Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Contabilidade Avançada Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Rosana Buzian Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes • Introdução • Propriedade para Investimento • Ativos e Passivos Contingentes · Conceito de Propriedade para Investimento de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 28; · Conteúdo do Pronunciamento Técnico CPC 25 que trata de Ativos e Passivos Contingentes; · Contextualização dos Ativos Contingentes; · Contextualização dos Passivos Contingentes. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre dois importantes Pronunciamentos Técnicos do CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o CPC 28, que trata de Propriedade para Investimento, e o CPC 25, que fala de Ativos e Passivos Contingentes. Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material complementar. Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra no ambiente mais intera- tivo possível, na pasta de Atividades, você também encontrará as atividades de Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a videoaula. Cada material disponi- bilizado é mais um elemento para seu aprendizado; por favor, estude todos com atenção! É importante, também, respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. ORIENTAÇÕES Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes UNIDADE Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes Contextualização Com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, começaram a ser emitidos os Pronunciamentos Contábeis – CPC para cada assunto em específico. Nesta Unidade, serão abordados dois deles, o CPC 28, que aborda o ativo Pro- priedade para Investimento, e o CPC 25, que fala de Ativos e Passivos Contingentes. Trata-se de dois pronunciamentos importantes e complexos, dadas às especi- ficidades que cada um apresenta em sua essência. Além do material teórico, consulte também os referidos CPCs no próprio site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC (www.cpc.org.br) para uma interação necessária no que diz respeito à nossa profissão. 6 7 Introdução Nesta Unidade, vamos estudar dois conteúdos de extrema importância no contexto contábil, Propriedade para Investimento e Ativos e Passivos Contingentes. Ambos têm se tornado cada vez mais comuns, refletindo a diversificação de atividades das empresas e litígios judiciais envolvendo regras comerciais e fiscais, trabalhistas, entre outras. O primeiro assunto trata de Propriedade para Investimento, que são propriedades mantidas pela Empresa para obter rendas mediante aluguel ou venda, gerando ganho de capital. Esta prática tem sido comum nas empresas, sendo uma opção de diversificação das atividades. Outro assunto a ser estudado diz respeito aos ativos e passivos contingentes, que surgem de litígios judiciais nos quais as empresas podem estar envolvidas. Bem sabemos que, conforme o desenvolvimento dos mercados, surgem regras e leis para determinar a conduta de seus participantes em relação a fornecedores e clientes (comercialização), funcionários (esfera trabalhista) e Estado (esfera fiscal e tributária), entre outros. A não observância dessas regras faz com que o participante que se vê prejudicado busque judicialmente seus direitos. Passemos, agora, ao estudo do tratamento contábil dedicado a essas duas situações. Propriedade para Investimento Esse assunto é abordado no Pronunciamento Técnico CPC 28 – Propriedade para Investimento. De acordo com este documento, uma propriedade para investimento refere-se a terreno ou edifício mantidos para obtenção de rendas ou para valorização do Capital, e não para uso próprio. Por exemplo, Martins et.al. (2013) citam o caso de imóvel no qual se investiu com a intenção de valorizar o capital aplicado, e não para ser destinado ao uso da Empresa nas suas atividades operacionais. Outro exemplo trata-se de imóvel que a Empresa arrenda a terceiros na forma de arrendamento mercantil operacional, sendo este classificado como Propriedade para Investimento. Adicionalmente, reforçam que a propriedade para investimento deve, obrigatoriamente, ser imóvel (terreno ou edifício). E ainda, deve ser mantido para dele se obter receita de aluguel ou valorização do capital, ou ambas. Não pode ser utilizado no curso das atividades operacionais, em processo de produção ou fornecimento de bens e serviços, em atividades administrativas ou de vendas. Estes ativos não se tratam de ativos comprados ou construídos com 7 UNIDADE Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes o objetivo de venda no curso dos negócios, como é o caso do setor imobiliário. Assim, pode-se dizer que qualquer imóvel ocupado pela própria Empresa não pode ser classificado como Propriedade para Investimento (MARTINS et al. 2013). Estes ativos devem ser classificados no subgrupo Investimento, em conta denominada “Propriedade para Investimento”. A mensuração inicial de uma propriedade para investimento deve ser efetuada pelo seu custo, considerando-se, também, os custos de transação, como é feito com o ativo imobilizado. Caso a compra seja a prazo, o seu custo será o valor a vista, sendo a diferença reconhecida por competência como despesa financeira. Nota-se, nesse caso, a aplicação do ajuste a valor presente. Esses ativos podem ser avaliados, posteriormente, ao custo ou ao valor justo, sendo que a escolha deve ser aplicada de modo consistente ao longo do tempo. Mesmo tendo optado pelo método de custo, a empresa precisa divulgar o valor justo do ativo em nota explicativa. Ao utilizar esse método, os ativos classificados como propriedade para investimento devem ser normalmente depreciados. A depreciação ocorrerá considerando a vida útil econômica, o valor residual e a natureza do desgaste a que se sujeitam. Quando forem avaliados pelo valor justo, os ajustes devem ocorrer ao longo da vida útil. Os resultados decorrentes de alterações no valor justo deverão ser reconhecidos no resultado do período em que ocorrerem. Neste momento, é importante recordarmos algumas considerações sobre o valor justo. Conforme os pronunciamentos gerais, podemos dizer que a melhor evidência de valor justo é o valor de mercado em um mercado ativo com partes interessadas e independentes entre si, em uma transação sem favorecimentos e que não se configure em liquidação forçada. Na impossibilidade de medir o valor justo, deve-se utilizar o método de custo, presumindo valor residual nulo. Quanto aos gastos com manutenção e reformas, a segregação entre o que é despesa e o que é adição ao ativo segue também todas as mesmas regras aplicáveis ao caso do ativo imobilizado (MARTINS et al. 2013). Então, vamos lembrar: a) Gastos de capital: irão beneficiar mais de um exercício social e devem ser adicionados ao valor do ativo; b) Gastos do período: irão beneficiar apenas um exercício e são necessários para manter o ativo em condições de utilização, mas não lhe aumentam o valor. Assim, lembramos que os gastos de capital devem ser capitalizados, ou seja, lançados no ativo; e os gastos do período serão levados diretamente ao resultado. 8 9 Ativos e Passivos Contingentes O Pronunciamento Técnico que trata desse assunto é o CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (CPC, 2012). Martins et al. (2013) diferenciam os ativos e passivos contingentes dos outros ativos e passivos normais, afirmando que estes últimos são compostos por obrigações e direitos definidos, certos e geralmente suportados por documentação que não deixa incerteza quanto ao valor e à data previstade realização. Ademais, explicam que o termo “contingente” denota ativos e passivos não reconhecidos em virtude de sua existência depender de um ou mais eventos futuros incertos que não estejam totalmente sob o controle da instituição. Assim, um passivo contingente é originado quando existe uma possível obrigação a ser confirmada por evento futuro. Este passivo será reconhecido, conforme veremos, apenas se sua ocorrência for provável e puder ser mensurado com segurança. Já um ativo contingente é originado quando o ingresso de benefícios é provável, mas não totalmente certo, e a sua ocorrência depende de evento externo, fora do controle da Empresa. Exige apenas divulgação e será reconhecido apenas quando a realização da receita for praticamente certa. Para ativos e passivos contingentes, os gestores da companhia, assessorados por seus advogados, devem classificar as contingências para definir o tratamento contábil adequado. Essa classificação, segundo Almeida (2012), pode ser: Quadro 1 – Classifi cação das contingências. Remotas Possíveis Prováveis Probabilidade de ocorrência Pequenas Médias Fortes Assim, devemos classificar os ganhos ou perdas contingentes conforme as probabilidades de ocorrência descritas acima, podendo ser remotas, possíveis ou prováveis. Conforme a classificação, haverá um tratamento contábil específico. Essa classificação será efetuada mediante consulta ao Departamento Jurídico e advogados da Empresa. Desse modo, a regra geral é: • Ganho contingente: em nenhum caso é reconhecido antecipadamente, mas apenas no momento da realização. Será divulgado em nota explicativa apenas quando for provável; 9 UNIDADE Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes • Perda contingente: só é reconhecida quando a ocorrência for provável e seu valor puder ser estimado com segurança. Será descrito em nota explicativa quando a ocorrência for provável ou possível. Podemos notar que ganhos (ativos) contingentes somente devem ser contabi- lizados por ocasião de sua efetiva realização, ou seja, quando a companhia tiver vencido o processo em instância final. E será divulgado em nota explicativa apenas quando for provável. Quanto às perdas (passivos) contingentes, a Companhia deve provisioná-las se forem classificadas como prováveis caso o montante possa ser estimado com segurança. E será descrita em nota explicativa quando a ocorrência for provável ou possível (ALMEIDA, 2012). Podemos interpretar que essa regra, contida no Pronunciamento Técnico CPC 25 (CPC, 2012), condiz com a convenção do conservadorismo. Vamos lembrar essa convenção: Conservadorismo: na dúvida, antecipe perdas e aumente o passivo exigível, mas nunca antecipe ganho e nem aumente o ativo. O propósito da prática do conservadorismo e não ludibriar os usuários das demonstrações contábeis. Nesse contexto, a contabilização de ativos e passivos contingentes, conforme a classificação descrita em relação à sua probabilidade de ocorrência, é mais criteriosa em relação a passivos. Ou seja, o passivo contingente tem maior chance de ser contabilizado caso a ocorrência seja provável. Já o ativo contingente depende de mais circunstâncias, já que não será reconhecido anteriormente de forma alguma, mas apenas no momento da realização. Definições previstas no CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes • Provisão é um passivo de prazo ou de valor incertos; • Passivo é uma obrigação presente da Entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos da Entidade capazes de gerar benefícios econômicos; • Evento que cria obrigação é um evento que cria uma obrigação legal ou não formalizada que faça com que a Entidade não tenha nenhuma alternativa realista senão liquidar essa obrigação; • Obrigação legal é uma obrigação que deriva de: (a) Contrato (por meio de termos explícitos ou implícitos); (b) Legislação; ou 10 11 (c) Outra ação da lei; • Obrigação não formalizada é uma obrigação que decorre das ações da Entidade em que: (a) Por via de padrão estabelecido de práticas passadas, de políticas publicadas ou de declaração atual suficientemente específica, a Entidade tenha indicado a outras partes que aceitará certas responsabilidades; e (b) Em consequência, a Entidade cria uma expectativa válida nessas outras partes de que cumprirá com essas responsabilidades; • Passivo contingente é uma obrigação: (a) Possível que resulta de eventos passados e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da entidade; ou (b) Presente que resulta de eventos passados, mas que não é reconheci- da porque: (i) Não é provável que uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos seja exigida para liquidar a obrigação; ou (ii) O valor da obrigação não pode ser mensurado com suficiente con- fiabilidade; • Ativo contingente é um ativo possível que resulta de eventos passados e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos, não totalmente sob controle da Entidade; • Contrato oneroso é um contrato em que os custos inevitáveis de satisfazer as obrigações do contrato excedem os benefícios econômicos que se esperam sejam recebidos ao longo do mesmo contrato; • Distinção entre Provisões e Passivos Contingentes: (a) Provisões: que são reconhecidas como passivo (presumindo-se que possa ser feita uma estimativa confiável) porque são obrigações presentes e é provável que uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos seja necessária para liquidar a obrigação; e (b) passivos contingentes: que não são reconhecidos como passivo porque são: (i) obrigações possíveis, visto que ainda há de ser confirmado se a entidade tem ou não uma obrigação presente que possa conduzir a uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos; ou (ii) obrigações presentes que não satisfazem os critérios de reconhecimento deste Pronunciamento Técnico (porque não é provável que seja necessária uma saída de recursos que incorporem benefícios econômicos para liquidar a obrigação, ou não pode ser feita uma estimativa suficientemente confiável do valor da obrigação). Uma provisão deve ser reconhecida quando: (a) a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não formalizada) como resultado de evento passado; 11 UNIDADE Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes (b) seja provável que será necessária uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos para liquidar a obrigação; e (c) possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação. Se essas condições não forem satisfeitas, nenhuma provisão deve ser reconhecida. Passivo contingente A entidade não deve reconhecer um passivo contingente O passivo contingente é divulgado a menos que seja remota a possibilidade de uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos. Ativo contingente • A entidade não deve reconhecer um ativo contingente; • O ativo contingente é divulgado quando for provável a entrada de benefícios econômicos; • Os ativos contingentes não são reconhecidos nas demonstrações contábeis, vez que pode tratar-se de resultado que nunca venha a ser realizado; • Os ativos contingentes surgem normalmente de evento não planejado ou de outros não esperados que dão origem à possibilidade de entrada de benefícios econômicos para a entidade; • Porém, quando a realização do ganho é praticamente certa, então, o ativo relacionado não é um ativo contingente e o seu reconhecimento é adequado. Provisão e Passivo Contingente São caracterizados em situações nas quais, como resultado de eventos passados, pode haver um saída de recursos envolvendo benefícios econômicosfuturos na liquidação de: (a) obrigação presente; ou (b) obrigação possível cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da entidade. Há obrigação presente que provavelmente requer uma saída de recursos. Há obrigação possível ou obrigação presente que pode requerer, mas provavelmente não irá requerer, uma saída de recursos. Há obrigação possível ou obrigação presente cuja probabilidade de uma saída de recursos é remota. A provisão é reconhecida (item 14). Nenhuma provisão é reconhecida (iteM 27). Nenhuma provisão é reconhecida (item 27). Divulgação é exigida para a provisão (itens 84 e 85). Divulgação é exigida para o passivo contingente (item 86). Nenhuma divulgação é exigida (item 86). Ativo Contingente São caracterizados em situações nas quais, como resultado de eventos passados, há um ativo possível cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da entidade. A entreda de benefício econômicos é praticamente certa. A entrada de benefícios econômicos é provável, mas não praticamente certa. A entrada não é provavel. O ativo não é contingente (item 33). Nenhum ativo é reconhecido (item 31). Nenhum ativo é reconhecido (item 31). Divulgação é exigida (item 89). Nenhuma divulgação é exigida (item 89). 12 13 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Contabilidade avançada: textos, exemplos e exercícios resolvidos ALMEIDA, M. C. Contabilidade avançada: textos, exemplos e exercícios resolvidos. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2013. Manual de normas internacionais de contabilidade: IFRS versus normas brasileiras ERNST & YOUNG, Fipecafi. Manual de normas internacionais de contabilidade: IFRS versus normas brasileiras. 2.ed. Sã o Paulo: Atlas, 2010. IFRS: entendendo e aplicando as normas internacionais de Contabilidade LIMA, L. M. S. IFRS: entendendo e aplicando as normas internacionais de Contabilidade. Sã o Paulo: Atlas, 2010. Contabilidade avançada e internacional MULLER, A. N.; SCHERER, L. M. Contabilidade avançada e internacional. 3.ed. São Paulo : Saraiva, 2013. IFRS e CPC: guia de aplicação contábil para contexto brasileiro OLIVEIRA, Antonio Benedito; SIQUEIRA, Dalgi. IFRS e CPC: guia de aplicação contábil para contexto brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2013. 13 UNIDADE Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes Referências ALMEIDA, M. C. Manual de interpretação contábil da lei societária. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2012. COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento técnico CPC 25 – Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes. Brasília: 2012. COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento técnico CPC 28 – Propriedade para investimento. contingentes. Brasília: 2012. MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade Societária. Aplicável a todas as Sociedades de Acordo com as Normas Internacionais e do CPC. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2013. 14
Compartilhar