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01 Importância da Agricultura para o desenvolvimento regional

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IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL
	Moysés Araújo Castro
	O presente artigo propõe analisar a importância da agricultura para o desenvolvimento regional a partir do processo de industrialização e modernização dos setores produtivos da produção, da mesma forma, tendo a presença dos complexos agroindustriais como mecanismo ou instrumento para o fortalecimento da produção, contribuindo, assim, para o crescimento econômico regional.
	
	A agricultura é uma atividade milenar e universal e, com raras exceções, podemos dizer que ela é praticada por todos os povos em todos os países do mundo. Entretanto, o modo ou a forma de praticá-la (sistema agrícola) difere muito de um lugar para outro, em função das condições climáticas, sócio-econômicas, culturais e técnicas das diferentes coletividades humanas, bem como das influências do meio físico e natural.
A agricultura é o principal agente propulsor do desenvolvimento comercial e, conseqüentemente, dos serviços nas pequenas e médias cidades. Basta um pequeno incentivo à agricultura para que se obtenha resposta nos outros setores econômicos (industriais, comerciais, exportação). A finalidade primordial da agricultura é a produção de matérias-primas para atender as necessidades humanas.
"Levando-se em conta que a agricultura é uma das atividades fundamentais da humanidade e que dela depende, entre outras coisas, a alimentação de que o homem necessita" 
Entender-se-á, então, o processo de organização regional como mecanismo ou instrumento para seu desenvolvimento.
Inicialmente, devemos entender o conceito de região, na qual sob a ótica de Roberto Lobato Corrêa (1986) esta é caracterizada como
"Parte da superfície da Terra caracterizada pela uniformidade resultante da combinação ou integração em áreas de elementos de natureza: o clima, a vegetação, o relevo, a geologia e outros adicionais que diferenciariam ainda mais cada uma destas partes".
Assim, desde épocas remotas o uso e a ocupação do solo, através da agricultura, obedeceram a uma produção que era realizada para o autoconsumo da população, ou então, destinada a abastecer o mercado externo.
"A terra constitui o elemento primordial, sem o qual não se pode levar a efeito a produção agrária, por ser a base onde se instalam e desenvolvem todas as atividades produtivas. Por não ser renovável, adquire valor especialmente quando escasseia, em relação ao número de população".(CANEDO, 1993.p.27)
O Brasil, tomado como exemplo, foi um país que desde os tempos de colonização, feitos pela doação de grandes lotes de terras (sesmarias), organizou seu território através da exploração e exportação de produtos como a cana-de-açúcar, o algodão e o cacau na região Nordeste, e o café e a exploração do ouro na região Sudeste, visando o desenvolvimento das mesmas.
No entanto, ressalta-se que esse processo foi resultante da concentração e monopólio das terras nas mãos de poucos proprietários que, por possuírem o capital, detinham os meios e os instrumentos de produção. Visando acabar com o monopólio das terras, pelo menos teoricamente, o governo brasileiro criou o Estatuto da Terra, onde a posse da terra dava-se mediante a compra. Mas esse estatuto veio, isso sim, alicerçar a concentração fundiária, pois apenas quem possuía capital tinha acesso às terras, em detrimento de muitos agricultores sem condições para obtenção da mesma.
Assim, 
"O tamanho da propriedade e o poder econômico e político do proprietário definiam a sua função e determinavam a implantação de estruturas que viabilizavam o crescimento da produção - portos, vias férreas, industrias, etc." (ANDRADE, 2002.p.17).
Interessante notar que as condições climáticas e pedológicas, sobretudo, determinavam o tipo de produto a ser explorado e comercializado. Na região Nordeste, os dois principais produtos que fomentaram um desenvolvimento regional e estadual foram o algodão e a cana-de-açúcar. O primeiro tendo seu auge, principalmente, no período da Revolução Industrial (Inglaterra) e durante a Guerra de Secessão (EUA), e o segundo com a produção de açúcar mascavo ou refinado para o consumo nacional e internacional. Porém, com a descoberta da produção de um açúcar de melhor qualidade nas Antilhas, ocorreu a diminuição da comercialização na região Nordeste, fazendo com que o governo brasileiro, preocupado com a situação, criasse o PRÓ-ÁLCOOL, como uma forma de incentivar e ampliar a plantação de cana-de-açúcar.
"O processo de desenvolvimento da industrialização da cana-de-açúcar com fins à produção tanto do açúcar como do álcool e, mais recentemente, de outros produtos secundários - a bagaço, utilizado como matéria-prima parta a produção do papel - sofreu uma série de lentas transformações a partir do século XIX e estas transformações se intensificam consideravelmente na segunda metade do século XX." (ANDRADE, 1988.p18)
O aumento da produtividade da terra resulta, principalmente, do uso mais intenso de sementes e mudas selecionadas, técnicas mais racionais de cultivos, fertilizantes, inseticidas que, em última instância, são os resultados dos investimentos realizados não somente nas propriedades rurais, como também no ensino, pesquisa, assistência técnica ao homem da terra e no próprio setor industrial.
A Revolução Verde foi outro fator que propiciou o aumento da produtividade agrícola, sobretudo nas grandes propriedades, pois envolve a utilização de adubos (orgânicos e químicos) e de inseticidas, com o emprego de processos conservacionistas do solo, com a seleção de sementes a serem cultivadas.
Interessante notar que no processo de desenvolvimento regional, tendo como base a agricultura familiar, com o local e o global se misturam, ou seja, ao mesmo tempo em que se empregam mão-de-obra especializada, máquinas modernas para plantar e colher, técnicas modernas de irrigação, utilização de insumos para correções, sementes selecionadas transgênicos na agricultura para elevar a produção e a renda do produtor, também nessa mesma área coexistem agricultores familiares que, tendo sua área de cultivo (normalmente no quintal de sua casa ou numa área em que vários agricultores utilizam para roçar), os mesmos plantam, colhem, irrigam, utilizam ferramentas braçais (enxadas, pás, gadanho) e a produção final é destinada à subsistência ou a comercialização, ou então, as duas coisas, dependendo da quantidade produzida.
Com isso, infere-se que mesmo uma comunidade, um povoado ou mesmo um assentamento rural, dependendo da quantidade produzida, pode movimentar o mercado local economicamente.
O processo de desenvolvimento regional a partir da agricultura deu-se, também, com os complexos agroindustriais, de forma que esses complexos vieram possibilitar o fornecimento de vários derivados de produtos, movimentando o mercado regional e fortalecer as relações econômicas por intermédio das exportações de produtos e, conseqüentemente, importação de máquinas mais avançadas tecnologicamente.
Existem pelo menos cinco razões fundamentais para que o desenvolvimento agrícola possa ser justificado como um dos objetivos prioritários de qualquer programa de desenvolvimento econômico. Essas razões são:
1 - Necessidade de prover alimentos para uma população crescente e de fornecer matérias-primas para as novas industrias;
2 - necessidade de transferir mão-de-obra para os setores não-agrícolas da economia;
3 - possibilidade de acelerar o processo de formação de capital para o desenvolvimento econômico;
4 - possibilidade de contribuir para o aumento da capacidade de importar;
5 - necessidade de estimular o crescimento e a integração dos mercados internos para os produtos manufaturados.". (ARAÚJO e ACHUL, 1975.p.92-93)
Evidentemente que a região Nordeste não apresenta toda sua área voltada sua produção agrícola para exportação, através de grandes indústrias ou complexos agroindustriais, pois grande parte de sua área caracteriza-se pela presença de pequenos e médios agricultores que produzem para sua subsistência,sendo que o pouco excedente, quando há, é comercializado nos mercados das cidades, por intermédio ou não do intermediário, movimentando, também, o setor econômico local. Ressalta-se, dessa forma, o caráter contraditório dentro do espaço agrário nordestino, pois à medida que os grandes agricultores conseguem empréstimos bancários com facilidade para ampliar sua área ou modernizar seus equipamentos, uma grande parcela de agricultores (pequenos) ainda encontra dificuldade de obterem créditos, e quando conseguem pagam juros altíssimos chegando muitas das vezes a venderem ou hipotecar suas propriedades para livrarem-se das dívidas bancárias.
A questão do crédito agrícola para os produtores torna-se, até então, contraditória, pois beneficia alguns (grandes latifundiários) em detrimento de outros (pequenos agricultores). Assim, nos países não desenvolvidos, o crédito agrícola oferecido pela rede bancária quase sempre não chega ao pequeno agricultor e ao agricultor rendeiro ou parceiro, sendo absorvido pelos grandes proprietários.
"Os pequenos agricultores ficam a depender, na entressafra, de empréstimos feitos pelos comerciantes ou grandes e médios proprietários, que emprestam pequenas quantias a juros muito elevados, exigindo, às vezes, que a produção lhes seja vendida antes da colheita, a preços inferiores aos dos mercados".(ANDRADE, 1998.p.239).
Da mesma forma, os pequenos agricultores vêem a necessidade de associarem-se constituindo cooperativas como um mecanismo na busca de incentivos governamentais ou bancários procurando, assim, melhorar e ampliar sua produção.
Porém, a região Nordeste diferentemente das outras regiões brasileiras, ao longo dos anos não evoluiu economicamente como nas regiões Sudeste e Sul, de tal forma que quando havia concorrência de produtos com as regiões citadas, normalmente as regiões Sudeste e Sul ganhavam em virtude de apresentarem melhores condições técnicas e instrumentos maquinários mais modernos, possibilitando, dessa maneira, maior produtividade. Além disso, contratavam trabalhadores técnicos especializados para sua respectiva produção.
"Na década de 1980, a agricultura brasileira necessitava de uma rápida modernização de sua estrutura produtiva. Essa modernização ocorreu pela incorporação de novas tecnologias. Com o desenvolvimento da agroindústria para a exportação, a agricultura estará cumprindo, no mínimo, duas funções: gerar divisas com a exportação de produtos e ampliar o mercado interno para bens industriais". 
Contudo, o problema regional também tem que ser revisado, principalmente no tocante a uma nova tomada de posição quanto à problemática do Nordeste. Essencialmente, o que se discute é a superação das atitudes paternalistas e o esforço de tentar construir uma nova dinâmica para o Nordeste e a sua melhor integração com a economia brasileira. Eliminando essa barreira, sobretudo política, e dando maior incentivo à agricultura e aos agricultores (principalmente os pequenos), a região Nordeste terá condições de competir com outras regiões brasileiras, mais evoluídas tecnologicamente.

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