Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Política e Teoria do Estado II “Separação de poderes não é coisa de museu.” 1. Bibliografias importantes a) ARON, Raymond – Democracia e Totalitarismo. Lisboa: Presença, 1996 b) BOBBIO, Norberto – Estado, Governo e Sociedade c) DUVERGER, Maurice – As modernas tecno-democracias d) EAGLETON, Terry – Marx estava certo PONTO I: Gênese Histórica da Divisão de Poderes a) Estado Absolutista: Executivismo Absoluto O rei tem as funções de EXECUTAR, LEGISLAR, ADMINISTRAR E JULGAR. Aqui há a máxima concentração de poder na pessoa do rei e exíguas regras de controle de poder. b) Executivismo Arcaico: Supremacia do Parlamento O Rei PERDE o poder de LEGISLAR. A revolução gloriosa gera a Bill of Rights e acaba por reconhecer a autonomia do Parlamento para Legislar. AUTOR: John Locke – Teoria dos Poderes Diz que o LEGISLATIVO é mais importante, mas não deve ser um poder total. Conceito de Lei: Instrumento para libertar o indivíduo EXECUTIVO: está nas mãos do rei. O poder executivo tem a função de GOVERNAR, FEDERATIVA (relações internacionais) e possui PRERROGATIVA (poder discricionário para solucionar situações sem previsão). Falta em Locke uma teoria sobre o poder judiciário O Direito de Resistência existe em Locke para reestabelecer a ordem quando o rei se excede. c) Executivismo Clássico1: Tem início com o Act of Settlement. Garante autonomia ao JUDICIÁRIO. Rei não pode demitir juízes, salvo sentença do Parlamento. Irredutibilidade dos vencimentos AUTOR: Montesquieu – O Espirito das Leis (é anticontratualista e é liberal) - continuação do item sobre o executivismo cássico – 1 DICAS DE LIVROS: The Founding Brothers / As Cartas Persas (Montesquieu) 11 de Março de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Apresentação da disciplina Política e Teoria do Estado II "Quem diria, a própria virtude precisa de limites" (Montesquieu) - Montesquieu é o filósofo da moderação. Euritmia do Desejo -> é a chave de compreensão para Montesquieu, segundo Jean Starubinski. Não se deve desejar muito e nem pouco, deve haver uma “euritmia do desejo” para garantir a felicidade. Montesquieu se preocupa com o fanatismo religioso. Felicidade da Política -> Quanto maior o poder, maior é o risco de abuso. Montesquieu não pretende eliminar o poder, apenas dividi-lo (projeto realista). Se o poder é uma ameaça, vamos dividi-lo. Assim, inspirado na Constituição da Inglaterra ele lança a sua teoria da divisão de poderes. 1° Poder: Executivo das coisas que dependem do direito das gentes; FUNÇÃO: é manter a ordem interna e a segurança externa (hoje, estas são as aspirações de um estado mínimo. Montesquieu era um liberal, inimigo do estado forte). DE QUEM? Quem detém esse poder é o monarca. 2° Poder: Executivo das coisas que dependem do direito civil FUNÇÃO: Sua tarefa é punir os crimes e resolver conflitos entre os particulares. (poder de julgar). O juiz, para montesquieu, deve ser "La bouche de la loi", a boca da lei. No espírito das leis, ele afirma, em certo ponto, que o poder de julgar é nulo - não é ativo, é apegado à letra da lei-. As paixões humanas são violentas e conduzem a guerra, o direito, portanto, deve ser frio e conduzido pela razão. 3° Poder: LEGISLATIVO. FUNÇÃO: Sua função é fazer e revogar as leis. Ele propõe um legislativo bicameral, composto por: 1 Câmara baixa (dos comuns): eletiva com sufrágio universal. Esta tem o poder de estatuir, criar os estatutos 1 Câmara Alta (dos lordes): hereditária. Esta tem o poder de vetar, impedir, conter os excessos da câmara baixa. Na verdade, Montesquieu teme o povo. 14 de Março de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Divisão dos poderes Política e Teoria do Estado II OBSERVAÇÕES: Constituição Federal de 1988 -> Teoricamente, o Senado é o órgão de representação paritária entre os membros da federação (Darcy Azambuja). Mas, se é verdade que o senado tem essa função, é também outra coisa devida às seguintes características: - Seleciona a idade mínima de 35. - Também oferece um mandato de 8 anos, para que o senador não se preocupe com eleições e não tome decisões baseado na pressão popular. (2 heranças conservadoras). O primeiro senado moderno é o Americano e foi desenhado com inspiração de Montesquieu. Os pais fundadores norte americanos tinham medo de uma tirania da maioria. O Senado seria um freio ou contrapeso à uma provável tirania das maiorias (poder legislativo bicameral). Atualmente, na Inglaterra, a câmara dos Lordes possui apenas o poder de julgar. OBSERVAÇÕES SOBRE MONTESQUIEU O veto que o rei dá às decisões do Legislativo é absoluto e não pode ser derrubado. Os nobres, segundo Montesquieu, não deveriam ser julgados pelo "Judiciário", mas devem ser julgados pelos Lordes -seus pares- da Câmara Alta. CONCLUSÃO DE MONTESQUIEU: "Ou os poderes se trancam, ou eles marcham em conjunto harmonicamente" O objetivo de Montesquieu é, ao que parece, liberal. A liberdade para ele tem um duplo valor: - Ela é o fim supremo do direito e da política - Ela também é um meio para que o indivíduo possa trabalhar e prosperar. Política e Teoria do Estado II d) GOVERNAMENTALISMO: Tetrapartição dos poderes O Rei vai perder a Chefia de Governo. Haverá 4 poderes: REI - GOVERNO (1° Min) - JUDICIARIO - LEGISLATIVO Isso ocorre porque o Rei Inglês teve que aceitar o 1° Ministro que ele não queria, pelo abalo de legitimidade gerado pela independência dos EUA. MARCO JURÍDICO DA TETRAPARTIÇÃO: Reform Act (1832) - Cria o sufrágio universal - Refaz o cálculo da proporção de eleitores por distrito representado - Dá a possibilidade da maioria parlamentar de escolher o governo. PRINCIPAL AUTOR: Benjamin Constant Constant assistiu a 2 coisas:´ - A tirania dos Jacobinos - O Despotismo Napoleônico. Essas duas visões marcam o pensamento constitucionalista de Constant. É um Liberalismo Pós Revolucionário (Livro "A mentalidade pós revolucionária, de Bianca Maria Fontana). Conclusão de Constant: Em nome da soberania popular, se deram a tirania dos jacobinos e o despotismo napoleônico. O Despotismo e a Tirania acontecem em nome do Povo. Portanto, o poder concentrado é um perigo, esteja ele nas mãos do Rei Absoluto ou nas mãos do Povo. Portanto, ele quer defender a liberdade individual dos excessos da soberania popular. Ele propõe juridicamente a seguinte estratégia para limitar a separação de poderes: - PODER REAL/NEUTRO (CE) - PODER LEGISLATIVO - PODER DOS MINISTROS (CG) - PODER JUDICIÁRIO Política e Teoria do Estado II A chave do sistema político é a distinção clara entre o Poder Real e o Poder dos Ministros. Portanto, Constant é o primeiro a distinguir entre Chefe de Estado e Chefe de Governo. 4° Poder: O Poder real ou neutro está ao mesmo tempo acima e entre os demais poderes. Ele não pode tomar o lugar dos outros poderes. FUNÇÃO: O papel dele é impedir os choques, sem tomar-lhes as funções. DE QUEM? Esta atividadedo poder moderador é uma atividade de Chefe de Estado. Constant diz que o poder neutro de Chefe de Estado pode ser executado por alguém eleito, desde que com uma fonte de legitimidade diferente das eleições para a maioria parlamentar. e) PENTAPARTIÇÃO DO ESTADO: O quinto poder é a administração Qual a diferança entre governo e administração? - Governo é o órgão de direção política, ao passo de que a administração é um órgão de execução, focada numa ideia de meios de execução. A Administração dá os meios dentro da legalidade para o governo agir (Luis Sirne Lima). Isso tem a ver com a história do Estado Alemão, com forte influência do pensamento de Max Weber (Legitimidade Tradicional, Carismática ou Burocrática). Burocracia é governo da razão. Uma sociedade que voluntariamente escolhe as próprias leis e quer obedecer às leis, é uma sociedade que quer ser governada pela razão. O século XX é a era dos extremos ideológicos. Assim, os juristas concebem uma ideia de racionalização do poder, cujo objetivo é impedir que essas diferenças OBSERVAÇÕES: As Constituições da FRANÇA 58 e PORTUGAL 76 são baseadas na teoria de Benjamin Constant e na Constituição de 1824 brasileira. CFB1824: A chave do sistema político é o poder moderador. Há erro em dizer que essa ideia era absolutista. Esse poder não era superior aos demais poderes, não é absoluto. SOBRE O PODER DO REI: Ainda está nas mãos do Rei a Chefia de estado e a Administração. Política e Teoria do Estado II ideológicas se transformem em guerra. Portanto, os partidos devem respeitar as mínimas regras do jogo previsto na constituição. 5° Poder: A Administração não pode ser manipulada pelo governo ao bel prazer de quem é eleito. Deste modo, a administração passa a ser técnica, permanente e imparcial. A Administração continua sendo meio, mas desta vez enquadrada na legalidade e com garantia de continuidade. A Racionalização do Poder é uma utopia dos constitucionalistas alemães f) HEXAPARTIÇÃO DO ESTADO: Governamentalismo com Tribunal Constitucional. 6° Poder: O Tribunal Constitucional não é Poder Judiciário. Ele é um poder separado e independente do poder judiciário. Surge na Alemanha a partir de um trauma com o nazismo. Esse tribunal tem a missão de proteger os valores constitucionais mesmo sendo contra a maioria. Portanto, pode-se dizer que é contra majoritário. PRINCIPAL AUTOR: Hans Kelsen. “ Direito é um conjunto de normas e norma não tem moral. Há também uma hierarquia entre as normas, que no alto dessa pirâmide está o Tribunal Constitucional para defender a norma constitucional” TC tem a jurisdição constitucional e o Poder Judiciário tem a jurisdição comum. O Chefe de Estado é o defensor político da constituição e o Tribunal Constitucional é o defensor jurídico da Constituição (Louis Favoreu). Ex.: Briga do TC com o Judiciário espanhol foi resolvida com a ajuda do Rei (Chefe de Estado). PONTO II: O Problema do Alcance Esse debate é um debate antigo. a. Corrente da exclusividade: é ultra ortodoxa. Cada poder tem exclusividade na sua esfera de ação (Ex. só o legislativo pode legislar) b. Corrente do predomínio: cada poder tem o predomínio na sua esfera de ação. São toleradas interferências parciais de um poder na esfera de ação de outro poder. Política e Teoria do Estado II PONTO II: O Problema do Alcance – Maiores considerações Sobre a tese do predomínio, o que é proibido é que um poder tome o lugar de outro. Esta parece, na visão do professor, a mais adequada opção de separação de poderes. O próprio Montesquieu já lançava hipóteses de ação de um poder na esfera de ação de outro poder. EXEMPLOS: - Poder absoluto do rei - Nobres sendo julgados pelos seus pares) 1776 -> EUA se tornam independentes e assumem a forma de uma Confederação. 1787 -> EUA se tornam Federação e Presidencialismo ao adotar, na Convenção da Filadélfia, a 1° Constituição Americana. Cada colônia teve que ratificar essa constituição, e esse processo levou alguns anos pois ele sofreu resistências. Hamilton, Jay, Madison vão escrever artigos em jornais para defender a Constituição. (The Federalist Papers, livro): "A separação de poderes não impede que um poder invada parcialmente o campo de ação de outro departamento/poder. Ela só impede que um tome o lugar do outro". Essa compreensão de um poder atuando no outro foi batizada de "Checks and Balances", ou "Freios e Contrapesos". Se é preciso que um poder tranque um outro, para o benefício do Estado de Direito, é necessário que os 3 poderes exerçam um controle recíproco, senão os objetivos de Montesquieu não se realizariam. Charles Eisenman: Os três poderes não podem ser três retas paralelas, que nunca se tocam. Eles devem se intercruzar. PONTO III: Órgãos e funções 18 de Março de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Divisão de Poderes Política e Teoria do Estado II "Separação de poderes é uma separação de órgãos, de instituições. E também, a separação de poderes é uma separação de funções e tarefas. Porém, a separação de órgãos e de funções nem sempre coincidem." O órgão deve ter sempre o predomínio sobre sua respectiva função. EXEMPLO: Súmula Vinculante. - Súmula = pequenas frases que resumem um ato jurisprudencial - Súmula Vinculante é uma súmula que se torna obrigatória. Aqui, o judiciário está legislando e isso é uma prova de que a separação de órgãos e de funções as vezes não coincidem. Porém, isso não quer dizer que inexista a separação de funções. O órgão legislativo deve ter sempre o predomínio da função de legislar. Controle de Constitucionalidade do STF -> Segundo Kelsen, é um legislador negativo, pois ele diz o que NÃO é constitucional, excluindo essas leis do nosso ordenamento jurídico. PARTE IV - Perspectivas do STF a) Habeas corpus 92628 STF: Introdução: Furto feito por 1 pessoa = 1 a 4 anos de prisão Furto feito com concurso de pessoas = 4 a 8 anos Roubo feito por 1 pessoa = inicial de 4 a 10 anos, aumenta de 1/3 até a 1/2 se tiver concurso de pessoas. Há uma desproporção entre as penas de Roubo e Furto. O Habeas Corpus alega uma violação ao princípio da proporcionalidade. Queriam que o STF alterasse essa situação. O STF vai afirmar q o PJUD não pode violar a essência das normas legislativas e que só o legislador pode estabelecer normas primárias (norma que estabelece condutas). b) Mandado de Segurança 25510: Introdução: Uma CPI decretou a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de uma juíza federal. A juíza impetrou um mandado de segurança no supremo. Política e Teoria do Estado II Ministra Helen Gracie diz que o problema não é de fundamentação, mas de separação de poderes. O que foi violado foi a intangibilidade (intocabilidade) do magistrado no exercício da função jurisdicional. O CNJ é que deveria ter investigado. c) ADIN 2911: Pedido de impugnação do art. 57 da Constituição Estadual do Espírito Santo. "A Assembleia Legislativapoderá convocar [...] presidente do Tribunal de Justiça [...]." STF diz que o sistema de freios e contrapesos é materialmente inelástico. Esses controles só podem acontecer nos casos previstos na Constituição Federal, e no art. 50 dela só aparece a convocação dos Ministros de Estado e titulares de órgãos subordinados à presidência da república. d) Mandado de Segurança 23452: Quebra de sigilo de alguns cidadãos por parte da CPI Alegaram que a decisão não era fundamentada. Segundo STF, a CPI é a longa manos do poder legislativo, mas ela está sujeita a controle jurisdicional do judiciário. O controle judicial sobre a CPI não ofende a separação de poderes, porque o objetivo da separação de poderes é: 1° defender liberdades individuais 2° evitar a formação de instancias hegemônicas de poder. Portanto, os poderes da CPI são restritos e fiscalizáveis. Além disso, a fundamentação não pode ser a posteriori do ato, ela deve ser a priori. O Veto do Presidente da República viola a separação de poderes? Não, porque o veto faz parte do sistemas de freios e contrapesos - checks and balances-. OBSERVAÇÕES: Dica de Leitura: André Ramos Tavares - Teorias da Justiça Constitucional. Como encarar o controle de constitucionalidade? O livro é bom porque elenca várias teorias a cerca disso. Política e Teoria do Estado II 1) Parlamentarismo: Aqui não há uma rígida separação entre o Executivo e o Legislativo. Características: a) Parlamentarismo é Chefe de Estado é diferente do Chefe de Governo b) Não há rígida separação entre o Executivo e o Legislativo. O Governo é responsável pelo parlamento Observações: O Parlamentarismo é o resultado de vários acontecimentos históricos ao longo de 500 anos na Inglaterra. Portanto, ele não foi planejado, racionalizado, pois ele surgiu aos poucos e com várias influencias ideológicas. Quando o parlamento não quiser mais o 1° Ministro, ele pode praticar Moção de Desconfiança ou Censura. Porém, não se pode confundi-los com o Impeachment (presidencialismo) porque ele envolve crime de responsabilidade, e a moção é um ato de política. Quando o 1° min antevê a própria queda ele pode, em casos extremos, pedir ao Chefe de Estado que dissolva o parlamento, convocando novas eleições. Deste 20 de Março de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Parlamentarismo e Presidencialismo Este é o coração do Parlamentarismo 1° Ministro Escolhe seu Gabinete Formam o Executivo Poder Legislativo Política e Teoria do Estado II modo, o povo será o juiz da questão ao escolher a maioria parlamentar. Se a maioria se repetir, eles aplicam a Moção de Censura ou Desconfiança. É mais comum o Parlamento derrubar o 1° Ministro do que o Parlamento ser dissolvido. - Diferença entre Gabinete e Ministério: Gabinete é o órgão composto por alguns ministros (1° Ministro e outros mais importantes) Ministério é o conjunto de todos os ministros (os do gabinete e os outros da administração pública). 2) Presidencialismo: Presidente Característica: a) Chefia de estado é igual a Chefia de Governo Existe uma rígida separação entre Executivo e Legislativo: "A separação que existe entre Legislativo e Executivo é tão rígida quanto a separação entre Legislativo e Judiciário." (Assis Brasil) b) Obrservações: Tem data de nascimento certa: Convenção da Filadélfia O presidencialismo é pensado, criado por uma determinada arquitetura daquele momento histórico: 1787 Tem uma inspiração ideológica bem definida: É LIBERAL. Política e Teoria do Estado II É um sistema de governo criado por gente que se distanciou do Rei da Inglaterra, que não gostam e desconfiam do governo. O liberalismo forjou o presidencialismo, o presidencialismo foi planejado. Quem inventou o presidencialismo queria que o presidente não tivesse maioria parlamentar e que ela se chocasse com o presidente, pois os liberais realmente querem que o governo não funcione e deixe tudo na mão invisível do mercado. Portanto, a tendência natural é o choque. O que acontece na América Latina é que ou o presidente vive às turras com a Maioria ou ele coage a maioria para seus interesses. O problema do Mensalão é histórico em todo presidencialismo latino americano porque o Governo precisa funcionar e para funcionar ele precisa se entregar à maioria parlamentar. Em 1947 o RS adotou o Parlamentarismo e foi derrubado pelo STF 3) Intervenção do Estado na Economia O Presidencialismo é avesso ao intervencionismo estatal. A Harmonia entre Parlamento e 1° Ministro facilita o intervencionismo estatal. Os melhores modelos de Estado Social estão na Europa e com Parlamentarismo. "A diferença entre Republicanos e Democratas é que um é financiado pela Pepsi e outro pela Coca-Cola"(Prof. Rodrigo Valim) 4) Conclusão: Presidencialismo = Choque entre Presidente e Legislativo gera menor possibilidade de intervenção Parlamentarismo = A harmonia entre 1° Ministro e Legislativo gera maior possibilidade de intervenção estatal. Política e Teoria do Estado II Pontos de Análise sobre o Presidencialismo e o Parlamentarismo 1. Choque vs. Intervenção (aula passada) 2. A Fidelidade Partidária Presidencialismo: Se um presidente quiser governar, terá que contar com o seu partido no Parlamento e uma porção infiel da oposição. Portanto, o governo só funciona se ele contar com o apoio da porção infiel da oposição, o que nos leva a concluir que no presidencialismo, a infidelidade partidária é um mal necessário. Parlamentarismo: Como o 1° Min é uma escolha da maioria parlamentar, a fidelidade partidária é mais importante e cultivada, mais coerente. (Conclusão de Reymond Aron ao analisar os EUA). 3. Enfraquecimento dos Partidos Políticos Presidencialismo: o fenômeno do mensalão é antigo na república brasileira. Dada essa negociação entre os partidos e o presidente, gera-se um enfraquecimento dos partidos. Esses partidos que nós temos, são uma decorrência do sistema de OBSERVAÇÕES SOBRE A ÚLTIMA AULA 1) Parlamentarismo a) 1° Característica: CE diferente do CG b) 2° Característica: Governo responsável perante o parlamento (responsabilidade política - a maioria parlamentar pode derrubar o governo), portanto não existe rígida separação entre EXE e LEG. Quando a maioria parlamentar está revoltada com o 1° Ministro na Itália, eles fazem um Ribaltone. A retirada do 1° Ministro é um sintoma de uma crise simples. 2) Presidencialismo a) 1° Característica: CE é também CG b) 2° Característica: Rígida separação entre EXE e LEG e é por isso que não há armas para resolver problemas nessa relação. (Impeachment exige crime de responsabilidade - nem sempre precisa ser condenado pelo Senado (pela responsabilidade) e pelo STF (criminal), ambas condenações são independentes). Sansões do Impeachment: Perder o Cargo e Inelegibilidade para Função Pública em 8 anos. Portanto, ele supõe a pratica de crime de responsabilidade e não apenas um desgoverno. Sintoma de uma crise forte. 25 de Março de 2013 Prof. RodrigoValim Assunto: Parlamentarismo e Presidencialismo Política e Teoria do Estado II governo brasileiro, e nesse sistema de governo os partidos políticos se enfraquecem. Parlamentarismo: o sistema partidário no parlamentarismo tende a amadurecer. 4. Partidos Políticos: concepção Rousseau defende a Vontade Geral da Nação, mas ela não é a soma de todas as vontades e sim a vontade de todos guiada pela razão. Os cidadãos da vontade geral devem decidir bem informados e livres de interferências ou pressões de grupos. Rousseau era defensor da democracia direta, mas os liberais pegaram esse modelo e encaixaram-no nesse modelo de democracia livre e indireta. Segundo eles, os partidos são um prejuízo à vontade geral pois eles interferiam e prejudicavam a formação dela. Idealmente, o Parlamento, para os liberais clássicos, é um órgão de individualidades e de notáveis, e não de partidos políticos. A palavra partido, para os clássicos, tem muita ligação com divisão e corrupção e por isso são combatidos pois eram uma ameaça à vontade geral. Parlamentarismo: Os partidos se tornam programáticos e ideológicos. O eleitorado faz o voto pensando em um programa, uma maioria para apoiar esse programa e um 1° ministro para realizá-lo. O eleitorado escolhe o partido e a ideologia que irá ocupar o poder, isso é racionalização. Em vez de pragmáticos, são programáticos. Presidencialismo: os partidos são pragmáticos, focados nas relações políticas e não em um programa. Política e Teoria do Estado II a) Linhas de Pensamento Político em eleição, segundo Bobbio Pensamento focado no social, na economia, na moral e etc, baseado em Platão e Aristóteles Pensamento focado na reforma das instituições como solução para os problemas do país. b) Sistemas de Votação: Sistema distrital leva ao Bipartidarismo, o que oferece aos gabinetes maior estabilidade Proporcional de acordo com o número de votos (parlamento italiano e israelita): 20% dos votos = 20% das cadeiras. Isso pulveriza o parlamento e as coligações difíceis, e a maioria é complicada. Distrital Misto (Alemanha): 1 votação em uma pessoa no distrito e 1 votação em uma lista de partidos. Uma parte do parlamento se escolhe pelo proporcional e outra pelo voto distrital. Cláusulas de barreira: partido com menos de 5% de representação não entra. Isso gerou 4 partidos fortes na Alemanha. Política e Teoria do Estado II OBSERVAÇÕES INICIAIS: - Chefe de Estado: Tem função passiva (defesa política da constituição). A Constituição Espanhola fala que o Rei é árbitro e moderador. - Chefe de Governo: Tem função ativa (organização de políticas públicas) - PARLAMENTARISMO: As forças armadas estão à disposição do chefe de estado. 5) Sobreposição ou distinção da Chefia de Estado e da Chefia de Governo No Presidencialismo, geralmente, uma das duas funções não são executadas efetivamente. Forças armadas submetidas a alguém que é chefe de estado e chefe de governo é causa maior de golpes. 6) A Duração do Mandato do Governo No presidencialismo a duração do mandato é fixo. No parlamentarismo o mandato do gabinete não é fixo, pode durar anos ou dias. Quando se leva em conta a alternância de poder como a solução de problemas, o presidencialismo é a melhor opção. Porém, a facilidade para a troca de gabinete no parlamentarismo é uma vantagem pois não há crises de final de mandato (essas crises não tem uma boa solução no presidencialismo). 7) Garantias para a estabilidade institucional Se é verdade que no parlamentarismo o 1° Ministro pode cair a qualquer hora, também é verdade que há maneiras de minimizar os problemas. Umas das coisas é Chefia de Estado e Administração Pública que sejam autônomas e sejam garantias de continuidade. Embora o gabinete caia, há o Chefe de Estado e a Administração Pública. Enquanto o novo Gabinete não é eleito, o antigo continua governando. # Moção de Desconfiança Construtiva: Para evitar hiatos na continuidade do governo, os alemães inventaram esse mecanismo. Condiciona a derrubada do 1° Ministro à eleição imediata de um novo 1° Ministro. Se se quer derrubar o 1° Ministro, deve-se apresentar imediatamente o novo nome para ser chefe de governo. Isso evita certos riscos de queda de gabinete. 28 de Março de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Parlamentarismo e Presidencialismo Política e Teoria do Estado II 8) Formação Social Distinta (inspirado no livro A Crise da Democracia no Brasil) Quando nós adotamos a República, era muito tentador imitar as instituições norte-americanas, pois eles eram a colônia que deu certo. Porém esse era um modelo formado para uma sociedade diferente, avessa a ideia de Estado. Temos uma sociedade com outras características, adotamos a vestimenta presidencialista mas o corpo brasileiro não serve. OBSERVAÇÃO I: Livro: Antropologia da Academia - Quando os índios somos nós. A frase brasileira: "você sabe com quem está falando?" Se você não tem uma forte relação com o Estado, você não merece respeito social. O povo costuma depender do Estado, psicologicamente dependente do estado. 1° há Estado e depois povo. A frase americana: "quem você pensa que é?" Frase de uma sociedade que tem uma ideia de igualdade muito forte e essa sociedade não tolera muito as aristocracias, principalmente as ligadas com o estado. Senso comunitário muito forte. (1° a sociedade, e ela cria o estado) OBSERVAÇÃO II: Novas teorias sobre o Constitucionalismo: Neoconstitucionalismo latino americano: veio em uma série de constituições (bolivia, venezuela, etc). Apela a plebiscitos (democracia direta), utiliza alternativas ao poder judiciário (métodos alternativos de justiça. Ex. justiça indígena), radical proteção ao meio ambiente, reconhecimento da pluralidade étnica. Principal autor no brasil: Antônio Carlos Wolkmer A democracia participativa é mais ampla que plebiscitos: Eu mantenho a participação, mas vou adicionando canais diretos (plebiscitos, recall - interromper mandato de alguém por consulta popular, orçamento participativo). Principal autor no Brasil: Adrian Sgarbi Plebiscito -> consulta ao povo antes da elaboração de uma lei Referendo -> referenda e confirma uma lei já elaborada. OBSERVAÇÃO III: Poema: Os estatutos do homem - Thiago de Melo Política e Teoria do Estado II 1) Contexto Histórico - Surge na França, com a 4° República 1.1) 4° República: 1946-1958 Nessa república a França adota o Parlamentarismo Clássico: CE é o Presidente (tem atuação discreta) Esse modelo não funcionou devido ao processo de descolonização. 1.2) Processo de descolonização: a França até a 2° GM a França é uma potência colonial. Em 54 perde a Indochina, em 58 está prestes a perder a Argélia. Cada uma dessas independências gera grandes abalos na França. Os vários gabinetes do parlamentarismo francês que se seguiram não conseguem resolver o problema da independência da Argélia. Para resolver a crise os franceses chamam o GeneralDe Gaulle, e ele só aceitou com a condição de se fazer uma nova constituição. 1958 em diante se tem a 5° República, e por consequência, o semipresidencialismo. 2) Concepção Ideológica: De Gaulle tinha desconfiança em relação ao Parlamento e às disputas partidária. Ele era um homem centralizador, satisfazendo os que tinham afinidade saudosista com a Monarquia. Centralismo Nacionalismo Forte Desconfiança dos Partidos Saudosismo da monarquia De Gaulle volta com uma nova constituição e a missão de recuperar a Argélia francesa. 3) O Semipresidencialismo: a) Antecedentes: O ancestral desse modelo é a Constituição de Weimar 1919, weimar já tinha um tanto de semipresidencialismo. b) Características: Eleição direta para o Chefe de Estado (Presidente da República): Sempre se espera um papel mais ativo do chefe de estado quando ele é eleito diretamente. O Chefe de Estado passa a ser um polo de poder político ao lado do parlamento. (O parlamentarismo clássico tem apenas um polo, agora tem 2). 4 de Abril de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Semipresidencialismo Política e Teoria do Estado II Continua a haver governo chefiado pelo 1° ministro. O Chefe de Governo ainda é o 1° Ministro Dupla responsabilidade/ Dupla Confiança: O 1° Ministro é responsável perante o Parlamento e perante o Presidente. O 1° Ministro é servo de 2 senhores. O Presidente da república pode demitir o 1° ministro ainda que a maioria parlamentar não queira essa decisão. O Chefe de Estado também tem uma arma contra o Parlamento, podendo dissolver o parlamento por vontade própria (sem a necessidade de pedido do 1° Ministro.) Dissolução Do Parlamento Parlamentarismo Clássico Formalizada pelo CE, em regra é um pedido do 1° Ministro Crise entre 1° Ministro (que é Governo) e a Maioria Parlamentar. Essa dissolução é uma arma do 1° min. Contra o parlamento. Semipresidencialismo É um ato de iniciativa do Presidente da República. Ele não é o formalisador da dissolução, ela é ideia dele. Não precisa haver crise entre governo e parlamento. Arma do Presidente da República contra o Parlamentarismo. Política e Teoria do Estado II Assim como para o 1° Ministro a dissolução é um ato arriscado, isso também é arriscado para o Presidente da República, pois o povo pode reeleger o grupo contra o Chefe de Estado. c) A Coabitação: É a convivência de um presidente da república de uma coloração política com uma maioria parlamentar de uma coloração política adversa. A primeira vez que isso ocorre é com François Miterrand As coabitações: 1°: Miterrand (P.R) c/ Jacques Chirac (1°M) 2°: Miterrand (P.R) c/ Eduard Balladur (1°M) 3°: Chirac (P.R) c/ Lionel Jospin Quando não há a coabitação, o presidente tem um rolo compressor: Maioria no Parlamento e Forte Poder, assim o 1° Ministro fica enfraquecido. Quando nós temos a coabitação, o presidente vira um poder moderador, fica com o poder reduzido. d) Vantagem Concreta: A vida das Constituições Francesas até 58 eram instáveis (a França sempre foi caracterizada por grandes debates sobre monarquia e parlamentarismo). A instabilidade era a marca. Com o General De Gaulle, o modelo do semipresidencialismo produziu estabilidade política e constitucional. O sucesso do semipresidencialismo está aí, numa estabilidade que não havia até então. Esse ponto de equilibrio é encontrado pelo Gen. De Gaulle em 58. Essa experiência será replicada em Portugal, Irlanda, Áustria, países do Leste Europeu. e) O Nome Enganoso: Duverger foi o criador e estudioso do assunto. O nome é enganoso porque na verdade ele continua sendo uma variação do Parlamentarismo. As duas principais características do Parlamentarismo são mantidas: Presidência da República separada do 1° Ministro/ Governo e o 1° Ministro é responsável perante a maioria parlamentar. Poder-se-ia, por exemplo, dizer que é um Parlamentarismo com Presidente forte. Política e Teoria do Estado II OBSERVAÇÕES - Os países que tem uma característica política semelhante à brasileira encontraram essa solução para ser mais estável, e essa poderia ser uma solução para o Brasil também. - Dicas de Filmes sobre esse período: Batalha de Argel/ As roseiras selvagens/ A história do chacal Política e Teoria do Estado II Qual a natureza da relação entre eleitores e eleito? Democracia dos Antigos: O povo era titular da soberania e também exercia essa soberania. Havia uma COINCIDENCIA entre a titularidade e o exercício do poder político. "Governo da praça pública" (José de Alencar) Democracia dos Modernos: a coincidência entre titularidade do poder político e exercício não existe. O povo não exerce a democracia efetivamente, ele a exerce por meio de representantes. I. TEORIAS DO MANDATO a. Teoria do mandato imperativo: supõe que entre eleitores e eleito haja uma suposta ideia de contrato de cumprimento de tarefas. Os eleitores passavam ao eleito uma lista de tarefas que ele deveria cumprir enquanto eleito. Caso eles considerassem que o eleito não estivesse cumprindo suas tarefas, os eleitores podem tirá-lo do cargo, interrompendo o mandato. (lógica de direito privado) Eleitores com uma ingerência muito grande na ação do eleito. Vigilância, intromissão. b. Teoria do mandato imputativo: Eu imputo ao eleitor a vontade que é originária do eleito. Se o eleito "X" fala alguma opinião, se presume que falou isso porque seus eleitores pensam assim. O representante representa a nação como um todo, e não apenas aqueles que votaram nele. Durante o mandato, o eleitor não deve interferir, cobrar, fiscalizar a conduta do eleito; a atividade do eleitor resume-se ao voto. Essa teoria quer reduzir a participação política dos eleitores apenas ao voto. Quanto mais livre de influências de pressões de grupos, melhor seria o parlamentar. Foi a solução encontrada para livrar o eleito da influência de grupos. c. Teoria do mandato partidário: O eleitor, ao votar, escolhe mais do que um candidato, escolhe um membro de um partido, vinculado ao programa deste partido. Tem a ver com partidos de massa ideológicos. 4 de Abril de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Teorias do Mandato Política e Teoria do Estado II Quais dessas teorias é a que melhor se encaixa no modelo brasileiro? II. A QUESTÃO DA FIDELIDADE PARTIDÁRIA a) Noção: É a submissão do candidato às diretrizes de um partido É proibido mudar de partido sem justa causa. b) Marcos Legais: Os estatutos dos partidos é que devem estabelecer o que é fidelidade partidária. Constituição de 1988 – Artigo 17: “É livre a criação [...] de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, [...], e observados os seguintes preceitos: Parágrafo 1° - É assegurada aos partidos autonomia para definir sua estrutura interna [...] em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.” Lei 9096/95 – Art. 24 e 25: “24: Na casa legislativa,o integrante da bancada deve subordinar sua ação parlamentar aos princípios doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção partidários, na forma do estatuto. 25”: Não prevê a perda de mandato pela infidelidade partidária ao parlamentar que se opuser pela atitude ou pelo voto às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos partidários. Resolução n° 22.610/2007 do TSE: “Art. 1°: O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa (justa causa = incorporação ou fusão do partido, criação de novo partido, mudança substancial ou desvio do programa partidário, grave discriminação pessoal).” III. Casos a estudar2 a) ADIN 4086 – STF: A Constituição no seu artigo 17 fez do partido político o vínculo com o eleitorado. Não há como os eleitores chegarem aos eleitos senão pela estrada dos partidos (vínculo tricotômico: eleitor - partido - candidato) = voto Min. Carlos Ayres Brito. A infidelidade partidária altera o resultado das urnas. (esses 2 DICA DE FILME sobre a Revolução dos Cravos em Portugal: Capitães de Abril OBSERVAÇÃO: A constituição de 76 em Portugal: Cria a ideia da omissão inconstitucional. É quando o legislador não dispõe adequadamente sobre um valor, princípio ou norma que deveria haver segundo o que é pedido na constitução. Assim, o julgador tem um motivo para quebrar um pouco a separação de poderes e atuar no campo legislativo. Isso é adotado pela constituição brasileira. (Previsto no voto de Joaquim Barbosa na ADIN 4086 do STF) Política e Teoria do Estado II argumentos levam ao indeferimento da ADIN 4086). Essa ADIN foi dada como improcedente. b) Petição n° 2766 - TSE: PTC quer recuperar aqueles votos do Clodovil, fazer com que ele perca o mandato e que entre no seu lugar o 1° suplente do próprio PTC. (Clodovil havia saído do PTC e ido para o PR) Clodovil afirma, entre outras coisas, que quando ele se filiou não havia regras de fidelidade partidária. (Argumento desconsiderado) Saiu de um partido para ir para um que está sendo criado. Item 4: sofreu grave discriminação pessoal. c) Consulta n° 1720 – TSE: De quem é a competência para autorizar detentor de mandato legislativo sem a perde do mandato? Diretório municipal, estadual ou nacional? Resposta: O partido político não está autorizado a permitir a troca de partido. Fidelidade partidária não se compra nem se troca. d) Agravo Regimental: O sujeito troca de partido com o argumento de que era perseguido dentro do próprio partido. TSE diz que isso não é justa causa, pois o partido pode escolher e administrar os seus candidatos. Porém há um erro na decisão: os partidos deveriam ter democracia interna. Qual concepção de mandatos nós adotamos no Brasil hoje? - Nossa democracia é uma democracia de partidos. No Brasil não se pode ter candidatos independentes. A regra da fidelidade partidária aplica-se a membros do executivo? - Na época do Gov. Britto, a fidelidade partidária estava mais voltada ao legislativo. - Porém hoje a resolução do TSE abre essa possibilidade. Política e Teoria do Estado II SISTEMAS ELEITORAIS A Justiça Eleitoral remonta ao ano de 1930, quando se quis acabar com o voto a cabresto e com a influência do executivo nas eleições no Brasil. São mecanismos para transformar votos dados nas eleições em cargos. Esse caminho exige determinadas opções e prioridades. Traduzir os votos dados nas urnas em preenchimentos de cargos, e nisso há uma distância. Basicamente, a classificação é esta: a. Sistemas Eleitorais Majoritários Neste sistema, ocupa em regra o cargo o candidato com maior número de votos. Dentre os vários candidatos oferecidos pelos partidos, ocupa o cargo aquele que teve mais votos entre eles, não importando qual foi o tipo de maioria. Sistema majoritário e voto distrital são diferentes porque distrito há nas duas famílias. Nos sistemas majoritários, os distritos são criados para finalidades puramente eleitorais. (Ex. distritos ingleses) Ganha quem tiver obtido maioria simples. Supostas vantagens: 1. Maior proximidade entre eleitores e o eleito. 2. Tendência ao unipartidarismo no governo. (O governo fica mais estável e é mais fácil o controle do eleitor) b. Sistemas Eleitorais Proporcionais: Os cargos são distribuídos equanimemente de acordo com os votos recebidos pelas distintas forças partidárias. Os distritos correspondem Às subunidades da nação. Sem finalidades eleitorais a priori. c. Sistemas Eleitorais Mistos 11 de Abril de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Sistemas eleitorais Política e Teoria do Estado II 1) Sistema Eleitoral Majoritário 1.1) Definição: No sistema majoritário, o candidato com maior número de votos é quem ocupa os cargos. É utilizado, geralmente, em países com proximidade da cultura inglesa, além da França e dos EUA. 1.2) Sistema Majoritário é Diferente de Voto Distrital: Nos sistemas ditos majoritários, os distritos são criados com finalidade eleitoral. Nos sistemas proporcionais, os distritos correspondem as subunidades da nação. 1.3) Vantagens: a. Tendência à formação de governos unipartidários e um sistema com bipartidarismo. b. Aproxima mais o eleitor e o eleito. Se o sujeito representa o distrito em uma assembleia, fica mais fácil de a comunidade distrital cobrá-lo. Alguns veem nisso uma desvantagem, pois leva a uma política de interesses comunitários pragmáticos. 1.4) Magnitude do Distrito Eleitoral: Em regra geral, no sistema majoritário, a magnitude do distrito é 1 porque cada um elege um. Nos sistemas proporcionais, a magnitude é maior que 1. (ex. SP elege 70 deputados, e não apenas 1) 1.5) Patologias: a. Gerrymander: Governador Eldrich Gerry, com a conivência do legislativo, altera os distritos de uma maneira tal a lhe favorecer. Ou seja, esse problema representa a manipulação, alteração, transferência de distritos eleitorais conforme interesses próprios para favorecer um partido ou candidato nas eleições. b. Alocação desproporcional: Alocação desproporcional Ex. 1: Pais com um total de 100 mil eleitores, dividido em 10 distritos com 10mil eleitores. Há 2 partidos fortes. Partido X 6mil 6mil 6mil 6mil 6mil 6mil 3mil 3mil 3mil 3mil Partido Y 4mil 4mil 4mil 4mil 4mil 4mil 7mil 7mil 7mil 7mil Partido X: (6.6mil = 36 mil) + (4.3mil = 12mil) = 48mil votos ---------> Terá 6 cadeiras, mesmo com menos votos Partido Y: (6.4mil = 24mil) + (4.7mil = 28mil) = 52mil votos ----------> Terá 4 cadeiras, mesmo com mais votos. Esse é o caso da eleição americana de 2012. Quem criou esse sistema tinha medo do voto popular (the founding fathers) e queria um bipartidarismo. 1.6) Variações do sistema majoritário a. Sistema de Maioria simples: 1 cadeira por distrito e vence quem obtiver maioria de votos, podendo ser maioria simples. Ex. 2: St Ives Harris -------- 24.258 votos --- 42,9% George ------ 22.883 votos ---- 40,1% Warr --------- 9.144 votos ------ 16,0% Stephen ----- 577 votos -------- 1,0% Veja que 57,1% não votam no Harris, mas mesmo assim ele ganhou. 11 de Abril de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Sistemas eleitoraisPolítica e Teoria do Estado II O problema do sistema de maioria simples em geral não representa bem partidos pequenos e minorias. Se uma minoria se concentra em um distrito, até consegue se manter no parlamento com 1 cadeira, mas as minorias esparsas são prejudicadas pelo sistema de maioria simples. Na índia surge o sistema de cotas de 22% para minorias. b. Sistema de Dois Turnos: Sua raiz é sobretudo a câmara de deputados francesa. Há 1 distrito, o candidato que no 1° turno obtiver 51% dos votos ou mais está eleito. Se não houver essa maioria, há um 2° turno com todos aqueles candidatos que obtiverem mais de 12,5% dos votos dos eleitores. O sistema de dois turnos estimula alianças ou coalisões durante as semanas entre o 1° e o 2° turno entre os candidatos que passaram e que não passaram para o 2° turno. Nesse sistema os partidos extremistas são muito fracos na representação (ideia do Gen. De Gaulle). c. Voto Alternativo: Existe na Austrália O eleitor recebe uma cédula com 5 candidatos e ele tem que numerar os candidatos de acordo com a sua ordem de preferência. Se nenhum dos candidatos receber 50% dos votos, elimina-se o candidato com menos votos de primeira preferência e as suas segundas preferencias são redistribuídas entre os candidatos, e assim por diante até que se chegue alguém com 50%. - Como seria a cédula nessa eleição: Exemplo 1: A ----- 45% B ----- 35% C ----- 15% D ----- 5% Elimina-se o último colocado, mas a 2° preferência de voto dos que votaram no D em 1° é distribuída aos demais candidatos. Se isso for suficiente para dar mais de 50% a alguém, encerra-se a eleição. Se não, continua esse método. d. Voto em Bloco: O distrito tem 2 ou 3 cadeiras e o eleitor vota em 2 ou 3 candidatos, que em regra não são do mesmo partido. Similar à eleição para Senador no Brasil. OBS: Brasil é sistema proporcional de lista aberta. Política e Teoria do Estado II 2) Sistemas Proporcionais GRECIA: O método para ocupar cargos na “administração pública” através do sorteio, pois todos seriam iguais na razão. Eles não usavam a eleição porque ela tem um ar de aristocracia (escolher os melhores). Democracia dos Gregos: todos os homens gregos são iguais na razão, por isso usa-se o sorteio. Democracia dos Modernos: é mais voltada para a aristocracia. 2.1) Objetivos Fundamentais O Parlamento deve garantir a diversidade de opiniões. Deve garantir a equidade matemática entre os votos dados pelos eleitores e a representação parlamentar. Um dos principais teóricos desse sistema é Mirabeau 2.2) Teorias de sustentação da Representação Proporcional 2.2.1) Soberania Fracionada: A Soberania é fracionada entre todos os cidadãos. Cidadão: é o nacional com direitos políticos Ativo: apenas vota Passivo: vota e é votado. Esta teoria divide a soberania. Todo o que é votado é soberano e é igualmente soberano com os demais eleitores. Crítica: essa teoria não consegue explicar porque as decisões da maioria superam as decisões da minoria. 2.2.2) Representação Pessoal: Os Suíços conservam a prática da democracia direta nos cantões da Suíça. Ou os cidadãos legislam diretamente ou escolhem representantes pessoais. O cidadão é sempre legislador, seja de forma imediata, seja de forma mediata e coletiva. Esse representante pode representar mais de um cidadão, é similar a uma teoria do mandato imperativo. Crítica: O representante é um órgão da Nação, e não de eleitores individuais. 2.2.3) Parlamento Espelho: Seria um mapa reduzido da imagem dos eleitores, um espelho das diferentes forças. 22 de Abril de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Sistemas eleitorais Proporcionais Política e Teoria do Estado II Crítica: O parlamento não pode representar as forças eleitorais, mas a nação. O governo representativo seria algo superior ao governo direto, e não o seu mapa reduzido. Ou seja, os representantes são educadores do povo, e não fotógrafos. Política e Teoria do Estado II 2.3) Modalidades Principais de sistemas proporcionais a. Sistema de Voto único transferível (STV - single transferable vote) É um sistema proporcional existente na Irlanda desde 1921. Características: 1) Os Distritos terão de 3 a 5 cadeiras. 2) O Eleitor vota em tantos candidatos quantas forem as cadeiras. O Partido oferece tantos candidatos quantas forem as cadeiras. Sistema criado por Thomas Hare Filosofia de Hare: O sistema foi concebido para representar vontades individuais, proporcionar a escolha mais livre e individual possível Cédula de votação do STV 3) COTA DROOP: Será usada uma fórmula para calcular quem ocupa as cadeiras. (número de votos total do distrito) (𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠)+1 = Cota Droop Se a cota for 12, o candidato que atingir 12 será eleito. I - Apuração: - Possui uma Regra Geral = Se os candidatos atingir a cota 12, está eleito. - Regras secundárias: a) Se o candidato ultrapassou a Cota Droop, (p.ex. atingiu 18), esses 6 votos que ultrapassaram serão distribuídos proporcionalmente entre as segundas intenções. b) Se mesmo com a distribuição de cota ninguém chega à quota suficiente, elimina- se o último colocado e divide-se os votos que recebeu entre as segundas opções. 25 de Abril de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Sistemas eleitorais Proporcionais Política e Teoria do Estado II Consequências desse formulismo matemático: os partidos não lucram nada com o voto nos seus integrantes, a não ser que eles ganhem. O fato de um candidato fazer milhares de votos a mais, não beneficia o partido. Esse sistema vai de encontro ao sistema de listas. b. Sistema proporcional de listas Há 2 fórmulas: a) Quociente Eleitoral 𝑇𝑜𝑑𝑜𝑠 𝑜𝑠 𝑉𝑜𝑡𝑜𝑠 𝑉á𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠 = Quociente Eleitoral Exemplo de Eleição 1: Votos Válidos = 6050 Número de Cadeiras = 9 𝟔𝟎𝟓𝟎 𝟗 = 𝟔𝟕𝟐, 𝟐𝟐 b) Quociente Partidário = É o número de cadeiras do qual o partido tem direito de ocupar. 𝑉𝑜𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑑𝑜 𝑄𝑢𝑜𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐸𝑙𝑒𝑖𝑡𝑜𝑟𝑎𝑙 = 𝑄𝑢𝑜𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑑á𝑟𝑖𝑜 Exemplo de Eleição 1: - Votos dados para o Partido: 1900 - Quociente Eleitoral: 672,22 𝟏𝟗𝟎𝟎 𝟔𝟕𝟐, 𝟐𝟐 = 𝟐, 𝟖𝟐 - Portanto, esse partido tem direito de ocupar apenas 2 cadeiras no congresso. Não se pode arredondar para mais. - Chama-se os 2 candidatos mais votados do partido. - Se o partido Y obteve QP igual a 2,00, terá 2 cadeiras. - Se o partido Z obteve QP igual a 0,81, esse partido não terá cadeiras. - Se o partido D obteve QP igual a 3,34, terá 3 cadeiras. Somando-se, obtemos 7 cadeiras, mas precisamos de 9 cadeiras. Os países têm diferentes critérios sobre como resolver o problema das sobras. No caso brasileiro, o primeiro a ficar mais perto do arredondamento e que tenha atingido o quociente partidário receberá a 1° cadeira sobrando, e assim por diante. Política e Teoria do EstadoII s B – Sistema Proporcional de Listas Os partidos Políticos nos sistemas com Lista são o canal de representação da sociedade. Se o STV era baseado em referências individuais, o sistema de listas tem essa concepção: O importante é o partido. 1) A quem interessa o sistema de listas? I - Segmentos religiosos ou étnicos: estes segmentos tendem a valorizar o sistema de listas porque eles já são organizados em grupos coesos II - Partidos Conservadores ameaçados pelo sufrágio universal: segmentos que se sentiam de alguma forma ameaçados pelo sufrágio (direito ao voto) universal. É uma ameaça porque geralmente os partidos mais conservadores não têm muita militância. III - Partidos Socialistas: porque as alianças anti esquerdistas geradas pelo sistema majoritário de 2 turnos prejudicam suas candidaturas. Esses três grupos confluíram num apoio histórico a esse modelo. 2) Sistema de Lista Aberta: os partidos apresentam uma lista de candidatos, mas a ordem dos candidatos é definida pelo eleitorado. Um perfeito sistema de lista aberta é o sistema brasileiro: os eleitores vão votando nos candidatos, o partido atinge ou não o quociente eleitoral, e os candidatos eleitos vão sendo chamados Na lista aberta, os candidatos de um partido são chamados na ordem decrescente de votos que receberam. Neste modelo há 2 disputas I - Disputa do partido com os demais partidos para atingir o quociente eleitoral II - Disputa interna dos candidatos de um partido 29 de Abril de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Sistemas eleitorais Proporcionais Aberta Fechada Política e Teoria do Estado II Nesse sistema nós vamos ter muitos candidatos com apelo popular. Exemplos: Enéias, Clodovil, Tiririca. 3) Sistema de Lista Fechada: o partido apresenta a lista e a ordem de chamada dos candidatos já está pré-definida pelo partido antes das eleições. O partido faz a lista e já pré estabelece uma ordem antes das eleições. Dependendo do número de votos que o partido recebe, vão sendo chamados os candidatos, mas sempre na ordem estabelecida na lista O cidadão vota na lista, e não no candidato ou partido. No modelo original, o partido oferecia apenas uma lista, mas hoje há partidos que oferecem mais de uma lista. Neste modelo, a ideia é chamar candidatos técnicos, mais comprometidos com a vida partidária. REALIDADE: Ou a lista é aberta e se tem oportunidades para candidatos mais populares, ou a lista é fechada e se privilegia candidatos mais técnicos. OUTROS MODELOS PARECIDOS: na Argentina, os eleitores podem votar também nas prévias do partido para determinar como será a lista. Os votos na legenda, opção que é dada no Brasil, ajudam o partido a conseguir cadeiras (quociente partidário), mas não se direcionam a nenhum candidato específico. Portanto, ajudam indiretamente os candidatos intermediários pois são estes que se beneficiariam com um aumento do número de cadeiras do partido. OBSERVAÇÕES: Voto é diferente de sufrágio; Sufrágio é direito ao voto Quem é que apoia o voto facultativo no Brasil? As esquerdas militantes e os coronelistas. Política e Teoria do Estado II Partidos Politicos e Sistemas Partidarios Hoje trataremos de um tema bastante relacionado ao tema dos sistemas eleitorais, mas ainda assim um tema distinto, diferente. No esquema de hoje, tratamos de partidos e sistemas partidários. A primeira tarefa é definir os partidos políticos, caracterizando-os, definindo-os. Os partidos políticos são organizações permanentes e, como tais, dotados de personalidade jurídica. A cf reconhece algumas organizações como partido, e outras organizações, não. A partir de um artigo da cf brasileira de 1946, o partido comunista do Brasil foi fechado em 1947, não sendo reconhecido como permitido pela cf brasileira de 1946. 1. Caracterização dos partidos políticos - A primeira característica é que o partido político é uma força política organizada e coletiva. - O propósito do partido político é chegar ao poder, obter postos estatais. É uma força política organizada, coletiva, com o propósito de chegar ao poder, ou seja, de obter postos estatais. - Essa força coletiva é fundada em um conjunto de crenças, valores ou ideais, e esse aspecto é muito importante. Esse conjunto de crenças, valores ou ideias era chamado pelos autores mais antigos de doutrina. - A última caracterização do partido político é o fato de essas forças políticas serem permitidas pela cf. - Uma nota de rodapé importantíssima: partido é pessoa jurídica. - Uma discussão importante é a discussão na doutrina se o partido tem natureza jurídica de direito público ou de direito privado. A maioria dos autores entende os partidos como pessoas de direito público, mas a legislação brasileira reconhece como pessoa jurídica de direito privado, em formato de associação, e depois se leva a registro na Justiça Eleitoral. Existe essa discussão, mas não será o enfoque da aula. A resposta imediata, aqui no Brasil, pela legislação, é de que os partidos políticos são de direito privado. 2. Diferenciação em relação às outras forças políticas Genericamente, força política é toda a força social que pretende influenciar o poder político e por consequência influencias as instituições. Os partidos políticos são uma das forças políticas e se diferenciam das demais. 2.1) Clãs, Classes Sociais e Castas: em geral, a participação nesses grupos depende de fatores que são alheios à vontade da pessoa. Portanto, se sobressai uma participação involuntária. Já nos partidos políticos, a participação é, em regra e se espera, voluntária. 02 de Maio de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Partidos Políticos e Sistemas Partidários Política e Teoria do Estado II 2.2) Religiões, Escolas Científicas ou Artísticas: estes grupos não deveriam ter como objetivo conquistar postos no governo. O partido político tem por objetivo conquistar o poder por meio dos votos (isso também diferencia os partidos dos sindicatos). A primeira vez que uma barreira a um partido ocorreu foi na constituição federal de 1946. 2.3) Facções: uma facção busca o poder e busca cargos no poder, disputando-os. As vezes por via lícita e eleitoral e as vezes por outros modos. As facções não tem programa definido, e quando não se tem programa definido é uma facção. 2.4) Multidões: um partido pode ter um número grande ou pequeno de filiados, mas as multidões não são organizadas nem há organização permanente. As multidões tem um inconsciente coletivo. 3. Funções dos partidos Políticos 3.1) Formulação de Políticas: o partido concebe um plano de ação para de alguma forma canalizar a opinião pública. 3.2) Designação de Candidatos para Cargos Públicos Eletivos: no Brasil, o candidato precisa estar filiado a um partido, nos EUA não. Se cada um se candidatasse individualmente, haveria um caos social. Quando os partidos designam candidatos, eles evitam um caos político. 3.3) Condução e Crítica do Governo: partido político conduz o governo quando o partido ou sua coalização é majoritária. O partido executa seu programa de governo dentro das regras constitucionais. A oposição tem o papel de criticar o governo,controlar, fiscalizar. OBSERVAÇÃO: Na Constituição Portuguesa há o direito de oposição Artigo 114 da CFP: é reconhecido às minorias o direito de oposição democrática, nos termos da lei e da constituição a) A minoria tem acesso as informações a respeito do governo. b) As minorias tem direito de serem ouvidas sobre ações governamentais e orçamentos. c) As minorias tem o direito de manifestação sobre qualquer assunto de interesse público. d) Tem o direito de antena e direito de resposta. - Existem algumas limitações na CFP sobre esse direito de minoria. É preciso ter cadeiras no parlamento e o objeto da manifestação não pode ser ilícito. Embora o Brasil não tenha esse direito, o STF através de um ativismo judicial conseguiu criar esse direito a partir de um caso sobre as CPIs Descrição do caso: art. 50, § 3° -> devem tratar de fato determinado, são necessariamente temporárias, devem ser requeridas a partir de 1/3 dos membros). No caso, 1/3 dos deputados aprovou a CPI do apagão aéreo. O PT pede uma questão de ordem, a CPI indefere, o PT recorre ao plenário e lá por 308 votos a 141 se defere a questão de ordem e manda fechar a CPI. Eis a questão: o fechamento de uma CPI deve ser feito pela maioria parlamentar ou por aqueles constituídos para debater isso. Através de 2 mandados de segurança o STF afirma que existe um direito de oposição, e o papel da oposição é fiscalizar o governo, se se nega que 1.3 dos deputados abram uma CPI, se está negando o direito que esses deputados têm, inerentes a sua condição de oposição. A oposição possui a prerrogativa para investigar. Política e Teoria do Estado II "O direito de oposição, especialmente aquele reconhecido Às minorias, não pode ser transformado numa promessa inconsequente, mas ele deve ser de alguma forma aparelhado." "O direito de fiscalização têm uma índole contra majoritária." 3.4) Educação Política do Povo: o partido político quando propõe um programa de governo ele está educando o povo sobre o governo. 3.5) Manutenção da Unidade do Estado: o partido político tem a função de harmonizar os poderes (embora essa tarefa seja específica para partidos majoritários). Política e Teoria do Estado II 4. TIPOLOGIA DOS PARTIDOS POLÍTICOS 4.1) Quanto à organização interna a) Partidos de Quadros - são seletivos quanto aos seus adeptos. Preferem a qualidade em detrimento da quantidade. Esses partidos são típicos do início do estado liberal. São constituídos por pessoas "notáveis". Essa escolha é feita com 2 razões: O sujeito tem autoridade moral perante a sociedade Possui um poder econômico que pode tornar o partido financeiramente viável, financiando-o - O grau de coesão desses partidos é fraco. Ou seja, os comitês e diretórios locais desses partidos tem mais poder que o seu diretório nacional. Portanto, eu tenho pouca coesão e força nos diretórios locais. - Embora datados do início do estado liberal, esse tipo persiste até agora. Com o advento do sufrágio universal, os partidos de quadros tiveram que se adaptar. Surge a ideia das eleições primárias a.1) Eleições Primárias: têm por finalidade escolher os candidatos dos partidos. Em geral elas são indiretas: os indivíduos escolhem delegados, os delegados formam comissões e essas comissões votam nas eleições primárias. - EUA: Eleições primárias. Aqui as regras cariam de estado para estado. - Eleições indiretas --> O delegado já é pré-comprometido com um candidato. Exemplo de Eleição Primária: - Partido Republicado (ex.) Caucus (conselho em indigena): votam em delegados para convenções regionais Convenções Regionais: votam em delegados para convenções nacionais Convenções Nacionais: votam em um candidato para o partido. Quem pode votar nas eleições primarias? Depende dos Estados, pois existem 3 tipos de primárias. I. Abertas: qualquer eleitor se apresenta para votar, mesmo não sendo filiado ao partido. Não há uma data limite para demonstrar o interesse, portanto posso chegar e votar. II. Semiabertas: (texas, ohio e outros estados) o eleitor interessado se inscreve e recebe uma cédula para votar nas primárias. A inscrição tem data limite. III. Fechadas: (colorado, pensilvania e Washington DC) só os filiados podem votar. 02 de Maio de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Partidos Políticos e Sistemas Partidários Política e Teoria do Estado II Os partidos de quadros não tem um projeto para mudar o mundo ou ajudar as classes baixas. Eventualmente partidos de massas podem aderir às primárias. Um exemplo disso está na Argentina. - Lei 26571/2009, a partir dessa lei elas se realizam na Argentina. Elas são obrigatórias, simultâneas e abertas. Cada partido apresenta 1 ou + listas de candidatos, o eleitor escolhe um pré-candidato de um partido (o partido oferece 1 ou mais candidatos ou listas). O eleitor votaria num candidato por categoria. b) Partidos de massas: - Características: I. Trabalha com a ideia de ter o maior número de adeptos possível. II. Permitem a indivíduos de condição social econômica inferior o acesso a cargos públicos e a influência no cenário político. Surgem com o Socialismo. - Categorias de Partidos de Massas: 1° Categoria: Partidos Socialistas (excluindo-se os comunistas). Porque eles são de massas? Porque as empresas capitalistas não financiariam campanha de nenhum socialista, por isso eles precisam de muitos adeptos para bancar a própria campanha. A segunda razão seria a ampliação da democracia (uma ideia mais ampla do que a o voto universal, mas educação universal, etc). Organizam seus filiados por localidade. 2° Categoria: Partidos Comunistas. Organizam seus filiados por comitês de fábricas ou atividade econômica - sindicatos-. A vantagem disso é que se tem mais solidariedade e comunicação entre os partidários. 3° Categoria: Partidos Fascistas. Possuem uma organização que imita a hierarquia militar. Nem todo filiado fará parte de uma milícia militar, mas isso é muito comum. - OBS: Partidos Atuais Partido Peronista: existe um grupo de esquerda e um grupo de direita dentro do partido. Democratas: parece ser partido de quadros PT: teve uma origem sindical. "o PT vai ter que lidar com um problema: uma coisa é saber lidar com questões sindicais, outra é resolver o conflito entre interesses de categoria e um projeto nacional" (Mangabeira Unger) Partido Socialista Espanhol: partido que quando chegou ao poder mudou sua metodologia. Política e Teoria do Estado II 4.2) Partidos quanto ao âmbito de atuação I. Partidos de vocação universal: procuram atuar além das fronteiras de um determinado estado. Procurar se instalar no mundo. Ex. Partido Comunista Soviético e Partido Nazista. II. Partidos Nacionais: Só agem dentro de uma escala nacional. Na época do Império tínhamos 2 grandes partidos nacionais: Conservadores e Liberais. Após o Golpe Militar, os partidos começam a criar uma cultura de partidos nacionais (AI-2 cria bipartidarismo). CF 67, art. 152, III: é proibida a subordinação dos partidos políticos a entidades ou governos estrangeiras. III. Partidos Regionais ou Locais: Na república isso não foi tão tranquilo. Na república velha havia muitos partidosregionais (Ex. Partido Republicano Rio-grandense). Em 1946 havia ainda esse tipo de partido. CF88 art. 17: os partidos tem caráter nacional e são proibidos de se subordinar a entidades estrangeiras. Política e Teoria do Estado II 5) Sistemas Partidários 5.1) Sistemas de Partido Único: se caracteriza pela existência efetiva de um único partido. Há um domínio incondicional de um partido, embora as vezes, aparentemente, isso não pareça. Alguns tentaram formular uma teoria de que isso seria democracia porque haveria democracia partidária. Mas isso não pode ser considerado como verdadeiro, pois o cidadão não tem pluralidade de escolha de partidos. Quando nós tivermos um sistema de partido único, algo da história foi retomado, sobretudo na forma de governo. Classificação das formas de governo de Aristóteles: - Critério quantitativo: Governo de Poucos, de Um, de Muitos. - Critério qualitativo: Governo Bom, Governo Ruim. BOM RUIM GOVERNO DE UM Monarquia Tirania GOVERNO DE POUCOS Aristocracia Oligarquia GOVERNO DE MUITOS Democracia enquanto “governo constitucional” Democracia enquanto “demagogia” O Partido único reestabelece uma Tirania. O tirano partido único é um príncipe coletivo, uma monarquia degenerada e restaurada. Este príncipe coletivo acumula: - Poder POLITICO (tem REGNUM - reino-/ soberania) - Poder IDEOLÓGICO (tem o SACERDOTIUM - monopólio do poder ideológico-/ interpretação da doutrina). Ou seja, ele é, ao mesmo tempo, o soberano e o intérprete da doutrina. Políbio cria uma palavra para o governo muitos ruim: OCLOCRACIA. Esse sistema de partido único é uma oclocracia. Esse sistema desfaz a linha que deveria existir entre: a) Estado e Igreja b) Estado e Sociedade Civil Ou seja, o partido único é uma espécie de igreja que toma para si o sacerdócio. Muitos autores identificaram os estados totalitários como uma espécie de religião laica. Conceito de Sociedade Civil: é aquilo que não é o estado. Para um estado totalitário, ele absorve a sociedade civil e tudo passa a ser estado. A linha entre estado e as relações privadas passa a se dissolver. 02 de Maio de 2013 Prof. Rodrigo Valim Assunto: Partidos Políticos e Sistemas Partidários Política e Teoria do Estado II Por que se implanta um partido único se seria mais fácil haver uma tirania? O Partido Único é forte e autêntico intérprete da sociedade, servindo para mobilizar a sociedade e só ele age SOBRE a sociedade, sendo um canal de mobilização das massas. 5.2) Sistemas Bipartidários: - Exemplos: EUA e INGLATERRA Leslie Lipson afirma que os sistemas bipartidários se definem como tendo 3 condições essenciais que o fazem assim: 1°. Só dois partidos podem aspirar à conquista do poder político. 2°. Quem conquista a maioria terá essa maioria sozinho, sem a ajuda de uma terceira ou segunda força política. 3°. Efetiva alternância das duas forças políticas durante décadas sucessivas. Num sistema Bipartidário NÃO EXISTEM SÓ DOIS PARTIDOS. Podem existir dezenas de partidos, mas só dois vão se alternando no poder. Esses partidos que não chegam ao poder são conhecidos como partidos liliputianos. Não só é possível mudar o partido que faz parte dessa dupla, mas como também mudar internamente o partido. Hoje, na Inglaterra, há um sistema praticamente tri partidário. No brasil, houve um sistema bipartidário forçado na ditadura. O MDB era apenas uma singela oposição no congresso. Não havia alternância de poder nesse sistema de partido no brasil. I. 1° Exemplo: Inglaterra Por que na inglaterra há um sistema bipartidário, diferentemente da maioria dos países do mundo? Porque lá o sistema eleitoral é o sistema majoritário. 3 hipóteses como causas do bipartidarismo: a) O gabinete: A.L. Lowel afirma que existe bipartidarismo por causa do gabinete. Gabinete é a causa do bipartidarismo. Gabinete causa isso. (final do sec. XIX). - O gabinete tem o poder de dissolver o parlamento. - Lá eu tenho um grupo que apoia o gabinete faça chuva ou sol e outro que quer derrubá-lo a qualquer custo. b) O sistema eleitoral: Leslie Lipson afirma que essa não é uma causa adequada. Não é só a dissolução que servirá para gerar bipartidarismo. Também são fatores do bipartidarismo: - O controle das finanças partidárias (ex. dinheiro gasto em campanha) - Dependência profissional dos membros do partido (ex. controle dos cargos de governo concedidos politicamente) - Historicamente, bipartidarismo na Inglaterra veio antes do parlamentarismo. Cronologicamente, bipartidarismo na Inglaterra veio antes do sistema de governo parlamentarista. - Duvergier: lei dele: "sistema majoritário com distrito de 1 candidato/cargo só e um turno de votação por maioria simples tenderia ao bipartidarismo." Política e Teoria do Estado II - Leslie afirma que o sistema bipartidário é anterior ao sistema eleitoral majoritário. c. Formação histórico-cultural inglesa: A Inglaterra teve 3 grandes religiões no sec. XVII: Católica, Igreja Anglicana - da Inglaterra-, e a Protestante/Puritana (Wesley - metodista: defendem uma religião protestante não aos moldes da anglicana, mas ênfase no sermão e não no ritual, ideia de rigor moral). O catolicismo sai do primeiro plano e deixa de ser ameaça a partir da revolução gloriosa. Aqui, ficam só puritanos e anglicanos e essa será a semente para o surgimento do bipartidarismo. Igreja Anglicana -> Partido Tory: conservador. Linha de fortalecimento do trono. -> Ligados à aristocracia rural Puritanos -> Partido Whig: mais liberal, ligado a liberdades individuais. Fortalecimento do parlamento, são mais liberais -> Ligados a um capitalismo com interesses comerciais. Essa conformação de dois grupos se mantém na história da Inglaterra, embora haja alteração das forças partidárias/partidos. Política e Teoria do Estado II Lembrando: Os sistemas bipartidarios tem 3 caracteristicas 2 partidos principais O partido que chega ao poder tem uma maioria suficiente que dispensa o apoio de uma terceira força Há uma alternância - A vantagem do bipartidarismo é não fazer necessárias as coalizões, porque as coalizões frequentemente são um mal. - O que é inadmissível é que numa democracia as minorias sejam responsáveis por ditar os rumos do governo. - Os Whigs eram mais liberais, buscavam fortalecer a coroa. - Quem decaiu foi o partido Whig para o surgimento do partido Labor. Isso tem a ver com o processo de industrialização e surgimento paulatino do operariado, uma classe social que irá almejar representatividade política. Evolução do Sufrágio Universal na Inglaterra: - Reform Act 1832: um dos marcos do surgimento do parlamentarismo. Foi uma reforma eleitoral também (refez os distritos eleitorais e ampliou o sufrágio). Começa a haver direito ao voto para os grandes proprietários urbanos. (em torno de 1 milhão de eleitores) - Reform Act 1867: os pequenos proprietários urbanos recebem o direito ao voto. - Reform Act 1884: adquirem direito ao voto os pequenos proprietários rurais (em torno de 5 milhões de eleitores) - Ato da Representação
Compartilhar