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http://cbjm.wordpress.com 
 
 
PARTE EXPLICATIVA 
 
INTRODUÇÃO 
. O problema 
. A função do jornalista como manipulador 
. Os "indignados úteis" 
. O paroxismo do ódio 
. A ideia do novo Curso 
 
AVISO LEGAL 
 
A IMPORTÂNCIA DO ÓDIO PARA O SUCESSO DA MANIPULAÇÃO POLÍTICA 
. O "gerenciamento do ódio" 
. As razões óbvias para a estimulação do ódio 
. A razão extra para o incentivo ao ódio 
 
COMO CULTIVAR O ÓDIO NOS CONSUMIDORES DE NOTÍCIAS 
. 1. O poço humano de insatisfações 
Lição número 1 – A insatisfação existencial 
 
. 2. A frustração adicional 
Lição número 2 – A vivência imposta de uma frustração 
 
. 3. A ameaça ao bem-estar pessoal 
Lição número 3 – A violação ao bem-estar pessoal 
 
. 4. O responsável pela frustração 
Lição número 4 – A responsabilização do adversário político 
 
. 5. O aproveitamento do potencial de reação agressiva 
Conteúdo específico da manipulação 
Efeito da manipulação no manipulado 
Predisposição à agressão 
Validação e incentivo à agressão 
Lição número 5 – A validação e a moldagem da agressão 
 
. 6. A criação do hábito 
1. A demonização do alvo. 
2. A rapidez da resposta dos manipulados. 
3. O hábito que se torna vício. 
4. A autonomia obediente dos manipulados. 
Lição número 6 – A criação dos hábitos de responsabilização e de agressão 
 
. 7. A exploração do hábito 
Lição número 7 – O estágio do vício 
 
. 8. A evolução para o ódio 
Lição número 8 – A convivência justificada com o ódio 
 
. 9. A catarse pública 
Lição número 9 – A cereja do bolo da manipulação: a catarse pública 
 
FATORES FAVORÁVEIS AO SUCESSO DA MANIPULAÇÃO 
. Domínio dos principais veículos da mídia 
. Contágio social 
. Persistência e congruência 
. Ausência de referências políticas passadas 
. Desinteresse do brasileiro pela política internacional 
. Insatisfação social de classe 
. Hiato temporal entre a versão e o fato 
 
FATORES COMPLICADORES DO SUCESSO DA MANIPULAÇÃO 
. A alienação política do brasileiro 
. A índole afetuosa do brasileiro 
. A conscientização social da atividade de manipulação jornalística 
. O desenvolvimento do espírito crítico 
. Fontes alternativas de informação 
. A necessidade de ampliação do leque dos militantes odientos 
 
QUESTÕES ÉTICAS, MORAIS E TÉCNICAS SOBRE A MANIPULAÇÃO 
. A amoralidade intrínseca à manipulação 
O teste de (falta de) caráter 
A questão da culpa no manipulador 
Os prejuízos gerados aos manipulados 
O mal que fazemos a quem nos ajuda 
A verdadeira natureza da atividade manipulativa na política 
O paralelismo destrutivo 
O mundo dos carneirinhos 
A lei da ocultação dos ganhos e das perdas 
O enquadramento de teste 
O risco real de um processo criminal 
 
. A vivência da pessoa manipulada 
As fases da manipulação bem-sucedida 
Fato 
Significado do fato 
Reação ao fato 
Pressupostos da atuação do manipulado 
Impressão de urgência 
Ilusão de participação efetiva 
A Grande Ilusão 
Benefícios adicionais 
Sensação intensa de vida 
Integração a um grupo 
Sensação de estar lutando por seus objetivos e valores 
 
. A importância do estímulo ao vira-latismo 
 
. O transe manipulativo 
 
. A esquizofrenia estratégica 
 
. A síndrome do motorista de táxi 
 
ANATOMIA PSICOLÓGICA DO ÓDIO 
. A vivência do ódio 
 
. A estrutura do ódio 
Foco temporal 
Modalidade 
Envolvimento pessoal 
Intensidade 
Comparação 
Tempo 
Critério 
Abrangência do foco de atenção 
 
. A mensagem do ódio 
. A ambivalência interna 
. A ambivalência externa 
. A relação entre o ódio e a Sombra 
. A justificativa conveniente 
. A intolerância em relação à diferença 
. O rótulo liberador 
. A liberação do ímpeto destrutivo 
. A vitória dos sentimentos "negativos" 
. O ódio e o gostinho da morte 
. Os temperamentos pessoal e nacional, e sua relação com o ódio 
. O desejo sexual oculto 
. O Casal Diabólico da política nacional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE DESINTOXICAÇÃO DO ÓDIO POLÍTICO 
 
INTRODUÇÃO 
 
O problema 
Há muito, nós, os professores do Curso Básico de Jornalismo 
Manipulativo, vimos notando uma preocupante tendência entre nossos 
alunos. Embora, durante o Curso, façamos questão de observar 
repetidamente que as técnicas de manipulação têm por alvo o grande 
público, ou seja, os consumidores de notícias políticas, muitos desses 
alunos acabaram assimilando as atitudes agressivas estimuladas em nossos 
leitores pela aplicação das técnicas do Curso Básico. 
O resultado? Carregam demais na emoção ao escreverem seus textos, 
perdendo com isso a frieza necessária à boa aplicação das técnicas de 
manipulação jornalística. Alguns editores têm se queixado de que as 
matérias desses profissionais se assemelham aos textos de certos 
colunistas raivosos ou às participações de anônimos em caixas de 
comentários da Web. Esse deslize profissional acarreta edições longas e 
trabalhosas, além da perda de tempo precioso. Há relatos, também, de 
casos de desavenças na vida pessoal de nossos alunos, motivadas por 
excesso de envolvimento político. 
A situação descrita acima equivale a um traficante de drogas se tornar 
dependente de drogas, a um autor de autoajuda praticar as baboseiras 
impingidas a seus leitores, ou a um publicitário acreditar nas falsas virtudes 
dos produtos exaltados em suas peças enganosas. 
Um exemplo clássico de exacerbação emocional: 
 
Foto copiada da Web 
Que xingamento você ouve internamente ao pensar nessa educada 
senhora? 
 (Adendo importante: não estamos afirmando que ela tenha sido nossa 
aluna. Até porque é proibido aos professores dos Cursos citar nominalmente 
qualquer aluno.) 
Outros exemplos de exacerbação emocional, não tão clássicos, mas 
recorrentes: 
 
 
 
Outro, um pouco mais chocante: 
 
A função do jornalista como manipulador 
Nosso objetivo como manipuladores sociais é criar ilusões que 
convençam e, eventualmente, prejudiquem outras pessoas, e não a nós 
mesmos. 
Sempre ressaltamos nas aulas que cada grupo cumpre uma função 
específica no esquema geral. Cabe ao jornalista manipular, e ao leitor 
reagir. As atitudes agressivas devem ser conteúdo exclusivo dos chamados 
"indignados úteis" (link abaixo para a origem da expressão), ou seja, dos 
leitores "convertidos" à nossa causa. 
http://blogdomello.blogspot.com.br/2014/04/midia-corporativa-e-
instituto-millenium.html 
No Curso Básico não treinamos os chamados "instigadores da Sombra", 
jornalistas e articulistas que têm a função, por meio de seu comportamento 
raivoso, de estimular diretamente uma reação semelhante em seus leitores. 
Essa é outra função política valiosa, de que tratamos somente no Curso 
Avançado de Jornalismo Manipulativo. A função dos alunos do Curso Básico 
é estimular indiretamente a agressividade dos leitores, por meio do 
conteúdo dos textos e reportagens. 
Os "indignados úteis" 
Qualquer pessoa sensata que navegue, mesmo ocasionalmente, pelas 
redes sociais reconhecerá o extraordinário efeito do trabalho de 
manipulação realizado por nossos alunos. Criou-se uma notável geração de 
"indignados úteis", prontos a explodir em xingamentos, acusações e 
comentários raivosos ao menor estímulo da nossa parte. 
Basta uma manchete safadinha, um título oposicionista, uma "levantada 
de bola" qualquer, e esse dedo apontado para os nossos adversários é 
seguido instantaneamente por uma multidão de leitores raivosos, sedentos 
de um novo linchamento virtual. 
Como bem notou um de nossos alunos, essa geração de leitores parece 
se comprazer com a vivência de "ódio borbulhante". Tornaram-se 
dependentes de uma carga diária de estimulação agressiva. Querem 
sempre mais ― e mais lhes damos. Quantos não passaram, eles mesmos, a 
buscar ou a produzir situações extras de liberação do ódio? Alguns 
chegaram a perpetrar imagens históricas,como esta: 
"Diagnóstico" de uma médica 
 
Foto copiada da Web 
Ou esta: 
Nasci no país errado 
 
Foto copiada da Web 
Ou esta: 
Canibalismo político 
 
Foto de Marcos Bezerra 
O paroxismo do ódio 
Se há um paroxismo do prazer, há também um paroxismo do ódio, um 
orgasmo, um êxtase na expressão ilimitada da agressividade pessoal. 
Tudo bem, se os comportamentos tresloucados se limitarem aos 
consumidores de notícias, instigados por nós. 
 
Cartum de Alves 
 
Ou mesmo se os nossos auxiliares na mídia impressa e virtual (artistas, 
pensadores, blogueiros etc.) mergulharem em sua piscina particular de 
ódio. 
 
Mas tudo mal, se nós mesmos passarmos a nos contaminar com o ódio 
que cultivamos diariamente em nossos consumidores de notícias. 
 
Esse é o problema. 
A ideia do novo Curso 
Há pouco mais de dois meses, nós, os professores dos Cursos, 
conversávamos sobre o extraordinário resultado obtido por nossos alunos, 
de alguns anos para cá. Mudamos o estado de espírito do Brasil. A destacar, 
os seguintes feitos: 
. "Provar" a inutilidade ou a falsidade de todas as conquistas importantes 
do grupo ocupante do poder central; 
 
 
. Instigar a população contra seus benfeitores (aqueles que criaram uma 
situação de pleno emprego, de inclusão social de milhões de brasileiros, de 
oportunidades inéditas de estudo, de acesso amplo a bens e viagens etc.); 
 
. Esconder habilmente os escândalos de responsabilidade de nossos 
aliados políticos, alguns com o auxílio preguiçoso da Justiça (o 
encobrimento, é claro, não o próprio escândalo); 
 
 
Nenhuma menção ao PSDB, é claro. 
. Associar a ideia de corrupção unicamente ao partido atualmente no 
poder, embora os partidos de nossos aliados sejam os mais afetados pelas 
cassações políticas e condenações jurídicas; 
 
Ranking da cassação divulgado pelo Ministério Público Federal em 2013. 
http://www.prpa.mpf.mp.br/institucional/prpa/campanhas/politicoscassa
dosdossie.pdf 
 
. Trazer de volta do passado o "complexo de vira-latas", que muitos 
pensavam já ter sido superado com os avanços recentes do país; 
 
. Fazer a nova geração de jovens jogar a culpa no governo federal por 
todos os problemas nacionais (mesmo os problemas de âmbito municipal e 
estadual); 
 
Resposta ao "É Tóis" de Dilma. 
O viaduto era de responsabilidade da Prefeitura de Belo Horizonte e da 
empreiteira construtora. 
O Itaquerão foi construído pela empreiteira Odebrecht. 
O atendimento do SUS é realizado pelas prefeituras. O governo federal 
apenas repassa os recursos, que são administrados pela Secretaria 
Municipal de Saúde. 
 
. Inimizar toda uma categoria profissional contra a atual presidente... 
 
 
 
... e contra seu partido; 
 
. Voltar o cidadão comum contra a oportunidade de promover a Copa do 
Mundo, um sonho de qualquer nação moderna; 
 
. Esconder os benefícios do torneio, disseminando a mentira de que se 
tratava de um gasto inútil, e não um investimento valioso; 
 
. Fazer o brasileiro médio sentir vergonha de torcer pela sua Seleção 
nacional de futebol, justamente o esporte entranhado na alma do povo (é 
bem verdade que o início da Copa do Mundo, infelizmente, mudou de 
maneira radical a situação); 
 
. E o mais importante: transformar uma parcela da população brasileira, 
povo naturalmente feliz com a vida, em motos perpétuos do ódio. 
Vejam estas observações de estrangeiros que vieram assistir à Copa do 
Mundo: 
 
 
 
 
 
http://g1.globo.com/turismo-e-viagem/noticia/2014/07/aplaudir-por-do-
sol-abracar-veja-o-que-surpreendeu-os-estrangeiros.html 
Obviamente, esses estrangeiros não encontraram nenhum dos nossos 
dedicados leitores. 
. E o que dizer da extraordinária falta de educação, sensibilidade e 
escrúpulos exposta ao mundo pela abastada plateia brasileira em partidas 
da Copa do Mundo? Fazer um grupo enorme de pessoas sentir orgulho do 
seu lado bárbaro, convenhamos, não é para qualquer manipulador. 
Nem nas mais ousadas fantasias de nossos patrões imaginou-se 
resultado tão brilhante na história da manipulação política. 
Entretanto, como sempre avaliamos também o lado negativo de todos os 
nossos procedimentos, tivemos de admitir o problema exposto mais acima 
(a contaminação de nossos alunos pelo ódio). 
 
De novo: não estamos afirmando que ele seja um de nossos alunos. 
Como sempre fazemos nesse caso (a identificação de um problema 
sério), abrimos logo uma sessão de brainstorming (técnica mais conhecida 
internamente como brain shitting – sem tradução, O.K.?), para buscar uma 
solução criativa. 
Da sessão veio a ideia de criarmos o primeiro Rehab Político, sugestão 
logo brindada com os adjetivos "genial", "revolucionária" e alguns palavrões 
elogiosos que evitaremos mencionar. 
Vamos então, primeiro, à parte teórica do novo Curso, na qual 
explicaremos em detalhes como produzimos o ódio político em nossos 
leitores e quais são os principais componentes dessa emoção. Esses 
componentes serão os alvos das técnicas de desintoxicação apresentadas 
logo a seguir na parte prática do Curso. 
Gostaríamos de agradecer a decisiva colaboração de nossa equipe de 
psicólogos, responsável por todas as técnicas da parte prática e por muitos 
esclarecimentos compartilhados na parte teórica. 
 
 
AVISO LEGAL 
Por questões jurídicas, nossa equipe de advogados recomendou 
(significando: exigiu) esse preâmbulo legal, visando alertar nossos leitores 
sobre a parte prática do Curso de Desintoxicação do Ódio Político. 
"As técnicas da parte prática deste Curso foram criadas por psicólogos 
capacitados e visam proporcionar bem-estar emocional a pessoas que se 
tornaram dependentes da vivência diária de raiva e ódio, por motivos 
políticos. Apesar disso, não podemos garantir que elas farão somente o 
bem, em todos os casos, dado que cada sistema psicológico difere bastante 
dos demais. Aplique as técnicas com critério, parando imediatamente caso 
sinta ou pressinta qualquer incômodo psicológico além do normal. Não 
podemos nos responsabilizar pelos possíveis efeitos, caso você continue a 
aplicar uma técnica nessa situação. Respeite o seu sistema e os seus limites 
psicológicos." 
Nós de novo. Segundo a nossa experiência pessoal e coletiva, essas 
técnicas são, sim, infalíveis. Qualquer pessoa normal que as aplicar com 
zelo conseguirá se livrar dos sentimentos sufocantes de indignação, raiva e 
ódio, que tanto mal fazem à saúde psíquica e orgânica. 
Agora, se você aplicar essas técnicas direitinho e, mesmo assim, 
continuar sentindo ódio ao menor estímulo proporcionado pela grande mídia 
ou pelas redes sociais, fazer o quê? Você é um daqueles raros "casos 
perdidos", e estará condenado a passar o resto da vida borbulhando em 
ódio, correndo o risco de sofrer doenças psicossomáticas como úlcera, 
gastrite, pressão alta e, quem sabe, um infarto (bem feito!), por não 
conseguir ter o mínimo de autocontrole emocional e de capacidade 
intelectual. 
Mas ao menos tente. Precisamos de cada um dos nossos aliados da 
grande mídia, em sua capacidade manipulativa máxima, nessa luta 
derradeira pela mudança do governo central. 
Importante 
Estamos liberando, de início, a parte explicativa do Curso, com suas 129 
páginas. A parte prática será liberada nas próximas semanas, ainda a 
tempo de permitir a aplicação antes do segundo turno das eleições (e antes 
das reações definitivas a estas). O hiato é importante para que a base seja 
bem assimilada por nossos alunos. 
Leia com calma, aos poucos, porque esse material, além de secreto, é 
extremamente elucidativo do tempo presente na grande mídia e na política 
nacional. 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIADO ÓDIO PARA O SUCESSO DA MANIPULAÇÃO 
POLÍTICA 
O "gerenciamento do ódio" 
Há um mundo de verdade na frase talvez falsamente atribuída ao 
presidente Jânio Quadros: "Política é gerenciamento do ódio". 
É uma verdade válida para quem está no poder, que deve evitar o ódio 
da população, e para quem está fora do poder, que deve estimular o ódio 
da população contra os ocupantes do poder. 
Este não é o momento de dar lições históricas, mas certamente você já 
aprendeu o quanto o ódio foi e é importante também nas lutas pela 
libertação dos povos e nas lutas pela opressão de outros povos. 
Se o colonizador não é odiado, o povo colonizado não se mobiliza para 
expulsá-lo do país. Por outro lado, pense no ódio alemão aos judeus na II 
Guerra, por exemplo, ou no ódio americano ao povo muçulmano, 
atualmente, e entenderá por que algumas nações se sentem justificadas em 
suas barbaridades. 
Agora, um ponto importante: você já pensou em quem gerencia o ódio, 
em todos esses casos? Os líderes da luta, sempre. Em nosso caso 
específico, o do Brasil no presente, esses líderes são os políticos 
profissionais e a grande mídia. Se esses líderes forem bem-sucedidos na 
tentativa de inculcar o ódio nos alvos da manipulação, estarão bem perto da 
realização de seu objetivo político. 
 
As razões óbvias para a estimulação do ódio 
Resumindo, política é luta pelo poder. Luta exige energia, determinação, 
esforço incessante. Sem emoção, nada disso se manifestará. E como a 
nossa luta visa desalojar do poder o grupo adversário, a agressividade, 
logicamente, tem que desempenhar o papel decisivo no resultado. Daí 
porque precisamos estimular, em nossos leitores, emoções agressivas 
contra o grupo atualmente situado no poder central. 
Essas emoções, instigadas repetidamente por meio das técnicas 
ensinadas no Curso Básico de Jornalismo Manipulativo, farão com que os 
leitores atuem como cidadãos representantes dos nossos interesses 
políticos em todo o período pré-eleitoral, e ainda levarão a que estejam do 
nosso lado no momento mais importante da luta: a hora do voto. 
Um simples sentimento de insatisfação não basta. Esvai-se e resulta em 
nada. Uma raiva ocasional, idem. Só haverá garantia da decisiva 
participação dos manipulados no processo político, tanto antes da votação 
quanto no momento do voto, se eles estiverem movidos pelo ódio, uma 
emoção que impregna a psique a ponto de não mais sair dela. 
É por isso que, numa das brincadeiras do Curso Avançado, fazemos 
nossos alunos repetirem, entusiasmados e em coro: "Mais um que odeia e 
se emput***, mais um eleitor-robô que obedece". 
A razão extra para o incentivo ao ódio 
Eleições são apenas um caminho para a conquista do poder central. 
Dependendo das circunstâncias históricas, o golpe aberto ou o "golpe 
branco" (dado pela Justiça) se tornam opções favoritadas, isto é, bem-
vindas, na luta política. 
Nenhum conjunto de eleitores está mais predisposto a aceitar essas 
opções radicais do que o grupo de cidadãos impregnados de ódio aos 
governantes. Mais que "predisposto", diríamos "sedento". 
 
Jânio de Freitas, sobre os leitores black blocs. 
Vindo o pretexto e o golpe, podemos contar com o apoio decisivo desse 
grupo de cidadãos manipulados. Nem precisamos acrescentar que o apoio 
da grande mídia estaria garantido a priori. 
 
 
COMO CULTIVAR O ÓDIO NOS CONSUMIDORES DE NOTÍCIAS 
Há toda uma arte na estimulação e na fixação do ódio seletivo, por meio 
da manipulação jornalística. Precisamos não só fazer nossos leitores 
sentirem-se mal, muito mal, em reação aos fatos relatados nas notícias, 
mas também precisamos garantir que reações afetivas como indignação, 
raiva e ódio se tornem permanentemente associadas à suposta fonte de seu 
infortúnio, a ponto de serem exercitadas espontaneamente – ou seja, 
mesmo quando eles não estão sob o efeito direto de nossas técnicas 
manipulativas. 
Para que você entenda o sentido real do que já vem fazendo ao aplicar as 
técnicas ensinadas no Curso Básico, trataremos agora, ponto a ponto, da 
estratégia de estimulação e impregnação do ódio nos alvos de sua 
manipulação jornalística. 
 
1. O POÇO HUMANO DE INSATISFAÇÕES 
Talvez esta seja a mais politicamente incorreta de todas as verdades 
sobre o ser humano: cada um de nós tem, dentro de si, um poço bem fundo 
de insatisfações pessoais. 
Essa verdade, embora negada pelo cidadão comum, foi reconhecida por 
intelectuais e estudiosos da psique humana. Não por outro motivo, Sigmund 
Freud, o criador da Psicanálise, escreveu a obra O Mal-Estar na Civilização. 
 
Observe ao seu redor a busca humana desesperada por esse estado 
abstrato e ilusório chamado "felicidade". Lembre-se das religiões oferecendo 
conforto e milagres para os sofredores, das drogas que fazem alguém 
entrar imediatamente em um estado paradisíaco, da comida que 
proporciona satisfação imediata para tantos gulosos, do sexo e seu alívio 
bem-vindo de tensões, entre outras situações semelhantes. 
Um observador atento do comportamento humano perceberá que, mais 
do que a busca por hipotéticos estados "positivos" ou agradáveis de ser, 
esses esforços revelam a intenção de fuga a um estado "negativo" ou 
desagradável, realmente vivenciado por essas pessoas. 
Esse estado psicológico, geral e difuso, é resultante do acúmulo de 
insatisfações na pessoa, ao longo de toda uma existência. Se quisermos 
resumir o estado de modo simples, a frase ideal seria: "Não estou nem um 
pouco satisfeito com a minha vida". 
É esse estado que motiva a busca incessante de prazeres, como se eles 
pudessem magicamente eliminar a insatisfação existencial. Quem disse que 
o ser humano é um ser racional? Parafraseando Descartes: "Sofro, logo 
insisto". Na direção errada. 
Não há manipulador social, consciente ou intuitivo, que desconheça essa 
triste verdade humana. 
Imagine um cidadão realmente feliz da vida: não haverá ninguém mais 
imune às inúmeras técnicas empregadas pelos enganadores de todas as 
áreas da manipulação social. Tente fazê-lo odiar um partido, tente vender-
lhe um produto "milagroso", tente fazê-lo entrar para uma seita, tente fazer 
com que siga uma "fórmula infalível" para o sucesso profissional. 
Ele responderá ao seu melhor esforço com um leve sorriso de 
compreensão e um juízo nada elogioso sobre suas intenções, sua 
inteligência ou seu caráter. 
O "gancho" de qualquer manipulador sempre será uma fraqueza do seu 
alvo, e a fraqueza mais óbvia é a insatisfação com a vida pessoal. 
É importante ver o consumidor de suas notícias como alguém que pensa 
estar encobrindo com perfeição esse segredo de polichinelo: ele sofre por 
ser uma pessoa frustrada. 
Na prática, essa fraqueza essencial se manifesta como uma predisposição 
para aceitar qualquer convite razoavelmente bem formulado no sentido de 
uma satisfação importante: "Quer (x)? Siga por aqui". Preencha o X do 
modo como quiser, desde que seja a satisfação de uma necessidade 
humana. Obviamente, só aceita um convite desses quem não se sente 
satisfeito. 
Se quiséssemos realmente ajudar outras pessoas, não ofereceríamos 
satisfações ilusórias. Ao contrário, ensinaríamos esse processo de 
exploração de insatisfações pessoais, tornando-as conscientes de como é 
fácil prometer aquilo que não será cumprido, e de como é rápido ceder à 
promessa de satisfação garantida. 
Nesse caso, perderíamos uma oportunidade garantida de manipulação – 
o que seria lamentável. 
Esta é a primeira lição, justamente por ser a mais importante de todas. 
Lição número 1 – A insatisfação existencial 
"A principal fonte de toda indignação, raiva ou ódio político que você 
possa gerar em seu alvo sempre será humana, e não política: o poço 
interno de insatisfações existente dentro de cada um de nós".2. A FRUSTRAÇÃO ADICIONAL 
Entendido esse primeiro ponto, surge a questão: Como acessar esse poço 
de insatisfações pessoais e usá-lo na manipulação política? 
Existe uma ponte mágica para o poço: uma nova frustração qualquer. 
Observe que o conteúdo mais profundo do "poço" é justamente este: 
frustrações pessoais. De onde vêm as insatisfações pessoais? Obviamente, 
da frustração de necessidades tidas como importantes. Por exemplo, uma 
pessoa está amorosamente insatisfeita por quê? Por que se sente frustrada 
em suas necessidades amorosas. 
As experiências de frustração sempre geram insatisfações, que 
permanecem ativas até a satisfação das respectivas necessidades. 
Para ter acesso pleno ao poço de insatisfações pessoais devemos acessar 
seus níveis mais profundos, ou seja, o nível das frustrações pessoais, a 
origem das insatisfações. 
Nesse caso, iguais se atraem: ao conseguir fazer o leitor vivenciar uma 
frustração qualquer, associada à política, você estará automaticamente 
estimulando todas aquelas frustrações pessoais dele, e consequentemente 
tornando-as uma fonte de sentimentos disponíveis à manipulação, a 
começar das insatisfações pessoais (derivadas dessas frustrações). 
Veja como é conveniente acessar esse "poço", no caso de direcionamento 
do cidadão contra determinada pessoa ou grupo. 
Muitos conhecem o axioma psicológico: "Frustração gera agressão". Se 
uma pessoa realmente vivencia a frustração de uma necessidade 
importante como resultado de sua manipulação, ela automaticamente se 
encontra predisposta a reagir a esse fato (real ou fictício) com pensamentos 
e ações agressivas. 
E se essa frustração for associada a um responsável (a pessoa ou grupo 
visado pela manipulação política), obviamente a predisposição à agressão 
terá como alvo o suposto responsável. 
Este esquema já deve ser de fácil compreensão para você: 
Necessidade => frustração => insatisfação => predisposição à agressão. 
E ele é de grande utilidade a um manipulador social. 
. Pode-se atuar sobre o ponto 1 (a necessidade), prometendo uma 
satisfação garantida. É o que fazem os criadores de produtos "milagrosos", 
em qualquer de suas áreas de atividade. Pense em "autoajuda". 
. Pode-se atuar sobre o ponto 2 (a frustração), ativando-a no sentido de 
produzir os dois efeitos seguintes, como o fazemos em nosso trabalho de 
manipulação. 
. Pode-se atuar sobre o ponto 3 (a insatisfação causada pela demora na 
satisfação ou por algum bloqueio persistente), explorando o sofrimento 
humano. Pense em "Fala, que eu te escuto". 
. Pode-se atuar sobre o ponto 4 (a predisposição à agressão), criando um 
contexto em que a livre manifestação de ímpetos destrutivos seria 
compreensível e até inevitável. Pense no incentivo aos linchamentos reais e 
virtuais. 
Em nosso Curso Avançado vamos além do famoso axioma psicológico, 
ensinando que: "Sem frustração não há agressividade, sem agressividade 
não há ódio, sem ódio não há fixação da natureza perversa do inimigo". 
Como você aprenderá mais à frente, é preciso odiar para demonizar. E tudo 
depende desse esquema. 
Lição número 2 – A vivência imposta de uma frustração 
"A primeira obrigação do manipulador político é lembrar ou criar uma 
frustração na consciência do manipulado, gerada por uma necessidade 
importante insatisfeita". 
 
3. A AMEAÇA AO BEM-ESTAR PESSOAL 
Imagine qualquer situação em que alguém parta para um ataque verbal 
ou físico contra outra pessoa. 
Agora verifique a validade desta afirmação: a pessoa agredida sempre 
estará associada, na mente do agressor, a uma frustração intensamente 
vivenciada por ele. 
Não importa a origem dessa frustração que levou à agressão do suposto 
responsável. Pode ter sido um xingamento, uma agressão física, um roubo, 
um bloqueio a uma ação importante, um prejuízo financeiro – alguma 
necessidade pessoal foi gravemente afetada e, por conseguinte, alguma 
violação ou ameaça de violação ao bem-estar pessoal estava em jogo. 
A pessoa só foi atacada, nesse caso, por ser vista como a responsável 
pela origem da frustração: ela causou a ofensa moral, a agressão física, a 
perda, o bloqueio, ela gerou o prejuízo financeiro etc. Ela frustrou alguma 
necessidade básica, afetando fortemente o bem-estar da pessoa atingida 
pelo ato. 
Vale lembrar que todos temos a expectativa de manutenção do bem-
estar pessoal, ou seja, da satisfação das necessidades básicas. Quando essa 
expectativa subitamente é violada, vivencia-se uma frustração. 
Além disso, quando alguém se sente prejudicado como na situação 
descrita acima, é natural que atribua a quem o prejudicou um caráter 
perverso. Atos definem pessoas. Se agiu desse modo, é desse modo. 
Vamos a outro esquema simples e muito importante: 
Caráter perverso, intenção ou ato maldoso, ou ato desastroso => 
Ameaça ou violação ao bem-estar pessoal => Necessidade afetada => 
Sentimento de frustração. 
Toda manipulação política bem-sucedida capricha nestes pontos: 
 (1) Atribui a uma pessoa ou a um grupo político um caráter perverso, 
uma intenção ou ato maldoso, ou um ato desastroso; 
... e afirma, para o leitor, que... 
 (2) Essa pessoa ou grupo é responsável por alguma ameaça ou violação 
importante ao seu bem-estar pessoal: ou seja,... 
 (3) Ela frustrou, frustra ou frustrará uma necessidade importante do 
leitor. 
Uma palavra sobre "ato desastroso". Em política, é comum a técnica de 
atribuir incompetência ao adversário. Afinal, ele ocupa um posto (ou 
pretende ocupá-lo), no qual terá de exibir competência. Atribuir ao 
adversário qualquer ato desastroso que gere consequências sérias na vida 
dos cidadãos funciona politicamente somente por causa desse efeito. 
O item 3, acima, é um componente fundamental da fórmula usada para 
implantar uma frustração na consciência do manipulado e para, por meio 
dela, acessar seu poço pessoal de insatisfações. 
Desenhando em palavras a vivência do manipulado: 
"Essa pessoa ou esse grupo me fez, está fazendo ou fará mal". 
O manipulador que pretenda direcionar os sentimentos agressivos de 
alguém contra outra pessoa ou grupo precisa criar essa impressão de 
verdade (externa), ou essa experiência de crença (interna), no manipulado. 
Precisa fazê-lo crer que uma violação ao seu bem-estar aconteceu, está 
acontecendo ou acontecerá à sua pessoa. 
Você aprenderá mais à frente que este é também o conteúdo primário do 
"transe manipulativo" e a principal fonte do estresse contínuo que a 
manipulação eficiente consegue produzir nas pessoas manipuladas. 
Pense bem: como alguém conseguirá mobilizar outra pessoa para que 
responsabilize e ataque um alvo, sem que esse alguém se sinta frustrado 
em alto grau por esse mesmo alvo? 
Lição número 3 – A violação ao bem-estar pessoal 
"Uma vivência de frustração que possa gerar agressão depende de dois 
fatores associados: (1) um caráter perverso, uma intenção ou ato maldoso, 
ou um ato desastroso de responsabilidade de outra pessoa, o qual (2) 
represente uma ameaça ou violação importante ao bem-estar pessoal da 
pessoa prejudicada". 
 
4. O RESPONSÁVEL PELA FRUSTRAÇÃO 
Este ponto é fácil de deduzir: o responsável por essa ameaça ou violação, 
e, portanto, pela frustração do leitor, sempre será a pessoa ou grupo que 
desejamos minar ou eliminar, politicamente. 
Em nosso Curso Avançado, ensinamos a jamais criar uma manchete, um 
artigo ou mesmo uma notinha manipulativa sem que se tenha respondido a 
estas quatro perguntas (relativas aos quatro componentes iniciais do transe 
manipulativo): 
1. Você atribuiu um caráter perverso, uma intenção ou um ato maldoso, 
ou um ato desastroso, ao inimigo? 
2. Você fez o leitor vivenciar uma grande ameaça ou violação ao próprio 
bem-estar, como efeito do ponto 1? 
3. Que necessidadeimportante do leitor está sendo frustrada por esse 
inimigo dele? 
4. Quão intenso, nesse leitor, será o sentimento de frustração? 
O dedo do manipulador aponta para um adversário político e passa a 
mensagem: "Você é mau por natureza, ou é o responsável por uma 
intenção ou ato maldoso, ou por um ato desastroso que afetou, afeta ou 
afetará imensamente o bem-estar do leitor". 
Nos três casos possíveis, o leitor precisa vivenciar a frustração de uma 
necessidade pessoal importante, para então aceitar a existência de um 
grande prejuízo para si mesmo e a responsabilização de quem 
supostamente lhe causou esse prejuízo. 
Lição número 4 – A responsabilização do adversário político 
"Toda iniciativa de manipulação jornalística de sua parte deve atribuir ao 
nosso adversário político, ao máximo grau possível, um caráter perverso, 
uma intenção ou um ato maldoso, ou um ato desastroso, que ameace ou 
viole o bem-estar dos leitores". 
 
5. O APROVEITAMENTO DO POTENCIAL DE REAÇÃO AGRESSIVA 
Se conseguimos realizar com perfeição as atividades já mencionadas, o 
manipulado terá passado por todos os pontos abordados acima. São eles: 
Conteúdo específico da manipulação 
Pessoa ou grupo político visado + Caráter perverso, intenção ou ato 
maldoso, ou ato desastroso 
↓ 
Efeito da manipulação no manipulado 
Ameaça ou violação importante ao bem-estar pessoal + Necessidade 
afetada + Intenso sentimento de frustração 
 ↓ 
Estimulação do poço pessoal de insatisfações 
↓ 
Vivência muito desagradável de perigo, frustração e insatisfação 
↓ 
Predisposição à agressão 
Explicando bem: 
Conteúdo específico da manipulação 
Apresentamos ao leitor algum conteúdo em que se atribui a pessoa ou 
grupo político um caráter perverso, uma intenção ou um ato maldoso, ou 
um ato desastroso. 
Efeito da manipulação no manipulado 
Esse ato representa uma grave ameaça ou uma grave violação ao bem-
estar do leitor, por afetar importante necessidade pessoal. Em 
consequência, geramos no leitor um intenso sentimento de frustração. 
Esse sentimento reativa naturalmente seu "poço pessoal de 
insatisfações", levando a uma vivência quase insuportável caracterizada por 
um misto de sensação de perigo (derivada da ameaça ou violação), certeza 
de frustração de uma necessidade importante e experiência de insatisfação. 
A função do poço pessoal de insatisfações torna-se bem clara: ele 
potencializa a intensidade da frustração presente, como resultado da 
ativação das frustrações e insatisfações passadas do leitor. Nós obrigamos o 
leitor a vivenciar novamente o estado de insatisfação existencial, para que 
possamos explorar o sofrimento no sentido dos nossos interesses. 
Predisposição à agressão 
Para se livrar do incômodo quase insuportável na consciência, atribuído à 
pessoa ou grupo político visado pelo manipulador, o manipulado se sentirá 
disposto a atacar imediatamente o responsável pela ameaça ou violação ao 
seu bem-estar e por esses sentimentos intensamente desagradáveis. 
Validação e incentivo à agressão 
Entra em cena, novamente, o manipulador, proporcionando a "válvula de 
escape" ou o canal de expressão por onde o manipulado expressará sua 
insatisfação, indignação, agressividade ou, até mesmo, o seu ódio. 
A primeira providência será validar psicologicamente a predisposição e, 
como efeito dela, a expressão dos sentimentos agressivos. 
Muitos devem se lembrar do mais famoso VTNC da política nacional, e de 
como imediatamente a grande mídia correu para validar, no dia seguinte, 
em suas manchetes, a manifestação "popular", justificando ou mesmo 
louvando a histórica exibição internacional de ausência de parâmetros 
civilizatórios (custamos para encontrar esse eufemismo). 
A mensagem transmitida por qualquer validação de ato agressivo dos 
manipulados é sempre a mesma: "É isto que nós queremos de vocês. 
Continuem". 
A segunda providência será ensinar ao manipulado como ele deve 
expressar essa agressividade, para que possamos obter o máximo efeito 
possível na intenção de fustigar ou minar nosso adversário político. 
Essa função é cumprida diariamente pelos instigadores da Sombra (isto 
é, do lado sombrio dos leitores), os famosos colunistas pitbulls, com seu 
proverbial descaso pelo respeito ao adversário, suas palavras de ordem, 
frases acusatórias, substantivos desqualificadores e xingamentos 
repetitivos, reproduzidos acriticamente pelos leitores fiéis. 
Foi uma decisão sábia da grande mídia promover, para o exercício dessa 
função, um "mix" de jornalistas, artistas, escritores, poetas, músicos etc., 
passando a falsa impressão de que toda a sociedade está ali representada, 
e de que ela, por inteiro, abona esse tipo de comportamento antissocial. 
Sabemos que você, imediatamente, será capaz de lembrar vários nomes 
que se encaixam na descrição acima. 
Lição número 5 – A validação e a moldagem da agressão 
"Criada a predisposição à agressão, ela receberá livre trânsito, sendo 
aproveitada pelo manipulador por meio: 
1. Da validação dessa experiência, com argumentos, justificativas etc.; 
2. Do oferecimento de exemplos práticos sobre como expressar a raiva 
ou o ódio contra o alvo escolhido por nós". 
 
6. A CRIAÇÃO DO HÁBITO 
A exposição diária ao jornalismo habilmente manipulativo gera vários 
efeitos nos manipulados. Mais à frente analisaremos os diversos efeitos 
danosos. Agora importam apenas os efeitos favoráveis à nossa atividade. 
1. A demonização do alvo. 
A demonização de um ser humano depende de uma negação e de uma 
afirmação. A negação cria a lacuna que será preenchida pela afirmação. 
A negação corresponde à desumanização. Desumanizar uma pessoa 
significa negar-lhe certas qualidades e atributos básicos a um ser humano 
normal – notadamente, as qualidades e atributos positivos. Essa negação 
cria uma lacuna: a pessoa desumanizada não é o que as outras pessoas 
normais são. E o que iremos colocar no lugar dessa lacuna? 
A afirmação corresponde à demonização propriamente dita. Demonizar 
uma pessoa significar atribuir-lhe certas qualidades e atributos próprios de 
alguém "dominado pelo demônio", ou seja, pelo Mal. É importante que essa 
atribuição gere, na mente do leitor, a impressão de se tratar de um ser 
humano "estragado", "perdido", totalmente comprometido com o lado 
sombrio da vida. 
a) A desumanização do inimigo. 
Todo inimigo é desumanizado. Portanto, para criar um inimigo, primeiro 
desumanize uma pessoa. 
O título e o subtítulo mostrados na imagem da capa seguinte dizem tudo: 
"Desumanização – Como se Legitima a Violência". 
 
Outro título e subtítulo do livro que mostram bem a importância da 
negação da humanidade alheia, para que se permita a expressão dos mais 
selvagens instintos humanos. "Menos do que Humano – Como Nós 
Rebaixamos, Escravizamos e Exterminamos Outras Pessoas". 
 
Em nenhum momento devemos atribuir a nossos adversários políticos 
qualquer qualidade humana positiva. Eles devem ser um vazio daquilo que 
apreciamos em outros. 
Lembre-se de todas as manchetes e matérias relativas ao ex-presidente 
Lula. Tente se lembrar de uma única qualidade admirável reconhecida pela 
grande mídia nesse político, nos últimos anos. 
Nas raras vezes em que uma qualidade humana positiva precisa ser 
associada ao inimigo, sempre haverá a "explicação" necessária, o "mas" 
depois do "sim", expondo o interesse obscuro, a agenda oculta, a prática 
demagógica, a exploração da credulidade alheia etc., que estaria por trás 
daquela suposta qualidade apreciável. 
Tente pensar em qualquer alvo demonizado pela grande mídia e veja se 
consegue imaginar essa pessoa agindo como uma pessoa normal: alguém 
que, como você, acorda para um novo dia, tem seus problemas pessoais, 
possui qualidades admiráveis,sacrifica-se eventualmente por familiares, 
busca fazer o melhor, é atormentado aqui e ali pela consciência moral, tem 
hábitos que não consegue controlar... 
Acho que você não conseguiu. Esse é um indício claro de sucesso da 
manipulação: essa pessoa foi desumanizada, sistematicamente, a ponto de 
não mais pensarmos nela como um ser humano normal. 
 
"Um experimento para os bobalhões da internet: imaginem só por um 
minuto que as celebridades que vocês fazem de tudo para insultar sejam 
seres humanos reais". 
b) A representação demonizada do inimigo. 
Pare e pense: como os linchadores da vida real pensam no alvo de seu 
ódio? 
Agora imagine esse mesmo alvo de violência, mas pense nele como um 
ser humano normal – embora possa ter cometido algum ato reprovável. 
Você conseguiria vê-lo como alguém merecedor de espancamento coletivo 
seguido de morte? 
Um alvo de linchamento virtual ou real não pode ser representando 
mentalmente, ou seja, imaginado, concebido em pensamento, como um ser 
humano normal. Porque, se o for, a mente humana não deixará que você 
tenha, em relação a ele, sentimentos e comportamentos típicos de 
linchador. 
Sabe por quê? Porque é exatamente esse o modo como você se 
representa, ou como você pensa em si mesmo: ou seja, como um ser 
humano normal, digno, que às vezes comete algum erro grave – mas que é 
essencialmente bom. 
Se sua mente permitisse que você atacasse cruelmente alguém nessas 
mesmas condições, ela estaria abrindo a brecha para que todo o seu 
potencial de agressividade se voltasse contra você mesmo. Pau que dá em 
Chico, dá em Francisco. Mas pau que dá em Osvaldo, não dá em Francisco 
ou Chico. Não é fácil entender? 
Para liberar em si mesmo sentimentos e comportamentos bárbaros em 
relação a uma pessoa, você tem que pensar nela de um modo bem 
diferente daquele em que pensa em si mesmo. E esse modo de pensar 
precisa ser a porta de entrada para aqueles sentimentos e comportamentos 
selvagens. A porta de entrada, no caso, é a demonização do outro. 
A representação da pessoa demonizada precisa ser bem diferente, em 
natureza, da sua representação de você mesmo. Em essência, esse modo 
de pensar sobre o outro precisa atribuir-lhe uma natureza desumana e um 
caráter mau e irreversível. Já em nosso caso, pensamos em nós mesmos 
como humanizados, bons e dotados da capacidade de correção, em caso de 
erro. 
No Curso Avançado ensinamos a fórmula "Reagimos ao que pensamos 
ser verdade". Para fazermos nossos leitores reagirem a nossos adversários 
políticos com ódio, precisamos caprichar no quesito "representação dos 
inimigos". Nossos leitores precisam pensar neles como pessoas más a ponto 
da desumanidade – e, além disso, como pessoas incorrigíveis. Demônios 
humanos, na verdade. 
Quando conseguimos implantar essa distinção na mente dos 
manipulados, ou seja, a separação estanque entre o modo como eles, 
nossos "indignados úteis", se veem, e como veem seus alvos políticos, 
estamos também tomando uma medida imprescindível para garantir a 
sanidade mental dos nossos apoiadores. Essa proteção psicológica irá 
permitir que eles continuem sendo instrumentos valiosos aos nossos 
propósitos. Afinal, não queremos formar uma geração de indignados úteis 
pirados (embora alguns professores suspeitem ser exatamente isso o que 
esteja acontecendo). 
E como produzimos o efeito de demonização? Desumanizando o inimigo 
repetidamente, ao longo do tempo, num bom número de situações, quase 
sempre muitos importantes. Atribuindo-lhe sempre intenções malévolas, a 
autoria de atos perversos ou criminosos, e reafirmando a sua incompetência 
incorrigível. 
Quando um alvo político é repetidamente, durante meses ou anos, 
acusado de ter caráter perverso, de ser responsável por intenções ou atos 
maldosos, de perpetrar atos maldosos e de tomar medidas desastrosas ao 
bem-estar de uma população, esse alvo político tende a ser visto como o 
suprassumo da maldade e da incompetência. Em termos simples, ele se 
torna demonizado. 
 
Carlos Brickmann, sobre as campanhas de desmoralização de inimigos da 
imprensa. 
Este é o critério definitivo de uma boa campanha: o alvo, mesmo 
inocentado de tudo, continua sendo visto como a essência do Mal pela 
opinião pública. 
Todas as características positivas da pessoa restam eliminadas. Sobra 
apenas o lado do Mal. Ela é, em essência e plenamente, somente aquilo 
mostrado sobre ela, aquele símbolo de tudo-que-há-de-pior-no-mundo. Em 
nosso Curso Avançado chamamos esse procedimento de A Técnica do Vilão 
Perfeito, modelada a partir de filmes norte-americanos. Você sabe: se no 
final da história o vilão cai num tanque de ácido sulfúrico, a plateia vibra de 
alivio, prazer e sadismo justificado. 
O povo criou o ditado "Cão danado, todos a ele", que reflete muito bem 
esse estágio da manipulação política: a partir da demonização de uma 
pessoa ou grupo, torna-se habitual e instantâneo responsabilizá-lo por tudo 
e nada, a partir de qualquer boato, rumor, suposição, acusação caluniosa, 
manchete manipulativa ou notinha safada. 
Nos últimos anos, temos acompanhando a extraordinária disseminação 
do meme "É culpa do PT", partido que já foi responsabilizado por todos os 
males imagináveis, desde a falência de uma universidade estadual de São 
Paulo até a queda misteriosa de um avião no Sudeste Asiático. 
Em nosso Curso Avançado ensinamos uma musiquinha composta por um 
de nossos professores, a qual ilustra bem a gama infinita de possibilidades 
de responsabilização já utilizadas pela grande mídia e por nossos 
apoiadores nas redes sociais. Ela é composta apenas de dísticos (estrofes 
de dois versos), nos quais o primeiro verso é um problema social, uma 
tragédia, um inconveniente qualquer na vida pessoal etc., e o segundo 
verso diz: "É culpa do PT". Após cada dístico, aparece no telão a prova da 
"culpa". As risadas são inevitáveis. 
Só duas estrofes, oferecidas como uma palinha (já estamos no limite da 
irresponsabilidade em termos de revelação do conteúdo do Curso 
Avançado): 
É CULPA DO PT! 
"Se meu time é uma m****, 
É culpa do PT! " 
 
"Se caiu o viaduto, 
É culpa do PT!" 
 
O refrão, cantado após quatro dísticos padrões, também é um dístico: 
"Só petralha é que não vê: 
É culpa do PT!". 
Temos certeza de que você poderá criar mais de uma dúzia de dísticos 
padrões apenas recorrendo a lembranças de responsabilizações recentes na 
grande mídia. 
 
Copiado da Web. 
Demonizado um alvo, resta apenas contar o número de acusações e 
atribuições maldosas que ele ou seus defensores receberão, com ou sem 
motivo. 
 
Qualificações pejorativas destinadas ao psicanalista Christian Dunker em 
caixa de comentários, por ter ousado criticar o blogueiro direitista Rodrigo 
Constantino, da revista "Veja". 
http://blogdaboitempo.com.br/2014/07/07/ilustrando-a-barbarie-
treplica-a-rodrigo-constantino/ 
A prática de responsabilização do inimigo pode chegar a um ponto 
obsessivo. Delírios acontecem: 
 
 
 
 
 
Comentário sobre a decisão de um desembargador da Justiça do Rio. 
 
Reação de muitos tuiteiros ante a notícia da trágica morte do candidato 
Eduardo Campos, quando todas as análises dos especialistas davam a 
presidenta como a principal "perdedora" política com o acidente. 
Esse comportamento dos manipulados exemplifica a perfeita assimilação 
do conteúdo político que lhes foi imposto e constitui admirável feito da parte 
dos manipuladores. Obviamente, o exagero sempre é perceptível, e logo se 
torna alvo fácil para a ironia alheia. 
 
Copiado da Web. 
No plano internacional, exemplos clássicos de demonização do inimigo 
são o modo como o norte-americano médio pensa sobre os muçulmanos 
(leia-se "terroristas islâmicosem potencial"), o modo como os israelenses 
pensam sobre os palestinos e a campanha da mídia dita "ocidental" na crise 
da Ucrânia, em que o presidente russo Vladimir Putin foi retratado como o 
demônio em pessoa e acusado, sem provas, da derrubada de um avião civil. 
Como se percebe, a demonização do Outro é a porta aberta para todo o 
lixo interior do lado sombrio de quem demoniza o adversário. Não há mais 
limites para o desejo e a ação (sempre violenta) de quem se sente 
justificado a atacar um alvo demonizado. 
Essa constatação é muito importante: você não conseguirá que alguém 
despeje a própria maldade interna sobre outra pessoa a menos que aquela 
pessoa seja, para esse alguém, o equivalente ao Mal: um ser humano 
perdido e irrecuperável, o suprassumo da ruindade (corrupto, pervertido, 
seja lá o que for) ― o próprio demônio na Terra. 
A demonização é o meio; o fim é o seu efeito no manipulado: a liberação 
plena da agressividade. É a demonização de um ser humano que leva, na 
internet, ao linchamento virtual, e que leva, na vida real, ao linchamento 
"ao vivo". 
Em resumo, a demonização é o ponto final do processo de representação 
degradante do adversário. Como tal, nós a consideramos um objetivo 
altamente louvável da manipulação política. 
 
 
Trecho de post do comentarista Esfinge, no Jornal GGN. 
http://jornalggn.com.br/noticia/o-eleitor-difuso-esta-e-a-discussao-
relevante-a-equacionar-por-esfinge 
2. A rapidez da resposta dos manipulados. 
Quando o leitor é exposto inúmeras vezes à sequência de passos 
manipulativos ensinada mais acima (da leitura da notícia à liberação da 
agressividade), um efeito muito útil se manifesta: torna-se cada vez mais 
fácil estimular o poço de frustrações pessoais desse leitor. O processo se 
torna cada vez mais rápido, desde a reestimulação até o ataque. Ao 
começar a ler a manchete, o post, o comentário, a notinha, o leitor já se 
sente predisposto a responsabilizar o alvo escolhido por nós e a liberar a 
agressividade contra ele. 
3. O hábito que se torna vício. 
Criado o hábito, deseja-se, naturalmente, mais do mesmo. Em muitos 
manipulados, o hábito se torna vício: cria-se a dependência de uma dose 
diária de liberação da agressividade contra os alvos que escolhemos. 
 
Na luta política, nem mais um velório é respeitado. 
Alguns colunistas, mesmo sendo nossos simpatizantes, já sentiram na 
pele esse efeito, ao ocasionalmente elogiarem algum integrante do governo. 
As acusações de mudança de lado são seguidas de uma chuva de 
impropérios que chega a assustá-los a ponto de gerar textos históricos. 
 
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/2014/05/1458088-
com-odio-e-com-medo.shtml 
A mensagem dos manipulados é clara: "Eu vim aqui para agredir, e você 
quer que eu elogie? Então você será o agredido. Toma!". 
É como se dissessem: "Desde quando um alvo demonizado possui 
alguma qualidade humana?" 
A lição aprendida por esses jornalistas? Nenhuma oportunidade de 
responsabilização e agressão deve ser perdida pelo manipulador. 
Alguns dos nossos alunos tiveram de aprender essa lição básica no susto. 
4. A autonomia obediente dos manipulados. 
O ápice da manipulação bem-sucedida é a condição curiosamente 
denominada, por um de nossos psicólogos, como "autonomia obediente". O 
manipulado não mais depende de nossas iniciativas para propagar a nossa 
luta. Ao contrário, ele toma iniciativas no trabalho, na família, nas redes 
sociais e nas ruas no sentido de defender nossos interesses, defendendo 
quem defendemos e atacando nossos adversários e, especialmente, quem 
os defende. 
À primeira vista parece um ser autônomo, mas se observarmos suas 
falas, seus textos e seus cartazes, perceberemos que nada ali escapa 
daquilo que assimilou de nós: os mesmos argumentos, as mesmas palavras 
de ordens, os mesmos substantivos depreciativos, os mesmos xingamentos 
e, principalmente, os mesmos alvos. 
Roboticamente, o "autônomo obediente" interpreta tudo o que acontece 
no mundo segundo o enquadramento que nós estabelecemos nas centenas 
de matérias lidas por eles. 
E, por serem obedientes na orientação básica, também são bons para 
obedecer ordens. Um exemplo: 
 
Atualizando: foram 6 posts que incitavam os seguidores a atacar o 
jornalista. 
Lição número 6 – A criação dos hábitos de responsabilização e de 
agressão 
"A repetição do procedimento de responsabilização e de incentivo à 
agressão deve levar, idealmente, à demonização do adversário e à 
formação de 'autônomos obedientes', no sentido dos nossos propósitos 
políticos". 
 
7. A EXPLORAÇÃO DO HÁBITO 
A Lei do Aproveitamento, ensinada em nosso Curso Avançado, é de 
simples compreensão: "A predisposição ama a oportunidade". 
Ao criarmos, no leitor, o hábito da responsabilização seguinda de 
agressão, estamos produzindo uma predisposição mais elaborada (e mais 
útil aos nossos propósitos) do que a predisposição inicial à agressão 
derivada de suas insatisfações na vida: agora, o leitor se encontra 
predisposto a agredir os alvos que nós escolhemos. 
Essa nova predisposição estará, portanto, acessível ao aproveitamento 
pelo manipulador experiente. Aproveita-se a predisposição focada seguindo-
se lei exposta acima, ou seja, oferecendo-se muitas oportunidades ao leitor. 
É amplo o repertório disponível à grande mídia, e realmente usado nesse 
oferecimento. Basta consultar o nosso Curso Básico de Jornalismo 
Manipulativo. Mas queremos destacar alguns recursos que servem para 
aproveitamento imediato, por serem sintéticos e adequados aos tempos 
modernos: 
. Manchetes acusatórias (sobre fatos reais ou forjados). 
 
Não se preocupe: ninguém lerá a matéria, e muito menos o desmentido 
baseado em informações fatuais. 
. Manchetes editorializadas. 
 
Na manchete editorializada oferecemos o leitor não só o "fato", mas 
também os "argumentos" que ele deverá usar para divulgar o erro do 
adversário. 
. Titulos de colunas. 
 
As colunas não têm o ranço do "dono do veículo", portanto servem de 
canal de convencimento mais palatável ao grande público. 
. Notinhas de colunistas. 
 
A nova geração gosta de ler um pouco de cada vez. Isso faz com que as 
colunas, com suas notinhas, sejam um recurso ótimo para divulgação e 
disseminação de notícias contra nossos adversários. 
. Imagens editorializadas. 
 
A foto escolhida para ilustrar a previsão de derrota deve combinar com a 
mensagem do título, visando gerar nos leitores a reação óbvia de "Se 
f****!". 
Melhor ainda se a imagem nem precisar de contexto explicativo. Que tal 
esta? 
 
Foto de Daniel Ferreira na capa do "Correio Braziliense" (8/9/2014). 
. Frases retiradas do contexto. 
 
 
Aliás, esta é a única situação em que permitimos a presença da palavra 
"Lula" em título de matéria jornalística. 
. Tuítes. 
 
Repare na importância de fornecer ao leitor comum um lembrete 
constituído de expressão curta que será usado na divulgação da notícia: 
"falha de Dilma", "discurso do medo", "censura democrática", "volta, Lula", 
"derrota de Dilma", "parar de reclamar", "briga de classes", "uso político". 
Essas categorias de estímulos simples e rápidos geram imediata reação 
por parte dos leitores já treinados a responderem à manipulação do modo 
como nós desejamos. Em notícias más ou boas para nossos adversários, 
nossos "autônomos obedientes" sempre estarão presentes. 
 
Na verdade, em qualquer notícia: 
 
 
 
Internauta culpando o PT pela "presença" do vírus Ebola no Brasil. 
Ou em qualquer oportunidade: 
 
Comentário sobre um vídeo do YouTube. 
 
 
Comentários em matéria sobre o programa "VídeoShow". 
 
Comentário sobre o artigo "Querida, destruí o Universo", a respeitode 
declarações do físico inglês Stephen Hawking. 
 
Comentário sobre um vídeo do funk. 
 
Eles não perdoam nem anúncios de CDs. 
 
E veem petistas maldosos tem todos os lugares. 
Bem, nem só a turma da internet possui esse foco obsessivo e 
disseminado (e esse é o problema). Duas, digamos, jornalistas: 
 
 
Leia Ucrânia em Hungria. E ela tem, sim. O cacife não é propriamente 
político, mas bélico. Seu Vlademir, Vlademir... 
O reforço contínuo da fórmula da manipulação, em textos da grande 
mídia, aprofunda a demonização do alvo, aumenta a rapidez da resposta 
(ou seja, diminui o tempo entre a leitura e a liberação da agressão), 
transforma o hábito num vício e, por fim, tende a criar uma legião de 
"autônomos obedientes" aos nossos interesses políticos. 
Resumindo, poderíamos dizer que as três funções básicas do manipulador 
político são: 
1. Criar a predisposição focada em quem ainda não a possui; 
2. Fornecer oportunidades frequentes de expressão dessa predisposição, 
a quem já a possui; 
3. Intensificar a predisposição focada, a ponto de tornar a 
responsabilização seguida de agressão um hábito (ou, melhor ainda, um 
vício) da pessoa manipulada. 
Lição número 7 – O estágio do vício 
"Manipulados são como cãezinhos: é importante reforçar, a cada 
oportunidade, a lição ensinada aos leitores já amestrados, até que o hábito 
se torne um vício". 
 
8. A EVOLUÇÃO PARA O ÓDIO 
Nem seria preciso mencionar que a continuidade desse processo, do lado 
do leitor, tem início na insatisfação, passa pela indignação, leva à raiva e 
chega, por fim, ao ódio. 
O ódio é a resposta psicológica à demonização do oponente político. 
Quando esses dois fatores entram em campo (a demonização do oponente 
e o ódio sentido por ele), está garantida a liberação plena da agressividade 
pessoal. Se alguém sente ódio por alguma pessoa ou grupo visto como o 
suprassumo da maldade ou da incompetência, tudo é justificável a seus 
olhos. O "ataque ao cão danado" é uma situação fora dos limites da 
civilização. 
 
 
O ódio não exige lógica de si mesmo. 
 
As frases sábias do Twitter que só valem para os leitores. 
Em geral, a agressão plenamente liberada se expressa de dois modos: a 
catarse odienta e a catarse depreciativa. 
A catarse odienta é própria de quem não admite, ou de quem há muito 
abandonou, qualquer freio moral na luta por seus objetivos. Consiste na 
simples liberação não filtrada de todo o lixo interior, e se manifesta por 
meio das piores acusações, desqualificações, xingamentos e palavrões, não 
raro chegando-se a desejar publicamente a morte do inimigo. 
Todos conhecemos vários internautas que usam como único 
"argumento", em sua luta política a nosso favor, manifestações de catarse 
odienta. 
A catarse depreciativa expressa basicamente o mesmo conteúdo, mas de 
forma supostamente mais civilizada. O ódio é travestido de deboche ou 
ironia. Um ou outro argumento aparece no meio de acusações e 
xingamentos, de modo a garantir um verniz civilizatório aos textos e a 
manifestar uma presença ainda que tímida da consciência moral do 
indivíduo. 
 
Marcelo Tas, deturpando a afirmação de Lula sobre o fim do DEM para 
usá-la como base de crítica irônica. 
As duas formas de ação servem a nossos propósitos. Não convém 
ficarmos associados apenas aos pitbulls da política porque isso traria muitas 
críticas aos defensores de nossos interesses, por parte das pessoas 
decentes (sim, elas existem). 
Lição número 8 – A convivência justificada com o ódio 
"O objetivo final da manipulação política é transformar leitores em 
eleitores dos nossos candidatos, mas o objetivo imediato é formar uma 
legião de 'autônomos obedientes' que se sintam justificados na vivência e 
na expressão do ódio direcionado aos nossos adversários". 
 
9. A CATARSE PÚBLICA 
O momento mais festejado entre os manipuladores políticos é a situação 
de catarse pública. 
Um resultado positivo de nossos esforços, resultado de certo modo 
trivial, é conseguirmos que determinado grupo de leitores se tornem 
"autônomos obedientes" e passem a defender ferozmente os nossos 
apadrinhados políticos e a atacar barbaramente os nossos adversários 
políticos. 
Outro resultado positivo, bem mais valioso, é conseguirmos que centenas 
ou milhares de pessoas expressem simultaneamente o seu ódio, com todas 
as consequências negativas que essa liberação inconsequente da 
agressividade possa lhes trazer. 
Aqui é preciso distinguir entre manifestações de protesto, que são cíclicas 
na maioria das sociedades, e catarses movidas pelo ódio. As manifestações 
de 2013, no Brasil, foram claramente um momento de desafogo social. 
Basta lembrar as convocações virtuais de então, que conclamavam "todos 
os brasileiros" a saírem às ruas para "protestar contra tudo". Já as catarses 
movidas pelo ódio são direcionadas e têm relação direta com a manipulação 
política antecedente. 
Quem não se lembra da noite da eleição da atual presidente Dilma 
Rousseff, em 2010? Baseando-se em nossos argumentos manipulativos (em 
especial, o argumento de que os "nordestinos vagabundos" seriam 
responsáveis pela vitória da candidata do PT), as redes sociais xingaram em 
peso os habitantes da Região Nordeste – para depois descobrirem que, 
mesmo se o Norte e o Nordeste fossem eliminados do mapa da votação, 
Dilma teria vencido o pleito. 
Vários internautas foram processados por essas manifestações de ódio, e 
alguns deles ficaram com seus nomes tristemente marcados para sempre 
na memória do grande público. 
E no dia da posse da atual presidente? Nova catarse pública, agora 
desejando o assassinato da suprema mandatária da Nação. Novamente, 
escândalo nacional e internacional, e nova entrada em cena do Ministério 
Público que deixou alguns "autônomos obedientes" com a ficha suja. 
A mais recente catarse, bem fácil de lembrar, foi a manifestação da 
torcida no jogo inicial da Copa do Mundo, no Maracanã, que levou para a 
cesta de lixo da civilização um bom número de colunistas sociais, 
apresentadores de programas, subcelebridades globais, socialites, 
professores, entre outros, que compartilharam orgulhosamente os vídeos da 
catarse. 
 
Mais à frente neste Curso, trataremos em detalhes dos danos infligidos 
aos "autônomos obedientes". 
Lição número 9 – A cereja do bolo da manipulação: a catarse 
pública 
"O ápice da excelência manipulativa na política é a catarse pública. Não 
podemos fazer nada para produzi-la, com segurança, mas seu trabalho 
deve ter como um dos objetivos contribuir para que um dia ela ocorra, no 
sentido dos nossos interesses". 
 
 
 
 
FATORES FAVORÁVEIS AO SUCESSO DA MANIPULAÇÃO 
Os fatores seguintes, quando presentes, ajudam os jornalistas a obter 
pleno sucesso em sua atividade manipulativa. 
Domínio dos principais veículos da mídia 
Como se sabe, no Brasil os grandes veículos da mídia são dominados por 
poucas famílias, unificadas pelo propósito de substituir os atuais donos do 
poder central. Essa circunstância feliz permite que se estabeleça, na prática, 
o pensamento único em suas publicações. O pensamento único é 
representado por uma interpretação única dos fatos e por um vilão único no 
universo político nacional. 
Já se tornou corriqueira a situação de manchetes idênticas num mesmo 
dia, que parecem ter sido produzidas por uma "central de manchetes" da 
grande mídia. 
 
Montagem do site Brasil 247 
 
Montagem do site Brasil 247 
 
Montagem da internet 
 
Montagem da internet 
Outro exemplo corriqueiro é a participação sequencial de meios da 
grande mídia na criação e exploração de supostos escândalos que afetam o 
governo central. 
Como já presenciamos inúmeras vezes, uma revista (que não precisamosnomear) lança o "escândalo", os jornais divulgam o fato com estardalhaço, 
os telejornais desenvolvem a trama, os jornais repercutem o 
desenvolvimento, os radialistas comentam indignados, os colunistas 
caluniam e xingam os mesmos alvos de sempre – até que o "escândalo" 
desapareça após um desmentido categórico da realidade. Passa-se um 
tempo (bem pouco) até a estratégia ser repetida. Incessantemente. 
O domínio dos veículos da mídia, portanto, permite o pensamento único e 
a exploração organizada dos ataques contra os nossos adversários políticos, 
facilitando a nossa tarefa de manipulação jornalística. 
 
 
Estatísticas feita pela Uerj, comparando o número de manchetes 
negativas sobre os candidatos à Presidência. 
http://www.manchetometro.com.br/ 
Contágio social 
O mais importante (e escandaloso) experimento secreto realizado pelo 
Facebook (veja o quadro abaixo) comprovou um fato empiricamente 
conhecido pelos manipuladores profissionais: emoções são contagiosas. 
"Experimental evidence of massive-scale emotional contagion through 
social networks" (Evidência experimental de contágio emocional em larga 
escala por meio de redes sociais). 
http://www.forbes.com/sites/kashmirhill/2014/06/28/facebook-
manipulated-689003-users-emotions-for-science/ 
http://www.pnas.org/content/111/24/8788.full 
http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/06/em-experimento-
secreto-facebook-manipula-emocoes-de-usuarios.html 
Quando se forma a impressão de que "todos" estão fazendo algo 
(migrando para uma rede social, tatuando o corpo, optando por um 
candidato, etc.), a tendência do indíviduo é "ir com a onda", ou seja, fazer o 
que "todos" estão fazendo. O experimento do Facebook revelou que esse 
processo de tomada de decisão também sé dá na área das emoções, além 
da área dos comportamentos: se "todos" parecem estar num determinado 
estado de espírito, o usuário tenderá a adotar aquele mesmo estado de 
espírito, "positivo" ou "negativo". 
O contágio social é justamente o fenômeno psicossocial aproveitado pela 
grande mídia nestes últimos anos, visando voltar a população contra o 
partido que se encontra no poder. Com grande custo e depois de muitos 
anos, conseguimos criar um estado de espírito pessimista mesmo naqueles 
que se beneficiaram das medidas do governo. 
 
Mais de 10 anos de inflação dentro da meta, crescimento econômico, 
pleno emprego, 30 de milhões de novos consumidores integrados ao 
mercado e... 
 
 
 
A impressão generalizada de que "está tudo ruim" (para não dizer um 
palavrão), embora a realidade cotidiana esteja muito boa, exemplifica o 
conceito de "contágio social" e representa uma vitória significativa dos 
manipuladores atuantes na grande mídia. 
 
 
Persistência e congruência 
Esses dois fatores estão juntos porque um não funciona sem o outro. 
Persistir na manipulação, mantendo o foco insistentemente com o passar 
dos dias, semanas, meses e anos, quase sempre leva ao convencimento do 
manipulado, em especial se ele não tiver outra fonte que contradite a 
mensagem do manipulador. 
Tão importante quanto a persistência é a congruência, isto é, a ausência 
de mensagens contraditórias. A contradição quebra o encanto em que o 
manipulado vivia, embevecido pelas mensagens anteriores do manipulador. 
Um exemplo de como não se deve agir: 
 
Até aqui tudo bem: atribuiu-se a outrem aquilo que a própria pessoa faz 
(a prática do ódio). O problema é a quebra de continuidade: 
 
Ao personificar a atitude atribuída ao adversário (o ódio), o tuiteiro 
desfaz a eficácia do primeiro tuíte. A ilusão de realidade se perde quando 
alguém se trai no momento seguinte. A congruência, assim como a 
persistência, é um fator indispensável à boa manipulação política. 
Outro exemplo infeliz: compartilhar link de Reinaldo Azevedo para criticar 
o uso do ódio na política. Como diz o povo: "Se não gosta de missa, não vá 
à igreja". 
 
E depois... 
 
 
 
E a coerência, como fica? 
Como ensinamos no Curso Avançado, a regra seguida pelo bom 
manipulador é esta: "Só uma mensagem, repetida à exaustão, sem 
contradição". 
Ausência de referências políticas passadas 
Outra circunstância que torna bem mais fácil o nosso trabalho, 
especialmente em relação aos jovens, é a ausência de referências pessoais 
sobre o passado da política nacional. 
Já lá se vão quase 12 anos do (cá entre nós) desastroso governo do 
presidente Fernando Henrique Cardoso, em que o país quebrou três vezes 
em seu segundo mandato. Os eleitores de outubro de 2014 que estiverem 
com 22 anos de idade, tinham 10 anos à época da substituição dos donos 
do poder (de FHC para Lula). Ou seja, não viveram ativamente os fatos 
políticos de então. Sua memória é um vazio propício ao preenchimento 
interesseiro. 
Cabe a nós, como vimos fazendo corretamente, ocultar ao máximo os 
fatos desabonadores do passado e transmitir a impressão de que nenhum 
outro governo foi tão incompetente e corrupto quanto o atual. 
 
Podemos contar com a proverbial preguiça dos jovens, que têm todas as 
fontes disponíveis na Web, mas não verificam nem mesmo a validade das 
estapafúrdias correntes de e-mail que recebem diariamente. 
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=Uo5Lj1QtD1o 
Desinteresse do brasileiro pela política internacional 
Não é segredo de ninguém o desinteresse total do brasileiro médio e da 
juventude brasileira pela política internacional – justamente a origem das 
forças mais importantes do cenário político, em qualquer momento da 
História. 
Daí a facilidade com que são manipulados por grupos e ONGs do exterior, 
os quais deixam de lado suas funções originais e passam a atuar como 
representantes de interesses nacionais alienígenas – geralmente, dos 
Estados Unidos. 
 
Convocação do Greenpeace, uma ONG ecológica, para manifestação 
contra a Copa. 
A aceitação passiva desses chamamentos já gerou situações 
tragicômicas, como a luta pela PEC 37, cujo conteúdo era desconhecido pela 
maioria dos manifestantes, mas foi adotada como causa "popular" graças a 
uma publicação de vídeo no YouTube. 
 
Enganação feita por um desconhecido, em nome do Anonymous, durante 
os protestos de 2013. 
Jovens seguem jovens. Por isso, grupos estrangeiros interessados em 
desestabilizar governos legítimos costumam usar belas jovens como 
símbolos de campanhas de agitação social, sempre com a mesma 
apresentação atraente. 
 
 
Nativa do Brasil 
Aproveitando-se da ingenuidade política dos jovens, essas agitadoras 
sociais transmitem meias verdades e mentiras completas, sempre 
envelopando sua mensagem em slogans e palavras de ordem bem curtas e 
fáceis de lembrar. 
Insatisfação social de classe 
Como se sabe, a ascensão social de mais de 30 milhões de brasileiros nos 
Governos Lula e Dilma gerou tensões sociais inéditas em nosso país. 
Aeroportos, shopping centers e restaurantes do país passaram a ser 
frequentados por uma gente estranha, nova, desacostumada com o modo 
"natural" (e elegante) de se comportar nesses lugares. 
 
 
 
Além disso, privilégios caros às classes mais altas, como viajar para 
destinos "nobres" do exterior (pense em Miami), foram democratizados nos 
últimos anos, gerando profundas insatisfações de classe. 
 
"Não tem mais graça ir a Nova York (EUA) ou Paris (FRA) e correr o risco 
de encontrar o porteio do prédio onde mora". 
Aliás, nem precisa ser algum privilégio. 
 
Por causa desse caldo (amargo) de cultura, o grupo social mais 
endinheirado é altamente receptivo a qualquer ataque feito contra os 
responsáveis por tal situação. Quem acessa o Facebook e o Twitter já 
presenciou cenas chocantes de discriminação derivadas do pavor da 
inclusão social. 
 
O promotorconfundido com um reles usuário de rodoviária sebenta. 
Hiato temporal entre a versão e o fato 
Esse fator foi magnificamente ilustrado pelo movimento "#NãovaiterCopa 
― ou, se houver, será a Copa dos Horrores", bancado pela grande mídia. A 
campanha contra a Copa começou anos antes de sua realização. Durante 
dezenas de meses, os veículos midiáticos reinaram absolutos em suas 
denúncias, em seu pessimismo e em seu catastrofismo, justamente porque 
não havia meio de confrontar essas "informações" com os fatos reais. 
Nesse longo período, passou-se ao grande público somente uma 
mensagem, um ponto de vista, um conjunto monolítico de "fatos" 
cuidadosamente escolhidos pelos donos dos veículos, por meio de 
reportagens, notinhas, editorais, matérias de colunistas, declarações de 
subcelebridades, posts de instigadores da Sombra... Nunca se juntou um 
exército de colaboradores tão empenhado e afinado. 
Além disso, o interesse dos ingleses em tirar dos brasileiros a Copa do 
Mundo do Brasil, após a derrota na Fifa para a Rússia e o Catar, forneceu à 
mídia nativa várias reportagens pessimistas quanto à nossa capacidade de 
organização do torneio, com a "autoridade" da fonte externa. 
O caos das manifestações na Copa das Confederações, brilhantemente 
orquestrado, pareceu confirmar as piores previsões. 
O importante é perceber que a mídia pôde nadar de braçada durante 
anos porque o evento ainda não tinha acontecido. Bastou que ele se 
iniciasse para que todos os veículos passassem a reproduzir os fatos – 
diametralmente opostos às previsões. Até porque todo o país inteiro tinha 
acesso aos fatos, assim como os estrangeiros em nosso país, e não se podia 
mais evitar a verdade. 
E a Copa que não teríamos, ou mesmo a Copa dos Horrores, aquela que 
seria o maior fracasso administrativo da História do Brasil, tornou-se a Copa 
das Copas, a melhor Copa do Mundo de Futebol de todos os tempos. 
A realidade da Copa atualizou o ditado popular, acrescentando ao "antes" 
o "durante": "O melhor da festa é esperar por ela. O pior da festa é 
desesperar por ela". 
Esse descompasso temporal entre versão e fato é também aproveitado 
nas previsões do noticiário econômico. Certamente você já viu, no final de 
cada ano, a lista de previsões erradas das Mães Dinahs do jornalismo 
econômico-financeiro brasileiro. Previsões mais curtas (as da inflação 
mensal, do PIB trimestral etc.) rendem bons risos aos internautas, quando 
desmascaradas. Mas até lá... 
 
 
FATORES COMPLICADORES DO SUCESSO DA MANIPULAÇÃO 
A alienação política do brasileiro 
A tradicional alienação política do povo brasileiro tem um lado altamente 
positivo: permite-nos enganar com facilidade grande parte dos eleitores, 
atribuindo responsabilidades pesadas a quem não tem e livrando da 
responsabilidade pesada quem a merece. 
O lado negativo dessa alienação política é a dificuldade extrema de 
envolver os cidadãos brasileiros em algo mais do que o ativismo de sofá. 
Muitos deverão se lembrar de quantos anos foram necessários para a 
geração Facebook sair da internet e ir às ruas protestar contra nossos alvos 
políticos. 
 
Mas o acento ficou lá. 
A catarse social de meados de 2013 chegou num momento em que 
muitos de nós estávamos já desiludidos de ver as ruas pegarem fogo, 
depois de tantos anos de manipulação e incitamento aos protestos físicos. 
Passado o desabafo coletivo, entretanto, a excitação refluiu até voltar aos 
níveis pré-junho de 2013, refluxo ajudado, certamente, por alguns 
complicadores, como a desmedida e desfocada agressividade de grupos 
parasitas, notadamente os Black Blocs e os anarquistas. 
 
A tentativa de assassinato de um serralheiro e de sua família. 
A preguiça participativa, fora da Web, será um grande obstáculo para o 
sucesso de nossos esforços na luta contra o governo central, nas eleições 
vindouras. 
A índole afetuosa do brasileiro 
Somos um país recordista em assassinatos e violência em geral. Mas, 
paradoxalmente, as relações diretas de brasileiros, entre familiares, amigos, 
conhecidos e até desconhecidos, são marcadas pela afetividade positiva. 
Esse foi outro problema que quase nos desiludiu durante o longo trabalho 
de manipulação política: como transformar um povo afetuoso, brincalhão e 
hospitaleiro num povo odiento? Como fazer com que pessoas divertidas e 
amigas se transformem em algozes de parentes, amigos, colegas e 
desconhecidos? 
Como inimizar os brasileiros, entre si – respeitada a divisão ideal: 
defensores dos nossos candidatos para cá, defensores do governo central 
para lá? 
Anos de campanha negativista e de exemplos dados pelos nossos mais 
destacados colunistas e blogueiros acabaram vingando: a Web brasileira 
tornou-se um lindo campo de batalha, em que internautas expõem 
publicamente seu ódio, sem medo de serem felizes em sua virulência e sem 
receio de prejuízos futuros por suas palavras destemperadas. 
Mas, como se viu na Copa do Mundo, o lado positivo da brasilidade 
desperta ao menor estímulo, a ponto de encantar instantaneamente os 
turistas estrangeiros. Essa constatação indica a necessidade de 
continuarmos ensinando a forma "certa" de tratar os adversários cotidianos, 
para que o ódio não seja neutralizado pela índole boa do cidadão comum. 
A importância fundamental do treinamento realizado pela mídia 
Imagine a seguinte situação: chegue perto de um brasileiro comum e 
pergunte se ele prefere ver seu time como campeão do Brasileirão ou, 
nesse mesmo ano, ver seu candidato a Presidente como o vitorioso do 
pleito. Em quase 90% das vezes, a opção será pelo time. 
Agora pense no seguinte: não convivemos pacificamente com torcedores 
dos mais variados times, entre eles os times rivais, em nossa família, em 
nosso trabalho, em nossas relações cotidianas e afetivas? Sentimos ódio por 
algum deles, apenas porque torcem por times diferentes? Vivenciamos essa 
situação de diferença como sendo irreconciliável: se ele é diferente de mim, 
tenho que atacá-lo, até o ponto de desejar-lhe a morte? Não, é claro. Até 
cônjuges continuam a se amar, torcendo por times rivais. 
Então por que essas atitudes e comportamentos de rivalidade, 
agressividade e ódio se manifestam numa questão psicologicamente menos 
importante para nós? Ora, porque fomos treinados para isso. No futebol, 
fomos treinados a odiar somente os argentinos (e você sabe por quem). Na 
política, somos treinados cotidianamente a ver em nossos adversários a 
essência do Mal e a quase desejar a sua extinção. 
 
 
E muitos anos foram necessários para que esse treinamento produzisse 
uma geração de militantes odiosos justamente porque essa é uma reação 
pouco natural no cidadão brasileiro. O caráter nacional, associado à 
alienação política, atuou contra nós, esses dois fatores na função de 
obstáculos ferrenhos que felizmente foram superados (ainda que 
temporariamente) graças à persistência e à congruência da grande mídia. 
A conscientização social da atividade de manipulação jornalística 
Repare nesta informação impressionante. Quando lançamos 
publicamente o Curso Básico de Jornalismo Manipulativo, em janeiro de 
2010, este era o número de resultados do Google para "jornalismo 
manipulativo": 
 
Isso mesmo. Apenas 36 resultados – contando com as repetições. 
A captura de tela mostra como era tênue a consciência política do 
brasileiro quanto ao que vínhamos fazendo em termos de manipulação 
política. 
Atualmente, as redes sociais discutem todos os dias as mais de 400 
técnicas de manipulação que, pioneiramente, revelamos em nosso Curso, 
há mais de 4 anos. E vão muito além, identificando outras técnicas, 
derivadas da notável criatividade de nossos alunos e da perspicácia do 
consumidor crítico de notícias. 
O fato preocupante é que estamos chegando

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