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CHOQUE Rayssa Duarte – 6º 2018/2 O propósito do sistema cardio-respiratório é o de oferecer quantidades suficientes de O2 para atender as demandas teciduais. -> A falência desse sistema é a base do choque. Expressão clínica da falência circulatória que resulta na utilização inadequada de O2 pela célula. Incapacidade do sistema cardiovascular de adequar a oferta de O2 à demanda dos tecidos. A hipotensão não é necessária para a definição do diagnóstico. Geralmente caracterizado por 3 componentes: Hipotensão (PAS <90mmHg) + taquicardia Sinais clínicos de hipoperfusão Hipoperfusão cutânea (enchimento capilar periférico >5s) Oligúria (<0,5ml/kg/h) Alteração de consciência Hiperlactatemia Baixa disponibilidade de O2, não vai ter energia para manter seu equilíbrio celular e manter a sua atividade específica... gerando incapacidade funcional, gerando disfunção dos órgãos. Pra tentar se restabelecer, ela muda o metabolismo de aeróbico para anaeróbio e gera LACTATO. CHOQUE => Hipoperfusão FISIOPATOLOGIA 4 mecanismos básicos, não excludentes: Hipovolemia: perda externa ou interna de volume Cardiogênico: falência da bomba / IAM / Insuficiência valvar / Arritmias DC Transporte de O2 Obstrutivo: TEP / tamponamento / pneumotórax hipertensivo Distributivo: sepse/anafilaxia -> DC nulo ou Dificuldade em utilizar / extrair o O2 Problema na microcirculação. Shut down da célula – bloqueio citológico de energia. OFERTA X CONSUMO DE O2 O principal componente de oferta de O2 é o débito cardíaco (FC x VS). Principais determinantes do débito cardíaco: FC Contratilidade Pós carga – o esforço que o ventrículo precisa fazer para suplantar tudo aquilo que põem resistência ao esvaziamento para o volume sistólico é muito alto. Pré carga – não tem o enchimento ventricular adequado, a contração da fibra na próxima sístole é menor. Pré carga é o mais determinante do volume sistólico, quanto mais distende a fibra, mais irá contrair. Pode causar hipovolemia, baixa de retorno venoso, nessas situações a pré carga cai, caindo o VS. Conteudo arterial de O2 (CaO2) = (Hb x 1,34 x SaO2) + (0,003 x PaO2) Para verificar suplementação de O2 e perda de hemoglobina. CvO2 = (Hb x 1,34 x SvO2) + (0,003 x PvO2). DO2 (oferta de oxigênio) = VS x FC x CaO2 VO2 (consumo de oxigênio) = VS x FC x Ca-vO2 OFERTA DE OXIGÊNIO (DO2) Principais determinantes: conteúdo arterial de oxigênio (quanto de oxigênio tem dissolvido) e débito cardíaco (quantas vezes ele passa pela periferia). O sangue passa pela periferia. Parte será consumido pelos tecidos, parte não é utilizado e volta para a circulação direita do coração. Oferta de o2 adequada de acordo com a demanda do tecido (VO2), o que volta para o lado direito está no valor normal. Se houver problema no sistema hemodinâmico em ofertar O2 para os tecidos, significa que vai haver uma volta de uma porção menor. Conforme vai refazendo o ciclo, vai voltando cada vez menos de O2. Está ocorrendo uma restrição de oxigênio para a aerobiose normal do tecido. Queda da saturação de O2. Janela de observação... (após os consumo e quando manda para o coração direito). Ou estará ofertando menos ou estará consumindo mais, podendo ver isso no número de saturação. Variáveis: Difusão do O2 dos pulmões ao sangue Ligação do O2 à hemoglobina Transporte para periferia (DC) Difusão para a mitocôndria TAXA DE EXTRAÇÃO DE O2 TeO2 = Vo2 / Do2 (normal de 20 à 30%). Significa que sai 100 de o2 e volta 70%. SATURAÇÃO VENOSA CENTRAL DE O2 (SvO2) Reflete a taxa de extração de oxigênio nos tecidos. Idealmente medida em amostra de sangue do ventrículo direito ou da artéria pulmonar. SvO2 = SaO2 – (VO2 / Hb x 1,36 x DC) SvO2 = VO2 Hb DC SaO2 - 70% + VO2 DO2 DO2 VO2 Estresse PaO2 PaO2 Hipotermia Dor Hb Hb Anestesia Hipertermia DC DC Tremores PRODUÇÃO DO LACTATO SÉRICO Funciona como valor prognóstico, não é marcador fidedigno de hipóxia tissular, principalmente entre os pacientes com SEPSE após o 3º dia (lactato de outras origens que não a hipóxia). Marcador da situação de choque, porque ele é o marcador do metabolismo anaeróbico. Glicose -> transportada através da membrana -> transformada em glicose-6-fosfato no plasma -> dentro da mitocôndria, será levada pelo piruvato desidrogenase -> ciclo de Krebs -> gera ATP, água e CO2. Precisa de O2 para entrar no ciclo de Krebs, sem O2 há limitação do piruvato e não faz fosforilação. Haverá acumulo em forma de piruvato que será transformado em lactato. Trava o metabolismo de glicose: limitação de O2 e shut down da mitocôndria (os fatores inflamatórios bloqueiam a capacidade da mitocôndria de fazer o ciclo da glicose). Lactato elevado está quase sempre relacionado à hipoperfusão. De um lado, na questão da lactatemia: Produção aeróbica Produção anaeróbica Aumento da glicólise – estresse/adrenalina Anaerobiose – choque Inibição da PDH - sepse Do outro lado, Depuração orgânica Disfunção hepática CHOQUE CARDIOGÊNICO Forma mais grave de falência ventricular esquerda. Leva a m estado de hipoperfusão tecidual pela diminuição da função sistólica e do DC. Hipotensão / Taquicardia frequentes. FATORES PREDITIVOS Idade >= 65 anos Elevações de CK-Mb maiores do que 160L Fração de ejeção <35% Diabetes IAM prévio Sinais de hipoperfusão presentes Lactato elevado Oliguria Palidez cutânea Baixo DC e/ou SvO2 PVC elevada (pela falência de bomba) Causas: IAM / IC descompensada (mais frequente) Arritmias Doenças valvares Miocardites QUADRO CLÍNICO Hipotensão (PAS <90 mmHg) Congestão pulmonar (até Killip IV) (por falência da bomba, retorno para o pulmão está prejudicado) Dispneia Oligúria Confusão mental CRITÉRIOS HEMODINÂMICOS PAS < 90mmHg IC < 1,8L / min / m² PCP >18 mmHg RVS > 2000 dina /s/ m² Taxa extração de O2 aumentada: DO2 e VO2 IC DESCOMPENSADA Categoria A (seco e quente): boa perfusão periférica, necessita de ajuste do estado volêmico (hidratação). Categoria B (úmido e quente): boa perfusão periférica e hiperidratação. Diuréticos e vasodilatadores. Categoria C (úmico e frio): má perfusão periférica, suspensão de betabloq, estão sob elevada RVS. Vasodilatores, podem ser necessários inotrópicos. Categoria D (seco e frio): má perfusão periférica e desidratação. Hidratação + Vasodilatadores + Inotrópicos. **a categoria C e D quando entra em choque, não toleram vasodilatadores, necessário usar vasopressores + inotrópicos. TRATAMENTO Reperfusão coronarina Suporte ventilatório (para SatO2 > 90% ) Drogas vasoativas: Noradrenalina. Dopamina. Dobutamina. Suporte circulatório mecânico: balão intraórtico mecânico. PARÂMETROS HEMODINÂMICOS DC RVS PAP PVC SVO2 CARDIOGÊNICO CHOQUE OBSTRUTIVO Pela obstrução de esvaziamento ou enchimento ventricular. Hipotensão / Taquicardia Sinais de hipoperfusão presentes Lactato elevado Oliguria Palidez cutânea Baixo DC e/ou SvO2 PVC elevada Causas: Pneumotórax hipertensivo Tamponamento cardíaco TEV maciço Coartação de aorta Sinais e sintomas de baixo DC: Hipotensão Sudorese Taquicardia Taquipneia Oligúria Confusão mental PARÂMETROS HEMODINÂMICOS DC RVS PAP PVC SVO2 OBSTRUTIVOS CHOQUE DISTRIBUTIVO Anafilático /Neurogênico / Septico CARACTERISTICAS Diminuição RVS (periferia aberta) Aumento do DC no inicio. Hipotensão / Taquicardia Sinais de hipoperfusão presentes Lactato elevado Oliguria Palidez cutânea (ele pode estar perfundido, e com tempo de enchimento capilar diminuído <3s, fazendo vasodilatação periférica, demonstrando uma dificuldade do organismo de captar esse O2 periférico de alta velocidade.) DC normal ou elevado. SvO2 normal ou elevado. Associado à: Mais frequente é pela reação inflamatória sistêmica determinada pela infecção, Hipovolemia e vasodilatação (da microcirculação, o sangue passa da arteríola direto para a vênula, não passa pelos capilaresde troca). Há endotelite, ativação da cascata inflamatória na microcirculação. Há vazamento de volume para o interstício. NÃO HÁ PERDA SEVERA. Podendo evoluir para queda e hipovolemia. SEPSE 3.0 E CHOQUE SEPTICO Disfunção orgânica causada por resposta imune desregulada a uma infecção. Cuidado – Mudança em 2016 Critério de SIRS não são mais necessários para caracterizar a SEPSE (não é sensível nem especifica) – 1 a cada 8 pacientes com sepse não terá critérios para SIRS. Revisão da diretriz avaliou diferentes scores em diferentes departamentos (UTI, unidade de internação ou OS). Os scores mais usados são SOFA, quickSOFA (qSOFA) e LODS. SOFA – melhor score na UTI Infecção provável Disfunção orgânica (somando >= pontos no score de SOFA). qSOFA – melhor score na unidade de internação e PS: PAS = < 100mmHg = 1 ponto FR > = 22 ipm = 1 ponto Alteração nível de consciência (Glasgow <13) = 1 ponto. Perda de sensibilidade Ganho de especificidade (menos falsos positivos) CARACTERISTICAS GERAIS Após reanimação volêmica (em geral 30ml/kg): Necessidade de vasopressores para manter PAM > 65 mmHg + Lactato > 2 mmol/L (18mg/dL) OBS: termo sepse grave foi abandonado pois TODA SEPSE É GRAVE. TRATAMENTO DE CHOQUE SEPTICO Elemento mais importantes Erradicação da infecção com ATB e Cirurgia se necessário. Bundles (pacotes) Grupos de intervenções que, quando executados juntos, melhoram a evolução Dividido em fases Ressucitação volêmica com 30ml/kg cristaloide nas primeiras 3horas Após a reanimação volêmica, novas infusões podem ser necessárias e guiadas pela avaliação hemodinâmica. Fazer coleta de culturas (incluindo hemocultura aeróbica e anaeróbica) + Inicio de ATB empírico de amplo espectro. Diagnóstico anatômico da infecção e abordagem se necessário. Drova vasoativa: NORADRENALINA – 1ª opção Ventilação mecânica – SDRA Volume corrente 6ml/kg Limite máximo pressão de platô 30cmH2O PEEP elevado Manobras de recrutamento alveolar Posição prona se PaO2/FiO2 < 150 Controle glicêmico: insulina se 2x glicemia > 180 mg/dL Profilaxia TEV: HNF ou HBPM Corticoides: usado se o choque séptico não compensado pela ressuscitação volêmica + vasopressores. Hidrocortisona 200mg/dL EV. Objetivos: PAM alvo > = 65 mmHg em pacientes com CHOQUE SEPTICO SvO2 e lactato não são mais metas terapêuticas, MAS são parâmetros hemodinâmicos que devem ser seguidos. PARÂMETROS HEMODINÂMICOS DC RVS PAP PVC SVO2 DISTRIBUTIVO VARIÁVEL CHOQUE HIPOVOLÊMICO Hipotensão / Taquicardia Sinais de hipoperfusão presentes Lactato elevado Oliguria Palidez cutânea Baixo DC e/ou SvO2 PVC baixa Pré carga - DIMINUIDA A resistência vascular sistêmica (pos carga) está AUMENTADA. Causas: Sangramentos Hipovolemia. ** Se a volemia está diminuída, a distensão da fibra cardíaca diminuiu e vai ter volume sistólico diminuído, limitando a oferta cardíaca de oxigênio a partir do débito. ABORDAGEM GERAL Estabilização do paciente Via aérea Ventilação / Oxigenação: para assegurar que a captação de o2 para o pulmão e hemoglobina estejam boas. Suporte hemodinâmico: volume (alterar a pré-carga), droga vasoativa (fazer vasoconstrição periférica para melhorar a perfusão tecidual ou usar drogas inotrópicas para melhor o inotropismo cardíaco e melhorar a função de bomba do coração), transfusão (devolver transportador ao paciente), medidas mecânicas. CHOQUE HIPOVOLÊMICO – FISIOPATOLOGIA Perda aguda de volume retorno venoso pré-carga volume sistólico débito cardíaco da perfusão Debito cardíaco x Pré carga CAUSAS Perda aguda de volemia Perda do volume intravascular. Perda hemorrágica Hemorragia externa / cavidades / TGI Perda não-hemorrágica Perda de volume corporal total ou transferência de líquido acelular do intravascular para o extravascular. 2. Perda de líquidos (diarreias e vômitos). 3. Sequestro de líquido (queimadura, peritonites, colites). 4. Drenagem de transudatos, ascite e hidrotórax. CARACTERÍSTICAS: Diminuição da pré carga Diminuição do DC Choque DC por pré-carga reduzida Perda leve <20% Sintomas: Sensação subjetiva de frio Mudanças posturais da PA e pulso Pele fria e pálida Veias do pescoço colapsadas Perda moderada 20-40% Sensação subjetiva de sede PA é abaixo do normal em posição supina Oligúria Perda severa >40% Agitação, confusão, obnubilação Queda PA com pulso fino/imperceptível Taquipneia Acidose – morte Classe I Classe II Classe III Classe IV Perda volêmica (%) <15 15 a 30 30 a 40 >40 Perda volêmica (mL) <750 750 a 1500 1500 a 2000 >2000 FC (bpm) <100 >100 >120 >140 Pressão arterial Sem alteração Sem alteração Hipotensão Hipotensão Enchimento capilar Sem alteração Reduzido Reduzido Reduzido FR (irpm) <20 20 a 30 30 a 40 >35 Débito urinário (mL/h) >30 20 a 30 5 a 20 Desprezível Nível de consciência Pouco ansioso Ansioso Ansioso / Confuso Letárgico / confuso Reposição volêmica Cristaloides Cristaloides Cristaloides + concentrado de hemácias Cristaloides + concentrado de hemácias PARÂMETROS HEMODINÂMICOS DC RVS PAP PVC SVO2 HIPO-VOLÊMICO RVS aumentada por vasoconstrição períferica. Diminuição da pressão da artéria pulmonar por déficit na pré-carga. PVC diminuída por diminuição da pré-carga. A extração de O2 aumenta, diminuído a SVO2, porque o tecido está avido por o2. CONDUTA Reposição volêmica Restaura a perfusão tecidual Recupera o metabolismo oxidativo Monitorização da reposição volêmica Parâmetros: pressão arterial, diurese, PVC, POAP, grande influência de fatores externos – sensibilidade e especificidade ruins. Melhores parâmetros: dinâmicos (alteram com a respiração): delta PP (variação de pressão de pulso) Expansão volêmica Ringer lactato. SF 0,9% Obs: nos grandes queimados, a reposição nas primeiras 24h deve ser feita com Ringer Lactato Obs: risco de grandes volumes – hipernatremia e acidose metabólica hiperclorêmica TRATAMENTO Garantir vias aéreas pérvias Manutenção da respiração e circulação Acesso venoso periférico rápido Pesquisa de locais de perda de fluidos. Fazer volume!!! Reposição volêmica: preferência por cristaloide Isotônico Rápida difusão para o extravascular Após 2hs, <20% no vaso Seguro e efetivo <Custo / > Edema Hipertônico Ação rápida e efetiva com baixos volumes. Maior poder de retenção volumétrica no vaso < Edema / < Custo Colóide Efetivo Permanência prolongada no intravascular. < Edema / > Custo Risco de reações anafiláticas Drogas vasoativas: após expansão volêmica adequada REPOSIÇÃO VOLEMICA Cristaloides x Coloides Expansão com cristaloides geralmente necessita de 2-4 vezes mais volume que com coloides. Não há diferenças em termos de mortalidade ou incidência de edema pulmonar em relação ao uso de coloides ou cristaloides. Devido aos altos custos dos coloides e à falta de literatura corroborando sua utilização, os cristaloides são preferíveis. Edema periférico com os cristaloides não acarreta pior evolução. DROGAS VASOATIVAS Dopamina – efeito dose-dependente Dose dopa: 0,5 – 2 (4) mcg/kg/min Vasodilatação renal / mesentérica / coronária Aumento do débito urinário Dose beta: 2(4) – 10 mcg/kg/min Aumenta o retorno venoso Não aumenta a RVS Dose alfa: > 10mcg / kg/ min Vasoconstricção renal / sistêmica Aumento de RVP e PA / Arritmias Dobutamina – efeito dose-dependente 5-15 mcg /kg/min: resistência vascular periférica Contratilidade cardíaca e VS Pouco efeito na FC (30mcg/kg0min: arritmias / PA) Noradrenalina – ação alfa-adrenérgica 0,05 – 1 mcg/kg/min Vasoconstricção periférica, renal e esplâncnica. Melhora a demanda.
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