Sutura Os fios de sutura cirúrgica foram conceituados como materiais utilizados para selar vasos sangüíneos e aproximar tecidos, em ações de ligar e suturar. Surgiram e foram desenvolvidos ao longo dos séculos em função da necessidade de controlar hemorragias e também de favorecer a cicatrização de ferimentos ou incisões por primeira intenção. Desde a antigüidade, um grande número de materiais de sutura foi testado e utilizado, tais como fibras vegetais, tendões, intestinos de vários animais, crina de cavalo, filamentos de ouro, dentre outros. Uma das menções mais antigas ao ato de suturar está registrada no papiro egípcio de Edwin Smith, que data de 3.500 a.C. O conceito de ligadura e sutura está também registrado nos escritos de Hipócrates e Galeno. Atribui-se ao médico árabe Rhazes a introdução da palavra kitgut, em 900 d.C., para designar fios confeccionados com tiras do intestino de animais herbívoros, utilizados como cordas de instrumentos musicais (kit) e largamente aplicados como sutura. Acredita-se que essa seja a origem da palavra Catgut, que denomina o fio de sutura cirúrgica mais conhecido em todos os tempos Muitos séculos se passaram e persistiu a idéia de que toda ferida deveria ser estimulada a formar pus, para que ocorresse a cicatrização. Ambroise Paré, no século XVI, foi um dos primeiros cirurgiões a acreditar na capacidade de regeneração dos tecidos vivos. Introduziu fitas adesivas para coaptar bordas, além de difundir a ligadura, em substituição à cauterização com azeite fervente. No século XIX, o médico americano Philipe S. Physick, através de seus experimentos com suturas, admitiu a possibilidade de um fio que cumprisse sua função e depois desaparecesse, sendo absorvido pelos tecidos circundantes. Ao final do mesmo século, Joseph J. Lister introduziu métodos para redução da infecção cirúrgica, inclusive a desinfecção dos fios em solução de ácido carbólico ou fenol. Ele foi também pioneiro na utilização de Ácido Crômico para aumentar a resistência do Catgut à absorção. Com o advento da industrialização, materiais como a Seda e o Algodão tiveram seu uso difundido e passaram a ser anexados em agulha. Em 1900, já se dispunha de Catgut em tubo de vidro mergulhado em solução esterilizante. A partir da Primeira Guerra Mundial foram sendo desenvolvidos métodos de esterilização mais seguros, como o Cobalto 60, além de materiais sintéticos para a confecção dos fios de sutura cirúrgica. Por volta de 1940 começou a utilização da Poliamida e Poliéster, em 1962 do Polipropileno e a partir de 1970 os primeiros fios absorvíveis de origem sintética começaram a ser comercializados. Assim começou a tendência de se utilizar uma variedade de fios para sutura cirúrgica esterilizados, com agulhas pré-instaladas e fornecidos para pronto uso. Os fios utilizados para sutura e ligadura cirúrgica estão divididos em 2 grandes grupos: absorvíveis e inabsorvíveis. Os fios absorvíveis perdem gradualmente sua resistência à tração até serem fagocitados ou hidrolisados. Eles podem ser de origem animal (Catgut Simples e Cromado) ou sintéticos multi ou monofilamentares (Poliglactina, Poliglecaprone e Polidioxanona). Os fios inabsorvíveis se mantêm no tecido onde foram implantados e podem ser de origem animal (Seda), mineral (Aço), vegetal (Algodão ou Linho) ou sintéticos (Poliamida, Poliéster, Polipropileno). Suas características e propriedades são definidas por órgãos oficiais e associações normatizadoras. No Brasil temos a Farmacopéia Brasileira e a norma brasileira NBR13904 da Associação Brasileira 1 de Normas Técnicas, dentre outras que se referem aos processos industriais. Em cada sutura realizada, de acordo com o tipo de tecido ou a estrutura onde o material está sendo implantado e as particularidades do paciente, o cirurgião busca encontrar o Fio Ideal. Características: • Alta resistência à ruptura permitindo o uso de diâmetros menores; • Boa segurança do nó; • Baixa reação tecidual; • Não favorecimento da instalação ou continuidade de um processo infeccioso; • Manutenção das bordas da incisão aproximadas até a fase proliferativa da cicatrização; • Boa visualização no campo operatório; • Desaparecer do tecido onde foi implantado quando não for mais necessário. As suturas são realizadas para dois propósitos: manter coaptação das bordas da ferida e resistir às forças de tensão extrínsecas até que a cicatriz adquira a sua própria força de tensão. Normalmente nos primeiros 4 dias, esta força intrínseca é praticamente zero, crescendo rapidamente, sendo que aos 9 dias a mesma já ultrapassa 20%. A complicação mais relacionada com a falha técnica é a deiscência, e são numeradas quatro causas básicas: uso de sutura absorvível que se enfraquece muito rápido, quando o fio de sutura se rompe, quando os nós da sutura de desatam ou quando os fios cortam os tecidos que os apóiam. Quanto aos materiais utilizados para sutura (fios), existem 4 propriedades de importância comuns a todos eles: a intensidade da resposta inflamatória nos tecidos, o comportamento do material na presença de infecção, sua durabilidade e sua facilidade de manuseio. Os materiais de sutura inabsorvíveis são a Poliamida, o Polipropileno, seda, algodão, poliéster, e outros. As suturas absorvíveis incluem o catgut (feito da submucosa do intestino de ovinos ou a serosa do intestino de bovinos), o catgut cromado (catgut banhado em sais de cromo), além de polímeros sintéticos como o Ácido Poliglicólico e Poliglactina 910 (multifilamentares) ou a Polidioxanona e o Poliglecaprone (monofilamentares). Os fios sintéticos são absorvidos por hidrólise e, os diferentes tipos de categute por digestão enzimática ou fagocitose. Todas as suturas causam variável grau de reação inflamatória nos tecidos em que são implantadas, parte pelo trauma de inserção e parte pelas suas propriedades físico-químicas. A resposta inflamatória crescente verificada nos fios multifilamentares tanto absorvíveis quanto inabsorvíveis pode ser atribuída aos vários filamentos que se entrelaçam, que num meio potencialmente contaminado pode favorecer a persistência de bactérias. Os fios monofilamentares comprovadamente levam à menor reação inflamatória. As suturas dos diferentes planos devem ser feitas de modo que não sobrem espaços entre as partes a serem unidas, assim como o tecido não deve ser tensionado pelos pontos dados. 2 Instrumentos Os bisturis podem ser totalmente descartáveis (cabo e lâmina são eliminados após o uso) ou somente as lâminas são removíveis e descartáveis. Estas se apresentam com formas e tamanhos variados, sendo as mais utilizadas as de número 10, 11, 12 13 e 15, que se adaptam ao cabo número 3. No caso de cabo 4, utiliza-se lâminas 21, 22, 23, 24 e 25. MANEIRAS DE EMPUNHAR O BISTURI Tesouras de íris, curvas e retas, têm a ponta aguda e cortante e são úteis tanto para excisões simples quanto para procedimentos maiores. Descolamentos e dissecções devem ser realizados com tesouras de ponta romba. Tesouras de Metzenbaum são ideais para este propósito. Para cortar fios deve-se usar as retas de Mayo. A manipulação delicada dos tecidos melhora o alinhamento da ferida cirúrgica e cicatrização pós-operatória. 3 As pinças podem ser com ou sem dentes, com cada tipo tendo o seu lugar. Para muitas manipulações do tecido, a pinça de Adson com dentes pode prover um controle preciso, mas delicado. Obviamente deve-se evitar esmagar a pele entre os dentes da pinça. Porta-agulha Para a maioria dos propósitos um pequeno porta-agulha é o ideal. Isto é particularmente verdade quando se trabalha com material de sutura fino em agulhas delicadas. A extremidade distal pode ser de aço na maioria das vezes, ou de qualidade superior