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LÚDICO - JOGOS E BRINCADEIRAS

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Lúdico - Jogos e Brincadeiras
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Lúdico - Jogos e Brincadeiras
Autoria: Georgina Lopes da Mota
Como citar este documento: MOTA, Georgina Lopes da. Lúdico - Jogos e Brincadeiras. Valinhos: 2017.
Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: As principais teorias sobre o lúdico 05
Assista a suas aulas 28
Unidade 2: A importância do brincar na infância 36
Assista a suas aulas 59
Unidade 3: Conceituando jogos e brincadeiras 67
Assista a suas aulas 89
Unidade 4: O Lúdico na educação 97
Assista a suas aulas 118
2/245
3/2453
Unidade 5: Os jogos e as brincadeiras na escola 126
Assista a suas aulas 144
Unidade 6: O lúdico nos documentos nacionais 152
Assista a suas aulas 175
Unidade 7: Técnicas para aplicação de jogos 183
Assista a suas aulas 206
Unidade 8: Jogos e brincadeiras no Ensino Fundamental 214
Assista a suas aulas 237
Sumário
Lúdico - Jogos e Brincadeiras
Autoria: Georgina Lopes da Mota
Como citar este documento: MOTA, Georgina Lopes da. Lúdico - Jogos e Brincadeiras. Valinhos: 2017.
4/245
Apresentação da Disciplina
O lúdico está presente em nosso cotidiano e 
discorrer sobre esse tema remete às diferen-
tes fases da vida que vai da infância até a fase 
adulta. Nesse processo o indivíduo desenvol-
ve diferentes atividades lúdicas no contexto 
cultural em que está inserido, permitindo a 
construção de uma relação prazerosa e o re-
conhecimento de sua formação emocional, 
física, afetiva, cognitiva e social.
Entende-se que uma das maneiras de se pro-
pagar a cultura lúdica é através das brinca-
deiras que ocorre desde o nascimento com 
o contato materno até as diferentes etapas 
de desenvolvimento humano. A brincadeira 
exerce um papel significativo e determinan-
te na infância, principalmente, na aquisição 
e na capacidade simbólica que ocorre me-
diante as interações sociais.
O tema que será abordado oferecerá supor-
tes para atender a diferentes profissionais 
que cuidam e educam através do lúdico, no 
exercício de sua atividade, e também aju-
dará a ressignificar as relações e interações 
entre os indivíduos. Abordaremos diferentes 
conceitos sobre o lúdico ao longo da história 
assim como o reconhecimento da dimensão 
educacional. 
5/245
Unidade 1
As principais teorias sobre o lúdico
Objetivos
1. Entender a construção histórica do 
conceito de Lúdico.
2. Reconhecer a cultura lúdica como 
uma dimensão da cultura infantil.
3. Compreender o lúdico como moti-
vação para o desenvolvimento da 
criança.
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico6/245
Introdução 
O lúdico faz parte da existência humana 
desde os povos primitivos. Para entender o 
conceito de lúdico torna-se necessário re-
meter à sua etimologia, que vem do latim 
“ludos”, que significa jogos e diversão. O lú-
dico está relacionado às atividades de en-
tretenimento, brincadeiras e jogos que pro-
porcionam prazer (Significados, 2017). Em 
grego as atividades lúdicas estavam ligadas 
à palavra criança, contudo a partir de novas 
traduções entenderam-se como brinque-
dos das crianças (MASSON, 2002). 
A atividade lúdica entre os primitivos tinha 
o caráter de sobrevivência, tais como a dan-
ça, caça, pesca e as lutas, enquanto que na 
Antiga Grécia nos anos 776 AC, os jogos e 
as atividades eram voltados à festa religio-
sa (oferecidas a Zeus, o grande rei divino 
Grego) e atlética que ocorriam na cidade de 
Olímpia (região sudoeste da Grécia).
Castro (2010, p.33) descreve diferentes ter-
mos que na Grécia antiga denominavam as 
práticas lúdicas, tais como: “athlos seriam 
os concursos, luta e combate; agon, os jo-
gos públicos, competições, instalações dos 
jogos públicos, assembleia para as compe-
tições públicas e a paidéia refere-se à infân-
cia, brincadeiras infantis, diversão, compe-
tições de luta, de flauta”. O ócio não era in-
terpretado como ausência de trabalho, mas 
entendido como o caminho para a contem-
plação e para a sabedoria, o belo, a verdade 
para alcançar o bem supremo. Essa capaci-
dade de contemplação exigia habilidades 
que se adquiriam através da educação por 
meio da literatura, ginástica, música e con-
versação.
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico7/245
Na Antiga Roma também se usava o ludus, 
ludere, ludius para designar atividades de 
exercícios, preparação e treinamento. Havia 
a figura do escravo que era treinado para lu-
tar até a morte. Nesse caso, o lúdico se refe-
re ao espectador e não o indivíduo envolvido 
na luta. Para melhor entender o conceito de 
ludicidade recorremos aos clássicos: Platão, 
Aristóteles e Rousseau.
1. A filosofia e o lúdico
1.1 Platão (427-348 A.C), discípulo de Só-
crates e mestre de Aristóteles, afirmava que 
toda a educação da criança deveria ser de-
senvolvida por meio de jogos educativos 
e brincadeiras. Sua ênfase nas atividades 
lúdicas era ampliada a partir dos concei-
tos morais na formação de valores. Platão 
aconselha utilizar a brincadeira na educa-
ção das crianças e não a violência, incenti-
vando e descobrindo a tendência natural da 
criança (ALMEIDA, 1994). 
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico8/245
1.2 Aristóteles (384-322 a.C), filósofo gre-
go, aluno de Platão, considerava o homem 
como ser social e valorizava a inteligência 
humana como caminho para se chegar à 
verdade. Quanto à ludicidade da criança, 
Aristóteles afirmava que quando a criança 
brinca, ela entra em um processo de purifi-
cação da alma por meio de uma descarga de 
sentimentos (catarse). Os jogos e as brinca-
deiras, segundo Aristóteles não se tornam 
apenas um passa tempo, mas atividades 
importantes para a preparação das crianças 
viverem em sociedades (LIMA, 2015).
As atividades lúdicas, tanto na visão grega 
como na romana, são exemplos que descre-
vem a percepção do lúdico de acordo com 
época da sociedade, o espaço e o tempo em 
que ocorrem suas práticas.
Para saber mais
A filosofia de Platão é baseada na teoria de que 
o mundo que percebemos com nossos sentidos 
é um mundo ilusório, confuso. Sua filosofia in-
clui também a “teoria das ideias”, que são obje-
tos imutáveis e eternos do pensamento, e servem 
para explicar a aquisição de conceitos, a possibi-
lidade de conhecimento e o significado das pala-
vras. Platão é também famoso por sua “teoria da 
anamnese” (reminiscência), de acordo com a qual 
muitos de nossos conhecimentos não são adqui-
ridos através da experiência, mas já conhecidos 
pela alma na ocasião do nascimento, uma vez que 
a experiência serve apenas para ativar a memória.
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico9/245
1.3. Rousseau Jean Jacques Rousseau (1712-
1778) natural de Genebra, Suíca. Suas prin-
cipais obras foram: Contrato Social e Emí-
lio ou Educação. Segundo Almeida (2014), 
ao se referir a ludicidade infantil,Rousseau 
enfatiza que a criança precisa de atividades 
físicas, liberdade de movimento e liberdade 
para aprender. 
Link
A história do lúdico entre os clássicos: Platão, 
Aristóteles e Rousseau
Disponível em: <http://www.editorarealize.
com.br/revistas/conedu/trabalhos>. Acesso: 
27 mar. 2017.
Para saber mais
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), também 
natural de Genebra, Suíça. Nasceu no dia 28 de ju-
nho de 1712 filho de um relojoeiro ficou órfão de 
mãe logo ao nascer. O pensamento de Rousseau 
influenciou as ideias da Revolução Francesa. Pre-
gava que a liberdade era o valor supremo do ho-
mem. Anti-racionalista, foi favorável ao preceito 
de que os homens nasciam bons, a sociedade é 
que os corrompiam. Criticava a civilização, acu-
sando-a de dissimulada e hipócrita. Alguns livros 
trouxeram problemas para Rousseau: “Emílio, ou 
da Educação”, obra pedagógica, e “O Contrato 
Social”renderam-lhe uma prisão por serem obras 
consideradas subversivas. Foi perseguido pelos 
protestantes, mas a convite do filósofo Inglês Da-
vid Hume refugiou-se na Inglaterra. 
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico10/245
No período medieval, ao pregar o sacrifício e a renúncia como caminho para se buscar Deus, o 
prazer e o lúdico seriam ações da carne ou o pecado, sendo aceito apenas como descanso das 
atividades (WERNECK, 1996, p. 333 apud CASTRO, 2010, p. 38) assim descreve o significado des-
se momento de descanso. 
[...] seus momentos de repouso deveriam ser orientados para a busca da 
paz e da purificação do espírito, evitando todo o tipo de tentação causada 
pelos prazeres da carne. Somente dessa forma seria possível alcançar um 
lugar entre os eleitos de Deus. [...].
O significado do lazer e o ludismo nesse contexto referem-se ao período de descanso necessário 
para recompor as energias no retorno das atividades posteriores em condições melhores. 
O lúdico é um bem-estar físico e psicológico que por meio de atividades conduz as pessoas à 
interação, à convivência em grupo e à troca de experiências. Quando utilizamos o lúdico nas 
atividades como jogos ou as brincadeiras, estas se tornam ferramentas para ações educativas, 
principalmente na construção de regras e no relacionamento entre os participantes (FRIEND-
MANN, 1998).
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico11/245
Dantas (1998, p. 111) faz uma distinção entre jogar e brincar:
na tradução francesa (jouer) e na inglesa (play). Brincar é a forma mais livre 
e individual e anterior a jogar que é uma conduta social que supõe regras. 
Brincar é a forma mais livre e individual que designa as formas mais primi-
tivas de exercício funcional como a lalação [...]. O termo lúdico abrange os 
dois: a atividade individual e livre e a coletiva e regrada.
A autora chama atenção para ao conceituar o termo “lúdico”, percebe-se dois aspectos da ativi-
dade: prazer e liberdade. Quando a atividade é livre o resultado é o prazer de participar de forma 
espontânea e gratuita. Mas alerta para não transformar a brincadeira em compromisso e traba-
lho na medida em que ao impor “atividades lúdicas” o organizador impõe suas atividades que 
avalia ser prazerosa.
No mundo capitalista, a Revolução Industrial apresentou outro cenário sociopolítico e econômi-
co que foi a produção e a aquisição de bens e serviços, transformando o lúdico em produto de 
consumo. Castro (2010, p. 43) descreve uma vivência lúdica no contexto de mercado publicitário 
em duas perspectivas que se tornam antagônicas:
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico12/245
• como mercadorias de consumo, de caráter hedonista, incentivadas por 
meio de algumas prestações de serviço e de oferta de produtos da in-
dústria cultural.
• como vivências de caráter estético que podem desenvolver e enriquecer 
as capacidades das pessoas, numa posição de resistência à perspectiva 
predominante.
A política voltada para o mercado da indústria cultural e lúdica pode caminhar em duas verten-
tes, uma comprometida com a aquisição dos instrumentos na aquisição dos signos e a outra 
baseada apenas pelo prazer sem objetivos claros e específicos. Brougère (1998) (apud CASTRO 
2010, p. 46) alerta para “organizações de campos ordenadores paralelos”, que personificado em 
prestação de serviços bifurca a intencionalidade na elaboração de políticas e gestão de lazer e na 
indústria cultural. Nesse sentido, a educação poderá exercer um papel importante na desmistifi-
cação da “falsa equivalência entre a capacidade simbólica do sujeito e a sua adesão ao conjunto 
de representações sociais, ou seja, a tentativa de sequestro da propriedade humana de brincar” 
(CASTRO 2010, p.46).
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico13/245
A educação pode desenvolver nessa relação, 
natureza e social, as práticas lúdicas como 
instrumento na aquisição e acesso a cultura. 
A cultura lúdica está presente no cotidiano 
infantil e permeia diferentes ações sociais 
mediante a brincadeira.
2. A Cultura Lúdica 
Etimologicamente, a palavra cultura vem 
dos termos “cultivo” que significa cultivar, 
preparar, proteger a terra e de “culto”, ou 
seja, cultura da terra, educação civilização, 
adoração, respeito. A cultura numa concep-
ção antropológica pode ser o modo comum 
de garantir a sobrevivência de cada grupo 
humano, a formulação das estruturas de 
parentesco, às maneiras de formar as asso-
ciações, de dar sentido a vida (HERSKOVITS, 
1963).
Segundo Bosi (2008), cultura derivada de 
colo, significa aquilo que deve ser cultivado. 
As palavras verbais terminadas em ura e uro 
designam aquilo que vai acontecer, indicam 
um projeto, algo para o futuro. A cultura seria 
o campo que ia ser arado na perspectiva de 
quem vai trabalhar no campo. Quando os ro-
manos conquistam os gregos, recebem uma 
nova palavra para desenvolvimento humano, 
que era paidéia. Paidéia significava o conjun-
to de conhecimentos que se devia transmi-
tir às crianças – paidós (criança é paidós), daí 
Pedagogia, que é a maneira de levar a criança 
ao conhecimento, que é paidéia.
Os gregos passaram a usar traduzir paidéia 
como cultura. A palavra cultura passou do 
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico14/245
significado puramente material que tinha 
em relação à vida agrária para um significa-
do intelectual, moral, que significa conjunto 
de ideias e valores.
A cultura se faz presente nas brincadeiras 
como expressão dos sujeitos nas ativida-
des. “Brincar não é uma dinâmica interna 
do indivíduo, mas uma atividade dotada de 
significação social, precisa e necessita de 
aprendizagem” (BROUGÈRE, 1998, p 20). 
O indivíduo não nasce sabendo brincar, ele 
aprende por meio das relações sociais. 
Link
A origem da palavra Cultura. Apresenta a etimo-
logia e a influência da cultura grega nessa cons-
trução.
Disponível em: <https://pandugiha.wordpress.
com/2008/11/24/alfredo-bosi-a-origem-
-da-palavra-cultura>. Acesso: 18 maio 2017.
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico15/245
Brougère (1998, p. 24), assim, define a cultura lúdica:
é, então composta de um certo número de esquemas que permitem iniciar 
uma brincadeira, já que se trata de produzir uma realidade diferente da-
quela da vida quotidiana [...]. A cultura lúdica compreende evidentemente 
estruturas de jogo que não se limitam às de jogos com regras. O conjunto 
das regras de jogo disponíveis para os participantes numa determinada 
sociedade compõe a cultura lúdica dessa sociedade e as regras que um 
indivíduo conhece compõem sua própria cultura lúdica.
A cultura lúdica será determinada de acordo com o grupo social em que está inserida a brinca-
deira, portanto, os critérios do jogo serão determinados a partir da cultura local. Mas, é por meio 
da interação entre os indivíduos que a cultura diversifica, tornando os participantes construtores 
de novas significações dadas às brincadeiras. O ambiente em que a cultura lúdica está inserida 
influencia na realização e na modificação das atividades lúdicas.
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico16/245
A sociedade também estimula a brincadei-
ra lúdica entre os adultos, não limitando 
apenas às crianças. Os produtos que são 
propostos para esse mercado são produzi-
dos pelos adultos, que reproduzem para as 
crianças, podendo condicioná-las ou adap-
tá-las. Contudo, mesmo o jogo sendo con-
trolado pelo adulto, a criança, por diferentes 
maneiras reorganiza por meio da interação 
Link
A criança e a cultura lúdica.
Disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?scr ipt=sci_arttext&pi-
d=S0102-25551998000200007>. Acesso: 18 
maio 2017.
lúdica a produção de significados (BROU-
GÈRE, 1998).
2.1 A importância do lúdico no 
desenvolvimentoda criança
A filosofia do alemão Friedrich Froebel 
(1782-1852), ao instituir uma pedagogia 
como uma representação simbólica como 
eixo do seu trabalho educativo, foi conside-
rada o pai da psicologia da infância. Pesqui-
sas sobre o relato da prática pedagógica re-
velam uma coerção comandando a conduta 
infantil; existe uma discussão ainda hoje na 
educação pré-escolar, sobre a natureza do 
jogo infantil enquanto um ato de expressão 
livre ou um recurso pedagógico. 
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico17/245
Froebel assim conceitua brincadeira:
A brincadeira é a atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, 
ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo – da vida na-
tural interna do homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade, con-
tentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo. A criança que 
brinca sempre, com determinação auto-ativa, perseverando, esquecendo 
sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, ca-
paz de auto sacrifício para a promoção do seu bem e de outros... Como 
sempre indicamos, o brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente 
sério e de profunda significação. (FROEBEL, 1912c, p.55 apud KISHIMOTO, 
1998, p.68). 
Froebel baseia sua teoria na metafísica, pressuposto romântico que entende como atividade 
inata da criança, concebendo a brincadeira como ação metafórica, livre e espontânea da crian-
ça. Considerado o fundador dos Jardins de Infâncias aos menores de oito anos, a brincadeira 
tornou-se o norteador para o desenvolvimento da criança, principalmente nos primeiros anos 
(KISHIMOTO, 1998)
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico18/245
A ludicidade pode ser bem explorada com 
a ideia do prazer e a liberdade na criação 
como no jogo simbólico no qual a criança se 
apropria no seu imaginário infantil. A ativi-
dade lúdica, gratuita e espontânea atende 
também às necessidades do desenvolvi-
mento ao longo prazo.
Para saber mais
Froebel defendia a educação sem imposições às 
crianças porque, segundo sua teoria, elas passam 
por diferentes estágios de capacidade de apren-
dizado, com características específicas, anteci-
pando as ideias do suíço Jean Piaget (1896-1980). 
Detectou, ainda, três estágios: primeira infância, 
infância e idade escolar. 
Outro teórico que trabalha a brincadeira é 
Jerome Seymour Bruner, que em seus estu-
dos afirmou que o sujeito consegue violar a 
rigidez dos padrões de comportamentos so-
ciais por meio do jogo. A conduta lúdica, ao 
proporcionar uma atmosfera sem pressão e 
tensão, oferece oportunidade para experi-
mentar comportamentos que em situações 
normais jamais conseguiria. Ele investigou 
nos anos de 1970, a brincadeira dentro dos 
paradigmas da linguagem, no desenvolvi-
mento da criança. Considera importante 
a brincadeira como descoberta das regras 
para aquisição da linguagem e para a solu-
ção de problemas. Kishimoto (1998) apre-
senta os três elementos que participam da 
aprendizagem: aquisição de nova informa-
ção, sua transformação ou recriação e ava-
liação. 
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico19/245
Segundo Bruner (1996), uma aprendizagem 
centrada na criança resulta em compreen-
são significativa da “informação, transfor-
mação e recriação”. É por meio do prazer e 
a da motivação que se inicia o processo de 
construção do conhecimento, o que o autor 
denomina de “o nível do pensamento intui-
tivo, ainda nebuloso” ou raciocínio narrati-
vo e lógico-científico. (BRUNER, 1996 apud 
KISHIMOTO, 2016 p.144).
A brincadeira é muito importante no desen-
volvimento das competências das crianças, 
em que exploram as diferentes oportuni-
dades para a solução de problemas. Esse 
processo de trocas interativas necessita de 
uma mediação do adulto que possibilita a 
aquisição de signos, como a linguagem nas 
tomadas decisões (KISHIMOTO, 1998).
A cultura se faz presente nas brincadeiras 
como expressão dos sujeitos nas ativida-
des. “Brincar não é uma dinâmica interna 
do indivíduo, mas uma atividade dotada de 
significação social precisa e necessita de 
aprendizagem” (BROUGÈRE, 1998, p. 20). 
O indivíduo não nasce sabendo brincar, ele 
adquire por meio das relações sociais. 
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico20/245
Brougère (1998, p. 24) assim define a cultura lúdica:
é, então composta de um certo número de esquemas que permitem iniciar 
uma brincadeira, já que se trata de produzir uma realidade diferente da-
quela da vida quotidiana [...]. A cultura lúdica compreende evidentemente 
estruturas de jogo que não se limitam às de jogos com regras. O conjunto 
das regras de jogo disponíveis para os participantes numa determinada 
sociedade compõe a cultura lúdica dessa sociedade e as regras que um 
indivíduo conhece compõem sua própria cultura lúdica.
Na realidade, a cultura lúdica não se restringe a um grupo fechado, mas um conjunto diversi-
ficado de indivíduos em função dos costumes lúdicos. São os esquemas de brincadeiras, que 
podem ser desenvolvidas através de regras simples como jogos de imitação, em que resulta de 
observação da realidade social até conteúdos mais gerais como personagens de super-heróis ou 
desenhos.
A cultura lúdica varia de acordo com o país em que está inserida, diversificam de acordo com o 
meio social, a cidade e também a faixa etária da criança. A criança adquire e constrói sua cul-
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico21/245
tura lúdica brincando, adquirindo novas ex-
periências desde o nascimento com a ob-
servação e participação em jogos e na in-
teração com outras crianças. 
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico22/245
Glossário
Paideia: significava o conjunto de conhecimentos que se devia transmitir às crianças – paidós 
(criança é paidós). Daí pedagogia, que é a maneira de levar a criança ao conhecimento. Os roma-
nos sabiam o que era Paideia, pois os seus pedagogos eram escravos gregos que iam para a Itá-
lia; alguns contratados e outros como escravos deveriam trabalhar para os seus donos e tinham 
a função de ensinar grego e retórica para os meninos das famílias patríciais. 
Lalação: ato ou efeito de lalar, de cantar para adormecer a criança. Fase do desenvolvimento 
pré-linguístico da criança que se caracteriza pela emissão de sons mais ou menos articulados e 
sem significado; balbucio. (Dicionário Infopédia).
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico23/245
Glossário
Catarse: o termo catarse é de origem grega, κάθαρσις (kátharsis), sendo usado com o sentido 
etimológico de purificar, purgar ou limpar. Do mesmo radical grego origina-se a palavra καθαρό 
(katharó; em português, cátaro), que significa puro. Cátaro (katharó) é alguém que passou por 
uma catarse (kátharsis), isto é, um processo de purificação significa purgação ou purificação. Na 
antiga medicina, essa purificação poderia ser feita por vômito, evacuação de fezes, urina e suor, 
bem como através de sangria. É daí que deriva o vocábulo purgante, medicamento utilizado para 
limpeza interior ou desintoxicação do organismo – purgante = aquilo que purga, purifica, limpa 
(Queiroz, 2013). 
Na psicologia, significa o método que visa a eliminar perturbações psíquicas, excitações nervo-
sas, tensões, angústia, através da provocação de uma explosão emocional ou de outras formas, 
e baseando-se na rememorização da cena e de fatos passados que estejam ligados àquelas per-
turbações. Ajuda o indivíduo a obter controle emocional e a enfrentar os problemas da vida. De 
acordo com Aristóteles, a palavra catarsis significa “limpeza da alma”. 
Veja no link a seguir: Disponível em: <http://www.portaldapsique.com.br>. Acesso em: 23 maio 2017.
Questão
reflexão
?
para
24/245
Como foi abordado neste estudo, o lúdico produz um 
bem-estar físicoe psicológico. O jogo é uma das ma-
neiras de expressar essa ludicidade. Como você analisa 
a relação entre o lúdico enquanto prática cultural e ao 
mesmo tempo um bem de consumo? Enquanto profis-
sional qual é a sua orientação? 
25/245
Considerações Finais
O conceito lúdico ao longo da história designou diferentes termos que vai da 
sobrevivência na antiguidade, práticas lúdicas na Grécia antiga como concur-
sos, lutas, combates, jogos públicos e assembleia para as competições até a 
Paidéia relativa à infância e as brincadeiras. 
• As atividades lúdicas são influenciadas pela cultura, tornando-se diversifi-
cada a partir das interações entre os indivíduos. 
• A cultura lúdica está relacionada ao prazer, liberdade a ao imaginário infantil.
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico26/245
Referências
ALMEIDA, Anne. Ludicidade como instrumento pedagógico, 2006. Disponível em: <http://www.
cdof.com.br>. Acesso em: 28 mar. 2017. 
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação Lúdica: Técnicas e Jogos Pedagógicos. 8.ed. São Paulo: 
Loyola, 1994.
BOSI, Alfredo. Origem da palavra cultura. Liter & Art Brasil. Disponível em: <https://pandugiha.
wordpress.com/2008/11/24/alfredo-bosi-a-origem-da-palavra-cultura/>. Acesso em: 18 maio 
2017.
BROUGÈRE, Gilles. Jogo e Educação. Trad: Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médi-
cas,1998.
___________. A criança e a cultura lúdica. In: KISHIMOTO, Tizuco Morchida (Org.) O brincar e 
suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998.
CASTRO, Norida Teotônio. A função reguladora do lúdico: representação, afeto, laço social. 
São Paulo: LCTE, 2010.
DANTAS, Heloysa. Brincar e trabalhar. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.) O brincar e suas 
teorias. São Paulo: Pioneira, 1998.
Unidade 1 • As principais teorias sobre o lúdico27/245
FRIEDMANN, Adriana. Brincar, crescer e aprender: o resgate do jogo infantil. São Paulo: Mo-
derna, 1998.
HERSKOVITS, Melville. O Problema do Relativismo Cultural. In: Antropologia Cultural: Man and 
his Works. São Paulo: Mestre Jou, tomo I, 1963.
LIMA, A. J. A. O lúdico em clássicos da filosofia: uma análise em Platão, Aristóteles e Rousseau. 
In: II Congresso nacional de educação-CONEDU, 2015, Campina Grande: Anais II CONEDU, v. 1, 
2015. Disponível em: <http://coral.ufsm.br>. Acesso em: 18 maio 2017.
MANSON, Michael. História dos Brinquedos e dos Jogos. Brincar através dos tempos. Lisboa: 
Teorema, 2002.
Portal Significados. Dicionário on-line. Disponível em: <https://www.significados.com.br>. Aces-
so em: 28 mar. 2017
SANTOS, Santa Marli Pires. Brinquedo e infância: um guia para pais educadores. Rio de Janeiro: 
Vozes, 1999. 
VYGOTSKY. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
WERNECK, Chistianne L. Gomes. A relação lazer/trabalho e seu processo de constituição históri-
ca no mundo ocidental. In: Coletânea do IV Encontro Nacional de História do Esporte, Lazer e 
Educação Física. Belo Horizonte:1996.
28/245
Assista a suas aulas
Aula 1 - Tema: As Principais Teorias sobre o Lú-
dico. Bloco I
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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Aula 1 - Tema: As Principais Teorias sobre o Lú-
dico. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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e2c0dbe9c73909d2f3893ece0f0e4c1a>.
29/245
1. A cultura se faz presente nas brincadeiras como uma expressão dos sujei-
tos nas atividades.
a) Brincar faz parte do ser humano, é uma dinâmica interna.
b) A cultura lúdica faz parte da estrutura do jogo. 
c) A brincadeira com regras é que define a cultura lúdica.
d) O indivíduo já nasce sabendo brincar.
e) A brincadeira faz parte da cultura infantil, não precisa de aprendizagem.
Questão 1
30/245
2. A brincadeira é muito importante no desenvolvimento das competên-
cias das crianças.
a) Porque o nível de construção do conhecimento é nebuloso.
b) Oferece condições para a exploração e solução de problemas.
c) Em alguns momentos dificulta a aquisição de signos, como a aquisição da linguagem.
d) Enquanto brinca a criança não necessita da interação do adulto, porque pode gerar depen-
dência emocional.
e) A ludicidade ao proporcionar prazer e motivação dificulta a “informação, transformação e 
recriação”
Questão 2
31/245
3. Froebel baseia sua teoria na metafísica, pressuposto romântico que en-
tende como atividade inata da criança, concebendo a brincadeira como 
ação metafórica, livre, espontânea da criança.
a) A representação simbólica ajuda a criança no seu desenvolvimento por ser um comporta-
mento coercitivo.
b) Froebel defendia uma educação romântica porque considerava a criança muito infantil.
c) A filosofia de Froebel entende a criança com capacidade autoeducativa.
d) A brincadeira enquanto ação espontânea pode inibir o desenvolvimento da criança. 
e) A criança, segundo Froebel passa por diferentes estágios: primeira, segunda e terceira in-
fância.
Questão 3
32/245
4. Segundo Aristóteles, o homem é um ser social e com capacidades para o 
conhecimento ético da verdade. Defende que os jogos e a brincadeira ajuda 
na preparação para a vida adulta:
a) A brincadeira é para a criança um processo ético. 
b) A brincadeira é um processo de purificação do corpo físico.
c) A criança quando brinca entra em processo de descarga de sentimentos (catarse).
d) O lúdico para os gregos constitui a forma de sobrevivência, como a caça e a pesca.
e) O lúdico se perpetua com a época, diferindo apenas a relação da criança com aos adultos.
Questão 4
33/245
5. A concepção de lúdico na idade média apresenta um contexto diferente 
em relação atualidade. Podemos afirmar que:
a) Na idade média o lúdico deveria ser a leitura da bíblia.
b) As brincadeiras deveriam ser apenas para o adulto
c) O lazer está relacionado ao bem-estar e o homem precisa se purificar.
d) Na idade média o lúdico está relacionado ao descanso.
e) A educação lúdica fazia parte do currículo da igreja.
Questão 5
34/245
Gabarito
1. Resposta: B.
A cultura define a estrutura das atividades 
lúdicas. O jogo, ao se estruturar no campo 
do imaginário infantil constrói linguagens e, 
portanto a cultura.
2. Resposta: B.
A brincadeira é uma forma de exploração de 
estratégia de resolução de problemas. Ao 
brincar, a criança não está preocupada com 
os resultados, e sim com a satisfação im-
pulsionada pela atividade livre. É por meio 
do ato lúdico que se inicia o processo de 
construção do conhecimento.
3. Resposta: C.
Froebel em seus estudos defende que o ato 
de brincar, por ser uma ação espontânea, li-
vre e prazerosa na criança, favorece o de-
senvolvimento interno caracterizado por 
autodeterminação e seriedade nas ações. 
4. Resposta: C.
Quando a criança brinca, sente-se livre sem 
opressão. Esse processo facilita a purifica-
ção da alma por meio da descarga emocio-
nal. Esse processo denominado catarse tem 
o sentindo de uma desintoxicação ou lim-
peza da alma.
35/245
Gabarito
5. Resposta: D.
No período medieval a igreja como espaço 
para a divulgação do cristianismo prega-
va o sacrifício e a renúncia como caminho 
do homem se aproximar de Deus. Qualquer 
manifestação contrária, como diversãoe 
brincadeiras,distanciava o homem dos pro-
pósitos de Deus. O homem deveria acei-
tar sua condição de pecador dedicando-se 
ao trabalho. O lazer era concebido apenas 
como descanso e repouso para a purifica-
ção do espírito.
36/245
Unidade 2
A importância do brincar na infância
Objetivos
1. Relacionar as diferentes teorias sobre 
a construção da concepção de infân-
cia.
2. Conhecer as concepções de infância 
e a relação existente entre a criança e 
as brincadeiras.3. Reconhecer a importância da brinca-
deira no desenvolvimento cognitivo, 
social e emocional da criança.
Unidade 2 • A importância do brincar na infância37/245
Introdução
A concepção de infância vem sofrendo mu-
danças de acordo com a transformação so-
cial em que a criança está inserida. Pesqui-
sas envolvendo diferentes áreas do conhe-
cimento, como as ciências humanas e so-
ciais, têm influenciando nas investigações 
sobre a relação da sociedade no processo 
de reconhecimento da criança enquanto 
sujeito social. Se analisarmos a infância eti-
mologicamente, encontraremos no latim 
infantia que significa “não falante”, logo o 
indivíduo que não fala. Portanto a infância 
durante muito tempo foi concebida como a 
etapa da vida como vir a ser, a preparação 
para o futuro. Entende-se que a criança ne-
cessita do adulto para sua aprendizagem 
e seu desenvolvimento, esse processo se 
constitui na interação com o adulto e ou-
tras crianças, porém a infância precisa ser 
reconhecida como uma categoria social e 
não período de preparação para o futuro 
(ABRAMOWICZ, 2011).
Philippe Ariès (1981), em seu livro “História 
social da criança e da família”, afirma que o 
sentimento de família e a visibilidade da in-
fância ocorrem entre os séculos XVII e XVIII. 
A criança até o período medieval era conce-
bida como um adulto em miniatura, desen-
volvendo atividades e participando da vida 
social e econômica como um adulto. Por 
muito tempo a infância não era representa-
da no meio familiar, assim com o sentimen-
to afetivo que também não era percebido. 
Na atual contemporaneidade, a infância 
tem sido foco de pesquisas e abordagens 
no contexto educacional, e com a Lei de Di-
Unidade 2 • A importância do brincar na infância38/245
retrizes e Bases, a infância foi reconhecida 
como primeira etapa da educação básica e 
a criança como sujeito de direito. O Estatu-
to da Criança e do Adolescente define a ida-
de de criança até doze anos incompletos e 
adolescentes de 13 aos 18 anos. No artigo 
16, inciso IV e descreve “O direito a liberda-
de compreende os seguintes aspectos: di-
reito a brincar, praticar esportes e divertir-
-se” (BRASIL, 2010, p. 24).
O direito à brincar está registrado também 
na Declaração Universal dos Direitos da 
Criança aprovado em 20 de novembro de 
1959 pelo Fundo das Nações Unidas para a 
Infância (UNICEF) em seus artigos 4º e 7º: 
Link
Texto na íntegra do Estatuto da Criança e do Ado-
lescente 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em: 20 
maio 2017.
Unidade 2 • A importância do brincar na infância39/245
Art. 4º: A criança terá direito à alimentação, à recreação e à assistência mé-
dica adequadas [...]
Art. 7º: A criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visan-
do os propósitos mesmos da sua educação; a sociedade e autoridades pú-
blicas empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito. (UNICEF, 1990)
Link
Declaração dos Direitos da Criança em 1959. 
Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Crian%C3%A7a/declaracao-
-dos-direitos-da-crianca.html>. Acesso em: 27 jun. 2017.
A legislação internacional e nacional assegura o direito de a criança ter momentos de brinca-
deiras porque entende que o brincar além de proporcionar momentos de lazer é constitutivo 
da infância. A brincadeira oferece possibilidades de investigações que ajuda na exploração das 
aprendizagens das diferentes linguagens da criança. 
Unidade 2 • A importância do brincar na infância40/245
Link
Brinquedos e brincadeiras de creches. Documen-
to elaborado pelo Ministério de Educação visando 
atender as normatizações da Emenda Constitu-
cional nº 59 que determinou o atendimento ao 
educando em todas as etapas da educação básica 
por meio de programas suplementares de orien-
tação didática. 
Disponível em: <http://agendaprimeirainfan-
cia.org.br/arquivos/publicacao_brinque-
do_e_brincadeiras_completa.pdf>. Acesso 
em: 20 maio 2017.
Portanto, a brincadeira exerce um papel im-
portante nas diferentes experiências do co-
tidiano infantil, podendo ser de caráter livre 
e espontâneo ou direcionado a uma ativi-
dade lúdica com objetivos pedagógicos.
A brincadeira pode ser caracterizada como 
livre quando desenvolvida sem obrigação e 
possui ato simbólico ou imaginário atuando 
como atividade cultural, ajuda na organi-
zação, sequência de ações e no desenvolvi-
mento ético. 
Unidade 2 • A importância do brincar na infância41/245
1. A brincadeira e a infância 
Ao definir os critérios para atendimento das 
crianças de zero a seis anos, as pesquisado-
ras, Rosemberg & Malta (2009) em seu livro 
“Critérios para um atendimento em creches 
que respeite os direitos fundamentais das 
crianças”, estabeleceram como ponto cen-
tral do respeito aos direitos da criança enfa-
tizando a brincadeira como primeiro crité-
rio (ROSEMBERG & MALTA, 2009). A brinca-
deira faz parte da cultura lúdica da criança, 
contribui nas diferentes vivências e repre-
sentações, uma delas refere-se aos signifi-
cados que os objetos assumem no processo 
do brincar. Diferentes papéis poderão ser 
desenvolvidos no contexto das brincadeiras 
entre as crianças. Por exemplo, “no faz de 
conta” existe a presença de situações ima-
ginárias em que as brincadeiras se tornam 
o instrumento para a criança desenvolver 
sua autoestima, identidade, regras na con-
vivência social e situações problemas. É por 
meio do brinquedo que a criança interage, 
cria situação imaginária, domina conheci-
mentos e se integra na cultura. “No brin-
quedo a criança comporta-se de forma mais 
avançada do que nas atividades da vida real 
e também aprende a separar objeto e signi-
ficado” (OLIVEIRA,1993, p. 67).
Unidade 2 • A importância do brincar na infância42/245
A criança no faz de conta ou jogo simbólico 
apropria-se e transmite atitudes de seu co-
tidiano e seus desejos. Ao assumir a repre-
sentação, apropria-se de papéis de pesso-
as que convivem no seu dia a dia, como pai, 
mãe, tios, irmãos, primos e professores.Para saber mais
O brinquedo é a atividade principal da criança, 
aquela em conexão com a qual ocorrem as mais 
significativas mudanças no desenvolvimento psí-
quico do sujeito e na qual se desenvolvem os pro-
cessos psicológicos que preparam o caminho da 
transição da criança em direção a um novo e mais 
elevado nível de desenvolvimento. (LEONTIEV, 
1998 b).
Unidade 2 • A importância do brincar na infância43/245
Segundo Vygotsky (2002, p. 122 e 123):
“[...] toda função da consciência surge originalmente na ação, sendo que as ações 
internas e externas são inseparáveis: a imaginação, a interpretação e a vontade 
são processos internos conduzidos pela ação externa [...] Esse processo na ativi-
dade lúdica ocorre por meio da brincadeira ou brinquedo. A brincadeira propor-
ciona o deslocamento da ação para o pensamento. 
Quando a criança brinca, transporta os sentimentos, suas atitudes expressam experiências mo-
tivadas muita das vezes por regras já implícitas. Fromberg (1987 apud Kishimoto 2006, p. 27) 
caracteriza o jogo como:
• simbolismo: representa a realidade e atitudes; significação: permite relacionar 
ou expressar experiências; 
• atividade: a criança faz coisas; 
• voluntário ou intrinsecamente motivado: incorporar motivos e interesses; 
• regrado: sujeito a regras implícitas ou explícitas,
• episódicas: metas desenvolvidas espontaneamente.
Unidade 2 • A importância do brincar na infância44/245
As representações que a criança constrói 
enquanto brinca apresentam significados 
que são assumidos em diferentes papéis, 
como: a menina torna-se mãe, tia, irmã, 
professora ou o menino que tornar-se pai, 
índio, polícia, ladrão. Enquanto simula os 
diferentes papéis nesseprocesso de “faz de 
conta”, promove seu desenvolvimento cog-
nitivo e afetivo social. (BOMTEMPO 2006). 
Atualmente, a criança pode se apropriar de 
outros personagens divulgados na mídia 
como a televisão, cinema, vídeo games e 
brincadeiras que são produzidos por meio 
de brinquedos industrializados podendo 
modificar a cultura lúdica na introdução de 
novos personagens (BROUGÈRE, 1998).
2. A importância da brincadeira 
na infância 
Alguns teóricos apresentam suas interpre-
tações sobre o Jogo Simbólico ou o “faz de 
conta” no imaginário infantil. 
Para saber mais
A cultura lúdica não está isolada da cultura glo-
balizada. Hoje, a criança recebe informações de 
diferentes meios de comunicação oferecida pela 
mídia. A internet, a televisão e o rádio contribuem 
na transmissão de diferentes conteúdos que 
exercerão interferências nos modelos de cultura 
infantis existentes (BROUGÈRE, 1998).
Unidade 2 • A importância do brincar na infância45/245
2.1 Piaget
Para Piaget (1975) quando a criança brin-
ca, ela assimila de forma espontânea sem 
a preocupação com a realidade. A função 
simbólica consiste na capacidade que a 
criança adquire ao diferenciar significantes 
e significados. Por meio de suas manifesta-
ções, a criança torna-se capaz de represen-
tar um significado (objeto-acontecimento) 
por meio de um significante diferenciado 
e apropriado para essa representação. O 
apogeu do jogo simbólico ocorre entre 2 e 4 
anos de idade (PIAGET, 1975 apud FREITAS, 
2010, p. 148).
Quando a criança se apropria do jogo sim-
bólico, ela constrói um mundo livre sem 
sanções e regras projetados pelos adultos, 
facilitando sua criatividade em transformar 
sua realidade de acordo com os interesses 
infantis.
Unidade 2 • A importância do brincar na infância46/245
Para Piaget (1975), o jogo simbólico ou a 
brincadeira do “faz de conta” consiste na 
assimilação egocêntrica do real. O pen-
samento lúdico assumirá o processo que 
mistura entre a realidade e a fantasia, dis-
torcendo a percepção da realidade. A fun-
ção simbólica é a capacidade que a criança 
adquire de diferenciar os significantes (sig-
nos e símbolos) dos significados (objetos ou 
acontecimentos, uns e outros esquemáti-
cos ou conceitualizados). A partir do segun-
do ano de idade, a criança já consegue, por 
meio de símbolos, representar ações, utili-
zando a imitação, imagem mental, lingua-
gem e desenho. O jogo imaginativo pode 
acontecer em pares ou grupos de crianças 
que em alguns momentos introduz objetos 
inanimados, pessoas e animais ausentes.
Para saber mais
Jean Piaget nasceu em Neuchâtel na Suíça no dia 
9 de agosto de 1896. Em 1918 obtém seu douto-
rado em Ciências Naturais. Em Zurique busca for-
mação em psicologia para a elaboração de uma 
epistemologia biológica. Muda-se para Paris, 
onde segue seus cursos de psicologia, lógica e fi-
losofia das ciências. Autor dos livros: A linguagem 
e o pensamento da criança, Introdução à episte-
mologia genética e outras obras. Em seus estudos 
sobre a Teoria do Conhecimento identificou qua-
tro estágios de evolução mental da criança: sen-
sório motor, pré-operatório, operatório concreto, 
operatório formal. Suas pesquisas revelaram que 
a lógica de raciocínio das crianças difere do adul-
to. Em 1980 morre em Genebra. 
Unidade 2 • A importância do brincar na infância47/245
Enquanto assume o jogo simbólico, a criança constrói um mundo sem regras, sanções e normas 
estabelecidas pelo adulto, facilitando a transformação da realidade em fantasia para satisfazer 
seus desejos e conflitos. 
2.2 Vygotsky
Ele discute o papel do brinquedo enfatizando a brincadeira do “faz de conta” como uma ação 
privilegiada no papel do desenvolvimento. Nesse processo imaginário, como a brincadeira, a 
criança adquire um comportamento determinado pela situação concreta em que se encontra. 
Além de uma situação imaginária, o brinquedo é também uma atividade 
regida por regras. Mesmo no universo do “faz de conta” há regras que de-
vem ser seguidas. Numa brincadeira de escolinha, por exemplo, tem que 
haver alunos e uma professora, e as atividades a serem desenvolvidas têm 
uma correspondência pré-estabelecida com uma escola real (OLIVEIRA, 
1993, p.67).
Unidade 2 • A importância do brincar na infância48/245
Para Vygotsky (1993) o que na realidade muitas ações passam despercebidas, na brincadeira de 
“faz de conta” torna-se regra e a criança compreende os diferentes papéis que representa. “No 
brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e 
também aprende a separar objeto e significado” (OLIVEIRA, 1993, p.67).
Para saber mais
O russo Lev Semenovich Vygotsky, nasceu em 17 de novembro de 1896, na cidade de Orsha e morreu aos 
37 anos de tuberculose. Estudou Direito, Filosofia e História e durante os anos de 1924-1934 cria sua te-
oria histórico-cultural dos fenômenos psicológicos. Sua abordagem busca uma síntese para a psicologia 
que integra o homem enquanto corpo e mente, enquanto ser biológico e ser social, enquanto membro da 
espécie humana e participante de um processo histórico. Dedicou-se aos estudos denominados “funções 
psicológicas superiores” ou processos mentais superiores. O ser humano tem a possibilidade de pensar 
em objetos ausentes, imaginar eventos nunca vividos, planejar ações a serem realizadas em momentos 
posteriores (Oliveira, 1993, p. 26).
A brincadeira de “faz de conta” na teoria de Vygotsky corresponde ao jogo simbólico descrito por 
Piaget. O papel do brinquedo no desenvolvimento da criança favorece a promoção de diferentes 
atividades que se apropriando de situações imaginárias pode ser utilizada na função pedagógica. 
Unidade 2 • A importância do brincar na infância49/245
Para Vygotsky (2002) o desenvolvimento é 
um processo que ocorre de fora para dentro 
por meio da apropriação da cultura. O adul-
to e os colegas formam o grupo de media-
dores da cultura que possibilita o desenvol-
vimento da criança. Portanto, a aprendiza-
gem se dará pela mediação do adulto com 
a criança. Vygotsky construiu o conceito 
de Zona de Desenvolvimento Proximal, re-
ferindo-se às possibilidades da criança que 
podem ser desenvolvidas a partir do ensino 
sistemático (BOCK, 2002). 
A aprendizagem é, portanto, um processo 
essencialmente social, que ocorre na inte-
ração com os adultos e os colegas. 
2.3 Wallon
Para Wallon (1995), o meio social é o fator 
preponderante na formação da persona-
lidade da criança. A relação social estabe-
lecida na brincadeira favorece o desenvol-
vimento e a exploração dos sentidos. É por 
meio da brincadeira que a criança estabele-
ce a primeira relação de comunicação com 
o meio através do corpo. Para Wallon o ato 
de brincar está relacionado à satisfação e ao 
prazer de quem está envolvido, se for uma 
imposição, deixa de ser brincadeira. 
A criança reage aos estímulos exteriores 
adotando posturas e expressões que “no faz 
de conta” é possível compreender com mais 
clareza a origem corporal da representação. 
Unidade 2 • A importância do brincar na infância50/245
Por exemplo, a criança que arruma os braços como se estivesse carregan-
do uma boneca e balança-o como se estivesse ninando. Ou a criança que 
faz o gesto de pegar o sabão, de abrir a torneira, de esfregar e enxugar 
como se estivesse dando banho em um bichinho de estimação (GALVÃO, 
1995, p. 73).
Nesse processo em que o objeto é substituído em gestos simbólicos é denominado de simulacro 
como representação.
Na infância torna-se evidente o papel do movimento, a criança reage aos estímulos externos 
através da postura e expressões. A partir dessa impregnação perceptiva ela consegue reproduzir 
cenas através da imitação, que segundo Wallon “é uma forma deatividade que revela, de manei-
ra incontestável, as origens motoras do ato mental” (WALLON, 1995, p. 72).
Unidade 2 • A importância do brincar na infância51/245
A brincadeira para Vygotsky valoriza o fator 
social, abordando que no jogo de papéis a 
criança cria uma situação de faz de conta, 
incorporando diferentes elementos da cul-
Para saber mais
Henri Wallon nasceu na França em 15 de junho 
de 1879 e morreu em 01 de dezembro de 1962. 
Foi médico, psicólogo e filósofo e desenvolveu te-
orias pedagógicas. Ele vê o desenvolvimento da 
pessoa como uma construção progressiva em que 
sucedem fases alternando afetivo e cognitivo. Em 
sua teoria, Wallon descreve cinco estágios: im-
pulsivo-emocional, sensório-motor e projetivo, 
personalismo, categorial e adolescência (Galvão, 
1995).
tura adquiridos pela comunicação e inter-
ação social. Para Piaget o brincar representa 
uma fase de desenvolvimento da inteligên-
cia evidenciado pelo desenvolvimento da 
inteligência representado pelo domínio da 
assimilação e acomodação. Na concepção 
de Wallon, infantil é sinônimo de lúdico, por 
ser uma atividade voluntária da criança.
É por meio da brincadeira e dos brinquedos 
que a criança desenvolve canal de comuni-
cação, uma forma de diálogo com o mundo 
adulto. 
Unidade 2 • A importância do brincar na infância52/245
Glossário
UNICEF: o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) foi criado em 11 de dezembro de 
1946, pela Organização das Nações Unidas (ONU), para atender, na Europa e na China, às ne-
cessidades emergenciais das crianças durante o período pós-guerra. Disponível em: <https://
www.unicef.org/brazil/pt/faq.html>. Acesso em: 18 abr. 2017.
Simulacro: é um procedimento relativo à produção de sentidos. Quanto mais próximo estiver da 
realidade, do objeto, menos deixará de ser uma representação. O distanciamento colabora para 
o surgimento das manifestações de simulacros. Quanto mais distante, mais se tem uma ideia do 
real, mais se imagina o que é o real, menos clareza se tem do que é a realidade. É como se hou-
vesse uma transformação das coisas em algo parecido com sua forma original (BAUDRLLARD, 
1992). Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br>. Acesso em: 19 abr. 2017.
Zona de Desenvolvimento Proximal ou Potencial: é a distância entre o nível de desenvolvimen-
to real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas e o nível de 
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação do 
adulto ou em colaboração com outros companheiros mais capazes (VYGOTSKY, 1993).
Questão
reflexão
?
para
53/245
A brincadeira faz parte do universo infantil. Qual a con-
tribuição de Piaget, Vygotsky e Wallon no desenvolvi-
mento da criança?
54/245
Considerações Finais (1/2)
• O lúdico torna-se o canal de comunicação de grande importância no 
mundo infantil, porque auxilia a criança, em seu imaginário, a cons-
truir uma ponte entre a fantasia e a realidade.
• Quando a criança se apropria do jogo simbólico consegue vivenciar 
diferentes situações de seu cotidiano, abrindo espaço para um diálo-
go com os adultos e seus parceiros infantis.
• A relação entre a criança e o objeto torna-se visível nas diferentes 
situações vivenciadas pelas crianças na reprodução das ações dos 
adultos quanto às representações de papéis.
• A relação entre o lúdico e a infância nos remete a uma reflexão quanto 
ao direito de a criança brincar. É necessário construir espaços lúdicos, 
como parques, brinquedotecas, espaços públicos voltados à infância 
para vivências e interações sociais.
55/245
• É por meio da interação social que a criança se apropria da cultura, 
resolve conflitos, negocia sentimentos, constrói novas ideias e solu-
ciona problemas.
Considerações Finais (2/2)
Unidade 2 • A importância do brincar na infância56/245
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BROUGÈRE, Gilles. A cultura lúdica. São Paulo: Revista da faculdade de Educação, Vol. 24, nº 2. 
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Unidade 2 • A importância do brincar na infância57/245
FREITAS, Maria Luiza de Lara Uzun. A evolução do jogo simbólico na criança. Ciências e Cog-
nição. V. 15 (3), p. 145-163, 2010. Disponível em: <http://www.cienciasecognicao.org>.> Acesso 
em: 19 abr. 2017. 
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópo-
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KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cor-
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LEONTIEV, A.N. Uma contribuição à teoria do desenvolvimento da psique infantil. In: VY-
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LUIZ, Jessica Martins marques et al. As concepções de jogos para Piaget, Wallon e Wygotsky. 
Buenos Aires: Revista digital EFDeportes.com Ano 19, nº 195, Agosto de 2014. Disponível em: 
<http://www.efdeportes.com>. Acesso em: 21 maio 2017.
MUDADO, Tereza Harmendani. A brincadeira como educação da vontade: cumprir as regras 
é a fonte de satisfação. Revista Virtual de gestão de Iniciativas sociais. Publicada em junho de 
2008. Disponível em: <http://www.ltds.ufrj.br/>. Acesso em: 18 abr. 2017.
Unidade 2 • A importância do brincar na infância58/245
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e represen-
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___________ Seis estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
OLIVEIRA, Elisangela Modesto Rodrigues de. O Faz de Conta e o Desenvolvimento Infantil. Re-
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br>. Acesso em: 18 abr. 2017. 
OLIVEIRA, Marta Kohl. VYGOTSKY. Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-históri-
co. São Paulo: Scipione, 1993. 
ROSEMBERG, Fúlvia e MALTA, Maria. Critérios para um atendimento em creches que respeite 
os direitos fundamentais das crianças. Brasília: MEC/SEB, 2009. 
VIGOTSKI, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2002.
_____________ A brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança. Revista 
Virtual de Gestão de Iniciativas Sociais, Junho de 2008. Disponível em: <http://www.ltds.ufrj.br>. 
Acesso em: 21 maio 2017.
59/245
Assista a suas aulas
Aula 2 - Tema: A Importância do Brincar na In-
fância. Bloco I
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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Aula 2 - Tema: A Importância do Brincar na In-
fância. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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7c3f6aec9dbaca7b6b2604edd2702f6c>.
60/245
1.Ariès, pesquisador francês, utilizando-se de documentos e da iconografia 
religiosa no período medieval trouxe uma contribuição importante sobre a 
concepção de infância: 
a) A criança é um adulto em miniatura a partir do século XX.
b) O sentimento de infância surgiu após o século XIX com a psicologia da infância.
c) A participação da criança nas atividades do adulto, na idade média, reconheceu a criança 
como sujeito de direito. 
d) O sentimento de infância só foi reconhecida com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 
1996.
e) A família e o sentimento de infância adquiriram visibilidade após o século XVII.
Questão 1
61/245
2. Segundo a Declaração dos Direitos da Criança em seu art. 7 “a criança 
terá ampla oportunidade para brincar” (UNICEF, 1990).
Questão 2
a) Porque a brincadeira ajuda no desenvolvimento social da criança.
b) Por meio da brincadeira a criança se socializa.
c) A família precisa levar os filhos aos parques para cumprir a lei. 
d) A criança como cidadão tem o direito ao lazer e a brincadeiras.
e) O Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) em seu artigo 1º considera-se criança, a pessoa 
até doze anos incompletos, e adolescente aquele entre doze e dezoito anos de idade.
62/245
3. Algumas características da brincadeira se tornam evidentes entre as crian-
ças:
Questão 3
a) Na brincadeira as crianças desempenham sempre o mesmo papel no mundo simbólico.
b) Quando as crianças brincam simulam diferentes papéis no seu imaginário.
c) A mídia impede que as crianças brinquem de faz de conta porque modifica a cultura lúdica.
d) Quando a criança brinca no jogo simbólico ou faz de conta, as regras são impostas pelo 
adulto. 
e) A criança só brinca de faz de conta quando está no coletivo.
63/245
4. Para Vygotsky, a criança no faz de conta, não vê o objeto como ele é, mas 
confere um novo significado. Exemplo: cabo de vassoura pode ser um cavalo. 
Questão 4
a) Na brincadeira quem estabelece a regra é o adulto e não a criança.
b) Na brincadeira, o jogo simbólico é a relação entre assimilação e acomodação.
c) Na brincadeira a criança cria novas relações entre as situações no pensamento e situações 
reais. 
d) A criança enquanto brinca nomeia os objetos de acordo com o significado real. 
e) É por meio da brincadeira imaginária que a criança brinca sem se importar com as regras e 
os papéis dos personagens.
64/245
5. Considerando os teóricos que estudam sobre a brincadeira, podemos afir-
mar que:
Questão 5
a) A brincadeira favorece um diálogo entre a criança e o adulto porque é resultado de ativida-
des pedagógicas com regras.
b) A interação entre a criança e o adulto dificulta o mundo simbólico porque a criança reproduz 
as ações dos adultos.
c) A relação entre a brincadeira e a infância, remete ao direito de toda a criança ter acesso aos 
meios de comunicação para ampliar sua cultura lúdica.
d) O jogo simbólico implica na representação de um objeto por outro cujo significado seja idên-
tico.
e) A relação entre a criança e o faz de conta torna-se visível na reprodução das ações do adulto 
nas representações de papéis.
65/245
Gabarito
1. Resposta: E.
O francês Àriès, em seus estudos sobre a 
história social da criança e da família, con-
cluiu que por volta do século XII, a arte me-
dieval desconhecia a infância ou não tenta-
va apresentá-la. O autor afirma que não ha-
via lugar para a infância nesse período. Só 
a partir do século XVII com o surgimento do 
sentimento de apego, afeto, a criança passa 
reconhecida.
2. Resposta: D.
A criança, enquanto cidadã, tem o direito 
que lhe foi outorgada pela Convenção dos 
Direitos da Criança em 1959. É adotado por 
unanimidade, porém não era de cumpri-
mento obrigatório para os Estados mem-
bros. Em 1979 é celebrado o Dia Internacio-
nal da Criança e em 1990 no Brasil foi apro-
vado o Estatuto da Criança e Adolescente 
que também ratifica o direito da criança 
brincar.
3. Resposta: B.
A criança quando brinca desempenha dife-
rentes papéis em seu imaginário. Por meio 
do faz de conta ela é estimulada na área 
cognitiva a desenvolver situações proble-
mas; no físico a coordenação motora; no 
social compartilhar diferentes papéis e no 
emocional a autoestima e independência.
66/245
Gabarito
4. Resposta: C.
Vygotsky, em seus estudos, afirma que o 
brinquedo para a criança é coisa séria. Nes-
sa perspectiva, quando a criança ressigni-
fica o objeto em situações imaginárias, na 
realidade cria novas relações entre situa-
ções no pensamento e situações reais.
5. Resposta: E.
Para Piaget, o jogo simbólico se apresenta 
inicialmente solitário, evoluindo para o es-
tágio que ele denomina de jogo sociodra-
mático que é a representação de papéis, 
como brincar de médico, de casinha, de 
mãe, pai, etc.
67/245
Unidade 3
Conceituando jogos e brincadeiras
Objetivos
1. Estudar o significado de jogo, brin-
quedo e brincadeira no contexto edu-
cativo.
2. Reconhecer a diferença entre jogo e 
brincadeira.
3. Entender a importância dos jogos no 
desenvolvimento humano.
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras68/245
Introdução
Entender o significado de brincar e jogar 
ajudará a contextualizar e reconhecer a di-
ferença etimológica dessas palavras na lín-
gua portuguesa. Para melhor dialogar, ana-
lisaremos a partir de um contexto lúdico. 
Será que os termos têm o mesmo sentido 
em nossa cultura? A tradução do brincar 
em francês é (jouer), na língua inglesa (play) 
e na língua portuguesa os termos “brincar” 
e “jogar” têm significados distintos. Dantas 
(1998, p. 111) oferece a seguinte explica-
ção: “brincar é anterior a jogar, uma condu-
ta social que supõe regras. Brincar é forma 
mais livre e individual, que designa as for-
mas mais primitivas de exercício funcional”.
1. Conceituando Jogo e Brinca-
deira
Para saber mais: nas brincadeiras, as crian-
ças transformam os conhecimentos que já 
possuíam anteriormente em conceitos ge-
rais com as quais brinca. Brincar contribui 
para a interiorização de determinados mo-
delos dos adultos, no âmbito de grupos so-
ciais diversos (Brasil, 1998).
Os jogos são constituídos de regras, estra-
tégias e motivação para brincar. Os jogos 
também servem para competições, entre-
tenimento, lazer e disputa entre profissio-
nais da área. 
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras69/245
Segundo o dicionário infopédica (2017):
Jogo: atividade lúdica ou competitiva em que há regras estabelecidas e em 
que os praticantes se opõem, pretendendo cada um ganhar ou conseguir 
melhor resultado que o outro. 
Brincar: divertir-se com jogos; entreter-se com brincadeiras infantis; grace-
jar; zombar; proceder com leviandade em relação a algo (INFOPEDIA, 2017).
Kishimoto (2006) afirma que o jogo pode receber diversas interpretações, por exemplo, jogo de 
adulto, criança, animais, dominó, quebra-cabeça, xadrez, futebol, construir barquinhos, entre 
outros. A autora faz uma distinção entre os jogos de “faz de conta” e o jogo de xadrez. No pri-
meiro, a criança usa sua capacidade imaginativa ou simbólica e no segundo utiliza-se de regras 
padronizadas que direcionam os movimentos das peças. Exemplifica que brincar na areia pro-
porciona o prazer de encher e esvaziar os copinhos na manipulação dos objetos enquanto que a 
construção de um barquinho vai exigir tanto a representação mental do objeto como a habilida-
de manual na construção.
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras70/245
Enfatiza que o jogo de xadrez necessita de 
estratégias e regras para com o adversário, 
contudo, quando se joga pelo entreteni-
mento e o prazer, o resultado é lúdico. Mas 
se for uma disputa profissional em que os 
participantes jogam para competir e não 
apenas pelo prazer? O jogo deixa de ser es-
pontâneo epassa configurar como trabalho 
e obrigação. Nesse caso pode-se afirmar 
que é jogo?
A diferença se concentra na linguagem de 
cada contexto social e no uso de regras. A 
noção de jogo remete-se ao uso no cotidia-
no de acordo com as interpretações e proje-
ções sociais (KISHIMOTO, 2006, p. 16).
A partir da reflexão da autora, podem-se 
questionar outras atividades lúdicas como, 
por exemplo, o jogo de tabuleiro. É um brin-
quedo que pode ter a finalidade de lazer ou 
estratégia para a aprendizagem de núme-
ros. Nesse caso, é brincadeira ou recurso 
pedagógico? E a boneca? Kishimoto (2006) 
faz uma análise considerando o aspecto 
cultural da boneca. É um brinquedo para a 
criança reproduzir a relação entre “mãe e a 
filhinha”, mas em outras culturas, segundo 
as pesquisas etnográficas, pode representar 
divindades. Ela conclui diante dessa multi-
plicidade de manifestações culturais que se 
torna difícil definir o jogo sem avaliar suas 
peculiaridades.
Kishimoto (2006) citando as pesquisas de 
Brougère (1981, 1993) e Herinot (1983, 
1989) apresenta três aspectos sobre o jogo: 
a linguagem e o contexto social, um sistema 
de regras e um objeto. 
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras71/245
A noção de jogo não está condicionada ape-
nas à língua particular de uma ciência, mas 
ao uso cotidiano da linguagem que pressu-
põe interpretações e projeções sociais. O 
jogo enquanto fato social assume a cultura 
que a sociedade lhe atribui.
Os jogos que obedecem a um sistema de 
regras permitem ser identificado em qual-
quer modalidade, como por exemplo, o jogo 
de xadrez que difere do jogo de damas e do 
baralho.
O terceiro aspecto refere-se ao material 
que é confeccionado o jogo, o objeto. O pião 
pode ser confeccionado com a madeira e o 
xadrez pode ser confeccionado com plásti-
co ou outro material.
O brinquedo é diferente do jogo, o brinque-
do representa uma relação mais próxima da 
criança com a ausência de regras. Quando 
a criança se apropria de um brinquedo, é 
estimulada a reproduzir a natureza e o seu 
cotidiano, segundo Kishimoto “pode-se di-
zer que um dos objetivos do brinquedo é dar 
à criança um substituto dos objetos reais, 
para que possa manipulá-la” (KISHIMOTO, 
2006, p.18). 
1.2 Características do Jogo
Alguns estudiosos afirmam que uma das 
características do jogo ao ser considerado 
um elemento da cultura, tem relação com 
o prazer e também o desprazer. Kishimoto 
(2006), citando Vygotsky, afirma que no es-
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras72/245
forço de atingir seus objetivos, o jogo pode 
provocar desprazer. A relação da brinca-
deira está associada ao riso e o prazer, mas 
em determinada situação em que a criança 
está envolvida no processo de atingir seus 
desafios pode gerar momentos de descon-
forto, afinal, “brincadeira de criança é coisa 
séria”. Huizinga (1951) esclarece que en-
quanto brinca, a criança está concentrada 
diante do processo no ato de brincar. A au-
tora reafirma que o ato de brincar deve ser 
espontâneo e focado no prazer, o contrário, 
deixa de ser uma brincadeira e passa ser um 
jogo.
Uma das características marcantes no jogo 
são as regras internas e externas, conside-
rando sua intencionalidade não produtiva 
de associar o jogo à bens ou riqueza. Outro 
fato importante no ato de brincar infantil é a 
não preocupação com “aquisição de conhe-
cimentos ou habilidade mental ou física” 
(Kishimoto, 2006, p. 24). A característica 
do jogo infantil segundo alguns estudiosos 
pode ser assim classificada: 
Link
A concepção do jogo no desenvolvimento motor. 
Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/
educere/educere2006/anaisEvento/docs/CI-
060-TC.pdf>. Acesso em: 21 maio 2017.
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras73/245
• A não literalidade quando a realidade interna sobrepõe à realidade ex-
terna (ato simbólico).
• Efeito positivo quando demonstra sentimento através do sorriso, etc.
• Flexibilidade, a ausência de pressão cria um ambiente favorável a explo-
ração e investigação.
• Prioridade no processo de brincar. Sua atenção e 
• concentração está no processo e não no produto.
• Livre escolha, quando o jogo não é escolhido pela criança, torna-se tra-
balho e não brincadeira.
• Controle interno, quando o jogo recebe o direcionamento pela criança 
sem a coerção do adulto (CHRISTIE, 1991 apud KISHIMOTO, 2006, p. 25).
O resultado dessas pesquisas aponta alguns elementos que se relacionam com os jogos: a liber-
dade, as regras, a relevância do brincar, a imaginação ou a não literalidade, o contexto tempo e 
espaço.
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras74/245
A brincadeira no período do “Romantismo” 
defendia como conduta espontânea e livre 
como instrumento de educação na pequena 
infância, seus representantes são Jean-Paul 
Richter, Hoffmann e Fröebel. 
No século XVIII a infância estava no perío-
do conhecido como “Romantismo” em que 
se constrói um novo lugar para a criança. 
Muitos teóricos consideravam o jogo uma 
atitude espontânea. Os representantes da-
quela época eram os filósofos e educado-
res: Jean-Paul Richeter, Hoffmann e Fröebel 
(KISHIMOTO, 2006).
Com a entrada da psicologia da criança no 
século XIX, as pesquisas voltadas à criança 
recebem forte influência da biologia. Para 
Claparède (1956), o jogo infantil desem-
penha uma ação como “motor do autode-
senvolvimento”. A brincadeira e a imitação 
precisam fazer parte do desenvolvimento 
da criança. 
2. Piaget e o jogo
Piaget (1993), em suas pesquisas, se pre-
ocupou com o sujeito epistêmico e com os 
estudos dos processos de pensamento pre-
sentes desde a infância inicial até a idade 
adulta. Enfatizou em seus estudos a relação 
entre a criança e o adulto em processo ativo 
de interação nas diferentes etapas da vida.
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras75/245
Almeida (1994) descreve o desenvolvimen-
to psicogenético de Piaget que se classifica 
por estágios. O primeiro é o sensório-motor 
(1 a 2 anos) em que a criança desenvolve os 
sentidos, seus movimentos, seus músculos 
e seu cérebro. O bebê utilizando-se do ato 
de brincar movimenta as diferentes par-
tes do corpo. É no contato afetuoso com o 
adulto que a criança manifesta o primeiro 
sinal que demonstra uma educação lúdica. 
Link
Apresenta as concepções sobre a epistemologia 
genética segundo Piaget. Disponível em: <http://
www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/
scheme/article/viewFile/3183/2494>. Acesso 
em: 23 2017.
O segundo é a fase simbólica de 2 a 4 anos. 
A criança amplia os movimentos físicos, 
utiliza-se das mãos para pegar objetos, 
rasgar, desmontar. São ações intencionais, 
psicomotoras e simbólicas. Nessa fase do 
“faz de conta”, enquanto a criança desen-
volve sua imaginação através da imitação, 
também estimula o desenvolvimento inte-
lectual. “A função simbólica é a linguagem 
por um lado e o sistema de sinais sociais em 
oposição aos símbolos individuais. Mas ao 
mesmo tempo em que existe essa lingua-
gem existem outras manifestações da fun-
ção simbólica” (PIAGET, 1993, p. 218).
Na fase intuitiva (4 a 7) a criança está pro-
pensa à imitação e a questionamentos, é a 
fase da busca em saber os porquês. O jogo 
nesta fase estimula e enriquece os “esque-
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras76/245
mas perceptivos (visuais, auditivos e cines-
tésicos) e os operativos (memória, imagi-
nação, lateralidade, representação, análise, 
síntese, causa, efeito)” (ALMEIDA, 1994, p. 
34). Nessa fase as crianças brincam com ou-
tras crianças, ainda não conseguem enten-
der as regras e por isso em algum momento 
ocorrem brigas. O adulto exerce papel muito 
importante nessa fase do desenvolvimento 
físico, mental e afetivo. É nesse período que 
a família precisa oferecerum ambiente rico 
em informações e possa estimular o desen-
volvimento, nunca obrigando a assimilar 
isso ou aquilo. As crianças devem participar 
de uma pré-escola e escola com objetivo de 
auxiliar no desenvolvimento infantil. 
Na fase da operação Concreta de (7 a 12 
anos) a criatividade da criança torna-se 
intencional. Tem o objetivo de romper os 
esquemas por conta das perguntas e solu-
cionar problemas. Adquire consciência da 
vida social e gosta de participar da práti-
ca esportiva. “O jogo não é uma atividade 
isolada de um grupo de pessoas, ela reflete 
experiências, valores da própria comunida-
de em que são inseridas” (ALMEIDA, 1994, 
p.37). As regras vão se incorporando de ma-
neira democrática, contudo diante de uma 
competição, a criança pode desobedecer ao 
regulamento ou regras.
Fase da operação abstrata, a partir dos 12 
anos, os jogos são realizados com objeti-
vo do equilíbrio físico. A prática de espor-
te constitui para o adolescente uma forma 
de ajudar no equilíbrio emocional ou social 
e a construção de princípios de vida. O que 
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras77/245
chama atenção é que no jogo os adolescen-
tes têm comportamentos diferentes por ser 
uma atividade livre.
Os jogos através de suas regras podem con-
tribuir para uma visão de mundo, uma pos-
tura e muitas vezes o rompimento do senso 
comum.
3. Vygotsky e o brinquedo 
Para saber mais
“a obra de Piaget sobre a epistemologia genética 
apresenta como o conhecimento se desenvolve 
desde as rudimentares estruturas mentais do re-
cém-nascido até o pensamento lógico do adoles-
cente” (RAPPAPORT, 1991, p.51-52).
Link
A brincadeira de faz de conta e a infância segun-
do Vygotsky.
Disponível em: <http://editorarevistas.
mackenzie.br/ index.php/t int/art icle/
view/9807/6068>. Acesso em: 27 jun. 2017.
Segundo Vygotsky, a brincadeira exerce in-
fluência no desenvolvimento infantil. Na 
realidade, ele discute o papel do brinquedo 
e em especial refere-se ao “faz de conta” 
como “brincar de casinha, brincar de esco-
linha, brincar com cabo de vassoura” (OLI-
VEIRA, 1993, p.66).
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras78/245
Quando a criança brinca com tijolinho de 
madeira imitando um carrinho, na realidade 
ela está relacionando com o significado de 
carro e não ao objeto tijolo. O tijolo de ma-
deira que representa o carrinho serve como 
representação de uma realidade ausente e 
contribui para separar objeto e significado. 
O brinquedo, mesmo em situação de “faz 
de conta”, exige regras. Estas precisam ser 
seguidas, por exemplo: numa escolinha pre-
cisa ter os professores e alunos, na brinca-
deira de ônibus, necessita de um motorista. 
“No brinquedo a criança comporta-se de 
forma mais avançada do que nas atividades 
da vida real e também aprende a separar 
objeto e significado” (op. cit. P. 67).
“No decorrer do desenvolvimento do jogo, a 
motivação separa-se da percepção, ou seja, 
a criança é livre para agir diferentemente 
do que os órgãos dos sentidos indicam. Em 
situação de jogo, a criança vê, pega, ouve, 
manipula um objeto, fazendo de conta que 
é outro, existente somente no simbolismo” 
(PIMENTEL, 2007, p.229).
A organização de atividades contribui para 
a criação de situações imaginárias e pode 
ser explorada como função pedagógica no 
processo de desenvolvimento infantil.
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras79/245
Pimentel (2007) baseando-se no referen-
cial de Vygotsky, embora não tenha sido 
apontado pelo autor, descreve os critérios 
para integrar o lúdico no desenvolvimento 
das atividades infantis, considerando o pa-
Para saber mais
O projeto principal do trabalho de Vygotsky foi à 
tentativa de estudar os processos de transforma-
ção do desenvolvimento na sua dimensão filoge-
nética, histórico social e ontogenética. Sua preo-
cupação principal não era elaborar uma teoria de 
desenvolvimento infantil e sim explicar o compor-
tamento, para isso necessitou estudar a criança, 
porque está no centro da pré-história do desenvol-
vimento da cultura (REGO, 1995, p.24-25). 
pel do educador como mediador do proces-
so educativo, são eles:
1. Atribuição de significado ao apren-
dido: ao brincar, a criança tem cons-
ciência da diferença entre a fantasia 
“no faz de conta” e a realidade. Com-
pete o professor apropriar-se da ludi-
cidade infantil dos jogos e brinquedos 
em seus planejamentos, refletindo os 
seus objetivos nas possibilidades de 
análise de cada atividade.
2. Participação das crianças: é notório 
que ao planejar suas ações o professor 
deverá levar em conta a participação 
das crianças a fim de se apropriar das 
informações para suas intervenções. 
Para que isso ocorra, necessita variar 
os jogos tanto coletivo como indivi-
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras80/245
dual. “Criar situações que estimulem 
a livre escolha; diversificar materiais; 
solicitar produtos com qualidades dis-
tintas durante e após a realização das 
atividades.” (PIMENTEL, 2007, p.239).
3. Despertar a curiosidade pelo conhe-
cimento: é necessária a criação de um 
clima lúdico de ensino de maneira que 
a afetividade construída na brincadei-
ra contribua para despertar a curiosi-
dade do conhecimento.
4. Organização do cenário de apren-
dizagem em pequenos grupos ou 
duplas: o jogo em pequenos grupos 
libera e instrumentaliza o educador, 
porque oferece condições de observar 
detalhadamente cada criança.
5. Atitude metacognitiva das crian-
ças: desafiar a criança a explicar seu 
próprio raciocínio, suas hipóteses e 
ideias nos jogos coletivos, despertar 
a importância da prática das regras 
no próprio comportamento, se auto- 
avaliando em suas habilidades e atitu-
des. Segundo Leontiev, na pré-escola, 
o jogo é a principal atividade da crian-
ça, auxiliando o educador a desenvol-
ver estratégias para a internalização 
das regras. 
6. Conceitos advindos de experiências 
não escolares de origem: os concei-
tos informais e formais advindos do 
cotidiano podem ser integrados no 
ambiente escolar enriquecendo o cur-
rículo.
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras81/245
7. Funcionalidade da comunicação: é 
necessário fazer uso da linguagem, 
não basta apenas jogar. É preciso falar 
sobre o jogo, construindo uma ação 
auto-avaliativa.
O educador ao fazer uso desses critérios de 
intervenção compreende o seu papel como 
mediador, intervindo quando necessário 
nesse processo. Descreveremos em seguida 
os quatro critérios citados sobre a atuação 
das crianças nos jogos (Pimentel, 20117):
1. Interação criança e criança: todo 
percurso de internalização pressupõe 
parceria, que segundo a teoria de Vy-
gotsky possibilita e amplia a “Zona de 
Desenvolvimento Proximal – ZDP. A 
zona de Desenvolvimento Proximal ou 
potencial é a capacidade de desem-
penhar tarefas com ajuda de adultos 
ou de companheiros mais capazes. 
Enquanto que o nível de desenvolvi-
mento real da criança caracteriza-se 
pelas etapas já alcançadas, já con-
quistadas pela criança” (OLIVEIRA, 
1993, p. 59).
2. Auto-regulação do comportamento: 
é a capacidade de dirigir consciente-
mente a fala de maneira precisa explí-
cita.
3. Desenvolvimento coletivo: é a capa-
cidade desenvolver a abstração, supe-
rar o egocentrismo cognitivo e aceitar 
a atitude do outro, ou seja, o respeito 
mutuo.
Unidade 3 • Conceituando jogos e brincadeiras82/245
4. Afetividade: a interação entre crian-
ças exige uma proposição que mo-
bilize afeto e evite os conflitos. É im-
portante desenvolver atividades que 
exercitem a cooperação, o respeito e 
autonomia.
O jogo e a brincadeira além de contribuir 
para o desenvolvimento da criança na ap-
ropriação da cultura lúdica oferecem difer-
entes condições da criança interagir com as 
outras

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