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Universidade Federal do Pará Instituto de Ciências da Saúde Faculdade de Odontologia FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS E SEDAÇÃO CONSCIENTE Belém 2017 Trabalho da disciplina de Recapitulação e Aprofundamento das Disciplinas Básicas III, apresentado à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará, como requisito para a composição de notas. Orientador: Profª Dr. Erick Pedrero. Discentes: Andressa Ferreira Rodrigues (201410440121); Elem Cristiane Gonçalves de Lima (201410440119); Izabelly Crhistini Andre Nazareth (201410440044); Márcia Fabiane Lima Tavares (201410440118); Talyssa Teixeira Cruz (201410440120); Rhuan Vitor Sodré Leal (201410440046). FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS E SEDAÇÃO CONSCIENTE Belém 2017 O primeiro anestésico local descoberto foi a cocaína, extraída das folhas de Erythroxylon coca em 1860 por Nieman, na Alemanha. Em 1868 Moreno y Maiz descreveram o potencial da cocaína como anestésico local. Em 1884, Koller a utilizou pela primeira vez para anestesia tópica do olho. Em1890, Ritsert identificou a cocaína como ácido benzóico, possibilitando a síntese da benzocaína. Em 1905, Einhorn e Braun sintetizaram a procaína; mais hidrossolúvel e menos tóxica que a benzocaína, compatível com o uso sistêmico. REFERENCIAMENTO HISTÓRICO Im a g e m 1 - F o lh a d e C o ca . Fo n te : w w w .m o n ta n h a. b io .b r Em 1943, Löfgren sintetizou a lidocaína,derivada do ácido dietil aminoacético, iniciando-se a era dos anestésicos locais tipo amida, relativamente isentos de reações alérgicas, tão comuns com os derivados do ácido para-aminobenzóico. Amida O QUE SÃO OS ANESTÉSICOS LOCAIS? São drogas que podem bloquear de forma reversível a transmissão do estímulo nervoso no local onde for aplicado, sem ocasionar alterações no nível de consciência. (PAIVA e CAVALCANTI, 2005. ) Os anestésicos locais interrompem a condução do estímulo nervoso por bloquear a condutância dos canais de sódio e conseqüentemente impedir a deflagração do potencial de ação MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS As fibras nervosas possuem sensibilidades diferentes aos anestésicos locais, sendo as fibras pequenas mais sensíveis que as grandes, e as fibras mielizadas são bloqueadas mais rapidamente que as não mielizadas de mesmo diâmetro. O bloqueio das fibras nervosas ocorre gradualmente, iniciado com a perda de sensibilidade à dor, à temperatura, ao toque, à propriocepção e finalmente perda do tônus músculo esquelético. MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Por isso que os indivíduos podem ainda sentir o toque no momento em que a dor já está ausente após aplicação do anestésico local. A N E S T É S IC O S L O C A IS MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS • Primeiro mecanismo: Todos os anestésicos locais são bases fracas, assim eles podem se apresentar de duas formas: não ionizada (B) ou ionizada (BH+). Em regra, são preparados na forma de sais de hidrocloreto, levemente ácidos (com pH variando de 4,5 a 6,0), que melhoram a hidrossolubilidade e a estabilidade em meio aquoso. Uma vez injetado, é rapidamente neutralizado por tampões dos tecidos e uma fração iônica é convertida em base molecular não ionizada (Ferreira, 1999; Tortamano, 2001). A forma ionizada do anestésico local liga-se de modo específico aos canais de sódio, inativando-os e impedindo a propagação da despolarização celular. Porém, a ligação específica ocorre no meio intracelular, por isso é necessário que o anestésico local em sua forma molecular ultrapasse a membrana plasmática para então bloquear os canais de sódio. • Segundo mecanismo: Ocorre a inativação dos canais de sódio pela incorporação de moléculas de Anestésicos Locais na membrana plasmática (teoria da expansão da membrana plasmática). Nsse segundo mecanismo de ação seria gerado pela forma não ionizada dos anestésicos locais, atuando de fora para dentro. MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS FATORES QUE AFETAM A AÇÃO E POTÊNCIA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS • Efeito do pH; • Efeito do pKa; • Características fisico-químicas. EFEITO DO pKa O pKa de uma base fraca define o pH no qual as duas formas (ionizada e não ionizada) coexistem em equilíbrio. Como o pH dos tecidos difere do pKa de uma determinada droga, haverá maior proporção de uma das formas, a ionizada ou a não ionizada. Em valores acima de um determinado pKa, predominam as formas não ionizadas (apolares, lipofílicas) e abaixo deste valor, predominam as formas ionizadas (polares, hidrofílicas). Essa relação é expressa pela equação de Henderson-Hasselbach: pKa – pH = log [BH+] [B] onde [B] é a concentração não ionizada e [BH+] é a concentração ionizada da droga. Como o pKa dos anestésicos locais influencia na velocidade do início de ação? No pH fisiológico (pH = 7,4) todos os anestésicos locais apresentam sua forma ionizada em maior proporção, visto que o pKa de todos os anestésicos locais é maior que pKa = 7,4. Cada droga possui um pKa diferente, a proporção da forma ionizada e não- ionizada (molecular) presentes no local apresenta variabilidade: DROGA pKa Forma NÃO Ionizada Lidocaína 7,9 25% Bupivacaína 8,1 15% Rápida EFEITO DO ph Quanto mais próximo do pKa de um determinado anestésico local for o pH do meio circundante, mais rápido será o início do efeito da droga. O processo inflamatório diminui pH tecidual (acidez deve-se ao uso das vias energéticas redutoras primitivas: acidose láctica), causando “aprisionamento” do anestésico no espaço extracelular, tornando a droga muito menos efetiva. Imagem 2 - Evolução da inflamação aguda (do livro Robbins and Cotran Pathologic Basis of Disease - Kumar, Abbas and Fausto (eds) 7th Edition) OUTRAS CARACTERÍSTICAS FISICO-QUÍMICAS • Está relacionada com a ligação às proteínas e com a lipofilia de um determinado composto. Quanto maior for à ligação às proteínas plasmáticas (alfa-albumina) menor será a potência e menor a sua toxicidade; Quanto maior for à lipofilia, maior será a potência (melhor penetração); Quanto maior a fração não ionizada, maior é a facilidade de penetração => maior potência (menor latência) – Relacionada ao pKa e pH. Droga pKa Ionização Lipossolubilidade Lig. Proteica Bupivacaína 8,1 83 3420 95 Lidocaína 7,9 76 366 64 Mepivacaína 7,6 61 130 77 Prilocaína 7,9 76 129 55 Ropivacaína 8,1 83 775 94 Anestésico Latência (min) Duração (h) Potência Dose máxima (mg/kg) Procaína 0,2 - 15 < 1 1 12 Lidocaína 0,2 - 15 1 - 2 4 4,5 Prilocaína 0,2 - 15 1 - 2 2 8 Tetracaína 1 - 15 3 - 5 16 2 - 3 Bupivacaína 0,5 - 30 3 - 6 16 2 - 3 Ropivacaína 1 - 20 3 - 4 12 2 - 3 Curta Duração: Procaína. Duração Intermediária: Lidocaína, Mepivacaína, Prilocaína, Etidocaína. Longa Duração: Tetracaína, Bupivacaína, Ropivacaína. ESTRUTURA QUÍMICA A duração da ação do anestésico local está relacionada à sua estrutura molecular, principalmente ao comprimento da cadeia intermediária que liga o anel aromático ao grupo amina, e ao grau de ligação protéica da droga. Imagem 3 - MALAMED, 2004. Os anestésicos locais variam em seus efeitos clínicos e essas diferenças dependem de sua estrutura química. Reconhece-se, na fórmula geral dos anestésicos locais, três partes fundamentais : ÉSTER Ácido benzóico Ácido para-aminobenzóico (PABA)Cocaina Procaína Benzocaína Cloroprocaína Tetracaína Propoxicaína AMIDA Agentes derivados da xilidina Agentes derivados da toluidina Lidocaína Prilocaína Mepivacaína Bupivacaína Articaína Ropivacaína Etidocaína Ésteres Ésteres (exceto a cocaína) são rapidamente metabolizados por Colinesterases plasmáticas em metabólitos inativos, e consequentemente apresentam curta meia vida. Os metabólitos dos ésteres são excretados pelos rins. A cocaína é hidrolisada no fígado. Amidas As amidas são metabolizadas pelas amidases hepáticas. Apresenta metabolismo mais lento, o que determina uma meia vida mais longa, por isso podem apresentar efeito cumulativo em caso de doses repetidas. A prilocaína apresenta metabolização extra- hepática METABOLISMO E EXCREÇÃO Éster Amida Instáveis em solução (temperatura, tempo, etc) Estáveis em solução Maior potencial alergênico metabólitos = ácido para-aminobenzóico (PABA) Baixo potencial alergênico Rápida hidrólise (enzimas plasmáticas - colinesterase) Lenta biotransformação hepática Que anestésico local pode afetar o feto durante a gravidez? Os ésteres possuem mínimos efeitos sobre feto, pois são metabolizados de modo tão acelerado que não existem concentrações suficientes na circulação sistêmica para ultrapassar a barreira placentária. As amidas, principalmente as com menor grau de ligação protéica, como a lidocaína, atravessam em maior quantidade a barreira placentária, causando acidose metabólica e sofrimento fetal. A forma ionizada atravessa a barreira placentária e não retornar à circulação materna, acumulando-se na circulação fetal, resultando em toxicidade e morte fetal (aprisionamento iônico - ion trapping). Anestésicos locais mais utilizados em Odontologia Lidocaína Prilocaína Mepivacaína Cloridrato de Bupivacaína Articaína Lidocaína Foi o primeiro agente anestésico do grupo amida a ser sintetizado. Inicio de ação: 2 a 3 min Concentração ideal: 2%. Dose máxima: 7,0mg/Kg em adultos, não excedendo 500mg ou 13 tubetes anestésicos. É encontrada comercialmente em forma de gel, solução viscosa, pomada e spray. Prilocaína Apresenta uma potência e toxicidade menor que a lidocaína Início de ação: 2 a 4 minutos. Dose máxima: 6,0 mg/kg, não excedendo 400mg ou 7 tubetes anestésicos na concentração de 4%, no paciente adulto. Concentração ideal: 4% . Não apresenta formulação tópica. Mepivacaína Apresenta potência e toxicidade duas vezes maior que a lidocaína Início da ação: 1 ½ a 2 minutos. Concentração ideal: 2% (com vasoconstritor) e 3% (sem vasoconstritor) Dose máxima: 6,6 mg/kg, não devendo ultrapassar 400mg ou 11 tubetes anestésicos. Bupivacaína Anestésicos de longa duração.Potênciaa maior e uma toxicidade menor que a lidocaína. Inicio de ação: 6 a 10 minutos. Dose máxima: 1,3mg/ kg, não devendo ultrapassar 90mg ou 10 tubetes. Tempo de duração: anestesia mandibular pode persistir de 5 a 9 horas. Concentrações ideais: em tubetes anestésico é 0,5%, em ampolas de 20ml são 0,25%, 0,50% e 0,75% (com ou sem vasoconstritor). Articaína Início e duração similares aos da lidocaína. Meia-vida de 27min. Início de ação: 1,5 a 3 min Dose máxima: 6,6mg/kg, não ultrapassando 500mg ou 6 tubetes Tempo de duração: 2 a 3 horas em tecidos moles e 3 a 4 horas em tecido mandibular • Efeitos úteis: Perda completa de sensação local, e em especial da dor, sem perda do controle muscular. O paciente pode cooperar, respondendo a pedidos do cirurgião. Não há riscos elevados de efeitos dos anestésicos locais como para os anestésicos gerais. • Efeitos adversos: Apesar das precauções, alguma pequena quantidade de fármaco chega sempre a outros órgãos, nomeadamente ao cérebro e ao coração. Ansiedade com tremores; Euforia, agitação; Confusão; Convulsões (incomum); Depressão nervosa, em altas doses algum risco de depressão respiratória; Vasodilatação e redução da frequência cardíaca; Hipotensão arterial; Reacções alérgicas. SUBSTÂNCIAS ADMINISTRADAS EM CONJUNTO AOS ANESTÉSICOS LOCAIS: Bicarbonato: Adicionado aos anestésicos locais para aumentar o pH do meio, aumentando a proporção da droga na forma não-ionizada, o que aumenta a velocidade de ação da anestesia (redução da latência). A adição de concentrações excessivas de bicarbonato à solução pode levar à precipitação do anestésico local, inativando seu efeito. Glicose: É adicionada à bupivacaína para aumentar a baricidade da solução, tornando-a hiperbárica em relação ao líquor, o que permite maior controle da dispersão intratecal do anestésico. Vasoconstritores: Minimizam o efeito vasodilatador de alguns anestésicos locais (como a lidocaína), reduzindo a taxa de absorção da droga para a circulação sistêmica, aumentando o efeito local. VASOCONSTRITORES Vantagens Melhor trabalho CD Absorção lenta do sal anestésico Reduz toxidade Aumenta duração da anestesia Uso de quantidade menores de solução Aumenta efeito anestésico Efeitos adversos Antidepressivos tricíclicos Antagonistas β- adrenérgicos Outros vasoconstritores Cocaína T IP O S V A S O C O N S T R IT O R E S Aminas Simpatomiméticas Catecolaminas Adrenalina (epinefrina) Noradrenalina Levonordefrina Não-catecolaminas Fenilefrina Felipressina Adrenalina Receptores α e β-adrenérgicos, sendo que o efeito β é mais significativo; Adrenalin Dose máxima 0,2 mg paciente saudável 0,04 mg cardiopatas Efeito miocárdio Débito cardíaco, força de contração, frequência cardíaca e consumo de O2 Noradrenalina Dobro da adrenalina Receptores α-adrenérgicos Eleva pressão sistólica Levarterenol, Levophed, Noradrenalin Dose máxima 0,34 mg paciente saudável 0,14 mg cardiopatas Levonorderfina Ação semelhante adrenalina, porém com maior estabilidade e menor potência Receptores α-adrenérgicos Vasoconstrição periférica Neo- cobefrina Fenilefrina Associada exclusivamente à lidocaína Receptores α-adrenérgicos, pouca ou nenhuma atividade em beta Possui apenas 5% da potência da adrenalina Biocaina, Novocol Tem maior estabilidade e maior duração Felipressina Não age em receptores beta e alfa- adrenérgicos Possui ação vasoconstritora inferior à adrenalina e à noradrenalina Associada à prilocaína Biopressin, Citocaína Age como estimulante direto da musculatura lisa vascular Hemostasia? Definição: •Estado de depressão mínima do nível de consciência do paciente, que não afeta a sua capacidade de manter funcional as vias aéreas de forma independente e contínua, assim como a capacidade de responder apropriadamente a estímulos físicos e comando verbal. Ansiedade: “Reação cognitiva, emocional e física a uma situação de perigo ou em antecipação de ameaça.” Fatores que geram ansiedade no paciente: Como controlar a ansiedade: Método não farmacológico: verbalização ou “tranquilização verbal” Método farmacológico Quando considerar um protocolo de sedação consciente: Ansiedade aguda não controlável por meio demétodos não farmacológicos. Pacientes com distúrbios físicos ou mentais Intervenções odontológicas mais invasivas (exodontias de inclusos, drenagem de abscessos, implantes, cirurgias paraendodônticas, etc). Após traumatismos dentais acidentais. Atendimento de pacientes diabéticos, portadores de doença cardiovascular com doença controlada, com o objetivo de minimizar as respostas ao estresse cirúrgico ou outro tipo de intervenção. Sedação com Óxido Nitroso Histórico - 1840, Horace Wells inalou N2O para promover a auto exodontia dos seus molares - Preservação da consciência e ausência de reflexo álgico Sedação com Óxido Nitroso •Propriedades: - Anestésico geral de baixa potência, tem que ser associado a outros anestésicos gerais Gás não-irritante Analgésico e amnésico Não é hipnótico, mas pode ter efeito hilariante - Tem propriedades de deprimir SNC - Comercializado em cilindros de cor azul Grau de pureza acima de 99,5% Sedação com Óxido Nitroso - Aumenta o limiar de dor no periósteo, permitindo curetagem - Gás inalatório com maior concentração alveolar mínima - Fraco depressor do miocárdio e estimulante ligeiro do SNS, pode haver compensação devido o aumento da resistência vascular sistêmica Sedação com Óxido Nitroso - Legalização: RESOLUÇÃO CFO-051/ 2004. • Indicações: - Medo; - Ansiedade; - Hiperatividade; - Pacientes com distúrbios físicos e/ou mentais; - Alergia. Sedação com Óxido Nitroso Contra-indicações: - Obstrução de vias aéreas superiores - Fissura palatal - Respirador bucal - Pacientes com distúrbios comportamentais sérios que não colaboram com a técnica - Gravidez - Doenças pulmonares crônicas - Pacientes psiquiátricos Sedação com Óxido Nitroso Vantagens: - Início de ação rápida; - Profundidade de sedação alterável; - Segurança; - Tempo de recuperação rápido; - Poucos efeitos colaterais. Sedação com Óxido Nitroso Desvantagens: - Alto custo do equipamento; - Baixa potência do N2O; - Mínimo grau de cooperação. Sedação com Óxido Nitroso Equipamentos utilizados: - Clindros : azul (N2O) e branco (O2); - Oxímetro de pulso; - Máscara. Farmacologia do Óxido Nitroso Mecanismo de Ação Inalação de NO² para os sacos alveolares e circulação pulmonar Alta concentração pulmonar de N2O/1000ml/minuto Substituição de N2 por N2O no sangue e cérebro Saturação primária do sangue e cérebro Farmacologia do Óxido Nitroso Efeito sedativo Eliminação de N2 conforme a ligação N2O+O2 é formada (3 a 5 minutos) Farmacologia do Óxido Nitroso - Efeito Concentração: Quanto maior a concentração, mais rapidamente a tensão arterial do gás se eleva. Alta proporção Grande volume aspirado(1000ml/minuto) Absorção rápida dos pulmões para o sangue Aspiração de maior volume Aumento de tensão arterial do gás Efeito do Segundo Gás: Ocorre quando um segundo gás é administrado com o N2O Administração de N2O + gás anestésico Rápida absorção Vácuo nos alvéolos pulmonares Aspiração de mais gás fresco Absorção mais rápida que a prevista do gás anestésico Farmacologia do Óxido Nitroso Farmacologia do Óxido Nitroso Hipóxia Disfuncional ou Fenômeno de Fick: Ocorre logo após a interrupção de N2O e aspiração de ar atmosférico. Efeito concentração reverso Gases irrompem para fora dos pulmões (difusão rápida de N2O) CO2 é removido do sangue Pressão parcial sanguínea de CO2 diminuída reduz o estímulo para ventilar, produzindo depressão respiratória. Diluição drástica de O2 nos alvéolos devido a difusão de N2O Hipóxia( cefaleia, náusea e letargia) Estágios de depressão do SNC: - Ansiólise - Sedação Conscientes - Sedação Profunda - Anestesia Geral Um paciente que apenas responde a estímulos dolorosos está em sedação profunda. O nível considerado seguro para realização em consultório odontológico é a sedação consciente. Farmacologia dos benzodiazepínicos Aspectos Farmacológicos: MIDAZOLAM - Via Oral ( só é permitida a utilização por via endovenosa com treinamento e suporte avançado de vida e formação em sedação consciente); - Taxa de ligação às proteínas plasmáticas de 94% a 97%; - Pico plasmático em 0h 32 min a 1h 52 min; - Meia-vida de 1h 7 min a 4h; - Clearence está entre 6,4 a 11,1 mLl/min/Kg; - Metabólito pouco ativo o α-hidroxyMidazolam. Farmacologia dos benzodiazepínicos Aspectos Farmacológicos: MIDAZOLAM - Sofre intenso fenômeno de primeira passagem Farmacologia dos benzodiazepínicos Inibidores de citocromo CPY 3A4 Indutores enzimáticos do CPY 3A4 POTENCIALIZA SEU EFEITO SEDATIVO REDUZ SEU EFEITO SEDATIVO Mecanismo de Ação Ligação aos receptores gabaérgicos Potencialização da ação do canal de CL acoplado Aumento da afinidade do GABA com o receptor Hiperpolarização da fibra nervosa Farmacologia dos benzodiazepínicos Farmacologia dos benzodiazepínicos Impedimento da passagem de estímulos Efeito sedativo e ansiolítico - O Flumazenil é o fármaco antagonista de escolha dos benzodiazepínicos em casos de depressão respiratória e cardíaca - Sua meia vida reduzida pode causar sedação residual Por que os benzodiazepínicos são uma boa alternativa? Ampla margem de segurança clínica; Rápido início de ação; Pequena incidência de reações adversas; Baixa toxicidade; Facilidade de administração; Baixo custo. Foi demonstrado que essas drogas, ao se ligarem aos receptores, facilitam a ação do ácido gama-amino butírico (GABA), o neurotransmissor inibitório primário do SNC. A ativação do receptor GABA induz a abertura dos canais de cloreto (Cl- ) da membrana dos neurônios, aumentando o influxo desse ânion para dentro das células, o que resulta, em última análise, na diminuição da propagação de impulsos excitatórios (Loeffler,241992; Rang et al.,34 2003). Mais usados em odontologia: Diazepam Lorazepam Alprazolam Midazolam Triazolam Diazepam Introduzido no mercado farmacêutico em 1963; Fármaco padrão do grupo; Rapidamente distribuído para os tecidos de alta perfusão, como o encéfalo, e em seguida para os tecidos menos perfundidos, como o tecido adiposo; Início de ação de 45-60 minutos; Meia vida plasmática de 20-50 horas; Longa duração de ação, apesar dos efeitos clínicos desaparecem em 2-3 horas. Posologia: Para adultos: 5 à 10mg, 1 hora antes do início do procedimento. Para crianças: 0,2 à 0,5mg/kg, 1 hora antes do início do procedimento. Efeitos Adversos: O diazepam pode apresentar o chamado “efeito paradoxal”, caracterizado por excitação, agressividade e irritabilidade, mesmo em baixas doses, numa pequena porcentagem dos casos, particularmente em crianças e idosos. Diazepam Lorazepam Empregado como pré-medicação anestésica; Não produz metabólitos ativos; Início de ação de 60-120 minutos; Meia vida plasmática de 12-20 horas; Os efeitos clínicos desaparecem após 6-8 horas; Considerado o ideal para pacientes idosos; A administração de Lorazepam 2mg pode induzir a amnésia anterógrada. Lorazepam Posologia: Para adultos: 2 à 3mg Para idoso: 0,5 à 2mg Efeitos adversos: Dificilmente produz efeito paradoxal. Não é recomendado para crianças com idade abaixo de 12 anos. Alprazolam • Comumente empregado no tratamento da ansiedade generalizada e na síndrome do pânico; • O uso do Alprazolam em odontologia ainda não foi suficientemente testado, sendo que a pequena quantidade de ensaios clínicos encontrados na literatura apresenta resultados conflitantes. • Alguns autores observaram que o uso de 0,5mg e 0,75mg de Alprazolam ocasionou amnésia anterógrada. • Outros observaram que o uso da mesma dosagem 1 hora antes do procedimento não ocasionou amnésia. Alprazolam Início de ação de 60-90 minutos; Meia vida plasmática de 12-15 horas; Posologia: Para adultos: 0,5 à 0,75mg Para idosos: 0,25 à 0,5mg Efeitos adversos: Pode causar efeito paradoxal. Midazolam Sintetizado em 1975 e inicialmente usado como hipnótico; Rapidamente absorvido, atingindo sua concentração máxima após 30 minutos da administração; Obtém-se um nível satisfatório de sedação com Midazolam seja por via oral, intranasal ou retal; Início de ação de 30-60 minutos; Meia vida plasmática de 1-3 horas. Midazolam Posologia: Para adultos: 7,5 a 15mg Para crianças: 0,2 a 0,6mg/kg A administração do Midazolam na dosagem de 05mg/kg de peso corporal, 10 minutos antes do procedimento, produz significante amnésia anterógrada tanto em adultos como em crianças. Triazolam Possui curta duração, comparável ao Lorazepam; Início de ação de 30-60 minutos; Meia vida plasmática de 1,7-5 horas; Em procedimentos odontológicos ambulatoriais, a administração de 0,25mg de Triazolam promove melhor efeito ansiolítico, indução de amnésia anterógrada e menor tempo de recuperação das funções cognitivas e psicomotoras, quando comparado ao Diazepam 5mg. Triazolam Posologia: Para pacientes submetidos à cirurgias de implantes dentais: 0,125 ou 0,25mg via oral ou sublingual. Para idosos: 0,0625 a 0,125mg (sendo a última mais empregada). Efeitos adversos: Sonolência, vertigem, tonturas e incoordenação motora são os mais comuns. Sua segurança clínica é questionável A US Federal Drug Administration passou a considerar esse fármaco como seguro e efetivo nas doses entre 0,125mg e 0,25mg. Sedação consciente com fitoterápicos • O termo fitoterapia tem origem grega, fito (phyto)= "vegetal" e terapia (therapeia)="tratamento". • Pode-se considerar medicamento fitoterápico toda preparação farmacêutica (extratos, pomadas e cápsulas) utilizando como matéria-prima partes de plantas (folhas, caules, raízes, flores e sementes) com reconhecido efeito farmacológico. Valeriana officinalis Atualmente fala-se da valeriana, planta de história milenar, como eficácia contra ansiedade, angústia, leves desequilíbrios do sistema nervoso, sem contra indicações, e sem provocar consequências danosas. Dioscorides, no primeiro século, descreveu o uso da valeriana como um sedativo suave (Morazzoni, Bombardelli, 1995; Upton, 2001). A valeriana já foi considerada útil como sedativo- hipnótico, ansiolítico, antiespasmódico, antidepressivo e anticonvulsivante (Plushner, 2000). Propriedades da Valeriana: 1. Valepotriatos: grupo químico instável de ésteres possuindo atividade sedativa, atuam na formação reticular por meio de um efeito estabilizante sobre os centros vegetativos e emocionais, restaurando o equilíbrio autônomofisiológico; 2. Sesquiterpenos: incluem os ácidos valerênicos e seus derivados. Inibem a enzima que metaboliza o GABA (GABA transaminase), aumentando os níveis desse mediador no SNC. Não têm quaisquer efeitos citotóxicos e têm boas propriedades sedativa e tranquilizante; 3. Lignanas: induzem à sedação (Pinheiro, 2003). Apesar das propriedades sedativas bem conhecidas da valeriana, existe pouca informação sobre a sua atividade nos diferentes receptores GABA e seus sítios modulatórios (Morazzoni, Bombardelli, 1995). Mecanismos declarados responsáveis pelos efeitos sedativo-hipnóticos da valeriana incluem a interação com receptores do GABA e efeitos depressores do SNC semelhantes aos barbituratos (Plushner, 2000). Vantagens: Isenta de efeitos colaterais nas doses recomendadas; Não interferem na capacidade de conduzir veículos ou operar máquinas; Não causam dependência física e/ou psicológica; Nenhuma toxicidade aguda foi relatada para extratos da Valeriana officinalis Uma vantagem potencial da valeriana sobre os benzodiazepínicos é a ausência de sonolência ao despertar quando usada nas dosagens recomendadas Ensaio clínico: Pinheiro (2003) realizou um ensaio clínico com 20 voluntários tratados com valeriana ou placebo 1 hora antes de serem submetidos a extração de terceiro molar inferior. O grau de ansiedade dos sujeitos foi avaliado por meio de questionários e de parâmetros físicos e ficou concluído que cerca de 70 a 75% dos voluntários se mostraram mais relaxados durante a intervenção em que foi empregada a valeriana, quando comparado ao efeito do placebo, aprovando a valeriana como alternativa aos benzodiazepínicos quando se trata de sedação consciente de pacientes submetidos a cirurgia para extração de terceiros molares. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. STANLEY F. MALAMED. Manual de anestesia local. Los Angelis, Califórnia. 6ºed, cap. 3. 2. TORTAMANO, N.; ARMONIA, P. L. Anestésicos locais. In: TORTAMANO, N.; ARMONIA, P.L. Guia terapêutico odontológico. 14. ed. São Paulo: Santos. 2001. Cap. 4, p. 30-41. 3. JAKOK,W. Local anaesthesia and vasoconstrictive additional components, Newslett Int Fed Dent Anesthesiol Soc 2:1, 1989. 4. Goodman & Gilman's the pharmacological basis of therapeutics.. 9th ed. New York: McGraw-Hill, 1996. 5. PAIVA, LCA; CAVALCANTI, AL. Anestésicos locais em odontologia. Publ. UEPG Ci. Biol. Saúde, Ponta Grossa, 11 (2): 35-42, jun. 2005. 6. MONTAN, MF; COGO, K; BERGAMASCHI, CC; VOLPATO, MC; ANDRADE, ED. Mortalidade relacionada ao uso de anestésicos locais em odontologia. RGO, Porto Alegre, v. 55, n.2, p. 197-202, abr./jun. 2007. 7. CARVALHO,JCA. Farmacologia dos Anestésicos Locais. Rev Bras Anestesiol. 1994; 44: 1: 75 - 82. 8. RAMOS, TC; et al. Midazolam: aspectos clínicos e farmacológicos em sedação consciente. Estudo retrospectivo avaliando 258 casos clínicos. Innov Implant J, Biomater Esthet, São Paulo, v. 4, n. 1, p. 39-45, jan./abr. 2009. 9. AMORIM ELC, LIMA CSA, HIGINO JS, SILVA LRS, ALBUQUERQUE UP.Fitoterapia: instrumento para uma melhor qualidade de vida. Infarma 2003;15(1-3):66-9. 10. ANDRADE ED. Terapêutica medicamentosa em odontologia. 4. ed. São Paulo: Artmed, 2006. 216p. OBRIGADO!
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