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Direitos Humanos

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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) 
DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS 
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO 
BIZUS 
PROF: RICARDO GOMES 
 Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 
1 
 
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO (AFT) 
Prezados Alunos! 
Firmes para a prova da PRF?? 
Seguem os BIZUS de DIREITOS HUMANOS para o AFT! 
Bons estudos... 
Ricardo Gomes 
 
BIZUS 
Os Direitos Humanos abarcam a maneira pela qual cada um de nós gostaria de ser 
tratados pelos nossos pares, com respeito e igualdade. Além disso, trata-se do direito de ser 
respeitado por suas ideias e atitudes., engloba o direito de falar o que se pensa (liberdade de 
pensamento) e o de professar a sua fé (liberdade religiosa), fundamentando-se na dignidade da 
pessoa humana. 
Nesse sentido, os Direitos Humanos abarcam os seguintes conceitos 
fundamentais: 
Os Direitos Humanos são aplicáveis igualitariamente a todos aqueles pertencentes 
à espécie humana em qualquer lugar, independentemente de cor, etnia, país, governo, classe 
social, idade etc. TODOS TÊM, EXATAMENTE, OS MESMOS DIREITOS!! Não há castas, 
separação e diferenciação entre os humanos (todos são iguais perante a lei). 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é o documento que elenca os 
direitos inerentes à condição humana. Não tem força de lei, mas com caráter de recomendação 
a todos os países integrantes da Organização das Nações Unidas – ONU. 
No início da conformação de nossas sociedades, os direitos humanos não existiam. 
Diversas cidades guerreavam entre si, sendo que os ganhadores vendiam os vencidos como 
escravos e praticavam as mais variadas barbaridades. 
A Magna Carta de 1215 limitou o poder monárquico. Este documento é 
considerado o 1º instrumento de defesa dos indivíduos e referência para os futuros tratados sobre 
direitos humanos. 
Os ideais ILUMINISTAS fundamentaram revoltas populares dentre as quais se 
destacam a REVOLUÇÃO FRANCESA, de caráter UNIVERSAL (LIBERDADE, IGUALDADE E 
FRATERNIDADE) e a REVOLUÇÃO AMERICANA. 
O Petition of Rights (07 de junho de 1628 na Inglaterra) foi o documento que 
impôs ao soberano restrições, como a cobrança e/ou aumento de impostos sem a autorização 
parlamentar, a prisão de indivíduos sem julgamento justo e à lei marcial. Portanto, os pontos 
insertos no “Petition of Rights” submetiam e condicionavam a autoridade do Rei ao controle e 
autorização do Parlamento Inglês. 
O Habeas Corpus Act de 1679 protegeu a liberdade de locomoção sendo que se 
encontra presente no ordenamento jurídico de diversos países até os dias atuais. 
O Bill of Rights foi o documento que buscava blindar a liberdade, a vida, a 
propriedade privada e o poder parlamentar. 
O fim da 2ª grande guerra e a criação das Nações Unidas foram o 3º marco 
histórico na evolução dos Direitos Humanos, juntamente com o Iluminismo e a Revolução 
Francesa. 
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) 
DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS 
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO 
BIZUS 
PROF: RICARDO GOMES 
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2 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos não é vinculante, não tem força de 
lei, mas guarda apenas um caráter enunciativo, de recomendação e princípios gerais a serem 
aplicáveis por cada Estado. 
Da Declaração Universal dos Direitos Humanos, decorrem 3 princípios 
fundamentais: 
1) Inviolabilidade da pessoa humana; 
2) Autonomia da pessoa humana; 
3) Dignidade da pessoa humana. 
Fundamentos dos Direitos Humanos: 
• Positivistas; 
• Jusnaturalistas. 
POSITIVISMO: 
a) Mutável; 
b) Caráter coercitivo das normas; 
c) Foco na efetividade dos direitos humanos 
 
JUSNATURALISMO: 
a) Indivíduo como centro e fundamento absoluto dos direitos humanos; 
b) Foco na dignidade do ser humano; 
c) Os direitos humanos independem da cultura e da história específica de cada povo; 
d) Os direitos humanos já existiam antes mesmo da positivação das normas. 
O UNIVERSALISMO adere ao JUSNATURALISMO e o RELATIVISMO ao 
POSITIVISMO. 
UNIVERSALISMO: 
a) Direitos humanos acima da Lei, da cultura e do Estado; 
b) Considera plausível a aplicação da coercitividade para obrigar um Estado soberano a seguir 
os ditames insertos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
RELATIVISMO: 
a) O Direito é uma produção cultural dependente do desenvolvimento dos povos na história; 
b) Considera necessário respeitar o multiculturalismo e a soberania dos povos; 
c) Contra a universalização dos direitos humanos. 
Historicamente, com o surgimento dos direitos humanos sobreveio a necessidade de 
mitigar o poder estatal, em face da proteção dos direitos da pessoa humana. Assim, em um 1º 
momento, os direitos humanos surgiram como tutela às liberdades individuais, resguardando as 
pessoas das ações abusivas do Estado. 
Dessa forma, foi imposto ao Estado as liberdades NEGATIVAS, ou seja, o dever de 
abster-se e de não interferir nas liberdades individuais. Com o aparecimento dos direitos 
humanos, houve uma ampliação da autonomia do indivíduo. 
A Emenda Constitucional 45/2004 introduziu no art. 5º, § 3º, os tratados e 
convenções internacionais de DIREITOS HUMANOS com status de emenda constitucional, caso 
sejam aprovados formalmente pelas 2 Casas do Congresso Nacional (Senado e Câmara), em 2 
Turnos, por 3/5 dos votos dos membros. 
Assim, para que os tratados e convenções internacionais de Direitos Humanos 
tenham status de emendas constitucionais, devem-se preencher os seguintes requisitos: 
a) Ser aprovados pelas 2 Casas do Congresso Nacional (Senado e Câmara); 
b) 2 Turnos de votação (não votação única); 
c) Aprovação por pelo menos 3/5 dos votos dos membros de cada Casa 
Legislativa. 
INFLUÊNCIA DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
INTERNACIONAL INTERNA 
• Influência a construção de 
tratados que protegem os 
Direitos Humanos. 
• Fundamenta a jurisprudência de 
Tribunais como, por exemplo, o STF; 
• Os Direitos presentes em seu texto 
serviram de molde para diversos artigos 
de nossa Constituição; 
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• Serve como modelo de cunho valorativo 
para a interpretação dos normativos 
pátrios que disponham sobre Direitos 
Humanos; 
• Quando seguem o mesmo trâmite de 
aprovação das emendas 
constitucionais, os tratados e 
convenções internacionais sobre direitos 
humanos adquirem a força de normas 
constitucionais (não apenas 
infraconstitucionais). 
 
COMPOSIÇÃO DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Preâmbulo (constituído de 07 considerandos) + 30 (trinta) artigos 
Outro aspecto importante a ser tratado é a divisão de assuntos na Declaração 
Universal. No seu texto, fica evidente a divisão entre: 
• LIBERDADES PÚBLICAS (direitos CIVIS E POLÍTICOS, que 
posteriormente serão chamados de direitos de 1ª Geração) – abarcados nos 
artigos I ao XXI, e os 
• DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS (chamados direitos de 
2ª Geração) – insertos nos artigos XXII e XXVII. 
Liberdades Públicas (1ª Geração): 
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS (Representam 
as conquistas das chamadas Revoluções 
Liberais do século XVIII) 
Artigo da Declaração Universal 
Igualdade de todos perante a lei Art. I, art. II e art. VII 
Direito à vida e à liberdade Art. III 
Presunção de inocência Art. IX 
Direito à intimidade Art. XII 
Liberdade de religião Art. XVIII 
Liberdade de expressão Art. XIX 
Liberdade de associação Art. XX 
 
Direitos sociais, econômicos e culturais (2ª Geração): 
DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E 
CULTURAIS (Derivam das conquistas 
alcançadas nos séculos XIX e XX – 
Revolução Socialista) 
Artigo da Declaração Universal 
Segurança socialArt. XXII e art. XXV 
Trabalho Art. XXIII 
Repouso e lazer Art. XXIV 
Educação Art. XXVI 
 
GERAÇÃO/DIMENSÃO DIREITOS 
1ª 
CIVIS E POLÍTICOS - fundamentados na LIBERDADE (são os 
direitos e garantias individuais e políticos clássicos - liberdades 
públicas) 
2ª SOCIAIS, ECONÔMICOS e CULTURAIS 
3ª 
SOLIDARIEDADE OU FRATERNIDADE (Direito ao meio ambiente, ao 
Desenvolvimento e à Paz). 
Cabe informar que parte da doutrina incluiu mais 2 gerações/dimensões de 
direitos fundamentais: 
GERAÇÃO/DIMENSÃO DIREITOS 
4ª Democracia, informação e pluralismo 
5ª Direito à PAZ 
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CARACTERÍSTICAS como inerentes aos DIREITOS HUMANOS: 
CARACTERÍSTICA CONCEITO 
UNIVERSALIDADE; 
GENERALIDADE; 
IMPESSOALIDADE 
Alcançam a todos os seres humanos, 
indistintamente, independente de sua raça, sexo, 
cor, nacionalidade, credo ou convicção. Todo e 
qualquer ser humano é sujeito ativo desses 
direitos, podendo pleiteá-lo em qualquer foro 
nacional ou internacional (parágrafo 5º da 
Declaração e Programa de Ação de Viena de 1993). 
INDIVISIBILIDADE 
Não podem ser analisados separadamente 
(ISOLADAMENTE). Compõem um único conjunto 
de direitos (parágrafo 5º da Declaração e Programa 
de Ação de Viena de 1993). 
INTERDEPENDÊNCIA 
Os direitos estão vinculados uns aos outros 
(parágrafo 5º da Declaração e Programa de Ação 
de Viena de 1993). 
INTER-RELACIONARIDADE 
Os direitos humanos e os sistemas de proteção 
inter-relacionam-se, possibilitando às pessoas 
escolherem entre o mecanismo de proteção global 
ou regional, pois não há hierarquia entre eles 
(parágrafo 5º da Declaração e Programa de Ação 
de Viena de 1993). 
IMPRESCRITIBILIDADE 
Tais direitos não se perdem com o passar do 
tempo, com o decurso de prazo. Os direitos 
humanos não sofrem alterações com o decurso do 
tempo, pois têm caráter ETERNO. São anteriores, 
concomitantes e posteriores aos indivíduos. 
INDIVIDUALIDADE Podem ser exercidos por apenas 1 indivíduo. 
COMPLEMENTARIDADE 
Os direitos humanos devem ser interpretados em 
conjunto, NÃO havendo HIERARQUIA entre eles. 
RELATIVIDADE 
Os direitos humanos podem ser exercidos 
simultaneamente, não encontrado limitações nos 
demais direitos. Assim, havendo conflito entre 
direitos é necessária uma solução que ajuste os 
direitos envolvidos (ponderação dos direitos em 
questão). 
INVIOLABILIDADE 
Não podem ser violados por leis 
infraconstitucionais, nem por ato de autoridade do 
Poder Público, sob pena de responsabilidade civil, 
penal e administrativa. Os direitos humanos não 
podem ser descumpridos ou violados por nenhuma 
pessoa ou autoridade. 
INDISPONIBILIDADE 
Não se pode dispor desses direitos (abrir mão, 
renunciar). 
INALIENABILIDADE 
Os direitos humanos não podem ser vendidos, 
transferidos ou, de qualquer forma, negociados. 
Ou seja, não existe possibilidade de transferência, 
a qualquer título (seja a título gratuito ou oneroso), 
desses direitos. Nesse sentido, não podem ser 
objeto de comércio ou transferidos de indivíduo 
para indivíduo. 
HISTORICIDADE 
Os direitos humanos apresentam natureza 
histórica, advindo do Cristianismo, superando 
diversas revoluções até chegarem aos dias atuais. 
Estão vinculados ao desenvolvimento histórico e 
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cultural do ser humano. 
IRRENUNCIABILIDADE 
Deles não pode haver renúncia, pois ninguém pode 
abrir mão da própria natureza. Não se pode 
renunciar aos direitos humanos. Eles são 
inerentes à pessoa humana. Ressalte-se que 
essa é uma discussão que gera muita controvérsia. 
Exemplos: Eutanásia e aborto. 
VEDAÇÃO DO RETROCESSO 
O Estado não pode proteger menos do que já 
protege. Uma vez estabelecidos os direitos 
humanos, não se admite o retrocesso visando a sua 
limitação ou diminuição (art. 4º, parágrafo 3º, 
da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – 
não se pode restabelecer a pena de morte nos 
Estados que a hajam abolido). 
INERÊNCIA 
Os direitos humanos são inerentes ou inatos 
(naturalmente ligados) aos seres humanos, desde a 
sua concepção e nascimento com vida. 
EFETIVIDADE 
O Estado deve garantir a efetivação dos direitos 
humanos (no mínimo, os direitos civis e políticos). 
Ou seja, o Poder Público constituído deve criar 
mecanismos coercitivos para a garantia dos 
direitos humanos. 
ESSENCIALIDADE 
Os direitos humanos são essenciais por excelência, 
na medida em que são inerentes ao ser humano, 
tendo por base os valores supremos do homem e 
sua dignidade (aspecto material), assumindo 
posição normativa de destaque (aspecto formal). 
São essenciais aos seres humanos, podendo ser 
dividido em: 
• Direitos Humanos MATERIAIS -constituem 
a dignidade da pessoa humana) 
• Direitos Humanos FORMAIS - prevalecem 
em face da legislação interna para 
proteger as pessoas – art. 7º, parágrafo 
7º da Convenção Americana de Direitos 
Humanos – prisão civil só para devedor de 
alimentos – RE 466.343 e Súmula 
Vinculante 25). 
LIMITABILIDADE 
ATENÇÃO!!! Os direitos humanos NÃO são 
ABSOLUTOS, pois sofrem restrições nos 
momentos constitucionais de crise (Liberdade 
ambulatória x Estado de Sítio) e também frente aos 
interesses ou direitos que, acaso confrontados, 
sejam mais importantes (Princípio da 
Ponderação). Desse modo, os direitos humanos 
podem ser limitados em situações 
excepcionais previstas nas legislações, como, por 
exemplo, a prisão de um indivíduo que cometeu um 
delito (limitação da liberdade de ir e vir). No Brasil, 
é possível limitar o direito de reunião nos casos de 
estado de defesa e de estado de sítio (artigos 136 e 
139 da CF/88, respectivamente). 
INESGOTABILIDADE OU 
INEXAURIBILIDADE 
São inesgotáveis no sentido de que podem ser 
expandidos, ampliados, sendo que a qualquer 
tempo podem surgir novos direitos (vide art. 5º, 
parágrafo 2º, da C.F.). Os direitos humanos não 
são elencados em um rol fechado ou limitado, 
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podendo ser ampliados de acordo com a evolução 
histórica da sociedade. 
CONCORRÊNCIA 
Os direitos fundamentais podem ser exercidos de 
forma acumulada, quando, por exemplo, um 
jornalista transmite uma notícia e expõe sua 
opinião (liberdade de informação + comunicação + 
opinião). É possível o seu exercício concomitante 
ou simultaneamente (direito de reunião e 
manifestação, entre outros). 
As primeiras bases fundamentais para a tripartição dos poderes e, por conseguinte, 
para o sistema de “checks and balances” foram lançadas por Aristóteles, em sua obra Política. 
O pensador grego vislumbrava a existência de 3 funções distintas exercidas pelo poder soberano: 
• a função de editar normas gerais a serem observadas por todos (Poder 
Legislativo); 
• a de aplicar as referidas normas no caso concreto (Poder Executivo); 
• e a função de julgamento, dirimindo os conflitos oriundos da execução das 
normas gerais nos casos concretos (Poder Judiciário). 
Tendo em vista o exposto, a separação dos poderes é um princípio fundamental 
que impacta vigorosamente em nossa Lei Maior (CF). Nessa direção, são os seguintes alguns 
exemplos de delimitação de poder abraçados por nossa Constituição de 1988: 
• O controle de constitucionalidade das leis e atos normativos do Poder Público 
(exercidopelo Judiciário); 
• O poder dos chefes do Executivo em vetar projetos de lei aprovados pelo 
Congresso Nacional, quando esses forem inconstitucionais ou contrários ao 
interesse público; 
• Iniciativa de leis do Executivo e o poder de criar seus próprios regimentos 
internos do Judiciário; 
• Poder fiscalizatório do Legislativo, que tem mecanismo de controle e 
investigação de atos dos outros poderes; 
• Poder de emenda de projetos de lei do Executivo, além do poder de rejeição 
do veto do chefe do Executivo; 
• Participação na nomeação de Membros do Poder Judiciário pelo Poder 
Executivo e Legislativo (Ex: nomeação pelo Presidente da República e sabatina 
no Senado Federal). 
Podemos definir a institucionalização dos direitos e garantias fundamentais 
como os meios de FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO de POLÍTICAS PÚBLICAS E 
PROGRAMAS para PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS. Portanto, quando se fala na 
institucionalização dos direitos, estamos querendo se referir aos instrumentos que pretendem 
concretizar os direitos e garantias fundamentais que a nossa CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 
1988 estabeleceu. 
Vimos que esses instrumentos compreendem os programas nacionais de 
direitos humanos (PNDH) e os órgãos competentes para o planejamento e a implementação 
dessas políticas públicas (SDH/PR, CDDPH, ONDH...). 
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) é o 
órgão responsável pela articulação interministerial e intersetorial das políticas de promoção 
e proteção aos Direitos Humanos no Brasil. Criada em 1997 dentro da estrutura do Ministério 
da Justiça, foi elevada ao status de MINISTÉRIO em 2003, por meio da Lei nº 
10.683/2003. Em 2010, esta Secretaria ganhou o atual nome. 
O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana - CDDPH - é um órgão 
colegiado, criado pela Lei nº 4.319/1964, situado na estrutura da SDH/PR, com 
representantes de setores representativos, ligados aos direitos humanos, e com importância 
fundamental na promoção e defesa dos direitos humanos no País. 
Vimos que um cuidado que o candidato ter é que a Lei de criação do CDDPH (1964) previa ser 
esse Conselho integrante da estrutura do Ministério da Justiça. Ocorre que com a elevação da 
Secretaria de Direitos Humanos ao nível de ministério, logicamente, o CDDPH foi 
incorporado à estrutura daquela Secretaria por força do art. 24, § 2º, da Lei nº 
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10.683/2003. 
De forma resumida, observamos que o Conselho tem por principal atribuição 
receber denúncias e investigar, em conjunto com as autoridades competentes locais, violações 
de direitos humanos de especial gravidade com abrangência nacional, como chacinas, 
extermínio, assassinatos de pessoas ligadas a defesa dos direitos humanos, massacres, abusos 
praticados por operações das polícias militares, etc. Para tanto, o Conselho constitui comissões 
especiais de inquérito e atua por meio de resoluções. 
A ONDH é um órgão de assistência direta e imediata da Secretaria de Direitos 
Humanos da Presidência da República, que tem por competência legal exercer as funções de 
Ouvidoria Geral: 
• Da cidadania; 
• Da criança; 
• Do adolescente; 
• Da pessoa com deficiência; 
• Do idoso; 
• De LGBT; 
• E de outros grupos sociais mais vulneráveis. 
A Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos poderá agir de ofício sempre que 
tiver conhecimento de atos que violem os direitos humanos individuais ou coletivos e 
também poderá receber denúncias anônimas. 
O Fórum Nacional de Ouvidores de Polícia é uma instituição que congrega todas 
as Ouvidorias de Polícia do Brasil, das esferas federal, estadual e do Distrito Federal. Ele se 
encontra no âmbito da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), 
pasta que tem a atribuição de fornecer os serviços administrativos necessários para o 
funcionamento do Fórum. 
A Política Nacional de Direitos Humanos é uma política pública de 
abrangência nacional prevista no art. 24 da Lei nº 10.683/2003. 
A Política Nacional de Direitos Humanos é coordenada pela Secretaria de 
Direitos Humanos da Presidência da República e todas as ações relacionadas com essa política 
deverão ser exercidas respeitando as diretrizes do Programa Nacional de Direitos Humanos 
(PNDH). 
1ª OBSERVAÇÃO: a sigla PNDH é utilizada pelos documentos oficiais brasileiros 
para se referir ao Programa Nacional de Direitos Humanos e não à Política Nacional de 
Direitos Humanos. 
2ª OBSERVAÇÃO: não confundir a Política Nacional de Direitos Humanos com o 
Programa Nacional de Direitos Humanos! 
O PNDH é resultado dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil em 
relação à temática dos direitos humanos. 
Os PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS 
HUMANOS SÃO OS PROGRAMAS NACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS, estando vigente 
atualmente o III Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), aprovado pelo Decreto nº 
7.037, de 2009. 
Existem iniciativas governamentais que pretendem ampliar a proteção aos Direitos 
Humanos. Tratam-se dos seguintes temas: 
• Conferência Nacional de Direitos Humanos. 
• Principais políticas setoriais de Direitos Humanos. 
A Conferência Nacional de Direitos Humanos é o principal fórum de discussão da 
sociedade acerca da Política Nacional de Direitos Humanos do Brasil. 
Todos os Programas Nacionais de Direitos Humanos (PNDH) instituídos pelo Governo 
Federal receberam contribuições das Conferências Nacionais de Direitos Humanos. 
A Conferência tem sido, desde sua primeira edição em 1996, um espaço solidário, 
democrático e pluralista de definição de estratégias para a promoção e proteção dos Direitos 
Humanos no Brasil. 
Políticas públicas de direitos humanos: 
- Gerais 
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- Específicas ou setoriais 
Há órgãos e políticas que tratam dos Direitos Humanos de forma geral (ex. a 
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o PNDH-3) e de forma específica 
(ex. o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA). 
Principais políticas setoriais de Direitos Humanos que o Governo brasileiro vem 
implementando: 
� Educação em Direitos Humanos 
� Erradicação do trabalho escravo 
� Profissionais de segurança pública 
� Criança e adolescente 
� Pessoas idosas 
� Pessoas com deficiência 
� LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais 
� Tolerância religiosa 
� Igualdade racial 
� Combate à violência doméstica 
� Saúde mental 
A política setorial de Educação em Direitos Humanos é uma política pública 
especificamente voltada para a disseminação da informação sobre os Direitos Humanos. 
A ONU tem reconhecido o direito à educação em direitos humanos em diversos 
documentos internacionais. 
A institucionalização pelo Brasil da política setorial de Educação em Direitos Humanos 
tem se dado pelos seguintes órgãos: 
� Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos; 
� Coordenação Geral de Educação em Direitos Humanos. 
Atenção! Os órgãos responsáveis pela Educação em Direitos Humanos se encontram na 
estrutura administrativa da SDH/PR. 
Já o principal instrumento de implantação dessa política pelo Estado brasileiro é o 
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. 
Além de estabelecer concepções, princípios, objetivos, diretrizes e linhas de ação, o 
vigente PNEDH está estruturado em cinco grandes eixos de atuação: 
� Educação Básica; 
� Educação Superior; 
� Educação Não-Formal; 
� Educação dos Profissionais dos Sistemas de Justiça eSegurança Pública; e 
� Educação e Mídia. 
A Política Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (PNETE), cuja origem 
remonta ao Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) do Ministério do Trabalho, grupo instituído 
em 1995 que reunia auditores-fiscais do trabalho entre outros agentes públicos, encontra-se 
consolidada por meio dos seguintes instrumentos e instituições: 
� 2º Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo; 
� Cadastro de empresas e pessoas autuadas por exploração do trabalho 
escravo (“Lista Suja”); 
� Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE) 
O Brasil desenvolveu três programas nacionais de direitos humanos visando 
consolidar a Política Nacional de Direitos Humanos: 
• PNDH-1 (1996) 
• PNDH-2 (2002) 
• PNDH-3 (2009) 
O PNDH-1 foi resultante de um longo e, muitas vezes, penoso processo de 
democratização da sociedade e do Estado brasileiro. 
A natureza do PNDH-1 é a de plano de ação que tinha ênfase nos direitos civis, ou 
seja, aqueles que ferem mais diretamente a integridade física e o espaço de cidadania de cada 
um. Assim, foram abordados nesse programa os entraves à cidadania plena, que levam à 
violação sistemática dos direitos, visando a proteger o direito à vida e à integridade física; o 
direito à liberdade; o direito à igualdade perante a lei. 
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O PNDH-2 foi instituído pelo Decreto n° 4.229, de 13 de maio de 2002 e tinha 
como um dos objetivos principais a promoção da concepção de direitos humanos como um conjunto 
de direitos universais, indivisíveis e interdependentes, que compreendem direitos civis, 
políticos, sociais, culturais e econômicos. 
O PNDH-2 promovia a INCLUSÃO DOS DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E 
CULTURAIS, mantendo a coerência com a noção de INDIVISIBILIDADE E 
INTERDEPENDÊNCIA de todos os direitos humanos expressa na Declaração e Programa de 
Ação de Viena (1993), orientando-se pelos parâmetros estabelecidos pela própria Constituição 
Federal de 1988, no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 e no 
Protocolo de San Salvador em matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Ratificados pelo 
Brasil em 1992 e 1996, respectivamente. 
Nesse sentido, o PNDH-2 incorporou ações específicas visando garantir diversos 
direitos sociais, tais como a educação, a saúde, a previdência e assistência social, ao meio ambiente 
saudável, entre outros, com vistas à construção e consolidação de uma cultura de respeito aos 
direitos humanos. 
O PNDH-3 é um programa governamental que visa concretizar os Direitos Humanos 
(DH) e se divide em 6 eixos orientadores que se subdividem em 25 diretrizes, 82 objetivos 
estratégicos, e 521 ações programáticas. 
O PNDH-3 não é uma política exclusiva de um órgão da Administração Pública, mas 
envolve uma articulação interinstitucional de diversos órgãos para que possa ser executado, tendo 
instituído o Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do PNDH-3, órgão colegiado 
composto por 21 ministérios que visa acompanhar a execução desse programa. 
De acordo com o Anexo do Decreto nº 7.037, de 2009, existe uma distribuição de 
atribuições por ação programática, na qual uma ação programática será exercida por um ou mais 
órgãos públicos. Em relação aos Planos de Ação de Direitos Humanos, o PNDH-3 estipulou que 
esses Planos de Ação passaram a ser bianuais. 
 
Os seis eixos orientadores do PNDH-3: 
� Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil 
� Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos 
� Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de 
desigualdades 
� Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à 
Violência 
� Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos 
� Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade. 
Cada eixo orientador se divide em diretrizes, as quais se desdobram em objetivos 
estratégicos que, por sua vez, subdividem-se em ações programáticas. 
 
EIXO ORIENTADOR I: 
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EIXO ORIENTADOR II: 
 
EIXO ORIENTADOR III: 
 
EIXO ORIENTADOR IV: 
 
 
Eixo Orientador IV: 
Segurança Pública, Acesso à Justiça e 
Combate à Violência 
 
Diretriz 16: 
Modernização da política de 
execução penal 
Diretriz 13: 
Prevenção da violência e 
profissionalização da 
investigação 
Diretriz 14: 
Combate à violência 
institucional (tortura, 
chacinas...) 
Diretriz 15: 
Garantia dos direitos das vítimas 
de crimes e proteção das pessoas 
ameaçadas 
Diretriz 11: 
Democratização e 
modernização da 
segurança pública 
Diretriz 17: 
Promoção de sistema de justiça 
mais acessível, ágil e efetivo 
Diretriz 12: 
Transparência na 
segurança pública e 
justiça criminal 
Eixo Orientador III: 
Universalizar direitos em um 
contexto de desigualdades 
Diretriz 7: 
Garantia dos DH de forma 
universal, indivisível e 
interdependente 
Diretriz 9: 
Combate às 
desigualdades 
estruturais 
Diretriz 10: 
Garantia da 
igualdade na 
diversidade 
Diretriz 8: 
Promoção dos direitos 
de crianças e 
adolescentes 
Eixo Orientador II: 
Desenvolvimento e DH 
Diretriz 4: 
Efetivação de modelo de 
desenvolvimento 
sustentável 
Diretriz 5: 
Pessoa humana como 
sujeito central do processo 
de desenvolvimento 
Diretriz 6: 
Promover e proteger os 
direitos ambientais como 
DH 
Eixo Orientador I: 
Interação democrática entre 
Estado e Sociedade Civil 
Diretriz 1: 
Fortalecimento da 
democracia participativa 
Diretriz 2: 
DH como instrumento transversal 
Diretriz 3: 
Integração e ampliação dos 
sistemas de informações em DH 
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EIXO ORIENTADOR V: 
 
EIXO ORIENTADOR VI: 
 
Na aula de hoje, abordamos alguns temas relacionados ao fenômeno da globalização 
dos direitos humanos. Assim, constatou-se que o surgimento de instituições internacionais como a 
ONU e o Tribunal Penal Internacional (TPI), a adoção de documentos como a Declaração Universal 
dos Direitos do Homem, os Pactos de Direitos e outras convenções internacionais, formam uma 
nova realidade que repercute direta na globalização da noção de direitos humanos. 
Os principais organismos internacionais que interferem na temática da globalização e 
direitos humanos são: 
� Organização das Nações Unidas (ONU), órgãos principais: 
- Assembléia Geral: 
 � Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) 
- Conselho de Segurança: 
 � Conselho de Direitos Humanos 
- Conselho Econômico e Social 
- Secretariado 
 � Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos 
- Corte Internacional de Justiça 
� Tribunal Penal Internacional (TPI) 
O TPI é um órgão judicial de abrangência internacional, instituído pelo 
Estatuto de Roma, que, em vigor desde 2002, responsabiliza criminalmente 
pessoas e não Estados em relação a quatro tipos de crimes: 
- Genocídios 
- Crimes de guerra 
- Crimes contra a humanidade 
- Crimes de agressão 
 
O Brasil faz parte do Estatuto de Roma tendo, inclusive, incluído na Constituição de 
1988, por meio da Emenda nº 45/2004, um dispositivo (o § 4º, do art. 5º) reafirmando o 
compromisso do Brasil com a instituição do TPI, conforme se observa a seguir: 
§ 4º O Brasil sesubmete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja 
Eixo Orientador VI: 
Direito à Memória e à 
Verdade 
Diretriz 23: 
Reconhecimento da 
memória e da verdade 
como Direito e Dever 
Diretriz 24: 
Preservação da memória 
histórica e construção 
pública da verdade 
Diretriz 25: 
Modernização da legislação 
sobre o direito à memória e 
à verdade 
Eixo Orientador V: 
Educação e Cultura em DH 
Diretriz 20: 
Reconhecimento da 
educação não-
formal 
 
Diretriz 21: 
Educação em DH 
nos serviços 
públicos transversal 
Diretriz 22: 
Direito à 
comunicação 
democrática 
Diretriz 18: 
Efetivação da 
PNEDH 
 
Diretriz 19: 
Democracia e DH 
nos sistemas de 
educação 
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criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
45, de 2004) 
O fundamento para a adoção dessas normas jurídicas que visam tutelar os direitos 
humanos é o princípio da dignidade da pessoa humana, segundo o qual os indivíduos possuem 
um VALOR PRÓPRIO. Todavia, existem duas abordagens principais sobre essa questão: 
� Universalismo 
� Relativismo 
UNIVERSALISMO = concepção uniforme dos direitos humanos 
RELATIVISMO = concepção distinta dos direitos humanos de acordo com cada 
cultura. 
As três vertentes que compõem a proteção internacional dos direitos humanos: 
� Direito internacional humanitário 
� Direito internacional dos refugiados 
� Direito internacional dos direitos humanos 
A palavra “FUNDAMENTO” se refere principalmente à razão de ser desses direitos, ou 
seja, o que justifica ou motiva a sua existência ou importância. Com o fim da Segunda Guerra 
Mundial, o panorama inaugurado pela ONU e seus instrumentos normativos passaram a reconhecer 
na DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA o fundamento dos direitos humanos, de acordo com a 
doutrina majoritária. 
Identificamos a seguinte evolução das diferentes formas de justificação 
(fundamentos) dos direitos humanos: 
 
Podemos sintetizar as principais teorias que buscam explicar o fundamento dos 
direitos humanos: 
• Negacionismo 
• Jusnaturalismo 
• Positivismo 
• Moralismo 
• Dignidade da pessoa humana (majoritária) 
Chamamos de característica aquilo que é a qualidade distintiva fundamental de 
determinada coisa. Os direitos humanos possuem característica que expressam algumas qualidades 
distintivas desses direitos em comparação com outros. 
 No contexto do direito internacional, os direitos humanos possuem as seguintes 
características: 
• Universalidade 
• Indivisibilidade 
• Interdependência 
• Interrelacionaridade 
• Imprescritibilidade 
• Individualidade 
• Complementaridade 
• Inviolabilidade 
• Indisponibilidade 
• Inalienabilidade 
• Historicidade 
• Irrenunciabilidade 
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• Vedação do retrocesso 
• Inerência 
• Inesgotabilidade ou inexauribilidade 
 
Na aula de hoje, abordamos alguns temas relacionados à proteção internacional dos 
direitos humanos, incluindo suas três vertentes, e sua interação com o direito brasileiro. 
A interpretação dos tratados internacionais é regulada pela Convenção de Viena 
sobre o Direito dos Tratados, celebrada em 1969. As normas que abordam a interpretação estão 
nos artigos 31 a 33, cujo inteiro teor consta no final da aula destinada à legislação. 
O princípio geral de interpretação dos tratados é a BOA FÉ. 
De acordo com a Convenção de Viena, um tratado deve ser interpretado de boa fé 
(de forma honesta, leal, fiel, sem dissimulações para lesar o próximo) e buscando entender o seu 
teor utilizando o significado usual das palavras que compõem o documento. 
Além dos métodos (ou meios) de interpretação acima mencionados, há os meios 
(ou métodos) suplementares definidos como: 
circunstâncias de conclusão do acordo e os trabalhos preparatórios do 
tratado, que podem ser estudados, por exemplo, pelos registros das 
rodadas de negociação e de comunicações diplomáticas trocadas entre as 
partes. 
Além dessas regras aplicáveis a todos os tratados internacionais, existem alguns 
princípios vetores da interpretação que a jurisprudência internacional criou para ser aplicado 
especificamente para os tratados sobre direitos humanos. 
� Princípio pro homine (primazia da norma mais favorável) 
� Princípio da efetividade (effet utile) 
� Proporcionalidade 
Outro aspecto que merece um estudo é a teoria da margem de apreciação. De 
acordo com a citada teoria, os órgãos de interpretação do Direito Internacional dos Direitos 
Humanos, em determinados casos polêmicos, devem aceitar a POSIÇÃO NACIONAL sobre o tema, 
evitando impor soluções interpretativas às comunidades nacionais, ou seja, um Estado. 
As três vertentes que compõem a proteção internacional dos direitos humanos: 
� Direito internacional humanitário 
� Direito internacional dos refugiados 
� Direito internacional dos direitos humanos 
O direito internacional dos direitos humanos (DIDH) é aquele que visa a proteger 
todos os indivíduos, qualquer que seja a sua nacionalidade, promovendo a dignidade da pessoa 
humana. 
As principais características do DIDH: 
� Universalidade e transnacionalidade 
� Possibilidade de monitoramento internacional 
� Possibilidade de responsabilização internacional 
� Papel primordial dos Estados 
O direito internacional humanitário, também chamado de “direito humanitário” ou 
“direito de Genebra”, constitui aquele que visa reduzir a violência inerente aos conflitos armados, 
limitando o impacto das hostilidades por meio da proteção de um mínimo de direitos atrelados à 
pessoa humana e pela regulamentação da assistência às vítimas das guerras, externas ou internas. 
Princípios do direito humanitário: 
� Neutralidade 
� Não-discriminação 
� Responsabilidade 
Principais normas: as quatro Convenções de Genebra de 1949 que tratam das 
seguintes temáticas: 
� Proteção dos feridos e enfermos em guerra terrestre. 
� Feridos, enfermos e náufragos na guerra naval. 
� Tratamento devido aos prisioneiros de guerra. 
� Proteção dos civis em tempos de guerra. 
Em 1977, foram celebrados dois protocolos adicionais tratando dos seguintes 
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assuntos: 
� Guerras de libertação nacional 
� Guerra civil (conflitos internos) 
O direito internacional humanitário se aplica somente em situações de 
CONFLITOS ARMADOS, externos ou internos. 
Uma distinção importante: Direito de Genebra x Direito de Haia. 
O Direito de Genebra: foco principal na proteção das vítimas das guerras. 
O Direito de Haia: foco principal na regulamentação das operações militares (o 
Direito de Guerra), disciplinando os direitos e as obrigações dos beligerantes nos combates. 
O direito internacional dos refugiados visa regular a proteção de pessoas 
envolvidas no fenômeno dos deslocamentos em massa com o fim de obter REFÚGIO ou abrigo 
diante de situações de conflitos armados, desastres ou perseguições e, também, do 
estabelecimento do marco legal da cooperação internacional contra o problema. 
Definição de REFUGIADO: 
Trata-se da pessoa que sofre ou teme sofrer, em seu Estado de origem, perseguição 
por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou questões políticas e que, por esses 
motivos, deixa esse Estado em que estava, pois sua integridade corria riscos.O direito dos refugiados é orientado pelo princípio do non-refoulment, ou seja, o 
princípio da proibição de expulsão ou de rechaço. 
De acordo com o princípio do non-refoulment, o Estado que recebe um suposto 
refugiado está proibido de: 
� impedir sua entrada. 
� ser enviado ao Estado de onde proveio. 
As principais normas internacionais que disciplinam o direito dos refugiados são: 
� Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951) 
� Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados (1967) 
Ambas foram recepcionadas pelo Brasil, sendo que o país promulgou uma lei 
ordinária para melhor aplicar as normas do Estatuto dos Refugiados: a Lei nº 9.474/97. 
A Lei 9.474/97 criou o CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão 
colegiado da estrutura do Ministério da Justiça. 
A recepção das normas internacionais por um Estado depende do sistema adotado 
pelo direito interno desse Estado. Assim, identificamos dois sistemas existentes: 
� Monismo jurídico 
o Monismo internacionalista 
o Monismo nacionalista 
� Dualismo jurídico. 
o Dualismo radical 
o Dualismo moderado 
 
O monismo jurídico é o sistema que pressupõe a recepção automática do tratado 
internacional pelo direito interno do Estado a partir do momento em que a autoridade competente 
assina o tratado. 
O dualismo jurídico é o sistema que exige a obediência a um rito processual 
previsto pelo direito interno para que a norma internacional tenha aplicação no Estado, de maneira 
que o tratado internacional assinado NÃO produz efeitos imediatos. 
 
O Brasil adota o sistema do dualismo jurídico para recepcionar os tratados 
internacionais em seu ordenamento jurídico. 
 
A Constituição brasileira de 1988 disciplina os tratados internacionais de direitos 
humanos explicitamente no art. 5º, § 2º, e no art. 5º, § 3º, com a redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 45/2004, os quais possuem o seguinte teor: 
Art. 5º (...) 
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem 
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos 
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tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja 
parte. 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que 
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às 
emendas constitucionais. 
 
No Brasil, a natureza jurídica dos tratados internacionais varia de acordo com o 
conteúdo e a forma como ela é recepcionada. Logo, ela pode ser de três tipos: 
� Emenda constitucional 
� Caráter supralegal 
� Lei ordinária 
 
Para que um tratado internacional seja equiparado à emenda constitucional ele 
precisa atender a dois requisitos: 
� Material: conteúdo tratar de direitos humanos. 
� Formal: procedimento de aprovação similar ao da emenda constitucional. 
Para o STF, APENAS os tratados internacionais sobre direitos humanos têm natureza 
jurídica supralegal no Brasil, prevalecendo sobre a legislação infraconstitucional que seja 
incompatível com eles, independentemente de a legislação infraconstitucional ser anterior ou 
posterior à ratificação interna. 
 
Observação: Qualquer tratado internacional que NÃO observar os procedimentos de 
recepção das normas internacionais previstos pelo direito brasileiro NÃO terá validade no país. 
Os procedimentos de recepção de tratados internacionais previstos no direito 
brasileiro observam três fases principais: 
� Negociação 
� Aprovação 
� Ratificação 
FASE INSTRUMENTO COMPETÊNCIA 
1ª Assinatura PRESIDENTE 
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2ª Decreto Legislativo CONGRESSO NACIONAL 
3ª Decreto Presidencial PRESIDENTE 
Na aula de hoje, abordamos alguns temas relacionados ao sistema internacional de 
direitos humanos, os aspectos relativos ao debate entre universalismo e relativismo, os precedentes 
históricos da internacionalização dos direitos humanos e a organização internacional do trabalho. 
O Brasil faz parte de diversos tratados que compõem um complexo sistema de 
proteção dos direitos humanos, que se divide em dois sistemas: 
• Sistema global de direitos humanos 
o Mecanismos convencionais 
o Mecanismos não-convencionais 
• Sistemas regionais de direitos humanos 
Os MECANISMOS CONVENCIONAIS são aqueles criados por convenções específicas. 
Esses mecanismos seguem o parâmetro do primeiro dos órgãos convencionais criado por tratado: o 
Comitê de Direitos Humanos, instituído pelo Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos 
(PIDCP). 
O Comitê dos Direitos Humanos (CCPR) é o órgão criado pelo art. 28º do Pacto 
Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos com o objetivo de controlar a aplicação, pelos 
Estados que fazem parte do citado Pacto, das normas contidas no próprio PIDCP (bem como do seu 
segundo Protocolo Adicional com vista à Abolição da Pena de Morte). 
Os MECANISMOS NÃO-CONVENCIONAIS são aqueles criados por resoluções 
elaboradas pelos órgãos da ONU, ou pelos próprios documentos de constituição do sistema ONU 
(ex. a Carta das Nações Unidas). 
Os principais organismos internacionais que interferem na temática dos direitos 
humanos são: 
� Conselho Econômico e Social (ECOSOC) 
� Conselho de Direitos Humanos (antiga Comissão de Direitos Humanos) 
� Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos 
O Conselho Econômico e Social (ECOSOC) faz recomendações à Assembléia Geral 
sobre questões de direitos humanos. Também revisa os relatórios apresentados pelo Conselho de 
Direitos Humanos e submete as versões com emendas à Assembléia Geral. 
O Conselho de Direitos Humanos (UNHRC) é um órgão inter-governamental no 
âmbito do sistema das Nações Unidas (ONU) responsável por fortalecer a promoção e proteção dos 
direitos humanos em todo o mundo e para a resolução de situações de violações de direitos 
humanos e fazer recomendações sobre eles. Sua sede fica em Genebra (Suíça). 
Atenção! NÃO confundir o COMITÊ de Direitos Humanos com o CONSELHO de 
Direitos Humanos! 
Comitê de Direitos Humanos = mecanismo convencional 
Conselho de Direitos Humanos = mecanismo não-convencional 
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR) é uma 
agência independente da ONU que coordena as atividades da área de direitos humanos através do 
Sistema das Nações Unidas e supervisiona o Conselho de Direitos Humanos. 
Já os sistemas REGIONAIS são sistemas localizados, que abrangem um determinado 
número de Estados, e complementa o Sistema Global, em observância a uma das principais 
características dos direitos humanos, ou seja, a universalidade. 
O Brasil integra o Sistema Interamericano de Direitos Humanos, que é administrado 
pela Organização dos Estados Americanos (OEA). 
No que se refere ao alcance das normas de direitos humanos, existem duas 
concepções ideológicas principais: 
� Universalismo 
� Relativismo cultural 
O universalismo defende que a proteção dos direitos humanos não deve ficar 
limitada ao âmbito interno da soberania dos Estados, mas deve ser uma realidade jurídica 
compartilhada em nível internacional, ou seja, os direitos humanos devem ser protegidos em todo o 
Planeta, de forma absoluta e padronizada. 
De acordo com Antônio Cançado Trindade, a principal crítica do universalismo ao 
relativismo cultural é que ele pode ser usado como justificativa (ou pretexto) para graves casos de 
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violações dos direitos humanos. 
O relativismo cultural dos Direitos Humanos se ampara no fato de que cada 
cultura, com suas crenças e princípios, valoriza e conceitua de forma diferente o que seriam os 
Direitos Humanos. Assim, aquilo que seria fundamental para a cultura X poderia não ser para a 
cultura Y e vice-versa. Um exemplo disso seria a dignidade humana, que pode ter significados 
diferentes quando comparamos as culturas X e Y. 
Críticas do relativismo ao universalismo: 
� Estimulam o imperialismo cultural 
� É uma construção exclusiva da sociedade ocidental 
� Promove a destruição da diversidade cultural 
UNIVERSALISMO = concepção uniforme dos direitos humanos 
RELATIVISMO = concepção distinta dos direitos humanos de acordo com cada 
cultura. 
Resumindo, são precedentes históricos da internacionalização dos direitos 
humanos: 
� Direito Humanitário 
� Liga das Nações 
� Organização Internacional do Trabalho (OIT) 
 
A Liga das Nações (ou Sociedade das Nações - SdN) foi criada em 1919, pelo 
Tratado de Versalhes, após a Primeira Guerra Mundial com a finalidade de promover a cooperação, 
a paz e segurança internacional, condenando agressões externas contra a integridade territorial e a 
independência política dos seus membros. 
A Convenção da Liga das Nações, celebrada em 1920, previa normas genéricas sobre 
os direitos humanos (ex.: sistema de mandatos, sistema das minorias, normas internacionais do 
direito ao trabalho, etc.) que representavam um limite à concepção de soberania estatal absoluta, 
pois a Liga poderia aplicar sanções econômicas e militares contra os Estados que violassem seus 
dispositivos. 
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é um organização internacional 
intergovernamental criada, em 1919, pelo Tratado de Versalhes, após a Primeira Guerra Mundial 
que também contribuiu com a internacionalização dos direitos humanos. 
Em 1944, os delegados da Conferência Internacional do Trabalho adotaram a 
Declaração de Filadélfia que, como anexo à sua Constituição, constitui, desde então, a carta de 
princípios e objetivos da OIT. 
A principal finalidade da OIT era promover padrões internacionais de condições de 
trabalho e bem estar. 
Atualmente, 185 dos 193 Estados membros da ONU integram a OIT. Sua sede fica 
em Genebra (Suíça). A estrutura organizacional da OIT é composta da seguinte forma: 
� Conferência Internacional do Trabalho 
� Conselho de Administração 
� Repartição Internacional do Trabalho, chefiada por um Diretor-Geral. 
Os documentos internacionais oriundos da OIT são de dois tipos: 
� As convenções da OIT (tratados internacionais). 
� As recomendações da OIT 
As CONVENÇÕES da OIT são normas jurídicas emanadas da Conferência 
Internacional da OIT com propósito de fixar regras gerais e de natureza obrigatória para os 
Estados deliberantes que participam de seu ordenamento interno, observados os ditames 
constitucionais pertinentes. 
As Convenções da OIT, sob o prisma da natureza de suas normas, podem ser 
classificadas em três modalidades: 
• Auto-aplicáveis 
• De princípios 
• Promocionais. 
As RECOMENDAÇÕES da OIT são normas de caráter precário e facultativo, que 
não criam direitos e obrigações. 
Os principais instrumentos de direitos humanos que são previstos pelo sistema 
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internacional são os seguintes: 
� Carta das Nações Unidas. 
� Declaração universal de direitos humanos (DUDH). 
� Pacto internacional de direitos civis e políticos (PIDCP). 
� Pacto internacional de direitos econômicos, sociais e culturais (PIDESC). 
Além desses instrumentos, existem outros que tratam de matérias bem mais 
específicas (ex. combate a tortura, direitos da criança, racismo, direitos das mulheres, etc.). 
A Carta das Nações Unidas possui as seguintes características: 
• Possui 111 artigos. 
• Tem anexo: Estatuto da Corte Internacional de Justiça. 
• É um tratado. 
A Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH), adotada em 1948, 
constitui tecnicamente uma recomendação que influencia os Estados na promoção dos direitos 
humanos. Ela teve a aprovação de 48 Estados e 8 abstenções. 
A DUDH introduz a noção de indivisibilidade dos direitos humanos e estabelece duas 
categorias desses direitos: 
� Direitos civis e políticos (arts. 3º a 21). 
� Direitos econômicos, sociais e culturais (arts. 22 a 28). 
A DUDH possui as seguintes características: 
• Possui 30 artigos. 
• É uma recomendação. 
A DUDH de 1948, apesar de ter natureza de recomendação, tendo sido veiculada por 
meio de uma resolução, não apresenta instrumentos ou órgãos próprios destinados a tornar 
compulsória sua aplicação. 
O Pacto internacional de direitos civis e políticos (PIDCP) e o Pacto internacional de direitos 
econômicos, sociais e culturais (PIDESC) são instrumentos internacionais celebrados em 1966 
destinados a proteger os chamados direitos humanos de primeira e segunda geração. 
 
Na aula de hoje, abordamos o núcleo do direito internacional dos direitos humanos, 
ou seja, os principais documentos internacionais voltados para a proteção desses direitos. Assim, 
estudamos hoje: 
� Carta das Nações Unidas. 
� Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
� Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. 
� Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
� Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de 
discriminação racial. 
A Carta das Nações Unidas, também conhecida como Carta de São Francisco, foi 
assinada em São Francisco (EUA), a 26 de junho de 1945, após o término da Conferência das 
Nações Unidas sobre Organização Internacional, entrando em vigor a 24 de Outubro daquele 
mesmo ano. O Brasil ratificou a mesma, promulgando a Carta das Nações Unidas por meio do 
Decreto nº 19.841/1945. 
A Carta de São Francisco possui as seguintes características: 
• Dividida em 19 capítulos. 
• Possui 111 artigos. 
• Tem um anexo: Estatuto da Corte Internacional de Justiça. 
• É um tratado. 
• Responsável pela constituição do Sistema ONU (conjunto de órgãos que 
formam as Nações Unidas) 
Mecanismos estabelecidos com base na Carta das Nações Unidas (mecanismos 
não-convencionais): 
o Conselho de Direitos Humanos (Que substituiu a Comissão de Direitos 
Humanos em 2006) 
o Revisão Periódica Universal (Um processo estabelecido em 2006) 
O Conselho de Direitos Humanos é um dos principais órgãos internacionais de 
proteção aos direitos humanos no âmbito do sistema global, junto com o Alto Comissariado das 
Nações Unidas para os Direitos Humanos. 
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Quando esse Conselho era a Comissão de Direitos Humanos, ele desempenhou um 
importante papel na redação dos principais tratados de direitos humanos das Nações Unidas e por 
desenvolver o sistema de "relatores especiais". 
A revisão periódica universal, também chamada de exame periódico universal ou 
informe periódico universal, é um procedimento conduzido pelos Estados, sob a supervisão do 
Conselho de Direitos Humanos, no qual, cada Estado declara quais as medidas e providências que 
adotaram nos últimos anos para melhorar a situação dos direitos humanos em seus países e 
cumprir as obrigações internacionais pertinentes. 
 
Atenção! 
Carta das Nações Unidas ≠ Carta Internacional de Direitos Humanos 
 
A Carta das NaçõesUnidas (Carta de São Francisco) é o documento internacional 
responsável pela constituição do Sistema ONU, ou seja, o conjunto de órgãos e instrumentos das 
Nações Unidas. 
A Carta Internacional de Direitos Humanos é o conjunto de documentos 
internacionais formado pela Declaração Universal de Direitos Humanos, o Pacto Internacional de 
Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
A Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH), adotada em 1948, 
constitui tecnicamente uma recomendação que influencia os Estados na promoção dos direitos 
humanos. Ela teve a aprovação de 48 Estados e 8 abstenções. 
A DUDH introduz a noção de indivisibilidade dos direitos humanos e estabelece duas 
categorias desses direitos: 
� Direitos civis e políticos (arts. 3º a 21). 
� Direitos econômicos, sociais e culturais (arts. 22 a 28). 
A DUDH possui as seguintes características: 
• Possui 30 artigos. 
• Apesar de tecnicamente ser uma recomendação, a doutrina atual tem 
considerado ela dotada da natureza de ato de organização internacional. 
A DUDH pode ser dividida em quatro partes: 
� 1ª parte (arts. 3 a 11): direitos individuais. 
� 2ª parte (arts. 12 a 17): direitos do indivíduo na sociedade e de participação 
política. 
� 3ª parte (arts. 18 a 21): liberdades políticas, públicas e religiosas. 
� 4ª parte (arts. 22 a 28): direitos econômicos, sociais e culturais. 
 
Os artigos finais tratam de aspectos que buscam dar sistematicidade e força à DUDH. 
Observa-se, mais uma vez, que a DUDH inclui tanto direitos relacionados à não-
intervenção estatal, de índole liberal, como também os direitos de cunho econômico e social, que 
demandam a participação do Estado. 
A DUDH de 1948, tradicional e tecnicamente, tem sido considerada como portadora 
da natureza de recomendação, tendo sido veiculada por meio de uma resolução, não apresentando 
instrumentos ou órgãos próprios destinados a tornar compulsória sua aplicação. 
 
Observação: há uma tendência contemporânea que defende a juridicidade e 
vinculação da DUDH, trazendo alguns argumentos: 
- a Declaração Universal seria uma interpretação autorizada da expressão “direitos 
humanos” contida na Carta das Nações Unidas. 
- a Declaração Universal seria um costume internacional, portanto, uma fonte formal 
do direito internacional público, visto que a DUDH teria se convertido gradativamente em uma 
norma consuetudinária. 
- a Declaração Universal seria um ato de organização internacional, portanto, uma 
fonte não-codificada de direito internacional público (entendimento do CESPE em vários concursos). 
Portanto, o candidato deve ter cuidado, pois se o examinador cobrar de maneira 
peremptória (de forma seca e sem rodeios) que a DUDH é um “tratado” ou um documento com 
“força jurídica vinculante” sem fundamentar, é possível que ele esteja optando pelo entendimento 
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tradicional, segundo o qual a DUDH não possui juridicidade e vinculação. 
No entanto, se houver pelo examinador uma “complementação” (uma breve 
explicação do por quê da DUDH ser obrigatória ou vinculante), é possível que ele esteja querendo 
do candidato um entendimento mais contemporâneo quanto a natureza jurídica da Declaração. 
Outro dado que merece atenção para o candidato é o fato de que a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos NÃO cria, nem institui, quaisquer órgãos voltados para a 
efetivação de seus dispositivos, DIFERENTEMENTE do que ocorre com a Carta das Nações Unidas 
que prevê diversos órgãos responsáveis pela execução de suas disposições. 
O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos foi adotado pela Assembléia Geral 
da ONU em 16/12/1966, passando a vigorar em 23/03/1976, sendo incorporado pelo Brasil ao seu 
direito interno pelo Decreto nº 592, de 6 de julho de 1992. 
O PIDCP está estruturado da seguinte forma: 
� É um tratado internacional. 
� Normas autoaplicáveis. 
� Possui 53 artigos. 
� Objeto: normatizar e disciplinar os direitos civis e políticos. 
� Prevê um mecanismo convencional: o Comitê de Direitos Humanos. 
� Possui dois protocolos adicionais (ou facultativos): 
o 1º Protocolo: trata do Comitê de Direitos Humanos (sistemática de 
petições individuais). 
o 2º Protocolo: abolição da pena de morte. 
O PIDCP busca aplicar de forma imediata os direitos civis e políticos, ao invés de 
simplesmente enunciá-los como fez a DUDH. 
O PIDCP trata de direitos direcionados aos indivíduos. 
Principais “novidades” do PIDCP em relação à DUDH: 
• Pacto não só incorpora inúmeros dispositivos da DUDH, com maior 
detalhamento, como ainda estende o elenco desses direitos. 
• Pacto abriga novos direitos e garantias não incluídos na Declaração Universal. 
A quarta parte do Pacto trata de um importante mecanismo de implementação do 
PIDCP (mecanismo convencional do sistema global de direitos humanos) denominado: Comitê de 
direitos humanos. 
O Comitê de direitos humanos tem como atribuições principais: 
� Receber e analisar os relatórios sobre a situação dos direitos civis e políticos 
nos Estados que integram o PIDCP. 
� Receber denúncias formuladas contra Estado que integre o PIDCP por outros 
Estados ou particulares. 
As decisões do Comitê de Direitos Humanos NÃO possuem caráter vinculante, não 
sendo de cumprimento obrigatório. 
O Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) foi 
adotado pela Assembléia Geral da ONU em 19/12/1966, sendo incorporado pelo Brasil ao seu 
direito interno pelo Decreto nº 591, de 6 de julho de 1992. 
O PIDESC está estruturado da seguinte forma: 
� É um tratado internacional. 
� Normas de aplicação progressiva. 
� Possui 31 artigos. 
� Objeto: normatizar e disciplinar os direitos econômicos, sociais e culturais. 
� Prevê um mecanismo convencional: o Comitê de Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais. 
� Possui um protocolo facultativo: admissão de denúncias em relação ao 
descumprimento do Pacto. 
O PIDESC trata de direitos direcionados aos Estados. 
O Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais é um órgão de monitoramento 
específico para o PIDESC criado pela Resolução nº 1.985/17 do Conselho Econômico e Social da 
ONU (ECOSOC). 
Esse Comitê tornou-se o órgão do ECOSOC responsável pelo acompanhamento e 
análise dos relatórios encaminhados pelos Estados em virtude das disposições do PIDESC, por isso 
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ele é um mecanismo convencional. 
Esse Comitê possui competências e procedimentos semelhantes aos do Comitê de 
Direitos Humanos. As principais diferenças entre ambos são as seguintes: 
• Documento internacional objeto de monitoramento. 
• No Comitê do PIDESC não há a possibilidade de apresentação de denúncias 
feitas por Estados em relação a outros Estados, nem de petições 
(reclamações) individuais (No Comitê de Direitos Humanos isso é possível). 
A Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de discriminação 
racial foi adotada pela ONU em 21 de dezembro de 1965, tendo sido incorporada pelo Brasil ao seu 
direito interno pelo Decreto nº 65.810, de 08 de dezembro de 1969. 
O conceito de discriminação racial inclui não apenas a discriminação por motivo de 
RAÇA, mas também pelos elementos: 
� Cor 
� Descendência ou origem étnica 
� Descendência ou origem nacional 
A Convenção NÃO inclui como discriminação racial, as seguintes práticas dos 
Estados: 
• Distinções entre cidadãos e não cidadãos (art. 1º, § 2º). 
•Normas estatais relativas à nacionalidade, cidadania e naturalização, desde 
que os Estados não discriminem qualquer nacionalidade em particular (art. 
1º, § 3º). 
• Políticas de ação afirmativa (art. 1º, § 4º) 
Os Estados se obrigam a adotar políticas públicas destinadas a eliminar a 
discriminação racial, mesmo quando a discriminação é institucionalizada com apoio (expresso ou 
tácito) do Estado. 
O cumprimento das normas da Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas 
as formas de Discriminação Racial é uma atribuição que pertence a um mecanismo convencional 
chamado Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial (CERD/CEDR), órgão criado pela 
própria Convenção (arts. 8 a 16). 
Um detalhe importante é que a Convenção sobre Discriminação Racial foi o primeiro 
instrumento internacional de direitos humanos a introduzir mecanismo próprio de supervisão. 
Mecanismos utilizados pelo CEDR: 
� Denúncias preventivas 
� Denúncias entre Estados 
� Denúncias de particulares (indivíduos ou grupos) 
Para ser realizada uma denúncia perante o CEDR é obrigatório o esgotamento dos 
recursos internos, exceto quando o funcionamento desses recursos ultrapassar prazos razoáveis. 
Há também a Comissão de Conciliação ad hoc, que buscará solucionar 
amigavelmente os conflitos envolvendo a discriminação racial. 
De acordo com o Decreto nº 4.738/2003, o Brasil reconheceu, de pleno direito e por 
prazo indeterminado, a competência do CEDR para receber e analisar denúncias individuais de 
violação dos direitos humanos previstos na Convenção sobre Discriminação Racial. 
Por fim, as decisões do CEDR são destituídas de força jurídica obrigatória ou 
vinculante da mesma forma como acontece com as decisões do Comitê de Direitos Humanos. 
Assim, apenas é publicado um relatório anual elaborado pelo CEDR que é encaminhado à 
Assembléia Geral da ONU.

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