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Declaração e Momento da Morte

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MORTE	
Com a morte termina a existência da pessoa natural e a sua personalidade jurídica.
Código Civil: "Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva."
Importância da determinação do momento da morte está relacionada aos efeitos inerentes a esse fato como a dissolução do vínculo matrimonial, término das relações de parentesco e a transmissão da herança.
Via de regra, se prova a morte com o registro de óbito. Em esse não existindo, há que se recorrer à prova indireta (como no caso da morte presumida, conforme se verá abaixo).
Ver o seguinte artigo da Lei de Registros Públicos (Lei n. 6.015/1977) sobre o registro do nascimento e da morte:
"Art. 53. No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter morrido na ocasião do parto, será, não obstante, feito o assento com os elementos que couberem e com remissão ao do óbito. (Renumerado do art. 54, com nova redação, pela  Lei nº 6.216, de 1975).
        § 1º No caso de ter a criança nascido morta, será o registro feito no livro "C Auxiliar", com os elementos que couberem. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).
        § 2º No caso de a criança morrer na ocasião do parto, tendo, entretanto, respirado, serão feitos os dois assentos, o de nascimento e o de óbito, com os elementos cabíveis e com remissões recíprocas. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975)."
Declaração de Óbito (DO)
A declaração de óbito é ato do médico. Ele tem obrigação legal de expedir a DO. O médico deverá emitir a DO: 1) em todos os óbitos (naturais ou violentos); 2) quando a criança nascer viva e morrer logo após o nascimento, independentemente da duração da gestação, do peso do recém-nascido e do tempo que tenha permanecido vivo; 3) No óbito fetal, se a gestação teve duração igual ou superior a 20 semanas, ou o feto com peso igual ou superior a 500 gramas, ou estatura igual ou superior a 25 centímetros.
* É facultativa emissão de DO para os casos em que a família queira realizar o sepultamento de produto da concepção de fetos que não atingiram 20 semanas ou o peso e medidas do "item 3)".
A DO tem, adicionalmente, importância para a estatística relativa à mortalidade no país. 
Morte Natural (qualquer médico atesta, mas há o SVO - Serviço de Verificação de Óbito) - causada por doença ou estado mórbido.
Morte Não-Natural (atesta o médico do Departamento Médico Legal ou perito legista) - homicídios, suicídios, acidentes, mortes suspeitas.
Serviço de Verificação de Óbito (SVO)
Órgão oficial responsável pela realização de necropsias em pessoas que morreram sem assistência médica ou com diagnóstico de moléstia mal-definida.
A declaração de óbito é levada ao Registro Civil das Pessoas Naturais para que seja registrada a morte, expedindo-se a certidão de óbito.
Momento da Morte
Para o direito brasileiro, a morte se dá com a paralisação da atividade encefálica, o que é determinado pelo art. 3° da Lei 9.434/97, que trata dos transplantes de órgãos. Esta mesma lei determina que o Conselho Federal de Medicina defina os critérios clínicos e tecnológicos para a constatação da morte encefálica. Estes critérios foram definidos pela Resolução N. 1.480, de 08.8.1997.
Cremação e Lei dos Registros Públicos 
Ver art. 77, § 2º, da Lei dos Registros Públicos (Lei 6.015/1973): "A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade judiciária". (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).
A manifestação de vontade de ser cremado não precisa ser expressa e por escrito. Caso não haja vontade expressa, os parentes poderão autorizar a cremação. 
Morte Presumida 
Código Civil: "Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento."
Para casos de catástrofes, acidentes, naufrágios, incêndios, etc.
Pode haver certeza sobre a morte, mas dúvida quanto ao momento.
Caso do acidente aéreo da Air France, onde os corpos não foram encontrados.
O juiz declara a morte presumida depois de esgotadas as buscas e averiguações.
Ver art. 88 da Lei de Registros Públicos:
  “Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame. (Renumerado do art. 89  pela Lei nº 6.216, de 1975).
        Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito.”
Ausência
Ausente é a pessoa que desaparece de seu domicílio sem deixar notícias e sem deixar representante. Serve para resolver problemas patrimoniais. Art. 22 e seguintes do CC
Características:
Desaparecimento da pessoa física de seu domicílio
Tempo longo do desaparecimento
Falta de notícias sobre a pessoa
Abandono da administração de seus bens
Etapas da Ausência:
Etapa 1: É nomeado curador para administrar os bens (arts. 23 a 25 CC).
Etapa 2: Sucessão provisória – arts. 26 a 36 CC
Etapa 3: Sucessão definitiva – arts. 37 a 39 CC - Nesta terceira fase há a presunção de morte do ausente. Por isso, alguns autores tratam a ausência como presunção de morte com declaração de ausência.
Comoriência
Art. 8 CC: “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”.
Importância de regular o assunto é devida ao direito sucessório e recebimento de heranças. 
A presunção do art. 8 CC é uma presunção juris tantum ou presunção relativa. A presunção relativa ou juris tantum admite prova em contrário. As presunções absolutas ou jure et de jure, que são raras, não admitem prova em contrário. Exemplos de presunção absoluta: de conhecimento da lei, da incapacidade civil absoluta pela idade de quem é menor de dezesseis anos.
Ver paralelamente, acórdão sobre o assunto, Agravo de Instrumento 70005129416, TJRS.

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