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Deficiência de Fósforo, Osteomalacia, Raquitismo e Botulismo em Bovinos Por: Ilana Pinheiro, Juliana Souza, Lílian Ramos, Rodrigo Santana e Talita Silva Introdução Geral Grande parte dos animais de fazenda não possuem alimentação correspondente às suas necessidades em relação aos minerais. Um desses minerais é o Fósforo (P). O consumo desbalanceado deste mineral pode causar diversas doenças metabólicas e acarretar em perdas significativas do rebanho. Essa deficiência primária pode levar a diversas doenças secundárias em bovinos. São elas: Botulismo, Raquitismo e Osteomalácia. O fósforo exerce funções vitais no organismo e está presente nos mais diferentes tecidos. Junto com o cálcio compõem mais de 70% do total de matéria mineral do corpo animal. 80% desse total está localizado nos ossos e dentes; demais em tecidos moles (hemácias, músculos e tec. nervoso). O fósforo é um dos minerais presentes em maior proporção no organismo. Juntamente com o cálcio são responsáveis pela mineralização da matriz óssea. (MCDOWELL, 1992) O Fósforo É usualmente primária, caracterizando-se por baixa taxa de crescimento, infertilidade e, nos estágios mais avançados, osteodistrofia. A hipofosfatemia em bovinos leiteiros também é associada a maior fragilidade das hemácias e à hemoglobinúria pós-parto. (RADOSTITS, 1988) Deficiência de Fósforo Deficiência primária na dieta (condições em campo); Condicionada pela deficiência de vitamina D (e excesso de Cálcio); Etiologia A deficiência de P resulta no desenvolvimento anormal de ossos e dentes. Assim como: Fragilidade celular e hemólise; Afeta a produção de ATP; Dificuldade de liberação de O2 nos tecidos periféricos ( concentração de 2,3-DPG nos eritrócitos); Patogenia Animais jovens: crescimento lento e desenvolvimento de raquitismo; Osteomalácia em adultos; Redução voluntária na qtdade de alimento ingerido; produção leiteira; desempenho reprodutivo; Relutância em se movimentar; Posição anormal de estação; Fraturas ósseas; Alotriofagia Sinais Clínicos São os observados nas doenças específicas: Raquitismo e Osteomalácia. Falaremos adiante. Achados Patológicos Concentração sérica de cálcio e fósforo; Concentração plasmática de vitamina D; Diagnóstico diferencial: Raquitismo e Osteomalácia – toxicologia (osso longo – determinação de cinza); histologia (osso longo fixado em formalina) Diagnóstico Injeção IV de fosfato ácido de sódio (30g em 300ml de água destilada) em casos de necessidade de fósforo emergencial. Suplementação de Fósforo: necessidade mínima de bovinos (como fosfato) é 15g diárias. Dose ótima: 40 a 50g diárias. Tratamento e Controle “É o enfraquecimento e desmineralização de ossos maduros. A lesão é constituída por osteoporose e formação excessiva de matriz não calcificada.” OSTEOMALÁCIA Deficiência de Fósforo Deficiência de Vitamina D3 Alteração entre a relação cálcio e fósforo (2:1) (ou a combinação desses fatores) Causas - Osteomalácia Deficiência de fósforo: Carência prolongada de P na dieta de vacas em lactação Pastoreio em piquetes não fertilizados, sem suplementação mineral teor de P no solo Pastos maduros com teor desse mineral inferior a 0,2% na matéria seca Causas O aumento da reabsorção óssea de minerais, para suprir as necessidades da gestação, lactação e metabolismo endógeno, provoca osteoporose e fraqueza. (RADOSTITS, 1988) As fraturas são ocasionadas por exercícios físicos ou manejo dos animais (transporte). Patogenia Esqueleto fraco e muitas vezes deformado Fraturas ósseas frequentes Perda de peso Andar rígido Claudicação Sinais Clínicos Porção cortical óssea pode se apresentar um pouco estreita Erosões das cartilagens articulares Glândulas paratireóides podem-se apresentar aumentadas de tamanho. Histologicamente: Cobertura trabecular osteóide anormal; Certo grau de proliferação de tecido fibroso Achados Patológicos Suprimento de sais de cálcio, fósforo e vitamina D, na alimentação, ou por outras vias Exposição ao sol Tratamento O Raquitismo é uma doença própria dos animais em crescimento, leva a deformidades ósseas e fraturas no esqueleto em crescimento. Raquitismo Mineralização deficiente da matriz óssea em animais jovens. Ausência de vitamina D Deficiência de Ca e P na dieta (em bezerros estabulados por longo período) Congênito (herdado de um dos pais) Desordem gastrintestinais Doença renal crônica Causas Deficiência de Vitamina D Causas Animal magro, triste, com ventre volumoso Pêlos arrepiados e sem brilho Timpanismo, prisão de ventre ou diarréia Movimentos com dificuldade Atraso no crescimento Sinais Clínicos Articulações dos membros aumentados de tamanho Múltiplas formações proeminentes, espessadas e nodulares (calos ósseos) Fratura da tíbia. Achados Patológicos Observar que as radiografias não são de bovinos, foram apenas pra ilustrar os achados. 22 Fornecer alimentos ricos em sais minerais, principalmente cálcio e fósforo Não dar alimentos ou medicamentos que possam provocar a eliminação do cálcio e do fósforo do organismo Expor os animais ao sol ou fazer aplicações de raios ultra-violeta, quando necessário Tratamento Botulismo é uma afecção nervosa, apirética causado por neurotoxinas; possui distribuição mundial e descrita no homem e nos animais. Em todas as espécies se observa paralisia flácida, mas sem problemas de consciência e sem sinais sensitivos. BOTULISMO Ingestão e absorção intestinal de toxinas ; Clostridium botulinum; Bastonete anaeróbio, formador de esporos; “Doença da vaca caída”; Ocorre em diversas regiões do país. Introdução - Botulismo As toxinas botulínicas produzidas pelo C. botulinum são classificadas de acordo com o tipo As neurotoxinas são produtos antigenicamente distintos, entretanto os efeitos neurológicos são similares. As toxinas interferem com a liberação de acetilcolina dos neurônios colinérgicos da junção neuro-muscular e sinapses autônomas. Toxinas Toxinas Espécie A Homem Neurotoxigênica B Homem,bovinos e eqüinos Neurotoxigênica C1 animais domésticos e aves, (cães) Neurotoxigênica C2 Aves Nãoneurotoxigênica D animais domésticos e aves Neurotoxigênica E Homem Neurotoxigênica A freqüência de botulismo no rebanho bovino, especialmente em sistemas de criação extensiva está associada à intensificação de contaminação ambiental por Clostridium botulinum, decorrente da presença de cadáveres contendo toxinas botulínicas na pastagem. Pastagens deficientes em fósforo e/ou suplementação mineral inadequada (> período chuvoso) Osteofagia (hábito de roer ossos) Consumo de toxinas botulínicas presente em carcaças Causas - Botulismo Outras causas: Uso de cama-de-frango na alimentação animal Origem hídrica Feno e silagem mal consevados Milho Causas - Botulismo A toxina é ingerida, absorvida e liga-se a receptores colinérgicos É internalizada na junção nervosa e altera a liberação de neurotransmissores. Após a ingestão da toxina, Atravessa a parede intestinal em direção à corrente sangüínea e linfática. Resistência contra a digestão fisiológica. Bactérias no rúmen dos bovinos e ovinos inativam uma quantidade substancial da toxina ingerida, fazendo com que a dose letal (oral) para estes dois animais sejam bem maiores que para as outras vias. Mecanismo de Ação - Toxinas Mecanismo de Ação - Toxinas A barreira hemato-encefálica protege estes nervos da ação da toxina Toxina na corrente sanguínea: Carreada ao sistema nervoso periférico Liga-se aos gangliosídios na junção neuromuscular. Penetra na célula nervosa liga-se à superfície interna da membrana nervosa. impede a liberação de acetilcolina Age somente nos nervos colinérgicos do sistema nervoso periférico. Permanência dos esporos responsáveis pelo botulismo no ambiente. Contaminação de um substrato importante pelo organismo. Multiplicação dos microrganismos e produção da toxina. Sobrevivência da toxina aos processos líticos degradantes. Ingestão da toxina pelo hospedeiro suscetível. Mecanismo de Ação - Toxinas Inicialmente: Incoordenação, anorexia e ataxia; Paralisia muscular flácida progressiva Membros posteriores primeiro, animais em decúbito esterno-abdominal Estresse morte rápida Evolução da afecção: Paralisia muscular mais acentuada Progressão para membros anteriores, pescoço e cabeça Animal não permanece em pé Decúbito esternal Deglutição e mastigação acometidos Acumulo de alimentos na boca e sialorréia Protusão da língua Diminuição dos movimentos ruminais Sinais Clínicos Acentuação do quadro prostático Decúbito lateral Animal consciente até o fim do quadro Coma e morte Sinais Clínicos Em casos agudos: Óbito em 1 ou 2 dias, após surgirem os sintomas. Parada respiratória Paralisia dos músculos Em casos subagudos (mais comum): Sobrevive de 3 a 7 dias Sintomas e sinais clínicos mais evidentes Desenvolvimento da doença + longo Em casos crônicos: Sobrevive tempo > que 7 dias Manifestações clínicas pouco acentuadas Pequena parcela recupera-se após algumas semanas Decúbito esternal Permanência do apetite Sinais Clínicos Alterações macroscópicas não são dignas de nota ação intracelular da toxina botulínica. Petéquias hemorrágicas no miocárdio Agonia “antimorten”. Fragmentos de ossos no rumem e retículo Deficiência mineral. Achados Patológicos Casos subagudos ou crônicos: Tratamento sintomático Oferecer condições para que o animal resista ao quadro clínico apresentado. Diagnóstico Tratamento: geralmente ineficaz economicamente inviável Medidas preventivas: Melhoria das condições do ambiente onde os animais vivem; Incineração de carcaças de animais, eliminando fontes de contaminação; Manejo nutricional adequado; Correta produção e/ou armazenamento de ração, silagem e feno; Correção do nível de fósforo nas pastagens e suplementação mineral; Vacinação do rebanho todo 1ª dose + reforço 4 a 6 semanas depois (anualmente, antes do período chuvoso). Tratamento e Controle Principal medida na criação extensiva de bovinos: > custos e dificuldades operacionais das outras medidas. DUTRA, I. S.; DOBEREINER, J.; SOUSA, A. M. Botulismo em bovinos de corte e leite alimentados com cama de frango. Pesq. Vet. Bras., v.25, n. 2, p. 115-119, 2005. LOBATO, F. C. F.; ALMEIDA, A. C. Clostridioses. Revista Brasileira de Reprodução animal, v.21, p.61-69, 1997. DUTRA I.S. et al. Surtos de botulismo em bovinos no Brasil associados à ingestão de água contaminada. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.21, n.2, p.43-48, 2001. ORTOLANI, E.L. et al. Botulism outbreak associated with poultry litter consumption in three brazilian cattle herds. Veterinary and Human Toxicology, v.39, n.2, p.8992, 1997. REFERÊNCIAS RADOSTITS, OTTO M.; GAY, CLIVE C.; BLOOD, DOUGLAS C.; HINCHCLIFF, KENNETH W. Clínica Veterinária. Um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, Suínos, Caprinos e Equinos. Guanabara Koogan, 2002, 9 ed. http://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/17870 http://www.scielo.br/pdf/abem/v43n6/11733.pdf NVM Santos. Osteomalácia em bubalinos na Zona da Mata Sul do Estado de Pernambuco Medicina Veterinária, Recife, v.1, n.2, p.69-72, jul-dez, 2007. REFERÊNCIAS OBRIGADO!
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