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Gestalt - ciclo do contato em andamento

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Universidade Estácio de Sá
Gestalt Terapia
Prof° Thelma Mary
Aline Márcia do Nascimento Silva – Mat.: 200602122328
Cleide Gonçalves de Souza – Mat.: 201101435259
Daniela Quintela Miguel – Mat.: 201403289603
Débora Garcia de Freitas – Mat.: 201403057664
Jéssica Rodrigues da Silva – Mat.: - 201408212889
João Batista Henrique Pequeno – Mat.: 201401326579
João Luiz da Roza - Mat.:201401023223
 Thaís Alves de Souza - Mat.: 201401363571
Wellen Queiroz Marques - Mat.: 201308184271
Junho 2018
Resumo:
O ciclo do contato é o conceito de construção e destruição de necessidades (figura e fundo), onde o individuo tem consciência de suas necessidades procura satisfazê-las ou organizá-las e após procura suprir (fechar) novas necessidades (figura e fundo). Quando há uma desordem interna ou externa que venha a interromper os fechamentos de uma Gestalt o indivíduo passa a apresentar dificuldades de adequação com o organismo e o meio.
Introdução:
Ciclo de contato é um conceito relevante da Gestalt Terapia, é a teorização que Perls elaborou para demonstrar como nos relacionamos. Contato ou retraimento, em sua teoria, relata que a priori o contato nem sempre é positivo, assim como a fuga, em algumas circunstâncias não é negativa, é necessário perceber o cenário que acontece esses movimentos. O contato é uma necessidade vital de todo ser humano, existem fronteiras de comunicação que precisam ser ultrapassadas, isso só pode acontecer quando surgem relações interpessoais. Perls faz alusão as fronteiras geográficas para a teoria do “Contato”, ele faz essa analogia, diante do fato de que as fronteiras se abrem para trocas daquilo que é favorável, ou se fecham, impedindo a passagem do que é desfavorável, assim como são as relações, os contatos podem ser de atração ou retração o que vai definir serão as circunstâncias que acontecem de acordo com a necessidade. As fronteiras e o contato seguem um movimento de contato e retração, há momentos de abertura e momentos de retração isso faz parte de uma capacidade inata dos organismos, a homeostase, se abrir e fechar para entrar em contato com o que lhe dará recursos de sobrevivência, uma permeabilidade que recebe nutrientes e expele substâncias.
O ser humano necessita do contato para obter elementos para sua satisfação, sem contato não obtemos nutrientes para sobrevivermos. O surgimento de uma Gestalt e a sua realização depende de um contato satisfatório com o mundo, se não a Gestalt pode ser interrompida ou não satisfeita.
A fronteira surge como algo dinâmico, fluido, e que se faz a medida que estamos em contato com as pessoas e o mundo. A fronteira é permeável e na medida em que estamos abertos ao mundo, ela tende a ser expandir e se tornar mais fluida, mas à medida que estamos com medo ou inibidos ela tende a se retrair, a se encolher.
A fronteira e o contato, seguem um ciclo de contato-retração, há momentos de abertura e há momentos de retração, isso se faz graças a própria homeostase, a capacidade natural do organismo em entrar em contato em busca de satisfação, e se retirar quando satisfeito.
É na fronteira de contato que nos fazemos existir, manifestamos nossos pensamentos, nossas emoções, nós agimos na fronteira de contato. Para o homem o contato é a passagem entre união e separação, a relação entre homem-mundo, que se dá através da fronteira, por onde obtemos o alimento psicológico, e também doamos de nós mesmos ao mundo, numa relação de troca vital onde ambos (homem-mundo) se transformam. 
É nesse ciclo que o homem satisfaz suas necessidades dominantes e dá lugar às outras, por meio de uma hierarquia de necessidades. É onde ocorre a formação e posterior dissolução de “Gestalts” e, depois desta, o organismo recupera a homeostase. Pode ser subdividido em etapas, as quais são necessárias para localização de possíveis perturbações. 
São elas o pré-contato, o contato, o contato pleno e o pós-contato.
O pré-contato é a primeira fase do ciclo na qual predominam as sensações e percepções. O estímulo do meio gera no indivíduo uma excitação que se tornará a figura que solicita seu interesse. O contato é a segunda etapa do ciclo e constitui a fase ativa dele. É a etapa em que o organismo enfrenta o meio e que o objeto desejado se tornará figura, tornando-se fundo a excitação anterior presente no corpo. O contato pleno é a terceira fase do ciclo de contato-retração na qual ocorre a abertura da fronteira de contato. Existe aí uma troca saudável, na qual organismo e meio são indiferenciados. A ação é unificada no aqui e agora. 
O pós-contato ou retração é a fase final do ciclo de contato-retração. Nessa fase ocorre a assimilação/digestão das experiências que as fazem sair do aqui e agora e irem para a dimensão histórica pertencente a cada um de nós. Esse movimento favorece o crescimento do indivíduo. Ocorre assim o fechamento da Gestalt e o sujeito fica então disponível para outra ação.
De qualquer maneira, o ciclo de auto-regulação nos mostra que uma relação saudável com o mundo inicia-se com um ‘dar-se conta’ de uma necessidade do organismo, a partir de uma sensação ou sentimento. A partir da consciência (aware) da necessidade (ou figura) emergente, precisamos mobilizar energia visando à satisfação ou contato satisfatório daquela figura. Após este momento vamos para a ação para enfim obtermos satisfação e retornarmos ao estado de retração, onde a energia se recolhe até o aparecimento de outras figuras. Uma figura aberta desequilibra o organismo e este tende buscar a ‘re-equilibração’	 
O ciclo de contato é formado por nove fases e em cada uma delas são diferenciadas em um mecanismo de defesa que são: introjeção, projeção, confluência, deflexão e retroflexão, adicionada a fixação, dessensibilização, proflexão, egotismo.
Introjeção:
Introjeção (Perls) - Significa a incorporação de elementos do meio, de ideias a sentimentos, relações, valores etc.
Introjeção que sustenta  - a pessoa acredita que o mundo é  quem decide e não ela. 
Forma neurótica – a passividade indiscriminada do sujeito diante do mundo. 
Forma positiva – a pessoa ser capaz de se submeter a uma regra. 
Trabalho terapêutico – ajudar a pessoa a desenvolver um senso crítico.
Pra que esse conceito fique mais claro, vou começar com um exemplo muito utilizado entre os Gestalt, quando somos crianças, até uma certa idade, dependemos dos adultos para nos alimentar. Quando o alimento nos é empurrado "goela abaixo", sem que tenhamos tempo e oportunidade para mastigar, sentir o gosto e só então engolir, estamos introjetando o alimento. Ao contrário, quando o ambiente é sentido como confiável e podemos mastigar, sentir o gosto, desde esse momento começa o processo de digestão daquele conteúdo e portanto, ao invés de introjetar, estamos assimilando. A assimilação é o aspecto saudável da introjeção (lembrem que sempre há um aspecto saudável nas interrupções).
Perls diz que "não há nada em nossas mentes que não venha do meio, e não há nada no meio para o qual não haja uma necessidade orgânica, física ou psicológica. Estas devem ser digeridas e dominadas, se quiserem se tornar nossas de verdade, realmente uma parte da personalidade. Mas se simplesmente as aceitamos completamente e sem crítica, baseados na palavra de outra pessoa, ou porque estão na moda, ou são de confiança, ou tradicionais ou antiquadas ou revolucionárias – tornam-se um peso para nós. São realmente indigeríveis. Ainda são corpos estranhos, embora tenham se instalado em nossas mentes.” (A abordagem gestáltica, Fritz Perls, pg. 46 e 47).
Utilizamos a introjeção saudável para nos adequarmos socialmente, por exemplo. Introjetamos que não se anda nu pelas ruas, introjetamos nosso idioma e uma série de outras normas sociais. O conteúdo do que introjetamos é chamado introjeto.
Quando esse processo ocorre fora de qualquer contexto coercitivo, é saudável; se, em contrapartida, existe uma coerção por qualquer parte do ambiente, que é incompatível com a necessidade genuína do indivíduo, há uma imobilização.É como se entregássemos nossa identidade nas mãos de outra pessoa. Com o tempo, o que foi introjetado cai na confluência, vira hábito, torna-se não-consciente e passamos a reproduzir comportamentos e atitudes que não condizem com nossas reais necessidades e anseios, mas que parecem ser tão nossas...
Introjetos são todos os conteúdos que sustentam os "deveria" que carregamos vida afora.
Geralmente, a pessoa que se automutila carrega introjetos do tipo "não posso expressar meus sentimentos, pois serei severamente repreendido" ou "eu mereço ser punido", entre tantos outros. São esses introjetos que fazem com que nesse caso, a pessoa volte sua agressividade, sua tristeza e sua dor contra si mesma. 
Projeção:
Projeção é o contrário da introjeção: enquanto é a tendência a fazer a si responsável pelo que na realidade faz parte do meio, a projeção é a tendência a fazer o meio responsável pelo que se origina na própria pessoa. Na projeção, segundo Perls, há o deslocamento da barreira entre nós e o meio, exageradamente a nosso favor, de modo que seja possível negar e não aceitar as partes de nossa personalidade que consideramos difíceis, sem atrativos ou ofensivas.
Apesar de a introjeção ser mecanismo oposto à projeção, o primeiro acaba gerando o segundo: “em geral, são nossas introjeções que nos levam ao sentimento de autodesvalorização e alienação que produz a projeção. “Porque nosso herói introjetou a noção de que boas maneiras são mais importantes que a satisfação de imperiosas necessidades pessoais, porque ele introjetou a crença de que a gente deve ‘sorrir’ e suportar’, deve projetar e até mesmo expulsar seus impulsos que são contrários ao que agora considera atividades externas” (PERLS ).
 	A projeção é o mecanismo mais usado pelo paranóico e desconfiado que acusa os outros da agressividade própria projetada sobre as pessoas e de serem perseguidos quando na verdade gostariam de perseguir .Ela é própria da pessoa que não pode aceitar seus sentimentos e ações porque não deveria sentir ou agir desse modo. Esse deveria ter origem nas introjeções que o levam a considerar seus sentimentos genuínos inadequados ou suas ações erradas. Isso resulta em um dilema, que o projetor resolve negando-se a reconhecer seu próprio ato perturbador e, em vez disso, o atribui a outra pessoa.
A projeção é o processo pelo qual a pessoa tem dificuldade de identificar o que é seu e atribui aos outros ou ao mau tempo, a responsabilidade pelos seus fracassos; desconfiando que todos sejam prováveis inimigos, sente-se ameaçado pelo mundo em geral, pensando demais antes de agir e identificando facilmente nos outros ,dificuldades e defeitos semelhantes aos seus e, tendo dificuldade de assumir responsabilidades pelo que faz, gosta que os outros façam as coisas no seu lugar. Perls enxerga projeção em algumas criações artísticas, como no trabalho do romancista: ele precisa se literalmente projetar em cada um dos personagens, “ser” os personagens para conseguir descrever suas emoções e reações. 
Apesar disso, o escritor não sofre confusão de identidade, como ocorre aos neuróticos, e sabe quando seus personagens saem e quando entram. O neurótico usa a projeção em relação ao meio e também em relação a ele mesmo. Assim, tende a se desapropriar dos seus próprios impulsos e de si mesmo.
Em suma o projetado atribui ao meio o que na verdade é do seu próprio self, tem grande dificuldade de se reconhecer e aceitar partes da sua personalidade. 
 	Acaba projetando no mundo seus defeitos e frustrações fracassos e desejos e acaba sendo paranóico e achando que o mundo esta contra ele, tem muita dificuldade de se reconhecer porque se misturou tanto que se perdeu no mundo Esta pessoa precisa reintegrar as partes alienadas e reassumir as responsabilidades pelos seus atos e pelo seu próprio self.
Confluência:
As interrupções no processo de identificação da necessidade, de ir ao meio satisfazê-la e, em seguida retornar ao relaxamento, podem ser caracterizadas como saudáveis ( ajustamento criativo) ou disfuncionais ( ajustamento neurótico). Essas interrupções podem ser variadas: confluência, introjeção, projeção, retroflexão e egotismo. Para a gestalt, a neurose é entendida como um processo e, portanto, cada uma dessas interrupções dá sustentação e está interligada ás outras.
Confluência significa fluir para um mesmo ponto ou lugar. Em Gestalt-terapia, a confluência supõe a não-consciência, constitui aquilo que serve de fundo para a formação da figura, o sistema de sustentação. Ou seja, tudo aquilo que se tornou hábito, que faz parte do nosso repertório de experiências, aprendizado, memória, foi através da confluência. Quando podemos acessar essas informações, ocorre a confluência saudável; mas, no sentido disfuncional, trata-se de um apego a uma situação antiga, à respostas antigas que não mais são necessárias na atualidade.
Quando temos um determinado hábito ou comportamento, o qual não conseguimos identificar de onde veio, os motivos que estão nos levando atualmente a agir assim, estamos em confluência disfuncional, já que não estamos fazendo contato com o momento/situação presente.
A Confluência, segundo Malaguth,acontece quanto o individuo não sente barreiras entre si mesmo e o outro ou o mundo.Assim, há a "dissolução" da fronteira do contato, ficando obscuro o limite estabelecido entre ele e aquele com o qual está em confluência. Este tipo de contato, segundo a autora, está na relação das principais resistências clássicas, onde ocorre a diminuição do self, abolição da fronteira entre o individuo e seu meio, momento que é sentido que ele e o outro, ou ele e o ambiente são apenas um.
 A Confluência ou Contato Confluente como também é denominado, é um fenômeno e constitui-se numa das formas do indivíduo se relacionar. O organismo, conforme aponta Polster e Polster (2001),investe sua energia para fazer o contato ou para resistir a este.
Deflexão:
Dentre os mecanismos de evitação estudados pela Gestlat a deflexão é o que utiliza o artifício de se desviar do contato direto, da emoção, ou da intensidade que seria direcionada ao objeto de desejo. Uma pessoa deflexiva parece nunca se engajar com o evento em que está envolvida, não demonstra seu foco, aparentemente gravita em torno do objeto central, inserindo outros assuntos, falando longamente, tornando difusa sua exposição de ideias, emoções ou intenções de modo que resultem em um discurso de significado vago ou numa atitude superficial.
“Deflexão é uma manobra para evitar o contato direto com outra pessoa ou conflito; uma forma de tirar o calor do contato real. Isso é feito ao se falar em rodeios, usar linguagem excessiva, rir-se do que a outra pessoa diz, desviar o olhar de quem fala, ser subjetivo em vez de específico, não ir direto ao ponto, ser polido em vez de falar diretamente, usar linguagem estereotipada em vez de uma fala original, exprimir emoções brandas em vez das emoções intensas; falar sobre o passado quando o presente é mais relevante. A pessoa que deflete, ao responder à outra age quase como se tivesse um escudo invisível, muitas vezes experiência a si mesma como imóvel, entediada, confusa, vazia, cínica, não-amada, sem importância e deslocada.” (Erving e Miriam Polster, 2001).
Assim como os outros mecanismos de defesa, é importante ressaltar que a deflexão também pode ser vista como um aspecto positivo presente nas relações humanas. A função deste mecanismo é obter um clima mais ameno nas relações, de modo que as ações e discursos sejam moderados, ou um pouco menos carregado de emoções, menos incisivo. É um bom recurso a ser usado nas relações políticas ou onde seja importante uma exposição de fatos isenta de tendências ou opiniões pessoais. Será útil onde bastar um contato superficial, ou se deseje um clima poético e artístico. Pessoas deflexivas tendem a ser curiosas, ter criatividade e animar as rodas de conversa com assuntos variados.
A deflexão perde sua funcionalidade e transforma-se em comportamento neurótico quando utilizado indiscriminadamente emsituações que exijam outras maneiras de lidar com algum conflito. Defletir é inadequado quando precisamos ser objetivos, assertivos, ao falarmos de nós, quando se faz necessário silenciar e entrar em contato com nossas dores e frustrações. Defletir não nos ajuda quando temos que focar ou aprofundar em algo e, principalmente, quando desejamos criar intimidade e vínculo emocional legítimo e duradouro com o outro.
O exercício para pessoas que defletem é aprender a falar assertiva e objetivamente, manter foco e atenção em algo ou alguém, fazer e manter contato visual ao falar, escutar e demonstrar claramente com postura e gestual que está em sintonia.
Retroflexão:
A retroflexão funcional ocorre quando o indivíduo reconhece sua necessidade e ele mesmo a satisfaz; ou quando ele (ao identificar sua necessidade) reconhece algo ameaçador no meio e contém sua ação de forma saudável, pois se for ao meio pode se prejudicar. No sentido disfuncional, retroflexão significa “voltar-se rispidamente contra"; na retroflexão disfuncional a energia não está disponível e mesmo que o meio ofereça oportunidades de satisfazê-la ela se volta para a própria pessoa.
Perls usa um exemplo de uma mãe e dona de casa tendo um dia de cão, para explicar a retroflexão. Na situação, a máquina de lavar quebrou o técnico não apareceu, o filho rabiscou as paredes da casa e o marido chega atrasado para jantar e essa mãe sente que poderia matar alguém (quem de nós nunca se sentiu assim?). Nesse caso, não seria sensato que ela matasse o próprio filho ou marido, ou que cortasse os próprios pulsos. Então, ela delibera por acalmar-se e não fazer nada a nenhum dos dois, já que as consequências seriam muito piores se ela seguisse seu impulso homicida. Num primeiro momento, esse é um ajustamento criativo, funcional. Mas, se o comportamento de reprimir a raiva, frustração, fúria, ou qualquer outro sentimento, se repete com frequência e em situações diferentes, torna-se um hábito, passa a ser um ajustamento neurótico, pois não está em contato com a situação presente e nova.
A energia de raiva, fúria (no exemplo citado), ao invés de ser investida no meio, volta-se contra ela mesma. Ou seja, o corpo torna-se o objeto final de agressão devido a um processo de inibição crônico que foi esquecido (olha a confluência aí) e assim é mantido.
No ajustamento retroflexivo a pessoa faz consigo o que gostaria de fazer aos outros. Quando alguém retroflete um comportamento, trata a si mesmo como na verdade gostaria de tratar outras pessoas ou objetos ou como gostaria que os outros o tratassem. Ou, quando o excitamento surge, por sentir o meio como ameaçador, ao invés de confrontá-lo, volta a energia para si mesmo, o único lugar que considera seguro. Deixa de dirigir suas energias para fora a fim de ter aquilo que necessita e coloca-se como alvo do comportamento. 
Um ponto importante a ser colocado, é que a retroflexão geralmente tem por base além da confluência, um introjeto. Nossa cultura predominantemente cristã, por exemplo, que prega o "amar ao próximo como a si mesmo", condena sentimentos como a inveja, a raiva, entre outros; sentimentos estes que fazem parte daquilo que nos torna humanos. O autocontrole é considerado pela grande maioria como algo bom, que todos devem ter sempre. Mas "amar ao próximo como a si mesmo" acaba sendo entendido como amar MAIS ao próximo do que a si mesmo, e acabamos deixando de "rodar a baiana" em situações em que teríamos todo o direito de fazê-lo.
A retroflexão crônica está na origem de muitas (se não de todas) doenças psicossomáticas, como úlceras, gastrites, cânceres (que atingem proporções significativamente maiores naquelas pessoas muito controladas, que não manifestam explicitamente suas emoções).
Proflexão:
Segundo, “Ribeiro (1997) define esse mecanismo de bloqueio de contato como sendo o processo por meio do qual a pessoa deseja que os outros sejam como ela quer, ou como ela própria o é, manipulando-os a fim de receber deles o que precisa, seja fazendo o que eles gostam, seja submetendo-se passivamente a eles, sempre tencionando ter algo em troca. O indivíduo que proflexiona não se reconhece como sua própria fonte de nutrição, lamenta profundamente a ausência de contato externo e a dificuldade do outro para satisfazer às suas necessidades.”
 A Proflexão ela é uma combinação de projeção e retroflexão, existem dois tipos de proflexão: Passivo e o Ativo.
“O proflexor ativo realiza uma "pesquisa" apurada das necessidades e desejos da outra pessoa, e procura realizá-los, mas espera que ela também faça o mesmo em relação a si.
O proflexor passivo submete-se ao outro frequentemente, assumindo uma atitude de "aceitação" e tentando sempre corresponder às expectativas alheias, para que seu "amor" e "dedicação" sejam apreciados e reconhecidos. Assim, espera o "retorno" daquilo que oferece, manipulando o parceiro para que se sinta grato, culpado ou devedor. Se o parceiro não perceber, poderá desencadear um sentimento de culpa e manter uma relação insatisfatória, ficando "paralisado" pela culpa e pela sensação de dívida permanente.’’
O proflector faz ao mundo o mesmo que queria que fizesse a ele, ele ama para ser amado, para ser reconhecido, ele cria artifícios de manipulação para ser reconhecido pela pessoa, pois não consegue ter esse reconhecimento próprio. Muito comum escutar na proflexão “Eu sempre fiz tanto pelas outras pessoas”, “ Eu me dou tanto para o outro”, “ Não sou reconhecido, não tenho retorno”, o proflector acaba tendo essa percepção e se prendendo a estes pensamentos. No processo terapêutico à busca é dele mesmo ser reconhecido por si mesmo, não depender das pessoas para este reconhecimento.
“ O proflector não desiste de conseguir que as outras pessoas façam alguma coisa por ele ou para ele e, quando não consegue seu intento, redobra suas manipulações para ter sucesso. Como ocorre com o retroflexor, o proflector também teme demonstrar suas carências e fragilidades e pedir diretamente, ao outro o que necessita. O proflector deseja que o outro imite seu gesto, faça o mesmo que ele faz ou responda conforme sua expectativa; empenha energia para manipular o outro de forma a obter o que deseja, em vez de usá-la diretamente para expressar esse desejo.”
Muitas vezes o proflector não se sente amado e nem digno de ser amado pelo que é, e por isso precisa agradar para sentir-se merecedor de seu amor.
Segundo “Tenório (2003), a proflexão pode tornar-se dolorosa quando o outro não coopera e as manipulações falham, produzindo ressentimento, às vezes apenas no proflector, que não tem suas expectativas satisfeitas, às vezes no outro, por nunca conseguir agradar ao proflector sendo o que é e agindo conforme seu próprio estilo. Como o outro é considerado uma espécie de tela onde o proflector projeta suas próprias expectativas sem conseguir aceitar o outro como ele é, esse ressentimento pode ser desesperador.”
Egotismo:
O processo do contato só pode acontecer quando existem diferenças capazes de incitar o eu, de forma a colocar seus mecanismos de regulação em funcionamento. O contato permite a existência de um encontro, porém, isso não quer dizer que este contato terá qualidade. Isto por que, o instinto de auto-regulação e de autopreservação do ser humano, faz com que este vivencie a constante busca por equilíbrio na relação contato/mundo, mesmo que não seja de qualidade.
A auto-regulação organísmica do ser no mundo é o mecanismo responsável pela manutenção da vida, e é ocasionada pela necessidade do corpo de buscar um funcionamento adequado e equilibrado, no aqui e agora.
	O ser humano é um ser biopsicossocioespiritual, e precisa se regular satisfazendo as necessidades próprias de cada uma dessas dimensões. No entanto, estes aspectos juntos, formam uma estrutura reguladora que distribui as diversas necessidades do organismo. Desta forma, o sistema mais favorável tenta satisfazer um sistema menos favorável, e assim, o ser como um todo pode funcionar satisfatoriamente. Mesmo um comportamento substitutoé organicamente inteligente, pois foi a forma que o organismo encontrou para estabelecer um equilíbrio entre suas dimensões. Uma doença pode ser um modo substituto e precário, que o organismo encontrou para se manter regulado, conseguindo permanecer estável e se proteger de um mal maior. 
	Pensando nisso, é possível compreender o Egotismo, onde devido a uma auto-regulação organísmica precária, ocorre um bloqueio de contato por parte do indivíduo. Este encontra-se extremamente voltado para si e se distancia do meio. Essa introspecção impede o indivíduo de ser espontâneo, o que acaba por comprometer a qualidade do seu contato com o mundo.
O significado de Ego para a terapia da Gestalt, é relativo aos elementos de passagem, e não à uma identificação rígida do indivíduo. O ego Gestaltico é fenomenológico, diferente do psicanalítico, que tem um caráter de exatidão, de identidade.
	O egotista tem um aumento exagerado de sua capacidade egóica, se colocando como ponto central das coisas, o que acaba por acarretar uma demanda excessiva por controle sobre o meio externo. Esse individuo age desta maneira para se regular, pois ele tem uma grande necessidade de estar no controle, e precisa sempre se certificar de pensar em todos os possíveis fracassos ou surpresas que possam ocorrer no mundo externo, para que essas situações imprevisíveis do contato, não perturbem seu equilíbrio interno.
	O egotismo é um mecanismo através do qual a relação do organismo com o meio é impedida por uma barreira e se torna insuficiente, pois o indivíduo impede o processo de abdicação ao controle e vigilância, por causa de uma enorme dificuldade de estar subordinado à experiência. Para o egotista é necessário se assegurar de que as possibilidades do fundo sejam inexistentes, para que não exista chance de que alguma ocorrência perigosa ou inesperada possa comprometer o seu autocontrole. 
	É natural diante de alguma experiência nova, que o indivíduo tenha uma preocupação e se coloque a refletir. Esse é um momento egotista inevitável pois é concebido por uma preocupação com as singulares fronteiras de si mesmo, uma busca para se sentir mais seguro à se comprometer com determinada situação externa. É necessário questionar-se diante da interação com o mundo, mas para que haja uma evolução até o contato final é essencial conseguir suceder essa reflexão, e se lançar à espontaneidade e a falta de controle.
	No mecanismo de evitação egotista, não é possível voltar a espontaneidade após a deliberação, não há um prosseguimento que proporcione o contato final. O sujeito se perde em suas racionalizações e não consegue abrir mão de tal controle sobre a experiência, fixando-se nesse processo interno, no qual se sente no controle. Ocorre nesse processo, a ideia de proteção por estar em seu ambiente interno e o distanciamento do ambiente externo, como forma de prever as possíveis surpresas que este apresenta.
	Para o egotista, se colocar em contato com o mundo exterior é se colocar em risco. A partir deste pensamento, este indivíduo não considera o externo como fonte de trocas enriquecedoras, por isso não consegue perceber o mundo como uma oportunidade de crescimento e equilíbrio. Para ele o contato é apenas uma oportunidade de conhecer para que possa estabelecer o controle.
	Assim, não ocorre uma finalização no processo de contato, devido ao fato de que para o sujeito egotista, o que vem de fora não lhe acrescenta. Não ocorre a possibilidade de trocas, e com o contato interrompido, ele concebe a satisfação como sendo causada por si mesmo, ou seja, a satisfação do egotista não é obtida através da sua relação com o meio, e sim por meio da sua vaidade e autossuficiência. O ambiente se torna reduzido à capacidade de trazer conhecimentos que possam ajudar o egotista a estabelecer seu auto-controle. Esse sujeito fica isolado do meio externo, pois tem seu foco apenas em encontrar recursos para atingir seu equilíbrio interno, através do distanciamento da essência do contato, a espontaneidade. Com isso, o indivíduo alcança o equilíbrio com uma parte, e não com o todo.  
O organismo, na visão Gestáltica, encontra seu estado legítimo quando está em contato com o mundo externo, se implica nesta relação e não procura racionalizá-la, apenas experienciá-la espontaneamente. Essa perspectiva se dá, através da compreensão do homem, da natureza, do planeta, dos seres vivos, dos objetos e dos fenômenos do Universo, como uma totalidade que só pode ser compreendida através da junção destas partes que a compõe. A Gestalt-Terapia entende que a partir desta relação indivíduo-meio, o ser humano é capaz de encontrar seu potencial criativo, seu poder de transformação, seu equilíbrio, seu crescimento, e realizar sua reconstrução frente as dificuldades, conflitos e limites, que podem aparecer neste processo de contato. 
O egotismo, para clínica Gestáltica, é a interrupção da experiência, onde há uma busca por compreender e domar os instintos do ser. A egotista procura conquistar o controle de forma constante, pois não consegue admitir sua fragilidade e sua humanidade, percebendo-as como deficiências que não podem ser expostas.
Em conclusão, o egotista não consegue se colocar na situação de vulnerabilidade frente a experiência externa, por isso centra seu mundo de relações na constante busca por habilidades que lhe tragam poder e controle.
O Gestalt-terapeuta poderá ajudar um cliente egotista, auxiliando na expansão de sua percepção do exterior, para que este possa ter a capacidade de olhar o mundo a sua volta, e estabelecer com este um contato absoluto. O processo terapêutico possibilita a integração verdadeira de si, através do estabelecimento de um equilibrado contato com o mundo. O indivíduo conseguirá ver a si mesmo como uma totalidade que não pode ser compreendida separadamente, e a partir disso, propiciará relacionamentos mais saudáveis, tanto consigo quanto com o mundo. 
Conclusão:
O contato vem para definir e transformar nossa realidade e experiência, mas a mudança só ocorre quando os aspectos sensório, motor e cognitivo são vivenciados por completo, porque a tomada de consciência só acontece quando o individuo permitisse entregar as experiências. Por muitas vezes o individuo se depara com uma grande variação de figuras abertas (situações inacabadas) e por estar distante de si mesmo se vê perdido para escolher qual das figuras (necessidades) serão fechadas ou ajustadas para o momento presente.
A GT visa restabelecer o contato do indivíduo para com o outro, para com o mundo já que o contato é algo fundamental para a mudança, troca e interação, nos permitindo ter o sentido de nossa realidade. O contato é fundamenta na Gestalt Terapia por fazer o individuo se aproximar e compreender suas vivencias passando a vivenciar o aqui e agora junto à realidade do outro. Como terapeuta temos o dever de conduzir o individuo ao foco de suas sensações, fazendo com que o individuo possa interagir com suas emoções. 
Referencias:
Uema, Fabricio. Proflexão – Distúrbios de Contato. Disponível em <
http://fabriciouema.blogspot.com/2010/05/proflexao-disturbios-de-contato-eas.html>Acesso em: 17 de junho de 2018
Rodrigues, Carmelita. Mecanismo de Bloqueio de Contato. Disponível em<https://psicopauta.wordpress.com/letras/> Acesso em: 17 de junho de 2018
Ribeiro, J. P. O Ciclo do Contato: Gestalt – Temas Básicos na abordagem gestáltica. São Paulo: Summus , 2007

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