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Inflamação e reparo Me. Wagner da Silva Naue Fisioterapeuta Especialista em Terapia intensiva (Assobrafir) Doutorando Ciências Médicas (UFRGS) Contato: wnaue@hotmail.com Introdução • A sobrevivência do organismo requer a eliminação de agentes estranhos como: bactérias, vírus e agentes infecciosos em geral. • Este processo de eliminação e denominado de inflamação. • A inflamação é uma resposta protetora do organismo que envolve células, vasos sanguíneos, proteínas e demais mediadores envolvidos tanto na eliminação da causa inicial da lesão, bem como com o reparo. Resposta inflamatória • A inflamação realiza uma ação protetora. • Diluindo, destruindo ou neutralizando os agentes nocivos. • Levando ao reparo a cura do local da lesão. • Onde sem a ação inflamatória jamais ocorreriam a cicatrizarão das feridas. Resposta inflamatória Componentes desta resposta inflamatória Inflamação exacerbada • Na maioria das vezes a reposta inflamatória auxilia na remoção das infecções e outros estímulos nocivos, iniciando o reparo. • Mas em alguns casos como infecções muito graves, persistentes ou quando a resposta inflamatória se volta contra o próprio tecido (autoimune) • Ela se torna crônica e com respostas exagerada lesando o próprio tecido. Asma • A inflamação é induzida por mediadores químicos produzidas pelas células em reposta ao estímulo nocivo. • Quando o micróbio lesa o tecido, está lesão e percebida por células residentes (macrófagos, células dendríticas e mastócitos) • Estas células secretam moléculas (citocinas)que induzem e regulam a resposta inflamatória. Características da resposta inflamatória • Sinais cardinais: são as manifestações externas da inflamação. • São eles: calor (aquecimento local), rubor (vermelhidão), edema (inchaço), dor e perda de função. • Essas manifestações são consequências das alterações vasculares e recrutamento e ativação de leucócitos. Características da resposta inflamatória • A inflamação normalmente é controlada, autolimitada. • As células e mediadores são ativadas somente em resposta a lesão. • E como possuem vida curta, são degradas ou tornam-se inativas quando o agente nocivo e retirado. • Além disso, o corpo lança mão de agentes antiinflamatórios para controle da resposta. Características da resposta inflamatória Resposta inflamatória • Está dívidas em aguda ou crônica. • Aguda é de início rápido e de curta duração, variando de poucos minutos a poucos dias. • Caracterizando-se pela exsudação de líquidos e proteínas plasmáticas, com acúmulo de leucócitos predominantemente neutrófilos. • Já a crônica é de duração maior podendo ocorrem a partir de dias até anos, é caracterizada por influxo de linfócitos e macrófago se proliferação vascular associada a fibrose (cicatrização). Inflamação aguda x crônica Inflamação aguda • É uma resposta rápida que leva os leucócitos e proteínas plasmáticas para o local da lesão. • Objetivando remover os invasores e se livrar do tecido necrótico, serviço este realizado pelos leucócitos. • É composta por dois componentes principais: alterações vasculares e eventos celulares. Alterações vasculares • Alterações nos calibres vasculares que resultam em aumento do fluxo sanguíneo (vasodilatação). • Alterações nas paredes vasculares que permitem a passagem das proteínas plasmáticas da circulação vascular (aumento da permeabilidade vascular) para o foco da lesão. Alterações vasculares Alterações vasculares • Estas alterações iniciam rapidamente após a lesão ou infecção, mas se desenvolvem em velocidades variáveis conforme a magnitude da lesão. • Após a vasoconstrição (segundos) transitória ocorre a vasodilatação das arteríolas, resultado no aumento de fluxo sanguíneo (eritema e calor). • Com o aumento da permiabilidade vascular, o líquido extravasa para o extracelular (Edema) deixando o sangue mais viscoso levando a estase venosa. • Quando está estase se desenvolve facilita a migração dos leucócitos (neutrófilos) do leito vascular para o tecido lesado. Aumento da permiabilidade vascular • Leva a saída de líquido rico em proteínas e células sanguíneas para o tecido extravascular. • Isso provoca aumento da pressão osmótica do líquido intersticial, levando a maior saída de água para os tecidos. • Este acúmulo de líquido rico em proteínas e chamado de exsudato. (Típico da reação inflamatória) • Já os transudatos contém baixa concentração de proteínas e poucas células sanguíneas. Eventos celulares • Migração dos leucócitos da microcirculação e acúmulo no foco da lesão. • Tornando-os aptos para eliminar o agente agressor. • Os principais leucócitos na inflamação são os neutrófilos. Migração dos neutrófilos Estímulos das reações agudas • Infecções: por bactérias, vírus, fungos, parasitas... Estão entre as causa clinicamente relevantes mais comuns de inflamação. • Trauma: cortes, penetrações, lesão mecanicamente as células induzindo a inflamação. • Necrose tecidual: de qualquer causa (isquemia). • Corpo estranho: farpas, poeira, depósito de cristais, suturas. • Reações imunológicas: hipersensibilidade, contra substâncias ambientais ou próprio tecido. Reconhecimento do agente agressor • As células dendríticas, presentes nos tecidos conjuntivos, e outras células expressam receptores. • Estes por sua vezes são capazes de sentir a presença do agressor (patógeno) e resíduos das células necrosadas. • Desta maneira sinalizando que este agressor não faz parte do tecido normal, ativando a reação inflamatória. • Estes receptores são divididos em dois grupos principais: receptores do tipo Toll (TLRs) e o inflamamossomo. Receptores do tipo Toll • São sensores de bactérias e microorganismos em geral. • Estão localizados na membrana plasmática e são capazes de reconhecer patógenos até fora da célula. • Além de reconhecer os patógenos, estes receptores ativam a defesa do organismo (citocinas inflamatórias, antivirais e ativação de linfócitos) Os inflamossomos • É um complexo multiproteico do citoplasma celulares que identifica resíduos das células mortas. • Como o ácido úrico e ATP extra celular, e também alguns cristais microbianos. • Ele ativa uma enzima denominada caspase 1, que cliva a forma inativa da interleucina (IL-1b) transformando-a na sua forma ativa. • Está IL-1b por sua vezes é a principal responsável pelo recrutamento dos leucócitos. Reconhecimento dos agentes nocivos Ativação dos leucócitos • Ao chegar ao sítio da lesão os leucócitos tem que ser ativados. • Eles possuem vários receptores que percebem a presença de micróbios, células mortas e substâncias estranhas. • Levando a ativação leucocitária. Ativação leucocitária • Fagocitose das partículas • Destruição destas partículas fagocitadas (células mortas e micróbios) • Liberação de substância para destruição de micróbios extracelulares, e armadilhas extracelulares. • Produção de mediadores para mais recrutamento de leucócitos para aumentar a inflamação. Fagocitose leucocitária Lesão induzida por leucócitos • Eles secretam substâncias prejudiciais aos tecidos íntegros também. • Isso ocorre quando o agente causador é muito difícil de erradicar, como nas infecções por tuberculose e por alguns vírus. • Na tentativa de remoção de células necróticas, quando estas estão em grande número, necessitando de uma reação exacerbada e prolongada. • E quando a reação inflamação é impropriamente dirigida ao hospedeiro como nas doençasautoimunes. Resultados da inflamação aguda • Resolução com regeneração e reparo: Quando a lesão é limitada ou breve com pouca lesão tecidual, levando ao completo reparo é reestabelecimento funcional. • Inflamação crônica: sucede a aguda se o agente nocivo não for removido. Dependendo deste agentes da magnitude desta inflamação pode ocorrer o reparo e retomada funcional. • Cicatrização: é o reparo que ocorre após a destruição substancial de tecido. Substituindo as células funcionais deste tecido por tecido conjuntivo. Mecanismos anti- inflamatórios • As inflações cedem porque muitos mediadores tem curta duração e são destruídos por enzimas. • Os macrófagos e outras células secretam citocinas IL-10 que diminuem a ação dos próprios macrófagos ativados. • Outra citocina antiinflamatória é o TGF-b que diminui a ação dos receptores que reconhecem micróbios (receptores Toll). Inflamação crônica • É de duração prolongada ( semanas a anos). • Na qual a inflamação ativa, destruição e reparo tecidual ocorrem simultaneamente. • Geralmente está acompanhada de dor persistente e de moderada intensidade. Características da inflamação crônica • Infiltração de células mononucleares, macrófagos, linfócitos e plasmocitos. • Destruição celular induzida pelos produtos da inflamação aguda. • Reparo, envolvendo proliferação de novos vasos (angiogênese) e fibrose. Origem da inflamação crônica • Infecções por organismos difíceis de erradicar: micobacterias, vírus e fungos. • Doenças inflamatórias imunomediadas: doenças causadas por ativação excessiva e inapropriada do sistema imune ( asma). • Exposição prolongada a agentes tóxicos, como por exemplo a sílica. Que causa uma inflamação prolongada dos pulmões. Células mediadoras da inflamação crônica • Macrófagos: células dominantes neste tipo de inflamação, provenientes dos monócitos circulantes no sangue. • Linfócitos: são mobilizados em resposta a estímulos imunes ou necrose isquêmico e trauma. • Eosinófilos: encontrados em tecidos inflamados por infecções parasitárias. Macrófagos • Conjunto de células que constitui o sistema de fagocitose monuclear. • Atuam como filtros para micropartículas, micróbios e resíduos de morte celular. • São ativados por vários estímulos para realizarem sua função. Ativação clássica do macrófago • Induzida por produtos microbianos, como endotoxinas. • Pelos sinais dos linfócitos T ( citocina IFN-Y) e substâncias estranhas (micropartículas e cristais). • Utilizando de enzimas lisossómicas para destruição destes agentes bem como de ERO. Ativação alternativa dos macrófagos • É induzida por citocinas diferentes como a IL-4 e IL-13 produzidas pelos linfócitos T. • Seu principal papel e o reparo tecidual. • Eles secretam fatores de crescimento que promovem a angiogênese, ativam fibroblastos e estimulam a síntese de colágeno. Ativação dos macrófagos Linfócitos • A ativação dos linfócitos T e B é parte resposta adapatativa, a inflamação infecciosa ou autoimune. • Migram para o sítio inflamatório pelo mesmo mecanismo dos leucócitos, e servem como uma resposta mais específica ao agente lesivo. • Por também excretarem citocinas, modulam a resposta inflamatória. • Além disso, interagem com os macrófagos na resposta ao agressor. Interação de macrófagos e linfócitos Eosinófilos • Sua migração ao sítio inflamatória é comum as demais células de resposta inflamatória. • Seus grânulos possuem uma proteína altamente tóxica para parasitas, mas também pode causar necrose do tecido epitelial. Inflamação granulomatosa • É um padrão distinto da inflamação crônica, onde ocorre agregação de macrófagos ativados com linfócitos. • Este padrão distinto ocorre em algumas patologias graves como tuberculose, doença de Cronh (inflamação intestinal). • O grânuloma encerra o agente agressor, mas não significa que o destrói. Grânuloma por tuberculose Efeitos sistêmicos da inflamação • Febre: elevação da temperatura corporal, comumente observada na fase aguda. Se da por ativação de pirogênios. • Que estimulam células do hipotálamo, levando-o a ativar neurotransmissores que elevam a temperatura corporal. • Níveis plasmáticos de proteínas elevadas, podem aumentar em até 100 vezes em inflamação aguda. Auxiliam na eliminação de micróbios. PCR mais comum. • Leucocitose: reação comum nas inflamações principalmente as infecciosas, podendo chegar 40.000 - 100.000 células/ ml de sangue. • Outras manifestações incluem: aumento da frequência cardíaca, diminuição da sudorese (desvio do fluxo sanguíneo), frio, aumento da pressão arterial, prostração e mal estar. Efeitos sistêmicos da inflamação Reparo tecidual • Também chamado de cura refere-se a restauração da estrutura e função do tecido. • Pode ocorrem pois dois caminhos, regeneração do tecido ou substituição por tecido conjuntivo (cicatrização). Regeneração tecidual • Alguns tecidos são capazes de substituir células lesadas e retomar ao estado normal. • O processo ocorre por proliferação de células residuais não lesadas (capazes de se dividir) ou de células tronco teciduais. (Hepatóticitos no fígado). Cicatrização tecidual • Quando os tecidos são incapazes de se regenerar ou a lesão foi capaz de destruir as escutas de suporte tecidual. • Ocorre a deposição de tecido conjuntivo (fibrose) formando a cicatrização. • Embora ela não possa substituir a função do tecido, ela oferece amparo estrutural para função da melhor maneira possível. Reparo tecidual Proliferação celular • Vários tipos de células proliferam durante a tentativa de reparo do tecido. • Dentre elas células restantes do tecido lesado, endoteliais e fibroblastos. • As células endoteliais proliferam para formar novos vasos e dar aporte sanguíneo ao reparo do tecido. • Já os fibroblastos proliferam para servirem como tecido conjuntivo para cicatrização. Capacidade de proliferação celular dos tecidos • A capacidade de se reparar dos tecidos está intimamente relacionada à sua capacidade proliferativa. • São divididos em três grupos: tecidos lábeis, estáveis e permanentes. Regulação da proliferação tecidual Tecidos lábeis • As células destes tecidos são continuamente renovadas, por maturação de células tronco e proliferação de células maduras. • Exemplos destes tecidos são: células hematopoeticas, epiteliais (cavidade oral, trato intestinal, pele). Tecidos estáveis • Células que possuem baixa capacidade réplicativas, mas em condições de lesão tecidual podem se proliferar. • Fazem parte do parênquima da maioria dos órgão humanos (rins,pancreas) • Compõem também o células musculares lisas, endoteliais e fibroblastos. • Possuem capacidade limitada de regeneração. Tecidos permanentes • São consideradas permanentemente diferenciadas e não proliferam na vida pôs natal. • A maioria das células dos neurônios e cardíacas pertencem a esta categoria. • Seu reparo é tipicamente formado por cicatrização. Formação da cicatriz • O reparo por processo cicatricial segue uma padrão sequencial após a reação inflamatória. • Angiogênese • Migração, deposição de fibroblastos e tecido conjuntivo. • Maturação e reorganização do tecido fibroso. Angiogênese Formação da cicatriz Inflamação e reparo Me. Wagner da Silva Naue Fisioterapeuta Especialista em Terapia intensiva (Assobrafir) Doutorando Ciências Médicas (UFRGS) Contato: wnaue@hotmail.com
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