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DIREITO CIVIL 08

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Direito Civil para o TRT - SC. 
Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - 
Aula – 08 
 
 
 
 
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AULA 08: Dos Contratos: Das Disposições 
Gerais; Da Compra e Venda; Da Prestação de 
Serviço; Do Mandato; Da Transação. Empreitada 
(cap. VIII do Título VI do CC). 
 
 
Olá aluna(o)! 
 
 
Chegamos hoje ao final do nosso curso, mas devemos deixar bem claro que 
ficamos à sua disposição no fórum de dúvidas. Não deixe de nos contatar! 
 
Obviamente estamos torcendo pela sua aprovação, mas, caso ela não 
ocorra, sempre que você tiver alguma dúvida não hesite em nos enviar um 
e-mail. 
O primeiro passo você já deu. Agora basta não desistir! 
 
 
 
Na aula de hoje falaremos da teoria geral dos contratos, sobre as 
disposições gerais, após, abordaremos os contratos em espécie que 
constam em seu edital. 
Tendo em vista a extensão do assunto, optamos por colocar todos 
os artigos do Código Civil referentes ao tema, marcando e comentando os 
que consideramos mais importantes. 
 
Dois abraços, 
 
Aline & Jacson 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
1. Teoria Geral dos Contratos. ............................................................................................................ 3 
- Os contratos no Código Civil. ................................................................................................................ 3 
1.1 Disposições Gerais (art. 421 a 480). ............................................................................................ 4 
- Da classificação dos contratos. ............................................................................................................. 4 
1.1.1 Preliminares (arts. 421 a 426). ................................................................................................ 7 
1.1.2 Da formação dos contratos (arts. 427 a 435). ...................................................................... 11 
1.1.3 Do contrato preliminar (arts. 462 a 466). ............................................................................. 18 
1.1.4 Estipulação em favor de terceiro (arts. 436 a 438). .............................................................. 20 
1.1.5 Da Promessa de Fato de Terceiro (art. 439 e 440). .............................................................. 22 
Dos Vícios Redibitórios (art. 441 a 446). ............................................................................................... 23 
1.1.6 Da Evicção (arts. 447 a 457). ................................................................................................. 25 
1.1.7 Dos Contratos Aleatórios (art. 458 a 461). ........................................................................... 30 
1.1.8 Do Contrato com Pessoa a Declarar (art. 467 a 471). ........................................................... 32 
1.2 Da Extinção do Contrato (art. 472 a 480). ................................................................................ 34 
- Do distrato (arts. 472 e 473). .............................................................................................................. 34 
- Da Cláusula Resolutiva (arts. 474 e 475)............................................................................................. 35 
- Da Exceção de Contrato não Cumprido (arts. 476 e 477). ................................................................. 35 
- Da Resolução por Onerosidade Excessiva (arts. 478 a 480). .............................................................. 36 
2. Das várias espécies de contratos (arts. 481 a 853). ...................................................................... 37 
2.1 Compra e venda (arts. 481 a 532). .................................................................................................. 38 
- Retrovenda ..................................................................................................................................... 45 
- Venda a contento............................................................................................................................ 46 
- Da preempção ou preferência ........................................................................................................ 47 
- Da venda com reserva de domínio ................................................................................................. 49 
- Da venda sobre documentos .......................................................................................................... 50 
2.2 Da prestação de serviço (arts. 593 a 609). ...................................................................................... 51 
2.3 Do mandato (arts. 653 a 692). ........................................................................................................ 57 
- Das Obrigações do Mandatário (arts. 667 a 674). .......................................................................... 60 
- Das Obrigações do Mandante (arts. 675 a 681). ............................................................................ 62 
- Da Extinção do Mandato (arts.682 a 691) ...................................................................................... 62 
- Do Mandato Judicial (art.692). ....................................................................................................... 65 
2.4 Da transação (arts. 840 a 850). ....................................................................................................... 65 
2.5 Da empreitada (arts. 610 a 626). .................................................................................................... 68 
- Questões FCC e comentários. ......................................................................................................... 72 
- Lista de questões e gabarito ......................................................................................................... 111 
 
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1. Teoria Geral dos Contratos. 
 
Contrato é o acordo de duas ou mais vontades, é um negócio 
jurídico bilateral ou plurilateral, que deve estar em conformidade com 
a ordem jurídica e que tem por finalidade estabelecer uma relação entre 
a vontade das partes. O escopo de um contrato é o de adquirir, 
modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial. 
 
Sendo o contrato um negócio jurídico, ele requer, para sua 
validade, a observância dos requisitos do artigo 104 do CC, quais sejam: 
 Agente capaz; 
 Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; e 
 Forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
Os contratos possuem dois elementos: o estrutural e o funcional. 
 
O estrutural, como o próprio nome diz, refere-se à estrutura. Para 
termos um contrato é necessária a existência de duas ou mais pessoas1 
que acordam sobre um determinado objeto. 
Já o funcional diz respeito à composição de interesses contrapostos 
(mas harmonizáveis) entre as partes, constituindo, modificando e solvendo 
direitos e obrigações. 
- Os contratos no Código Civil. 
 
Os contratos são tratados na parte especial do Código Civil de 2002, 
Livro I – Do direito das Obrigações: 
 No Título V, temos o capítulo I, que traz as disposições 
gerais e o capítulo II, que traz a extinção do contrato. 
 No Título VI,temos as várias espécies de contrato. 
 
 
1 Alguns doutrinadores entendem se pode admitir, em nosso ordenamento jurídico, o 
autocontrato ou o contrato consigo mesmo, quando uma só pessoa possa representará 
ambas as partes. Seria a hipótese do art. 117 do Código Civil. 
Art. 117. Salvo se o permitir ¹a lei ou ²o representado, é anulável o negócio jurídico 
que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. 
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1.1 Disposições Gerais (art. 421 a 480). 
- Da classificação dos contratos. 
 
Antes de começarmos a aula propriamente dita, falando das disposições 
gerais dos contratos, vamos citar e explicar as principais classificações 
dos contratos. Esta parte é bastante teórica, mas você verá que ela é 
muito importante para a resolução de determinadas questões. 
 
Contratos típicos e atípicos: 
 
Serão típicos, ou nominados, quando estiverem regulamentados 
pelo ordenamento jurídico através do CC, ou por qualquer norma 
extravagante2. Serão atípicos, ou inominados, os negócios bilaterais 
cujo perfil não se encaixe em qualquer das espécies contratuais prescritas 
pelo sistema. 
 
Contratos mistos e coligados: 
 
 Os contratos mistos (ou complexos) são caracterizados pela 
coexistência de obrigações pertinentes a tipos diferentes de contratos, 
que estão ligados pelo caráter econômico que asseguram, segundo 
Gonçalves3, “O contrato misto resulta da combinação de um contrato típico 
com cláusulas criadas pela vontade dos contratantes”. Já os contratos 
coligados se caracterizam pela coexistência, num mesmo negócio, de 
obrigações simplesmente justapostas, sem a ligação de caráter econômico 
entre elas. É, na realidade, uma pluralidade, pois há vários contratos 
interligados. 
 
Contratos unilaterais e bilaterais4: 
 
Contratos bilaterais (ou sinalagmáticos) são os contratos com 
obrigações recíprocas e correlativas, são aqueles de que nascem 
obrigações para ambas as partes. Já os contratos unilaterais se 
caracterizam por acarretar obrigações para apenas um dos contratantes. 
 
2 Normas que regulamentam um tipo de contrato, mas que, neste caso, não são localizadas 
no Código Civil. 
3 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, ed. Saraiva, 2ª ed., pág. 770. 
4 Cuidado para não confundir com a classificação dos negócios jurídicos em bilaterais e 
unilaterais. 
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ATENÇÃO: todo contrato, pela sua própria natureza, é negócio jurídico 
bilateral, que envolve duas ou mais vontades. Quando se fala em 
contratos unilaterais, emprega-se a palavra não no sentido de sua 
formação, mas no sentido de seus efeitos. (apenas um dos contratantes 
assume obrigações perante o outro) 
 
Contratos individuais e coletivos: 
 
Chamamos contratos individuais (ou singulares) aqueles em que 
cada uma das partes intervém para convencionar diretamente aquilo que 
lhe interessa. Os contratos coletivos são aqueles em que a vontade da 
maioria prevalece sobre a vontade da minoria. Contratos coletivos são 
aqueles estabelecidos, por exemplo, pelo acordo de duas pessoas jurídicas 
que representam categorias profissionais. 
 
Contratos impessoais e pessoais: 
 
São impessoais os contratos em que a pessoa do devedor é fungível 
– quer dizer, interessa ao credor ter sua obrigação satisfeita, não 
importando quem efetivamente o faça. Os contratos pessoais ou 
intuito personae, por sua vez, são aqueles em que as partes contratantes 
especificam quem está incumbido de prestar – não se admitindo que 
terceiro satisfaça a obrigação, justamente por se tratar de obrigação 
personalíssima. 
 
Contratos consensuais, formais e reais: 
 
Os consensuais são os que requerem para seu aperfeiçoamento, 
apenas a conjugação de vontades, ou seja, apenas o consentimento das 
partes. Os formais são os que exigem o cumprimento de determinadas 
formalidades legais para o seu aperfeiçoamento. Já os contratos reais são 
os que exigem a efetiva tradição5 do objeto contratual para sua formação, 
ou seja, que além do consentimento dos contratantes, que haja a entrega 
da coisa (da res), do objeto. 
 
 
 
 
5 Termo jurídico que significa entrega. 
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Contratos onerosos e gratuitos: 
 
São onerosos os contratos em que ambas as partes visam recíprocas 
atribuições patrimoniais, próprias ou para terceiros, assim entendida toda 
vantagem avaliável em dinheiro, ou seja, os contratantes têm o intuito de 
auferir vantagem própria, assumindo encargos recíprocos. Os contratos 
gratuitos (ou benéficos), por sua vez, caracterizam-se, objetivamente, 
por haver uma parte que obtém vantagem e a outra que deve suportar o 
sacrifício, não há contraprestação, apenas uma das partes é onerada. 
 
Normalmente, um contrato bilateral será oneroso e um contrato unilateral 
será gratuito. No entanto, a doutrina cita o contrato de mútuo feneratício 
(ou oneroso) como exemplo de contrato unilateral e oneroso (pois é 
convencionado o pagamento de juros). E cita o mandato como bilateral e 
gratuito, pois a obrigação para o mandante surgiria em um momento 
posterior. 
 
Contratos comutativos e aleatórios6: 
 
Considera-se comutativo o contrato em que há proporcionalidade 
entre a atribuição patrimonial auferida e o sacrifício suportado, justamente 
por se saber com certeza quais são as prestações. O contrato 
aleatório, ao seu tempo, baseia-se na ideia de álea, de risco, de sujeição 
ao acaso, à sorte. Recebe a classificação de aleatório quando a prestação 
devida depende de um acontecimento incerto e que faz com que não seja 
possível a determinação do ganho ou da perda, senão até que este 
acontecimento se realize. 
 
Contratos de execução imediata, de execução diferida e de trato 
sucessivo: 
 
É de execução imediata, ou instantânea, o contrato cuja obrigação 
é adimplida por intermédio de uma única prestação que importa na extinção 
completa da obrigação. 
No contrato de execução diferida no tempo, ou retardada, a 
prestação a ser cumprida se dará somente em termo futuro. 
Já o contrato de execução sucessiva (continuada), ou de trato 
sucessivo, é aquele que se renova periodicamente com o adimplemento 
das obrigações contratadas e que serão cumpridas sucessivamente. As 
 
6 Trata-se de uma subclassificação dos contratos onerosos e que analisa a relação 
entre a vantagem e o sacrifício que sofrem as partes. 
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obrigações, isoladamente, não tem o condão de extinguir a relação, que 
persiste e não se extingue por completo até o advento de um termo 
contratual ou do implemento de uma condição contratualmente fixada. 
 
Contratos principais e acessórios: 
 
São principaisos contratos que tem existência autônoma, ou seja, 
independentemente e não se submetem a sorte de qualquer outro contrato. 
Os contratos acessórios, por sua vez, existem em virtude dos contratos 
principais, tendo, destarte, sua existência condicionada a do principal, 
como por exemplo, a fiança. 
 
 
 
Após citarmos como os contratos podem ser classificados, vamos dar 
continuidade à aula, analisando as disposições gerais sobre contratos 
encontradas no código civil! 
1.1.1 Preliminares (arts. 421 a 426). 
 
O primeiro artigo referente às disposições gerais dos contratos fala da 
liberdade de contratar e nos traz o princípio da sociabilidade (a 
função social do contrato). Este princípio estipula a prevalência dos 
valores coletivos sob os individuais, sem esquecer, contudo, do valor 
fundamental da pessoa humana. 
 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da 
função social do contrato. 
 
A liberdade de contratar está condicionada ao respeito à função social 
do contrato. Deste modo, limita-se por preceitos de ordem pública, que 
proíbem, por exemplo, que o acordo entre as partes seja contrário aos bons 
costumes. 
 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do 
contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
 
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Este artigo dá continuidade ao princípio da sociabilidade e introduz 
mais dois princípios que devem guiar os contratantes. São eles: o princípio 
da probidade e o princípio da boa-fé objetiva. 
 
 O princípio da probidade - que impõe as partes o dever de 
agir com lealdade, honradez, integridade e confiança recíproca. 
 O da boa-fé objetiva - que está ligado não só à interpretação 
do contrato, mas também ao interesse social de segurança das 
relações jurídicas. Segundo este princípio as partes devem agir 
de forma honrada durante as tratativas, a formação e também 
durante a execução do contrato. 
 
Além dos princípios citados acima, existem outros, que podem 
eventualmente ser cobrados em provas. Eles são os seguintes: 
 
O da autonomia da vontade, através do qual as partes poderão 
elaborar livremente seus contratos, de acordo com seus interesses 
(respeitando as normas gerais); o do consensualismo, no qual o acordo 
de vontades das partes bastaria para dar origem a um contrato válido7; o 
da obrigatoriedade da convenção, pois, uma vez feito um contrato, ele 
deve ser fielmente cumprido pelas partes, sob pena de responsabilização 
no caso de inadimplemento, podendo o inadimplente sofrer uma execução 
patrimonial; e o da relatividade dos efeitos do negócio jurídico 
contratual, já que o contrato normalmente vincula exclusivamente as 
partes participantes, ou seja, não atinge terceiras pessoas, estranhas a 
relação contratual. 
Todos estes princípios contratuais estão ligados ao do respeito e 
proteção à dignidade da pessoa humana, dando proteção jurídica aos 
contratantes para que através de seus contratos efetivem a função social 
da propriedade, do contrato e a justiça social. 
 
O artigo 423 nos traz a figura do contrato de adesão. 
 
“Acho que eu já ouvi falar disto.” 
 
Sim, provavelmente você já se deparou com um contrato deste tipo. 
O contrato de adesão é aquele em que apenas uma das partes estipula 
as cláusulas e o modo como será o contrato. 
 
7 Sem esquecer, no entanto, que para determinados contratos (para que sejam válidos) 
há a exigência de certas formalidades legais. 
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Cabendo à outra parte – que é chamada de aderente (você ), apenas 
aderir a este contrato, ou seja, aceitar as “regras” pré-estabelecidas. O 
contrato de adesão contrapõe-se, deste modo, ao chamado contrato 
paritário8, pois neste as partes discutem livremente as condições. 
Como exemplos de contratos de adesão, temos aqueles contratos que 
assinamos (quando assinamos) para receber um cartão de crédito e para 
formalizar determinados seguros. 
Acreditamos que você nunca presenciou alguém, no momento de 
assinar um contrato deste tipo, discutindo as cláusulas com o gerente do 
banco ou com o corretor, não é mesmo? O contrato já chega pronto, 
fazemos apenas a adesão. 
 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou 
contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. 
 
Portanto, quando o contrato de adesão contiver cláusulas ambíguas ou 
contraditórias, caberá ao intérprete, no momento de apreciá-las, adotar a 
interpretação mais favorável ao aderente (nada mais justo, uma vez 
que ao aderente “não é permitido” discutir as cláusulas deste tipo de 
contrato). 
Em tese , quem faz o contrato de adesão deverá de redigi-lo de 
maneira mais clara possível, para que o aderente ao se decidir sobre a 
adesão entenda o que está fazendo. 
 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a 
renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 
 
“O que isto quer dizer?” 
 
No contrato de adesão o aderente encontra-se em uma situação 
desfavorável e, por este motivo, terá direitos resultantes da natureza deste 
negócio. Por exemplo, seria legítima uma cláusula contratual determinando 
a eleição de foro, no entanto, caso a escolha do foro estipulada em um 
contrato de adesão (veja que ele foi escolhido apenas por uma das partes) 
seja abusiva e prejudicial ao aderente, ela poderá ser desconsiderada, 
mesmo que o aderente tenha renunciado ao direito de escolha. 
 
 
8 O contrato paritário é do tipo tradicional. Nele as partes estão em situação de igualdade, 
pois discutem as condições do contrato. 
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Não pode ser válida (será nula) a cláusula que implique renúncia 
antecipada de direitos inerentes à natureza do contrato de adesão. 
 
Lembre-se também que o contrato deve seguir os parâmetros 
estipulados pelos princípios da probidade e da boa-fé, para atingir assim 
sua função social. 
 
Observe alguns Enunciados sobre o assunto: 
 
Jornada III STJ 167: “Arts. 421 a 424: Com o advento do Código Civil de 2002, 
houve forte aproximação principiológica entre esse Código e o Código de Defesa 
do Consumidor no que respeita à regulação contratual, uma vez que ambos são 
incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos.” 
Jornada III STJ 172: “Art. 424: As cláusulas abusivas não ocorrem 
exclusivamente nas relações jurídicas de consumo. Dessa forma, é possível a 
identificação de cláusulas abusivas em contratos civis comuns, como, por 
exemplo, aquela estampada no art. 424 do Código Civil de 2002.” 
Jornada IV STJ 364: “Arts. 424 e 828: No contrato de fiança é nula a cláusula 
de renúncia antecipada ao benefício de ordem quando inserida em contrato de 
adesão.” 
 
O contrato de adesão tem características de contratos nominados 
ou típicos, isso porque está previsto pelo ordenamento jurídico. 
Em contrapartida, lembre-se de que existem os contratos chamados 
inominados ou atípicos, que são aqueles para os quaisnão há previsão 
legislativa, ou seja, não tem sua estrutura prevista em lei. Assim, 
contratos atípicos são aqueles que não estão disciplinados pelo Código 
Civil, nem por leis extravagantes. 
 
O que existe no Código Civil sobre os contratos atípicos é apenas uma 
autorização para que possam celebrá-los. 
 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas 
gerais fixadas neste Código. 
 
Deste modo, as pessoas podem “inventar” um contrato que não exista 
no mundo jurídico (isto é lícito), entretanto, ao fazê-lo, precisam 
observar as normas gerais fixadas pelo ordenamento jurídico. Ou seja, 
podem elaborar contratos atípicos, mas valem as normas gerais, para a 
validade, por exemplo, devem respeitar o art. 104. 
 
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“Direito privado. Atipicidade. No direito privado vigora o princípio da 
atipicidade dos negócios jurídicos, vale dizer, as partes podem criar 
negócios jurídicos atípicos (não regulados expressamente pela lei)...” 9 
 
Outra “regra geral” que orienta a celebração de contratos é a 
encontrada no art. 426: 
 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
 
Este preceito é de ordem pública e veda que a herança de uma pessoa 
ainda viva seja objeto de contrato10. 
 
Ainda no campo das disposições gerais, vamos estudar agora como se dá 
a formação dos contratos. 
 
1.1.2 Da formação dos contratos (arts. 427 a 435). 
 
Vimos que todo contrato requer um acordo de vontade entre as 
partes, é o chamado consentimento. Além disso, também será necessária 
a manifestação desta vontade, seja ela de forma expressa ou tácita. 
Sendo a manifestação de vontade o ponto principal de todo o negócio 
jurídico contratual, é muito importante que se caracterize o momento em 
que ela se verifica, pois será a partir deste momento que decorrerá a 
própria existência do contrato. 
 
Quando chegamos a um contrato pronto (já finalizado), precisamos ter 
em mente que para chegar neste ponto o contrato passou por 
¹negociações preliminares; teve duas manifestações de vontade bem 
características, ²a proposta e ³a aceitação; e teve a fase do contrato 
preliminar. 
 
 
9 Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 560. 
10 Você verá isto na nossa aula 09, o nosso ordenamento prevê duas formas de 
sucessão: a primeira é a legítima – que acontece quando a pessoa morre sem deixar 
disposições de última vontade, situação em que a herança será dada aos herdeiros 
especificados pelo código; a segunda é a testamentária – que é quando a pessoa antes 
de morrer deixa testamento, situação em que parte da herança será distribuída de acordo 
com a sua vontade. 
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Tartuce11, ao citar o que se reúne da melhor doutrina, diz que é 
possível identificar quatro fases na formação dos contratos: 
 Fase de negociações preliminares ou pontuação; 
 Fase de proposta, policitação ou oblação; 
 Fase de contrato preliminar; 
 Fase de contrato definitivo ou de conclusão do contrato. 
 
Na maioria das vezes haverá negociações preliminares, conversas, 
entendimentos e, ainda, reflexões sobre a oferta. Isto tudo até o momento 
em que se encontre uma solução satisfatória para as partes. Esta é uma 
regra, porém, sem necessariamente ter havido a fase de negociações, 
pode acontecer de um contrato surgir apenas com uma proposta de 
negócio seguida de uma aceitação imediata. 
A fase pré-contratual não cria direitos nem obrigações e tem como 
objetivo a preparação do consentimento para a conclusão do negócio 
jurídico contratual. Não se estabelece qualquer laço jurídico e, por este 
motivo, não se pode imputar responsabilidade civil contratual àquele 
que houver interrompido essas negociações. 
Nas negociações preliminares, as partes podem passar a 
elaboração da minuta, que nada mais é do que colocar por escrito alguns 
pontos constitutivos do contrato (cláusulas ou condições) sobre os quais já 
tenham chegado a um acordo. Esta minuta no futuro poderá servir de 
modelo para o contrato que realizarão. Nesta fase ainda não existe 
vínculo jurídico entre as partes. 
 
“Nesta fase de negociações não há ainda a responsabilização civil?” 
 
Muito cuidado! Não há responsabilidade civil contratual, mas apesar 
da falta de obrigatoriedade dos entendimentos preliminares, 
excepcionalmente pode surgir a responsabilização civil extracontratual. Isto 
acorrerá, na hipótese de um participante criar no outro a expectativa de 
que o negócio será celebrado, levando-o a executar despesas, a não 
 
11 Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, ed. Método, 2ª ed., pág. 557. 
1º as Negociações 
Preliminares
2º a Proposta 3º a Aceitação
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contratar com terceiros ou, então, a alterar planos de sua atividade 
imediata. 
A parte que, injustificavelmente, desistir e causar prejuízos (mesmo 
que indiretos) terá a obrigação de ressarcir os danos incorridos. Não se 
trata da responsabilidade por inadimplemento contratual, mas sim da 
responsabilidade pela prática de ato ilícito (extracontratual). 
 
Sendo o contrato um acordo de duas ou mais vontades, estas não são 
emitidas ao mesmo tempo, mas sim sucessivamente, com um intervalo 
razoável entre uma e outra. Existe uma parte que toma a iniciativa, dando 
inicio à formação do contrato, ao formular a proposta. 
A proposta constitui uma declaração inicial de vontade e cuja finalidade 
é a realização de um contrato. A oferta de contrato, em regra, obriga o 
proponente. 
 
- A proposta 
 
Pode-se dizer que a proposta é uma declaração receptícia de vontade, 
que se dirige de uma pessoa para a outra e na qual se manifesta a intenção 
de se considerar vinculada se a outra parte aceitar. 
 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não 
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 
 
 Nesta fase da formação do contrato, quem faz a proposta é chamado 
de proponente (ou policitante), já quem aceita é chamado de 
destinatário (ou oblato). De acordo com o artigo 427, visto acima, o 
proponente não pode retirar a proposta sem explicações sob pena de 
responder por perdas e danos. 
É importante destacar que este não é um preceito absoluto, uma vez 
que existem situações em que a proposta não obrigará o proponente, 
quais sejam: ¹quando tratar-se apenas de um convite a contratar (lá na 
fase das negociações preliminares); ²quando na própria proposta contiver 
uma cláusula afirmando que a proposta não é obrigatória; ou ³quando o 
contrário não resultar da natureza do negócio ou das circunstâncias do 
caso. 
 
 
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O artigo seguinte nos traz os casos em que a proposta não será 
obrigatória12: 
 
Art. 428. Deixade ser obrigatória a proposta: 
 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. 
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio 
de comunicação semelhante; 
 
Se a proposta foi feita entre presentes (ou seja, o contato é feito 
pessoalmente) e não sendo aceita de pronto, desobrigará o proponente. 
– considera-se também um contato feito pessoalmente, aquele 
realizado por intermédio de telefone ou outro meio de comunicação 
semelhante, de forma direta ou simultânea. 
Então, por exemplo, João fez uma proposta pessoalmente a Paulo e 
não estipulou um prazo para resposta, caso Paulo não a aceite 
imediatamente, a proposta deixa de ser obrigatória. 
 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente 
para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; 
 
Obviamente o proponente não está obrigado a esperar 
“indefinidamente”. Se já houver decorrido um tempo tido como suficiente 
e não chegar uma resposta, a proposta deixa de ser obrigatória. Ou seja, 
deve-se esperar apenas por um tempo razoável, suficiente para que a 
 
12 No sentido de obrigatoriedade do cumprimento da proposta. Nesta análise é levado em 
consideração o fato de a proposta ser entre presentes ou entre ausentes. O termo 
“ausentes” (aqui empregado) refere-se apenas à existência ou não de um contato direto 
entre os contratantes. 
envia a proposta e aguarda a 
aceitação
Destinatário, Aceitante
(oblato)
aceita ou não a proposta, devendo 
a sua resposta chegar no prazo 
previsto ou em tempo suficiente
o Proponente
(policitante)
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proposta chegue ao destinatário (oblato) e para que retorne a sua 
aceitação. 
 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do 
prazo dado; 
 
Nesta hipótese, a proposta foi feita a pessoa ausente e com um prazo 
certo para que fosse dada uma resposta. Se o oblato (destinatário) não se 
pronunciar no tempo estipulado, fica obviamente o proponente 
desobrigado. 
 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra 
parte a retratação do proponente. 
 
O inciso IV é bastante lembrado em provas.  
 
Se o proponente retirar a proposta e sua retratação chegar antes 
ou simultaneamente com a proposta original, também deixará de ser 
obrigatória. 
 
Existe uma situação que é equiparada a proposta, trata-se da oferta 
ao público (é a propaganda feita ao público). 
 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos 
essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos 
usos. 
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, 
desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 
 
O artigo 429 preceitua que a oferta ao público ganha caráter de 
proposta quando seu conteúdo oferece os requisitos essenciais à 
contratação, gerando vínculo obrigatório para o ofertante. Estas ofertas 
ao público podem ser aquelas transmitidas por rádio, televisão ou 
quaisquer outros meios de comunicação em massa. 
A revogação da proposta feita ao público é possível, mas deverá 
ser feita da mesma forma e com o mesmo destaque com que foi feita 
a proposta e desde que tenha resguardado este direito na proposta feita. 
Então se aquele “jornalzinho” colocou a oferta em letras “garrafais” a 
revogação deverá ter o mesmo destaque. 
 
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- A aceitação 
 
A aceitação vem a ser a manifestação da vontade, expressa ou tácita, 
por parte do destinatário (ou oblato). A aceitação deve ser feita dentro 
do prazo proposta, chegando oportunamente ao conhecimento do 
ofertante. Ao aceitar a proposta o aceitante adere a todos os seus termos. 
Segundo Mosset13: “A aceitação é uma declaração unilateral de 
vontade, receptícia, destinada ao proponente e dirigida a celebração do 
contrato.” 
 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao 
conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, 
sob pena de responder por perdas e danos. 
 
Se a aceitação chegar fora do prazo, por circunstâncias imprevistas, o 
proponente deverá comunicar imediatamente ao aceitante sobre o atraso, 
para se precaver de possíveis prejuízos por conta da não conclusão do 
contrato. Se não tomar tal providência corre o risco de responder por 
perdas e danos14. 
 
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, 
importará nova proposta. 
 
Se a aceitação chegar ao proponente fora do tempo hábil para o 
aceite ou, ainda, se trouxer modificações à proposta original, será 
considerada uma nova proposta (ou contraproposta) do aceitante 
direcionada ao proponente, ficando sujeita à sua concordância. 
 
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação 
expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o 
contrato, não chegando a tempo a recusa. 
 
O art. 432 nos trouxe o caso de aceitação tácita, nesta situação o 
contrato será considerado perfeito e acabado se a recusa não chegar 
a tempo. A aceitação tácita é valida em duas situações: 
 
 Não seja costume a aceitação expressa; ou 
 
13 Mosset, Contratos, p 105. Em Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos 
Tribunais, 8ª ed., pág. 566. 
14 CC Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos 
devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente 
deixou de lucrar. 
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 O proponente a tiver dispensado. 
 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela 
chegar ao proponente a retratação do aceitante. 
 
A mesma regra que vimos para a proposta vale para a aceitação, ou 
seja, se a retratação do aceitante chegar antes da aceitação, ou 
simultaneamente a esta, considera-se inexistente a aceitação. 
 
O contrato entre ausentes nem sempre está relacionado à presença 
física dos contratantes no momento da formação do contrato, mas sim a 
existência de relacionamento direto entre os contratantes. Para a lei, em 
relação aos contratos, são considerados ausentes os que fazem suas 
negociações através da troca de correspondências ou documentos. 
Quando o contrato é celebrado entre ausentes, o contrato se tornará 
perfeito, em regra, quando a aceitação do oblato for expedida. As exceções 
são encontradas nos incisos do art. 434. 
 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a 
aceitação é expedida, exceto: 
 
I - no caso do artigo antecedente; 
 
Este inciso nos remete ao art. 433, que trata a hipótese da retratação 
do aceitante chegar antes ou ao mesmo tempo do aceite. Quando isso 
acontecer, sendo válida a retratação, será considerada inexistente a 
aceitação. 
 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
 
Neste caso, em que o proponente se compromete a esperar a resposta 
do oblato, o contrato se aperfeiçoaráno momento da recepção da 
aceitação, e não no momento da expedição. Neste caso, enquanto a 
aceitação não chegar às mãos do proponente o contrato não se 
aperfeiçoará. 
 
III - se ela não chegar no prazo convencionado. 
 
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Este inciso é um tanto óbvio, pois, se existe um prazo para que a 
resposta seja enviada e ela não chegar neste intervalo de tempo ou chegar 
atrasada não houve a aceitação e, portanto, não há um contrato. 
 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
 
Quando o contrato for entre presentes – também considerado o 
celebrado por telefone ou videoconferência, o lugar da celebração será 
onde as pessoas se encontrarem presentes e onde o contrato é 
proposto. Quando o contrato for entre ausentes, o lugar será aquele 
onde for expedida a proposta. 
 
1.1.3 Do contrato preliminar (arts. 462 a 466). 
 
O contrato preliminar está disciplinado no CC, nos artigos 462 a 466 e 
tem como objeto outro contrato (o definitivo), não devendo ser 
confundido com o contato preliminar. 
O contrato preliminar “não se confunde com o contato preliminar, que 
é fase eventual da formação dos contratos em que se manifesta a 
disposição de contratar”.15 
Um bom exemplo de contrato preliminar é o compromisso de compra 
e venda de imóvel. 
 
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os 
requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. 
 
Cuidado! Isto aparece bastante em provas.  
 
No contrato preliminar já devem estar estabelecidos os requisitos 
essenciais do contrato definitivo, somente a forma ainda é livre. Por 
exemplo, mesmo que o contrato principal precise ser feito por instrumento 
público, o contrato preliminar poderá ser elaborado por instrumento 
particular. 
 
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no 
artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de 
 
15 Tomasetti, contrato preliminar, § 3º, p. 18. Em Nelson Nery Júnior, Código Civil 
Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 580. 
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arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração 
do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. 
 
Assim, o contratante interessado pode exigir do outro a celebração do 
contrato definitivo, desde que não haja cláusula de arrependimento16, isto 
ocorre por meio de notificação judicial ou extrajudicial, onde constará o 
prazo para sua efetivação. 
 
Art. 463, Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro 
competente. 
 
Para que o contratante interessado possa exigir a celebração do 
contrato definitivo, o contrato preliminar deve ser registrado no cartório 
competente. O registro serve para se dar conhecimento a todos da 
existência do contrato, seja ele preliminar ou definitivo, sendo, por este 
motivo, um ato necessário. 
 
Jornada I STJ 30: “Art. 463: A disposição do parágrafo único do art. 463 
do novo Código Civil deve ser interpretada como fator de eficácia perante 
terceiros.” 
 
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a 
vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato 
preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. 
 
Este artigo autoriza que o contratante interessado recorra à justiça 
para ter, a partir do contrato preliminar, o contrato definitivo. Assim, o juiz, 
na sentença, fixará um prazo para que a outra parte efetive o contrato. Se 
esta decisão judicial não for cumprida, o juiz suprirá a manifestação de 
vontade faltante, transformando o contrato preliminar em definitivo. 
 
STF 168: “Para os efeitos do Decreto-Lei 58, de 10.12.1937, admite-se a 
inscrição imobiliária do compromisso de compra e venda no curso da ação”. 
 
STF 413: “O compromisso de compra e venda de imóveis, ainda que não 
loteados, dá direito a execução compulsória, quando reunidos os requisitos 
legais”. 
 
 
16 Cláusula de arrependimento, como o próprio nome diz, é a cláusula que permite às 
partes o arrependimento da celebração do contrato 
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Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá 
a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. 
 
De acordo com este artigo, pode o contratante interessado, para a 
efetivação contratual, ao invés de acionar o judiciário, simplesmente 
desistir do contrato e pedir perdas e danos. Trata-se de escolha, que 
ficará a critério do contratante interessado. 
 
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar 
a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo 
este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor. 
 
“O que se entende por promessa de contrato unilateral mesmo?” 
 
É quando a promessa acarretar obrigações a apenas uma das 
partes, que será a parte “devedora”. 
Quando a promessa de contrato for unilateral a parte que se 
beneficiará (o credor) deve manifestar-se no prazo previsto (se existir) da 
opção de realizar o contrato ou não. Se não existir prazo, deverá o 
devedor estipular um. 
Se o credor não se manifestar em tempo hábil, fica a promessa sem 
efeito, sem validade. 
 
Perceba que o contrato preliminar tem por objetivo delinear os 
contornos do contrato definitivo, gerando, inclusive, direitos e deveres 
para as partes, pois estas assumem uma obrigação, a de fazer o contrato 
final. Trata-se de uma promessa de contratar. 
 
1.1.4 Estipulação em favor de terceiro (arts. 436 a 438). 
 
De acordo com Carlos Roberto Gonçalves17: “Dá-se a estipulação em 
favor de terceiros, pois, quando, no contrato celebrado entre duas pessoas, 
denominadas estipulante e promitente, convenciona-se que a vantagem 
resultante do ajuste reverterá em benefício de terceira pessoa, alheia 
à formação do vínculo contratual”. (grifos nossos) 
 
 
17 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, 2ª ed. 
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Na estipulação em favor de terceiro (como o próprio nome diz) existirá 
uma terceira pessoa. Temos, então, a presença de três figuras, que são: 
o estipulante – aquele que estipula em benefício da terceira pessoa; o 
promitente – aquele que se obriga a cumprir o acordo em favor do 
beneficiário; e o beneficiário (que é o terceiro) - a pessoa determinada 
ou indeterminada que receberá o benefício. É importante destacar que 
embora a validade do contrato não esteja subordinada a vontade do 
beneficiário, o mesmo não podemos afirmar com relação à eficácia do 
negócio, porque, neste caso, será necessária a aceitação por parte daquele 
que se beneficia18. 
Um exemplo bastante comum de contrato em favor de terceiro é 
aquele quebeneficia em um seguro, uma terceira pessoa, que não 
participou diretamente da relação, do vínculo, contratual. O terceiro não é 
parte no contrato. 
Ainda explicaremos o contrato de seguro, mas haverá uma exceção, 
trata-se de uma impossibilidade de se estipular em favor de terceiro, no 
concubinato: CC Art. 793. É válida a instituição do companheiro como 
beneficiário, se ao tempo do contrato o segurado era separado 
judicialmente, ou já se encontrava separado de fato. 
 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da 
obrigação. 
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também 
é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, 
se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. 
 
O art. 436 dá ao estipulante o poder de exigir o cumprimento da 
obrigação por parte do promitente. 
O beneficiário também poderá exigir o cumprimento do contrato, isto 
se este direito não estiver vedado expressamente no próprio contrato e 
desde que o estipulante não o tenha substituído, conforme o autoriza o art. 
438. 
 
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro 
designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro 
contratante. 
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição 
de última vontade. 
 
Assim, o beneficiário substituído perderá todo e qualquer direito que 
lhe fora conferido, não cabendo nenhuma indenização. 
 
18 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro 3, ed. Saraiva, 9ª ed. 
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Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito 
de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. 
 
Deste modo, o estipulante tem o direito de substituir tanto o 
beneficiário como também de substituir, exonerando o promitente da 
obrigação. Caso isso venha a acontecer – exoneração do promitente, a 
estipulação em favor de terceiro ficará sem efeito. Mas se for autorizado ao 
beneficiário reclamar a execução do contrato, o estipulante não poderá 
exonerar o promitente. 
 
1.1.5 Da Promessa de Fato de Terceiro (art. 439 e 440). 
 
Neste caso, o promitente se compromete a conseguir que terceira 
pessoa assuma uma obrigação, seja ela obrigação de fazer, de não 
fazer, ou de dar alguma coisa. Observe que o terceiro de quem se quer 
alguma coisa não faz parte diretamente do contrato. 
 
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e 
danos, quando este o não executar. 
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge 
do promitente, ¹dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e ²desde 
que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair 
sobre os seus bens. 
 
Assim, se o terceiro não efetuar a obrigação pretendida pelas partes o 
promitente responderá com uma indenização por perdas e danos. O 
parágrafo único traz a exceção de tal responsabilidade, no caso de o 
terceiro ser o cônjuge do promitente. 
 
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se 
este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. 
 
 Quando o terceiro se comprometer a efetuar a obrigação a 
situação se modifica. Neste caso, não haverá para o promitente qualquer 
responsabilização. Quando o terceiro aceitar a obrigação que o promitente 
lhe propôs, ele deixa de ser estranho à relação jurídica e, agora, recairá 
sobre ele uma eventual indenização. 
 
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Dos Vícios Redibitórios (art. 441 a 446). 
 
 De acordo com Carlos Roberto Gonçalves19: “Vícios redibitórios são 
os defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato 
comutativo20, que a tornam ¹imprópria ao uso a que se destina ou ²lhe 
diminuem o valor” (grifos nossos). 
 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada 
por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, 
ou lhe diminuam o valor. 
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
 
Deste modo, a pessoa que adquire uma coisa que contenha um vício 
ou defeito oculto, que a tornem imprópria para o uso ou lhe diminuam o 
valor, poderá ajuizar uma ação redibitória para a rejeição da coisa e a 
devolução do valor pago, com a devolução da coisa a seu antigo dono. 
Poderá também propor uma ação estimatória, para o caso de o defeito 
oculto diminuir o valor da coisa, onde pedirá a devolução de parte do valor 
que pagou como abatimento. 
 
Segundo o parágrafo único do art. 441, as disposições aplicáveis aos 
vícios e defeitos cultos também são aplicáveis quando o negócio se 
deu por doações onerosas. Doações onerosas são aquelas em que o 
doador impõe ao beneficiário uma incumbência ou dever, há, por exemplo, 
um encargo. Este tipo de doação, nos termos do art. 539, deve ter 
aceitação expressa pelo beneficiário (donatário). 
 
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o 
adquirente reclamar abatimento no preço. 
 
 Este artigo apresenta uma opção ao adquirente da coisa. Assim, se 
o adquirente da coisa que contém vício redibitório quiser, em vez de tornar 
sem efeito o contrato e pedir o valor da coisa de volta, poderá pedir o 
abatimento do valor pago, através de uma ação estimatória, permanecendo 
o bem em seu poder. 
 
19 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, 2ª ed. 
20 Contrato comutativo é aquele contrato oneroso em que a prestação corresponde a 
uma contraprestação, que é certa e determinada. 
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Art. 443. ¹Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o 
que recebeu com perdas e danos; ²se o não conhecia, tão-somente restituirá o 
valor recebido, mais as despesas do contrato. 
 
O artigo 443 estabelece diferenças entre o alienante que age de má-
fé e o que age de boa-fé, quais sejam: ¹se o vendedor sabia do vício, 
e, portanto, agiu de má-fé, terá que pagar ao adquirente o valor que foi 
pago pela coisa mais perdas e danos; porém ²se o vendedor não sabia 
do vício – agiu de boa-fé, terá que restituir o valor recebido mais as 
despesas do contrato. 
 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em 
poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. 
 
Nesta situação, o vendedor responde pelo vício nos mesmos termos 
do artigo antecedente, mesmo que a coisa se acabe em poder do 
adquirente e desde que o motivo que tenha ocasionado este perecimento 
seja o vício oculto já existente na época da venda. 
 
Dos prazos para reclamar (prazos decadenciais): 
 
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no 
preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, 
contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da 
alienação,reduzido à metade. 
 
O adquirente poderá:
Vícios ou defeitos ocultos
(vícios redibitórios)
reclamar abatimento 
no preço
rejeitar a coisa
ou 
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Estes dois prazos volta e meia aparecem nas provas, vamos utilizar esta 
dica para memorização: 
Logo após passar no concurso, com seu primeiro vencimento você resolve 
comprar um carro (bem móvel) e um apartamento (bem imóvel). Caso 
existam defeitos ocultos, você terá 30 dias para reclamar com relação ao 
carro e um ano para reclamar com relação ao apartamento. E um detalhe, 
digamos que você já estava de posse destes bens, neste caso os prazos 
contam da alienação e são reduzidos pela metade. 
 
§ 1º. Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, 
o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo 
máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, 
para os imóveis. 
§ 2º. Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios 
ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, 
aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras 
disciplinando a matéria. 
 
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula 
de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta 
dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. 
 
 Assim, se houver garantia da coisa, e o defeito aparecer após a coisa 
ser adquirida, esta garantia impede que os prazos de decadência previstos 
no art. 445, comecem a correr. Somente começarão a correr após o 
término da garantia. No caso do vendedor não solucionar o defeito, aí sim 
poderá o adquirente ajuizar a ação redibitória ou a estimatória. 
 
1.1.6 Da Evicção (arts. 447 a 457). 
 
Segundo Carlos Roberto Gonçalves: “Evicção é a perda da coisa em 
virtude de sentença judicial, que a atribui a outrem por causa jurídica 
preexistente ao contrato” 21. (grifos nossos) 
 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste 
esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. 
 
 
21 Carlos Roberto Gonçalves Direito Civil Esquematizado, 2ª ed. 
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Deste modo, a evicção aparece como uma garantia dada em favor do 
adquirente, em um contrato oneroso, contra o alienante. 
Na evicção temos três figuras: o evicto – que é quem perde o bem na 
ação; e o alienante que é quem vendeu o bem e o responsável pela 
evicção; o evictor – que é quem ganha à ação na justiça e “readquire” o 
bem. 
Assim, para que haja a evicção, é necessário que se configure em um 
contrato do tipo oneroso, um vício de direito anterior ou ao mesmo tempo 
da celebração do contrato. Por meio de uma sentença judicial, na hora em 
que for realizar o negócio jurídico a pessoa perderá a posse, o uso ou a 
propriedade da coisa. 
 
A evicção poderá, ainda, ser total - quando recair sobre a totalidade 
do bem, ou parcial – quando recair somente sobre uma parte dele. 
 
Vamos a uma explicação prática: 
 
¹Paulo (alienante) vende coisa a ²João (adquirente). Demos o 
exemplo de uma compra e venda para que você se lembre de que a evicção 
está relacionada a contratos onerosos. Acontece, no entanto, que havia 
um fato anterior a este negócio jurídico e no qual estava 
envolvido³Lucas. 
Somente agora o fato é decidido judicialmente e provoca a evicção (a 
causa jurídica da evicção é anterior ao contrato firmado entre Paulo e João). 
Temos então a figura de um terceiro em relação ao contrato. Trata-se de 
Lucas, que será denominado evictor. 
 
São figuras envolvidas na evicção: 
 
¹Paulo, que é o alienante. 
²Joao, que é o comprador (adquirente), sendo que nesta situação será 
o chamado evicto. 
³Lucas, que é o evictor, o terceiro que reivindica a coisa que foi alienada 
para Joao. 
 
RESUMINDO 
O que ocorre na evicção é o seguinte: fica decidido judicialmente 
que Paulo não tinha o direito legítimo sobre a coisa alienada. O titular 
do direito sobre a coisa passou a ser Lucas. Ocorreu a perda da coisa para 
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um terceiro (Lucas), por exemplo, por usucapião. Paulo (alienante), nesta 
situação, responderá pela evicção junto ao adquirente (João). 
 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir 
a responsabilidade pela evicção. 
 
 As partes contratantes, por acordo seu, podem estipular 
expressamente no contrato cláusula, para reforçar, diminuir ou excluir 
o alienante da responsabilidade da evicção. 
 
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta 
se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não 
soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. 
 
Este artigo prevê uma limitação que é a colocação de cláusula 
conforme previu o artigo anterior – art. 448. Assim, o valor da coisa deverá 
ser devolvido, mesmo se o contrato contiver a cláusula que exclui ou 
diminui a responsabilidade do alienante, se o evicto não sabia do risco da 
evicção ou se foi avisado, mas não o assumiu – neste caso deverá também, 
estar expresso no contrato. 
No segundo caso, em que o evicto foi avisado do risco da evicção, mas 
não o assumiu, terá direito a receber apenas o valor pago pela coisa. Não 
terá direito a perdas e danos porque sabia do risco. 
 
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da 
restituição integral do preço ou das quantias que pagou: 
 
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; 
 
Estes frutos são gerados periodicamente pela coisa ou pela 
propriedade, sem alteração de sua natureza e sem que se extinga sua ação 
produtiva. Assim, além de cobrar do alienante o preço da coisa poderá 
também cobrar a indenização sobre os frutos que teve que pagar ao evictor. 
 
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente 
resultarem da evicção; 
 
O evicto terá o direito de cobrar pelas despesas do contrato como, por 
exemplo, o custo da escritura. Também terá direito aos prejuízos 
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resultantes da evicção como, por exemplo, a diferença de valor do bem a 
época que o perdeu com a evicção em relação à época que o adquiriu. 
 
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 
 
Assim, tem direito o evicto de receber do alienante, o preço paga pela 
coisa, as custas judiciais da ação de evicção e também os honorários do 
advogado. 
 
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, 
na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de 
evicção parcial. 
 
Quando a evicção for total, o evicto terá direito de receber o valor da 
coisa na época da evicção. Se acoisa se valorizou receberá esta 
diferenciação do alienante, se a coisa sofreu depreciação poderá o alienante 
pagar um valor menor ao evicto. 
Quando a evicção for parcial o valor a ser restituído também será o da 
época que se deu a evicção, e a indenização será proporcional à parte que 
se perdeu. 
 
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada 
esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. 
 
Por este artigo, a responsabilidade do alienante persiste, mesmo que 
a coisa esteja deteriorada. Só estará isento desta responsabilidade, se o 
evicto agiu de má-fé com o intuito de prejudicar o evictor e o alienante, de 
forma dolosa. 
 
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não 
tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da 
quantia que lhe houver de dar o alienante. 
 
Imaginemos que João era dono de uma casa, e que resolveu 
transformá-la. E durante esta transformação vendeu portas e janelas que 
não iria mais usar. Aqui vamos ter duas situações: se João – que obteve 
vantagens com a venda, for condenado por sentença judicial a indenizar o 
evictor por conta da transformação da casa, terá ele direito de receber do 
alienante o valor total da casa perdida por evicção. Porém, se João que 
obteve vantagens com a venda das portas e janelas, e não foi condenado 
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a restituir este valor ao evictor, o valor a ser ressarcido pelo alienante 
sofrerá um abatimento. 
 
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a 
evicção, serão pagas pelo alienante. 
 
Este artigo nos traz uma situação diferente. Onde o evicto será 
indenizado pelo evictor pelas benfeitorias necessárias ou úteis que fez na 
coisa e que não foram abonadas22. Este valor entrará na conta de 
indenização que será paga pelo alienante, que por sua vez poderá ingressar 
com uma ação regressiva contra o evictor. 
 
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas 
pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. 
 
Neste caso, as benfeitorias foram feitas pelo alienante, e se entraram 
na conta da indenização – foram abonadas, portanto, o alienante poderá 
descontar o valor referente a tais benfeitorias, do total a ser pago ao evicto. 
Se as benfeitorias não foram abonadas na sentença, deverão ser pagas 
pelo evictor para o alienante. 
 
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre 
a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao 
desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. 
 
Se a evicção for parcial, mas a perda for considerável, o evicto poderá 
optar pela rescisão contratual, e neste caso deverá devolver a coisa ao 
alienante, no mesmo estado que a recebeu, e o alienante restituirá o preço 
pago. Se o evicto optar pela restituição da parte do preço correspondente 
ao desfalque sofrido, este valor será calculado proporcionalmente ao valor 
da coisa no tempo da evicção. 
 
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente 
notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e 
como lhe determinarem as leis do processo. 
 
Então, assim que tomar conhecimento da ação proposta por terceiro, 
o adquirente deve comunicar ao alienante para que, se no futuro venha 
a perder a coisa, possa acionar o alienante e obrigá-lo a pagar a indenização 
 
22 Quer dizer que não foram reembolsadas na sentença. 
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devida, uma vez que o juiz, na sentença que determinar a perda da coisa 
em favor do terceiro evictor, já declarará o direito do evicto. 
 
Se, porém, na ação proposta pelo terceiro reivindicante da coisa, o 
alienante também for citado para integrar o processo, será dispensada a 
comunicação23 do adquirente ao alienante. 
 
Esta sentença valerá como título executivo. O que quer dizer que o 
evicto não precisará entrar com um processo contra o alienante, bastará 
executar a sentença. 
 
Art. 456. Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e 
sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer 
contestação, ou usar de recursos. 
 
No caso do artigo, deverá o adquirente explicar ao juiz seus motivos 
para não oferecer a contestação, e não simplesmente não aparecer, pois 
será considerado revel e sofrerá as consequências da revelia. 
 
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era 
alheia ou litigiosa. 
 
Este é o caso em que o adquirente não está protegido da evicção, 
porque sabia que a coisa era de outra pessoa, que não pertencia ao 
alienante, ou que era objeto de litígio judicial, agiu de má-fé, portanto terá 
direito somente ao valor que pagou pela coisa. 
 
1.1.7 Dos Contratos Aleatórios (art. 458 a 461). 
 
Contrato aleatório (ou contrato de sorte) é aquele que envolve uma 
álea – envolve um risco. É oneroso, em que uma ou ambas as prestações 
das partes estão na dependência de um evento futuro e incerto. O 
exemplo clássico deste tipo de contrato é o seguro. 
São exemplos encontrados em Nery Junior24: “Entre outros, são 
aleatórios: I) por natureza: os contratos de jogo, de aposta, de loteria, 
de seguro de acidentes, de seguro de vida, cessão de crédito pro soluto, 
contrato de sociedades em conta de participação (CC 991); II) por 
 
23 Esta comunicação no processo é chamada de denunciação da lide. 
24 Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 577. 
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vontade das partes: o contrato de compra e venda de coisa futura, pelo 
qual o comprador deve pagar o preço, ainda se a coisa não venha a existir 
na quantidade ou qualidade esperadas (CC 459)” (grifos nossos). 
 
OBS: O contrato de seguro por tempo indeterminado, aquele que é para 
a vida inteira, não pode ser considerado aleatório. Será comutativo, uma 
vez que a morte é um evento futuro, mas que não é incerto. 
 
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, 
cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro 
direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte 
não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. 
 
Dispõe este artigo, que se o contrato for aleatório, tendo como seu 
objeto coisa futura e incerta, com o risco de não vir a acontecer, mas 
assumido por um dos contratantes, a outra parte receberá todo o 
preço da coisa. Usando o exemplo do contrato de seguro: Nós pagamos 
todo o preço do seguro, mesmo que o sinistro (por exemplo, o acidente) 
não aconteça, não é verdade? 
O adquirente assume o risco relativo a coisa, mas o alienante, para 
receber o preço, não pode agir com culpa ou dolo. 
 
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o 
adquirente a si o riscode virem a existir em qualquer quantidade, terá também 
direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido 
culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. 
 
Este artigo trata da hipótese de risco ligado a quantidade maior ou 
menor da coisa esperada. O preço será devido ao alienante mesmo que a 
quantidade seja menor que a esperada. 
 
Art. 459, Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não 
haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. 
 
Assim, se nada vier a existir da coisa comprada, haverá falta do 
objeto e será nulo o contrato e o alienante deverá devolver o valor que foi 
recebido. 
Para melhor compreensão vamos usar outro exemplo: Imagine uma 
colheita de morangos! Se o adquirente quiser comprar a colheita futura, 
qualquer que seja a quantidade, mesmo se menor que a esperada, terá ele 
que aceitar. Porém, se nada for colhido, existirá falta do objeto do contrato 
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e, como sabemos, o objeto é um dos requisitos básicos do contrato, sendo 
assim, este será nulo. 
 
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas 
expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o 
alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, 
no dia do contrato. 
 
O caso deste artigo é aquele em que o contrato tem por objeto coisas 
já existentes, mas que estão expostas a riscos. Se mesmo assim o 
adquirente quiser a coisa, com a incerteza da existência da coisa no dia do 
contrato, o alienante terá direito a receber o preço integral. 
 
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser 
anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante 
não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a 
coisa. 
 
Deste modo, a venda aleatória de coisa sujeita a risco poderá ser 
anulada se o adquirente provar que a conduta do alienante foi dolosa 
– porque tinha conhecimento, quando da conclusão do contrato, de que a 
coisa já não mais existia e que, mesmo sabendo da inexistência da coisa, 
no todo ou em parte, omitiu dolosamente tal fato. 
 
1.1.8 Do Contrato com Pessoa a Declarar (art. 467 a 471). 
 
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-
se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as 
obrigações dele decorrentes. 
 
Temos, no caso do art. 467, a permissão legal para que um dos 
contratantes possa inserir no contrato cláusula que permitirá a inclusão de 
outra pessoa para substituí-lo na relação contratual. Esta outra pessoa (um 
terceiro) poderá adquirir os direitos e assumir as obrigações decorrentes 
do contrato, desde o momento em que foi celebrado. 
A pessoa escolhida para a substituição poderá aceitar ou não, no 
entanto, uma vez aceitando, assumirá o lugar da parte nomeante, ficando 
responsável por todas as obrigações deste o início do contrato. 
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Se a pessoa indicada recusar esta inclusão ou o nomeante não indicar 
pessoa para substituí-lo, o contrato ficará valendo, mas entre as partes 
originais. 
 
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco 
dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. 
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se 
revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato. 
 
Esta comunicação é importante para que torne eficaz a cláusula, e não 
se prolongue a incerteza. Importante você notar também que, por exemplo, 
se para o contrato foi exigido documento público, a aceitação também deve 
ser feita por instrumento público. 
 
Atenção: o contrato permanecerá válido entre as partes originais se a 
nomeação não for eficaz, por não ter a mesma forma do contrato. 
 
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, 
adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do 
momento em que este foi celebrado. 
 
Este artigo reforça o conteúdo do art. 467, a aceitação tem efeito ex 
tunc – ou seja, retroage ao início do contrato, ao momento da 
celebração. 
 
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: 
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; 
 
Caso já comentado, se não for feita a nomeação no prazo de cinco dias 
contados desde a celebração do contrato, ou no prazo acordado entre as 
partes, ou se feita a nomeação dentro do prazo, o nomeado não aceitar. 
Em ambos os casos a cláusula de reserva de nomeação ficará sem efeito, 
permanecendo o contrato válido e eficaz entre as partes originárias. 
 
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no 
momento da indicação. 
 
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da 
nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes 
originários. 
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1.2 Da Extinção do Contrato (art. 472 a 480). 
 
Os contratos seguem uma ordem, ou seja, têm sua origem (em um 
acordo de vontades); posteriormente, produzem seus efeitos; e, por fim, 
extinguem-se. 
Esta extinção, em regra, dá-se pelo cumprimento da obrigação 
acordada, que satisfaz o credor e libera o devedor. 
- Do distrato (arts. 472 e 473). 
 
O distrato é um acordo entre as partes contratantes com o objetivo 
de dissolver o contrato antes pactuado. 
 
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. 
 
De acordo com o artigo 472, temos, por exemplo, que se para a 
formação do contrato era exigida a escritura pública, para o distrato 
também haverá a mesma exigência. O distrato seguirá a forma do 
contrato. 
 
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou 
implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte. 
 
Deste modo, a resilição unilateral25 pode ocorrer em determinados 
contratos, desde que a lei permita, sendo feita através de notificação à 
outra parte. 
 
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes 
houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia 
unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a 
natureza e o vulto dos investimentos. 
 
 
“O que isto exatamente quer dizer?” 
 
Vamos usar um exemplo para melhor explicar esta situação: Maria 
(proprietária) realizou um contrato de locação com Patrícia, no entanto, 
 
25 Resilição unilateral é meio de extinção do contrato por vontade de uma das partes. 
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para que o contrato fosse concretizado, Maria teve que realizar algumas 
obras em seu apartamento. Tais obras somente foram executadas em 
função do contrato. Acontece que, decorridos

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