procura discutir o significado atual do jogo na educação, sua função lúdica e pedagógica, observando a importância do jogo na Educação Infantil, fazendo uma abordagem histórica, dando a construção do termo jogo educativo, demonstrando suas benéficas aplicações nos brinquedos e nas brincadeiras, desde Roma e a Grécia antigas. O autor ressalta ainda que os jogos foram sendo transmitidos de geração em geração por meio de sua prática experiência, permanecendo na memória infantil. E que a tradicionalidade e a universalidade dos jogos são observadas pelo fato de que os povos distintos e antigos, como os da Grécia e Oriente, brincaram de amarelinha, empinar papagaios e jogar pedrinhas. O jogo tradicional infantil é um tipo livre, espontâneo, no qual a criança brinca pelo prazer de fazê-lo. Evidencia também os jogos tradicionais infantis, marginalizados em decorrência do acelerado processo de industrialização e urbanização. Os estudos de Huizinga (1980) demonstram a natureza e o significado do jogo, do brincar, principalmente pela função cultural, como via de construção do conhecimento e da cultura humana, não desconsiderando o prazer, a diversão, e o delírio presentes nas práticas lúdicas. A intensidade e o fascínio na realização do brincar caracterizam o lúdico como parte da vida da criança. A intensidade do jogo e o seu poder de fascinação não podem ser explicados por análises biológicas. E, contudo, é nessa intensidade, nessa fascinação, nessa capacidade de excitar que reside a própria essência e a característica primordial do jogo. (HUIZINGA, 1980, p.5) 7 Pois os jogos para as crianças pequenas são fundamentais para o seu desenvolvimento e para a aprendizagem, pois envolvem diversão e ao mesmo tempo uma postura de seriedade. A brincadeira é para a criança um espaço de investigação e construção de conhecimentos sobre si mesma e sobre o mundo. Brincar é uma forma de a criança exercitar sua imaginação. A imaginação é uma forma que permite às crianças relacionarem seus interesses e suas necessidades com a realidade de um mundo que pouco conhecem. A brincadeira expressa a forma como uma criança reflete, organiza, desorganiza, constrói, destrói e reconstrói o seu mundo. Bettelheim (1984) O autor, com seu pensar, anuncia que o jogo é mais do que fenômeno fisiológico ou reflexo psicológico. Vai além do ser, do estar e do fazer, envolvendo de significados do agir. Ultrapassando os limites da atividade puramente física ou biológica. É uma função significante, isto é, encerra determinado sentido às coisas, às pessoas, ao mundo. No ―jogo‖, existe um fascínio, que inebria o Ser, que transcende as necessidades imediatas da vida e confere sentido à ação, intensidade ao viver. Mesmo em suas formas mais simples, ao nível animal, o jogo é mais do que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico. Ultrapassa os limites da atividade puramente física ou biológica. É uma função significante, Isto é, encerra um determinado sentido. No jogo existe alguma coisa ―em jogo‖ que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação. Todo jogo significa alguma coisa. Não se explica nada chamado ―instinto‖ ao princípio ativo que constitui a essência do jogo: chamar-lhe ―espírito‖ ou ―vontade‖ seria dizer demasiado. Seja qual for a maneira que o considerem, o simples fato de o jogo encerrar um sentido implica a presença de um elemento não material em sua própria essência. (HUIZINGA, 1980, p.4) O jogo tem como primeira característica ser ele próprio liberdade, em que a criança tem a oportunidade de ser, sentir e fazer-se livre. Uma segunda característica, intimamente ligada à primeira, é que o jogo não é vida ―corrente‖ nem vida ―real‖, trata-se de evasão da vida ―real‖, para uma esfera temporária de atividade com orientação própria. Toda criança sabe, perfeitamente, quando está ―só fazendo de conta‖ ou quando está ―só brincando‖. A criança constrói os próprios percursos, cria seus espaços, dentro de uma temporalidade irrestrita, traçada espontaneamente. É o que deduz (HUIZINGA 1980). O jogo distingue-se da vida ―comum‖ tanto pelo lugar quanto pela duração que ocupa. É esta a terceira de suas características principais: o isolamento, a limitação. É ―jogado até o fim‖ dentro de certos limites de tempo e de espaço, possui um caminho e um sentido próprios. (HUIZINGA 1980, p.11) Segundo seu pensar, o encanto do jogo lança-se sobre nós como um feitiço: ―fascinante‖; ―cativante‖. Ele contempla os elementos mais nobres que somos capazes de ver nas coisas: o ritmo e a harmonia. O caráter especial e excepcional do jogo é ilustrado de maneira flagrante pelo ar de mistério em que frequentemente se envolve. Desde a mais tenra infância, o encanto do jogo é reforçado por se fazer dele um segredo. Segundo Kishimoto (1994) o jogo, vincula-se ao sonho, à imaginação, ao pensamento e ao símbolo. É uma proposta para a educação de crianças, com base no jogo e nas linguagens artísticas. 8 Na concepção de Kishimoto sobre o homem como ser simbólico, que se constrói coletivamente e cuja capacidade de pensar está ligada à capacidade de sonhar, imaginar e jogar com a realidade, é fundamental para propor uma nova "pedagogia da criança". Kishimoto vê o jogar como gênese da "metáfora" humana. , talvez, aquilo que nos torna realmente humanos. Huizinga (1980, p. 13), afirma que o jogo: O jogo é uma atividade, conseqüentemente tomada como não séria e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com o qual não se pode obter qualquer lucro, praticado dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo certa ordem e certas regras.(HUIZINGA 1980, P. 13),. É no jogo e pelo jogo que a criança é capaz de atribuir aos objetos e significado diferente, de desenvolver sua capacidade de abstração e começar a agir independentemente daquilo que vê, operando com os significados diferentes da simples percepção dos objetos. O jogo depende da imaginação e, é a partir dessa situação imaginária que se traça o caminho à abstração. É necessário que a escola observe a importância do processo imaginativo na constituição do pensamento abstrato. Nos jogos simbólicos, ocorre a representação pela criança do objeto ausente, quando ela estabelece uma comparação entre o elemento real, o objeto e um elemento imaginário por meio de uma representação fictícia. O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) traz ainda a sua contribuição significativa para internalizarmelhor o conceito de jogo. Buscando mostrar que o jogo desenvolve um papel importante na vida da criança, pois é através dele que a criança aprende a lidar com suas frustrações, e que nem sempre em um jogo se poderá ganhar, e é diante destes acontecimentos que deverá haver uma intervenção, seja ele de um professor ou de um outro adulto. "desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante." ( CARVALHO, 1992n p14) 2.2 O papel do professor como mediador do aprendizado O papel do professor é de agir como mediador tornando de grande importância nesse processo, uma vez que, além de deixar a criança livre para manipular e experimentar os materiais, como também observando suas reações decorrentes em todas as atividades, propondo à criança problemas reais a serem resolvidos, criando, assim, uma situação de aprendizagem significativa. Sendo preciso, no entanto, que o educador tenha um olhar perceptivo para compreender que a educação é ato intencional. Requer orientação por parte do professor, cujos caminhos podem ser viabilizados por instrumentos e material que podem ser utilizados para facilitar a construção do 9 conhecimento por parte da criança. ―O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil.‖ (KISHIMOTO, 1999, p.36). A utilização do jogo e das brincadeiras potencializa a exploração e a construção do conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros, bem como a sistematização de conceitos em outras situações que jogos ou brincadeiras. (KISHIMOTO, 1999, p.38) Aranão, (2004, p. 16 apud Pasquali et al., 2011). A criança, portanto, tende explorar o mundo que a cerca e tirar dele informações que lhe são necessárias. Nesse processo, o professor deve agir como interventor e proporciona-lhe o maior número possível de atividades, materiais e oportunidades de situações para que suas experiências sejam enriquecedoras, contribuindo para a construção de seu conhecimento. Sua interação com o meio se faz por intermédio de brincadeiras e jogos, da manipulação de diferentes materiais, utilizando os próprios sentidos na descoberta gradual do mundo. viver de acordo com sua natureza, tratada corretamente, e deixada livre, para que use todo seu poder. Pois a criança precisa aprender cedo como encontrar por si mesmo o centro de todos os seus poderes e membros, para agarrar e pegar com suas próprias mãos, andar com seus próprios pés, encontrar e observar com seus próprios olhos. Moyles (2006 p.216) acredita ainda que para que ocorra uma interação por parte da criança com o professor é preciso estabelecer um convívio de respeito e confiança. O professor precisa conhecer a criança, para fazer intervenção na hora certa, seja quando a criança estiver brincando ou não. Desse modo, até os pais devem participar dessa interação, e estabelecer o respeito e a confiança de seus filhos. Complementa ainda que ―o brincar pode fazer com que as crianças se sintam em casa, suficientemente confiantes e relaxadas para falar, pensar, organizar, negociar, adaptar e criar em seus níveis mais ousados‖. Lembrando que ao brincar, os pais podem compartilhar aquelas experiências com seus filhos e compreender o tremendo potencial de aprendizagem de cada atividade. Sendo assim, os pais podem intervir e procurar mostrar as brincadeiras e os jogos de sua época, suas diferenças e as semelhanças de quando eram criança. Silva, (2004, p. 26 apud Pasquali et al., 2011). Para o educador desenvolver aulas mais interessantes o caminho é ensinar por meio de jogos, através de aulas descontraídas e dinâmicas, podendo assim competir de igualdade em condições com os inúmeros recursos que o aluno tem acesso fora da escola, despertando ou estimulando sua vontade de frequentar com assiduidade a sala de aula e incentivando seu envolvimento no processo ensino e aprendizagem, onde para a criança se torne, aprende e se diverte, simultaneamente. Assumindo assim nas brincadeira infantil vários papéis e exercitando com os quais interage no cotidiano. Para o RCNEI (1998), é de suma importância a presença da música na vida da criança. Através dela, a criança passa a interagir com o outro. É um meio do professor também se interagir com seu aluno, as brincadeiras que envolvem a música buscam trabalhar com a cognição, percepção e com a motricidade da criança, além de desenvolver todas essas capacidades, a criança não deixará 10 de aprender por meio do lúdico, pois as brincadeiras e os jogos sempre estarão presentes nesse tipo de atividade. Com relação ao papel do educador, os professores devem, primeiramente, ter a crença de que o aluno é a figura central do seu trabalho e acreditar na concepção que traz o brincar como uma atividade essencial da infância. Para isso é preciso que pensem nos ambientes de brincadeiras, pois assim serão maiores as possibilidades das crianças manifestarem seus sentimentos, ideias e ações. Desse modo o RCNEI afirma: (...) cabe ao professor organizar situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada para propiciar às crianças a possibilidade de escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de construção, e assim elaborarem de forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais (BRASIL, 1998, p.29, v.1) Negrine (1994), em estudos realizados sobre aprendizagem e desenvolvimento infantil, afirma que "quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma pré-história, construída a partir de suas vivências, grande parte delas através da atividade lúdica". Segundo esse autor, é fundamental que os professores tenham conhecimento do saber que a criança construiu na interação com o ambiente familiar e sociocultural, para formular sua proposta pedagógica. Desta forma, a criança passa a aprender e a compreender o mundo através da brincadeira, do brincar e dos jogos. A autora reforça ainda que o professor pode ter um papel muito importante no desenvolvimento da criança com o brincar, pois ―O adulto pode, por assim dizer, estimular, encorajar ou desafiar a criança a brincar de formas mais desenvolvidas e maduras‖. O aluno não precisar se prender só no brinca com brinquedos, mas também utilizar novos objetos de interação, como o quebra-cabeça, não interferindo no brincar, mas que beneficie ambas as partes. Dessa maneira, uma das funções do educador é a de observador, pois como diz Arce: (...) Froebel explica que, se o adulto observar, por exemplo, o jogo e a fala de uma criança, poderá compreender o nível de desenvolvimento no qual ela se encontra. Isso significa que a observação das atividades espontâneas da criança, como a brincadeira e a fala, é de grande importância para o êxito da atividade educativa. (ARCE, 2004, p.13) Onde a concepção da cultura lúdica é uma noção historicamente construída ao longo do tempo e, consequentemente, foi mudando conforme as sociedades, não se mantendo da mesma forma dentro das sociedades e épocas. (ANTUNES 2005, p.34). Na Educação Infantil, a sala de aula deve ser um lugar de exploração dos elementos da realidade que cerca os alunos. O educador deve estar constantemente preocupado em desenvolver nas crianças a curiosidadee o interesse pela interpretação dos fenômenos que ocorrem no meio em que estão. Assim, ―experimentar e descobrir‖ podem ser uma maneira muito rica e interessante de aprender. Para que isso ocorra, a criança deve ter a oportunidade de agir sobre sua realidade. Proporcionar à criança dessa faixa etária situações ricas e desafiadoras, as quais possam gerar a necessidade de resolver um problema efetivo, parece ser fundamental. O papel do professor 11 é de grande importância nesse processo, uma vez que, além de deixar a criança livre para manipular e experimentar os materiais, como também observar as reações decorrentes, deve, em seguida, propor à criança problemas reais a serem resolvidos, criando, assim, uma situação de aprendizagem significativa. De acordo com as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil. (BRASIL, 2010, P. 27): ―as aulas devem atender a critérios que promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais, que possibilitem a movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança‖. (BRASIL, 2010, P. 27) No processo de ensino e aprendizagem o educador deve ser visto como uma pessoa mais experiente que já aprendeu e assim passa o seu conhecimento da forma mais lúdica para o educando e nunca visto como a figura central desse processo. Assim é de fundamental importância destruir a crença de que uma criança só aprende se um professor a ensinar, e de que o professor é o único responsável pelo desenvolvimento de todas as habilidades da criança. A criança é a verdadeira construtora do seu conhecimento e essa construção se dá através do meio cultural, e suas interações com esse meio seja em um trabalho coletivo ou individual. De acordo com Oliveira (2000, p.158): O ambiente, com ou sem o conhecimento do educador, envia mensagens e, os que aprendem, respondem a elas. A influência do meio através da interação possibilitada por seus elementos é contínua e penetrante. As crianças e ou os usuários dos espaços são os verdadeiros protagonistas da sua aprendizagem, na vivência ativa com outras pessoas e objetos, que possibilita descobertas pessoais num espaço onde será realizado um trabalho individualmente ou em pequenos grupos. Como o papel da professora deve ser de incentivadora e colaboradora, as brincadeiras propostas devem aguçar a curiosidade da criança e ―seu papel será ode orientar a criança a descobrir todas as possibilidades oferecidas pelos jogos, de pensar juntos, porém respeitando o momento de aprendizagem dos alunos‖ (CÓRIA-SABINI E LUCENA, 2004, p.42). Quando as autoras falam do papel de orientar, explicam que o conhecimento construído pela criança não será o mesmo esperado pela professora, por isso ela não terá certeza dos resultados da atividade. Nesse aspecto podemos citar Queiroz, Maciel Branco (2006): Cabe ao professor, como adulto mais experiente, estimular brincadeiras, ordenar o espaço interno e externo da escola, facilitar a disposição dos brinquedos [...]. Outras formas de intervenção podem ser propostas [...], mas só como incitações, nunca obrigações, deixando- as tomarem a decisão de se engajarem na atividade (p.176-177) 2.3 A Importância do Espaço no Desenvolvimento das Crianças Os espaços são concebidos como componentes do processo ativo educacional e neles estão refletidas as concepções de educação assumidas pelo educador e pela escola. 12 É fundamental a organização de espaços na educação infantil para que aja um desenvolvimento integral da criança, e que a mesma possa desenvolver suas potencialidades, propondo novas habilidades sejam elas: cognitivas, motoras ou afetivas. A criança que vive em um ambiente construído por ela e para ela tem a chance de viver emoções que a farão expressar a maneira como vivem, sua maneira de pensar, bem como e sua relação com o mundo. A escola é um espaço de trocas e de construções coletivas. É importante que a sala de aula seja um lugar motivador, em que se acolham as diferentes formas de ser e de agir, nos quais as crianças vivenciam suas experiências e descobertas. A sala é também o lugar do jogo, do faz-de- conta, da liberdade e do desenvolvimento da imaginação. Lugar em que crianças sentem-se seguras, estimuladas, motivadas, tendo favorecido seu desenvolvimento. Zabalza (1998, p. 170), a diferença entre espaço físico e ambiente educativo considera que: [...] o termo ―espaço‖ refere-se ao espaço físico disponível à realização das atividades, os locais caracterizados pelos objetos, pelo mobiliário e pela decoração e o termo ―ambiente educativo‖ refere-se ao conjunto de atividades pedagógicas que são implementadas no espaço físico. O espaço físico pode ser transformado em espaço educativo, dependendo da atividade que nele acontece... Nas Diretrizes Curricular Nacionais para Educação Infantil (BRASIL, 1999), o uso do espaço físico aparece associado às proposta pedagógicas como um dos elementos que possibilitam a implantação e aperfeiçoamento das diretrizes (art. 3,VII). Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL, 1999, p 146), o espaço físico na Educação Infantil deve ser: ―arranjado de acordo com as necessidades e características de cada faixa etária, levando-se em conta os diversos projetos e atividades que estão sendo desenvolvidos. A qualidade e a quantidade de objetos, brinquedos e móveis presentes no ambiente são poderosos instrumentos de aprendizagem e um dos indicadores importante para a definição de práticas educativas de qualidade em instituição de Educação Infantil‖ (BRASIL, 1999, p 146). Segundo Horn (2004) destaca que o espaço físico ―não é algo dado, natural, mas sim construído e que as aquisições sensoriais e cognitivas das crianças têm estreita relação com o meio físico e social pois ele ajuda a estruturar as funções motoras, sensoriais, simbólicas, lúdica e relacionais. Segundo Rojas, Souza, e Cintra (2008) ao citar Horn (2004), afirmam que um trabalho de qualidade para as crianças pequenas exige ambientes aconchegantes, seguros, estimulantes, desafiadores, criativos, alegres, e divertidos, nos quais as atividades elevem sua auto-estima, valorizem e ampliem sua leitura de mundo. E que ainda agucem a sua curiosidade, capacidade de pensar, de decidir, de atuar, de criar, de imaginar, de expressar, esperando que nesses jogos estejam presentes brincadeiras, artes, expressão corporal, músicas e histórias. De acordo com Horn (2004, p. 28): 13 É no espaço físico que a criança consegue estabelecer relações entre o mundo e as pessoas, transformando-o em um pano de fundo no qual se inserem emoções [...] nessa dimensão o espaço é entendido como algo conjugado ao ambiente e vice-versa. Todavia é importante esclarecer que essa relação não se constitui de forma linear. Assim sendo, em um mesmo espaço podemos ter ambientes diferentes, pois a semelhança entre eles não significa que sejam iguais. Eles se definem com a relação que as pessoas constroem entre elas e o espaço organizado. Os espaços devem ser organizados de forma a desafiar a criança nos campos: cognitivo, social e motor. Oportunizando a criança de andar, subir, descer e pular, através de várias tentativas, assim a criança estará aprendendo a controlar o próprio corpo, um ambiente que estimule os sentidos das crianças, que permitam a elas receber estimulação do ambiente externo, como cheiro de flores, de alimentos sendo preparados. Sentindo a brisa do vento, o calor do sol, o ruído da chuva. Experimentando também diferentes texturas: liso, áspero, duro, macio, quente, frio. Carvalho & Rubiano (2001, p.111) dizem que: ―a variaçãoda estimulação deve ser procurada em todos os sentidos: cores e formas; músicas e vozes; aromas e flores e de alimentos sendo feitos; oportunidades para provar diferentes sabores‖. Um ambiente carente de recursos, onde tanto a criança quanto o adulto vêem somente paredes e espaços vagos é um ambiente sem vida, que não propõe desafios cognitivos à criança e não amplia o conhecimento. Portanto ao educador cabe planejar os espaços para a criança e com a criança, visando o meio cultural em que a criança está inserida, promovendo interações em grupos para que possam assim: criar, trocar saberes, imaginar, construir e principalmente brincar. O educador também precisa estar atento ao ambiente, pois segundo Horn (2004, p.15) ―o olhar de um educador atento e sensível a todos os elementos que estão postos em uma sala de aula. O modo como organizamos materiais e móveis, e a forma como as crianças e adultos interagem com eles são reveladores de uma concepção pedagógica‖. Portanto, não basta a criança estar em um espaço organizado de modo a desafiar suas competências; é preciso que ela interaja com esse espaço para vivê-lo intencionalmente. Isso quer dizer que essas vivências, na realidade, estruturam-se em uma rede de relações e expressam-se em papéis que as crianças desempenham em um contexto no qual os móveis, os materiais, os rituais de rotina, a professora e a vida das crianças fora da escola interferem nessas vivências (ROSSETTI FERREIRA, apud HORN, 2004, p.16) Segundo Horn (2004, p.17), estabelece-se uma reciprocidade que o acompanhará pelo resto da vida, e, nesse aspecto, a união do sujeito com o ambiente desempenha um papel fundamental. Por isso, em um ambiente sem estímulos, no qual as crianças não possam interagir desde tenra idade umas com as outras, com os adultos e com objetos e materiais diversos, esse processo de desenvolvimento não ocorrerá em sua plenitude. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), a organização do espaço físico, os materiais, brinquedos, instrumentos sonoros e o mobiliário não 14 devem ser vistos como elementos passivos, mas como componentes ativos do processo educacional. O espaço físico das instituições sempre reflete os valores que elas adotam e são marcas sugestivas do projeto educativo em curso. Para Zabalza (apud MELIS, 2007, p.11), o espaço educa, assim como faz a linguagem ou as relações interpessoais. E atua como marco de condições, isto é, tem capacidade para facilitar, limitar e orientar tudo o que se faz na escola infantil. Tudo o que a criança faz e aprende acontece em um ambiente, emum espaço cujas características afetam tal conduta ou aprendizagem. De acordo como é organizado o ambiente, podemos obter experiências formativas ou outras que serão mais ou menos ricas e enriquecedoras segundo a organização feita dos espaços e dos recursos. O espaço é também um contexto de significados e emoções. Cada zona, cada elemento ou condição do espaço, significa coisas diferentes e o vivenciamos de formas diferentes. Há espaços para a brincadeira e para o repouso, para compartilhar e para estar só, para o trabalho e para o ócio, espaços de prazer e de obrigações, próprios e alheios Para Horn (2004, p.28), é no espaço físico que a criança consegue estabelecer relações entre o mundo e as pessoas, transformando-o em um pano de fundo no qual se inserem emoções. Essa qualificação do espaço físico é que o transforma em um ambiente. Para Horn (2004, p.37), o espaço é algo socialmente construído, refletindo normas sociais e representações culturais que não o tornam neutro e, como consequência, retrata hábitos e rituais que contam experiências vividas. Até então, na história, os espaços foram se construindo como uma das formas de controlar a disciplina, constituindo-se como uma das dimensões materiais do currículo. Para Zabalza (2007, p.11) a forma como organizamos e estruturamos o espaço físico da nossa sala de aula constitui em si só uma mensagem curricular, reflete nosso modelo educativo e reflete direta e indiretamente nosso estilo de trabalho, isto é, a forma como entendemos qual deve ser o papel educativo do professor e o que esperamos das crianças com as quais trabalhamos. 2.3.1 O BRINCAR E O RECONHECIMENTO DA INFÂNCIA No dicionário comum, pode-se encontrar que brincar é definido como "divertir-se; gracejar" (Bueno, 1994, p. 197) é brincadeira, divertimento, sobretudo entre crianças. No entanto, existem outras características, como aponta a literatura específica. Por exemplo, Kishimoto (1999, p. 21) define brincadeira como sendo "a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica". Por sua vez, Peters (2009, p. 38) aprofunda a definição de brincadeira no seguinte sentido: "o resultado da ação que a criança desempenha ao concretizar e/ou re-criar suas regras, estabelecendo ou não relação com um objeto, ao entrar na ação lúdica.". 15 Significa que a brincadeira é uma atividade que resulta do comportamento de brincar, sendo necessária a constituição de uma situação imaginária/lúdica. Segundo estudos da Psicologia baseados numa visão histórica e social dos processos de desenvolvimento infantil, que tem em Vygotsky (2007) um dos seus principais representantes, o brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos O brincar infantil constitui a forma básica mais importante e decisiva do ser humano, por fazer desabrocharem e ativarem as forças criativas da criança. Todo educador precisa estar consciente dos malefícios dos brinquedos industriais, produzidos em série, de gosto pouco duvidoso, e que não atendem às necessidades de descoberta da criança. A maioria deles se apresenta de tal forma que a força da fantasia da criança não encontra alimento para dar vazão à imaginação, às construções simbólicas próprias da criança, pois não há nada a completar, a imaginar, a projetar sobre esses brinquedos. De acordo com Borba (2006, p.38): ―É importante enfatizar que o modo próprio de comunicar do brincar não se refere a um pensamento ilógico, mas a um discurso organizado com lógica e características próprias, o qual permite que as crianças transponham espaços e tempos e transitem entre os planos da imaginação e da fantasia explorando suas contradições e possibilidades. Assim, o plano informal das brincadeiras possibilita a construção e a ampliação de competências e conhecimentos nos planos da cognição e das interações sociais, o que certamente tem consequências na aquisição de conhecimentos nos planos da aprendizagem formal‖ (BORBA 2006, P.38). Portanto é preciso ouvir e ver o que se expressa no brincar infantil. Pois nós, adultos, estamos sempre exigindo ordem e limpeza, qualidades muito valorizadas numa sociedade progressiva, que, para as crianças, são como limites impostos a seu brincar. A criança sente um choque quando, por meio de um comportamento severo do adulto, é arrancada do rico mundo da fantasia e sonho e, bruscamente, empurrada para a realidade do mundo adulto. Tais posturas desencadeiam no prazer original do brincar a timidez, a insegurança e o medo, gerando comportamentos distorcidos que criam as raízes das atitudes inadequadas na criança. Uma situação lúdica pode ser vista, assim, como um excelente meio de reconhecimento individual e grupal de características pessoais e grupais, quer sociais, morais ou intelectuais em suas múltiplas combinações. Por outro lado, de forma complementar,aponta dificuldades e pontos mal desenvolvidos, levando a criança a buscar melhorá-los para preservar sua imagem perante os outros. (OLIVEIRA, 2000, p.23) É nesse sentido é que o professor deve valorizar o brincar da criança, pelo menos nos primeiros sete anos de vida. Atualmente, é no brincar livre que a criança vai estruturar sua capacidade de julgamento, a capacidade de fundamentar sua personalidade em importantes valores, princípios e regras. Não podemos transferir para o mundo infantil nosso pensar intelectual utilitarista, pois provocaremos na criança comportamento desumano. Basta um pequeno passo para 16 que esse comportamento, precocemente adulto na criança, se transforme em consequências desastrosas para sua vida futura. O brincar é como escrever, desenhar, pintar, cantar, dançar, jogar. É brincar com movimentos, na inventividade ingênua e criativa da criança. Assim, numa comparação de entendimentos, pensamos que a metáfora, na condição de escrita poética, é da mesma natureza do brincar. É o entrelace do aparecer e do desaparecer, do esconde-esconde de palavras a transformar sentidos. O brincar é o espaço/tempo das formas, o espaço corporal da transformação, nem dentro, nem fora. Escrever, como brincar, é criação de sentidos, de conteúdos e vivências, e de surpresas interessantes. Sendo o brincar um encontro de surpresa, implica encontrar a si mesmo, onde não se esperava. Certamente exige um exercício de observação, mas, antes, impõe sensibilidade e imaginação para entender, respeitar e viver, com a criança, a imensa alegria que ela pode experimentar por algo que tenha apenas descoberto e facilmente pode ser considerado por um adulto um evento sem importância. Mas será que pode um adulto reconquistar os ritmos e os tempos necessários para viver com a criança e seus ritmos, e seus tempos de descoberta e de experimentação, compreendendo que o conhecimento de um, implica a imaginação do outro. Para Moyles (2006), o brincar se tornou algo do qual já faz parte do cotidiano infantil, pois é por meio deste que a criança se desenvolve social e pessoalmente. É o momento o qual ela faz as interpretações de acordo com as suas vivências e experiências, sendo que o uso do brincar se tornou fonte principal para os primeiros passos do desenvolvimento da criança inserida na educação infantil. O Brincar é um comportamento e não deve ser entendido apenas como uma resposta a um estímulo, mas como uma relação estabelecida com um contexto social, implicado dentro de um sistema cultural. Ao se comportar, a criança está alterando o contexto e a si mesma. Assim, o comportamento de brincar precisa de um local para ocorrer, de certos estímulos anteriores e trará consequências a curto, médio e longo prazo para o sujeito que se comporta e para o ambiente em que o faz. Ao definir brincar e brincadeira, faz-se necessário compreendê-los dentro deste sistema de relações complexas em que estão inseridos. De acordo com Moyles (2006), o brincar sociodramático que é o brincar inicial, primário de interação social. É por meio dele e do faz-de-conta que professor/aluno, aluno/aluno se interagem, estabelecem comunicação e troca de conhecimento, passa a confiar em seus professores, a ter uma comunicação maior entre si. E, é através deste momento, que o professor ajuda o aluno em seu desenvolvimento com o brincar, mostra que é através do brincar com massinha, por exemplo, que poderá criar uma árvore, grande, pequena, alta ou baixa, gerando assim um momento de diálogo entre a turma. Moyles (2006, p.33) Afirma ainda que: 17 a aprendizagem do brincar de faz de conta e sociodramatico é prazerosa para as crianças e para os professores e é uma maneira de promover um ativo envolvimento adulto-criança. Isso pode favorecer muitos aspectos do desenvolvimento infantil, mas provavelmente não mais do que outros tipos de envolvimento que não incluem o brincar da fantasia ou sociodramatico (MOYLES 2006, p.33). O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil afirma que: ―Brincar é um das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia da criança, desde muito cedo, pode se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde ter determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação... A fantasia e a imaginação são elementos fundamentais para que a criança aprenda mais sobre a relação entre pessoas‖. (REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇAO INFANTIL, vol. 2, p. 22) Inácio, (1995 p.25) afirma que o; ―Brincar, para a criança, é tão importante e sério como trabalhar é para o adulto. Ou mais até, porque dificilmente encontramos um adulto tão dedicado ao seu trabalho como a criança o é à sua brincadeira. O trabalho é dirigido de fora, pelas necessidades e metas dos adultos. Brincar brota de dentro da criança. Brincando, a criança imita o trabalho, os gestos do adulto. Assim, ela descobre o mundo. Ela vivencia suas leis sem fazer conceitos lógicos sobre elas.‖ (Inácio, 1995 p.25) 2.3.2 O papel da ludicidade na educação infantil Este estudo traz a importância de atividades lúdicas exercida na escola, para trabalhar com a criança o aspecto psicológico. Ensinando a mesma a interagir com o próximo, respeitar regras, desenvolver a imaginação, cooperação e com isso promover uma boa auto-estima. Fazendo com que aprendam de forma simples e natural a resolver problemas, pensar, criar e desenvolver o senso crítico. Através da melhoria do entendimento sobre o efeito que os jogos podem trazer, enriquecendo interações humanas. A prática lúdica na infância num lar harmonioso, certamente, é o que de melhor e mais precioso uma criança pode levar consigo para sua vida futura. Para resolver essa tensão, a criança nesta fase se envolve num mundo ilusório e imaginário em que os desejos não realizáveis podem ser realizados. ―O mundo dos brinquedos‖. A imaginação é um processo psicológico novo para a criança, representando uma forma especificamente humana de atividade consciente, ela não está presente na consciência da criança muito pequena e está totalmente ausente em animais. Como todas as funções da consciência, ela surge originalmente da ação. É um caminho de realização que a criança encontra para resolver seus conflitos. Assim a construção lúdica carrega de afeto o processo de aprendizagem. São momentos de criação nas quais a criança tem a possibilidade de extravasar seu imaginário na construção do saber. É o que costumamos chamar de saber com sabor, com a liberdade de inventar, de aprender e de brincar. Logo assim devemos pensar que, por meio do trabalho lúdico, a criança desenvolve atitudes de alteridade e de respeito pelo outro, percebendo diferenças e individualidades culturais e 18 contextualizando situações pedagógicas que favorecem o desenvolvimento da imaginação, da observação, da memória e dos conhecimentos, associados a todo prazer que tal ludicidade proporciona. Antunes (2005) coloca que o lúdico se expressa desde os primitivos nas atividades de caça, dança, pesca, e nas lutas. Onde nesse período partiu a concepção de jogos e brincadeiras, na Grécia Antiga para de uma valorização, algo insignificante com o cristianismo. Isso nos remete a afirmar as palavras de que a cultura lúdica é historicamente construída. Expondo assim que foi a partir do século XVI, que os humanistas começaram a valorizar novamente o jogo educativo, percebendo a importância do processo lúdico na formação da criança. O lúdico se tornou um momento importante dentro da escola, onde se busca trabalhar com o que a criança traz consigo, faz com que a criança trabalhe cada vez mais a sua cognição, desenvolvendo a dimensão expressivada corporeidade. Segundo Moyles (2006), o lúdico é algo indispensável para a criança em fase de aprendizagem, pois é por meio deste que ela irá desenvolver o seu cognitivo e outras funções que ajudam na saúde emocional e intelectual da criança. Brougère (1998) ressalta ainda que "não se trata de fazer ressurgir a criatividade romântica atribuída à infância", pois a criatividade da situação lúdica corresponde àquilo que o indivíduo conhece de algum modo no seu contato com a cultura. Trata-se, em essência, de um espaço para ampliar o potencial de ação de habilidades já existentes e colocar novas em prática, passíveis de serem desenvolvidas. ― A criança expressa-se pelo ato lúdico e é através desse ato que a infância carrega consigo as brincadeiras. Elas perpetuam e renovam a cultura infantil, desenvolvendo formas de convivência social, modificando-se e recebendo novos conteúdos, a fim de se renovar a cada nova geração. É pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória da aquisição de um novo saber fazer, incorporando-o a cada novo brincar‖. (DORNELLES, 2001 p103) O brincar auxilia a criança na construção da autonomia, no convívio com outras pessoas, aprendendo a ceder o brinquedo e compartilhar objetos que gosta, ensina a expressar sentimentos e estados interiores, pois quando brinca a criança reflete seu estado de espírito, seus medos e suas dificuldades, além de ensinar a criança a conhecer o mundo onde vive, já que através da brincadeira, pode reproduzir e simular situações do seu cotidiano e interiorizar conceitos e modelos adultos. Mas o principal, o ato de brincar ensina regras e limites, como esperar a vez do outro, jogar sem trapacear, ceder, revezar na interpretação de papéis. Sobre isso, Negrine (2002) reforça que ―Portanto, o entendimento é de que a imagens com as quais a criança opera na ação do brincar, se constituem combustível da memória, da atenção, da percepção e do pensamento‖. Cada vez que a criança imita, brinca e ensaia situações do cotidiano que vivencia em suas observações como a mãe trabalhando, cozinhando, lidando com os problemas, 19 o pai dirigindo, contando uma história, ela busca interiorizar estes gestos e reproduzir em suas ações, aprimorando gradativamente suas habilidades motoras, cognitivas e psíquicas. Carvalho (1992 p. 28) afirma que: ―[...] o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo‖. O lúdico não pode ser considerado um elemento estranho no aprendizado da criança, ele deve ser apreciado como um elemento importante, pois contribui para seu melhor desenvolvimento. O jogo tem duas visões diferentes: primeiro, o jogo é visto como algo que é positivo e real, e na outra visão é visto como desnecessário e inútil. No entanto não devemos separar a ludicidade dos meios de ensino, pois os dois elementos devem unir-se um a outro para que se obtenha a concretização do aprendizado. Cabe evidenciar também que é direito da criança brincar, praticar esportes, diverti-se. Tal direito esta contemplado na lei 8069/90, em seu artigo 16, inciso IV. Na roda, na ciranda, no parque, na casinha de boneca, nos filmes e nas historias, a metáfora vive, realiza e revela novas formas de brincar, reinventa outros significados no jogar, no correr, no pular amarelinha, no brinquedo de casinha em que a criança transcende o ―eu‖, o ser, o estar e o sentir no embalo do prazer de brincar. Esse desvelamento do lúdico, como processo metafórico, permite-nos nova forma de interpretação das brincadeiras infantis. Interpretar no sentido de uma compreensão, de uma revelação de algo oculto, de um fenômeno. Da aparição e desvelamento de intenções que permeiam o pensar infantil. Interpretar no sentido de ler nas entrelinhas das expressões, falas, gestos, imagens, sucessões simbólicas que nos permitem olhar o universo da infância. A brincadeira tradicional infantil, filiada ao folclore, incorpora a mentalidade popular, expressando-se, sobretudo, pela oralidade. Considerada como parte da cultura popular, essa modalidade de brincadeira guarda a produção espiritual de um povo em certo período histórico. (KISHIMOTO 1999, p.38) 2.3.3 A Importância dos Jogos e das Brincadeiras na socialização da criança Bettelheim (1984) coloca ainda que a brincadeira é uma ponte para a realidade e que nós, adultos, através de uma brincadeira de criança, podemos compreender como ela vê e constrói o mundo e quais são as suas preocupações, que problemas ela sente, como ela gostaria que fosse a sua vida. Quando brinca a criança expressa o que teria dificuldade de colocar em palavras. Ou seja, brincar é a sua linguagem secreta que devemos respeitar mesmo que não a entendamos, também não 20 existiriam os brinquedos, uma vez que eles parecem ser inventados justamente quando as crianças começam a experimentar tendências irrealizáveis. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL,1998 p.37). As brincadeiras e os jogos envolvem a descoberta e a exploração de capacidades físicas e a exposição de emoções, afeto e sentimentos. Além de alegria e prazer, algumas vezes a exposição de seu corpo e de seus movimentos podem gerar vergonha, medo ou raiva. Isso também precisa ser considerado pelo professor para que ele possa ajudar as crianças a lidar de forma positiva com limites e possibilidades do próprio corpo. Antunes (2003, p. 18) ressalta que: A criança que brinca está desenvolvendo sua linguagem oral, seu pensamento associativo, suas habilidades auditivas e sociais, construindo conceitos de relação, classificação, seriação, aptidões visuo-espaciais e muitas outras. ulto. Assim sendo, o jogo busca mostrar para a criança que na vida há momento para tudo, seja o de ganhar ou perder. É através deste que a criança aprenderá a valorizar o respeito, a suas habilidades e a sua capacidade de se desenvolver e de aprender, com as suas frustrações, ou emoções (ANTUNES 2003, P. 18). Vygotsky (1991) enfatiza que o prazer da brincadeira não é suficiente para definí-la. Ou seja, isso significa dizer que a diversão, ou prazer de brincar, é uma dimensão importante do fenômeno brincadeira, mas que, no entanto, não é a central. Para a criança, o prazer gerado pela brincadeira constitui-se como mais importante, mas para os estudiosos este não deve ser o ponto principal, mas a constituição de uma situação imaginária e das regras. Nesse sentido, a construção de regras é um ponto central para definir brincadeira. Assim como Vygotsky (1991) e outros autores (Kishimoto, 1999; Volpato, 2002), no brincar a criança constrói regras para o funcionamento da brincadeira, regras que advêm do ambiente em que a criança está inserida e da cultura em que se encontra. As regras, em maneiras de como agir ao brincar, são construídas pelas próprias crianças brincando, interagindo com outras crianças e observando a realidade. Segundo Vygostsky atribui importante papel do ato de brincar na constituição do pensamento infantil. E através da brincadeira o educando reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo seu pensamento. "A brincadeira e a aprendizagem não podem ser consideradas como ações com objetivos distintos. O jogo e a brincadeira são, por si só, uma situação de aprendizagem. As regras e a imaginação favorecem a criança comportamento alem dos habituais. Nos jogos e brincadeiras a criança age como se fosse maior que a realidade, é isto inegavelmente contribui de forma intensa e especial para o seu desenvolvimento.(VYGOSTSKY apud QUEIROS, MARTINS, 2002,p.6.) "Enfim, é preciso deixar que as crianças e os adolescentes brinquem, é preciso aprender com eles a rir, a inventar a ordem, a representar, a imitar, a sonhar e a imaginar. E no encontro com eles, incorporando a dimensão humana do brincar, da poesia e da arte, 21 construir o percurso da ampliação e da afirmação de conhecimentos sobre o mundo." (BRASIL, 2006, p.44). É brincando que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social e a respeitar a si mesmo e ao outro. Por meio do universo lúdico que a criança começa a expressar- se com maior facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões, exercendo sua liderança, e sendo liderados e compartilhando sua alegria de brincar. Em contrapartida, em um ambiente sério e sem motivações, os educandos acabam evitando expressar seus pensamentos e sentimentos e realizar qualquer outra atitude com medo de serem constrangidos. Zanluchi (2005, p. 91) afirma que ―A criança brinca daquilo que vive; extrai sua imaginação lúdica de seu dia-a-dia‖, portanto, as crianças, tendo a oportunidade de brincar, estarão mais preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções dentro do contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais no desenrolar da sua vida. Já Vygotsky (1989), diferentemente de Piaget, considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento como Piaget e para ele o sujeito não é ativo nem passivo: é interativo. Segundo Vygotsky, a criança usa as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a informações: aprendem à regra do jogo, por exemplo, através dos outros e não como o resultado de um engajamento individual na solução de problemas. Desta maneira, aprende a regular seu comportamento pelas reações, quer elas pareçam agradáveis ou não. Enquanto Vygotsky fala do faz-de-conta, Piaget fala do jogo simbólico, e pode-se dizer segundo Oliveira (1989), que são correspondentes. O brinquedo cria uma Zona de Desenvolvimento Proximal na criança. (Oliveira, 1989), lembra que ele afirma que a aquisição do conhecimento se dá através das zonas de desenvolvimento, a real e a proximal. A zona de desenvolvimento real é a do conhecimento já adquirido, é o que a pessoa traz consigo, já a proximal, só é atingida, de início, com o auxílio de outras pessoas mais capazes, que já tenham adquirido esse conhecimento. Cordazzo e Vieira (2007, p. 93) apontam outras características: "uma atividade não estruturada que gera prazer, que possui um fim em si mesma, e que pode ter regras implícitas ou explícitas". Partindo dessas caracterizações, a brincadeira parece constituir um fenômeno cujo objetivo está no processo de brincar mais do que em um produto final para quem está brincando, ou seja, o brincar pelo brincar, a brincadeira possuindo um fim em si mesma. 2.3.4 A Importância da Formação Continuada na Educação Infantil 22 Uma educação infantil de qualidade exige profissionais qualificado e comprometido com a educação especialmente, sendo capaz de romper com a ideia de que para atuar nessa área basta gostar de criança, ser paciente e ter bom senso. Para que isso ocorra, os profissionais da educação devem buscar uma formação continuada e empenhar-se sempre no aperfeiçoamento da prática, pois trabalham com conteúdos diversos e abrangentes, devendo estar comprometidos com a formação de seus alunos. ―O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir. Cria situações-problemas." (Jean Piaget). No que se refere a Educação Infantil, em tempos atuais, o aprimoramento da formação de professores requer muita ousadia e criatividade. Tal formação deve considerar que a diversidade está presente nas creches e pré-escolas não só em relação às faixas etárias das crianças e ao número de horas semanais em que ocorre o atendimento a elas, mas também em relação aos objetivos defendidos e às programações de atividades efetivadas em seu cotidiano (OLIVEIRA, 2011, p. 24-25 Segundo Gattie Barreto (2009), o processo de formação é definido como um movimento orientado a responder diversos desafios que se sucedem e que se poderiam identificar nas diferentes fases da vida profissional: o início da carreira, o processo de desenvolvimento e os tempos mais avançados em que o professor consolida sua experiência profissional. Nessa perspectiva, a formação continuada precisa ter uma atenção voltada para os estudos da realidade educacional dando ênfase aos problemas concretos do cotidiano escolar, com ações integradas dos educadores, visando à construção de novas alternativas de ação pedagógica. Como vimos, a formação de professores em sua complexidade é demarcada por diferentes trajetórias formativas, seja no campo pessoal ou profissional, sempre possibilitando aos professores caminhos para a construção de novos saberes que possam levá-los a ressignificar a sua prática existente. Rego e Mello (apud GATTI; BARRETO, 2009, p.203) salientam que: A expectativa é que novos modelos de formação continuada sejam gestados, os quais orientam e apóiam o professor no desenvolvimento de uma postura crítico- reflexiva sobre sua ação docente e, ao mesmo tempo, dêem condições para que ele possa construir conhecimentos e acumular um cabedal de recursos que lhe permitam desenvolver iniciativas para enfrentar seus desafios profissionais (REGO E MELLO APUD GATTI; BARRETO, 2009, P.203) Se ao profissional que atua na Educação Infantil, ao longo de sua história, foi lhe atribuída as mais diferentes funções, este fato pode ser a causa da indefinição do verdadeiro papel do professor nessa faixa etária. Kishimoto (2011, p.113) salienta para o fato de que é preciso, ―pensar em outra modalidade de formação que respeite a organização da área da infância, uma pedagogia da infância com novos pressupostos e formas alternativas de organização curricular‖. Pois enquanto não houver formação continuada adequada para quem atua na Educação Infantil, teremos diversos perfis de profissionais. Dessa maneira, pensar em uma identidade para o professor infantil, nos permite 23 pensar em currículo e práticas que garantam condições adequadas ao desenvolvimento infantil de forma integrada nos mais diferentes aspectos. A definição de uma profissionalidade para os educadores infantis deverá considerar o fundamental da natureza da criança que é a ludicidade, entendida na sua perspectiva de liberdade,prazer e do brincar enquanto condição básica para promover o desenvolvimento infantil, promovendo uma articulação possível entre o cuidar e o educar. [...] a profissionalidade dos educadores infantis deverá estar fundamentada na efetivação de um cuidar que promova educação, e de uma educação que não deixe de cuidar da criança, de atendê-la em suas necessidades e exigências essenciais desde a sua mais tenra idade em atividades, espaços e tempos de ludicidade (ANGOTTI, 2010, p. 19). De acordo com Nóvoa (1995, p. 28), a formação de professores, ―passa pela experimentação, pela inovação, pelo ensaio de novos modos de trabalho pedagógico e por uma reflexão crítica sobre a sua utilização. A formação passa por processos de investigação, diretamente articulados com práticas educativas‖. As discussões referentes à formação docente, no contexto atual, nos fazem refletir sobre a necessidade de considerar os professores como sujeitos de seu próprio processo educativo, em que na sua prática educativa possam envolver -se em situações formais de aprendizagem. Nóvoa (1995, p. 27) em seus estudos acerca daprofissão docente afirma que a formação pode estimular o desenvolvimento profissional dos professores no quadro de uma autonomia contextualizada da profissão docente. Importa valorizar paradigma de formação que promovam a preparação de professores reflexivos, que assumam a responsabilidade do seu próprio desenvolvimento profissional e que participem como protagonistas na implementação das políticas educativas. (NÓVOA 1995, p. 27) 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização deste TG sobre a importância dos jogos na educação infantil tendo o jogo e a brincadeira no desenvolvimento integral da criança na educação infantil, foi de fundamental importância, podendo assim, perceber a importância dos jogo para a aprendizagem das criança na educação. Pois o professor tem um papel muito importante como mediador das brincadeira que se torna um fonte rica no aprendizado das crianças Assim as pesquisa referente a estas concepções nos deu base e subsídio para se aprofundar no tema e a tudo que se referia ao jogos brinquedo e as brincadeira para a aprendizagem da criança através do brincar. Assim o papel do professor é de fundamental importância para este desenvolvimento pois trabalhar com jogos não e simplesmente deixar a criança brincar por brincar o professor deve ter um olhar voltado para a aprendizagem e desenvolvimento das criança agindo como mediador e não como o centro do brincar. Para trabalhar com a criança de maneira lúdica é necessário planejamento, pois não é uma simples brincadeira; há conceitos a serem aprendidos e objetivos a serem alcançados. Por isso, o profissional que irá atuar na educação infantil deve ter consciência do que é importante para a criança, planejar como ele irá aplicar atividades lúdicas e o significado que estas deverão ter para as crianças. Os jogos devem ser sempre dirigidos, não se pode deixar a criança brincando sozinha sem uma observação observando o seu convívio com as outra criança sendo preciso o máximo de atenção a este brincar, respeitando a faixa etária de cada criança para cada tipo de brincadeira. Podendo se aplicar os jogos apropriados de acordo com as necessidades e capacidades de cada criança. 24 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANGOTTI, Maristela. Educação Infantil: para que, para quem e por quê. In: ANGOTTI, Maristela. (org.) Educação Infantil:para que, para quem e por quê? Campinas, SP. Alínea, 3.ed. 2010 ANTUNES, C. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências: os jogos e os parâmetros curriculares nacionais. Campinas: Papirus, 2005. 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