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CONSTITUCIONAL (completo)

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DIREITO CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO. CONCEITO. CLASSIFICAÇÃO. 
Ponto 1. a. Elaborado por Izabella Marinho Brant, BA.
CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
A origem formal do constitucionalismo está ligada às Constituições escritas e rígidas dos EUA (1787) e da França (1791), apresentando dois traços marcantes: organização do Estado e limitação do poder estatal, por meio de direitos e garantias fundamentais.
José Afonso da Silva: É o conjunto de normas que organizam os elementos constitutivos do Estado (território, população, governo e, segundo alguns, a finalidade) . É a lei fundamental de um Estado.
Canotilho: O movimento constitucional do início do século XIX firmou o conceito ideal de Constituição (identifica-se com os postulados políticos-liberais). São elementos materiais caracterizadores e distintivos:
	a)	a constituição deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (direitos individuais e participação popular no Parlamento);
	b)	deve conter o princípio da divisão de poderes;
	c)	deve ser escrita.
Alexandre de Morais: Lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Além disso, é a Constituição que individualiza os órgãos competentes para a edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas.
OBJETO
O objeto da Constituição é estabelecer a estrutura do Estado, a organização de suas instituições e órgãos, o modo de aquisição e limitação do poder, a previsão de diversos direitos e garantias fundamentais, fixar o regime político, discernir os fins sócio-econômicos do Estado e os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais. O objeto do Direito Constitucional vem crescendo, acompanhando a evolução social humana.
CONCEPÇÕES SOBRE A CONSTITUIÇÃO
Concepções clássicas:
1) Sentido Sociológico: Ferdinand Lassale, seu principal defensor, vê na Constituição, em essência, a soma dos fatores reais de poder, sendo esta a constituição real e efetiva, não passando a constituição escrita de mera folha de papel.
2) Sentido Político: Para Carl Schmitt a constituição é a decisão política fundamental. Há no texto escrito normas efetivamente constitucionais, que dizem respeito à decisão política fundamental e compõe a Constituição (estrutura do Estado, regime político, direitos individuais etc.), e leis constitucionais, que são normas que não se referem à mencionada decisão, mas integram o texto constitucional. 
3) Sentido Jurídico: Para Hans Kelsen a constituição é norma pura, puro dever-ser, dissociada de qualquer fundamento sociológico, político ou filosófico. Kelsen a concebe em dois sentidos:
	a)	Jurídico-positivo: É a norma positiva suprema, fundamento de validade de todas as outras, encontrando-se no vértice do ordenamento jurídico do Estado.
	b)	Lógico-jurídico: norma fundamental hipotética que serve de fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico-positiva.
Outras teorias podem, todavia, ser acrescentadas às referidas concepções clássicas:
A força normativa da Constituição: Konrad Hesse, em resposta a Lassale, diz que, em razão da força normativa, a constituição não é só um reflexo do que acontece, ou seja, não apenas deve reproduzir a soma dos fatores reais de poder, pois também pode servir de instrumento de modificação da realidade. Assim, em caso de confronto entre os fatores reais de poder e a constituição escrita, esta última não será, necessariamente, a parte mais fraca, podendo ordenar e conformar a realidade política e social. A Constituição opera força normativa, vinculando, sempre, positiva ou negativamente, os Poderes Públicos
A Constituição aberta: para Celso Ribeiro Bastos, a Constituição é um sistema normativo aberto, dinâmico, não podendo se constituir num documento estático. A dinamicidade da Constituição se dá através da aprovação de emendas constitucionais e da mutação constitucional. Clèmerson Clève ressalta a continua comunicação da Constituição com a realidade histórica. A baixa densidade normativa da Constituição e a alta abstração de seus comandos constituem meios adequados para garantir a constante evolução de seu significado e o ajustamento de seu sentido às exigências da realidade, sem a necessidade de se convocar a todo instante a manifestação do Poder Constituinte Derivado. Essa abertura constitucional permite o que a doutrina vem chamando de mutação constitucional: o evoluir permanente do sentido da ordem constitucional para o efeito de acompanhar a história e o seu progresso.
	
EXISTÊNCIA, OU NÃO, DE CONSTITUIÇÃO EM TODOS OS ESTADOS, CONFORME A ACEPÇÃO, SUBSTANCIAL OU FORMAL, QUE SE ATRIBUA AO VOCÁBULO
Tomando-se o vocábulo Constituição no sentido substancial, todo e qualquer estado possui uma. Se há Estado, há um ordenamento jurídico que o embasa. Entretanto, nem sempre haverá uma Constituição em sentido formal. Nem todos os Estados consagram a existência de um conjunto normativo diferenciado do conjunto normativo restante, por envolver um processo legislativo mais dificultoso para a elaboração de suas normas.
CONSTITUIÇÃO E MODELO DE ESTADO: DAS CONSTITUIÇÕES LIBERAIS DEFENSIVAS ÀS CONSTITUIÇÕES SOCIAIS CONSTITUTIVAS
É na Constituição que repousa a opção do constituinte sobre determinado modelo de Estado. A passagem do Estado Liberal Mínimo ao Estado Social Intervencionista representou um processo histórico que refletiu diretamente na história constitucional.
O Estado Liberal entrega à Constituição a salvaguarda da liberdade, segurança e propriedade. Sua doutrina é voltada aos limites jurídicos do poder estatal. A Constituição Defensiva do Estado Liberal é uma constituição de garantia, de contenção do poder do Estado. Os mecanismos da separação de poderes e dos freios e contrapesos, além de impedirem o Estado de ameaçar as liberdades e garantias individuais, também o impedem de empreender políticas ou programas de ação a longo prazo.
O Estado Social, por sua vez, é um Estado intervencionista. Requer a presença ativa do poder político nas esferas sociais, sendo crescente a dependência do indivíduo, pela impossibilidade em que esse se acha de prover certas necessidades existenciais mínimas. A base do Estado Social é a igualdade na liberdade e a garantia de exercício dessa liberdade.A igualdade procurada é a igualdade material, não apenas perante a lei. A Constituição Constitutiva, a que Canotilho identifica com a chamada Constituição Dirigente, não expressa apenas um instrumento de governo, mas um “plano normativo-material global”, que determina tarefas, estabelece programas e define fins a serem perseguidos pelo Estado. Vale dizer que o grande problema da Constituição Dirigente reside no desafio da concretização constitucional no tocante à eficácia das cláusulas sociais, dos direitos sociais, econômicos e culturais previstos constitucionalmente, o que implica na transformação de estruturas.
Diante desse quadro, o perfil da Constituição de 1988 é de uma Constituição Constitutiva e Dirigente, como uma Carta aberta, direcionada ao futuro e não conformadora do status quo do presente, que busca a transformação social, em consonância com a função promocional do direito. A implementação de uma ordem jurídica própria dos Estados intervencionistas em um quadro marcado pela globalização econômica e por políticas neoliberais tem sido o grande desafio do constitucionalismo inaugurado em 1988. 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Quanto ao conteúdo:
a) materiais ou substanciais: conjunto de regras materialmente constitucionais (normas que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais), estejam ou não codificadas em um único documento.
b) formais: consubstanciadas de forma escrita, por meio de em um documento solene estabelecido pelo poder constituinte originário.Quanto à forma:
a) escritas: (instrumentais) conjunto de regras codificado e sistematizado em um único documento. Corresponde ao conceito de constituição legal, como resultado da elaboração de uma Carta escrita fundamental, colocada no ápice da pirâmide normativa e dotada de coercibilidade.
b) não escritas: é o conjunto de regras não aglutinadas em um texto solene, mas baseado em leis esparsas, costumes, jurisprudência e convenções. (Constituição Inglesa)
Quanto ao modo de elaboração:
a) dogmática: apresenta-se como o produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de princípios e idéias fundamentais da teoria política e do direito dominante. 
b) histórica: fruto da lenta e contínua síntese da História e tradições de um determinado povo. (Constituição Inglesa)
Quanto à origem:
a) promulgada: (democrática ou popular) deriva do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte composta de representantes do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração. (Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946, 1988)
b) outorgada: elaborada e estabelecida sem a participação popular, através de imposição do poder da época. (Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967, EC nº 01/1969)
c) pactuada: o Poder Constituinte está nas mãos de dois ou mais titulares, que formam um pacto. 
d) cesarista: embora outorgada, depende da ratificação popular por meio de referendo. Também chamada de plebiscitária, embora tecnicamente devesse ser denominada referendatária. 
Quanto à estabilidade:
a) imutáveis: é vedada qualquer alteração, constituindo-se relíquias históricas. A imutabilidade poderá ser relativa, quando se prevêem as chamadas limitações temporais, ou seja, um prazo que não de admitirá a atuação do legislador constituinte reformador.
b) rígidas: constituições escritas que poderão ser alteradas por um processo legislativo mais solene e dificultoso do que o existente para a edição das demais espécies normativas. (CF/88, art.60)
c) flexíveis: em regra não escritas, excepcionalmente escritas, poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário.
d) semi-rígidas ou semiflexível: algumas regras poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras somente por um processo legislativo especial. (Constituição Imperial Brasileira de 1824)
Obs: CF/88 pode ser considerada como super rígida, já que em regra poderá ser alterada por um processo legislativo diferenciado, mas, excepcionalmente, em alguns pontos é imutável (art. 60, § 4º - cláusulas pétreas).
Quanto à extensão e finalidade:
a) sintéticas: (concisas, negativas, garantias) prevêem somente os princípio e as normas gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação de direitos e garantias fundamentais. (Constituição Norte-americana)
b) analíticas: (prolixas, dirigentes) examinam e regulamentam todos os assuntos que entendam relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado, além de definir fins e programa de ação futura. (CF/88)
Classificação da CF/88: formal, escrita, dogmática, promulgada (democrática, popular), rígida, analítica.
ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO 
Preâmbulo: Parte precedente do texto constitucional. Para alguns tem eficácia normativa, podendo ser causa de inconstitucionalidade de leis inferiores. Todavia o STF já decidiu que a expressão “sob a proteção de Deus”, constante no preâmbulo (e que para alguns é contraditória à liberdade religiosa prevista na parte dogmática), não possui força normativa. Por outro lado, é fonte de hermenêutica, condicionando a interpretação de toda a parte dogmática e disposições transitórias.
Parte Dogmática: É o texto permanente da Constituição, composto dos arts. 1º a 250, onde estão os direitos políticos, civis, econômicos e sociais.
Disposições Transitórias: Objetivam a transição da realidade pré-existente para a nova ordem constitucional. Seus dispositivos, após cumprirem um objetivo temporário, perdem a razão de existir.
Bibliografia:
ANJOS FILHO, Robério Nunes dos. Direito Constitucional. Salvador: Jus Podium Editora, 2.ª ed., 2003.
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Ed. Saraiva, 19.ª ed., 1998.
CLÈVE, Clèmerson Merlin. A Fiscalização Abstrata da Constitucionalidade no Direito Brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2.ª ed., 2000.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Ed. Atlas, 7.ª ed., 2000.
PIOVESAN, Flávia. Proteção Judicial Contra Omissões Legislativas. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2.ª ed., 2003.
 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo.São Paulo: Malheiros Editores, 16.ª ed., 1999.
DIREITO CONSTITUCIONAL. PODER LEGISLATIVO. ORGANIZAÇÃO. ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL. COMPETÊNCIAS DO SENADO E DA CÂMARA. Ponto 1. b. Elaborado por Izabella Marinho Brant, BA.
Pontos correlatos: 
7. c) Processo legislativo.
15. c) Imunidades e incompatibilidades parlamentares. 
20. a) Organização dos Poderes: mecanismos de freios e contrapesos.
20. b) Limites constitucionais da investigação parlamentar. Crimes de responsabilidade do presidente da República e dos ministros de Estado.
Observação: Inseri no resumo alguns artigos do Texto Constitucional que considerei relevantes, sobretudo em relação à competência, objetivando agilizar o estudo.
FUNÇÕES DO PODER LEGISLATIVO
A Constituição consagrou em seu art. 2º o Princípio da Separação de Poderes, estabelecendo a independência e harmonia entre os Poderes do Estado. O próprio legislador constituinte atribuiu diversas funções a todos os poderes, sem, contudo, caracterizá-las com exclusividade absoluta. Assim, cada um dos poderes possui uma função predominante, que o caracteriza como detentor de parcela da soberania estatal, além de outras funções previstas no próprio texto constitucional.
	As funções típicas do Poder Legislativo são legislar e fiscalizar. As funções atípicas constituem-se em administrar e julgar (exemplo: quando faz concurso para seus cargos e quando julga o impeachment presidencial).
	
ORGANIZAÇÃO
O Poder Legislativo Federal é bicameral e exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, sem que haja predominância substancial de uma Câmara sobre a outra, diferentemente dos poderes legislativos estaduais, distritais e municipais, onde foi consagrado o unicameralismo.
Organização interna das Casas do Congresso
A cada Casa do Congresso cabe elaborar seu regimento interno, dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. Esse é o elemento básico de sua independência. Os regimentos internos de cada Casa do Congresso são as principais fontes de Direito Parlamentar.
A Constituição traz disposições sobre a formação e a competência básica de seus principais órgãos internos: Mesa, Comissões, Polícia e Serviços Administrativos
Mesas
Há a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa do Senado Federal e a Mesa do Congresso Nacional. São elas os órgãos diretores das Casas do Congresso. Sua composição é matéria regimental e cada Casa disciplina como melhor lhe parecer. O art. 58, §1º, todavia, impõe que na constituição das Mesas seja assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva casa.
O órgão administrativo de direção do Congresso Nacional é a sua Mesa. Estabelece o art. 57, §5º que a Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Sua função consiste especialmente em dirigir os trabalhos doCongresso Nacional quando suas Casas se reúnem em sessão conjunta. Outra atribuição relevante decorre do art. 140 da CF, que determina que designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal serão eleitas respectivamente pelos deputados e senadores, para mandato de dois anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subseqüente. Tal regra (art. 54, § 4º) não é de reprodução obrigatória nas Constituições Estaduais, que poderão estabelecer regras diversas, inclusive com a possibilidade de reeleição (STF, Adin 793/RO).
Comissões parlamentares
	São organismos constituídos em cada Câmara, compostos de número geralmente restrito de membros, encarregados de estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres.
O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação, assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa. (CF, art. 58, caput e §1º). 
a) Comissões permanentes: subsistem através das legislaturas, são organizadas em função da matéria, geralmente coincidente com o campo funcional dos Ministérios. O art. 58 da CF estabelece suas atribuições. 
Art. 58. ...
§ 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
	Em relação ao inciso V, José Afonso da Silva entende que a expressão “qualquer autoridade” não inclui o Presidente da República, o Presidente do STF, o Presidente da Câmara e o Presidente do Senado. Quanto aos dois primeiros o princípio da separação de poderes impede; quanto aos dois últimos, o próprio fato de serem Presidentes da instituição que contém a comissão mostra não serem passíveis de solicitação.
b) comissões temporárias (ou especiais): extinguem-se com o término da legislatura ou antes dela quando, constituídas para opinarem sobre determinada matéria, tenham preenchido o fim a que se destinam.
c) comissões mistas: formam-se de Deputados e Senadores, a fim de estudarem assuntos expressamente fixados, especialmente aqueles que devam ser decididos pelo Congresso Nacional, em sessão conjunta de suas Casas. Podem ser permanentes ou temporárias. Um exemplo seria a comissão mista permanente prevista no art. 166 §1º da CF.
	
d) comissões parlamentares de inquérito: são organismos que desempenham papel de grande relevância na fiscalização e controle da Administração, mas que tiveram sua organização e suas tarefas consideravelmente tolhidas no regime da Constituição revogada. Na Constituição vigente foram bastante prestigiadas, a ponto de receber poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas. Não há limitação à sua criação. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, em conjunto ou separadamente, poderão criar tantas comissões quantas julgarem necessárias. Dependerá, contudo, do preenchimento de três requisitos:
	-	requerimento de pelo menos um terço dos membros de cada Casa, ou de ambas (comissão mista);
	-	ter por objeto a apuração de fato determinado;
	-	ter prazo certo.
Suas conclusões serão, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. As decisões da CPI são definitivas, de modo que sua executoriedade independe de aprovação de outro órgão.
e) comissão representativa: tem natureza diversa das comissões anteriores. Aquelas são comissões técnicas de estudo e investigação. A comissão representativa, instituída no art. 58, §4º, tem a função de representar o Congresso Nacional durante o recesso parlamentar.
FUNCIONAMENTO DO CONGRESSO NACIONAL
	O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 15 de fevereiro a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro (CF, art. 57, caput). Cada legislatura terá duração de quatro anos, compreendendo quatro sessões legislativas ou oito períodos legislativos. 
Legislatura: tem duração de 4 anos e corresponde ao período que vai do início do mandato dos membros da Câmara dos Deputados até o seu término (art. 44, parágrafo único).
Sessão legislativa ordinária: é o período anual em que deve estar reunido o Congresso Nacional para os trabalhos legislativos. Divide-se em dois períodos legislativos: de 15 de fevereiro a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro. As sessões legislativas ordinárias se encerram no dia 15 de dezembro de cada ano, contudo, não será interrompida sem aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias (art. 57, §2º). Os espaços que vão de 16 de dezembro a 14 de fevereiro constituem recesso parlamentar.
Sessão legislativa extraordinária: o art. 57, § 6º prevê a convocação extraordinária do Congresso Nacional em duas hipóteses:
	pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República;
	pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante.
Os §§ 7º e 8º, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001 estabelecem que na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese de existência de medidas provisórias em vigor na data de convocação, hipótese em que serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação. O § 7º também veda o pagamento de parcela indenizatória em valor superior ao subsídio mensal. 
Discute-se sobre a possibilidade de dupla convocação extraordinária para o mesmo período, estabelecendo assuntos diversos a serem tratados. Alexandre de Morais afirma entender plenamente possível, uma vez que a iniciativa de um dos legitimados constitucionais que se antecipasse aos demais em convocar extraordinariamente o Congresso Nacional não poderia impedir que os demais também o fizessem, desde que presentes os requisitos constitucionais.
Reuniões conjuntas: pelo princípio do bicameralismo as Câmaras do congresso devem funcionar e deliberar cada qual por si, separadamente. Mas a Constituição prevê hipóteses em que se reunirão em sessão conjunta, caso em que a direção dos trabalhos cabe à Mesa do Congresso Nacional.
Estabelece o art. 54, § 3º que, além de outros casos previstos em seu texto, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:
I - inaugurar a sessão legislativa;
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas;
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República;
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
Quorum para deliberações: as deliberações de cada Casa ou do Congresso serão tomadas por maioria de votos, presente a maioria de seus membros, salvo disposição constitucional em contrário (art. 47). Em casos expressosa Constituição contempla hipóteses de deliberação por maioria absoluta, por três quintos dos membros da Casa, por dois terços dos membros da Casa. Maioria absoluta é mais da metade, constitui-se a partir do primeiro número inteiro acima da metade, sendo erro considerá-la como cinqüenta e um por cento. 
ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL
José Afonso da Silva as classifica em cinco grupos:
a) atribuições legislativas (art.48);
b) atribuições meramente deliberativas (art. 49);
c) atribuições de fiscalização e controle, exercidas por diversos procedimentos, tais como:
	-	pedidos de informação (art.50, §2º)
	-	comissão parlamentar de inquérito (art. 58, §3º)
	-	controle externo com auxílio do Tribunal de Contas e da Comissão mista a que se refere o art. 166, § 1º
	-	fiscalização dos atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta (art. 49, X)
	-	tomada de contas nos termos dos arts. 51, II e 84, XXIV;
d) atribuições de julgamento de crimes de responsabilidade (arts. 51, I; 52, I e II e 86);
e) atribuições constituintes mediante elaboração de Emendas à Constituição (art. 60).
As atribuições do Congresso Nacional definidas no art. 48 exige a participação do Poder Executivo por meio da sanção presidencial, enquanto no art. 49, por se tratar de competências exclusivas do Congresso Nacional, serão tratadas apenas no âmbito do Poder Legislativo, mediante Decreto Legislativo.
Art.48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas;
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
VIII - concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal;
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;
XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal;
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, por lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar;
III- autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa
VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; 
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.
COMPETÊNCIAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal, sendo que o número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população.
O sistema é proporcional quando a distribuição dos mandatos ocorre de maneira que o número de representantes em cada circunscrição eleitoral seja dividido em relação com o número de eleitores, de sorte que resulte uma proporção. Os diferentes partidos políticos no Parlamento terão representação correspondente a força numérica de cada um.
A Constituição, porém, atenua o critério puro da proporcionalidade - população (representados) / deputados (representantes) -, pois determina a realização de ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. Também fixa, independentemente da população, que cada Território elegerá quatro Deputados. Essa atenuação gera graves distorções, favorecendo os Estados menos populosos em prejuízo aos mais populosos, e contradizendo a regra do art. 14, caput da CF que prevê a igualdade do voto.
Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
Suplência e permanência no partido
No caso de renúncia ou de perda do mandato de deputado federal, deverá ser chamado para assumir a vaga na Câmara dos Deputados, o suplente. A jurisprudência do STF já se firmou no sentido de que não perde a condição de suplente o candidato diplomado pela justiça eleitoral que, posteriormente, se desvincula do partido pelo qual se elegeu, uma vez que se deve observar rigorosamente a vontade popular, que à época das eleições lhe concedeu a suplência. Se na atualordem constitucional a mudança de partido não acarreta a perda do mandato de deputado, tal fato não poderia acarretar a perda da suplência. 
COMPETÊNCIAS DO SENADO FEDERAL
O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. 
A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; 
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do Banco Central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. 
FUNÇÃO TÍPICA – FISCALIZAÇÃO
	O controle parlamentar, por meio de fiscalização , pode ser classificado em político-administrativo e financeiro-orçamentário. Pelo primeiro controle, o Legislativo poderá questionar os atos do Poder Executivo, tendo acesso ao funcionamento de sua máquina burocrática, a fim de analisar a gestão da coisa pública. Para tanto a Constituição autoriza a criação de comissões parlamentares de inquérito (acima analisadas – seus limites serão especificados no Ponto 20. b).
O segundo controle corresponde à fiscalização prevista nos arts. 70 a 75 da CF. 
O exercício dessa função típica pelo Congresso Nacional abrange não somente as contas de entidades públicas no âmbito dos Poderes de Estado, mas também todas as contas de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, que utilizem, arrecadem, guardem, gerenciem ou administrem dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assumam obrigações de natureza pecuniária. Caracteriza-se pela sua natureza política, apesar de estar sujeito à prévia apreciação técnico-administrativa do Tribunal de Contas.
TRIBUNAL DE CONTAS
Conceito, funções e finalidades
O Tribunal de Contas é órgão auxiliar e de orientação do Poder Legislativo, embora a ele não subordinado, praticando atos de natureza administrativa, concernentes, basicamente à fiscalização. 
O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional. Terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40 (arts.73, caput e § 3º).
Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
		mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
		idoneidade moral e reputação ilibada;
		notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;
		mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.
A Constituição estabeleceu dois métodos distintos de escolha e investidura dos membros do Tribunal de Contas:
		um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento;
		dois terços pelo Congresso Nacional.
A Constituição, no art. 71 estabeleceu as funções do Tribunal de Contas da União, que deverá auxiliar o Congresso Nacional a exercer o controle externo e fiscalização contábil, financeira e orçamentária.
O Tribunal de Contas, conforme entendimento sumulado do STF (enunciado nº 347), pode, no exercício de suas atribuições, apreciar a constitucionalidade de leis e atos do Poder Público.
Tribunais de contas estaduais, distritais e municipais
	Diante do disposto pelo art. 75 c/c 31, todos da CF, podemos concluir que o legislador reconheceu a existência de Tribunais de Contas Municipais já existentes na data da promulgação da Constituição, não permitindo às Constituições Estaduais aboli-los. Todavia, vedou a criação de novos Tribunais e Conselhos de Contas Municipais.
	Conforme interpretação do STF (Adin 849/MT), os Estados, o DF e os Municípios estão sujeitos, em matéria de organização, composição e atribuições fiscalizadoras de seus Tribunais de Contas, ao modelo jurídico estabelecido pela Constituição (art. 75).
Tribunal de Contas e rejeição das contas do Poder Executivo
	A competência para julgamento das contas do Chefe do Poder Executivo é exclusiva do Poder Legislativo respectivo. Assim, nesse caso, o Tribunal de Contas terá função meramente opinativa, atuando como auxiliar do Parlamento (CF, art. 49, IX).
Bibliografia:
ANJOS FILHO, Robério Nunes dos. Direito Constitucional. Salvador: Jus Podium Editora, 2.ª ed., 2003.
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Ed. Saraiva, 19.ª ed., 1998.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Ed. Atlas, 7.ª ed., 2000.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo.São Paulo: Malheiros Editores, 16.ª ed., 1999.
DIREITO CONSTITUCIONAL. MINISTÉRIO PÚBLICO: PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. Ponto 1. c. Elaborado por Izabella Marinho Brant, BA.Pontos correlatos:
17. b) Política Nacional de Direitos Humanos. Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana - CDDPH. O Ministério Público na defesa dos direitos humanos.
ORIGENS
É bastante controvertida a questão das origens do Ministério Público. Hugo Nigro Mazzilli faz um bom apanhado geral. Alguns vêem traços da instituição no magiat, funcionário real do Egito, há mais de quatro mil anos, outros nos éforos de Esparta ou nos thesmotetis ou tesmótetas gregos. O mais comum, segundo Mazzilli, é aceitar a origem do Ministério Público na França, citando-se a Ordenança de 25 de março de 1302, de Felipe IV, o Belo, como sendo o primeiro texto legal que tratou objetivamente dos Procuradores do Rei. Não é à toa, portanto, que é utilizado com freqüência o termo Parquet, que significa assoalho, bem como “magistratura de pé”, como referência ao Ministério Público, pois os procuradores do rei ficavam inicialmente no assoalho, de pé, ao contrário dos juízes, que ficavam sentados.
Contudo, os primeiros traços do nosso Ministério Público são oriundos do direito lusitano. 
A Constituição Imperial de 1824 não se referiu à Instituição do Ministério Público, todavia, no Código de Processo Criminal de 1832, surgiu o Ministério Público no Brasil, sob rápida referência como “promotor da ação penal”.
Insta observar, por outro lado, que o Ministério Público, da forma como o conhecemos hoje, é uma instituição bastante nova.
Com base na CF/88 foi editada a Lei n.º 8625/93, que institui a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, dispondo sobre regras gerais para a organização do Ministério Público dos Estados. A Lei Complementar Federal n.º 75/93, dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União.
POSICIONAMENTO CONSTITUCIONAL
A doutrina discute a posição constitucional do Ministério Público. A Constituição de 1967 entendeu o Ministério Público como órgão do Poder Judiciário. Há quem defenda que o Ministério Público pertence ao Executivo, como fez a Constituição de 1969, ou que é um quarto poder. As funções constitucionais e legais do Ministério Público são, sem dúvida, funções administrativas, pelo que o órgão exerce atividade administrativa. Mas daí a ser tido como integrante do Poder Executivo há uma distância. A CF/88 colocou o Ministério Público em seção própria, sendo considerado uma função essencial à Justiça, dentro da organização dos poderes.
	Com a CF/88, segundo Mazzilli, pela primeira vez entre nós um texto constitucional disciplinou de forma harmônica e orgânica a instituição e as principais atribuições do Ministério Público nacional. 
CONCEITO
“O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.” (art. 127, caput)
Instituição Permanente
O Ministério Público é um dos órgãos através do qual o Estado manifesta a sua soberania. Segundo Mazzilli, ao afirmar seu caráter permanente, o poder constituinte originário vetou, implicitamente, que o poder constituinte derivado suprimisse ou deformasse a instituição ministerial, pois, caso contrário, haveria forma indireta de burlar o princípio.
Essencial à Função Jurisdicional do Estado
	Essa referência contém dois erros:
	a)	diz menos do que deveria, pois o Ministério Público exerce inúmeras outras funções, que independem da função jurisdicional;
	b)	diz mais do que deveria, pois há vários processos judiciais em que não se faz necessária a participação do Ministério Público. No entanto, o Ministério Público é uma das instituições (ao lado da advocacia pública e privada e da defensoria pública) que podem provocar a atuação do Poder Judiciário, sem as quais não pode haver entrega da prestação jurisdicional, em razão do princípio da inércia.
Defesa da Ordem Jurídica
	Não significa que o Ministério Público deva zelar pelo cumprimento de todas as leis do país, mas apenas daquelas que versam sobre as finalidades gerais da Instituição. Até porque, há funções que são vedadas, como a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas (CF, 129, IX).
Defesa do Regime Democrático
O Ministério Público é instituição necessária à democracia, embora em quase todos os regimes jurídicos a instituição esteja presente. Há regimes democráticos com um Ministério Público fraco, incapaz de exercer de modo adequado suas funções, por outro lado, há regimes ditatoriais com um Ministério Público forte, mas sem independência, servindo ao poder. O Ministério Público ideal é um Ministério Público forte e independente.
Defesa dos Interesses Sociais e Individuais Indisponíveis
	O interesse a ser defendido, segundo a tradicional classificação desenvolvida por Renato Alessi, é o interesse público primário (interesse do bem geral), e não o interesse público secundário (interesse da administração), os quais, aliás, podem estar circunstancialmente em lados opostos. Por isso, há quem defenda uma revisão da atuação do Parquet no Mandado de Segurança. O Ministério Público atua na defesa de direitos indisponíveis, estejam eles ligados a uma pessoa (ex: um incapaz) ou a uma relação jurídica (ex: em ação de nulidade de casamento). A indisponibilidade do interesse pode ser total (absoluta, não admitindo abdicação ou transação) ou parcial (admite alguma margem para a transação, como por exemplo, guarda de filhos, alimentos, investigação de paternidade). Por outro lado o Ministério Público pode atuar na defesa de interesses disponíveis, quando sua defesa seja conveniente a toda coletividade (interesses individuais homogêneos de larga abrangência social).
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO
UNIDADE
	A unidade significa que os membros do Ministério Público integram um só órgão sob a direção única de um só Procurador-Geral, ressalvando-se, porém, que só existe unidade dentro de cada Ministério Público, inexistindo entre o Ministério Público Federal e o dos Estados, nem entre o de um Estado e o de outro, nem entre os diversos ramos do Ministério Público da União. 
	
INDIVISIBILIDADE
Os membros se substituem uns pelos outros, sem maiores formalidades. O Princípio do Promotor Natural é mais flexível que o Princípio do Juiz Natural.
	É válido o ato praticado por membro do Ministério Público perante juízo incompetente? Mazzilli entende que é preciso refazer o ato, mas a jurisprudência admite a ratificação pelo Ministério Público competente.
INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL
	
Não há hierarquia no plano funcional, só no administrativo. Os membros do Ministério Público decidem o que e como fazer dentro dos limites da lei, sem a ingerência de outros membros ou órgãos ministeriais. Difere da autonomia funcional, pois nessa, nós temos a possibilidade da Instituição Ministério Público atuar e agir livremente, nos moldes da lei, sem a interferência de outros órgãos estatais. 
PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL
	
	O Plenário do Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência do presente princípio por maioria de votos, no sentido de proibirem-se designações casuísticas efetuadas pela chefia da instituição, que criariam a figura do promotor de exceção, em incompatibilidade com a Constituição, que determina que somente o promotor natural é que deve atuar no processo, pois ele intervém de acordo com seu entendimento pelo zelo do interesse público, garantia esta destinada a proteger, principalmente, a imparcialidade da atuação do órgão do Ministério Público, tanto em sua defesa quanto, essencialmente, em defesa da sociedade, que verá a instituição atuando técnica e juridicamente.
DESIGNAÇÕES DO PROCURADOR-GERAL
Em que pese os princípios institucionais acima analisados, há hipóteses em que o Procurador-Geral pode, legitimamente, designar um membro do Ministério Público para a prática de um ato específico na instituição: revisão do arquivamento do inquéritopolicial; rejeição do arquivamento do inquérito civil; afastamento compulsório de membro do Ministério Público; impedimento; suspeição; hipóteses de atribuição originária do Procurador-Geral. Nesses casos há o poder de delegação. O ideal é que haja regras para a fixação prévia do substituto automático de cada membro do Ministério Público.
	Havendo designação, discute-se acerca da possibilidade do designado recusar a tarefa que lhe é dirigida, alegando independência funcional. A maior parte da doutrina entende que o designado não pode furtar-se a agir nos casos de designação legítima, pois não age em nome próprio, mas em nome do procurador-geral, constituindo um caso específico de hierarquia administrativa. Portanto, não haveria propriamente um exame do caso pelo designado - este exame já foi feito pelo procurador-geral designante. Se pudesse reapreciar o caso, teríamos que admitir que o designado estaria sendo uma instância de revisão do que foi decidido pelo procurador-geral.
Uma outra hipótese de designação legítima é a que ocorre, a pedido do promotor natural, visando a formação de um grupo para auxiliar a sua atuação em um determinado caso, devido à sua complexidade, periculosidade ou outra circunstância específica. Nesse caso, os designados devem concordar com a designação.
Segundo Mazzilli, é possível a criação de equipes de procuradorias especializadas, através da criação legal de cargos, acessíveis por promoção e remoção, e não por mera designação por tempo indeterminado.
A designação, fora das hipóteses legalmente previstas, configurará violação à garantia do promotor natural, que é o reverso do promotor de encomenda. O promotor natural é o que possui atribuição legal para atuar em determinados casos, por força da fixação prévia dos seus misteres pela lei. O Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência do princípio do promotor natural no HC 67.759-2-RJ.
Pelo princípio do promotor natural não se pode efetuar a remoção arbitrária do membro do Ministério Público em relação a um caso no qual deva atuar. É também uma garantia dos acusados em geral.
Designações de membros do Ministério Público para ocupar cargos em comissão, como chefia de gabinete, secretaria geral, coordenador de centro de apoio operacional e outras, não são ilegais, mas desde que não se inclua a possibilidade de praticar os atos finais da instituição.
Ainda em relação ao poder de designação, pode o juiz aplicar analogicamente o art. 28 do CPP quando o promotor pede novas diligências à autoridade policial ao invés de oferecer desde logo a denúncia? Nesse caso o magistrado entende que as diligências são dispensáveis. Entende Mazzilli que na hipótese é possível o juiz remeter os autos ao Procurador-Geral, que, se entender que as diligências são dispensáveis, pode designar um outro membro do Parquet para oferecer desde logo denúncia. Mas tal não pode ocorrer sem a provocação do juiz, isto é, de ofício, pois implicaria em ofensa ao princípio do promotor natural.
 
AUTONOMIA FUNCIONAL E ADMINISTRATIVA
“Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento”. (Art. 127, §2º)
Autonomia funcional diz respeito ao Ministério Público enquanto instituição (é órgão constitucional independente); a independência funcional se refere ao membro do Ministério Público enquanto agente político que é.
A autonomia financeira consiste na possibilidade de elaborar sua própria proposta orçamentária e gerir a aplicação de seus recursos.
Essa autonomia administrativa e financeira não o isenta da fiscalização pelo Tribunal de Contas, nem exime seus membros que desempenham as funções da administração de eventual ação de improbidade administrativa, ação popular, ação civil pública ou ação criminal pela má gestão dos recursos.
Na autonomia administrativa do Ministério Público se insere a iniciativa legislativa para propor a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público, bem como a iniciativa de lei complementar relativa à organização, às atribuições e ao estatuto. Nesse último caso, a iniciativa é concorrente com o Presidente da República (art. 61, caput, c/c 128 §5º,da Constituição Federal), aplicando-se o mesmo raciocínio, pelo princípio da simetria, entre Ministérios Públicos estaduais e os governadores. Não se admite emendas que objetivem a burla ao princípio da iniciativa.
“O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias”. (Art. 127, §3º)
A autonomia orçamentária é necessária como complemento da autonomia e independência funcional. O Ministério Público elabora sua proposta e a manda para o Executivo, que apenas a repassa para o Legislativo (não pode alterar a proposta ministerial, só o legislativo pode fazê-lo). 
ORGANIZAÇÃO
Conforme dispõe o art. 128 da Constituição Federal, o Ministério Público abrange:
I.	o Ministério Público da União, que compreende:
	a)	o Ministério Público Federal;
	b)	o Ministério Público do Trabalho;
	c)	o Ministério Público Militar;
	d)	o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II.	os Ministérios Públicos dos Estados.
Não existe Ministério Público eleitoral. Só existem funções eleitorais do Ministério Público.
“O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.” (art. 128, §1º)
Mazzilli critica a indicação do PGR como chefe do MPDFT, pois este tem o seu próprio Procurador-Geral (128, §3º), que irá exercer a direção e administração respectiva.
	Pela primeira vez na história constitucional o PGR deve ser um membro da carreira e sua investidura é por tempo certo. Além disso, a sua destituição passou a depender da autorização prévia da maioria absoluta do Senado Federal. Antes o PGR era escolhido e exonerado ad nutum pelo Presidente da República.
Segundo Mazzilli a escolha pode recair sobre membro de qualquer ramo do MPU, mas a doutrina diverge. Não pode ser membro do Ministério Público dos Estados e o escolhido deve estar na ativa. Não há limite para o número de reconduções do PGR.
“A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.” (art. 128, §2º)
O PGR pode perder o cargo por destituição ou em virtude de condenação por crime de responsabilidade (impeachment). Na vacância do cargo (morte, renúncia, destituição) o novo escolhido recomeça um novo período de dois anos, pois não há mandato a ser completado, e sim investidura a tempo certo. Entre a vacância e a posse do novo procurador-geral, assume o procurador-geral interino.
“Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.” (art. 128, §3º)
Só há possibilidade de uma única recondução, salvo a hipótese de nova investidura descontínua à última recondução. Para a recondução é necessário que o candidato tenha integrado novamente a lista tríplice.Votam todos os membros da carreira em atividade, inclusive os promotores substitutos e os ainda não vitalícios. Não é preciso pertencer à instância mais elevada da instituição para ser candidato.
“Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territóriospoderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.” (art. 128, §4º)
Podem responder também a processo por crime de responsabilidade.
FUNÇÕES
 	A Constituição Federal de 1988 ampliou sobremaneira as funções do Ministério Público, transformando-o em um verdadeiro defensor da sociedade, tanto no campo penal com a titularidade exclusiva da ação penal pública, quanto no campo cível como fiscal dos demais Poderes Públicos e defensor da legalidade e da moralidade administrativa. 
Dispõe a Constituição Federal em seu art. 129 que são funções institucionais do Ministério Público:
	a)	promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
	b)	zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
	c)	promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
	d)	promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
	e)	defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
	f)	expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
	g)	exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
	h)	requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
	i)	exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
Importante ressaltar que o rol constitucional é exemplificativo, possibilitando o exercício de outras funções, dede que compatíveis com sua finalidade constitucional. 
A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
Há, ainda, outras funções consideradas atípicas se confrontadas com a destinação global do Ministério Público:
		patrocínio do reclamante trabalhista;
		assistência judiciária aos necessitados onde não houver Defensoria Pública;
		promoção da ação civil ex delicto.
GARANTIAS
O art. 128, § 5º estabelece que leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros as seguintes garantias:
I.	vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado;
II.	inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, por voto de dois terços de seus membros, assegurada ampla defesa;
III.	irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I;
As garantias não são privilégios, mas meios de assegurar, a alguns agentes políticos, condições para fielmente cumprir suas atribuições constitucionais. Desde que utilizadas corretamente, elas atuam em prol da sociedade.
Da vitaliciedade decorre que não há perda do cargo por decisão meramente administrativa. Assim, não há pena administrativa de demissão para membros do Ministério Público com mais de dois anos de exercício.
Discute-se se o membro do Ministério Público pode perder o cargo em função de decisão proferida com base na lei de improbidade administrativa (L. 8.429/92, art. 12). Mazzilli entende que não, só podendo ser aplicada a outras funções, pois para perda do cago há regras próprias.
Pelo princípio do promotor natural não se pode efetuar a remoção arbitrária do membro do Ministério Público em relação a um caso no qual deva atuar; pela inamovibilidade não se pode remover um promotor de seu cargo, salvo a exceção constitucional do interesse público. A inamovibilidade não se refere apenas à Comarca, mas também à Promotoria.
Quanto a irredutibilidade de subsídios, entende o Supremo Tribunal Federal que se dá pelo valor nominal, e não pelo valor real.
 
VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS
A Constituição impõe aos membros do Ministério Público as seguintes vedações:
	a)	receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
	b)	exercer a advocacia;
	c)	participar de sociedade comercial, na forma da lei;
	d)	exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
	e)	exercer atividade político-partidária, salvo exceções previstas na lei.
POSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DAS FUNÇÕES, GARANTIAS E PRERROGATIVAS CONSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO
	Alexandre de Morais defende a impossibilidade de tais garantias, prerrogativas e funções serem alteradas por Emenda à Constituição, pois retirariam da Instituição Ministério Público os instrumentos constitucionais, concedidos pelo legislador constituinte originário, para o exercício autônomo e independente de seu mister.
Argumenta que a Constituição Federal, no art. 60, §4º, a, erigiu como cláusula pétrea a forma federativa, cujo contexto engloba, constitucionalmente, o “regime democrático”, tanto em relação às regras constitucionais para sua consecução, quanto às regras constitucionais para sua fiscalização. E o legislador constituinte originário escolheu o Ministério Público como um dos fiscais do regime democrático.
As garantias constitucionais dos membros do Ministério Público são garantias da própria sociedade, de que a Instituição, incumbida pela Constituição de ser a guardiã da legalidade formal e material das liberdades, do regime democrático e da Separação de Poderes, contra os abusos do Poder Estatal, não sofrerá pressões odiosas no exercício de seu mister.
Sendo as liberdades públicas objeto da proteção jurídica em matéria de direitos constitucionais, em cuja defesa deve agir o Ministério Público, a independência funcional da instituição transforma-se em garantia fundamental implícita na Constituição, com o escopo de concretizar as liberdades-públicas positivas previstas, principalmente, no art. 5º da Constituição . Estaremos diante das hipóteses chamadas por Canotilho de “limites tácitos”, ou “limites implícitos”, segundo o Min. Celso de Mello. 
MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS
	O art. 73, §2º, I da Constituição prevê a existência de um Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União e o art. 130 determina que aos membros desse Ministério Público aplicam-se as disposições pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura, previstas para os demais membros do Ministério Público.
	O Supremo Tribunal Federal entendeu que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União é instituição que não integra o Ministério Público da União, cujos ramos são taxativamente descritos no rol do art. 128, I, e entendeu possível a vinculação administrativa desse Ministério Público ao próprio Tribunal de Contas da União.
	O Supremo Tribunal Federal entende que o art. 75 da Constituição, enquanto norma de organização e composição do Tribunal de Contas da União, é de extensão obrigatória aos Estados-membros, em relação aos seus respectivos Tribunais de Contas.(Adin 892-7RS)
	Alexandre de Moraes discorda de tal posicionamento argumentando que a Constituição somente consagra a nível estadual um único Ministério Público, não fazendo qualquer menção a um Ministério Público junto aos Tribunais de Contas do Estado, como faz em relação ao Tribunalde Contas da União. Desse modo, entende possível que o Estado-membro discipline em sua Constituição Estadual qual o Ministério Público que irá atuar perante o Tribunal de Contas do Estado.
Bibliografia:
ANJOS FILHO, Robério Nunes dos. Direito Constitucional. Salvador: Jus Podium Editora, 2.ª ed., 2003.
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Ed. Saraiva, 19.ª ed., 1998.
MAZZILLI, Hugo Nigro. Regime Jurídico do Ministério Público. São Paulo: Saraiva, 4ª ed., 2000.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Ed. Atlas, 7.ª ed., 2000.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo.São Paulo: Malheiros Editores, 16.ª ed., 1999.
DIREITO CONSTITUCIONAL. NORMA CONSTITUCIONAL. SUPREMACIA.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: DIREITO COMPARADO. 
Ponto 2. a. Elaborado por Izabella Marinho Brant, BA.
Pontos correlatos:
3. a) Controle de constitucionalidade: sistema brasileiro.
5. a) Poder Constituinte originário e Poder Constituinte derivado. Limitações expressas e implícitas ao poder de emenda.
10. a) Hermenêutica Constitucional.
11. a) Normas constitucionais: classificação.
12. a) Controle de constitucionalidade: evolução histórica do sistema brasileiro.
16. c) Ação para cumprimento de preceito fundamental.
17. c) Ação direta de declaração de inconstitucionalidade: origem, evolução e estado atual.
18. c) Ação direta de declaração de constitucionalidade. Efeito vinculante.
19. c) Inconstitucionalidade por omissão.
NORMA CONSTITUCIONAL
Observação: Ponto 11, item a - Normas constitucionais: classificação.
As normas constitucionais, quer positivem princípios, quer regras, podem ser classificadas quanto à sua aplicabilidade e eficácia. Nesse estudo faz-se necessário, todavia, acompanhar a orientação mais moderna, que afirma que não há norma jurídica constitucional alguma despida de eficácia.
Toda norma constitucional é dotada de eficácia jurídica, que, segundo José Afonso da Silva, “é a qualidade da norma que está apta a produzir efeitos nas relações concretas, nem que seja somente o efeito no sentido negativo, de retirar de vigor (revogar) todas as normas anteriores que com ela conflitam”.
Assim, toda norma constitucional possuirá nem que seja uma eficácia jurídica mínima, representada por duas forças distintas:
		Força paralisante: volta-se ao passado, para retirar do ordenamento as disposições inferiores em vigor e que são contrárias ao mandamento da norma constitucional.
		Força impeditiva: dirige-se ao futuro, impedindo que normas inferiores em sentido contrário à Constituição venham a ingressar validamente no ordenamento jurídico.
Cada norma constitucional é sempre executável até onde possa, até onde seja suscetível de execução. Não há norma constitucional de valor meramente moral. Todas as normas constitucionais são dotadas de imperatividade, mesmo as permissivas.
PRINCÍPIOS E REGRAS NA CONSTITUIÇÃO
As normas jurídicas que compõe o ordenamento positivo podem assumir duas configurações básicas: regras e princípios.
	Daniel Sarmento caracteriza os princípios como “traves-mestras do sistema jurídico, irradiando seus efeitos sobre diferentes normas e servindo de balizamento para a interpretação e integração do setor do ordenamento em que radicam. Revestem-se de grau de generalidade e abstração superior ao das regras, sendo, por conseqüência, menor a determinabilidade do seu raio de aplicação”. Não alcançam o grau de densidade normativa das regras, pois não têm delimitadas, com a precisão necessária, as respectivas hipóteses de incidência e conseqüências jurídicas. Daí não permitirem a subsunção.
	Dworkin ressalta que o mesmo não ocorre com as regras, já que, se “os fatos que a regra estipula estão presentes, então ou a regra é válida, e nesse caso o comando que ela estabelece tem de ser aplicado, ou ela é inválida, e nesse caso ela não contribui em nada para a decisão do caso”.
	E mais, quando duas regras aparentemente incidirem sobre uma mesma hipótese fática, a questão será solucionada através do recurso aos critérios hierárquico, cronológico e de especialidade, que acarretam a opção por uma das regras, com total desconsideração da outra.
	Já os princípios são dotados de pesos. Assim, quando dois princípios diferentes incidirem sobre determinado caso concreto, entrando em colisão, o conflito será solucionado levando em consideração o peso relativo assumido por cada princípio dentro das circunstâncias concretas presentes no caso, a fim de que se possa precisar em que medida um cederá espaço ao outro. Há uma ponderação entre os princípios, e não a opção pela aplicação de um deles, em detrimento do outro. 
	Em função da necessidade de permanência, as Constituições possuem um caráter principiológico que reveste a maioria de suas normas, permitindo a atualização de seus ditames em face das alterações que ocorrem na sociedade.
	São funções dos princípios constitucionais: 
	função de fundamento de legitimidade da ordem jurídico-positiva, porque corporificam, nas palavras de Paulo Bonavides, “os valores supremos ao redor dos quais gravitam os direitos, as garantias e as competências de uma sociedade constitucional”;
	função hermenêutica;
	função supletiva, regulando imediatamente o comportamento dos seus destinatários, diante da inexistência de regras constitucionais específicas sobre uma determinada matéria;
	função argumentativa, pois só diante do caso concreto pode ser atribuído o peso específico de cada princípio.
NORMAS CONSTITUCIONAIS INCONSTITUCIONAIS
A doutrina das normas constitucionais inconstitucionais vem se difundindo no Direito Comparado, sobretudo na Alemanha pós 2ª Guerra.
As discussões sobre o tema foram ao ápice na Alemanha, em 1951, quando o Professor Otto Bachof defendeu a referida tese.
De acordo com a doutrina que admite a sua existência, são diversas as possibilidades de normas constitucionais inconstitucionais. Bachof separa essas possibilidades, distinguindo entre as relativas à violação do Direito Constitucional escrito (formal) e as concernentes à violação de normas de Direito Constitucional não escrito.
	Em relação à violação do Direito Constitucional escrito, pode haver, segundo a doutrina: 
	1.	Inconstitucionalidade de normas constitucionais ilegais: podem afetar a legalidade de todo o texto ou de determinada norma (Ex: aprova-se em Assembléia Constituinte um determinado texto e publica-se outro).
	2.	Inconstitucionalidade de leis de alteração da Constituição: uma lei de alteração da Constituição pode infringir formal ou materialmente disposições da Carta Política. No primeiro caso, as disposições relativas ao processo de elaboração e votação da alteração não são observadas. No segundo caso, a lei (emenda) pretende alterar disposições materiais da Constituição contrariamente à declaração de imodificabilidade destas, através de cláusulas pétreas. Há também a possibilidade de limitações temporais, circunstanciais ou implícitas que tornem inconstitucionais as alterações que as desrespeitem.
	3.	Inconstitucionalidade de normas constitucionais em virtude de contradição com normas constitucionais de grau superior: ocorre quando uma norma constitucional de significado secundário, nomeadamente só formalmente constitucional,vai de encontro a um preceito material fundamental da Constituição. Kruger defende essa possibilidade, mas Bachof nega, alegando que o próprio Poder Constituinte Originário, por força de sua autonomia, pode fazer exceção aos seus princípios gerais.
	4.	Inconstitucionalidade resultante da mudança de natureza de normas constitucionais: é o caso da transformação de uma norma constitucional transitória em permanente, a operar-se depois do decurso de um período transitório adequado, caso em que haverá inconstitucionalidade.
	5.	Inconstitucionalidade por infração de direito supralegal positivado na lei constitucional: na medida em queo direito supralegal tenha sido positivado no texto constitucional, uma norma jurídica que o infrinja será, simultaneamente, contrária ao Direito Natural e inconstitucional. Por outro lado, se uma norma da Constituição infringir uma outra norma constitucional positivadora de Direito Supralegal, será carecedora de legitimidade e também inconstitucional. O Direito Constitucional Supralegal positivado precede, em virtude de seu caráter incondicional, o Direito Constitucional Comum.
A doutrina ainda contempla hipótese em que uma norma constitucional poderia ser reputada inconstitucional em virtude de violação d normas de Direito Constitucional material não escrito:
	1.	Inconstitucionalidade por infração de princípios constitutivos do sentido da Constituição não escritos: ex: em um Estado Federal há a máxima do comportamento não prejudicial à Federação. Ainda que não houvesse previsão expressa, esse princípio não poderia ser alterado pelo Poder Constituinte Derivado, funcionando como limitações materiais implícitas.
	2.	Inconstitucionalidade por infração de direito supralegal não positivado: defende-se que o Direito Supralegal é imanente a toda ordem jurídica que reivindique legitimamente esse nome, e, portanto, a toda ordem constitucional que queira ser vinculativa. A norma, mesmo formalmente constitucional, que infrinja tal direito, não poderia reivindicar nenhuma obrigatoriedade jurídica, independente de saber-se se e em que medida o Direito Supralegal foi transformado em Direito Constitucional escrito. Sobretudo entendendo o Direito Constitucional como poder de direito (Tomáz de Aquino), e não de fato (Kelsen).
É nesse último caso que as discussões doutrinárias se concentram, chegando a ponto de alguns doutrinadores praticamente reduzirem a problemática do tema à afirmação de que normas constitucionais inconstitucionais seriam apenas aquelas normas de Direito Constitucional Positivo que não se fundam nos valores supremos do Homem, que fundam o Direito Suprapositivo (liberdade, justiça, igualdade, pluralismo político). Tais direitos são prerrogativas inatas do Homem, e cumpre ao Estado preservar.
	Para Bachof, a validade de uma Constituição compreende a sua legitimidade, em seus dois aspectos: a positividade e a obrigatoriedade. Essa obrigatoriedade só existirá na medida em que o legislador tome em conta os princípios constitutivos de toda e qualquer ordem jurídica e se deixe guiar pela aspiração de justiça, evitando regulamentações arbitrárias. Mas além disso, só existirá ainda obrigatoriedade, se o legislador atender aos mandamentos cardeais da lei moral.
	Constituição vigente, em sentido material, seriam apenas as normas que não ultrapassam os limites preexistentes no Direito Supralegal, pois as demais seriam normas sem obrigatoriedade, pois a elas faltaria consenso social. É tido como consenso: o respeito e a proteção da vida e da dignidade humana, a proibição da degradação do Homem, o direito ao livre desenvolvimento da personalidade, a igualdade, a proibição do arbítrio.
	Um Estado poderá, através da força, editar normas “legais” que desrespeitem tais princípios, formando um “direito aparente”, mas que nunca terá o suporte do consenso da maioria dos seus cidadãos, nem a obrigatoriedade que o legitimaria.
	O Tribunal Constitucional Federal da Alemanha, no pós 2ª Guerra, reconheceu, em várias decisões, a existência de um Direito Suprapositivo, que obrigaria também o Poder Constituinte. Assim, uma norma constitucional ou infraconstitucional seria nula se desrespeitasse os postulados fundamentais de justiça.
	Esses casos de desrespeito ao Direito Suprapositivo são freqüentes em regimes contrários ao Estado Democrático de Direito, como na Alemanha nazista, na Itália fascista, nas ditaduras militares sul-americanas etc. 
SUPREMACIA
Não há dúvida de que Kelsen, de modo mais completo, formulou uma teoria acerca do escalonamento hierárquico das normas jurídicas. Todavia, a história ocidental, desde a muito tempo, reconhece a existência de leis superiores, embora só recentemente tenha atribuído conseqüências jurídicas a tal circunstância. A supremacia da Constituição decorre menos de postulados teóricos e mais de uma concepção histórica progressivamente incorporada à consciência jurídica da história ocidental.
	Da rigidez, decorre a supremacia constitucional, que coloca a Constituição no vértice do sistema jurídico. Assim, todas as normas do ordenamento jurídico só são válidas se não contrariarem a Lei Maior. É o princípio da compatibilidade vertical, pelo qual as normas inferiores só valem se compatíveis com as superiores. Supremacia, sob o ângulo político-jurídico, compreende dois aspectos diferentes: a supralegalidade de suas regras e a imutabilidade relativa de seus preceitos.
		A compreensão da Constituição como Lei Fundamental implica não apenas o reconhecimento de sua supremacia na ordem jurídica, mas, igualmente, a existência de mecanismos suficientes para garantir juridicamente tal qualidade. A supremacia, diga-se logo, não exige apenas a compatibilidade formal do direito infraconstitucional com os comandos maiores, definidores do modo de produção das normas jurídicas, mas também a observância de uma dimensão material. Só é possível falar em rigidez e supremacia se houver a previsão de mecanismos de controle de constitucionalidade.
	Assim, pode-se dizer que a Constituição é um complexo normativo ao qual deve ser assinalada a função de verdadeira lei superior do Estado, que a todos os órgãos vincula. 	
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE E SEUS PRESSUPOSTOS	 
	Existência de uma Constituição formal
Todas as formações sociais dispõem de uma Constituição. Entretanto, a fiscalização da constitucionalidade depende de mais do que uma Constituição. Exige uma Constituição compreendida como instrumento jurídico, por isso escrita e formalizada. Apenas com o surgimento do Estado de Direito, consolidado com as revoluções burguesas, é que emerge definitivamente a Constituição escrita e, pois, formal. 
	Constituição escrita ou formal é aquela elaborada, em geral, de um golpe só, por um órgão exercente do poder constituinte. Distingue-se da Constituição costumeira , elaborada lentamente, pela insistência dos costumes, pela ação imperceptível de um poder constituinte difuso, e cristalizada pela história (ex: Inglaterra).
	Compreensão da Constituição como lei fundamental (rigidez e supremacia constitucionais, distinção entre leis ordinárias e leis constitucionais)
A rigidez constitucional decorre da distinção entre o Poder Constituinte (ainda que derivado) dos Poderes Constituídos. As Constituições rígidas demandam um procedimento especial, em regra oneroso e complexo, para sua alteração. As flexíveis, ao contrário, não reclamam mais do que o procedimento apropriado para a conclusão das leis comuns para sofrerem mudanças.
A fiscalização da constitucionalidade manifesta-se nos lugares que adotam Constituições rígidas.
Observação: Clèmerson Clève ressalta que seria possível tal fiscalização em Estado regulado por Constituição flexível para aferir a inconstitucionalidade formal, pois, estabelecido, embora em normativa constitucional flexível, determinado procedimento para a elaboração de leis, qualquer violação a esse dispositivo configuraria inconstitucionalidade. O mesmo se daria quanto à violação de norma que dispõe sobre o órgão competente para a produção da lei. Todavia, jamais seria possível a aferição de inconstitucionalidade material.
	A supremacia constitucional é dependente, além da rigidez constitucional, de uma certa “consciência constitucional” ou “vontade de constituição”, como prefere Hesse, de um modo peculiar de cuidar e de compreender a Constituição. Ela reclama a defesa permanente da obra e dos valores adotados pelo Poder Constituinte.
	A compreensão da Constituição como norma dotada de superior hierarquia deve passar pela aceitação de que tudo que nela reside constitui norma jurídica, não havendo lugar

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